aprendizagem e a mercantilização no ensino superior

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REVISTA DE EDUCAÇÃO
O PROCESSO DE AVALIAÇÃO - APRENDIZAGEM E
A MERCANTILIZAÇÃO NO ENSINO SUPERIOR
Odete Aléssio Pereira - Anhanguera Educacional
RESUMO: O presente estudo tem por propósito, analisar a aprendizagem e avaliação
do ensino superior. Bem como compreender os aspectos e variáveis intervenientes
no processo de educação do ensino superior. Esta abordagem explicita a função da
avaliação que atua como mecanismo que permite nortear as instituições de ensino;
os seus docentes, discentes, conteúdo de ensino; sobretudo integrando qualidade e
atualização. Este artigo utilizou o aporte bibliográfico para sua constituição. Foram
constatadas as vertentes que precisam ainda de prospecção quanto à avaliação da
aprendizagem, quanto à mercantilização do ensino. Expondo outro patamar que é
a desvalorização da docência nobre da sociedade. E das Instituições que produzem
conhecimentos fundamentais para a sociedade.
PALAVRAS-CHAVE:
Ensino Superior; Aprendizagem;
Avaliação
KEYWORDS:
Higher Education, Learning,
Assessment
ABSTRACT: This study was intended to examine the learning and assessment in higher
education. And understand the aspects and variables involved in the education of
higher education. Where this approach clarifies the role of evaluation that serves as a
mechanism to guide the educational institutions, their teachers, students, content of
education; About integrating all quality and upgrade; This study used the literature
to support its constitution. Where noted in the sections that need further exploration
as to the assessment of learning, about the commodification of education. Exposing
another level it is the devaluation of the teaching of noble society. And the institutions
that produce knowledge fundamental to society.
Artigo Original
Recebido em: 06/06/2010
Avaliado em: 03/03/2011
Publicado em: 09/05/2014
Publicação
Anhanguera Educacional Ltda.
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Correspondência
Sistema Anhanguera de Revistas
Eletrônicas - SARE
[email protected]
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O processo de avaliação-aprendizagem e a mercantilização no ensino superior
1. INTRODUÇÃO
O conhecimento produz prazer ao transformar o espaço da Universidade em espaço de
risco, de alegria, de elaborações verdadeiras, de construção do “saber – fazer- saber”. Nesse
sentido, o processo de Educar é complexo porque somos seres complexos, de unidades
múltiplas e a educação envolve estas facetas todas. Assim a compreensão sobre o ser humano
diz respeito a perceber o sujeito em sua singularidade e também em sua universalidade.
(REDIN, 2002).
Isto traz a tona, os conceitos que envolvem a aprendizagem, e faz uma projeção para
a visualização desse processo complexo para então compreender sua dimensão abrangente.
Assim a avaliação é fundamental para acompanhar o processo evolutivo, dos alunos, das
instituições a fim de se superar as dificuldades de aprendizagem. O aluno quando ingressa
no ensino superior já passou por vários processos avaliativos, em sua carreira de estudante.
Este artigo versa a respeito do Ensino Superior e a Mercantilização do Ensino e as
relações com a avaliação da qualidade, seu objetivo é discutir a avaliação e aprendizagem
no ensino superior. Além de compreender outros aspectos, intimamente associados como:
a relação do Ensino, Aprendizagem, Conhecimento, Construção, Reflexão
enquanto
processo de avaliação frente ao presente cenário da educação superior. Além das mudanças
culturais e da avaliação, privilegia ponderações sobre os projetos políticos pedagógicos e a
importância da construção do conhecimento como pilar do processo de aprendizagem. Está
assim constituído, de introdução, pressupostos teóricos, considerações finais e referências
bibliográficas.
2. O ENSINO SUPERIOR E A MERCANTILIZAÇÃO DO ENSINO
Há uma vasta quantidade e qualidade de cursos de nível superior no Brasil. Mas nem
sempre foi deste modo.
Para Silva (2009), o início do ensino superior no Brasil deu-se em 1808 com a vinda da
família real de Portugal. Em 1891começava a expansão da oferta de ensino superior, assim
os governos tomavam conhecimento da importância da criação dos estabelecimentos de
ensino superior no país.
Desde então, a expansão das instituições pública e privada tem proporcionado
uma oferta maior de ensino no país. Obviamente que isto foi facilitado pelas mudanças
no funcionamento, quanto a configuração, como, a qualificação dos docentes, a ascensão
das pesquisas acadêmicas estimularam a produção intelectual. O que permitiu assegurar
qualidade da formação ofertada nos mais diversos cursos (SILVA,2009).
