0 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO - DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO – MESTRADO EM ENFERMAGEM SARAH NILKECE MESQUITA ARAÚJO MUCOSITE ORAL EM PACIENTES ONCOLÓGICOS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM TERESINA-PI 2012 1 SARAH NILKECE MESQUITA ARAÚJO MUCOSITE ORAL EM PACIENTES ONCOLÓGICOS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Relatório de Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena Barros Araújo Luz Área de concentração: Enfermagem no contexto social brasileiro Linha de pesquisa: Processo de cuidar em saúde e Enfermagem TERESINA-PI 2012 2 SARAH NILKECE MESQUITA ARAÚJO MUCOSITE ORAL EM PACIENTES ONCOLÓGICOS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Relatório de Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Aprovada em 07 de dezembro de 2012 Banca Examinadora -------------------------------------------------------------------Profa. Dra. Maria Helena Barros Araújo Luz Orientadora -------------------------------------------------------------------Profa. Dra. Helena Megumi Sonobe 1ª Examinadora -------------------------------------------------------------------Profa. Dra. Grazielle Roberta Freitas da Silva 2ª Examinadora -------------------------------------------------------------------Profa. Dra. Elaine Maria Leite Rangel Andrade Suplente 3 FICHA CATALOGRÁFICA Serviço de Processamento Técnico da Universidade Federal do Piauí Biblioteca Comunitária Jornalista Carlos Castello Branco A663 Araújo, Sarah Nilkece Mesquita. Mucosite oral em pacientes oncológicos e suas implicações para a assistência de enfermagem [manuscrito] / Sarah Nilkece Mesquita Araújo. – 2012. 88f. Cópia de computador (printout). Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Piauí, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 2012. “Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena Barros Araújo Luz”. 1. Enfermagem Oncológica. 2. Mucosite oral. 3. Oncologia. 4. Assistência de Enfermagem. I. Título. 4 Dedico este Genelino trabalho Sampaio, ao meu que avô, superou bravamente o câncer e que nos ensina todos os dias as maravilhas de aceitar os desígnios de Deus e receber todas as graças emanadas Dele. Obrigada, meu avô, por me humanizadamente pacientes para oncológicos! desconfortantes renovadoras! fazer são olhar mais os meus Experiências também 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, pelo sopro de estímulo diário; Aos meus pais, Ducival e Ana Célia, por serem meu maior exemplo de amor, união e respeitabilidade; À irmã Záira, por ser minha alma gêmea e minha fonte de positividade; Ao Fávio, pelo incentivo e companheirismo; Ao meu avô, Genelino, pela doçura das palavras sempre tão bem colocadas e a todos os meus familiares; À minha orientadora, Profa. Dra. Maria Helena Barros Araújo Luz, pela ineroxável contribuição não só na construção do meu conhecimento, mas por ser fonte de maturidade, postura e equilíbrio; À Profa. Dra. Grazielle Roberta Freitas da Silva, por nos preencher com sua alegria, jovialidade e suas observações sempre tão pertinentes; À Profa. Dra. Helena Megumi Sonobe, pela imensa disponibilidade e ricas sugestões para o aprimoramento deste trabalho; À Profa. Dra. Elaine Maria Leite Rangel Andrade, por me fazer vislumbrar melhores persectivas futuras; Ao Prof. Dr. José Machado Moita Neto, pelo embasamento estatístico e por sua solicitude; Às docentes do Programa de Pós-graduação Mestrado em Enfermagem da UFPI, pelo apoio durante este processo de crescimento como mestranda e mestre; Às amigas de sala e de vida, Aline Silva e Illoma Rossany, pela parceria e amizade impagáveis e aos demais colegas queridos, o meu saudoso abraço; Às Instituições hospitalares, que se fizeram não só locais de estudo, mas parceiros na aquisição dos dados desta pesquisa; Aos pacientes, sempre tão gentis e disponíveis, a despeito de seus problemas internos; Aos discentes colaboradores do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), pela contribuição na prospecção dos dados deste trabalho; A todas as pessoas que estiveram comigo nesta trajetória, meu reconhecimento. 6 RESUMO A mucosite é uma sequela citotóxica da terapêutica oncológica, que atinge a mucosa do tratro gastrointestinal, determinando sintomas que afetam a qualidade de vida do paciente, portanto de extrema importância para a assistência de enfermagem. Objetivou-se neste estudo caracterizar clinicamente a ocorrência de mucosite oral e sua correlação com a assistência de enfermagem. Para tanto, realizou-se estudo exploratório descritivo com abordagem quantitativa no período de agosto de 2011 a janeiro de 2012, em dois serviços especializados em oncologia no estado do Piauí, localizados em Teresina, um de natureza filantrópica e outro privada. A amostra do tipo aleatória simples constituiu-se por 213 pacientes com média de idade de 45,8 anos, majoritariamente do sexo feminino (65,3%), com até 11 anos de estudos (72,3%) e com renda básica de até um salário mínimo (37,1%). Quanto ao tratamento oncológico de escolha, a quimioterapia isolada apresentou a maior incidência (69,2%) e os cânceres mais observados foram da região da cabeça e pescoço (19%). As formas graves de mucosite relacionaram-se à quimiorradiação e à administração de quimioterápicos da classe dos alquilantes (46,7%). Percentual de 8,0% dos participantes tiveram seus tratamentos oncológicos interrompidos por conta da mucosite oral. Somente 25,3% dos pacientes relevaram ter recebido orientações de enfermeiros durante o tratamento e não se observou diferença significativa desta assistência no serviço público e privado. O bochecho com suspensão de nistatina (46,9%) foi o tratamento mais prescrito para mucosite e os distúrbios gastrointestinais (73,0%) foram as principais queixas relatadas. Concluiuse que a mucosite oral é uma afecção de natureza multifatorial e conhecer os seus fatores de risco é precípuo para a formulação de uma assistência de enfermagem que vislumbre a prevenção, a partir da instituição de um plano de cuidados orais. Sugere-se um estudo de natureza qualitativa que complemente esta análise invocando os aspectos subjetivos destes pacientes. DESCRITORES: Mucosite oral. Enfermagem. Oncologia. . 7 ABSTRACT Mucositis is a cytotoxic sequel of oncologic therapy, which affects the lining of the gastrointestinal tract, causing symptoms that affect the quality of life of the patient, therefore of utmost importance to nursing care. The objective of this study was to clinically characterize the occurrence of oral mucositis and its correlation with nursing care. Therefore, it was carried out a descriptive exploratory study with a quantitative approach in two specialized oncology services in the state of Piauí, one philanthropic and the other private, located in Teresina, in a period from August 2011 to January 2012. A sample of the simple random type consisted of 213 patients with an average age of 45.8 years, mostly female (65, 3%), with up to 11 years of studies (72,3%) and basic income up to minimum wage (37,1%). Regarding the choice of cancer treatment, chemotherapy presented isolated the highest incidence (69.2%) and the most observed cancers were in the region of the head and neck (19,0%). Serious forms of mucositis were related to the chemoradiotherapy and administration of chemotherapeutics in the class of alkylating agents (46.7%). A percentage of 8.0% of the subjects had their cancer treatments interrupted because of oral mucositis. Only 25.3% of patients revealed being orientated by nurses during treatment and no significant difference was observed of this assistance in the public and private sectors. The mouthwash with nystatin suspension (46.9%) was the most prescribed treatment for mucositis and the gastrointestinal disorders (73.0%) were the main complaints. It was concluded that oral mucositis is a disease of multifactorial nature and knowing its risk factors is preciput to the formulation of a nursing care that glimpses prevention , from the institution of an oral care plan. It is suggested a qualitative study that complements this analysis invoking the subjective aspects of these subjects. DESCRIPTORS: Oral mucositis. Nursing. Oncology. 8 LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS Tabela 1. Perfil sociodemográfico dos pacientes com mucosite oral (n=213). Teresina-PI, 2012 38 Tabela 2. Modalidade de atendimento e tipo de assistência prestada aos pacientes com mucosite oral (n=213). Teresina-PI, 2012 39 Gráfico 1. Relação entre o tratamento oncológico implementado e os tipos de câncer mais incidentes. (n=211). Teresina-PI, 2012 40 Gráfico 2. Distribuição dos graus de mucosite oral conforme tratamento oncológico proposto (n=211). Teresina-PI, 2012 41 Tabela 3. Distribuição das classes de quimioterápicos conforme a gravidade da mucosite oral (n=205). Teresina-PI, 2012 42 Tabela 4. Gravidade da mucosite oral conforme a interferência no seguimento do tratamento oncológico (n=213). Teresina-PI, 2012 43 Tabela 5. Condutas enfermagem em oncologia presentes conforme a gravidade da mucosite oral (n=213). Teresina-PI, 2012 44 Tabela 6. Condutas enfermagem em oncologia presentes conforme na natureza de oferta dos serviços (n=213). Teresina-PI, 2012 44 Gráfico 3. Tratamentos específicos para mucosite oral nos pacientes oncológicos (n=144). Teresina-PI, 2012 45 Gráfico 4. Distribuição de manifestações secundárias ao tratamento oncológico (n=100). Teresina-PI, 2012 46 9 LISTA DE ABREVIATURAS SIGLAS Al Alumínio Ar Argônio cm2 Centímetros ao quadro DNA Ácido desoxirribonucléico EGF Fator de crescimento epitelial EORTC European Organization for Research and Treatment of Cancer Ga Gálio Gy Gray IC Intervalo de confiança J joule INCA Instituto Nacional do Câncer LLA Leucemia linfoblástica aguda LMA Leucemia mielóide aguda Md Mediana Mo Moda mW milivolts NF-Кβ Fator nuclear kappa beta Nm Newtons meter OMS Organização Mundial da Saúde PAF Fator de ativação plaquetária RTOG Radiation Therapy Oncology Group TNF Fator de necrose tumoral COFEN Conselho Federal de Enfermagem NANDA North American Nursing Diagnosis Association NIC Nursing Interventions Classification NOC Nursing Outcomes Classification SPSS Statistical Package for the Social Sciences TGI trato gastrointestinal 2 qui-quadrado Média SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem 10 SUMÁRIO 1INTRODUÇÃO 1.1 Objetivos 1.1.1 Objetivo Geral 1.1.2 Objetivos específicos 11 14 14 15 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O cuidado de enfermagem ao paciente oncológico 2.2 Mucosite oral: conceitos e considerações 2.2.1 Epidemiologia, etiologia e fatores de risco 2.2.2 Fisiopatologia 2.2.3 Manifestações clinicas e complicações 2.2.4 Diagnóstico, prevenção e tratamento 2.3 Cuidado de enfermagem na mucosite oral 16 16 20 20 23 24 27 29 3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de estudo 3.2 Local do estudo 3.3 População e amostra 3.4 Coleta de dados 3.5 Análise de dados 3.6 Aspectos éticos e legais 33 33 33 34 35 36 38 4 RESULTADOS 4.1 Perfil sociodemográfico e clínico dos pacientes oncológicos com mucosite oral 4.1.1 Perfil sociodemográfico paciente oncológico 4.1.2 Perfil clínico do paciente oncológico 4.2 Ocorrência de mucosite oral e fatores associados 4.2.1 Mucosite oral e tratamento oncológico 4.2.2 Mucosite oral e quimioterapia 4.2.3 Mucosite oral e a interferência no tratamento oncológico 4.2.4 Mucosite oral e a assistência de enfermagem 40 4.2.5 Mucosite oral e seus tratamentos específicos 4.2.6 Mucosite oral e outras manifestações associados 47 48 5 DISCUSSÃO 5.1 Perfil sociodemográfico e clínico dos pacientes oncológicos com mucosite oral 5.1.1 Perfil sociodemográfico paciente oncológico 5.1.2 Perfil clínico do paciente oncológico 5.2 Ocorrência de mucosite oral e fatores associados 5.2.1 Mucosite oral e tratamento oncológico 5.2.2 Mucosite oral e quimioterapia 5.2.3 Mucosite oral e a interferência no tratamento oncológico 5.2.4 Mucosite oral e a assistência de enfermagem 49 40 40 42 43 43 44 45 46 49 49 52 54 54 56 59 61 11 5.2.5 Mucosite oral e seus tratamentos específicos 5.2.6 Mucosite oral e outras manifestações associadas 63 66 6 CONCLUSÕES 68 REFERÊNCIAS APÊNDICE ANEXOS 71 83 87 12 1 INTRODUÇÃO Conhecer a realidade de pacientes em tratamento oncológico é algo que instiga, por conta das inúmeras nuances que o câncer assume na vida do acometido. Mesmo com o avançar tecnológico em que se encontra o campo da oncologia e oncogenética, observa-se lacunas significativas no tocante à etiologia, tratamento e cura dessa doença que impacta cruelmente a população mundial. Além das dificuldades impostas pela própria doença, o paciente em tratamento oncológico é susceptível às complicações provenientes da terapêutica, como é o caso da mucosite oral. Os tratamentos oncológicos atuais têm como modalidades principais a radioterapia ou quimioterapia isoladas ou combinadas e/ou associadas à cirurgia. Essas terapêuticas são efetivas para muitas neoplasias malignas e apresentam taxas de sobrevida altas no tratamento do câncer em estádios I e II. O tratamento da neoplasia depende de sua localização, estadiamento, tipo histológico e condições do paciente (RUBIRA et al., 2012; PEREZ, 1999). Duncamm e Grant (2003) e Zuliani et al. (2010) sustentam que tanto a quimioterapia como a radioterapia possuem como alvo células neoplásicas, no entanto, tecidos sadios que têm uma alta taxa de proliferação celular são afetados, entre eles o epitélio do aparelho digestivo, que se inicia na mucosa oral. A mucosite é uma reação tóxica inflamatória que afeta todo o trato gastrointestinal, sequela do tratamento citorredutivo induzido por radioterapia e/ou quimioterapia e em pacientes submetidos à transplante de medula óssea (SANTOS et al., 2009). Esta afecção debilitante manifesta-se com ardência na mucosa oral que pode progredir para edema, eritema com formação de úlcera e pseudomembrana, resultando em dor intensa e prejuízo na alimentação e comunicação verbal. Esse processo coincide com o período de neutropenia grave, acarretando risco ao paciente por facilitar a presença de infecções fúngicas, bacterianas e virais, cujos efeitos podem levar à interrupção do tratamento, causando impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes (LOPES, 2008). Os pacientes oncológicos em tratamento com altas doses de quimioterapia e/ou radioterapia de cabeça e pescoço, são mais suscetíveis aos efeitos colaterais e tem a mucosite como um dos principais motivos na descontinuidade do tratamento. 