PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL SECRETARIA DE ESTADO DA SAUDE COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO - FUNDAP Ana Salete Moreno SOROPREVALÊNCIA E COINFECÇÃO DE HEPATITE A, B, C E HIV EM FUNCIONÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR DO OESTE PAULISTA Presidente Prudente 2008 PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL SECRETARIA DE ESTADO DA SAUDE COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO - FUNDAP ANA SALETE MORENO SOROPREVALÊNCIA E COINFECÇÃO DE HEPATITE A, B, C E HIV EM FUNCIONÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO HOSPITALAR DO OESTE PAULISTA Monografia apresentada ao Programa de Aprimoramento Profissional/CRH/SES-SP e FUNDAP, elaborada no Instituto Adolfo Lutz – Laboratório Regional de Presidente Prudente/ Seção de Biologia Medica – Setor de Sorologia e Parasitologia. Área: Vigilância Epidemiológica Orientador(a): Lourdes Aparecida Zampieri D’Andrea PRESIDENTE PRUDENTE 2008 Ana Salete Moreno Título: Soroprevalência e Coinfecção de Hepatite A, B, C e HIV em Funcionários de uma Instituição Hospitalar do Oeste Paulista A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão em sessão publica realizada em 27/02/2008, considerou o(a) candidato(a): ( x ) Aprovado(a) ( ) Recusado(a) 1. Examinador (a) Dr. Odélio Vilário Prudêncio 2. Examinador (a) Dra. Ana Rita Palatino Tumitan 3 Presidente: Lourdes Aparecida Zampieri D’ Andrea RESUMO O HIV infecta uma grande quantidade de pessoas em todo mundo com elevado índice de morbidade/mortalidade. No Brasil cerca de 22.000 novos casos são relatados anualmente, enquanto em Presidente Prudente, há 653 pessoas infectadas. A coinfecção HIV/HAV, bem como HIV/HBV revestem-se de importância clínica por favorecer um pior prognóstico do paciente. A associação HIV/HCV é cada vez mais freqüente pelos fatores de risco e formas de transmissão serem semelhantes. O objetivo deste trabalho é analisar a eficácia de um Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e levantar a soroprevalência do vírus HAV, HBV e HCV e sua coinfecção com HIV em funcionários de uma Instituição Hospitalar do Oeste Paulista. Realizou-se um questionário para levantar o perfil epidemiológico, onde o grupo mostrou-se bastante consciente com 98,50% (131) faz uso de preservativos, 51,88% (69) tem relacionamento estável e a maioria segue uma religião. A triagem sorológica dos funcionários foi feita por meio do método de ELISA, onde se investigou os seguintes marcadores sorológicos: anticorpos da classe IgM contra o HAV; antígeno HBsAg, anticorpos Anti-HBc (total) e Anti-HBs para HBV; anticorpos antiHCV e anticorpos anti-HIV. A análise sorológica resultou em 100% (121) de testes não reagentes para HAV, HBsAg e HIV e nenhum caso de coinfecção. Porém, 5% (6) apresentaram-se reagentes para HBc (total) e Anti-HBs e 0,8% (1) para antiHCV. Entretanto, todos esses casos são de infecção prévia, devidamente registrados no momento de ingresso ao serviço. Conclui-se que o PCMSO é eficaz e de grande importância e que deveria ser seguido por todas as instituições similares. Palavras-chave: HIV, HAV, HBV, HCV, coinfecção, saúde ocupacional, São Paulo/Brasil. 1 INTRODUÇÃO O tema saúde do trabalhador tem sido muito discutido no mundo inteiro, principalmente questões envolvendo acidentes ocasionados no local de trabalho. Durante a Revolução Industrial (1760–1850) estas questões ficavam em segundo plano, pois se preocupavam apenas com a produção e não com trabalhador em si. No Brasil atualmente, inúmeros problemas relacionados à saúde do trabalhador têm sido relatados e uma recente pesquisa apontou o Brasil como um país recordista mundial em acidentes de trabalho (FACHINI et al, 2005)1. Trabalhadores de hospitais estão constantemente sujeitos aos acidentes de trabalho envolvendo materiais biológicos com grau de risco diferenciado de acordo com a área de atuação. Profissionais que atuam na área de enfermagem estão sujeitos a risco mais elevado, quando comparado aos que atuam na área administrativa, que apresentam risco relativamente inferior (OLIVEIRA; 2 MUROFUSE, 2001) . Profissionais de enfermagem por suprir a maior porção de cuidado ao paciente, estão constantemente expostos a risco de ferimentos ocupacionais e sujeitos a acidentes relacionados aos vírus da hepatite B (HBV), vírus da hepatite C (HCV) e vírus da imunodeficiência humana (HIV). Estudos anteriores já relataram que acidentes ocupacionais por picadas de agulhas são responsáveis por 80 a 90% das transmissões de doenças infecciosas entre trabalhadores de saúde e que o risco de transmissão de infecção, através de uma agulha contaminada, é de um em três para hepatite B, um em trinta para hepatite C e um em trezentos para HIV (MARZIALE et al. 2004)3. Neste contexto, buscou-se desenvolver esta pesquisa num ambiente de trabalho hospitalar, em uma instituição de médio porte que possui serviço de medicina ocupacional com desenvolvimento de um Programa de Controle Médico Ocupacional (PCMSO). Pelas características descritas anteriormente, este tipo de ambiente apresenta maior variedade de riscos de acidentes e doenças ocupacionais em relação a outras atividades de saúde. A referida instituição tratase de uma Santa Casa geral, que atende Sistema Único de Saúde (SUS), convênios e particular, com atividade terapêutica nas clínicas básicas