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Um fato curioso a se destacar é que o ensino privado tem tido parte de seu acesso
vinculado a classes sociais distintas. O que se percebe é que há uma defasagem no ensino
básico e claramente as classes mais pobres o procuram em contrapartida a classes em condições
sócio-econômicas melhores. Sampaio (2000) ressalta que enquanto o governo encarregavase em investimentos no ramo de pesquisa o ensino privado ampliava a demanda de ensino
puro, e de certo modo atendendo às necessidades de mãos de obra.
Para Otero e Piñol (2004), o país tem crescido de forma célere em quantitativo de
instituições, principalmente instituições privadas de ensino superior, conseqüentemente,
facilitando o ingresso da população ao ensino superior.
Haja vista ser típico cidades médias e grandes em contrapartida, pequenas cidades já
oferecem ensino superior aos seus moradores, enquanto que nos grandes centros, inúmeras
instituições privadas concorrem acirradamente, pela preferência dos futuros alunos.
Rodrigues (2009) destaca profundas mudanças ocorridas nos últimos anos que afetaram,
significativamente, as instituições educacionais de ensino superior, desde os métodos de
ensino, ao uso de tecnologias, à capacitação dos professores, ao compromisso com o ensinoaprendizagem. Nesse sentido, é de suma importância a criação de um ambiente agradável,
para que enfim ocorra o ensino-aprendizagem de modo satisfatório, assim ter-se-á atendido
os padrões de educação mais modernos contemporâneos segundo Morin (2000). Para
Cunha (1998), a instituição que não consegue acompanhar a evolução social perde espaço
no mercado.
A natureza das mudanças na educação refletiu-se na preocupação com a qualidade
da ação docente nos cursos superiores, abriram-se amplos debates sobre a necessidade de
reverter à crise na educação superior e implementar rapidamente a qualificação dos docentes.
Em conseqüência desta necessidade de formação do profissional do ensino superior, um
fato negativo passou a contribuir para uma reavaliação do processo de qualidade do ensino:
o surgimento de cursos e vagas, sem que esse crescimento fosse acompanhado de qualidade
operacional.
Infelizmente devido a este teor, “mercantilização” inúmeras instituições foram criadas.
O credenciamento para que elas atuem é algo que compete aos orgãos aptos a promover a
fiscalização e avaliação. Caso isso não ocorra os prejudicados serão os próprios alunos que
compram pelo serviço oferecido. É neste contexto que surge a avalição institucional em
vários cursos com a finalidade de analisar a qualidade de cursos oferecidos de nível superior
no Brasil. Portanto, justifica a necessidade de um processo de avaliação das instituições.
Funcionando como indicador e atestando a qualidade do ensino.
O fenômeno de globalização afetou também a educação, permitindo que as instituições
vejam- se como concorrentes no ramo, por sua vez, trouxeram novos desafios; entre outros,
mudanças consistentes que afetaram o desenvolvimento pedagógico. Porém, o ensinov.14 • n.17 • 2011 • p. 87-102
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aprendizagem também sofreu seus reflexos na gestão dessas organizações, exigindo um
nível de profissionalização mais avançado por parte dos gestores e do próprio corpo
administrativo, enfatizando a compreensão de que é necessária também excelência na
competitividade para a sobrevivência das instituições. (RODRIGUES, 2009).
Ainda conforme Sampaio (2000), houve um período de retração, o ensino privado
procurou buscar soluções para seus problemas e ampliar sua rentabilidade.
Outro fato percebido são os crescentes números de alunos nas instituições de Ensino
Privado, cada vez maior.
Sampaio (2000), ainda sustenta que a ampliação da rede privada no ensino superior
que se consolidou a partir das bases legais da LDB (Lei de Diretrizes e Bases), nº 4.024/ 61,
amparada ainda pela Constituição Federal de 1988.
Obviamente que a sociedade modernizou-se, não é por menos que as instituições deram
continuidade, neste sentido, com inovações. Até por questões intelectuais, as universidades
ou os centros de ensino superior deveriam ser os primeiros a experimentarem as inovações
que podem repercutir-se na sociedade.
Atualmente por exemplo, há o ensino à distância, mediado por mecanismos de
comunicação separados ou combinados : rádio, internet, televisão, material impresso, dentre
outros. Os quais não demandam necessariamente a presença física.
Indiscutivelmente a inovação neste sentido propiciou acesso a muitos que de outro
modo não tinham outras possibilidades.
Embora haja estes recursos, tais, precisam ser constantemente avaliados. Os métodos,
o ensino, o aluno, o conteúdo que constantemente atualiza-se.
A informação hoje é modernizada e muitas vezes pela burocracia do sistema brasileiro
de ensino público, muitas instituições privadas estão melhor equipadas comparativamente
a muitas instituições públicas. Poderíamos até tecer concorrências entre instituições públicas
e privadas, mas também foge à proposição.
Assim, a dinâmica e a velocidade tem sido freqüente de mudanças ora sociais, ora
políticas e inevitavelmente econômicas e culturais da sociedade moderna refletem totalmente
no ensino.