13 A incidência varia de 89% em pacientes em tratamento com quimioterapia antineoplásica, chegando a 100% naqueles submetidos à radioterapia fracionada e ao transplante de medula óssea (SILVERMAN, 2007). A mucosite é de origem multifatorial e pode ser geneticamente determinada (SONIS, 2004). A variabilidade com que os pacientes desenvolvem essa complicação, mesmo quando submetidos à semelhante terapia antineoplásica, sugere que haja muitos outros determinantes fisiológicos inerentes ao risco, tais como idade, gênero, estado nutricional, função renal, secreção salivar, tratamentos prévios para outras neoplasias, além do mencionado fator genético (KUHN, 2007). Geralmente o tratamento da mucosite oral é paliativo e consiste em orientação de medidas de higiene oral, crioterapia, uso de antissépticos, antiinflamatórios, antibióticos e fator de crescimento do queratinócito aos pacientes. Novas alternativas têm sido discutidas e avaliadas, concentrando-se no uso de agentes que estejam relacionados com a modificação do metabolismo epitelial e redução da susceptibilidade do paciente em relação à mucosite. Uma opção promissora é o laser de baixa intensidade, que tem demonstrado resultados eficazes em todos os parâmetros avaliados, já que possui ação analgésica, antiinflamatória e reparadora tecidual (GONDIM; GOMES; FIRMINO, 2010; EPSTEIN; SCHUBERT, 2003). A mensuração da intensidade da mucosite oral pode ser feita por escalas descritas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a saber: a classificação Radiation Therapy Oncology Group/ European Organization for Research and Treatment of Cancer (RTOG/EORTC) e Estern Consortium for Cancer Nursing Resarch. A maior parte dos estudos sobre mucosite oral utilizam principalmente a classificação proposta pela OMS (BONAN et al., 2005). A enfermagem, no ponto de vista de Albuquerque e Camargo (2007), deve se inserir nessa problemática, dando importância: ao reconhecimento precoce das modificações da mucosa oral nos pacientes submetidos aos tratamentos oncológicos; à utilização de instrumentos para a avaliação da mucosite oral; à instituição de protocolos de enfermagem para intervenções; à educação do paciente e da família; aos programas de cuidados e higiene oral; à compreensão e à avaliação multidimensional da dor e seu manejo; aos principais agentes para prevenção e tratamento recomendados na literatura para a mucosite oral e à avaliação quanto à sua utilização e/ou recomendação pelo enfermeiro. Envolver a 14 enfermagem neste ensejo foi uma tentativa de aproximar pacientes com uma profunda necessidade de cuidado com os profissionais mais habilitados para exercêlo. Isto se sustenta, quando se pensa como objeto da prática de enfermagem o cuidar do indivíduo na promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento para recuperação e reabilitação, na perspectiva holística, longe de juízos de valor e estereotipias. Esse cuidar proposto pelo Enfermeiro deve ir além do senso comum, ser sensível tanto às necessidades visíveis e fundamentais, quanto aos mais íntimos anseios do ser cuidado, o qual quando bem prestado legitima o enfermeiro como profissional e como ser humano (ARAÚJO; LUZ; SILVA, 2013). O estado do Piauí possui atualmente escasso número de serviços de saúde especializados em oncologia e todos eles se encontram na capital, Teresina. Dos três serviços existentes apenas um se destina ao atendimento público, enquanto os dois outros requerem acesso privado. Mesmo diante da reduzida oferta, ainda há uma demanda de clientela considerável dos demais estados da região Norte e Nordeste para o Piauí, em busca deste serviço. Portanto, estudar a caracterização da mucosite oral na realidade do Piauí significa extrapolar as fronteiras do estado e adentrar em um universo bem mais amplo e complexo de análise, que dá margem a uma maior gama de variáveis e reflexões. Além disso, pode-se traçar um paralelo entre duas realidades, uma de atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o serviço privado. Somado a este fato, faz-se importante observar que a mucosite oral, uma seqüela citotóxica das modalidades de terapia oncológica, parece estar presente na rotina de boa parte dos pacientes, influenciando diretamente em seus prognósticos. A qualidade de vida dos indivíduos acometidos pela mucosite altera-se sensivelmente, já que o quadro de manifestações da afecção pode progredir de dor local, disfagia, anorexia, desnutrição até interrupção do tratamento antineoplásico ou mesmo óbito do paciente. Por ser a mucosite um efeito colateral que compromete a qualidade de vida do paciente, além de representar fator limitador da terapêutica planejada, este trabalho é justificado pela possibilidade de se poder avaliar o real impacto da afecção para o paciente, os principais fatores associados à sua incidência e o que as conseqüências desta complicação podem representar para a evolução do tratamento planejado, dentro da perspectiva e implicação da enfermagem. 15 Além disso, a relevância do estudo se dá pela possibilidade de sensibilizar e desafiar os profissionais enfermeiros para o problema, a fim de instigar sua autonomia profissional na definição de condutas mais adequadas frente aos casos de mucosite, norteadas por evidências clínicas, já que é notável a escassez de trabalhos no campo da enfermagem que enfoquem esta problemática e que sirvam de parâmetros para subsidiar a prática. Portanto, espera-se com este trabalho engrandecer o acervo de produções sobre a temática de mucosite oral em enfermagem e trazer referências que atendam as necessidades do enfermeiro sobre condutas diante da afecção. Neste contexto, é importante salientar que esta pesquisa partiu de uma experiência prévia que tinha como objeto de estudo a mucosite oral. Naquele primeiro contato, embora em uma dimensão mais restrita, foi possível reconhecer a relevância da problemática e a incipiência de condutas preventivo-terapêuticas direcionadas a ela. Por conta disso, almejou-se avançar para um estudo de maior abrangência e impacto, a fim de fornecer subsídios para nortear ações, práticas e protocolos para o melhor manejo desta afecção, tendo como óptica de análise os paradigmas da enfermagem. Apropriar-se da realidade destes pacientes é fundamental para o desenvolvimento de tecnologias e o planejamento de ações de enfermagem que visem amenizar os agravos inerentes às terapêuticas e otimizar a qualidade de vida da clientela. Assim, definiu-se como objeto deste estudo a mucosite oral em pacientes em tratamento oncológico. Tendo por base as considerações feitas, surge o seguinte questionamento: Como se caracteriza a mucosite oral no paciente em tratamento oncológico no estado do Piauí? 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral Caracterizar clinicamente a ocorrência de mucosite oral em pacientes oncológicos e suas implicações para a assistência de enfermagem. 16 1.1.2 Objetivos Específicos Traçar o perfil sociodemográfico e clínico do paciente com mucosite oral; Delinear os tipos de cânceres mais diagnosticados e os tratamentos oncológicos implementados; Verificar o grau de comprometimento da mucosa oral apresentado pelos pacientes; Avaliar a influência das diferentes classes de quimioterápicos na determinação na mucosite oral; Averiguar a interferência da mucosite no andamento do tratamento oncológico; Identificar intervenções de enfermagem relacionadas à mucosite oral realizadas pelo enfermeiro junto ao paciente; Elencar as principais medidas terapêuticas prescritas para a mucosite oral; Verificar a existência de outras manifestações adversas ligadas ao tratamento oncológico, concomitantes com a mucosite oral. Correlacionar a ocorrência da mucosite oral com as variáveis mais significativas do estudo; 17 2 REVISÃO DE LITERATURA O conteúdo condensado neste capítulo encontra-se apresentado nas seguintes sessões: O cuidado de enfermagem ao paciente oncológico, Mucosite oral: conceitos e considerações relevantes e Cuidado de enfermagem na mucosite oral. As sessões se dispõem de forma ordenada, considerando que para entender a reação fisiopatológica de mucosite oral na perspectiva do enfermeiro, é necessária antes uma apropriação dos conceitos de cuidado científico em enfermagem para a busca de uma melhoria da qualidade da assistência prestada. 2.1 O cuidado de enfermagem ao paciente oncológico Existem pontos relativos ao paciente oncológico que devem ser considerados no planejamento do cuidar em enfermagem, como o enfrentamento da doença, o tratamento e as reações secundárias a este, o envolvimento familiar. Considerar estes fatores é mister para que se possa exercer um cuidadohumanizado e individualizado e que amenize os efeitos deletérios do câncer para o paciente e família. Teóricos, como Waldow (2004) e Boff (2002), sustentam um conceito de cuidado na dimensão da existência humana, a partir do encontro entre o ser cuidador e o ser cuidado, com o objetivo de gerar conforto, ajuda, promoção, restabelecimento e alívio do sofrimento humano. O cuidar é um dispositivo fundamental para lidar com o mundo, ou seja, o relacionar-se com o outro se manifesta na relação do ser-aí com o ser-no-mundo, guiado pela consciência e pela paciência (HEIDEGGER, 2006). Para Heidegger, o ser-aí é o modo de existir do homem, a sua existência e historicidade. Na sua visão, todo ser é sempre ser-com, pois o mundo é sempre mundo compartilhado e de convivência, e é nas relações com ser-no-mundo, que emerge o cuidado (MORENO; JORGE; GARCIA, 2004; MONTEIRO et al., 2009). O significado do cuidar na enfermagem atual se manifesta como uma ação acolhedora e se refere à qualidade e à humanização da atenção como um conjunto de medidas, posturas e atitudes dos profissionais de saúde na sua relação com o paciente. A qualidade do cuidado em enfermagem consiste na compreensão plena 18 do individuo, na escuta com sensibilidade, na criatividade e solidariedade, independente do tipo de assistência, quer seja na prevenção, quer seja no tratamento nas doenças crônicas (TAKEMOTO; SILVA, 2007). Embora algo inerente à natureza humana, o cuidado na perspectiva da enfermagem necessita estar imbricado ao cientificismo e pautado em conceitos e metaparadigmas. Talvez, por uma parcela de profissionais da enfermagem desconhecer ou, simplesmente, não abstrair esse link entre cuidado e ciência, é que a profissão ainda não tenha galgado degraus maiores na esfera científica e nas tomadas de decisões clínicas. Nesse ensejo, o maior prejudicado é o paciente receptor do cuidado. Quando este é um paciente oncológico, que demanda uma maior sorte de cuidados, a situação se agrava (ARAÚJO; LUZ; SILVA, 2013). O Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2012) estimou para o Brasil em 2012 uma incidência de 518.480 casos de câncer. Este dado alarmante demonstra a relevância epidemiológica do câncer e norteia sobre a importância de políticas voltadas para prevenção do agravo, bem como alerta os profissionais para uma realidade cada vez mais freqüente nos serviços de saúde. Estudos apontam como os principais fatores associados ao maior número de casos de câncer, a urbanização e a industrialização. O consumo de substâncias químicas, o tabagismo, a poluição ambiental e a disparidade socioeconômica não podem ser omitidos como agentes carcinogênicos, além de influenciarem a distribuição e a incidência do câncer nas diferentes regiões brasileiras (BITTENCOURT; SCALETZKY; BOEHL, 2004). Tendo em vista o aumento da demanda de casos de câncer, prevista pelos órgãos competentes, em virtude dos fatores contribuintes para o surgimento da afecção na atualidade, faz-se necessário adentrar na problemática, tendo como foco de atenção o paciente oncológico e as afecções por este apresentadas no decorrer do tratamento, como a mucosite oral. Estudar essa pacientela de maneira particular não significa segregá-la de seu meio ou torná-la desigual aos demais pacientes. Na verdade, trabalha-se, nesse contexto, na perspectiva da equidade, na qual o paciente com câncer é analisado em sua completude, com todas as variáveis envolvidas no diagnóstico, tratamento, bem-estar, segurança, conforto, qualidade de vida, seguimento paliativo e processo de morte e morrer. Por conta deste universo de multiplicidades, é que se demanda uma maior atenção a estes pacientes e um estudo mais minucioso a seu respeito. 19 O paciente perpassa por intensas fases em sua vivência com o câncer, desencadeadoras de um significativo nível de sofrimento físico e psíquico. O momento do diagnóstico; os tratamentos quimioterápicos com drogas citotóxicas e inflamatórias; a exposição às radiações ionizantes; a convivência com os efeitos adversos das modalidades terapêuticas; o duvidoso encontro com a cura, a recidiva ou a perspectiva da morte são um demonstrativo do sinuoso caminho trilhado pelo paciente com câncer, bem como a família e toda rede de apoio envolvida nesse tipo de cuidar. Estudo de Martins, Silva Filho e Pires (2011) analisou o impacto sofrido por 40 familiares diante da descoberta de câncer de um dos seus, a partir das estratégias de coping ou enfrentamento utilizadas. Concluiram que familiares relataram o impacto negativo do diagnóstico com tristeza e medo da perda, no entanto, são otimistas quanto ao futuro, recuperação e cura. O diagnóstico de câncer produz um grande impacto, sendo considerado um agente transformador tanto para a família como para o paciente, pela mudança no âmbito pessoal e social destes. Nesta perspectiva social, o estar com câncer é recorrentemente considerado sinônimo de “sentença de morte” e desesperança. De acordo com os princípios da fenomenologia Heidggeriana, os significados internalizados por uma coletividade têm uma explicação histórica e sociológica; são representações adquiridas pelas vivências individuais (HEIDEGGER, 2006). Assim, conhecer os antecedentes históricos é o primeiro passo para entender a atmosfera que circunda o paciente oncológico e todos os estigmas sociais sofridos por ele, bem como suas estratégias de enfrentamento. Gomes, Skaba e Vieira (2002) afirmam que apropriar-se do contexto cultural de fundo do câncer no decorrer do tempo e da história de vida do paciente é uma forma de explicar como a experiência socialmente construída da doença repercute na forma como o doente irá vivenciá-la. Embora, o conhecimento científico e as pesquisas na área oncologia tenham evoluído perceptivalmente e as causas do câncer sejam qualificadas no âmbito genético, ambiental e hábitos de vida irregulares, conforme INCA (2012), ainda há uma seqüela do passado preconceituoso da doença, que dificulta o vivenciar do paciente e o lidar do profissional e da família. Estes antecedentes históricos repercutem nas representações que o homem e a sociedade atribuem ao câncer na atualidade. 20 Se por um lado a industrialização e a urbanização têm sido associadas a uma maior ocorrência de câncer, por outro, a globalização e o acesso às novas tecnologias possibilitam meios para diagnóstico precoce e tratamento menos invasivos, com melhores resultados, além de permitir acesso aos bancos de dados, melhorando o mapeamento e registro de novos casos das enfermidades, proporcionando um delineamento epidemiológico regional para cada doença e, a partir daí, o investimento na diagnose e terapias (BITTENCOURT; SCALETZKY; BOEHL, 2004). No entanto, mesmo em meio a esse arsenal tecnológico, o que se pode observar na atualidade é a persistente ligação construída entre câncer e morte. Embora as chances de cura e o aumento da sobrevida dos pacientes com câncer venham apresentando um salto exponencial, ainda há um descrédito por parte da sociedade na curabilidade da doença. Ariès (1977), Borges et al. (2006) e Maranhão (1985) sustentam que o significado do fenômeno da morte não se esgota em sua dimensão natural ou biológica, mas ainda é acrescida de uma importante dimensão social. Moraes (2002) versa que o homem não encara naturalmente a possibilidade do fim de sua existência, tampouco aceita o final da vida do ente querido; só eventualmente e com certo temor é que lançará um olhar sobre a possibilidade da morte. Isto acontece no caso de manifestação de doenças consideradas incuráveis. O movimento de cuidados paliativos trouxe de volta, no século XX, a possibilidade de “re-humanização” do morrer, opondo-se à idéia da morte como o inimigo a ser combatido a todo o custo; ou seja, a morte volta a ser vista como parte do processo de vida, e no adoecimento, os tratamentos devem visar à qualidade de vida e ao bem-estar da pessoa, mesmo quando a cura não é possível (KOVÁCS, 2003; TORRES, 2003). O enfermeiro, guiado pelo reconhecimento de si e do outro e fundamentado em preceitos teóricos, é capaz de colaborar na formulação de estratégias de enfrentamento do processo morte-morrer, junto ao paciente, tornando a experiência envolta de humanização. Assim, nortear um cuidado humanizado de enfermagem ao paciente oncológico é relevante para atingir uma prática que valorize os significados das vivências dos atores do cuidado, paciente e enfermeiro. Esta troca e união de experiências e vivências estabelece um fortalecimento do vinculo entre o ser que cuida e o ser cuidado e proporciona uma maior humanização da assistência. 