Revista Melhores Práticas

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Philip Hassen
Presidente da IsQua debate
conceito de qualidade
Higienização de mãos
Campanhas combinam o
lúdico e a tecnologia
Primeiros Passos
As cinco etapas rumo ao
primeiro nível de acreditação
Tríplice Coroa,
a jogada da vez?
Mercado discute se conquistar três
certificações burocratiza rotinas ou
ajuda o desenvolvimento gradual
Novos Negócios Com unidades de bairro, hospitais repensam distribuição de pacientes
Benchmarking conheça dois programas brasileiros de comparação de desempenho
Dreamstime
>> T e c n o l o g i a
Cena ilustra hospital futurista, com telas touch screen
Inteligência artificial?
Tablets, smartphones e computadores recebem softwares inteligentes que
relembram condutas, sugerem exames e medicamentos e ajudam médicos
e enfermeiros a seguir protocolos e até a tomar decisões clínicas
Colaborou.: Ana Carolina Carvalho
O
paciente dá entrada no hospital e segue para
a entrevista pré-internação. Idade, histórico
cirúrgico, hábitos, alergias, tudo é registrado
em um prontuário eletrônico, que integra todas as alas
do hospital. Já internado, o médico prescreve um medicamento. Pega seu tablet, smartphone ou computador, digita o nome do remédio e... uma janela pop
up salta na tela com um alerta: “Este paciente tem
alergia a um dos princípios ativos deste medicamento. Deseja prosseguir mesmo assim?”, o computador
pergunta. O médico, assertivo, insiste e clica “sim”.
A tela não deixa por menos: “Notifique a razão dessa
escolha”, diz outro pop up. Para prosseguir, o médico vai ter de documentar os argumentos que o fazem
passar por cima da medida de segurança.
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Essa função, chamada de verificação, é um exemplo de uma das contribuições que a tecnologia traz
hoje para a realidade hospitalar. Softwares de gestão
agora não apenas organizam dados dos pacientes e da
instituição, como auxiliam na eliminação de erros, na
otimização de custos e, até, dão suporte para a tomada de decisão clínica.
Um dos produtos hoje disponíveis no mercado
para essa função é o Soul MV, versão 2010 do software
da MV. “O sistema sugere para o médico a condutapadrão para cada procedimento assistencial e dá a ele
um gabarito das condutas tradicionais e consagradas
na literatura”, diz Luciano Regus, diretor da MV.
Para fazer esses alertas de verificação ou mesmo
trazer a sequência de ações a serem seguidas a par-
Suporte clínico
Alguns softwares apenas relembram
protocolos para auxiliar a checagem de
decisões já tomadas. Outros ajudam a
chegar ao exame, ao medicamento ou ao
diagnóstico – e, com isso, oferecem suporte clínico para os médicos.
O Alert tem uma área, chamada de
Protocolos, que trabalha dessa forma.
Com base nas informações do paciente,
o médico vai abrindo um fluxo de perguntas encadeadas que, no fim, trazem
possibilidades de diagnósticos e exames
a serem considerados pelo profissional.
“O software não interfere na decisão do
médico, mas o ajuda a tomar decisões baseado em evidências e melhores referências”, diz Brescia, da Alert.
“É uma inteligência artificial, mas que
não substitui o médico na tomada de decisões. Se achar que não deve seguir a
orientação, pode ir pela própria expertise”, diz o médico infectologista Luiz Henrique Melo, professor da Universidade de
Joinville (Univille, em Santa Catarina) e
diretor técnico da Smart Medicine.
Melo desenvolveu um sistema voltado
para o tratamento de infecção fúngica na
UTI. Com ele, de um computador, iPad ou
iPod, o médico insere características clíni-
Dreamstime
tir de uma suposição diagnóstica, com
indicação de exames e medicamentos, é
necessário que o software tenha um banco de dados com protocolos de referência
fundamentados na bibliografia médica e
nos parâmetros da instituição.
Cada software tem uma forma de proceder nesse sentido. O da MV exige que o
hospital acrescente seus protocolos institucionais. Outros, como o Alert, já trazem
conteúdo próprio, que deve ser validado,
substituído ou acrescidas outras informações pela instituição. “O conteúdo se baseia nas melhores práticas registradas na
literatura internacional e nacional”, explica Luiz Brescia, diretor-geral da Alert
Life Sciences Computing no Brasil.
cas do paciente e, em resposta, recebe opções terapêuticas e de procedimentos que
seguem diretrizes da Sociedade Americana
de Infectologia (IDSA, na sigla em inglês),
com atualização periódica pela empresa
fornecedora. Também pode, a exemplo do
que acontece com os sistemas Alert e MV,
verificar se o medicamento recomendado
está disponível no estoque. Se não estiver,
o sistema aponta outro equivalente estocado na farmácia.
