CARACTERIZAÇÃO DOS MICROCLIMAS URBANOS DE JOINVILLE Dra HACKENBERG1, Ana . Mirthes & Dr RAMOS2, Doalcey Antunes 1. Laboratório de meteorologia/DEC/UDESC/Joinville/SC/BR - E-mail: [email protected] 2. Laboratório de hidrologia/DEC/UDESC/Joinville/SC/BR - E-mail: [email protected] RESUMO A análise dos microclimas urbanos de Joinville/SC, foi efetuada com dados de três estações meteorológicas, duas microestações, instaladas temporariamentee medições móveis intermitentes. No Campus Universitário foi instalada uma estação padrão OMM sob coordenação do Laboratório de Meteorologia/CCT/UDESC e para monitorar os parâmetros hidro-meteorológicos das bacias foram implantadas duas estações hidrometeorológicas nos rios Cubatão e Pirabeiraba, coordenadas pelo Laboratório de Hidrologia/CCT/UDESC, com o apoio da FATMA/SC e GTZ/Alemanha. 1. INTRODUÇÃO O clima urbano abrange o clima de um espaço terrestre e sua urbanização, e o clima local sofre influência do clima regional. Algumas vezes, predominam as condições de macroclima, e outras as condições de microclima. Conforme Monteiro (1975) o espaço urbanizado mantém relações íntimas com o ambiente regional imediato em que se insere, e pode ser subdividido em microclimas. As alterações climáticas da cidade são conseqüência da urbanização que altera o clima local, devido as características térmicas superficiais, a circulação do ar e a poluição atmosférica. As diferenças entre os ambientes urbano e rural, conforme Landsberg (1981), são as estruturas superficiais. A paisagem rural é caracterizada pela vegetação e pelo solo natural, absorvente e permeável e a urbana, por superfícies compactadas e impermeáveis, com características físicas e capacidades e condutividades térmicas diferentes. Lombardo (1985) diz que essas alterações variam em função da intensidade de uso do solo, do adensamento urbano e das características geoecológicas locais. De acordo com Oke (1978) a urbanização produz mudanças na superfície natural do solo e nas propriedades atmosféricas da região, da radiação, da umidade do ar e das características aerodinâmicas locais. A energia solar no campo evapora o orvalho e na cidade é absorvida pelos materiais inertes das edificações e da pavimentação, liberada mais tarde, para a atmosfera, em forma de calor. As diferenças de temperatura entre as zonas urbana e rural ocasionam diferenças de pressão: nas áreas urbanas com temperaturas mais altas, a pressão atmosférica é menor, formando correntes de ar centrípetas da periferia para o centro, aumentando a concentração de nebulosidade, precipitações e poluentes. (Oliveira, 1988) A forma e a extensão da "ilha de calor” urbana é variável e depende das características meteorológicas, fisicas e geográficas, locais e urbanas e seus limites coincidem com os limites das áreas mais densamente edificadas, onde acontecem as temperaturas mais altas. (Eriksen, 1964) O vento nas áreas urbanas é influenciado pelo arruamento e pelas edificações e a insolação pelas edificações. (Kratze, 1956) A velocidade do ar pode diminuir pelo efeito enclauzurador em ruas estreitas ou aumentar através de aberturas entre altos blocos ou podem estabelecer-se fortes turbulências e redemoinhos nas esquinas a sotavento das obstruções. (Koenigsberger, 1977) 2. ASPECTOS HISTORICOS Joinville foi fundada na metade do século XIX, no litoral norte do estado de Santa Catarina, nas terras dotais da princesa Francisca Carolina, filha de D. Pedro I, casada com François F. Philippe, Principe de Joinville. Os rigores climáticos, as dificuldades de acesso e a constatação da má qualidade do solo foram registrados desde o início da colonização em cartas e relatórios, publicados por Ficker (1965). O mapa do 1o relatório da colônia D. Francisca, de 1851, mostra a “Colonia