21 2.2 Mucosite oral: conceitos e considerações Nesta sessão será explorada a caracterização fisiopatológica da mucosite oral, pela exposição de sua etiologia, fatores epidemiológicos, fisiopatologia, manifestações clínicas e complicações, diagnóstico, prevenção e tratamento. Detalhar esta afecção é importante para apreender-se os pormenores do objeto de estudo, a fim de subsidiar os cuidados para manejo desta complicação. 2.2.1 Epidemiologia, etiologia e fatores de risco Mencionou-se o termo mucosite oral pela primeira vez em 1980 e este foi descrito como uma complicação oral, decorrente de terapia antineoplásica, radioterapia e quimioterapia, resultando em uma reação inflamatória da mucosa oral, extremamente dolorosa e debilitante. De caráter transitório, esta entidade se distingue das demais estomatites e requer atenção especial devido às suas particularidades clínicas, severidade e forma de tratamento (GOMES et al., 2009). São três as principais modalidades para o tratamento das neoplasias malignas: cirurgia, radioterapia e quimioterapia. O tratamento cirúrgico do câncer tem como objetivos principais: ressecção da massa tumoral e de outros tecidos envolvidos, como os linfonodos, e a remoção de órgãos endócrinos, que podem prevenir a disseminação da doença. A radioterapia e a quimioterapia atuam pela destruição ou pela inibição do crescimento das células que se multiplicam rapidamente, interferindo na divisão celular (TRAVAGLINI, 2004). Por conta da não diferenciação que as formas de tratamento do câncer fazem entre células neoplásicas e sadias, como aquelas da mucosa oral, tanto a quimioterapia como a radioterapia produzem com freqüência vários efeitos colaterais que se manifestam na cavidade oral, como a mucosite oral (KELNER; CASTRO, 2007). Os pacientes com diagnóstico de câncer iniciam o tratamento muitas vezes combinando métodos que incluem radioterapia, cirurgia e quimioterapia. Nos casos de câncer de cabeça e pescoço, a radioterapia é geralmente o tratamento de escolha e o campo de irradiação compreende as glândulas salivares e a mucosa oral, o que aumenta o risco de mucosite (ALBUQUERQUE; CAMARGO, 2007). 22 A mucosite é uma complicação comum da mucosa oral e gastrointestinal decorrente da quimioterapia e radioterapia (MAURÍCIO, 2007). É uma reação tóxica inflamatória que afeta todo o trato gastrointestinal decorrente principalmente da ação de agentes antineoplásicos (SONIS, 1998). A afecção é caracterizada inicialmente por uma área eritematosa na mucosa oral podendo evoluir para uma ulceração, resultando em dor intensa, desconforto, disfagia e disgesia. As áreas mais atingidas são as de mucosa oral não queratinizadas, como mucosa jugal, labial e superfície lateral e ventral da língua. Normalmente as superfícies dorsal da língua e palato duro não são atingidas (SONIS; FAZIO; FANG, 1996). A manifestação clínica da mucosite oral se dá de cinco a sete dias após a administração da quimioterapia ou radioterapia. Se a medula óssea do paciente não estiver muito comprometida pelos antineoplásicos, a mucosite será autolimitada e tenderá a cicatrizar espontaneamente em cerca de duas semanas (AMANTE, 1995). O paciente com mucosite oral apresenta importantes problemas nutricionais o que aumenta, significativamente, a sensação de sofrimento e tristeza, bem como o tempo de hospitalização do mesmo. Adicionalmente, ocorre um aumento no custo do tratamento que neste caso torna-se associado à terapia opióide, dieta liquida suplementar, nutrição parenteral, internação, profilaxia ou controle de infecções secundárias (FLIGLIOLIA, 2006). A etiologia da mucosite oral é multifatorial. Portanto, há carência de estudos que determinem a associação entre sua incidência e um fator de risco potencial (MAURÍCIO, 2007). A ocorrência e a gravidade podem estar diretamente associadas aos tratamentos antineoplásicos (medicamentos administrados, intensidade das dosagens, frequência da administração, duração do tratamento) e também por fatores relacionados ao paciente como idade, gênero, leucometria, estado nutricional e higiene oral (OLIVEIRA; DINIZ; VIANA, 2004). Como afirma Scully, Sonis e Diz (2006) a mucosite está associada a grupos de alto risco como irradiação em câncer de cabeça e pescoço, indivíduos que recebendo regimes para transplante de medula óssea e em pacientes recebendo protocolos específicos para leucemia aguda. As estimativas são que a afecção ocorre em 40% dos pacientes que receberam quimioterapia ou irradiação; até 100% dos pacientes em altas doses de quimioterapia e em transplante de medula óssea, 23 80% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço em radioterapia e 50% dos pacientes em quimioterapia (CHIAPPELLI, 2005). Gambirazi (2007) adverte que determinados agentes quimioterápicos podem ser mais determinantes para o aparecimento da mucosite oral. Os agentes antineoplásicos são classificados em alquilantes, antimetabólicos, antitumotais, alcalóides e agentes hormonais (PAULA, 1997). Estes agentes determinam reações tóxicas na mucosa oral. Segundo Antuniassi (2005), esta toxicidade proveniente da quimioterapia pode ser direta ou indireta. A direta é representada pela mucosite que resulta do efeito da inibição da quimioterapia na replicação do DNA e proliferação celular da mucosa, resultando em redução da renovação da camada basal do epitélio. Com esses eventos, observa-se mucosa trófica, quebra do colágeno e eventual ulceração. A toxicidade indireta surge como resultado do efeito da mielossupressão da quimioterapia e resulta do estado de imunossupressão do paciente. Esse feito indireto da mucosa ocorre no 12º ao 14º dia após a exposição à droga quando o paciente está no período de menor contagem hematológica. No tocante à radioterapia, Bonan et al. (2005) discutem que a incidência e intensidade da mucosite dependem do tipo de radiação ionizante (elétrons ou Co60), taxa de distribuição, dose total empregada, conjugação com agentes quimioterápicos, resposta individual à terapia, fatores como o uso do tabaco e do álcool e níveis de EGF (fator de crescimento epitelial) e PAF (fator de ativação plaquetária) presentes na saliva. Pacientes submetidos à radioterapia com hiperfracionamento de dose, apresentaram maiores incidências de mucosite (100%) do que os pacientes que fizeram radioterapia convencional (97%), associada à quimioterapia (90%) ou que fizeram quimioterapia exclusiva (22%). O mecanismo do desenvolvimento da mucosite por radiação é semelhante ao da mucosite por quimioterapia, embora dependa de múltiplos fatores como tipo de radiação, volume de tecido irradiado, doses diárias e totais, esquema de fracionamento; e ainda fatores relacionados ao paciente como idade, hábitos e condição clínica (SANTOS et al., 2009). A dor causada pelas úlceras costuma ser grave, e o quadro geral causa aumento significativo da morbidade e mortalidade dos pacientes, com a necessidade de intensa terapia com analgésicos e, por vezes, nutrição enteral ou parenteral. 24 Assim, a mucosite é o efeito agudo de maior freqüência e o maior fator doselimitante para a radioterapia, na região de cabeça e pescoço, pois devido à alta taxa de renovação celular e a baixa radiorresistência, as células da mucosa da cavidade oral, faringe e laringe respondem precocemente aos efeitos tóxicos da radiação a que estão expostas (ANDREWS; GRIFFITHS, 2001). Quanto mais jovem o paciente, maior a possibilidade de incidência da mucosite oral. Estudo de Volpato (2009) mostra que enquanto 40% de todos pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica apresentam efeitos colaterais na boca, este número eleva-se para 90% em crianças menores que 12 anos. Parece provável que o índice mitótico elevado das células da mucosa oral, neste grupo etário, seja um fator adjuvante. 2.2.2 Fisiopatologia A mucosite oral como processo biológico tem sido apenas recentemente estudada, e se tem sugerido mecanismos envolvendo a mucosa oral, citocinas próinflamatórias e fatores locais como a saliva e a microbiota em sua patogênese (BONAN et al., 2005). Sonis (2004) propôs um modelo para explicar a patogênese da mucosite oral em que é observada uma seqüência de eventos biológicos interdependentes, classificando-os em cinco fases: Fase de Iniciação: ocorre rapidamente após a administração da quimioterapia ou radioterapia. Esses processos inibem a replicação do DNA da célula. Simultaneamente há a formação de um oxigênio reativo que é responsável por danos diretos às células, tecidos e vasos da mucosa oral, embora nessa fase a mucosa pareça íntegra. Fase de Super-regulação: fatores oxidativos causam destruição do DNA levando à morte celular. A quimioterapia e radioterapia ativam os genes do fator nuclear kappa beta (NF-Кβ), interleucinas 1β, interleucinas 6 e fator de necrose tumoral (TNF) levando à apoptose e injúria ao tecido. Fase de sinalização e amplificação: nesta fase, as citoquinas pró-inflamatórias exercem uma ação indireta na amplificação do dano tecidual iniciado pela radioterapia e quimioterapia. O tecido ainda pode parecer normal, pois o foco do evento está ocorrendo na submucosa e camada basal do epitélio. 25 Fase de ulceração: fase mais sintomática com áreas de erosão recobertas por uma pseudomembrana. É identificado infiltrado inflamatório agudo e aumento da produção de citoquinas. Ocorre colonização de bactérias Gram-negativo, Grampositivo e anaeróbios. Fase de cicatrização: renovação da proliferação e diferenciação celular, resultando na cicatrização do tecido afetado e restabelecimento da microbiota normal. Apesar dos avanços conceituais dos últimos anos, alguns processos fisiopatológicos que contribuem para o aparecimento da mucosite induzida pela terapia antineoplásica ainda não foram completamente elucidados. Estudos celulares e moleculares são de difícil condução em pacientes oncológicos. Além disso, modelos animais tem limitações inerentes. Portanto, o entendimento da fisiopatologia da mucosite requer que sejam obtidas evidencias adicionais abordando epidemiologia e fatores de risco (VOLPATO et al., 2007). 2.2.3 Manifestações clínicas e complicações É importante salientar que, independentemente da causa, as manifestações clínicas da mucosite são semelhantes e, dessa forma, a conduta em relação ao tratamento baseia-se na gravidade das lesões, e não no tipo de tratamento antineoplásico causador da mucosite. Mas, conhecer as diferentes capacidades de induzir à mucosite é fundamental para preveni-la de modo mais eficaz (SANTOS et al., 2009). A complicação instala-se 7 a 10 dias após o inicio da quimioterapia ou radioterapia e geralmente cicatriza de 10 a 30 dias após à aplicação (MAURÍCIO, 2007) e é associada a uma extensão de sintomas crônicos e agudos os quais exibem um impacto substancialmente negativo na qualidade de vida. Eritema, edema, ulceração, dor, hemorragia, ausência ou perda parcial do paladar, xerostomia, infecção local e sistêmica, má nutrição, fadiga, cáries, distúrbios abdominais, que a curto e longo prazo, afetam a qualidade de vida (ALBUQUERQUE; CAMARGO, 2007). As áreas lesionadas na mucosa oral, como afirma Epstein e Schubert (1993), podem evoluir para úlceras dolorosas, que podem favorecer a instalação de infecções secundárias. Quando associadas à mielossupressão e ao trauma da 26 mucosa, à contaminação das úlceras por bactérias, vírus e fungos torna-se mais frequente e grave, podendo conduzir à morte do paciente. A dor causa dificuldade na alimentação, na hidratação e na fala. A manifestação da dor dependerá do grau de destruição tecidual, excitação de receptores, intensidade dos componentes inflamatórios e mediadores dolorosos (GAMBIRAZI, 2007). A persistência na dificuldade em alimentar-se pode conduzir à perda de peso, anorexia, caquexia e desidratação. Complicações como estas podem requerer hospitalização, nutrição parenteral e uso de narcóticos, o que gera um grande impacto na qualidade de vida do paciente (SONIS et al., 2001). A inflamação e a mielossupressão conduzem à quebra das barreiras da mucosa, facilitando a entrada de patógenos nos tecidos orais. Essas infecções oportunistas são causadas por vírus, como herpes simples tipo HSV-1 (NICOLAUGALITIS et al., 2006) fungos, como Candida albicans e bactérias, principalmente as gram-negativas (Pseudomonas, Klebisiella, Proteus, Escherichia coli) próprias da microbiota normal, que favorecem o aparecimento das infecções sistêmicas dor (GAMBIRAZI, 2007). Além das questões inerentes ao paciente pode-se elencar os problemas que a mucosite traz para os sistemas de saúde, em virtude do aumento de custo com as hospitalizações, decorrente do prolongamento das internações, consumo de analgésicos, antibióticos e nutrição parenteral (SCULLY; SONIS; DIZ, 2006). Tal como cita Caielli, Martha e Dib (1995), a gravidade das lesões da mucosite interfere no tratamento sistêmico do indivíduo, uma vez que o grau de morbidade é alto e pode levar à suspensão da terapia antineoplásica. Dentro deste contexto, as classificações da mucosite, que têm por objetivo graduá-las segundo sua gravidade e danos ocorridos, têm importância fundamental, pois são instrumentos da avaliação do sucesso ou falha de determinada terapia. Três são as classificações mais importantes de gravidade e intensidade da mucosite oral, como cita Santos et al. (2009): o método da RTOG/EORTC e a classificação do Estern Consortium for Cancer Nursing Resarch (QUADRO 1); a da OMS (QUADRO 2). 27 Quadro 1: Classificação da mucosite segundo a Radiation Therapy Oncology Group e a Estern Consortium for Cancer Nursing Resarch. GRAU 0 1 2 3 4 Reação Reação Necrose ou Eritema da desigual confluente profunda mucosa. <1,5cm, não >1,5cm, ulceração +/- contíguo. contíguo. sangramento Radiation Therapy Não Oncology Group Estern Lesões: Não Lesões:01/abr Lesões: >4 Lesões: Consortium Cor: Rosa Cor:Vermelho Cor:Vermelho coalescendo for Sangramento: suave moderado Cor: Muito Não Sangramento: Sangramento: Vermelho N/A Espontâneo. Sangramento: Cancer Nursing Resarch N/A Espontâneo. Fonte: Santos et al. (2009). Quadro 2: Escala de graduação da mucosite oral, de acordo com OMS (1979). GRAU 0 SINAIS E SINTOMAS Nenhum 1 2 3 4 Irritação, dor e Eritema, Úlceras, Impossível a eritema. úlceras, pode requer alimentação. alimentar-se. somente dieta líquida. Fonte: Santos et al.