A EDUCAÇÃO DE EMÍLIO E A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: algumas relações Nay Brunio Borges1, Andréa Kochhann2 Acadêmica de Pedagogia da Universidade Estadual de Goiás Câmpus Inhumas. Bolsista PBIC/UEG do Projeto de Pesquisa [email protected] 1 Docente da Universidade Estadual de Goiás/ Câmpus de São Luís de Montes Belos e Jussara e Orientadora do Projeto de Pesquisa. [email protected] 2 INTRODUÇÃO O presente trabalho compõe um projeto de pesquisa maior intitulado “ESTILOS DE APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: uma experiência no Ensino Superior”, vinculado ao GEFOPI – Grupo de Estudos em Formação de Professores e Interdisciplinaridade, registrado pelo Câmpus São Luís de Montes Belos. Levando em consideração a pesquisa em Ausubel, e a importância da mesma, e instigada a questionamentos sobre o modo de educação dos clássicos O Príncipe e Emílio, na tentativa de compreender questões intrínsecas ao processo educacional, a presente pesquisa é permeada pela problemática da educação. A princípio buscava-se por via da revisão bibliográfica em Maquiavel e Rousseau, encontrar possíveis traços Ausubelianos, e ou também ao contrário, descobrir variantes extremas, pontos paralelos, buscando assim compreender o processo de ensino na visão de clássicos como tais. Após algumas pesquisas, foi possível percebeu o qual vasta é a obra destes autores, o quão difuso é o curso de suas propostas, desta forma foi perceber que nessa amplitude seria impossível correlacionar as três obras num intuito de verificação de métodos que se inter-relacionam ao processo de educar. Ao partimos desse pressuposto, e com base nas próprias alusões de Maquiavel em o Príncipe, foi possível perceber o quanto sua obra reflete normativas políticas. De inicio essa é a visão acerca da obra O Príncipe, contudo é preciso salientar que, seria a principio possível correlacionar essas idéias numa visão educacional, visto que, a política é fator intrínseco ao educar. E o que o Maquiavel propõe nesta obra é um olhar totalmente oposto a todas as idéias Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 que temos a cerca de um principado, ou seja, ideais de regimentos de leis e entendimentos a cerca de uma visão de nada comum das idéias da época. É possível inferir que durante a educação de Emílio, idealizada por Rousseau, já se falava da necessidade do contato com o real (natureza) para melhor compreensão de assuntos estudados; ressaltava que o lúdico, as atividades empíricas e diversificadas favoreciam a aprendizagem. Cumpre lembrar que Emílio - um jovem criado pela imaginação de Rousseau se transformou na idealização de jovem educado. O ideal de educação para um jovem, na concepção de Rousseau seria a educação dada à Emílio, com as metodologias naturalistas. Rousseau mostrava que o contato com a natureza trazia mais significação para o aluno, logo o autor considerava a educação humanista, uma educação vigente no séc. VII, visto que é preciso considerar que o próprio Iluminismo do qual Rousseau é fruto (PAIVA, 2007). Apesar de ser uma obra fantasiosa, mostra um lado da formação humana que podemos considerar até aqui na contemporaneidade, visto que a ideia de homem em Rousseau nos faz chegar a um cidadão dimensional, homem total que não é senão resultado da conscientização social e do amadurecimento do conceito de cidadania do filósofo genebrino. Esse conceito amplia os ideais clássicos e renascentistas, sinalizando a via que perpassa pela liberdade, pela igualdade e, por fim, deve desembocar na convivência pacífica e na solidariedade entre os homens, como assevera Paiva (2008). Dentro dessa lógica seguimos com a pesquisa do Rousseau na perspectiva da aprendizagem significativa de Ausubel, buscando visualizar meios e possibilidade de possíveis convergências e ou divergências. Considerar-se-á que a pesquisa seguirá nesta lógica, e para isso mostrará sempre as possibilidades de aproximação de ambos os métodos de educação, e/ou distanciamento. Para Ausubel a ensinagem ocorre a partir da interação entre o professor e o aluno, devendo o docente respeitar as idéias âncoras, ou seja, conhecimentos prévios de cada um. Segundo ele a métodos tais como a utilização do mapa conceitual, este que possibilita um mapeamento para melhor ensino, avaliação, lógico, de modo a considerar o que o aluno já sabe, no processo de ensinagem, ou seja, o momento coaching , no qual ambos se juntam na construção do saber. Tendo como norte a pesquisa de Ausubel que nos assevera a necessidade de respeitar os estilos de aprendizagem, bem como suas modalidades como o mesmo define, podem ser sinestésica, auditiva ou visual. A primeira diz respeito ao fazer a atividade de forma prática, dramatizada, ilustrada, poética. A auditiva diz respeito a alunos que aprendem ouvindo, como no caso de leituras em voz alta, palestras, músicas, etc. A visual, diz respeito aos alunos que aprendem visualizando, a exemplo de anotações, filmes, destaques em textos, fichas de anotações. Neste ponto vale ressaltar que o docente