de atenção a saúde hospitalar e com exposição a diversos riscos ambientais, físicos e mentais. Desta forma torna-se importante avaliar a eficácia do referido Programa (PCMSO) na Instituição, inclusive a fim de conscientizá-los dos riscos a que se submetem diariamente no exercício de seu trabalho, além de informar sobre as formas de transmissão das hepatites virais e do HIV e eficácia do uso do preservativo com os parceiros sexuais. Este trabalho tem por objetivo analisar a eficácia do PCMSO e levantar a soroprevalência do vírus HAV, HBV e HCV e sua coinfecção com HIV em funcionários de uma Instituição Hospitalar do Oeste Paulista. Esta pesquisa torna-se relevante ao estar de acordo com os interesses das instituições participantes, que buscam através da ciência melhorar as condições de vida da população em geral e em particular buscar levantar o conhecimento dos trabalhadores de saúde hospitalar quanto a sua própria saúde no desenvolvimento de suas atividades. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Vírus da Hepatite A (HVA) A hepatite A é uma doença infecciosa aguda patogênica para humanos, que produz inflamação e necrose do fígado. Possui um único sorotipo; também chamado de enterovírus 72. Atualmente este vírus pertence à Família Picornarividae e Gênero Heparnavirus (hepatovírus), do qual é o único membro, apresentando RNA de 27 nm (SES-CVE, 2000)4. É de grande importância a detecção precoce da infecção, sendo que a presença de anticorpos anti-HAV IgM indica uma infecção atual ou recente da hepatite A (SCHUMACHER; TREY,1982)5. Os anticorpos anti-HAV IgG aparecem após a primeira semana da doença e persistem quase sempre por toda vida. Porém, neste caso se manifesta em títulos mais baixos, sendo chamada de seqüela sorológica (PEREIRA; GONÇAVES, 2003) 6. A transmissão do vírus é fecal-oral, através da ingestão de água e alimentos contaminados ou diretamente de um individuo para outro. Sendo que uma pessoa infectada com o vírus pode ou não desenvolver a doença. Ocorrendo a infecção, a pessoa terá imunidade permanente contra a doença (POTSCH; MARTINS, 2006) 7. Não há tratamento específico para a hepatite A, porém medidas terapêuticas são ministradas para reduzir o desconforto das manifestações clínicas. Na fase inicial da doença, recomenda-se repouso e o retorno às atividades devem ocorrer de forma gradual. A ingestão de bebidas alcoólicas deve ser abolida e não há restrição quanto à alimentação, podendo ser ingeridos conforme a aceitação do paciente. Desde 1995, existe disponibilidade de vacinas seguras e eficazes contra a hepatite A, embora de custo elevado (POTSCH; MARTINS, 2006)7. As hepatites virais são importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo, Inclusive nos mais desenvolvidos, sendo mais comum onde a infraestrutura de saneamento básico é inadequada ou inexistente. A hepatite A é uma enfermidade de ocorrência mundial, sendo que a prevalência encontra-se diretamente relacionada com as condições socioeconômicas de cada região. Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, onde os investimentos em saneamento básico não são prioridades, a infecção é comum em crianças e adultos. Nestes a evolução grave é mais comum, pois o número de óbitos podem chegar a 2% em pessoas com mais de 40 anos de idade (RESEGUE et al.1999)8. Em relação à epidemiologia, verificou-se que em países industrializados, como nos Estados Unidos, há baixa endemicidade por apresentar boas condições sanitárias. A taxa de infecção é baixa tanto em crianças como em adultos, ocorrendo maior número de infecção em pessoas com idade mais avançada. Em 1991 nos Estados Unidos, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) relatou umas das mais baixas taxas de incidência de hepatite A já descrita: 9,1 casos/100.000 pessoas. A prevalência global do anti-VHA relatada foi de 38,2%; sendo que as taxas aumentavam com a idade, variando de 10,9% em pessoas menores de 5 anos de idade a 76,6% em pessoas com mais de 50 anos. No Brasil os estudos sobre epidemiologia por soroprevalência ou por taxa de incidência de Hepatite A sintomática são escassos. Um estudo feito na região Amazônica demonstrou que as hepatites virais são causas importantes de morbidade e mortalidade na Bacia Amazônica, sendo a taxa de mortalidade 5 a 10 vezes mais alta que a média do restante do Continente Americano (SANTOS; LOPES, 1997) 9. 2.2 Vírus da Hepatite B (HBV) O vírus causador da hepatite B é do tipo DNA, resistente e pode sobreviver por até sete dias em superfícies ambientais. Após a infecção, o vírus fica concentrado quase que totalmente nas células do fígado, local em que seu DNA fará o hepatócito construir novos vírus (SES-CVE, 2002)10. A transmissão do vírus da hepatite B se faz por via parenteral, e principalmente, pela via sexual, sendo considerada doença sexualmente transmissível. A transmissão vertical também é uma causa freqüente de disseminação do HBV de forma semelhante a outras hepatites. Em caso de ocorrer contato direto do vírus com a mucosa ou pele não íntegra em superfícies contaminadas, a transmissão do VHB também poderá ocorrer (SES-CVE, 2002)10. As infecções causadas pelo HBV são habitualmente anictéricas. Entretanto, apenas 30% (SES-CVE, 2002)10. O diagnóstico da hepatite B utilizando-se o método imunoenzimático (ELISA) onde são detectados tanto antígenos como anticorpos do