(2009). A classificação proposta pela OMS em 1979 leva em consideração aspectos anatômicos, funcionais e sintomáticos da mucosite, ao passo que as outras duas citadas consideram apenas as mudanças anatômicas ocorridas, como extensão da área da lesão, cor e aspecto (SANTOS et al., 2009). 28 2.2.4 Diagnóstico, prevenção e tratamento O diagnóstico clínico da mucosite oral, dentro das concepções de Lalla e Peterson (2005), baseia-se em algumas variáveis, como: Aparência clínica: inicia-se com eritema podendo evoluir para ulcerações e pseudomembranas. Sintomas: lesões tipicamente dolorosas que comprometem a alimentação. História de terapia estomatotóxica: tratamentos quimioterápicos e/ou radioterápicos. Tempo das lesões: ocorrem de 1 a 2 semanas após a quimioterapia e na radioterapia se a dose de irradiação for superior a 30Gy. Duração das lesões: lesões cicatrizam aproximadamente 2 a 4 semanas após as infusões de altas doses de quimioterapia. Localização das lesões: lesões induzidas por quimioterapia são limitadas aos tecidos não-queratinizados, enquanto as induzidas pela radioterapia são limitadas às áreas irradiadas. O estabelecimento da situação clínica na qual o paciente se encontra, em relação à mucosite, é o que direcionará seu tratamento (SANTOS et al., 2009). Albuquerque e Camargo (2007) defendem que muitos agentes podem interferir diretamente na alteração da exposição da mucosa à irradiação, na proteção das células da mucosa e na redução da resposta inflamatória ao tratamento. A higiene oral é uma estratégia de prevenção, que reduz o desenvolvimento de microorganismos e o desenvolvimento de mucosite severa, permitindo a eliminação de fatores de infecção. Ragghianti et al. (2002) e Ingraci et al. (2004) sugerem que a higiene oral deve ser iniciada uma semana antes do tratamento radioterápico, com instruções acerca da mesma e da dieta. Os programas de cuidados orais envolvem limpeza dos dentes com escova macia, creme dental de preferência com flúor, cuidados com próteses (limpeza e ajustes), avaliação da presença de cáries, uso de fio dental, nutrição adequada, evitando alimentos ácidos, muito condimentados e açúcar, e a manutenção de uma hidratação adequada. Os estudos têm demonstrado a importância do cuidado oral como auxílio na redução da mucosite oral e infecções, promovendo conforto. Ao enfermeiro cabe a supervisão e a implantação dos 29 cuidados orais. A educação do paciente e da família é crucial, bem como sua participação (ALBUQUERQUE; CAMARGO, 2007). Uma vez instalada, o tratamento da mucosite é sintomático e dependerá de sua gravidade. A conduta recomendada pela OMS tem sido seguida pela maioria das Instituições Brasileiras, Americanas e Européias. Sugere-se desde o uso de bochechos, crioterapia, laser de baixa intensidade, de analgésicos tópicos, até o uso de opióides, de acordo com a dor e gravidade (SANTOS et al., 2009). Outra terapia alternativa é fator de estimulação de colônia macrófago granulócito (GM-CSF), que é uma citocina que induz a proteção da mucosa durante a realização do tratamento antineoplásico, ainda é utilizado em alguns serviços, com resultados parcialmente satisfatórios na prevenção e tratamento da mucosite oral. A ação desse medicamento visa à recuperação da medula óssea do paciente, com posterior produção de seus elementos e, dessa forma, atua apenas indiretamente no tratamento (KOSTLER et al., 2001). Além desta, recentemente, a literatura tem reportado o uso do fator de crescimento de queratonócitos para controle da mucosite oral. O mecanismo de ação desta droga inclui a indução de proliferação celular, aumentando a espessura do epitélio, reduzindo o dano no DNA causado pelas terapias antineoplásicas, especialmente a quimioterapia. Promove o aumento das enzimas desintoxicantes que protegem o tecido da ação dos compostos oxidantes, diminuindo os níveis de citocinas inflamatórias e a apoptose. Este medicamento tem demonstrado bons resultados clínicos (SPIELBERGER et al., 2003). No tocante às publicações de enfermagem no âmbito da prevenção da mucosite, observa-se a importância dada ao reconhecimento das modificações da mucosa oral durante o tratamento antineoplásico e as consequências clínicas da mucosite; aos instrumentos de avaliação; à instituição de protocolos de enfermagem para intervenções; à educação do paciente e da família; aos programas de cuidados e higiene orais; à compreensão e à avaliação multidimensional da dor e seu manejo; aos principais agentes para prevenção e tratamento recomendados na literatura para a mucosite oral e a avaliação quanto à sua utilização e/ou recomendação pelo enfermeiro (ALBUQUERQUE; CAMARGO, 2007). Portanto, faz-se mister o envolvimento do enfermeiro como elemento motivador da equipe nesta problemática, a fim de nortear as melhores práticas frente à mucosite oral. No entanto, é relevante que as condutas estejam desconectadas do 30 empirismo e pautadas no rigor cientifico, baseadas em evidências, visando o bem do paciente e o fortalecimento da profissão como ciência. 2.3 O Cuidado de enfermagem na mucosite oral Pode-se observar nas sessões prévias a importância do envolvimento da enfermagem na assistência ao paciente oncológico, principalmente no tocante ao tratamento e seus efeitos adversos, como a mucosite oral. Para isto é necessário, sobretudo, que o enfermeiro desenvolva o cuidado considerando desde as necessidades humanas básicas até as mais complexas, avaliando o paciente em sua integralidade e individualidade. Para que o fluxo do cuidado ocorra é necessário antes que o enfermeiro planeje a assistência. O planejamento, a organização e a coordenação da assistência de enfermagem foram impostos legalmente pela Lei do Exercício Profissional 7.498/86 (COFEN, 2000) e reforçada pela Resolução 272/02 (COFEN, 2002) que, por sua vez, legisla sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Desta forma, diante do paciente oncológico com mucosite oral, o enfermeiro tem o dever legal de realizar um plano de cuidados e desenvolver uma assistência sistematizada que proporcione o conforto e bem-estar ao paciente. Para atingir esse objetivo faz-se necessário que se ponha em prática o processo de enfermagem que, conforme Andrade e Vieira (2005), proporciona ao enfermeiro a possibilidade da prestação de cuidados individualizados e norteia a tomada de decisões. O modelo mais aceito de processo de enfermagem é o proposto por Horta (1979) com suas etapas bem definidas, a saber: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, prescrição de enfermagem, evolução de enfermagem e prognóstico de enfermagem. Este processo tem como meta atingir a satisfação das necessidades humanas básicas do paciente, que foram elencadas por Wanda Horta, a partir de influências da Teoria da Motivação Humana de Maslow, que propõe uma ordem hierárquica destas em: fisiológicas ou de sobrevivência; de segurança; de amor ou estima; de pertença ou de aceitação; de auto-realização (REGIS; PORTO, 2006). Para detecção das principais necessidades do paciente com mucosite oral é preciso que sejam realizadas as primeiras etapas do processo de enfermagem, como o histórico, com anamnese e exame físico completo guiados pelo holismo, e 31 pelo diagnóstico de enfermagem. Com os diagnósticos elencados tem-se as necessidades principais dos pacientes e a partir daí pode-se planejar ações e intervir para almejar o melhor prognóstico para o paciente. A mucosite oral caracteriza-se pela ulceração da mucosa resultando em desconforto, dor, dificuldade ou incapacidade de deglutir e falar e infecções secundárias, em decorrência do déficit de higiene oral (SONIS et al., 2004). Diante disso, pode-se concluir que o paciente com mucosite possui uma série de necessidades afetadas que podem ser sumarizadas em necessidades de conforto, alimentação e higiene. O déficit de conforto associa-se à dor oriunda da afecção. O diagnóstico dessa necessidade, segundo North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) é “Dor” relacionada aos efeitos do tratamento oncológico e entre as possíveis intervenções, conforme Nursing Interventions Classification (NIC), estão (CARPENITO-MOYET, 2008): - Informar o paciente sobre a causa da dor, o tempo previsto de duração, a fim de minimizar a ansiedade; - Valorizar as queixas de dor do paciente; - Proporcionar o alívio ideal da dor com a analgesia prescrita; - Avaliar, após administração, a eficácia do analgésico; - Encorajar métodos de distração durante a dor aguda; - Orientar sobre técnicas não invasivas de alívio da dor, como uso da crioterapia; - Aplicar escalas de avaliação da dor. Estudo de Carvalho, Pereira Júnior e Negreiros (2009) considera a dor causada pela mucosite oral um dos maiores problemas associados ao tratamento oncológico e aponta que para melhor avaliar o sintoma é necessário o uso de instrumentos unidimensionais e multidimensionais, como as escalas analógicas visuais, númericas e de faces. Com a execução destas intervenções espera-se atingir o melhor prognóstico do paciente, que de acordo com Nursing Outcomes Classification (NOC) é o nível de conforto e controle da dor (CARPENITO-MOYET, 2008). No tocante à deficiência na necessidade de alimentação, esta pode ser diagnosticada, conforme NANDA, em “Nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais” e “Deglutição prejudicada”, relacionados à diminuição da ingesta oral, náuseas e vômitos, secundários à radioterapia e quimioterapia. As 32 intervenções possíveis, segundo NIC, podem ser as seguintes (CARPENITOMOYET, 2008): - Determinar as exigências calóricas diárias do paciente em conjunto com a nutricionista em uma perspectiva multiprofissional; - Realizar medidas antropométricas diariamente para estimar perda de peso; - Proporcionar uma atmosfera agradável para a alimentação, longe de odores e situações estressoras; - Orientar quanto ao preparo das refeições e desencorajar o consumo de alimentos cítricos, condimentados, muito açucarados ou salgados e frituras; - Fracionar a dieta; - Evitar etilismo e tabagismo; - Estimular ingesta hídrica. Estudo de Schirmer, Ferrari e Trindade (2012) avaliou a evolução da mucosite oral em 23 pacientes oncológicos em cuidados paliativos, após intervenção nutricional e concluiu que a orientação ao paciente quanto ao tipo de alimentação no período de reabilitação do tratamento oncológico reduziu o processo inflamatório da mucosite oral, promoveu melhora na consistência da dieta utilizada e determinou redução do grau de mucosite e da dor. Após a prática de tais intervenções espera-se, conforme NOC, estado nutricional adequado, ou seja, o indivíduo deverá ingerir a exigência nutricional diária, de acordo com seu nível de atividade e necessidades metabólicas (CARPENITO-MOYET, 2008). Em relação à susceptibilidade às infecções oportunistas, decorrentes da higiene oral ineficaz, os diagnósticos de enfermagem, segundo NANDA, são “Risco de Infecção” e “Déficit do autocuidado:higiene”. O primeiro relacionado ao comprometimento das defesas do hospedeiro, secundário ao tratamento oncológico e o segundo relacionado à falta de conhecimento sobre a importância da saúde oral. As principais intervenções, propostas por NIC, são (CARPENITO-MOYET, 2008): - Reduzir a entrada de microorganismos oportunistas por higiene oral satisfatória e lavagem meticulosa das mãos; - Encorajar a manutenção da ingesta calórica; Orientações, conforme revisão sistemática de Albuquerque e Camargo (2007) com 33 estudos: 33 - Inspeção da cavidade oral, utilizando instrumentos de mensuração do grau de comprometimento da cavidade oral pela mucosite, como a escala da OMS; -Criar programa de cuidados orais individualizados, de acordo com as particularidades de cada paciente; - Indicar o uso correto do fio dental; - Incentivar a escovação com creme dental fluoretado após as refeições; - Referenciar pacientes com problemas de cáries, restaurações irregulares e uso de próteses para avaliação ondotológica; - Orientar a higienização de próteses e o abandono destas quando mal adaptadas; - Informar sobre a limpeza correta das escovas de dente com hipoclorito de sódio; -Orientar o uso de antissépticos orais específicos para cada paciente. Estudo de Gaietti-Jardim Júnior et al. (2011) com 55 pacientes em tratamento radioterápico para câncer de cabeça e pescoço verificou que o desenvolvimento de mucosite dificulta a higiene oral, o que colabora para exacerbar a inflamação nos tecidos periodontais e que a ocorrência de mucosite se torna frequente em população que não recebeu tratamento odontológico e orientações de higiene oral prévios, tornando este efeito colateral uma principais causas de abandono do tratamento oncológico. Ao enfermeiro cabe a implantação e a supervisão dos cuidados orais sempre considerando como prioridade a informação ao paciente, tornando-o foco do processo de educação em saúde para facilitar a adesão e o sucesso das intervenções de enfermagem (ALBUQUERQUE; CAMARGO, 2007). Estas, quando praticadas dentro do que é planejado, determinam um resultado, que conforme NOC, é melhora do autocuidado e redução do índice de infecção (CARPENITOMOYET, 2008). Nesta perpectiva, pode-se observar o quanto a vigilância do enfermeiro quanto ao déficit das necessidades humanas básicas dos pacientes oncológicos com mucosite é importante, visto que um diagnóstico de enfermagem preciso, que delineie intervenções bem direcionadas culminam em um prognóstico posivito aos acometidos. 34 3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de estudo Trata-se de um estudo descritiva com abordagem quantitativa. Os estudos de natureza descritiva visam descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento (RICHARDSON, 2008). A pesquisa quantitativa, tal como cita Chizzoti (2001), significa transformar opiniões e informações em números para possibilitar a classificação e análise. Esta modalidade de estudo prevê a mensuração de variáveis pré-estabelecidas, procura verificar e explicar sua influência sobre outras variáveis, mediante a análise da frequência de incidências e de correlações estatísticas: o pesquisador descreve, explica e prediz. 3.2 Local do estudo O estudo desenvolveu-se em dois serviços especializados em oncologia no estado do Piauí, localizados em Teresina. O objetivo inicial era trabalhar em todos os serviços de oncologia do estado, que ao todo são três, no entanto, por não autorização da realização do estudo em uma das instituições, o local ficou restrito a dois serviços. Destas instituições, uma possui atendimento de cunho filantrópico, com demanda pelo SUS, mas também com acesso privado. Este serviço é também o único do estado que possui assistência radioterápica e sua clínica oncológica é composta de quatro postos de enfermarias, totalizando 80 leitos e duas salas de quimioterapia, totalizando 25 leitos. O outro estabelecimento de saúde privado atende apenas à iniciativa privada. Possui assistência quimioterápica adulto e infantil e consultas oncológicas, com internação hospitalar para intercorrências do tratamento oncológico. 