À universidade resta o compromisso de gerar o saber, ou seja, produzir conhecimento,
produzir o saber e o fazer.
Uma das ênfases que deve ser dada, é a de que as instituições atualmente admitem
e demitem como uma empreza comum, assim, também cursos são criados para atender
tendências, mas com o fim em si mesmos, sem qualquer viés de pesquisa em paralelo.
Muitos são denominados pelo título de Centro Universitário com o único fim de transmissão
de conhecimento.
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O Sindicato das Entidades mantenedoras dos estabelecimentos do Ensino Superior no
Estado de São Paulo (Semesp) o qual agrega por volta de (470 centros de Ensino Superior).
Ele tem contribuído para o progresso da qualidade do ensino superior.
Há profundas dificuldades que afetam o setor de educação superior, haja vista os
problemas econômicos e a redução de demanda por ensino superior privado. O mercado de
educação enfrenta um desequilíbrio oriundo de uma oferta muito superior à sua demanda.
Para Drucker (2000), a empresa que conseguir vender um produto/serviço certo, para
o cliente certo, empregando a distribuição ideal, sendo um preço adequado e no momento
oportuno, verá seus esforços econômicos diminuindo sensivelmente, ou seja, a venda tornase-á automática em função de a demanda ter sido corretamente equacionada e trabalhada.
O autor afirma que empreender não significa uma atividade estritamente econômica.
Drucker (1964) considera que para a organização atingir resultados é preciso definir em
que negócio está atuando e aonde pretende chegar. Alega ser um sistema dinâmico que
integra a necessidade da companhia de alcançar os objetivos como: o lucro e o crescimento.
Essa citação do filósofo Drucker é apenas para conotar o sentido “empresa”, ou melhor,
mercantilização, inevitavelmente.
No entanto, torna-se acirrada a disputa entre as instituições de ensino superior, que
cada vez mais precisam empregar recursos diversos para atrair o seu cliente, que é o alunado.
Uma das estratégias de competição de mercado, adotadas pelas instituições são redução
desenfreada nos preços, obviamente economicamente todos perdem. Muito embora, este
seja um artifício só para trazer o alunado e posteriormente mudam-se as regras de cobranças,
como cobranças por créditos, ou por módulos fechados, dentre outros.
Muitas instituições, Semesp, 2009), praticam valores de mensalidades abaixo do custo.
Isto na verdade verte em todo o segmento, que passa a ser conhecido pela oferta do benefício
único, do preço aviltado e não pelo fim de formar cidadãos que produzam conhecimento
para o país. Isto, na verdade evoca outras considerações que fogem a esfera de discussão,
mas como compõem o ensino é necessário mencionar a respeito do padrão de profissionais.
Que nível de formação acadêmica dos educadores? Será que isto não fomentará a antiga
discussão que o memorável Darcy Ribeiro destacou de educação bancária?
O sindicato da categoria adverte quanto às mensalidades abaixo dos mínimos
razoáveis que resultam em concorrência predatória e conseqüentemente, resultam no triste
enfraquecimento geral do ensino superior privado. O que confirma a importância de se
avaliar o ensino superior. Uma das práticas entre as instituições constitui em bonificar
alunos transferidos de outras instituições com taxas abaixo do valor real.
O que se espera por parte das instituições é a prática dos valores éticos e morais e uma
postura correta e responsável de seus gestores, no que se refere ao ensino superior. Encontrar
soluções para a viabilização de um ensino qualificado e creditado perante a sociedade. Se
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isto permanecer como está, turmas inteiras mudar-se-ão para instituições que empregam
as menores taxas e ocorrerá um esvaziamento das instituições de origem dos alunos que se
transferem. Haja vista, a lei permitir livre concorrência.
É precioso traçar algumas reflexões como: O que acontecerá com o ensino superior,
no Brasil? Por que muitos alunos que terminam a graduação não se encontram adequados
para o mercado de trabalho? Seria isto um retrocesso para o sistema de ensino e para a
sociedade? Obviamente aqui discutem-se algumas realidades constantes no ensino superior,
que precisam ser modificadas.
3. AS MUDANÇAS CULTURAIS E A AVALIAÇÃO
O presente tópico referir-se-á quanto às mudanças transcorridas na sociedade
consequentemente do processo cultural em que a Univesidade se faz presente.
