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Avaliação do conhecimento sobre o uso de inaladores dosimetrados entre os
estudantes de medicina que freqüentam o Internato Médico do Curso de MedicinaUNISU - Pedra Branca.
Vinicius Carriero Lima1, Nazaré Otília Nazário, Dra2
Introdução: A asma é uma doença de grande prevalência mundial, presente em todos
os países, acomete cerca de 300 milhões de indivíduos no mundo1, com taxa de 10% da
prevalência global. No Brasil, a estimativa aproximada é de 20 milhões de asmáticos2
mostrando-se um grave problema de saúde pública. A asma é definida como doença
inflamatória crônica caracterizada pela hiperresponsividade das vias aéreas,
manifestando-se com obstrução do fluxo aéreo2. No que tange ao tratamento o foco
principal gira em torno da redução da inflamação. Para isso, o princípio básico consiste
em evitar o contato com alérgenos e enfatizar o início precoce do tratamento
antiinflamatório com corticoesteróides inalatórios (CI) a fim de conseguir melhoras no
controle dos sintomas e proteção contra a progressiva perda da função pulmonar2. O
tratamento basicamente é realizado a partir de medicamentos inalados. Fazer o uso de
inaladores dosimetrados parece ser uma tarefa simples, mas a maioria dos pacientes não
o faz corretamente. Quando o procedimento segue as instruções básicas, aumenta-se a
quantidade do medicamento que atinge os pulmões, evitam-se crises graves, além de
reduzir o desperdício do medicamento e alcançar eficácia do tratamento. Assim, para o
tratamento de manutenção é fundamental que o paciente esteja ciente da técnica correta
do uso do inalador. Para tanto, necessita de auxílio e educação específica dos
profissionais da saúde. O estudo sobre esse conhecimento, entre os estudantes do
Internato Médico do Curso de Medicina UNISUL, justifica-se uma vez que existem
vários detalhes durante o uso da medicação e os erros na demonstração da técnica são
bastante comuns entre os pacientes. Para o controle da doença o paciente necessita de
educação sobre as orientações e precauções com a sua condição de asmáticos2,3. É papel
do médico ensinar ao paciente sobre o uso correto dos dispositivos para inalação do
medicamento. Por esse motivo, na formação do médico, tratar da educação em asma,
como um dos pilares do tratamento, é de fundamental importância para o controle da
doença e a manutenção da qualidade de vida dos asmáticos. O objetivo geral do estudo
foi verificar o conhecimento das técnicas para o uso de inaladores entre os internos de
Medicina da Unisul-Pedra Branca.
Metodologia: Estudo observacional de caráter transversal, que incluiu 99 internos, após
assinatura do TCLE. Todos os estudantes, em uma primeira etapa, responderam a um
questionário de identificação e dados relacionados ao conhecimento sobre a técnica
correta do uso de inaladores dosimetrados com perguntas fechadas sobre o uso e a
limpeza espaçador, o tempo necessário entre dois jatos sucessivos do inalador
dosimetrado, a realização da inspiração para a inalação do medicamento, o tempo em
apnéia após a inalação e a diferença entre o broncodilatador e o corticóide inalado. Na
segunda etapa, da coleta de dados, foi realizada uma avaliação prática do uso do
inalador dosimetrado. Foram fornecidos aos estudantes inaladores em Aerossol
Dosimetrado, tipo spray e inaladores de pó, e solicitado que demonstrassem as etapas do
uso de cada um dos dispositivos, observando-se cada etapa cumprida pelo estudante –
atribuindo a avaliação inadequada ao passo que era omitido ou demonstrado
incorretamente e avaliação adequada quando demonstrado corretamente. Foi realizado
um estudo piloto para adequação dos instrumentos. Para as variáveis categóricas foi
1
2
Acadêmico Medicina – [email protected]
Professora Orientadora – nazaré[email protected]
realizada a análise a partir da frequência absoluta e percentagens. Para as variáveis
contínuas foi estabelecido o critério de normalidade e as distribuições normais foi feita a
média e o intervalo de confiança. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa – UNISUL sob parecer consubstanciado nº 11.371.4.01.III.
Resultados e Discussão: Entre as características demográficas da população estudada,
percebe-se maior concentração de participantes do sexo feminino, na faixa etária entre
21 e 24 anos (60,6%) e de estudantes do 9º semestre do Curso (51,5%). A avaliação do
conhecimento teórico, classificada em adequado e inadequado. A questão número 5, que
avaliou o conhecimento sobre a ação de drogas utilizadas no tratamento da asma,
corticoesteroides e broncodilatadores, obteve o maior percentual de respostas
adequadas, 75% (IC95% 67,1-84,3), enquanto a questão 2, sobre a limpeza dos
espaçadores, obteve o maior número de respostas consideradas inadequadas, 81,9%
(IC95% 74,1-89,5). Segundo Muchão et al4 o espaçador deve ser lavado em água
morna, uma ou duas vezes por semana, utilizando-se sabão de coco ou detergente
neutro, e não deve ser secado internamente antes do próximo uso. A inadequação mais
frequente, entre os participantes do estudo, foi justamente o desconhecimento em
relação à secagem interna do espaçador antes do uso. Na avaliação do conhecimento
prático sobre o uso do Aerossol Spray, com exceção dos passos 2, necessidade da
expiração lenta, para a retirada de ar dos pulmões, antes do uso do medicamento; e
passo 9, que trata da utilização correta do inalador juntamente ao espaçador, que
obtiveram o maior número de respostas inadequadas, em todos os outros passos, sobre o
uso do Aerossol Spray, as respostas adequadas ficaram entre 81 e 100%. O
conhecimento em relação ao uso do aerossol spray foi satisfatório, diferente do que traz
a literatura em relação ao conhecimento do uso dos inaladores dosimetrados, entre
estudantes e médicos, uma vez que este se mostra pouco difundido e insatisfatório5.