35 3.3 População e amostra A população de estudo compôs-se por todos os pacientes admitidos com diagnóstico de mucosite oral ou que desenvolveram a complicação no período de coleta de dados, atendidos ambulatorialmente (quimioterapia e/ou radioterapia) ou em regime de internação nos serviços oncológicos elencados neste estudo. Com relação ao tamanho da população estudada, foram considerados os estudos publicados sobre incidência de mucosite oral nos pacientes em tratamento oncológico, os quais apresentam percentuais em torno de 20%, pois se trata de um efeito adverso de etiologia multifatorial e, portanto, de difícil previsão de sua manifestação (CHIAPPELLI, 2005; BONAN et al., 2005). Assim, tomando-se uma prevalência presumida de 20%, um erro tolerável de amostragem de 5% e um nível de confiança de 95% e, supondo-se uma amostra aleatória simples, tem-se uma amostra de 213 pacientes, conforme a fórmula a seguir: Onde: n é o tamanho da amostra Z é o nível de confiança p é a prevalência presumida q é equivalente a p-1 e é o erro tolerável A seleção desta população se deu por amostragem acidental, a qual se forma pelos elementos que aparecem sucessivamente na ordem de chegada aos serviços, até completar o número da amostra (BARBETA, 2002; LUÍZ, 2005). Consideraram-se os seguintes critérios de inclusão: possuírem o diagnóstico de câncer; estarem em tratamento ou em pós-tratamento oncológico recente (radioterapia e/ou quimioterapia) ou que estiverem internados para tratamento de intercorrências oncológicas. 36 3.4 Coleta de dados A coleta de dados ocorreu de agosto de 2011 a janeiro de 2012. Nesta fase do estudo, houve a contribuição de três bolsistas do PIBIC da UFPI, que foram instruídos previamente acerca da abordagem do paciente e do passo a passo da coleta de dados. A sistematização da aquisição dos dados se deu da seguinte forma: 3.4.1 Aplicação do formulário: Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um formulário, que de acordo com Andrade (2003), é usado para obter respostas mais amplas e pode ser aplicado para qualquer tipo de informante, uma vez que é preenchido pelo pesquisador. Este formulário possuía duas partes: - Parte 1: Dados sociodemográficos do paciente e caracterização do tratamento implementado - Parte 2: Dados relacionados à afecção de mucosite oral. Um dado relevante a se destacar nesta etapa, é que quando se pesquisou a presença de intervenções de enfermagem para mucosite, o questionamento foi voltado para o paciente e não para o serviço, ou seja, o paciente era questionado acerca de condutas realizadas em seu favor pelo profissional enfermeiro. Consideraram-se condutas de enfermagem neste trabalho àquelas intervenções praticadas ou estabelecidas por enfermeiros no âmbito da oncologia. Este questionamento foi relevante para detectar o reconhecimento do papel do enfermeiro pelo paciente ou cuidador e averiguar falhas na assistência. O instrumento de coleta de dados foi previamente testado e validado para detecção de possíveis inadequações com a realidade estudada. O objetivo do préteste, dentro das concepções de Marconi e Lakatos (2009), é prever antecipadamente a eficácia do instrumento de coleta de dados escolhido no estudo. Após aplicar o instumento com cinco pacientes, sentiu-se a necessidade de alterar dois itens acerca da caracterização sociodemográfica e um item sobre a intervenção de enfermagem, para que se adequasse à análise. O formulário foi aplicado junto ao paciente ou ao seu cuidador, no caso de crianças, após devida autorização. 37 3.4.2 Exame físico da mucosa oral: O segundo momento da coleta de dados foi a relização do exame físico da mucosa oral dos pacientes. Este tinha como objetivo classificar as lesões orais utilizando a escala de graduação da mucosite oral, proposta pela OMS. Esta escala analisa os sinais referidos e os sintomas mensurados nos pacientes com mucosite e estratifica a manifestação em graus: Grau 0: nenhum sinal e sintoma; Grau 1: irritação, dor e eritema; Grau 2: eritema, úlceras, entretanto pode se alimentar; Grau 3: úlceras, requer somente dieta líquida; Grau 4: impossível a alimentação. O exame constava da análise da mucosa oral em busca de eritema e ulcerações, a partir dos princípios da semiologia. Para este, utilizou-se materiais como máscaras, luvas, espátula e lanterna, além do procedimento de lavagem das mãos antes e após contato com o paciente. Em seguida, foi feita a pesquisa sobre queixas de dor e sobre a aceitação da alimentação pelo participante. Para preservar a privacidade dos pacientes, aqueles que não estavam internados em apartamentos, ou seja, recebiam o tratamento ambulatorialmente, foram examinados na sala de pequenos procedimentos dos serviços ou nos boxes privativos de administração de quimioterapia. 3.4.3 Busca em prontuário: Os depoimentos dos pacientes foram complementados com dados obtidos a partir da prospecção de seus prontuários. Prescrições médicas e prescrições de quimioterapia, ficha de planejamento radioterápico, prescrições e anotações de enfermagem foram pesquisadas, no intituito de adquirir dados concernentes ao tratamento para o câncer e para a mucosite, bem como detectar a participação da enfermagem nesse processo. 3.5 Tratamento e análise de dados Para faciliar a análise de variáveis com ampla subdivisão, resolveu-se recategorizá-las com o objetivo de facilitar a visualização didática e correlação entre os dados mais relevantes do estudo. 38 A variável grau de mucosite foi recategorizada em gravidade de mucosite. A mucosite oral, conforme critérios de classificação da OMS (1979) é categorizada em cinco estágios, do grau 0 ao grau IV, de acordo com o comprometimento crescente da mucosa do trato gastrointestinal. Neste trabalho, estratificou-se a gravidade da mucosite em dois estágios, leve e grave. Considerou-se no estágio leve os graus 0, I e II de mucosite, nos quais, embora haja erosão do epitélio da mucosa, o paciente ainda consegue alimentar-se com sua dieta de rotina. Já no estágio grave, que engloba os graus III e IV de mucosite, o paciente já requer intervenção na dieta ou não consegue se alimentar. A variável diagnóstico de câncer foi recategorizada em tipos de câncer. Em relação à caracterização patológica dos pacientes com mucosite oral, 34 tipos de neoplasias foram detectadas no estudo, no entanto, estas foram agregadas em grupos de acordo com suas semelhanças anatômicas, topográficas e fisiopatológicas (PUTZ; PABST, 2006), para fins de análise e melhor correlação com a afecção de mucosite em: cânceres da região da cabeça e pescoço, mama, trato gastrointestinal e eanexos, leucemia linfoblástica aguda, leucemia mieloide aguda, câncer de colo do útero, linfomas e outros tipos. Os cânceres da região da cabeça e pescoço referiu-se aos tumores do trato aerodigestivo superior (cavidade oral, faringe e laringe) e ao câncer oral (lábios, base da língua, língua, assoalho oral e palato), os do trato digestivo correspondem ao esôfago, estômago, intestino delgado, cólon, reto, vias biliares, fígado e pâncreas. Os outros tipos de cânceres se apresentam com menor incidência e por isso foram agrupados em uma só categorias, como cânceres de ovário, pulmão, ósseo, pele, renais. A variável quimioterápicos foi recategoriza em classe de quimioterápicos, em decorrência do amplo número de quimioterápicos encontrados nas prescrições, decidiu-se recategorizá-los em classes, conforme classificação do INCA (2012), que leva em consideração estrutura química e função celular, em: alquilantes, antimetabólicos, inibidores mitóticos, antibióticos e outros agentes. A variável sinais e sintomas foi recategorizada em manifestações. Para se obter este dado, os pacientes foram questionados sobre a coexistência de sinais relacionados ao câncer concomitantes com a mucosite. A ocorrência de sintomas e de síndromes, como a febre, foi atestada a partir da consulta ao prontuário do paciente. Como foi ampla a diversidade de queixas relatadas e sintomas mensurados estes foram agrupados de acordo com suas características anatômicas 39 e funcionais em seis grupos de manifestações (INCA, 2012). Os distúrbios gastrointestinais representam os processos inflamatórios e de má absorção gástrica, os distúrbios do sono são os que alteram ou a capacidade de vigília ou a de sono do indivíduo. Os distúrbios motores constam de perturbações na postura, marcha e involuntariedade de movimentos, as afecções dermatológicas fazem referência a alterações na epiderme, derme e hipoderme, tais como mudança de aspecto, coloração e turgor. Foram incluídas ainda o sintoma de dor e a síndrome de febre É válido ressaltar que distúrbios de natureza psíquica, como desordens de humor, ansiedade ou depressão não foram considerados nesta avaliação, tendo em vista a sua complexidade e a necessidade de uma análise mais profunda. Os dados obtidos foram armazenados em um banco eletrônico criado no programa Excel 2010 (Windows 7) e a posterior análise estatística se deu por meio do Statistical Package for the Social Sciences – SPSS (versão 17.0). Medidas de tendência central como média, moda e mediana, além de medida de dispersão como desvio padrão e mínima e máxima foram extraídas a partir da análise descritiva das variáveis referentes ao perfil sociodemográfico da amostra do estudo. Para as variáveis dicotômicas, como gravidade da mucosite oral e a interrupção no seguimento do tratamento oncológico, utilizou-se o teste quiquadrado ( 2) considerando estatisticamente significativas aquelas análises, cujo o valor de p era inferior a 0,0005. 3.5 Aspectos éticos Atendendo aos aspectos éticos que regem as pesquisas envolvendo seres humanos, preconizados pela Resolução n° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996), foi elaborado um termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXOS A e B), com o intuito de preservar a privacidade e confidencialidade dos participantes. O projeto foi encaminhado tanto à Comissão de Ética em Pesquisa da instituição filantrópica, na qual se realizou o estudo, como para autorização formal junto à gerência do serviço privado, que compuseram o local deste estudo. Em seguida, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí e aprovado com o número de CAAE: 0147.0.045.000-11 (ANEXO 40 C). Somente após a obtenção de parecer favorável é que se iniciou a coleta de dados. Assegurou-se aos participantes o anonimato e todos os princípios bioéticos regidos pela Resolução n° 196/96, bem como o comprometimento de comunicar à instituição os resultados do estudo, após a conclusão deste trabalho. 4 RESULTADOS 41 Para melhor apresentação e compreensão dos resultados, estes foram subdivididos em duas seções, que enfocam aspectos distintos da análise dos dados. A primeira seção, referente ao perfil da amostra, divide-se em duas subseções, que englobam, respectivamente, os aspectos sociodemográficos e clínicos dos pacientes oncológicos com mucosite oral. A segunda seção faz menção à ocorrência da mucosite oral e fatores associados e suas cinco subseções referem-se à relação da mucosite oral com o tratamento oncológico, com a quimioterapia, com a sua interferência no tratamento oncológico, com a assistência de enfermagem, com seus tratamentos específicos e com outras manifestações associadas. 4.1 Perfil sociodemográfico e clínico dos pacientes oncológicos com mucosite oral 4.1.1 Perfil sociodemográfico paciente oncológico Tabela 1. Perfil sociodemográfico dos pacientes com mucosite oral (n=213). Teresina-PI, 2012. VARIÁVEIS SEXO Feminino Masculino n 139 74 % 65,3 34,7 Até 18 anos 19 a 59 anos 60 anos ou mais 32 115 66 15,0 54,0 31,0 ESCOLARIDADE Até 11 anos de estudo Mais que 11 anos de estudo 154 59 72,3 27,7 RENDA Não assalariado Até 1 salário mínimo De 2 a 4 salários mínimos Maior que 4 salários mínimos TOTAL 58 79 59 17 213 27,2 37,1 27,7 8,0 100,0 FAIXA ETÁRIA* *Faixa etária: Média ( ):45,8; Mediana (M d):50; Moda(Mo):65; Desvio padrão: 21,34; Mín-Max:1-89. Intervalo de confiança (IC):95%. Do total de entrevistados, 65,3% são do sexo feminino e 34,7% do masculino. A faixa etária predominante foi a de 19 a 59 anos (54%), seguida da faixa referente aos idosos, 60 anos ou mais, com 31%. Crianças e adolescentes, faixa de até 18 anos, corresponderam a 15%. A média de idade foi 45,8 anos com desvio padrão de 42 21,34, mediana de 50 anos e moda de 65 anos. O intervalo de confiança de 95% permitiu determinar idade mínima de 1 ano e máxima de 89 anos. Em relação à escolaridade, 72,3% não possuem mais que 11 anos de estudo. Maior parte dos participantes afirmou possuir renda mensal de até um salário mínimo (37,1%), enquanto percentual de 27,2% relevou não possui qualquer remuneração. 27,7% dos pesquisados possuem renda entre dois a quatro salários mínimos e apenas 8,0% afirmou ter renda superior a quatro salários. Tabela 2. Modalidade de atendimento e tipo de assistência prestada aos pacientes com mucosite oral (n=213). Teresina-PI, 2012. VARIÁVEIS Modalidade de atendimento Assistência Público Privado n 126 87 % 59,1 40,9 Ambulatorial Internação TOTAL 163 50 213 76,5 23,5 100,0 No tocante à modalidade econômica de atendimento hospitalar, 59,1% dos pacientes eram assistidos via SUS. Os demais participantes (40,9%) eram atendidos de forma privada, ou seja, por planos de saúde conveniados ou de forma particular. Destes pacientes, 76,5% eram submetidos ao tratamento oncológico ambulatorialmente, enquanto 23,5% se encontravam em regime de internação hospitalar. 4.1.2 Perfil clínico do paciente oncológico 43 Gráfico 1. Relação entre o tratamento oncológico implementado e os tipos de câncer mais incidentes. (n=211). Teresina-PI, 2012. 120 100 100 91,4 80 100 91,6 91 70 66,7 63,6 60 Quimioterapia (%) 33,3 40 20 34,2 17,5 12,5 8,6 2 Radioterapia (%) Quimiorradiação (%) 8,4 2,2 0 Legenda: *LLA: Leucemia linfoblástica aguda; ***LMA: Leucemia mieloide aguda; ****Outros tipos: cânceres de ovário, pulmão, ósseo, pele, renais. As neoplasias da região da cabeça e pescoço mostraram-se predominantes (19,0%), seguidas do câncer de mama (16,6%). Os cânceres comuns ao trato gastrointestinal e anexos atingiram 15,6% dos pacientes. As leucemias apresentaram-se recorrentes, tendo a leucemia linfoblástica aguda (LLA) um percentual de 11,4% e a leucemia mielóide aguda 6,2% do total. O câncer de colo do útero foi diagnóstico comum de 5,6% dos pacientes, seguido dos linfomas que representaram 4,7% do total. Outros tipos de cânceres configuraram 22,7% dos participantes (Tabela 3). Da análise dos diagnósticos de câncer e o tratamento oncológico vigente, observa-se que apenas dois participantes não estavam em tratamento oncológico no período do estudo, por estarem tratando intercorrências de tratamento quimioterápico recente. Os demais pacientes (211) encontravam-se em regime de terapêutica antineoplásica, quais sejam: quimioterapia isolada (69,2%), radioterapia isolada (2,8%) e quimiorradiação, ou seja, quimioterapia concomitante com radioterapia, (28%). É válido ressaltar que os cânceres de cabeça e pescoço (70%) e o de colo de útero (66,7) eram principalmente tratados na categoria de 44 quimiorradiação. Enquanto, os cânceres de mama (91,4%), trato gastrointestinal e anexos (91%), leucemias (91,6% na linfoblástoca e 100% na mielóide) e linfomas (100%) tinham a quimioterapia como terapêutica de escolha. A radioterapia isolada apresenta-se como o tratamento de menor expressão no rol de terapêuticas elencadas, com exceção dos cânceres da região de cabeça e pescoço, cujo percentual de tratamento com radioterapia atinge 12,5% do total. 4.2 Ocorrência de mucosite oral e fatores associados 4.2.1 Mucosite oral e tratamento oncológico Gráfico 2. Distribuição dos graus de mucosite oral conforme tratamento oncológico proposto (n=211). Teresina-PI, 2012. 