vírus. A hepatite B pode ser dividida em fases: replicativa (inicial), aguda e não replicativa (JORGE, 2003)11, sendo que geralmente apresentam-se sob três formas: aguda, crônica e fulminante. A hepatite aguda pode evoluir de diferentes maneiras, dependendo do equilíbrio entre o comportamento do vírus e as defesas do hospedeiro. Se a quantidade de células infectadas é pequena e a defesa é adequada, a hepatite B pode ser curada espontaneamente, sem sintomas (70% dos casos). Na hepatite crônica, a quantidade de células infectadas é grande e a reação imunológica pode levar aos sintomas (30%). Os primeiros sintomas são: mal-estar, dores articulares e fadiga, que posteriormente pode evoluir para dor local, icterícia, náuseas e falta de apetite. Em torno de 3-8% dos adultos, a defesa imunológica não destrói as células infectadas do organismo e a inflamação persiste. Mantendo-se esse quadro por mais de seis meses, é denominado de hepatite crônica, onde a chance de cura espontânea é muito baixa. Nessa fase os sintomas mais comuns são: falta de apetite, perda de peso e fadiga; embora a maioria dos casos seja assintomática. Na hepatite fulminante, que ocorre em cerca de (0,1 – 0,5%) dos casos, a resposta do organismo é tão exagerada que há destruição maciça dos hepatócitos. Aproximadamente 50% dos casos de hepatite fulminante estão relacionados à infecção com hepatite B. O principal sintoma da hepatite fulminante é o desenvolvimento de alterações neurológicas (sonolência, confusão mental), além de sangramentos e dificuldade respiratória (JORGE, 2003)11. Em relação ao tratamento medicamentoso convém registrar que atualmente são utilizados para a hepatite B: o interferon, lamivudina e adefovir dipivoxil, que é comprovadamente eficiente no tratamento das cepas selvagens e mutantes do HBV, além de induzir menos resistência viral do que a lamivudina. Esta por sua vez, é o análogo nucleosídeo bloqueiam e inibem a mutiplicação do HBV bloqueando a ação da enzima chamada transcriptase reversa. Infelizmente, mutações nessa enzima já foram identificadas em vírus da hepatite B, prejudicando a eficácia desse tratamento, que é o mais utilizado para a hepatite B crônica. Já o interferon consiste de glicoproteinas produzidas por células infectadas por vírus (JORGE, 2003)11. Quanto à vacina para hepatite B, deve-se ressaltar que é altamente eficaz e praticamente isenta de complicações e encontra-se disponível gratuitamente na rede pública de saúde, para indivíduos recém nascidos e até dezenove anos de idade. Também encontra-se disponível a pessoas que fazem parte de algum grupo de risco, como pacientes renais crônicos, pacientes HIV positivos, profissionais de saúde com atividade considerada de risco para aquisição de hepatite B, dentre outros (SES-CVE, 2002)10. Publicações recentes sobre a epidemiologia da hepatite B, relataram que cerca de 50% da população mundial já foi contaminada pelo vírus, aproximadamente 2 bilhões de pessoas entraram em contato com esse patógeno. Estima-se que aproximadamente 350 milhões de portadores crônicos que representa 7% da população total e 50 milhões de novos casos surgem a cada ano (JORGE, 2003)11. Em regiões com maior incidência, 8 a 25% das pessoas carregam o vírus e 60 a 85% já foram expostas a ele. No Brasil, 15% da população já foi contaminada e 1% é portadora de hepatite crônica. (JORGE, 2003)11. A desigual distribuição geográfica da prevalência dos marcadores sorológicos para VHB na população foi avaliada em distintas regiões do mundo, as quais o Brasil se enquadra em alta endemicidade (entre 7 e 60% de HBsAg) na região da Amazônia Legal, Espírito Santo e Oeste de Santa Catarina; endemicidade intermediaria (entre 2 e 6,9% de HBsAg) na Região Sudeste, Centro Oeste e Nordeste e baixa endemicidade (menor que 2% de HBsAg) na região Sul (SES-CVE 2000)4. A prevalência de infecção pelo vírus da hepatite B em indivíduos que trabalham em áreas hospitalares, de risco elevado, pode alcançar índices superiores a 30%, correspondendo a uma freqüência 10 vezes maior que a encontrada na comunidade onde o hospital está localizado. Estão sujeitos a maiores riscos de contaminação, trabalhadores do setor de enfermagem, hemoterapeutas, médicos cirurgiões, dentistas, pessoal que trabalha nas unidades de hemodiálise e laboratório de análises clínicas (FERNANDES et al., 1999)12. 2.2 Vírus da Hepatite C (HCV) O vírus da hepatite C (HCV) foi identificado por Choo e colaboradores em 1989, sendo considerado o principal agente das hepatites agudas e crônicas nãoA, não-B. É um vírus pequeno, pertence à família dos flavivirus (aproximadamente 50nm de diâmetro), é envelopado e icosaédrico, apresentando um envelope glicoprotéico e um nucleocapsídeo que protege o material genômico. Seu genoma é constituído por uma fita única de RNA, de polaridade positiva que contém aproximadamente 10.000 nucleotídeos (GOUVEIA et al.2005)13. Existem diversos genótipos (variações) do vírus da hepatite C, sendo 6 os mais importantes (1 a 6), subdivididos em mais de 50 subtipos. Tais genótipos chegam a apresentar 30 a 50 % de diferença no seu RNA. A referida divisão é importante porque cada subtipo tem características próprias de agressividade e resposta ao tratamento (JORGE, 2003)14. O vírus da hepatite C não provoca uma resposta imunológica adequada no organismo e a infecção aguda é menos sintomática com