Contudo, pode-se observar uma inadequação frequente durante as demonstrações, no
passo número 2, que orienta para a retirada do ar dos pulmões; o que corrobora com os
estudos que afirmam que um dos erros mais comuns é a não realização da expiração
adequada antes da inspiração do medicamento4,6. Em relação ao conhecimento prático,
sobre o uso do Turbohaler, o número de respostas inadequadas, entre os 8 passos para o
correto uso do dispositivo, ficou entre 67,7 e 86,9%. Os passos 4 (82,8%), que
observava a retirada de ar dos pulmões antes do uso do dispositivo, e o passo 8 (86,9%),
que correspondia ao enxágue da boca, após o uso do medicamento, foram os que
mostraram maior número de respostas inadequadas. Por último, na avaliação do
conhecimento prático, em relação ao uso do Aerolizer, o número de respostas
adequadas, entre os 8 passos para o uso correto do dispositivo, ficou entre 25,3 e 82,8%.
Em relação ao uso do Turbohaler e do Aerolizer constatou-se que o conhecimento entre
os internos é insatisfatório. Porém, verificou-se uma maior facilidade e afinidade pelo
dispositivo Aerolizer em comparação ao Turbohaler. De acordo com Souza et al6, em
estudo realizado com 60 pacientes asmáticos, o dispositivo que mais apresentou
inadequações durante o uso foi o Aerolizer, mostrando que é um inalador que necessita
de maior tempo de explicação durante a consulta médica. Tanto na avaliação prática do
Turbohaler, quanto do Aerolizer, verificou-se o desconhecimento dos internos em
relação à higiene oral, após o uso de corticosteroides inalados. Diversos estudos
mostram a importância desta etapa, para a redução dos efeitos colaterais locais e
sistêmicos, sendo a corticoterapia inalatória praticamente isenta desses efeitos quando é
realizada uma orientação correta1,2,4 somada à adesão do paciente. Atualmente, muitos
dispositivos estão disponíveis para a terapia inalatória e, tal fato, possibilita a utilização
de medicamentos de diversas formas. Entretanto, sem uma educação adequada, a
prescrição médica e o conhecimento prático do paciente, podem ser prejudicados
mesmo com a escolha ideal do dispositivo para cada paciente6. Muchão et al.4
constataram que o conhecimento sobre esses tipos de inaladores ainda é pouco
difundido, apesar da maior eficiência desses dispositivos, em relação às nebulizações,
para a medicação por via inalatória. As escolas brasileiras de Medicina precisam
otimizar o ensino sobre a asma, baseando-se nas Diretrizes Brasileiras para o Manejo da
Asma2, visando um melhor entendimento sobre as classificações de controle da doença
a fim de que seja realizado um tratamento ideal individualizado. Portanto, desde a
graduação, os futuros médicos deveriam familiarizar-se com o conhecimento sobre o
uso desses dispositivos inalatórios para o sucesso do tratamento dos pacientes
asmáticos.
Conclusão: O conhecimento teórico sobre o uso de inaladores mostrou-se inadequado
entre os estudantes de medicina do Internato Médico. Enquanto o conhecimento prático
sobre o uso de inaladores mostrou-se mais adequado no uso do Aerossol Spray e menos
adequado no uso dos inaladores de pó.
Referências
1. Global Initiative for Asthma – GINA [homepage on the Internet]. Bethesda: Global
Initiative for Asthma. [cited 2011 Apr 1] Global Strategy for Asthma Management and
Prevention, 2010.
2. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Diretrizes Brasileiras para o
Manejo da Asma. J. bras. pneumol. 2012; 38 (Suppl 2) :S1-S133.
3. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. III Consenso Brasileiro de
Educação em Asma. J Bras Pneumol. Jun. 2002; v. 28. n.1.
4. MUCHAO, Fábio Pereira et al. Avaliação do conhecimento sobre o uso de inaladores
dosimetrados entre profissionais de saúde de um hospital pediátrico. J. bras. pneumol.,
São Paulo, v. 34, n. 1, Jan. 2008.
5. MUNIZ, Janaína Barbosa; PADOVANI, Carlos Roberto; GODOY, Irma. Inhaled
medication for asthma management: evaluation of how asthma patients, medical
students, and doctors use the different devices. J. Pneumologia, São Paulo, v. 29, n.
2, Apr. 2003 ;29(2):75-81.
6. SOUZA, Maria Luiza de Moraes et al. Técnica e compreensão do uso dos
dispositivos inalatórios em pacientes com asma ou DPOC. J. bras. pneumol., São
Paulo, v. 35, n. 9, Sept. 2009 ;35(9):824-31.
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