Agricola D. Fransisca” às margens do rio Mathias, afluente do Cachoeira e a futura cidade de Joinville na confluência dos rios Bucarein e Cachoeira, mais a sudeste. O 2 o relatório, de 1852, esclarece que ainda não se fundara a cidade de Joinville, apenas o “Schroedersort”, núcleo de caráter colonial. Conforme Ternes (1986), a instalação dos primeiros colonos, prevista para a região do Bucarein, no “ponto mais próximo do mar”, ocorreu na parte mais baixa e úmida criando dificuldades no núcleo colonial. Apesar da conscientização dos colonizadores, do local inadequado, o núcleo colonial se desenvolveu, formando a cidade. O local escolhido para a implantação da cidade de Joinville, na confluência dos rios Bucarein e Cachoeira, possui vantagens ambientais em relação ao núcleo colonial, mais alto, livre de enchentes e mais ventilado por estar situado ao sul do Morro Boa Vista, recebendo os ventos proveniente do mar. Em 1852 houve a primeira tentativa de instalação de um novo núcleo colonial, Annaburg, na direção oeste. Localizada numa cota mais alta, livre de enchentes e afastada do morros Boa Vista e Iririu, a influência destes é insignificante na ventilação natural. Em 1859 foi fundado o Núcleo de Pedreira, atual distrito de Pirabeiraba, na região noroeste, próximo a Serra do Mar, mais alta com altos índices de calmaria, pluviosidade e umidade do ar. Em 1866 foi fundado Neudorf, no sudoeste do município, região mais alta, menos úmida e com predominância de morros mais baixos. As tentativas de transferir a cidade para áreas mais favoráveis do ponto de vista ambiental fracassaram. O centro urbano se desenvolveu a oeste do morro Boa Vista, que forma uma barreira aos ventos provenientes do mar. A falta de ventilação influencia a temperatura e a umidade do ar, tornando o ambiente urbano quente e abafado. As características urbanas do início do século XX, com terrenos amplos, edificações térreas e vegetação abundante amenizavam os problemas climáticos. O adensamento urbano, a retirada da vegetação, o crescente número de veículos, o uso de sistemas de refrigeração, e toda a ação do ser humano, agravou o rigor térmico do centro urbano. 3. CARACTERÍSTICAS DO MUNICÍPIO Joinville, está localizada á latitude 26017’30”S e longitude 48o 51' 36"W, no norte do Estado de Santa Catarina, próxima ao mar, ao fundo da Baía da Babitonga, complexo hídrico abrangendo os municípios de Joinville, São Francisco do Sul, Araquari, Garuva e Itapoá, numa planície 6 metros acima do nível do mar, entrecortada por alguns rios. O relevo apresenta três feições destacadas: regiões da serra, da planície com morros esparsos e de morros que envolve o perímetro urbano. A leste o município se estende até os mangues banhados pelo mar e a oeste até a Serra do Mar. A ocupação humana se desenvolve na planície, banhada pelas bacias dos rios Cachoeira e Cubatão e entremeada de morros cobertos de vegetação acima da cota 40. Os morros Boa Vista, com 230 metros de altitude e Iririú com 198, formam uma barreira natural entre o centro, as regiões norte e oeste com a região leste. Na região sul há elevações mais baixas e a norte e noroeste há barreiras montanhosas com alturas médias de 450 a 800 metros. Os loteamentos seguem um traçado reticular sem continuidade de um para outro, sendo a continuidade na malha urbana dada pelas vias principais, que de um modo geral estão em harmonia com a topografia. Os fatores de maior interferência nos microclimas do município são a proximidade do mar, os morros que entremeiam a área urbana, a vegetação urbana remanescente e a malha urbana propriamente dita com suas edificações. As brisas marinhas são desviadas pela topografia e pelos edifícios, criando áreas de calmaria e turbulência, influenciando a temperatura e a umidade do