maiores chances, sendo que a maioria das pessoas infectadas se tornam portadores de hepatite crônica, com suas conseqüências em longo prazo (JORGE, 2003)14. A transmissão ocorre principalmente por via parenteral. Em percentual significativo dos casos não é possível identificar sua via de infecção. A transmissão por via sexual é menos freqüente e ocorre principalmente em pessoas com múltiplos parceiros e com prática sexual de risco. A transmissão vertical é rara quando comparada à hepatite B (BRASS et al, 2006)15. O risco de transmissão do vírus da hepatite C em trabalhadores de saúde é menor que da hepatite B e maior que o HIV, sendo responsável por menos de 1% dos casos de infecções (JORGE, 2003)14. O diagnóstico laboratorial realizado para hepatite C é um teste imunoenzimático (ELISA) de 3ª geração. Não há vacina para hepatite C, mas recomenda-se a vacinação contra VHB e VHA aos portadores do VHC, quando suscetíveis, sendo que para estes pacientes há a disponibilidade da vacina nas unidades de saúde (SES-CVE, 2002)10. Segundo Jorge (2003)14 o tratamento para os portadores da VHC pode ou não ser indicado, dependendo da situação do paciente abaixo classificado: a) Indicação de tratamento: - VHC RNA detectável, ALT persistente elevada e biópsia hepática demonstrando fibrose porta, independente da atividade inflamatória; - Portadores de cirrose compensada; - Usuários de álcool ou drogas que tenham condições de aderir ao tratamento; b) Indicação discutível de tratamento: - Portadores de doença mais leve, transplantados (exceto fígado) e aqueles com manifestações extra–hepáticas do VHC; - Em caso de pacientes com transaminases normais, não há consenso, mas o tratamento é recomendável se houver fibrose moderada a severa; - Portadores de co-infecção HCV-HIV, se a infecção pelo último estiver controlada. Os medicamentos utilizados para o tratamento da VHC são interferon e ribavirina. Este é um análogo sintético da guanosina que tem ação direta contra o vírus RNA e DNA, por provável mecanismo de inibição da DNA polimerase, vírus dependente. O interferon, por sua vez, é uma glicoproteína produzida por célula infectada por vírus. Vale ressaltar que não se deve usar apenas a ribavirina, pois esta sozinha não tem qualquer efeito sobre a hepatite C. Portanto, para o tratamento do paciente é necessário combinar o interferon-alfa com ribavirina, que irá melhorar a resposta virológica sustentada para 38-43%, com correspondente melhora na análise histológica e, possivelmente, nas complicações em longo prazo da hepatite (JORGE, 2003)14. Cerca de 3% da população mundial, 170 milhões de pessoas, são portadoras de hepatite C crônica. Esta é a principal causa de transplante hepático em países desenvolvidos e responsáveis por 60% das hepatopatias crônicas. No Brasil, em doadores de sangue, a incidência da hepatite C é aproximadamente 1,2% dos casos, havendo algumas diferenças regionais (JORGE, 2003)14. É difícil estimar a prevalência da Hepatite C na população, devido à inadequação de diagnósticos e da subnotificação. Um recente estudo entre os residentes do município de São Paulo detectou diferenças de soroprevalência conforme a escolaridade, sendo maior entre analfabetos e pessoas com baixa escolaridade (SES-CVE, 2000)4. 2.4 Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) O vírus HIV infecta uma grande quantidade de pessoas em todo mundo e apresenta elevado índice de morbidade/mortalidade. No Brasil, cerca de 22.000 novos casos são relatados anualmente, enquanto em Presidente Prudente, há 653 pessoas infectadas (TANNOURI et al., 2005)16. Cremonezi et al (2005)17 em estudos sobre a prevalência da infecção pelo HIV relataram 0,6% no Estado de São Paulo e em Presidente Prudente 0,32%. Não existem em nossa região dados de coinfecção HIV/HBV/HCV. O vírus do HIV de acordo com suas propriedades biológicas e estruturais está classificado como membro do grupo dos retrovírus, da família lentivírus, que correspondem aos vírus associados às infecções persistentes, que atacam os linfócitos T, com longos períodos de latência clínica. O material genético do HIV consiste em RNA na forma de duas fitas idênticas dentro de um capsídeo de proteínas, circundado por um envelope lipoprotéico. O envelope viral é composto por glicoproteínas, cujas principais são gp 120 e gp 41. O núcleo do vírus do HIV possui duas cópias de RNA genômico de cadeia simples, proteínas de membrana e enzimas virais. Essas enzimas essenciais para replicação viral são as seguintes: transcriptase reversa, integrase e protease (MANUAL BD)18. A transmissão do HIV pode ocorrer por via sexual ou sanguínea; esta pode se dar por meio de transfusão de sangue ou seus derivados, transplante de órgãos, por compartilhamento de agulhas, bem como por acidente ocupacional (GAMA et al, 1998)19. Após a infecção pelo vírus do HIV, o sistema imunológico passa a responder especificamente a esse vírus, com produção de anticorpos contra o vírus que pode ser detectado por testes imunoenzimático (ELISA), a chamada conversão sorológica. Com isso ocorre a queda significativa nos níveis da carga viral plasmática, mantendo um nível estável em um período de tempo variável. Conseqüentemente, a contagem de células TCD4+ e TCD8+ também se mantém estável, mas a relação CD4/CD8 se encontra invertida. Pois, a quantidade de TCD4+ passa a ser menor que a de TCD8+. Essa