As pressões por mudanças nestes ambientes sempre foi algo ativo através do qual
Teixeira (2002) afirma que as pessoas criam e recriam o mundo que estão inseridas. Muitas
vezes há a dificuldade em mudar um sistema devido à cultura que impede a implementação
de mudanças no Ensino Superior. É natural uma primeira reação de rejeição, mas deve-se
apresentar isso como essência e acaba sendo algo difícil de ser tratado. A cultura retrata a
organização e são realidades socialmente construídas;
A avaliação é um fator essencial, para monitorar o ensino-aprendizagem. A
universidade por sua vez é um portal de cultura, conhecimentos, saberes, materiais
culturais ou cognitivos, simbólicos, além de integralizar a cultura da Escola e envolver toda
a comunidade através da família. Isso conota a necessidade de reforma educacional para
permitir interpretar como esse aspecto desafiador de transformar a cultura da educação,
gerando um notável interesse, pois muitas decisões independem da gestão da Escola e
envolve questões externas e curriculares, que podem inviabilizar as mudanças no processo
educativo e social. (POPKWITIZ,1996).
Sobral (2000) relata que o governo brasileiro tem tentado integrar às áreas da educação,
ciência e tecnologia, para que componham o desenvolvimento da sociedade. Neste cenário
a educação assume papel de promover o cidadão e associar competitividade econômica.
Sobral (2000) considera que o desenvolvimento obtém-se através da clara competitividade
que envolve os indivíduos inseridos em instituições diversas em todo Brasil e no mundo,
ou seja, mercado nacional e internacional, e a modernidade resultam do processo de
desenvolvimento sustentável.
Vygotsky (1994) relata a inter-relação social ao longo do desenvolvimento do homem.
Colocando o homem como produto de toda evolução filogenética, cultural. Buscando
explicar os processos mentais superiores baseados na imersão social do homem.
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Nesse sentido os processos psíquicos (aprendizagem) ocorrem por assimilações de
ações exteriores, interiorizações desenvolvidas por linguagem. De tal forma que ocorre a
assimilação consciente do mundo físico mediante a interiorização gradual de atos externos
e suas transformações em ações mentais, processando-se do concreto ao abstrato.
O fato é que a aprendizagem apesar destas perspectivas não tem tido tanto sucesso
devido a algumas variáveis como a precariedade das Instituições, a falta de estímulos,
desvalorização da educação. Pode-se atribuir que a ausência de avaliação das facetas que
envolvem a aprendizagem e sua avaliação por não ser adequadamente utilizadas não
permitem identificar problemas da educação.
Segundo Miras (1996), houve muitas mudanças sociais que influenciaram e ainda
influenciam a educação, como a ciência e a tecnologia. O autor reporta ser a avaliação um dos
resultados do ensino-aprendizagem. E avaliar a aprendizagem constitui um fator políticopedagógico que envolve procedimentos pedagógicos e sua relação com a sociedade.
Conforme a LDB (Lei 9394/96) o ensino, públicos ou privado, requerem um processo
avaliativo contínuo em educação qualitativa, principalmente nas universidades.
Durante muito tempo de acordo com Sant’anna (1995) houve falta de Critérios e
Instrumentos que propusessem um motivo por que de se avaliar,o ensino viabilizado pelas
instituições. E por muito tempo não se seguiu o processo de aprendizagem dos alunos para
se prevenir ante as mudanças sociais recorrentes.
Isso ganhou maior dimensão a partir da LDB que influenciou as correntes pedagógicas.
Nesta visão Hoffmann (2002) fundamenta que a prática avaliativa não alterará as escolas
em decorrência de leis, resoluções, decretos ou mesmo os regimentos escolares, mas sim
compromete os educadores com a nova realidade social, ou seja, investir em educação.
Na visão de Hoffmann (1998) a avaliação é potencialmente importante, pois pode
atuar como mecanismo empregado na construção do saber ou do modelo de atuação da
instituição educacional, além de auxiliar nas mudanças dos métodos de ensino.
A avaliação qualitativa é fundamental e importante para o ensino superior,
proporcionando, adaptação ao método, adequação ao conteúdo; conseqüentemente, dando
subsídios que tornarão o ensino, cada vez melhor (PERRENOUD, 1999).
Por meio da avaliação é que se enxergam as mudanças que os educadores devem
imprimir para que os mesmos efeitos perpassem-se pela sociedade. A avaliação da qualidade
ensino-aprendizagem permite identificar prováveis dificuldades dos alunos do ensino
superior e funciona como feed-back (retorno) para o corpo acadêmico. Não é que se descarte a
avaliação quantitativa, mas a análise qualitativa deve preceder na avaliação dos estudantes
do ensino superior, por que isto ajuda enriquecer o aspecto reflexivo. Haja vista, constituir
a educação um lugar de produção do conhecimento. Portanto é preciso ter uma visão mais
sistêmica, compreendendo os aspectos sociais, políticos e pedagógicos.
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“Para Sant’anna (1995, p. 7) tem-se que:
A avaliação do ensino constitui: “o termômetro que permite avaliar o estado em que
se encontram os elementos envolvidos no contexto. Ela tem um papel altamente
significativo na educação, tanto que nos arriscamos a dizer que a avaliação é alma
do processo educacional (...)