ar. O maior volume de águas provenientes das chuvas provoca enchentes nos meses de verão, devido a impermeabilização do solo. Vários pontos da área central, sofrem com alagamentos nestes meses, problema agravado pela crescente impermeabilização do solo e desmatamento progressivo das poucas áreas verdes ainda existentes. Figura 1 – Mapa da Região de Joinville O clima da região costeira sul do Brasil, é descrito por Koeppen (1948), como Úmido de Latitude Média com Invernos Amenos, onde a temperatura média do mês mais frio é menor que 18oC. Devido a Serra do Mar esta região costeira estreita apresenta um clima similar ao Tropical Úmido com 60 mm ou mais de precipitação mensal (Ramos, 1998). No verão o clima pode ser quente, abafado e úmido, como o dos trópicos chuvosos, com temperaturas diárias normalmente próximas dos 30o C, muitas vezes próximas de 40o C ou até um pouco acima destas, no início das tardes. Chuvas ocasionais e trovoadas ocorrem porque estas áreas experimentam tempestades, na média, em 40 a 100 dias por ano. (Lutgens e Tarbuck, 1979) No outono, os trópicos são chuvosos e os invernos brandos, com geadas ocasionais. 4. ANÁLISE CLIMÁTICA Na análise climática urbana de Joinville, Hackenberg (1992) comparou os dados de três estações meteorológicas do município, em locais com características físicas diferentes. A Estação Meteorológica da ETT (Escola Técnica Tupy), está situada no bairro Boa Vista, entre os mangues e o morro Boa Vista, próxima deste, e caracteriza a região leste. Aa tabelas 1 e 2 mostram um resumo da série histórica de 1970 a 1990. A Estação do Aeroporto está localizada na região norte, e seus dados foram analisados de 1987 a 1990. A Estação da Fundação 25 de Julho está situada na região noroeste, no distrito de Pirabeiraba e seus dados foram analisados de 1988 a 1990. Tabela 1 – Série historica da ETT Unid o >T C T oC o <T C Pres mb UR % Preci mm nodias chuva dia horas h/sol horas neb horas Jan 39,0 26,4 16,0 1013 72,0 238 21 13,6 4,6 9,0 Fev 41,0 26,3 16,0 1014 75,3 251 17 12,9 4,8 8,1 Mar 38,0 25,3 11,0 1015 75,3 205 18 12,8 4,3 8,5 Abr 35,0 22,9 5,5 1017 76,4 138 16 11,5 3,8 7,7 Mai 33,5 20,1 4,5 1018 77,1 129 12 10,8 3,8 7,0 Jun 32,0 17,9 3,0 1020 78,0 98 11 10,5 3,3 7,5 Jul 34,0 17,4 2,0 1021 78,6 105 11 10,7 3,3 7,4 Ago 35,0 18,3 2,5 1020 78,2 107 12 11,2 3,2 8,0 Set 32,0 19,1 5,0 1020 76,5 128 16 11,9 2,8 9,1 Out 36,5 21,1 9,0 1017 74,1 146 17 12,7 3,3 9,4 Nov 36,5 23,0 11,0 1015 71,8 160 17 13,4 3,8 9,6 Dez 39,5 24,9 14,0 1013 72,3 172 18 13,8 3,9 9,9 Tabela 2 – resumo da incidencia dos ventos Calmaria Velocidade média (km/h) Incidência Predominante Verão 45,3 4,7 Sul, Sudoeste Manhã Inverno 63,4 4,9 Sul, Sudoeste Verão 6,97% 10,1 Leste Tarde Inverno 19,69% 7,68 Leste A comparação dos dados das 3 estações meteorológicas identificou a maior amplitude térmica na Fundação 25 de Julho, com menores temperaturas mínimas noturnas e no verão maiores temperaturas máximas devido ao alto índice de calmaria e baixa velocidade do ar., decorrente da proximidade da Serra do Mar. Nas outras duas estações as temperaturas noturnas foram mais altas devido a proximidade da Lagoa de Saguaçú e da Baía da Babitonga que atuam como reguladores térmicos diminuindo a amplitude térmica e reduzindo as variações diárias. A umidade do ar foi maior na Fundação 25 de Julho devido a evapotranspiração da vegetação e a falta de ventilação provocada pela Serra do Mar. No Aeroporto ocorreu a menor umidade do ar decorrente da maior ventilação. O vento sofre influência do relevo, da vegetação e das edificações, ocasionando grandes variações entre as regiões. Nas três estações foram registrados altos índices de calmaria e menores velocidades do ar pela manhã. O maior índice de calmaria e as menores velocidades do