fase é denominada de período de infecção. O equilíbrio entre replicação viral e resposta imunológica pode ser deslocado por algum fator, o que leva ao fim do período assintomático, pois a carga viral é elevada e conseqüentemente há uma queda brusca na contagem de linfócitos TCD4+ e TCD8+. Como a resposta imunológica está debilitada, inicia-se o período sintomático onde há a instalação das doenças chamadas oportunistas, caracterizando o caso clinico da AIDS (MANUAL BD)18. Relativamente ao diagnóstico laboratorial, existem muitas metodologias que foram desenvolvidas e aplicadas para o estudo de marcadores biológicos e sorológicos, associados à infecção e doenças causadas pelo HIV. As principais técnicas são: determinação sorológica de anticorpos circulantes e detecção e quantificação de antígenos virais (FERREIRA ; AVILA, 2001)22. O tratamento da infecção pelo HIV é precedido pelo teste de contagem de TCD4, se o resultado for inferior a 500 células/ml ou a carga viral for maior que 10.000 cópias/ml, será administrado um conjunto de drogas como AZT e os novos inibidores de protease (PHYLLIS ; COOPER, 1999)20. Nas últimas décadas vêm se intensificando estudos sobre o perfil das ocupações, nível de escolaridade, classe social, entre outros dos portadores de algumas das principais Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Não está sendo diferente com os trabalhadores hospitalares. Em estudo sobre o perfil das ocupações dos casos de HIV no município de São Paulo, no período de 19851990, Grangeiro, (1994)22, observou um aumento proporcional de casos de indivíduos menos qualificados profissionalmente à medida que a epidemia evoluía. Dados analisados quanto à distribuição social da AIDS no Brasil, segundo participação no mercado de trabalho, demonstraram que entre 19911998, 62.771 (89%) dos homens infectados, encontra-se na ativa no mercado de trabalho. Entre os casos femininos essa participação foi bem menor, 11.780 correspondendo a 44%. Ainda neste estudo contatou-se que entre os trabalhadores manuais houve tendências de crescimento estatisticamente significativas de suas taxas de incidência. As taxas de incidência da AIDS nas categorias manuais apresentaram crescimento expressivo ao longo do tempo sugerindo um processo de pauperização, pois a inserção dos indivíduos nessas ocupações requer um nível educacional mais baixo, com rendimentos menores que as classes de trabalhadores não manuais (FONSECA et al, 2003)23. Santos et al. (2002)24 constataram que a pauperização da epidemia é um fato que se observa claramente entre os homens, mas não entre as mulheres, visto que a pauperização neste grupo existe desde o inicio da epidemia, mantendo, entretanto mais ou menos constante a porcentagem de casos entre mulheres universitárias. 2.5 Coinfecção Hepatite A, B, C e HIV O HBV e HCV são as causas mais freqüentes de doenças hepáticas crônicas no mundo. A coinfecção HBV/HCV pode induzir à hepatite crônica, podendo progredir hepatocelular à (ROSINI cirrose et hepática, al, e 2003)25. eventualmente Particularmente ao carcinoma em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento onde a prevalência de infecções simultâneas por estes vírus parece ser mais elevada (JORGE, 2003)11. A coinfecção HIV/HBV reveste-se de importância clínica por favorecer um pior prognóstico ao paciente, bem como interferir nos resultados da terapêutica aplicada. A associação HIV/HCV é cada vez mais freqüente pelos fatores de risco e formas de transmissão serem semelhantes, uma vez que importantes fontes de infecção para ambas as doenças são as transfusões sangüíneas e o uso de drogas injetáveis (PEREIRA et al, 2006)26. 2.6 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) O PCMSO consiste em um conjunto amplo de iniciativas da empresa no campo da saúde dos trabalhadores. Tem como objetivo a promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. Esse programa deve ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza sub-clínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. Tal programa é planejado e implantado com base nos riscos à saúde dos trabalhadores das empresas envolvidas. Compete ao empregador a responsabilidade de elaborar e implementar o PCMSO em todas as suas fases, que compreende, principalmente: custear todos os procedimentos; zelar pela eficácia do programa; indicar, dentre os médicos dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), um médico como responsável pela execução do PCMSO. O médico responsável tem como competência a realização dos exames previstos na NR-7(1994)27 que regulamenta o PCMSO. Esses exames consistem de avaliação clinica e exames complementares. Compete ainda ao médico responsável, encarregar dos exames complementares, profissionais ou entidade devidamente capacitada, equipada e qualificada. O desenvolvimento do PCMSO está incluído as realizações obrigatórias dos seguintes exames médicos: a) admissional; b) periódico; c) retorno ao trabalho (afastamento por auxílio doença ou acidente de trabalho a mais de 30 dias); d) de mudança de função; e) demissional. A Instituição Hospitalar objeto do presente estudo, possui programa de medicina do trabalho, no tema de saúde ocupacional, e possui classificação de classe de risco 3, conforme a NR-32 (2005)28. Essa classe de risco compreende: “risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade de disseminação para a coletividade”. Podem causar doenças e infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Todos os funcionários do hospital em análise devem realizar anualmente os seguintes exames: 1- Sorologia ANTI-HIV; 2- Sorologia para HEPATITE A; 3- Sorologia para HEPATITE B; 4- Sorologia para HEPATITE C. 