120 100 100 76 80 69,2 66,7 54,3 60 Radioterapia (%) 45,7 40 33,3 28,8 Quimioterapia (%) Quimiorradiação (%) 19 20 5 1,9 Grau I Grau II 0 Grau 0 Grau III Grau IV Do total da amostra, um percentual significativo (47,4%) tinha mucosite oral Grau I, seguida de uma parcela de 24,6%, que apresentou mucosite Grau II. Mucosites de grau III e 0 eram diagnóstico de 16,6% e 7,1% dos pacientes, respectivamente. Enquanto em 4,3%, verificou-se mucosite Grau 4 (Tabela 6). Ao relacionar o grau de mucosite e o tratamento oncológico proposto, observa-se que apenas dois participantes não estavam em terapêutica, portanto o número amostral ilustrado na tabela corresponde a 211. Todos os pacientes com mucosite grau 0 estavam em regime de quimioterapia isolada. Dos pacientes com 45 mucosite Grau 1, 76% estavam em quimioterapia, 19% em quimiorradiação e apenas 5% em radioterapia isolada. No grau II, a quimioterapia sobrepõe-se novamente representando 69,2% do total, seguida da quimiorradiação (28,8%) e radioterapia (1,9%). O mesmo padrão é observado na mucosite grau III, com quimioterapia em 45,7% dos participantes e os demais em quimiorradiação (54,3%), não se constatando radioterapia isolada nesse grau. Em relação à mucosite Grau IV, uma parcela de 66,7% era exposta simultaneamente aos tratamentos radioterápicos e quimioterápicos, contra 33,3% que realizava apenas quimioterapia. A radioterapia isolada, a exemplo do grau III, também não foi observada nos pacientes com mucosite grau IV. Em resumo, pode-se constatar que de todos os pacientes com mucosite oral examinados, independente do grau, 69,1% estava em tratamento quimioterápico apenas. A quimioterapia simultânea à radioterapia também apresentou um valor expressivo, revelando um percentual de 28,0% das prescrições dos participantes e a radioterapia isolada foi o tratamento menos prescrito, realizada somente em 2,8% dos pacientes. 4.2.2 Mucosite oral e quimioterapia Tabela 3. Distribuição das classes de quimioterápicos conforme a gravidade da mucosite oral (n=205). Teresina-PI, 2012. GRAVIDADE Leve n(%) Grave n(%) Total n(%) Alquilantes 67(73,6) 24(26,4) 91(46,7) Antimetabólicos 56(77,8) 16(22,2) 72(37,0) Inibidores mitóticos 51(85,0) 9(15,0) 60(30,7) Antibióticos antitumorais 17(89,4) 2(10,6) 19(9,7) Outros agentes 15(93,7) 1(6,3) 16(8,2) TOTAL 206(79,8) 52(20,2) 258*(132,3)* CLASSES DE QUIMIOTERÁPICOS *Valores superiores ao número de pacientes que estavam em tratamento quimioterápico (n=205), pois parte dos participantes utilizava quimioterápicos de mais de uma classe. No tocante ao tratamento oncológico, 205 pacientes, ou seja, 96,2% da amostra se encontravam em regime de quimioterapia, isolada ou concomitante com radioterapia. 46 Os alquilantes foram contemplados em 46,7% das prescrições, os antimetabólicos em 37,0% dos indivíduos e os inibidores mitóticos em 30,7%. Os antibióticos e outros agentes atingiram 9,7% e 8,2%, respectivamente. A interseção entre a classe quimoterápica prescrita e a gravidade da mucosite revelou que dos pacientes com mucosite grave, 26,4% faziam uso de alquilantes, 22,2% antimetabólicos e 15% de inibidores mitóticos. Um percentual de 10,6% destes possuíam antibióticos em sua prescrição e 6,3% faziam uso de outros agentes. 4.2.3 Mucosite oral e a interferência no tratamento oncológico Tabela 4. Gravidade da mucosite oral conforme a interferência no seguimento do tratamento oncológico (n=213). Teresina-PI, 2012. GRAVIDADE Leve* Grave** TOTAL Teste qui-quadrado( INTERRUPÇÃO DO TRATAMENTO Sim Não n(%) n(%) 6(3,5) 11(25,0) 17(8,0) ): 21,87 163(96,5) 33(75,0) 196(92,0) TOTAL n(%) 169(79,3) 44(20,6) 213(100,0) -valor 0,0001 Legenda: *Leve: mucosite graus 0, I e II;**Grave: mucosite graus III e IV Inferiu-se que em 92% dos pacientes a mucosite não foi fator preponderante para interrupção da terapêutica oncológica, contra 8,0% dos participantes, que tiveram seus tratamentos oncológicos protelados para fins de tratamento primário da mucosite oral. Considerando os casos de mucosite leve, a taxa de interrupção foi de 3,5%, enquanto que na mucosite grave esse percentual se eleva para 25%. Analisando os dados, pode-se entender que a formas mais graves de mucosite, por representarem um maior grau de degradação da mucosa, são as mais limitantes do tratamento oncológico. Neste trabalho, observou-se, a partir do teste qui-quadrado ( 2:21,87) associação estatística entre a gravidade da mucosite ( valor:0,0001) e a continuidade do tratamento, ou seja, os pacientes que tem o tratamento interrompido por desenvolverem mucosite grave é estaticamente significante aos que tem mucosite leve. 4.2.4 Mucosite oral e a assistência de enfermagem Tabela 5. Condutas enfermagem em oncologia presentes conforme a gravidade da mucosite oral (n=213). Teresina-PI, 2012. 47 Gravidade da Mucosite Leve* Grave** TOTAL Sim n(%) 42(24,8) 12(27,2) 54(25,3) CONDUTAS DE ENFERMAGEM Não Total n(%) n(%) 27(75,2) 169(79,3) 32(72,8) 44(20,7) 59(74,7) 213(100,0) Legenda: *Leve: mucosite graus 0, I e II; **Grave: mucosite graus III e IV A Tabela 5 refere-se à presença de condutas de enfermagem em oncologia. Ao serem questionados sobre a submissão às condutas específicas de enfermagem em oncologia, 74,7% dos pacientes afirmaram não ter tido nenhum tipo de atendimento e orientação do profissional enfermeiro, contra 25,3% que revelaram ter recebido, pelo menos em algum momento do tratamento, atendimento destes profissionais. A única conduta de enfermagem observada nos serviços foi a administração de quimioterápicos e como parte do processo de enfermagem, observou-se a consulta de enfermagem, que é um procedimento “meio”, em que se observava a realização de um histórico a cada consulta com anamnese direcionada ao câncer e o exame físico reduzido, apenas com aferição de sinais vitais, peso e altura. A consulta não era realizada com todos os pacientes. Ao segmentar a amostra de acordo com a gravidade da mucosite, leve e grave, e relacioná-la com as condutas de enfermagem, observou-se que apenas 24,8% dos pacientes com mucosite leve receberam orientações específicas do enfermeiro. Esta taxa atinge 27,2%, quando se considera os pacientes com mucosite grave. Tabela 6. Condutas enfermagem em oncologia presentes conforme na natureza de oferta dos serviços (n=213). Teresina-PI, 2012. Tipo de Serviço Público Privado TOTAL Sim n(%) 33(26,2) 21(24,1) 54(25,3) CONDUTAS DE ENFERMAGEM Não Total n(%) n(%) 93(73,8) 126(59,1) 66(75,9) 87(40,9) 159(74,7) 213(100,0) Ao se analisar em separado os dois locais de estudo, um serviço de atendimento prioritariamente público, tipo filantrópico, e outro de atendimento exclusivamente privado, atestou-se que no serviço filantrópico apenas a 26,2% dos pacientes foram dirigidas intervenções do enfermeiro. Estatística similar foi 48 observada na instituição privada, em que somente 24,1% dos pacientes foram atendidos por enfermeiros, o que diverge com as expectativas pré-formadas de atendimento privado, em que se parte do pressuposto de que haja uma superioridade na qualidade da assistência de enfermagem. 4.2.5 Mucosite oral e seus tratamentos específicos Gráfico 3. Tratamentos específicos para mucosite oral nos pacientes oncológicos (n=144). Teresina-PI, 2012. Lidocaína 1,4 Hidróxido de Alumínio 1,8 Crioterapia 3,7 Laser de baixa intensidade 4,2 Fluoreto de sódio 4,2 Bicarbonato de sódio Tratamentos (%) 13 Clorexidina 27,7 Nistatina 46,9 0 10 20 30 40 50 Legenda: Soma de valores superior a 100%, pois parte dos participantes utilizava mais de um tipo de tratamento. O Gráfico 3 revela os principais agentes farmacológicos prescritos para tratamento das lesões secundárias à mucosite oral, eritema e ulcerações. A nistatina suspensão foi o fármaco mais prescrito, como mostra o percentual de 46,9%, seguida do digluconato de clorexidina (27,7%). Os bochechos à base de bicarbonato de sódio e fluoreto de sódio eram utilizados, respectivamente, por 13% e 4,2% da amostra. O laser de baixa intensidade configurou 4,2% das prescrições, seguido da crioterapia (3,7%) e bochecho com hidróxido de alumínio (1,8%). Por fim, com um percentual de 1,4% observou-se o anestésico tópico, lidocaína. É válido ressaltar que parte dos pacientes fazia uso de mais de um tipo de tratamento tópico e que neste trabalho não foram incluídos os antibióticos e os antiinflamatórios de ação 49 sistêmica, já que por possuírem indicações diversas, poderiam provocar vieses nos resultados. 4.2.6 Mucosite oral e outras manifestações associadas Gráfico 4. Distrubuição de manifestações secundárias ao tratamento oncológico (n=100). Teresina-PI, 2012. Dermatológicas 5 Febre 7 Dor 7 Motoras Manifestações (%) 12 Sono 15 Gastrointestinais 73 0 20 40 60 80 Legenda: Soma de valores superior a 100%, pois parte dos participantes apresentava mais de uma manifestação. Quando questionados acerca de manifestações concomitantes com a mucosite oral, secundárias ao tratamento oncológico, 100 pacientes, ou seja, 46,9% dos pacientes relevaram ocorrência de outras complicações e efeitos adversos. Avaliando-se gastrointestinais a estatística, compuseram 73,0% observou-se do total que de as queixas, manifestações seguidos das manifestações do sono com 15,0% e das motoras com 12,0%. A dor e febre foram observadas em 7,0% dos participantes, cada, e as manifestações dermatológicas foram atestadas em 5,0% destes. 5 DISCUSSÃO 50 Segue a discussão dos resultados previamente apresentados, na mesma ordem de disposição anterior. 5.1 Perfil sociodemográfico e clínico dos pacientes oncológicos com mucosite oral 5.1.1 Perfil sociodemográfico paciente oncológico Quanto aos dados referentes ao sexo, as mulheres foram expressamente mais atingidas que os homens pela mucosite oral. Corroborando com este achado, as Estatísticas do INCA revelam uma incidência de 3.330 casos novos de câncer em mulheres, contra 2.830 casos em homens em 2012 no Piauí. Este padrão de incidência superior feminina se repete na região Nordeste e no Brasil consolidado (INCA, 2012). Diante disto, é pode-se afirmar que o sexo feminino por estar mais propenso à manifestação do câncer parecer ser mais susceptível aos efeitos adversos do tratamento deste, como a mucosite oral. Avaliando as faixas etárias mais atingidas, observou-se predomínio no intervalo de 19 a 59 anos, coincidindo com a fase adulta. Este fato tem importância epidemiológica e social, quando se avalia a perda parcial ou total, a depender da clínica, do potencial produtivo destes indivíduos em plena idade economicamente ativa e as repercussões psicológicas disto na autoestima do homem ou da mulher, que sustentam papéis de provedores, chefes de família e donas de casa. Estudo de Tofani e Vaz (2008), que aplica a escala de qualidade de vida em pacientes oncológicos, conclui que estes tem diminuição da autoestima, sentem-se pouco úteis, sofrem ao perderem o papel de provedores da família, principalmente por terem interrompido a atividade de trabalho, que é visto como uma forma genuína de tramitação pulsional. Os idosos, faixa a partir de 60 anos, aparecem com média ocorrência, por serem vítimas comuns da mucosite oral, principalmente, pela debilidade de seu sistema imunológico, fragilidade do epitélio e pelo déficit do autocuidado, o que reflete na ineficácia dos hábitos de higiene oral. Dados compatíveis podem ser analisados nos estudos de Hespanhol et al. (2010) e Osterne et al. (2008). Aliado a isso, o desenvolvimento econômico e o prolongamento da expectativa de vida dos 51 indivíduos fazem com que faixas etárias cada vez mais avançadas convivam com doenças como o câncer e complicações deste. Perussi et al. (2002) corroboram com tal assertiva quando afirmam que além dos aspectos sociais deletérios, o prolongamento do tempo de vida traz como consequência uma maior prevalência de doenças crônicas ou associadas aos processos de envelhecimento celular como o câncer. Não existe sociedade sem câncer e cada uma delas terá os tipos de câncer característicos de seu estágio de evolução (ARES; ESCOLAR; SÁINZ, 1995). Em relação à faixa correspondente às crianças e adolescentes, embora se observe um menor percentual de incidência de mucosite, ao confrontar com a literatura especializada, observa-se uma corrente de estudos que consideram um risco superior de crianças desenvolverem a afecção frente aos adultos (CHENG et al., 2001; CRUZ et al., 2006; DUNCAM; GRANT, 2003). Sonis (1998) define que os indivíduos submetidos à quimioterapia tem 40% de chance de desenvolvimento de mucosite, enquanto que em crianças este número eleva-se para mais de 90%. Fatores que justificam essa ocorrência são os tipos de cânceres mais prevalentes em crianças, as neoplasias hematológicas, que determinam supressão da medula óssea, o alto índice proliferativo celular do epitélio da mucosa oral, a sobreposição de trauma local, o status de higiene oral e a baixa resistência imunológica do paciente pediátrico (EPSTEIN; SCHUBERT, 1993; SONIS, 2004). Estudo de Gordón-Núñezm et al. (2010) ressalta a susceptibilidade de crianças desenvolverem mucosite, no entanto, em seu trabalho não foi observada diferença estatística em relação à ocorrência da complicação e as neoplasias sistêmicas/hematológicas e aquelas com tumores sólidos. A porção preponderante da amostra possuía escolaridade de até 11 anos de estudo, o que corresponde a uma formação de no máximo ensino médio incompleto. Excluindo-se o percentual da amostra que corresponde às crianças, que são minoria, este dado revela falha em um importante determinante de saúde, que é a educação. Pacientes com elevado nível de instrução lidam de uma maneira melhor com o diagnóstico do câncer e executam orientações e prescrições médicas e de enfermagem com maior rigor, como no caso da higiene oral nos pacientes com mucosite. Além disso, espera-se que estes pacientes tenham acesso a um diagnóstico mais precoce da doença, evitando-se à ocorrência de carcinomas invasivos ou estadiamentos avançados de mucosite oral. É o que conclui os estudos de Calazan, Luiz e Ferreira (2008), que confirmam a relação entre a baixa 52 escolaridade e o risco de doença invasora em mulheres com câncer de colo de útero, assim como o de Campos, Chagas e Magna (2007) em que pacientes com segundo grau completo ou mais apresentam uma proporção menor de casos invasivos de câncer cabeça e pescoço em relação àqueles com menor nível de instrução formal. O uso de técnicas em educação em saúde, que adotem linguagens alternativas para o publico carente, é fundamental para tornar o sujeito ativo em seu processo de cura. A educação do paciente é crucial, bem como sua participação em sua terapêutica (ARAUJO et al., 2012; ALBUQUERQUE; CAMARGO, 2007). No tocante à renda, observou-se que a maior parte dos participantes possui remuneração de até um salário mínimo e a minoria renda superior a quatro salários. Neste caso, excluindo-se o público infantil economicamente inativo, pode-se observar uma concentração de renda em um estrato reduzido da amostra, o que se justifica pela disparidade dos locais de estudo pesquisados, onde a diferença de acesso ao tratamento oncológico entre eles é a via pública ou privada de atendimento. O princípio da gratuidade e da universalidade do SUS veio facilitar o acesso, antes quase impossível para pessoas de baixa renda aos sistemas de saúde (SILVA, 2003). Um estudo epidemiológico de delineamento ecológico de Borges et al. (2009) concluiu que grupos populacionais