tem papel impar, sua postura deve se diferir das demais, de modo a contribuir para que dentro das três modalidades, o ensino ocorra. Segundo Ausubel (1982) para que ocorra a apreensão de novas idéias é preciso que os conceitos mais importantes sejam claramente expostos e disponíveis na estrutura cognitiva de cada um. Segundo Ausubel (1982) a importância da estrutura cognitiva na aprendizagem do sujeito, bem como sua estrutura organizacional para um dado assunto específico. OBJETIVOS De modo geral, busca-se provocar inquietação sobre os métodos de ensino, embasando-nos em clássicos como Maquiavel e Rousseau para assim problematizar de forma afirmativa, o processo de ensino aprendizado à luz da teoria de David Ausubel. O projeto de pesquisa, portanto, visa analisar a relação da teoria de educação de Ausubel com a aprendizagem significativa e a teoria de educação de Rousseau com o Emílio. METODOLOGIA O método da pesquisa será o Materialismo Histórico Dialético, considerado por Brezinski (2006) como um dos melhores métodos, se não o melhor para as pesquisas da área de humanas. Trabalhando sempre com as contradições e negações de todas as possibilidades possíveis, nesta perspectiva é preciso considerar todas as partes. Segundo Marx e Engels (apud TRIVIÑOS, 1987) temos a tese, que são os pontos a favor, a antítese que são os pontos contrários, e a síntese, ou seja, os resultados que alcançaremos após comparar estes dois pontos. Como metodologia valer-se-á da pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo em autores clássicos da aprendizagem significativa para discutir a construção do homem, e sua autonomia, por meio da educação. Nesta perspectiva usar-se-á a literatura comparada, esta que por sua vez, começou a entregar o curso de Letras, no ano de 1961, que em seu cunho Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 geral trabalha com diferentes idiomas, no entanto houve uma variação em seu campo de abordagem, que passou a utilizar textos de mesmo idioma, de uma cultura e ou linguagem. Como se propõe a literatura comparada trabalha de forma multidisciplinar, ou seja, é possível comparar diferentes áreas de literatura em seus mais diversos conceitos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com a pesquisa nas biografias de Ausubel e Rousseaul foi possível compreender um lógica educacional de equações muito parecidas. Logicamente é preciso considerar que os autores citados a cima são de séculos diferentes, e logo, pensamentos, ideologias, políticas, filosofias e concomitante a isso a educação. Porem com base nas leituras foi possível perceber uma aproximação entre o modo de educação de Rousseau e o de Ausubel. Ambos são originários de uma educação forçaria, um educação onde a vontade do aluno era desconsiderada. Rousseau ficou órfão ainda muito jovem, ficando sobre a tutela de um tio, seu irmão fugira assim que pode, ele por ser menor não o pode de imediato. Havia na casa dos seus tios um primo, esse que por sua vez tinha suas vantagens. Muito cedo Rousseau saiu as ruas, as vielas, os locais sombrios e a curiosidade por experimentar o novo o levaram a sair de casa. Na rua ele experimentara sensações a crescente onda dos iluminados florescia, mais adeptos renovadores se aglomeravam. Dentro de todo o processo do século XVIII, Rousseau estava ali, aos pobres não era permitido estudar, o custo era auto. Filhos de famílias nobres o podiam, e Rousseau além de ser de uma classe subalterna era órfão. Restara-lhe tentar acessão na política, mais por ter seus próprios idéias não o pode, sua filosofia voltava-se contra todos os padrões da época, ele retoma uma proposta grego-romana, assim como os pensadores do Renascimento, porem Rousseau vai além até mesmo dos pensamentos Iluministas, ele cobra uma educação para os pobres, direito de expressão, e vai alem ele cobra uma política sócia justa, ferido a burguesia. Por isso muitas de suas obras foram desconsideradas, ridicularizadas e como o exemplo de Emílio condenado a fogueira. (PAIVA, 2007) Segundo Paiva (2007) Emílio de Rousseau é um obra de circunstancias que aglomeram um desejo de mudança, que perpassa os idéias de uma época, que vai além de utopias de um autor, Emílio tem de fato peso social. [...] o Emílio é um exemplo de obra de arte na qual o homem aparece como fenômeno natural e é desnaturado pelas instituições sociais sem, entretanto, matar-lhe a natureza humana e sufocar sua bondade. Obra que engloba os ideais renascentistas, cristãos e mesmo iluministas, mas numa perspectiva própria que valoriza o homem real, concreto, empírico e circunstancial.