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 População Estudada O presente estudo foi realizado em uma instituição hospitalar localizada no Oeste Paulista, numa população de 121 funcionários, distribuídos por função de acordo com a Tabela 1. Tabela 1- Distribuição dos funcionários em atividade por função em uma Instituição Hospitalar do Oeste Paulista. Função Total de trabalhadores Enfermagem 51 Operador Raios-X 7 Aux. Triagem 9 Lavadeira 5 Limpeza 12 Copeira 12 Cozinha 2 Laboratório 2 Administração 11 Outros 10 Total Trabalhadores 121 3.2 Abordagem dos Funcionários e Colheita de Material A abordagem dos funcionários foi feita em salas individuais no próprio local de trabalho pelo médico do trabalho responsável pelo programa onde aplicou-se, após obtenção do consentimento informado do servidor, um questionário para obter dados sobre o perfil epidemiológico entre aqueles que por livre e espontânea vontade quiseram participar da pesquisa de acordo com a disponibilidade de horário. A colheita das amostras de sangue deu-se por punção venosa utilizando-se tubos de vacutainer feita por profissionais de saúde da própria instituição hospitalar em estudo. Após a colheita, o funcionário recebeu um protocolo de identificação indicando local, data e hora para retirada do resultado dos exames. As amostras de sangue foram encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz, Laboratório Regional de Presidente Prudente, onde foram processadas na Seção de Biologia Médica, Setor de Sorologia e Parasitologia. Após identificação e separação, foram realizados os exames sorológicos e o material biológico foi armazenado a –20º C em frascos eppendorf ou em vials de congelamento por seis meses. 3.3 ELISA (Enzime-linked Immunosorbent Assay) Trata-se de um método enzimaimunoensaio quantitativo em que a reação antígeno-anticorpo é monitorada por medida da atividade enzimática. Tal método baseia-se na imobilização de um dos reagentes em uma fase sólida, enquanto outro reagente pode ser ligado a uma enzima, com preservação tanto da atividade enzimática como da imunológica do anticorpo. A fase sólida desse método pode ser constituída por partículas de agarose, poliacrilamida, dextran, poliestireno, entre outras. Placas plásticas são as mais difundidas, por permitirem a realização de múltiplos ensaios e automação. É um que apresenta alta especificidade e sensibilidade, pois detecta quantidade extremamente pequena de antígeno ou anticorpo. Podendo ter elevada precisão, se os reagentes e os parâmetros do ensaio estiverem bem padronizados. Este teste se vale de diversas técnicas sorológicas para a pesquisa de anticorpo ou antígeno, destacando entre eles: a de “sanduíche”, a indireta, a de competição e a de captura (FERREIRA; AVILA, 2001)20. A técnica de “sanduíche” foi utilizada para se detectar antígeno, a indireta para se detectar anticorpo da classe IgG, a de competição, em que um elemento é adicionado para competir pela ligação com Ac ou Ag presente na fase sólida, e a de captura que foi empregada para pesquisa de anticorpos da classe IgM. 3.3.1 Diagnóstico da Hepatite A Foi realizado com kit da Symbiosys* por ensaio imunoenzimático de captura, segundo princípio de teste Anti-u, que é qualitativo para pesquisa de anticorpos anti-VHA da classe IgM no soro ou no plasma humano. 3.3.2 Diagnóstico da Hepatite B A identificação da hepatite B foi feita seguindo um fluxograma (Resolução SS 91, de 31-10-2006)29 por meio de marcadores sorológicos que se baseiam nas mudanças da relação entre vírus e hospedeiro. Existem vários marcadores sorológicos, porém no presente trabalho, foram abordados somente quatro tipos deles: HBsAg, anti-HBc, Anti-HBc IgM e Anti-HBs. - HBsAg (V2) teste imunoenzimático de micropartículas (meia) da ABBOT** de 3ª geração utilizado na detecção qualitativa antígeno de superfície do vírus da Hepatite B (HBsAg) no soro ou plasma humano; - Anti-HBc IgM teste imunoenzimático de micropartículas (meia) da ABBOT** para determinação qualitativa de anticorpo para o antígeno de core do vírus da hepatite B da classe IgM. - Anti-HBc consiste em um teste imunoenzimático enzimático de micropartículas (MEIA) da ABBOT para a determinação qualitativa do anticorpo contra o antígeno core da hepatite B (anti-HBc) em soro ou plasma humano e é indicado como auxiliar no diagnóstico de infecção viral contínua ou prévia de hepatite B. - Anti-HBs teste ELISA que detecta e quantifica os anticorpos contra o antígeno de superfície da hepatite B (anti-HBs) em soro humano, trata-se de um método imunoenzimático direto, do tipo “sanduíche” (DiaSorin***). ___________________________________________ * SYMBIOSYS Diagnóstica Ltda. – Leme / SP – (19) 3554-8621 ** ABBOTT Wiesbaden Germany – 0088 +49-6122-580 *** DiaSorin S. p. A – 13040 SALUGGLIA (Verolli) – Italy – Tel. 39.0161.487093 3.3.3 Diagnóstico da Hepatite C O teste realizado para hepatite C foi o imunoenzimático de micropartículas (meia) da ABBOT* de 3ª geração, que pesquisa a presença de anticorpos. É um teste que apresenta uma boa sensibilidade e especificidade devendo assim ser utilizado para triagem na população em geral, nos doadores de sangue e pessoas susceptíveis (GOUVEIA et al.2005)13. Referido teste não caracteriza a presença do vírus e sim de anticorpos e apresenta boa sensibilidade e especificidade, devendo assim ser utilizado para triagem na população em geral, nos doadores de sangue e pessoas susceptíveis (GOUVEIA et al.2005)13. 