de baixa renda tendem a ter precárias condições de saúde oral, como também carências nutricionais. No entanto, os autores apontam que quanto maior a renda per capita, maior a mortalidade por câncer na população. Isto mostra a concepção de que o câncer está altamente associado ao desenvolvimento econômico. O inerente aumento da expectativa de vida da população correlaciona-se com a proliferação das doenças crônico-degenerativas, como o câncer, no público de maior renda, ficando a classe pobre alvo das doenças infectocontagiosas e sendo esta sucumbida em idades cada vez mais precoces. Pela caracterização da amostra observa-se uma predominância de pacientes atendidos pelo SUS e uma minoria sendo assistida pelo sistema privado em regime prioritário de internação. Este dado remonta os locais de estudo, uma instituição filantrópica e uma privada, onde naquela predominam os pacientes com tratamento custeado pelo SUS e nesta o atendimento é somente privado. Atrelada à forma de custeio do tratamento oncológico, não se pode excluir a questão social, já que no Brasil a aquisição de um plano de saúde ainda é matéria 53 predominante da classe média alta. Conforme estudo acerca da qualidade do cuidado ao paciente oncológico do Instituto Americano de Medicina e Comissão de Ciências Humana (NEUSS et al., 2005), a complexidade do tratamento oncológico e as limitações de acesso aos serviços e aos planos de saúde são fatores que se interpõem ao longo da convivência com o câncer, interferindo desde a detecção precoce até no desfecho da doença. Diante dessa conjuntura e para sanar a dificuldade de acesso da população carente aos sistemas de saúdes, em 1998, o Ministério da Saúde publica a Portaria GM nº 3.535, com o objetivo de garantir o atendimento integral aos pacientes com doenças neoplásicas malignas e estabelecer critérios para cadastramento de centros de atendimento em oncologia (BRASIL, 1998). Esta portaria favoreceu o paciente oncológico regulamentando seus direitos diante dos serviços de saúde e lhes dando anteparo legal para reivindicar um tratamento digno e embasado em valores de humanização. Isto reflete ainda na mudança de paradigma do cuidado de enfermagem ao paciente SUS, que tende a estabelecer-se dentro dos preceitos do holismo, da integralidade, da igualdade, a despeito do tipo de acesso e/ou das condições socioeconômicas do paciente. 5.1.2 Perfil clínico do paciente oncológico Analisando a relação dos tipos de câncer com interface na caracterização sociodemográfica dos participantes, exposta anteriormente, observa-se que o destaque dado aos cânceres de mama e colo de útero deve-se à pacientela predominantemente feminina e piauiense. Isto porque estas neoplasias são as que mais acometem a população feminina no Piauí, com incidências de 24,89% na mama e 22,58% no colo de útero, conforme estimativa do INCA de 2012 para o estado (INCA, 2012). Correlação epidemiológica que se inverte quando se pensa nos cânceres da região de cabeça e pescoço, que correspondem, em que se evidencia uma prevalência no sexo masculino (Tabela 01). O mesmo se observa nos estudos de Alvarenga et al. (2008), que ao avaliar o perfil epidemiológico de 427 pacientes com câncer de cabeça e pescoço constatou um predomínio de 86% em homens, o de Borges et al. (2009), que concluiu que a mortalidade por cânceres orais é superior em homens em todas as regiões do Brasil e o Dedivitis (2004), que encontrou a 54 relação de incidência masculino-feminino de 3,35:1 nos cânceres orais e de 11,5:1 nos aerosuperiores. Fato explicado pela interrelação entre fatores extrínsecos, como tabagismo, etilismo, praticados predominantemente por homens, e a determinação destes cânceres (CHAIEB; CASTELLAARIN, 1998). Diante dessa susceptibilidade masculina às doenças crônico-denegerativas decorrente de variáveis culturais, questão de gênero e de crenças e valores vinculados a uma cultura patriarcal, é que o Ministério da Saúde implantou em 1998 a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, que visa qualificar a atenção à saúde da população masculina na perspectiva de linhas de cuidado que resguardem a integralidade da atenção (BRASIL, 2008). O enfermeiro tem a importante função de qualificar a assistência na rede primária, a fim de evitar que a atenção à saúde do homem não se restrinja à recuperação em serviços de maior complexidade. Mecanismos de atração da comunidade masculina à atenção básica, como multirões em horários alternativos às jornadas de trabalho, são técnicas que aproximam o homem ao serviço de saúde e que podem ser mediadas pelo enfermeiro. É válido ressaltar que os pacientes com câncer de cabeça e pescoço são tratados prioritariamente em regime de quimiorradiação, o que faz com que estes assumam o maior índice de mucosite oral que, de acordo com Freitas et al. (2011), é induzida por drogas citotóxicas e principalmente pela radiação de cabeça e pescoço. Bonan et al. (2005) explicam que estes cânceres têm em comum o tratamento à base de radioterapia com campo de ação na cabeça e pescoço, o que expõe de forma importante a mucosa oral, levando às alterações orais, como xerostomia, alterações na gustação, disfagia e dor. Além disso, trabalho de Paula et al. (2012) releva a presença de proeminentes sintomas depressivos em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, com destaque para a disforia. Este dado é um fator recobrador da atenção de enfermagem sobre tais pacientes, em que a assistência deve se vislumbrar não apenas para o fisiológico, mas também ser vigilante no aspecto emocional. Os cânceres do trato gastrointestinal compõem o terceiro grupo de maior incidência nos pacientes com mucosite oral no Piauí. Andrews e Griffths (2001) afirmam que isto decorre do fato de o epitélio do trato gastrointestinal ter baixa diferenciação e alta taxa de replicação celular, tornando-se mais susceptível aos efeitos deletérios dos quimioterápicos, que por sua vez, representaram o tratamento 55 de escolha para estes cânceres neste trabalho. Maurício (2007) afirma que a mucosite oral é melhor definida como mucosite gastrointestinal, já que não se restringe só à cavidade oral, mas a toda a extensão do trato gastrointestinal. No tocante aos cânceres hematológicos, destacaram-se os linfomas em menor grau e as leucemias na forma linfóide e mielóide, com ênfase para a primeira, que corresponde a 80% de todas as leucemias (Ziegler et al., 2005). Em geral, as doenças malignas do sangue, como a leucemia e o linfoma, por causarem supressão da medula óssea, tendem a estar associadas às complicações bucais com frequência duas a três vezes maior do que em pacientes com tumores sólidos (SONIS; CLARCK, 1991). A mucosite oral é uma delas e, conforme Lino et al. (2011), é a principal causa de dor e infecções secundárias. Isto se dá pela imunossupressão e ainda pela aplasia e toxicidade medular causadas pelo tratamento quimioterápico, principalmente com agentes ciclo-específicos (RUTKAUSKAS; DAVIS, 1993). É relevante afirmar que a amostra deste trabalho foi composta por número razoável de crianças (Tabela 1) e estas são os principais alvos dos cânceres hematológicos, principalmente a leucemia linfóide aguda, que é considerado o mais comum tipo de câncer em pediatria, conforme estudos de Soares et al. (2011), Hespanhol (2010), Koppem, Hermans e Kaspers (2010) e Lopes e Mendes (2000). Diante da forte relação entre cânceres hematológicos, quimioterapia e mucosite oral, é de fundamental importância que o enfermeiro esteja atento aos primeiros sinais da afecção, bem como acompanhe a evolução hematológica do paciente a partir de leucogramas, intervenção também apontada no estudo de Costa, Silva e Macedo (2011). Em se tratando do público pediátrico, é mister que o enfermeiro implemente critérios mais precisos para detecção de sinais e sintomas e de avaliação objetiva e subjetiva da dor, além disso deve envolver a família no núcleo de atendimento, por ser a criança um ser de elevado débito de autocuidado. 5.2 Ocorrência de mucosite oral e fatores associados 5.2.1 Mucosite oral e tratamento oncológico Os dados apresentados podem ser corroborados com os estudos de Volpato (2007), Bellm et al. (2000), Epstein e Schubert (2003), Parulekar (1998), Adamietz et 56 al. (1998), em que foi atestada que a ocorrência da mucosite oral varia de 40 a 76% em pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica. Nos pacientes sob condicionamento para transplante de medula óssea esse valor pode chegar a 75%, em tratamento de radioterapia de cabeça e pescoço o percentual é em torno de 90% para desenvolvimento de algum grau de mucosite e quando o tratamento quimioterápico é associado à radioterapia esse valor pode atingir 90% dos participantes. A mucosite oral associada à terapia antineoplásica pode resultar em mielossupressão, citotoxicidade direta, supressão imunológica ou hiperreatividade (FRANCESCHINI; JUNG; AMANTE, 2003). Em relação à estratificação em graus, observou-se que a quimioterapia isolada predominou nos pacientes com as formas mais leves de mucosite, grau 0 a grau II, enquanto que a quimiorradiação foi preponderante nas formas severas, mucosites graus III e IV. Pelo número reduzido de pacientes em radioterapia isolada não se pode determinar um padrão de manifestação de mucosite associada a esta terapêutica neste estudo. Disto conclui-se que a quimioterapia isolada já produz uma séria toxicidade e uma soma de efeitos deletérios na mucosa gastrointestinal, sendo, portanto, o tratamento mais determinante das lesões. Dano que é potencializado quando à quimioterapia é adicionada a radioterapia. Estudo de Trotti et al. (2003) previu que praticamente todos os pacientes em regime de quimiorradiação desenvolverão mucosite, no entanto, cerca 34 a 43% apresentarão as formas mais severas (graus III e IV). Este dado é confirmado pela associação estatística encontrada neste trabalho entre a quimiorradiação e a determinação de graus mais graves de mucosite. Bonan et al. (2005) e Russo et al. (2008) defendem que a radioterapia associada à quimioterapia para tratamento de câncer é deveras tóxica para as células da mucosa oral, dificultando a deglutição, limitando a fala, além de expor o paciente às infecções por microorganismos oportunistas, resultando na diminuição da qualidade de vida. Assim, pode-se inferir que quanto mais exposta a mucosa oral for aos agentes antineoplásicos e à irradiação, maior a degradação de suas células basais e, consequentemente, mais evidente será a manifestação dos sinais e sintomas característicos dos graus mais acentuados de mucosite. Isto se dá, conforme Sonis (2004) e Scully, Epstein e Sonis (2003), pela renovação celular 57 diminuída induzida pela quimiorradiação nas camadas basais do epitélio, que se torna incapaz de alcançar a renovação adequada das células descamadas. Frente a estas conclusões pode-se traçar um perfil de susceptibilidade dos pacientes oncológicos à mucosite oral. É interessante que o enfermeiro na acolhida do paciente defina os critérios e as variáveis deletérias, a fim de estabelecer uma classificação de risco e priorizar a estes pacientes as medidas preventivas com maior intensidade. Embora o paciente em tratamento antineoplásico seja assistido em instituições de média a alta complexidade e não na atenção primária, é responsabilidade do enfermeiro oferecer um programa de cuidados preventivos e não somente ações curativas e de caráter puramente hospitalocêntrico. 5.2.2 Mucosite oral e quimioterapia A quimioterapia tem como objetivo principal a destruição de células malignas, preservando as normais, embora se saiba que parte dos quimioterápicos tenha também afinidade por células sadias, principalmente as de alto poder de replicação, como as da mucosa gastrointestinal. Apesar do avanço da biotecnologia em produzir quimioterápicos mais seletivos e haja incentivo ao uso de mecanismos de liberação controlada ou de citoproteção, ainda são muitos os efeitos colaterais resultantes da quimioterapia, como a mucosite oral (ALMEIDA et al., 2005). Neste estudo observou-se o predomínio da classe dos alquilantes nas prescrições como um todo e também nas dos pacientes com mucosite grave. Estes quimioterápicos tem o mecanismo de ação baseado na alquilação, em que agentes alquilantes formam ligações cruzadas com os filamentos de DNA, em troca de um átomo de hidrogênio. Esta reação impede a replicação do DNA e produz a toxicidade pela reação cruzada. Os alquilantes afetam as células em todas as fases do ciclo celular de modo inespecífico (DIMOPOULOS et al., 2007). Os principais agentes encontrados nas prescrições foram os derivados da platina (cisplatina, carboplatina, oxaliplatina), a mostarda nitrogenada, a ciclofosfamida, ifosfamida e o bussulfano. Os dados supracitados corroboram com o estudo de Fernandi e Ferreira (2009) que aponta que os agentes alquilantes são indutores de mucosite e estomatite causando dor e ulcerações, principalmente as mostardas nitrogenadas. Já nos trabalhos de Santos et al. (2011) e Kelner e Castro (2007) o foco é dado à 58 cisplatina e a seu análogo, a carboplatina, que, quando associadas à radioterapia concomitante, determinaram mucosite graus 1 e 2 entre a 3ª e a 6ª semana de tratamento. Epstein e Shubert (2003) reiteram que o uso da cisplatina durante a radioterapia atua como um potente radiossensibilizador, fomentando o ataque às células tumorais a custa de uma maior estomatotoxicidade. Bueno et al. (2008) apontam o incremento dos risco de mucosite nas formas mais severas quando da combinação de ciclosfofasmida com o bussulfano. Seguido dos alquilantes, aparecem como mais incidentes os antimetabólicos, que, conforme Oliveira e Alves (2002), se restringem à fase S do ciclo celular, bloqueando a síntese do DNA. Os antimetabólicos mais prescritos foram os antagonistas das pirimidinas (fluorouracil, citarabina), os análogos do ácido fólico (metrotexate e premetexede) e o análogo das purinas (gencitabina). Os achados concordam com a literatura, conforme trabalho de Munaretto (2011), que em estudo experimenal observou a indução de mucosite oral em ratos pelo metrotexate. Enquanto Boca et al. (1999) citam que as lesões orais são mais determinadas por metrotexate, porque este provoca um dos efeitos mais pronunciados de estomatotoxicidade. Scully e Epstein (1996) estima ocorrência de mais de 40% de mucosite oral em pacientes em quimioterapia com fluorouracil e metrotexate. Köstler et al. (2001) e Burt et al. (1998) destacaram o fluoracil, metrotexate e citarabina entre as principais drogas desencadeantes de mucosite oral. Sanches Júnior et al. (2010) explica que a mucosite oral associada fluorouracil se relaciona com a sua administração continua, sendo menos observada em administrações em bolus. Este último dado é de extrema relevância para a prática clínica do enfermeiro, que, segundo Resolução 210/98 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN, 1998), deve elaborar protocolos terapêuticos de enfermagem, a fim de minimizar os efeitos colaterais do tratamento quimioterápico antineoplásico. Isto engloba desde as ações preventivas básicas até o posicionamento frente à administração de quimioterápicos, conforme suas características de farmacocinética e farmacodinâmica. É importante frisar que fica vedado, conforme esta resolução, a administração de quimioterápicos por profissionais de enfermagem de