vento ocorreram na Fundação 25 de Julho. Não ocorreram grandes diferenças nas direções predominantes dos ventos entre as estações. Devido às características geográficas, os dados coletados pelas três estações não caracterizam o clima de toda a cidade. Para melhor identificar os micro-climas urbanos, foram implantadas, em locais com características urbanas e geográficas diferentes, duas estações micro-climáticas temporárias onde foram medidas a temperatura, a umidade e a velocidade do ar. Uma estação foi instalada na encosta oeste do morro Boa Vista, na situação oposta da ETT, para analisar o microclima da região oeste e a segunda na região sul, sem elevações altas e anteparos significativos aos ventos proveniente do mar. Os dados climáticas das cinco regiões foram comparados, correlacionando-se pelo método dos quadrados mínimos, tendo sido encontrados os fatores de correlação da tabela 3. Os fatores de correlação das temperaturas do ar foram mais altos a tarde devido a proximidade do mar e a influência que este exerce na ventilação da região, interferindo na temperatura. Pela manhã as correlações foram menores, principalmente na Fundação 25 de Julho e na ETT com as demais, devido a influência do relevo sobre estas (Serra do Mar e morro Boa Vista respectivamente). Entre as demais estações as correlações foram mais altas devido as condições geográficas semelhantes. A amplitude térmica e a umidade do ar foram maiores na Fundação 25 de Julho, ocorrendo as temperaturas mais baixas e as mais altas, devido a proximidade da Serra do Mar, vegetação, alto índice de calmaria e baixa velocidade do ar. Na análise da umidade do ar ficou evidente a influência das superfícies de água, pois as três estações situadas próximas a estas, ETT, Aeroporto e Região Sul apresentaram altos índices de correlação entre si. A correlação destas com as demais foi menor, pois a umidade na Fundação 25 de Julho e na encosta oeste do morro Boa Vista, regiões mais úmidas, são influenciadas pela vegetação e não das superfícies de água. Tabela 3 – Fatores de correlação das temperaturas e umidades do ar entre as estações Locais Aeroporto X ETT Aeroporto X Região sul Aeroporto X Morro Boa Vista (encosta oeste) Aeroporto X Fundação 25 de Julho ETT X Região sul ETT X Morro Boa Vista (encosta oeste) ETT X Fundação 25 de Julho Região sul X Morro Boa Vista (encosta oeste) Região sul X Fundação 25 de Julho Morro Boa Vista (encosta oeste) X F. 25 de Julho Temperatura Manhã Tarde 0,42 0,96 0,89 0,88 0.73 0,85 0,64 0,79 0,56 0,96 0,47 0,90 0,48 0,74 0,88 0,87 0,33 0,76 0,40 0,68 Umidade relativa Manhã Tarde 0,71 0,90 0,20 0,83 0,67 0,46 0,49 0,52 -0,10 0,88 0,23 0,58 0,69 0,53 0,23 0,58 0,06 0,29 0,29 0,22 O vento apresentou a maior variação. O relevo do município interfere nos ventos matutinos que sopram de noroeste, oeste e sudoeste, causando um grande índice de calmaria. A maior calmaria e os ventos mais fracos ocorreram na Fundação 25 de Julho, a noroeste, e os ventos mais fortes no Aeroporto, a nordeste, próximo a baía da Babitonga. Na ETT os ventos foram mais fracos devido a influência do morro Boa Vista. Na encosta oeste do morro Boa Vista houve calmaria total devido a barreira que o morro exerce aos ventos. A região sul, apresentou ventos mais fracos do que o Aeroporto devido a seqüência de morros a sul e a sudoeste da área urbana. A maior pluviosidade ocorreu na proximidade da serra, decorrente do regime de ventos que levam as nuvens para esta região, formando chuvas orográficas, ocasionando também a maior umidade do ar e a menor pressão atmosférica. A influência do morro Boa Vista ficou evidente na comparação da velocidade dos ventos das estações do Aeroporto, da ETT e as estações micro-climáticas. Na análise das cinco estações ficou clara a