3.3.4 Diagnóstico do HIV O diagnóstico sorológico para o HIV seguiu o fluxograma preconizado pela Portaria nº 59 de 28 de janeiro de 2003 do Ministério da Saúde (MS-Port/59, 2003)30. Na triagem sorológica (Etapa I), foi realizado um ensaio imunoenzimático de micropartículas (MEIA) com kit da ABBOTT* automatizado, para a detecção qualitativa de anticorpos contra o vírus da imunodeficiência humana tipo 1 e/ou tipo 2 em soro ou plasma humano. Convém registrar ainda, que não é possível fazer a distinção entre a reatividade a anticorpos contra o HIV-1 e HIV-2. Na Etapa II (Confirmação sorológica) foi utilizado um segundo teste imunoenzimático com metodologia e/ou antígeno diferente, e em paralelo o teste de Imunofluorescência Indireta para diagnóstico da infecção pelo HIV (kit da BioManguinhos**) a fim de amplificar o sinal e aumentar a sensibilidade, que consiste na reação de soro ou plasma humano com células K37-3, infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV-1), fixadas em lâminas de microscopia para fluorescência. Na Etapa III foi utilizado o teste de Western Blotting (kit da Cambridge***) ___________________________________________ * ABBOTT Wiesbaden Germany – 0088 +49-6122-580 ** BIO-MANGUINHOS - FIOCRUZ – Rio de Janeiro / RJ - SAC 0800-210310 *** CAMBRIDGE Biotech – Distribuído por: REM Indústria e Comércio Ltda. – São Paulo / SP – (11) 3377-9922 método mais utilizado para identificar proteínas e glicoproteínas especificas, reconhecidas por anticorpos. É um método em que as proteínas são separadas, de acordo com o tamanho, por eletroforese em gel de poliacrilamida, e após a separação, são transferidas eletroforeticamente, do gel para uma membrana de nitrocelulose, ou outra equivalente, onde ficam imobilizadas. Western Blotting combina a seletividade da eletroforese em gel com a especificidade do imunoensaio, permitindo que as proteínas individuais, em misturas complexas, possam ser detectadas e analisadas. É um método qualitativo e o aparecimento de uma banda no W. Blot indica a presença de um antígeno na mistura que foi submetida à eletroforese ou de um anticorpo na amostra ensaiada na membrana (FERREIRA; AVILA, 2001) 20. Referido método é utilizado como teste adicional mais específico para confirmação de anticorpos do vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) em soro ou plasma humano. No momento da visualização, para a amostra ser positiva há necessidade de combinação de no mínimo duas bandas dentre as seguintes: gp 160/120; gp 41; p24. 4 RESULTADOS A análise do perfil epidemiológico, realizado através de entrevistas com os funcionários encontra-se distribuída na Tabela 2 e a distribuição do perfil sorológico encontra-se na Tabela 3. Tabela 2 - Distribuição do perfil epidemiológico dos funcionários em atividade de uma Instituição Hospitalar do Oeste Paulista Total Característica n % Estado Civil Casado / Unido Não casado 69 64 51,88 48,12 Religião Católica Evangélica Outras Religiões Nenhuma 79 42 9 3 59,40 31,58 6,77 2,26 Cidade onde mora Presidente Venceslau Santo Anastácio Outra Cidade 124 4 5 93,23 3,01 3,76 Escolaridade Superior Superior Incompleto 2º Grau Completo 2º Grau Incompleto 1º Grau Completo 1º Grau Incompleto Analfabeto 17 9 86 7 2 9 3 12,78 6,77 64,66 5,26 1,50 6,77 2,26 Renda Mensal < 10 SM 10-20 SM > 20 SM 133 0 0 100 0 0 Tempo de Profissão 0 – 3 anos 4 – 7 anos 8 – 11 anos 12 – 15 anos 16 – 19 anos 20 – 23 anos 24 – 27 anos 28 – 31 anos 32 ou + anos 33 32 13 15 10 13 6 7 3 25,00 24,24 9,85 11,36 7,58 9,85 4,55 5,30 2,27 CONTINUAÇÃO DA TABELA 1 No caso de relações fora do casamento, tem consciência do uso de preservativos? Sim 131 98,50 Não 2 1,50 Já participou de alguma campanha de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como sífilis, gonorréia ou AIDS? Sim 127 95,49 Não 6 4,51 Ela influenciou de alguma maneira seu comportamento em relação ao assunto? Todas 118 Algumas 12 Nenhuma 3 88,72 9,02 2,26 Já realizou transfusão de sangue? Sim Não 17 116 12,78 87,22 Já fez uso de alguma droga injetável? Sim Não 0 133 0 100 Faz uso de bebida alcoólica? Sim Não 67 67 50,00 50,00 Se sim para pergunta acima, com que freqüência? Diariamente Semanalmente Raramente 0 10 57 0 14,93 85,07 Faz uso de cigarro? Sim Não 22 111 16,54 83,46 Fonte: Dados do questionário epidemiológico. Tabela 3: Distribuição do perfil sorológico dos funcionários em atividade de uma Instituição Hospitalar do Oeste Paulista. Marcadores Sorolólogicos HIV HAV Nº Função Risco HCV HBsAg HBcT HBcIgM Anti-HBs trabalhadores por função Enfermagem HBV NR R NR R NR R NR R NR R NR R NR R Alto 51 51 0 51 0 51 0 46 5 - - - 5 51 0 Alto 7 7 0 7 0 7 0 7 0 - - - - 7 0 Aux. Triagem Médio 9 9 0 9 0 9 0 9 0 - - - - 9 0 Lavadeira Médio 5 5 0 5 0 5 0 5 0 - - - - 5 0 Limpeza Alto 12 12 0 12 0 12 0 11 1 - - - 1 12 0 Copeira Médio 12 12 0 12 0 12 0 12 0 - - - - 12 0 Cozinha Médio 2 2 0 2 0 2 0 2 0 - - - - 1 1 Alto 2 2 0 2 0 2 0 2 0 - - - - 2 0 Administração Baixo 11 11 0 11 0 11 0 11 0 - - - - 11 0 Outros Baixo 10 10 0 10 0 10 0 10 0 - - - - 10 0 Operador de Raio-X Laboratório Total Trabalhadores 121 Fonte: Livro de registro da Seção de Biologia Médica–Setor de Sorologia e Parasitologia-Instituto Adolfo Lutz, Laboratório regional de Presidente Prudente. 