Nesse sentido, a avaliação pode ser entendida, portanto como um recurso da prática
educacional que permite verificar o processamento do conhecimento, muito embora, o
conhecimento seja um fator subjetivo de difícil mensuração. A avaliação permite traçar
possíveis parâmetros e prospectar mudanças que devem ocorrer para ajustes no processo
de ensino-aprendizagem.
3.1. O Projeto Político-Pedagógico (PPP)
Veiga (1998) concorda que ao se analisar a construção do Projeto Político-Pedagógico há
alguns aspectos importantes como a avaliação. Há a necessidade de uma concepção concreta
que norteie toda a construção do conhecimento. O processo de avaliação deve compor a
diretriz da instituição, servindo de pilar para fundamentar a construção do conhecimento.
Um projeto destes deve abordar o processo de construção do PPP. Veiga (1998)
considera que deve ser construído e dirigido por profissionais da educação, que precisam
firmar ideais comprometidos com a formação humana de profissionais da educação e de
profissionais em geral, de todos os cidadãos. O autor destaca ainda a importância de se
pensar e questionar, quais são os ideais que norteiam em “tomadas de decisões” na sociedade
atual e nas instituições? Sendo ideais de eqüidade, de justiça social, de solidariedade, de
democracia ou são ideais discriminatórios, individualistas, de dominação e exclusão social?
Bobbio (1993) destaca que o aspecto da mercantilização do trabalho e da vida humana,
como todas outras ações realizadas pelos cidadãos. Assim aqui se enfoca o enfrentamento
aos fatores excludentes e discriminatórios, resultando em uma mudança de prisma para o
Gestor e outros profissionais da educação. Sendo útil ao “sistema educativo se faz e se refaz
no seio mesmo da experiência” (FREIRE, 1988, p. 47).
Este novo perfil de ser humano para uma nova sociedade a que se refere o professor
Paulo Freire constitui o ser humano em formação para o qual a educação deve somar
todos os esforços na sua qualificação. Os conhecimentos de Freire (1988); Veiga (1998) são
importantes na compreensão do Projeto Político-Pedagógico, onde se discute o pensar no
trabalho dos profissionais da educação, na escola aplicados ao cotidiano.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei n.º 9394/96 fornece as
diretrizes e as bases da educação. Cada escola deve a partir dela estruturar e organizar o
sistema escolar, adaptando a sua realidade. Este PPP, portanto, estabelece a relação Escola
e Sociedade firmando as convicções da comunidade escolar, do contexto social e científico.
Todo projeto implica, em uma intenção de ações, da definição a respeito dos fins a se alcançar,
os quais se apóiam em valores, criados e estabelecidos pelos sujeitos participantes das ações.
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3.2. A Construção do Conhecimento
Jean Piaget dedicou parte de sua vida a estudar a construção do conhecimento. Piaget
propôs a abordagem construtivista, uma perspectiva que contradiz os processos de
construção do conhecimento como base para o processo de aprendizagem. Neste prisma
o conhecimento como construção sugere que o conhecer constitui produzir mentalmente
o objeto a ser analisado. Na verdade, não existindo similaridade entre a motivação do
conhecimento e o conhecimento produzido, que para tanto depende de recursos distintos
os quais permitem visualizar o conhecimento produzido. Portanto, a produção mental de
conhecimentos depende da intimidade do novo com os conhecimentos anteriores, da fase
de desenvolvimento em que se encontre o sujeito, da própria experiência do processo de
aprendizagem (PIAGET,2003).
Assim o estudo do desenvolvimento do ser humano compõe um campo de conhecimento
que norteia proposições concentradas na relação de compreensão que envolve o homem
em todos os seus aspectos. Isto envolve desde a mais tenra idade até atingir o ângulo de
maturidade e estabilidade satisfatória e ingresso ao mundo universitário. Haja vista que no
processo de conhecimento se consolida no ambiente universitário, porém o indivíduo em si
possui inúmeras aprendizagens que estão inseridas em seu universo de conhecimento.
O emprego da metodologia de construção do conhecimento se emprega por
professores na proposição aos alunos universitários para uma reflexão de conceitos de
uma teoria aleatória. Neste sentido o verdadeiro papel do educador seria a facilitação dos
processos de construção do conhecimento. Não se devem esperar resultados estaticamente
correspondentes ao que se ensina e o que se aprende, até porque envolve a subjetividade, à
qual não é logicamente mensurada (PIAGET, 1995).
Sendo o educador um facilitador, de tal modo que o conhecimento é mediado
pelo próprio individuo. Assim Piaget, refuta diferentes vertentes referentes às relações
pedagógicas, quanto ao papel do erro e da avaliação. Piaget propunha que a inovação
fundamental para desenvolver o conhecimento. Onde este algo ou objeto a ser conhecido,
demanda despertar a curiosidade, dúvida, a inovação. Instigando a ação, e transparecendo
aspectos que o aluno não compreende. A novidade perfaz o que resiste às formas de ações
consolidadas no desenvolvimento e apropria o novo objeto como objeto de conhecimento.