influência das elevações, da vegetação e das superfícies de água da lagoa de Saguaçu e da baía da Babitonga. A área central, a oeste do morro Boa Vista, possui a maior densidade demográfica e uma ocupação muito vertical, resumindo-se as áreas verdes a apenas algumas praças e jardins das poucas residências unifamiliares remanescentes. Para avaliar os efeitos da ausência de ventilação com o adensamento urbano foram efetuadas medições móveis intermitentes da temperatura e umidade do ar e velocidade e direção dos ventos em um roteiro de doze pontos com características diferentes e na estação microclimática da face oeste do morro Boa Vista, simultaneamente. As temperaturas no ponto fixo foram mais baixas do que nos pontos do percurso devido a vegetação do morro Boa Vista. As temperaturas mais altas na área central são conseqüência da impermeabilização, pavimentação e materiais inertes das edificações ocasionando uma maior absorção da radiação solar, liberada mais tarde para a atmosfera urbana, em forma de calor. A umidade do ar na estação do morro Boa Vista foi praticamente constante e mais alta do que na área central devido a densa vegetação e calmaria. Na área central a menor umidade do ar é devido a escassa vegetação e impermeabilização do solo que favorece o rápido escoamento das águas superficiais. Às temperaturas mais altas corresponderam as umidades mais baixas e às temperaturas mas baixas as umidades mais altas. A direção e a velocidade do vento foram influenciados pelas edificações na área central, tendo sido a velocidade menor do que nas estações fixas. Algumas vezes percebia-se uma leve aragem mas o anemômetro não a registrava. Na encosta oeste do morro Boa Vista houve calmaria total. Na área central constatou-se a influência da urbanização e dos fatores geográficos. A velocidade dos ventos foi menor e o sentido determinado pelo arruamento, praças, altura e espaços entre as edificações e áreas livres. As temperaturas foram mais altas devido a massa térmica dos materiais inertes das edificações e do calçamento. Apesar da falta de ventilação na encosta oeste do morro Boa Vista a temperatura do ar foi mais baixa devido a vegetação abundante. Na área urbana foram identificadas cinco condições climáticas diferentes caracterizadas pelas estações meteorológicas: da ETT caracterizando o clima da região leste, do Aeroporto a região nordeste, da Fundação 25 de Julho a região noroeste próxima a Serra do Mar, da encosta oeste do morro Boa Vista as regiões oeste e central e da Região Sul as regiões sudeste, sul e sudoeste. A região noroeste apresenta menores temperaturas noturnas, maiores amplitudes térmicas e umidades, elevados índices de calmaria e menores velocidades do vento. As regiões nordeste e leste apresentam amplitudes térmicas menores devido a proximidade da lagoa de Saguaçú e da Baia da Babitonga, que atuam como reguladores térmicos. As temperaturas diurnas sao amenizadas pelos ventos provenientes do mar, que também influem na umidade do ar. As outras duas áreas climáticas foram caracterizadas pelas estações micro-climáticas que não tiveram observações suficientes para se verificar as variações estacionais. As regiões central e oeste apresentaram um clima mais quente e abafado, com pouca ventilação e a região sul um clima mais ameno devido a ventilação. Estas áreas não abrangem todos os tipos climáticos da cidade e nem apresentam valores muito representativos pois alguns períodos analisados foram muito curtos. 