(p.326) Nesta lógica para Paiva (2007) O grande tratado educacional de Rousseau não é, nesse sentido, uma obra quixotesca. As questões que o mestre genebrino coloca em sua obra, por mais esdrúxulas que podem ter sido em sua época, contribuíram substancialmente para a valorização do homem e suas especificidades psicológicas no âmbito da educação moderna e servem de condimento indispensável às questões da atualidade, tanto no campo educacional como no político. (p. 332). Ao tentarmos correlacionar as vivências de Rousseau com as de Ausubel no que tange ao modo como foram educados, temos Ausubel, um judeu que teve a boca lavada com sabão por falar um palavrão. Não se sabe ao certo o que disse, no entanto é preciso levar em conta que em um modelo de educação tradicional o aluno não pode se quer questionar o professor. A infância de Ausubel se passou em alguns dos momentos mais marcantes para emigrantes judeus que foram a America (do norte), o preconceito era tamanho, de chegar ao ponto de ser proibido o cruzamento de raças, para assim proibir a disseminação da espécie e do dialeto. Em se tratando das diferenciações elas são numerosas, um primeiro ponto considerado na pesquisa, é fato de Ausubel propor ideias de uma educação para a escola, seus princípios vão inicialmente ao modo de pensar o ensino. Rousseau é de cunho mais filosófico, ele parte de princípios sociais e políticos, para explicar como deveria ser uma educação. Ele considera o campo social e político da época, como isso infere na formação de um individuo. Logo, Rousseau pensa primeiro o contexto, depois a criança, e Ausubel consideram primeiro a criança. Contudo é preciso considerar que seus pensamentos se aproximam, no que tange ao ser que aprende, pois para ambos o mesmo deve ser considerado, respeitado, e acima de tudo Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015 compreendido. Ausubel se refere ao aprendiz como alguém necessário, alguém que precisa ser ouvido. Para ele é preciso considera a vida, as experiências, o que a criança traz de mundo. Rousseau propõe em Emílio um ideal de educação no qual a criança não seja forçada a conviver com os princípios sociais, pois a sociedade é corrompida. Para ele a criança é influenciável e isso não é bom pois ela ainda não tem consciência formada. Neste ponto é preciso inferir que a um convergência pois tanto Rousseau como Ausubel apesar de ser de formas difusas consideram que a criança precisa estar pronta, e isso os aproxima dos princípios de Piajet (1896-1980), que fora considerado por Ausubel ao propor a teoria da aprendizagem significativa. CONSIDERAÇÕES FINAIS De modo geral uma pesquisa nos viabiliza um contato mais íntimo com autores, com suas obras com o seu modo de pensar. Não engrandecendo, mas fazendo jus ao nosso modo de pesquisa, fazer essa verificação nos permite assimilar mais, ser mais questionadores. Rousseau, nos fez viajar no tempo, nos instigou a fazer mais pesquisa, a buscar mais, viajamos na história, entendendo um pouco dos ideais dos séculos VIV ao XVIII, e assim tentando cruzar dentro do Emilio a proposta Ausubeliana no séc. XX. É grandioso produzir, a morosidade do processo nos faz refletir, debater fatos, correlacionar ideias e ideais. Ausubel nos fez refletir sobre a realidade da escola, da educação, dos embates e debates que se arrastam pelos séculos e quando se dizem modificados, as vezes apenas ganham um nome novo (sistema holístico), mais que na pratica é um sistema arcaico (sistema tradicional). É possível interligar pontos, usar de autores como Paiva (2007) que nos auxilia na compreensão de clássicos como Emílio. Como Faber (2015) que nos situa no tempo, oferecendo o suporte para compreender o século das luzes. Fortes (1986) ao falar da obra de Rousseau e do próprio autor. São de suportes como estes e muitos outros que uma pesquisa se viabiliza, pois quanto mais se pesquisa mais se descobre que à muito a pesquisar. AGRADECIMENTOS Em especial a Universidade Estadual de Goiás pelo incentivo na pesquisa, o que sem duvida viabiliza o crescimento acadêmico. Pois além de nos permitir compreender as reais propostas de uma Universidade, nos consente aprender a aprender. E principalmente, pela bolsa de iniciação científica que favoreceu o caminhar e desenvolver da pesquisa. REFERÊNCIAS AUSUBEL, D.P. A Aprendizagem Significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982. KOCHHANN, A. e MORAES, A.C. Manual Didático-Pedagógico da aprendizagem significativa na perspectiva de David Paul Ausubel. Anápolis: UEG, 2012. SANTOS, Júlio. Aprendizagem Significativa: modalidades de aprendizagem e o papel do professor. Porto Alegre: Mediação, 2009. MORAES, Ronny Machado. A Teoria Da Aprendizagem Significativa-Tas. Revista Construir Notícias, Recife, n. 34, p. 5-24, maio/junho de 2007. PAIVA, Wilson Alves de. A Formação Do Cidadão Na Obra De Jean -Jacques Rousseau.Fragmentos de Cultura, Goiânia, vol. 17,n. 1/2, p. 77-92, jan./fev. 2007. ROUSSEAU, Jean Jacques. Emílio, Ou, Da Educação. Tradução de Roberto Leal Ferreira. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2014. FABER, Marcos Emílio Ekmam. O iluminismo. _. Acessado em 22 de Agosto de 2015. Às 17:42 http://www.historialivre.com/contemporanea/salailuminismo1.htm FORTES, Luiz Roberto Salinas. Rousseau: o bom selvagem. São Paulo: FTD, 1989.Acessado em: http://chafic.com.br/chafic/moodle/file.php/1/Biblioteca_Virtual/Filosofia_e_Sociologia/JeanJacques_Rousseau.pdf . Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015