5 DISCUSSÃO 5.1 Perfil Epidemiológico O estudo realizado com base em dados do questionário epidemiológico aplicado aos funcionários em atividade participantes PCMSO 2007 (Tabela 3), verificou-se que entre os funcionários entrevistados a maioria 51,88% (69) era casada/unida, isto é, possuía relação estável. A maioria segue uma religião, sendo 59,40% (79) declararam-se católicos e 31,58% (42) evangélicos. No tocante ao local de residência a grande maioria 93,23% (124), reside na cidade em que prestam serviço. Em relação à escolaridade há predominância de 64,66% (86) com ensino médio e apenas 12,78% (17) com nível superior completo. Destaca-se neste grupo, inclusive 2,38% (3) de analfabetos com atuação na área de limpeza. A faixa salarial dos funcionários encontra-se abaixo de 10 salários mínimos. A maioria deles tem até sete anos de profissão, sendo 25,00% (33) de 0 a 3 anos e 24,24% (32) de 4 a 7 anos. Destaca-se neste quesito a existência de 3 funcionários já aposentados, mas continuam em atividade. Isto demonstra o equilíbrio do grupo em relação à importância de experiência no âmbito do desenvolvimento das atividades hospitalares. Analisando o perfil epidemiológico, em relação as DSTs, pode-se observar que o grupo se mostrou bastante consciente quanto ao uso de preservativos, 98,50% (131) caso venha a ter relacionamento com outros parceiros. Sendo que a maioria 95,49% (127) já participaram de campanhas de prevenção contra DSTs e que as mesmas influenciaram positivamente no comportamento em relação ao assunto 88,72% (118). Em relação à transfusão sanguínea, 12,78% (17) já passaram por tal procedimento. Dos indivíduos estudados, nenhum se declarou usuário de drogas injetáveis, demonstrando assim ser um grupo bastante consciente. Em relação à bebida alcoólica a maioria faz uso 50,00% (67), apenas eventualmente 85,07% (57). Sobre o uso de cigarro, apenas 16,54 (22) são fumantes. 5.2 Perfil Sorológico Em relação ao perfil sorológico demonstrado na Tabela 3, foram analisados os marcadores sorológicos de 121 funcionários participantes do PCMSO. Destaca-se que dentre os 51 profissionais de enfermagem, 9,8% (05) deles mostram perfil de infecção prévia para o vírus da hepatite B, apresentando: HBc total e anti-HBs positivo, significando que é indicado como auxiliar no diagnóstico de infecção viral contínua ou prévia de hepatite B; dos 12 servidores da limpeza, 01 apresentou os mesmos marcadores para hepatite B. Em relação aos 02 funcionários da cozinha, 01 apresentou marcador sorológico positivo para hepatite C (HCV), significando a presença de anticorpo anti-HCV. É oportuno destacar que os casos de positividade nos marcadores sorológicos citados são todos de infecção prévia, tendo ocorrido antes dos mesmos ingressarem ao quadro de servidores da Instituição Hospitalar em estudo, sendo este fato comprovado em exames admissionais. Este fato demonstra que os mesmos trabalham em conformidade com as normas de biossegurança, não apresentando infecção ocupacional. Podemos inferir que é de grande importância que uma instituição tenha um Programa de Saúde Ocupacional para acompanhar o desempenho e a saúde de seus funcionários. Fernandes et al (1999)12 em trabalho realizado com profissionais de enfermagem de um Hospital Universitário, constatou que 23,6% (25) deles apresentaram marcadores positivos para Hepatite B. Portanto, verificou-se que tal percentagem supera em mais de duas vezes a encontrada no presente trabalho. Em relação à hepatite C o resultado encontrado no presente trabalho foi semelhante a um estudo realizado em uma indústria do oeste paulista (D’ ANDREA et al, 2007)31. Quanto a coinfecção de HAV, HBV, HCV e HIV, não foi registrada nenhuma ocorrência, diferentemente do que ocorreu em trabalho realizado em um Hospital Universitário do Oeste Paulista no qual houve 0,7% (49) de coinfecção de HIV/HCV (TANNOURI et al., 2005)16. 6 CONCLUSÃO Conclui-se que os funcionários, objetos desta pesquisa mostraram-se conscientes dos riscos a que estão submetidos diariamente em suas atividades profissionais e que o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional é um programa eficaz, que cumpre as metas estabelecidas em suas diretrizes e que deveria ser seguido por todas as instituições similares. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Facchini LA, Nobre LCC, Faria NMX, Fassa ACG, Thumé E, Tomasi E, Santana V, et al. Sistema de Informação em Saúde do Trabalhador: desafios e perperctivas para o SUS. Ciência & Saúde Coletiva 2005; 10(4): 857-7. 2. Oliveira BRG, Murofuse NT. 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Sim Não Já participou de alguma campanha de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como sífilis, gonorréia ou AIDS? Sim Não Ela influenciou de alguma maneira seu comportamento em relação ao assunto? Todas Algumas Nenhuma Já realizou transfusão de sangue? Sim Não Já fez uso de alguma droga injetável? Sim Não Faz uso de bebida alcoólica? Sim Não Se sim para pergunta acima, com que freqüência? Diariamente Semanalmente Raramente Faz uso de cigarro? Sim Não