Este processo deve ser amparado pela liberdade de expressão dos alunos mesmo que o que
venha expor incorra em “erro” ou em incerteza (FREITAS, 2000).
Freitas (2000) afirma ainda que a visão integracionista de Piaget e a relação de
interdependência do homem e o objeto do conhecimento, além das relações de conhecimento
provindo da experiência opondo-se a perspectiva que entende que todo conhecimento é
precedido à experiência.
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Assim se fundamentou a reformulação epigenética após a insuficiência destes
dados reportados por Freitas (2000). Piaget segundo Freitas (2000, p.64) postula que “o
conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos nem de uma programação
inata pré-formada no sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações constantes de
estruturas novas”.
Sugerindo que o processo evolutivo da filogenia humana possui uma origem biológica
que se ativa por interação do organismo ao meio ambiente seja ele físico, social. La Taille
(2003) diz que há formas primitivas da mente, constituídas pela mente socializada, ou a
interdependência do sujeito conhecedor e o objeto a conhecer.
Ainda nesta ótica analisa-se o processo de equilíbrio e a busca pelo pensamento racional,
pois o “sujeito epistêmico” protagoniza o papel modelo de Piaget. Atuando nos mecanismos
processuais do pensamento lógico, matemático (LA TAILLE, 1992). Assim Piaget sustenta
que a gênese do conhecimento está no próprio indivíduo, ou seja, o pensamento lógico. O
modelo desenvolvido por Piaget fundamenta uma determinada teoria da aprendizagem.
Coll (1992), considerando as contribuições para o campo da aprendizagem escolar,
explica que as relações entre teoria psicogenética x educação, apesar dos complicadores
decorrentes da “dicotomia entre os aspectos estruturais e os aspectos funcionais da explicação
genética” e da tendência dos projetos privilegiarem, em grande parte, um reducionismo
psicológico em detrimento do social,
Piaget (1995) explora alguns conceitos fundamentais do construtivismo a fim de se
tentar responder a indagações que envolvem a construção do conhecimento e as suas interrelações. Onde se destaca como as pessoas constroem conhecimentos? Isso é permanente
em toda vida? Que fatores são os determinantes para as variabilidades? Como se processa
a relação desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento humano em outras esferas da
vida?
Vygotsky (1996) relata a inter-relação social ao longo do desenvolvimento do homem.
Colocando o homem como produto de toda evolução filogenética, cultural. Buscando
explicar os processos mentais superiores baseados na imersão social do homem. O autor
coloca ainda que o desenvolvimento da inteligência é produto dessa convivência, que é
indispensável para se processar. Assim enquanto sujeito do conhecimento o homem acessa
os objetos, operados por sistemas simbólicos de que dispõe, enfatizando a construção do
conhecimento como uma interação mediada por relações.
Neste sentido, o conhecimento não é visualizado como ação do sujeito sobre a
realidade, como no construtivismo, mas pela mediação feita por outros sujeitos. Assim o
outro social apresenta-se por objetos, da organização do ambiente e do mundo cultural
circunda o indivíduo (FREITAS, 2000).
É por meio da cultura que o indivíduo adquire os sistemas simbólicos de representação
da realidade, a qual permite construir a interpretação do mundo real. Vygotsky (1996)
coloca alguns aspectos como cernes, como exemplos a mediação. Realçando que a questão
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central constitui adquirir conhecimentos por interação do sujeito com o meio e, onde o
conhecimento é sempre mediado. Ele defende que a experiência em sociedade é essencial
para a transformação do homem biológico em ser humano. É por meio da aprendizagem
(conhecimento) e relações com os outros que se processa o desenvolvimento mental.
Piaget e Vygotsky contribuíram para a inovação da educação tradicional, o professor
como detentor do saber e o aluno como mero espectador, e, conseqüentemente para a
construção do conhecimento que atualmente fundamenta a aprendizagem e os processos
de avaliação.
A linguagem, sistema simbólico dos grupos humanos, representa um salto qualitativo
na evolução do homem e fornece os conceitos e formas de organização do real, a mediação
entre o sujeito e o objeto. Além de constituir o principal instrumento de intermediação do
conhecimento entre os seres humanos, associando-se diretamente com o desenvolvimento
psicológico.
4. DA NOÇÃO DE COMPETÊNCIAS
A própria noção do termo “qualidade educativa” no ensino superior é ainda um termo
abstrato. Sabe-se que definir qualidade educacional é uma tarefa complexa, levando-se em
consideração que a própria universidade precisa definir os conceitos de qualidade no ensino
superior.