5. IMPLANTAÇÃO DE ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS Joinville, apesar de ser o maior parque industrial de Santa Catarina, até 1995 não possuía uma Estação Meteorológica padrão internacional. As estações da cidade não atendiam às recomendações de padronização da Organização Meteorológica Mundial (OMM). A Estação Meteorológica da ETT encontra-se na sombra de vento do Morro Boa Vista, a do Aeroporto possui equipamentos insuficientes, especificações e localização inadequados e a da Fundação 25 de Julho estava numa localização inadequada, tendo sido desativada. Em 1995, foi firmado um convênio entre a UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina), EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A), UNIVILLE (Universidade da Região de Joinville) e PMJ (Prefeitura Municipal de Joinville), com o objetivo de implantar uma estação meteorológica no município atendendo os pré-requisitos da OMM. Esta estação meteorológica foi instalada no Campus Universitário devido a sua topografia privilegiada, sem anteparos próximos, a noroeste da área urbana, próximo ao distrito industrial. Os equipamentos foram adquiridos pela UDESC num convênio entre a Alemanha e o Estado de Santa Catarina. A localização propiciou estender as atividades da estação ao ensino e à pesquisa das instituições universitárias. Para melhor estudar os problemas climáticos na cidade, foi criado o Laboratório de Meteorologia no Centro de Ciências Tecnológicas (CCT) da UDESC, integrado à estação Meteorológica do Campus Universitário. O laboratório possui equipamentos portáteis propiciando condições de efetuar análises micro-climáticas móveis. Devido às enchentes na área urbana, em 1999, a FATMA (Fundação de Amparo a Tecnologia e Meio Ambiente) com o apoio da GTZ (Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeits), implantaram duas estações hidro-meteorológicas automáticas nos rios Cubatão e Cachoeira, coordenadas pelo Laboratório de Hidrologia no CCT/ UDESC, para monitorar o nível dos rios. Os Laboratórios de Meteorologia e Hidrologia do CCT/UDESC, num trabalho conjunto, estão montando um banco de dados com os registros da estação meteorológica do Campus Universitário e das duas estações hidro-meteorológicas. Paralelamente estão sendo desenvolvidas pesquisas de campo, estudando-se as influências climáticas do adensamento urbano da área central de Joinville, avaliando-se o aumento da temperatura do ar, a diminuição da umidade relativa e da velocidade do ar em função da volumetria das edificações, retirada da vegetação e impermeabilização do solo e suas conseqüências nas enchentes de verão. 9. BIBLIOGRAFIA 1. ERIKSEN, W. Beitrage zum Stadtklima von Kiel. Kiel, Geog. Inst. Univ. Kiel, 1964 2. FICKER, C. Historia de Joinville – Subsídios da Colônia D. Francisca, Jvlle, 1965. 3. HACKENBERG, A M. O Clima Urbano numa Cidade Estuária de Fundo de Baía - Joinville - SC. Dissertação, EESC-USP, 1992. 4. KOENIGSBERGER, O. H. et al. tropicales. Madrid: Paraninfo, 1977. Viviendas y edificios en zonas cálidas y 5. KOEPPEN, W. Climatologia, con un estudo de Los Climas de la Tierra. México, Fondo de Cultura Econômica, 1948. 6. LANDSBERG, H. E. The Urban Climate. New York, Academic Press, 1981. 7. LOMBARDO, M. A. A Ilha de Calor nas Metrópoles. São Paulo, Hucitec, 1985. 8. LUTGENS, F., K. & TARBUCK, E., J. The Atmospherea - An Introduction to Meteorology. Nova Jersey, Prentice-Hall, 1979. 9. MONTEIRO, C. A. F. Teoria e Clima Urbano. São Paulo, USP – Instituto de Geografia – Tese de Livre Docência, 1976. 10. OKE, T. R. Boundary Layer Climates. London, Melthen & Co Ltd, 1978. 11. OLIVEIRA, P. M. P. Cidade apropriada ao Clima – A Forma Urbana como Instrumento de Controle do Clima Urbano. Brasília, UnB, Dissertação, 1988 12. RAMOS, D. A., Simulation of Sea-Bed Evolution at the Intersection of a River and a Coastline. Ph.D Thesis, Imperial College, Univercity of London, 1998. 13. Sociedade Colonizadora de Hamburgo, 1° relatório, 1852, 2o relatório, 1853. 14. TERNES, A. Historia Econômica de Joinville. Joinville, Meyer, 1986.