O software, que pode ser baixado gratuitamente pelo www.smartmedicine.com.
br, hoje está presente em cerca de 150 hospitais brasileiros e recebeu o endosso do
IQG (Instituto Qualisa de Gestão).
Já o software da MV auxilia na tomada
de decisão à medida que, para algumas
classes de advertências emitidas pelo
sistema, não autoriza a sequência de procedimentos. “Se o sistema identifica riscos sérios de danos, como de um choque
anafilático, ele impede o profissional de
prosseguir, por exemplo, na indicação de
um medicamento”, explica Regus.
Portando softwares
que ajudam na gestão
da assistência, tablets
e celulares hoje são
plataformas de trabalho
da equipe de saúde
Terapia intensiva
Desde o ano passado, uma resolução
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) obriga o monitoramento dos
indicadores assistenciais dos 27 mil leitos
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On-line, plataforma Epimed custa
R$ 120/leito. Já o Alert tem licença
de R$ 700 mil e, à parte, oferece
treinamento com time multidisciplinar
das unidades de terapia intensiva (UTIs)
no Brasil, mirando reduzir índices de
mortalidade e riscos de eventos adversos.
Dois anos antes, no entanto, os médicos Carlos Eduardo Reis, Marcio Soares e
Jorge Salluh já colocavam no mercado a
plataforma Epimed Monitor. A plataforma
traz um check-list de procedimentos de
segurança a serem verificados durante a
visita clínica do grupo médico ou avaliação diária. Os protocolos, já incluídos no
sistema, são atualizados semanalmente.
O sistema não exige software: a gestão
é administrada por meio da página da empresa na internet. Para isso, basta que os
usuários do sistema sejam cadastrados e
recebam uma senha de acesso.
Como o sistema é on-line, a informação da instituição é compilada em tempo
real e ainda é possível comparar dados
de 265 hospitais brasileiros vinculados
ao sistema que, somados, respondem por
3.300 leitos de UTI, número maior do
que Reino Unido, Bélgica e Irlanda juntos. “A terapia intensiva corresponde a
30% a 50% da alocação de recursos e do
faturamento de uma instituição. Entendemos que, para um hospital, é estratégico
começar por esse setor. Isso estando contemplado, outros setores também podem
se beneficiar”, conta Reis, que avisa que
a partir de agosto o sistema deve estar
preparado para atender também a outras
alas do hospital.
Investimento
Os custos das plataformas variam de
acordo com diferentes parâmetros. A da
Epimed tem custo calculado apenas no
número de leitos: R$ 120 a unidade e R$
2,5 mil pelo treinamento de três horas.
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Melh res Práticas
No caso da MV, o investimento varia
conforme o número de computadores em
que serão instalados e de pessoas a serem
treinadas. “O custo fica entre R$ 100 mil
a R$ 2 milhões. Em média, temos orçamentos em R$ 500 mil”, diz Regus. Esses
custos incluem uma etapa de treinamento
presencial, com aulas de 8 a 80 horas de
duração. Hoje, a empresa também começa a implantar um treinamento on-line.
O software da Alert usa como parâmetros o número de leitos, o número de episódios oferecidos (como consultas, cirurgias, exames), o tamanho da equipe e o
número de clínicas especializadas. Como
referência, Brescia diz que um setor de
urgência com 400 episódios/dia e 40 leitos teria custo de R$ 2 milhões, o que
inclui licença do software, processo de
implantação (de cerca de três meses), manutenção por dois anos e uma “assistência presencial” por 30 a 90 dias. “Além
do treinamento obrigatório de e-learning,
oferecemos a assistência presencial, que
é uma orientação dada por equipe multiprofissional da saúde que conhece o software em profundidade”, diz Brescia.
Tanto investimento tem retorno em
termos de indicadores de desempenho,
em razão do controle dos protocolos. Segundo Regus, da MV, o retorno também
pode ser percebido nas finanças. “Com
a integração das alas, deixam de passar
despercebidos procedimentos que devem ser cobrados. Não é raro ver 10% de
aumento de receita em três meses depois
da implantação”, diz o diretor.
Para chegar a isso, é preciso que os
profissionais aceitem a proposta. Rogério Pereira, gerente da área de desenvolvimento de sistemas do Instituto Nacional
de Traumatologia e Ortopedia (Into), que
utiliza o sistema MV2000, diz que barreiras iniciais logo são vencidas: “Depois de
um tempo, os médicos percebem que há
ganho de desempenho da instituição e se
sentem mais seguros, sabendo que estão
seguindo os protocolos”. 
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