Os avanços tecnológicos que trouxeram ferramentas da informática para o âmbito da
vida cotidiana dos universitários e graduandos exigiram das universidades, faculdades e
escolas em geral, uma melhor infra-estrutura de funcionamento que possa oferecer condições
práticas de acesso de comunicação e o uso de tecnologias. Essa mudança gerou uma reflexão
sobre os métodos educativos e a necessidade de intensificar a diversificação de recursos
didáticos para enriquecer as experiências do processo educativo.
Neste contexto, não bastam ao educador apenas o domínio dos conteúdos, mas é
essencial que a construção do conhecimento possa realizar-se em situações abertas que
envolvem situações complexas. O desempenho didático-pedagógico envolve um aspecto
relacional entre prática e teoria, entre transmissão de conhecimentos e transformação
desses conhecimentos em um aprendizado significativo dentro da realidade vivenciada no
momento histórico e sociocultural.
O professor encontra-se em um dilema: a pressão das universidades pela formação
contínua e a qualidade do ensino mantida
às custas de si mesmo geralmente, com
dificuldades em relação às questões financeiras, se deixar de lutar por melhorias em sua
atividade profissional, a partir de cursos contínuos, capacitações e inovações no campo
didático-pedagógico poderá ser considerado dispensável aos olhos da instituição educativa,
no caso de universidades de caráter privado.
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Apesar de o ensino superior ter melhorado a qualificação específica dos professores para
o papel do professor frente à aprendizagem no ensino superior é tornar possível a mediação
entre professor e aluno. Uma das questões que cria polarização é a forma de contextualização
aplicada às metodologias de ensino, assim como a aplicação dos conhecimentos teóricos
vinculados à prática a fim de tornar o aprendizado mais significativo.
O professor tem uma função intelectual na sociedade, no sentido de tentar mudar as
ordens de representação, as formas e regulamentações morais e as versões do passado, a
partir de um papel social transformativo.
Certamente essa conduta docente requer uma práxis reflexiva, cuja base é a consciência
da necessidade inseparável de emancipar, de conscientizar, de permitir ao acadêmico um
crescimento voltado para a autonomia, para a formação do senso-crítico. Tais habilidades
técnico-operativas constituem a raiz base do ensino superior na graduação: o fortalecimento
da emancipação do sujeito e da ética como forma de crescimento pessoal.
Hyland (1994) considera que a associação das competências está direcionada a
elementos de características pessoais que pressupõem uma idéia de pessoa que em seu
cotidiano estabelece uma teia de relações para projetar ações transformadoras sobre a
realidade educacional.
Neste contexto, a função está sempre associada ao desenvolvimento de competências
em múltiplos contextos. A competência toma lugar o saber-fazer proveniente da
experiência prática. Portanto, constata-se que as construções de tais competências implicam
conhecimento, atitude, comportamento e os saberes táticos para lidar com situações
que envolvem as relações pessoais muitas vezes conflitantes, divergências de opiniões e
diversidades ideológicas.
Segundo o autor atualmente uma emergência da noção de competência é fortemente
associada a novas concepções do trabalho pedagógico baseado na flexibilidade e na
reconversão permanente, em que se inscrevem atributos como autonomia, responsabilidade,
capacidade de comunicação e polivalência na complexa teia das relações que permeiam a
organização universitária.
Portanto, entende-se que as competências estão profundamente interligadas a
capacidades táticas da dimensão experimental da qualificação relacionadas ao estilo de
gerenciamento empresarial que também se reporta à capacidade dos agentes educacionais,
gerir coletivamente os processos de trabalho com os professores individualmente e em
grupo buscando harmonizar as ações para atender aos objetivos da Universidade. Para o
autor a competência explica a nova articulação entre a dimensão experimental e a dimensão
conceitual dos saberes necessários à ação.
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Revista de Educação
Odete Aléssio Pereira
O autor avalia que o termo competência não se aplica apenas ao uso da inteligência
prática, mas também remete a uma dimensão compreensiva e interpessoal subtendida
como a capacidade de relacionar-se bem com os outros. Tais competências exigem uma
compreensão das situações, tendo em conta os comportamentos dos outros elementos que
compõem o quadro constitutivo da Universidade.
Frigotto (1995) analisa que a noção de competência foi rapidamente difundida nos
campos do trabalho e da educação, a noção de competências foi adquirindo diferentes
significados e sentidos e, no campo da formação de professores, constituiu-se no eixo
orientador da reforma em curso.
As novas posturas educacionais apontam para o agrupamento dos saberes e estruturação
das habilidades para mobilizar ações. Neste contexto, a noção de competência tornou-se
adequada às novas mudanças educacionais inseridas com a autonomia da universidade
(FRIGOTTO, 1995).
O autor analisa que a qualificação é uma mediação do processo em que se relacionam
o trabalho concreto e as aprendizagens subjetivas e sociais. E, portanto fundamental ao
papel do supervisor escolar, na medida em que essa função vai sendo explicitada na nova
conjuntura educativa da autonomia da escola, esboça-se uma nova representação mental da
função supervisora, abre-se o caminho para, bem mais tarde, se colocar a questão da ação
supervisora com a profissão, isto é, como uma especialidade com contornos definidos.
Frigotto (1995) observa que existe atualmente uma grande incidência de estudos que
focam a competência relacionada com a atividade docente, resgatando em sua especificidade,
revela-se em sua multiplicidade de determinações. Conquanto seja imprescindível estudos e
pesquisas voltadas a essa temática, considera-se contudo, ser necessário também uma certa
prudência, especialmente no que concerne ao otimismo com que alguns conceitos foram
assimilados.
Segundo o autor a reforma da formação de professores apresentada pelo Estado
propõe, dentre outros aspectos, redefinir substancialmente a função docente cabendo ao
conceito de competências lugar central neste processo.
Neste sentido, o autor ressalta que o verdadeiro cidadão ético considera-se também
responsável pelas mudanças sociais e a indignação contra a exclusão social e educativa
de jovens em fase de escolarização secundária, fase importante de sua vida como cidadão
crítico.
Para Zarifian (1999) a competência que pode ser sintetizada como a capacidade de
enfrentar situações e acontecimentos próprios de um campo profissional, com iniciativa
e responsabilidade guiada por uma inteligência prática ao mesmo tempo em que se
coordenando com outros atores, favoreça a mobilização de novas competências.
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O processo de avaliação-aprendizagem e a mercantilização no ensino superior
Assim analisa que o bom educador é aquele que consegue sua prática educativa
na construção da autonomia do aluno, a partir da construção de medidas participativas.
Os desafios se definem no quadro das relações interpessoais que se impõem no trabalho
educativo na universidade com a articulação em uma grande “teia de significações” por
meio de relações estabelecidas de forma democrática. Segundo o autor, a difusão da noção
de competência e do modelo pedagógico que lhe é associado, no rastro da multiplicação
das pesquisas que tematizam os chamados “saberes da prática”, ou “saberes pedagógicos”,
“conhecimento do professor”, dentre outras.
O autor também expressa a sua preocupação com o poder que envolve as atividades na
universidade, a partir das propostas políticas que envolvem os diversos profissionais, fato
que contribui “para uma constante inter-relação entre pessoas e o poder”. O autor cita que
Paulo Freire contribuiu efetivamente para a busca da superação de paradigmas tradicionais
e de discursos que valorizam a autonomia para uma nova pedagogia da democracia.
O autor avalia a necessidade de superação do autoritarismo que exige a noção e a
visão crítica da existência das estruturas de poder existentes na escola que impedem
a democratização em todos os pontos e paradigmas que devem ser superados para a
reformulação de novas ações. Neste aspecto, cabe à escola e à universidade como agentes de
transformação lançar mão de uma trajetória pedagógica para superar as relações de poder
no cotidiano da escola e suas conseqüências para o processo de ensino aprendizagem.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho visou discutir aspectos que permeiam a sociedade e fundamentalmente as
instituições de ensino superior no atual cenário econômico da realidade social que favoreceu
a importância no cenário educativo de nível superior de processos de avaliação institucional
que tem como foco tanto a mensuração de qualidade de cursos que são criticados na medida
em que não expõe com clareza todo o processo educativo.
Neste contexto, a avaliação institucional, na visão dos autores apresentados, representa
uma ferramenta de desempenho dos cursos, cuja noção está relacionada ao tipo de ação
gerencial desenvolvida nas organizações.
A existência de uma visão mercadológica impõe-se na noção de competência, assim
compreende-se que a avaliação desempenha o papel de mensuração dos resultados da
aprendizagem dos acadêmicos, assim como o desempenho dos docentes.
No atual cenário em face aos desenvolvimentos tecnológicos, científicos, a formação
individual projeta uma necessidade de um atendimento qualificado, pois a sociedade que
ora se torna mais exigente. Esse processo gerou uma intensa cobrança sobre as universidades
de serem produtores de conhecimento e favorecerem a qualidade do ensino e a competência
do docente.
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Revista de Educação
Odete Aléssio Pereira
Aqui evoca-se de modo óbvio que a qualidade não é mais opção, portanto, melhorar a
qualidade deve constituir o foco que tem no mercado a sua conjuntura mais racionalizadora,
colocando a dimensão da avaliação mais uma vez a serviço do mercado e, portanto, mantendo
a sua antiga noção de seletividade ou de caráter classificatório.
Desta forma sob a pressão da competência poderão corresponder às novas perspectivas
dos alunos e da sociedade que se beneficia. Espera das Instituições de Ensino que elas sejam
as mentoras do conhecimento e formem para o mercado, adequando-se ao padrão de
qualidade para permanecerem no mercado moderno e competitivo.
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