nível médio, técnicos e/ou auxiliares, ficando a cargo do enfermeiro esta função, facultando-se a este profissional apenas o preparo dos quimioterápicos, conforme Resolução 257/01 (COFEN, 2001). Estas resoluções reiteram a autonomia do enfermeiro e vem no 59 sentido de minimizar iatrogenias e preservar a segurança e o bem estar do paciente oncológico. Os inibidores mitóticos ou produtos naturais ciclo-celular específicos surgem como o terceiro grupo de quimioterápicos mais incidentes neste trabalho. Estas drogas, geralmente não-sintéticas, atuam sobre a proteína tubulina, paralisando a mitose na metáfase, impedindo a migração de cromossomos e, consequentemente a divisão celular (INCA, 2012). Os inibidores mais prescritos foram os alcalóides da vinca rósea (vincristina e vimblastina), os derivados da podofilotoxina (etoposídeo) e derivado do teixo ocidental (taxol). Confrontando os dados com trabalhos na mesma temática, sumarizou-se que Pico, Ávila-Garavito e Naccachic (1998) consideram que altas doses de etoposídeo causam as mais severas formas de mucosite. Leal et al. (2009) encontraram em seu estudo percentual de 16% de incidência de mucosite em pacientes com câncer de mama tratadas com etoposídeo, independente da forma da administração do fármaco, se fracionada ou única. Burt et al. (1998) também citam a vincristina e vimblastina como drogas importantes na fisiopatologia da mucosite oral. Pinho et al. (2010) citam entre os fármacos com alto potencial indutor de mucosite os taxol e o sulfato de vincristina e a vimblastina. Em um menor percentual na amostra, observaram-se os antibióticos antitumorais e outros agentes. Os primeiros possuem uma estrutura química variada, que facilita a liberação de radicais livres reativos e não atuam especificamente sobre uma fase do ciclo celular. Os outros agentes são drogas que não podem ser agrupadas em uma determinada classe de ação farmacológica (INCA, 2012). Os antibióticos antitumorais mais recorrentes foram a epirrubicina e doxorrubicina, que inibem a função do DNA por intercalação. Já da classe de outros agentes, estava a asparaginase, muito utilizada no tratamento da leucemia linfoblástica aguda e cuja ação é hidrolizar a L-asparagina. Embora se apresentando com uma incidência de pouco destaque neste trabalho, de acordo com Barasch et al. (2006), os antibióticos antitumorais, aparecem juntamente com os antimetabólicos e inibidores mitóticos, como os agentes com maior potencial estomatotóxico. Volpato et al. (2007) e Ingraci et al. (2004) citam a doxorrubicina associada à mucosite em seus trabalhos. No entanto, não se observou na literatura intercessão entre mucosite oral e uso de asparaginase. 60 Este perfil de quimioterápicos indutores de citotoxicidade é importante para que se delineie um padrão de ocorrência de mucosite oral, no entanto, é imprescindível entender que, independente do fármaco, todos os pacientes estão susceptíveis à mucosite, por conta do mecanismo indireto da ação destas drogas na medula óssea. Von Bultzingslowen et al. (2006) e Pinho et al. (2010) afirmam que a estomatotoxicidade indireta é mediada pela supressão da resposta imunológica no período do nadir do tratamento, onde o número de granulócitos e plaquetas está suprimido. Além disso, é relevante ressaltar que a mucosite oral adquire um grau maior de severidade não só de acordo com o quimioterápico, mas também conforme o volume da dose, do tempo e da forma de administração (Epstein et al. 1992; Burt et al.1998). Assim, é importante que o enfermeiro norteie suas condutas preventivas não somente baseado em estatísticas epidemiológicas, mas com ênfase em um padrão de cuidado que envolva todos os pacientes submetidos ao tratamento oncológico em busca dos primeiros sinais de degradação da mucosa, visto que assim como o câncer, a melhor forma de combate à mucosite oral é a prevenção. 5.2.3 Mucosite oral e a interferência no tratamento oncológico Estudo de Sonis (2004) corrobora com o resultado deste trabalho acerca da interferência da mucosite na continuidade do tratamento oncológico, ao explicar que a ulceração provocada pela mucosite grave leva à dor, hemorragias, limitação da comunicação e do paladar e à desnutrição e desidratação, determinando um estado de anorexia, contribuindo para um comprometimento oral e sistêmico do paciente e à interrupção do tratamento. Silverman (2007) adverte que a mucosite é um dos principais motivos da descontinuidade do tratamento de pacientes em terapêutica para câncer de cabeça e pescoço, visto que provoca dor, causa desnutrição por restrição da dieta e susceptível às infecções secundárias, fomentando a morbimortabilidade do paciente oncológico. Gonçalves (2001) concluiu em estudo retro-prospectivo que a mucosite grave, graus 3 e 4, resultou em 25% de interrupção do tratamento antineoplásico. Bechard et al. (2002) afirma que a mucosite representa fator problema para sepse em pacientes neutropênicos, aumentando quatro vezes o risco relativo para tal infecção. Cheng et al. (2001) complementa que a mucosite oral influencia negativamente no índice de remissão da doença e sobrevida dos pacientes. Bonan 61 et al. (2005), corroborando com esta idéia, relatam que a mucosite, por interferir no tratamento oncológico, aumenta o risco de proliferação das células tumorais e dificulta o controle do câncer. Estudo de Sonis et al. (2004) constata que em pacientes com mucosite grave (graus 3 e 4), 35% terão o ciclo subsequente de quimioterapia atrasado, para 60% a dose de quimioterápicos será reduzida e em 30% o tratamento deverá ser interrompido. Além disso, nestes graus de mucosite, 70% dos pacientes necessitarão de cateterismo nasogástrico para gavagem e 62% serão internados para tratamento da afecção. Esta última conclusão é o fator mais impactante para os sistemas de saúde. A mucosite, à medida que possibilita o prolongamento dos dias de internação, potencializa os custos com medicamentos de suporte, como opióides, antiinflamatórios, antibióticos e materiais de consumo, conforme afirma Stiff (2001). Sabe-se que a despeito da gravidade da mucosite, sua evolução pode ser debelada a partir da prática de cuidados fundamentais, como a higiene oral (POROCK; NIKOLETTI; CAMERON, 2004). A mudança de atitude por parte dos profissionais, que devem se voltar para a educação em saúde dos pacientes acometidos e vulneráveis, é imprescindível. Neste ensejo, cabe ao enfermeiro a supervisão e o planejamento dos cuidados orais, atrelado à educação e participação do paciente. A aquisição desta postura é benéfica ao paciente e aos sistemas de saúde, que lucram mutuamente com a minimização de agravos e reinternações. O indivíduo em terapêutica antineoplásica vive um constante mecanismo de retroalimentação, em que a energia movimentada é a do seu próprio corpo. Os tratamentos antitumorais destroem células malignas, devolvendo vida ao paciente, no entanto, para isto degradam também células normais e deprimem o sistema hematológico, deixando o paciente novamente vulnerável, só que desta vez não ao câncer, mas aos microorganismos oportunistas. O equilíbrio entre o extermínio do câncer e a manutenção da qualidade de vida é um desafio para a ciência e para indústria farmacológica e o conviver com este conflito, proporcionando as melhores medidas de enfrentamento, é papel do enfermeiro, a partir da otimização do cuidado genuíno e humanizado. 5.2.4 Mucosite oral e a assistência de enfermagem 62 Ao analisar os dados apresentados na Tabela 09, observa-se que independente da gravidade da mucosite ou do tipo de serviço pesquisado, a expressão do enfermeiro, enquanto profissional interventor e mediador do cuidado, ainda é insuficiente. Fato preocupante, quando se pensa que a fragilidade na representatividade do enfermeiro inviabiliza o processo de enfermagem em oncologia, já que longe do paradigma da sistematização, a delimitação de indicadores e avaliação de resultados que norteiem a melhoria da assistência fica impossibilitada. Segundo as concepções de Barros (2009), a análise da eficácia, efetividade e eficiência do cuidado é precípua para a tomada de decisões. O processo de enfermagem deve ser apoiado num referencial metodológico e em um modelo científico, de modo a sistematizar ações do enfermeiro para que metas e resultados possam ser alcançados. Albuquerque e Camargo (2007) concluíram em revisão sistemática sobre o assunto que o enfermeiro tem a possibilidade de melhorar a qualidade de vida do paciente com mucosite oral a partir de estratégias de educação permanente, implementação de programas de cuidados e higiene orais, orientando no manejo da dor e definindo condutas preventivas e terapêuticas. Entretanto, pesquisa com cuidadores de crianças com câncer, realizada por Barbosa, Ribeiro e Caldo-Teixeira (2010), revela que apenas 21,4% destes recebiam orientações de cuidados do pessoal de enfermagem. Os autores ainda concluíram com o estudo que 78,94% da equipe desconhecia um protocolo de autocuidado em saúde oral ao paciente hospitalizado e reforça a fragmentação da assistência prestada pelos técnicos de enfermagem, relacionando à falta de conhecimentos específicos, insegurança ou mesmo ausência do pensar na integralidade do paciente. O mesmo não se observa quando se aborda enfermeiros. Entendendo a importância do enfermeiro como peça-chave na execução e sistematização do cuidado, deve-se determinar a viabilização das competências, habilidades e atitudes frente ao atendimento ao paciente oncológico para delimitação do processo de enfermagem. Para isto é fundamental que o enfermeiro baseie-se na literatura codificada da profissão, NANDA, NIC e NOC, a fim de estabelecer diagnósticos e condutas, com vistas a atingir um resultado que culmine no bem-estar do paciente. 63 Como ponto de partida do processo de enfermagem, a consulta deve se organizar pela anamnese e exame físico geral e específico, entendendo a multidimensionalidade do ser cuidado. Portanto, o histórico de enfermagem do paciente oncológico não deve ser realizado sob a óptica do câncer, mas considerando a integralidade do sujeito. Em se tratando de diagnóstico de enfermagem para pacientes com mucosite oral, a NANDA elenca “Mucosa Oral Prejudicada” e, como fatores relacionados a este, cita radiação na cabeça e pescoço e o uso de antineoplásicos. Considerando que o resultado esperado, conforme NOC, é a integridade tissular de pele e mucosas e higiene oral, deve-se sistematizar ações de enfermagem que viabilizem tais indicadores de sucesso da assistência (CARPENITO-MOYET, 2008). Dentro das intervenções de enfermagem, propostas por NIC, referentes a este diagnóstico, pode-se destacar: realizar, supervisionar e ensinar cuidados corretos de higiene oral; incentivar o uso de soluções oxidantes enxaguantes no combate ao muco, evitando uso prolongado; lubrificar lábios e mucosas periodicamente; evitar uso de próteses dentárias; inspecionar a cavidade oral pelo menos três vezes ao dia; desencorajar o consumo de alimentos cítricos e condimentados; fomentar a ingesta hídrica; consultar médico ou enfermeiro especializado sobre soluções orais para alívio da dor; envolver a família no atendimento, orientando sobre os fatores que contribuem para a estomatite (CARPENITO-MOYET, 2008). Diante destas orientações, pode-se perceber que condutas simples e de fácil adesão são capazes de melhorar consubstancialmente a qualidade de vida do paciente oncológico. Para isto, no entanto, é necessário empatia, proatividade e emancipação por parte do enfermeiro, que deve persistir na luta contra as amarras da burocratização e exercer sua função maior, que é o cuidado legítimo. A carência de educação em saúde em enfermagem dificulta o vínculo da cadeia multiprofissional do cuidado, com o consequente isolamento do enfermeiro na tomada de decisões clínicas (ARAUJO et al., 2012). 5.2.5 Mucosite oral e seus tratamentos específicos 64 Como se pode observar pelos achados, o tratamento para mucosite oral é essencialmente de suporte com o objetivo de atenuar sintomas, proporcionar alívio da dor e evitar complicações. Entender a fisiopatologia da mucosite é importante, visto que, segundo Stiff (2001), sua etiologia é multifatorial devendo ser planejada uma terapêutica combinada que maximize a resolubilidade do tratamento. O antifúngico nistatina e o digluconato de clorexidina, um antimicrobiano e antifúngico de largo espectro, foram os achados mais significativos nas prescrições dos pacientes pesquisados. Resultados que coincidem com a literatura consultada, embora estudos tenham posicionamentos controversos acerca da indicação das duas terapêuticas. Wright et al. (2003) enfatiza que os bochechos com nistatina são recomendados na prevenção e tratamento contra fungos, devendo seu uso ser iniciado previamente à terapêutica antineoplásica. Estudo de Santos e Magalhães (2006) que avaliou a gravidade da mucosite oral em indivíduos transplantados de medula óssea, previamente submetidos à adequação oral com nistatina e outros agentes, concluiu que o cuidado reduziu a severidade da mucosite oral. Entretanto, Epstein et al. (1992), em estudo com pacientes submetidos à quimioterapia com mucosite, concluiu que a nistatina não demonstrou nenhum efeito profilático na colonização oral por Candida e observou complicações de seu uso, tais como náuseas e vômitos. O que não ocorreu com a clorexidina, embora a mesma não tenha tido expressiva resolutividade sobre as lesões. Farias, Buffon e Cini (2003) atestaram a superioridade da clorexidina 0,2% sobre a nistatina no combate antifúngico em cepas de levedura in vitro coletadas de ulcerações de mucosite oral. No tocante à clorexidina, a divergência se repete. Autores como Labbate, Lehn, Denardin (2003) dissertam que o antimicrobiano propiciaria a recuperação da mucosa, redução da ulceração e diminuição da infecção secundária. Soares et al. (2011), avaliando a morbidade de crianças com leucemia linfoblástica aguda, sugeriu que a profilaxia com clorexidina 0,12% reduziu a frequência de mucosite oral. Porém, outras correntes apontam que o digluconato de clorexidina apresentou pouco efeito naqueles pacientes que receberam radiação em altas doses (FOOTE et al., 1994) e no consenso da International Society of Oral Oncology (ISOO) existe o posicionamento contra a utilização deste produto na prevenção e no tratamento da mucosite (NEVILLE et al., 2004). Em revisão sistemática, Pinho et al. (2010), considerou os estudos sobre o uso da clorexidina inconsistentes e que, embora a 65 droga seja um antimicrobiano potente, os achados na redução da mucosite são insipientes. Em relação aos demais agentes prescritos e que são coincidentes com o que a literatura preconiza, destaca-se o bochecho com bicarbonato de sódio ou sal de bicarbonato que, conforme estudo de Dodd, Miaskowski e Lee (2004), vem demonstrando eficácia comparável ao peróxido de hidrogênio, por criar um ambiente alcalino, interferindo na multiplicação microbiana. Além deste, observou-se a recomendação de enxágues bucais à base de fluoreto de sódio, indicados para pacientes com alto risco para mucosite, segundo concepções de Peterson e Sonis (2004), e suspensão de hidróxido de alumínio, que protegem a mucosa, formando uma camada com efeito analgésico, tal como cita Perez (1999). O laser de baixa intensidade, como de Hélio-Neônio (632,8nm, 60mW, 2J/cm2) e de diodo (Ga-Ar-Al), foi outra conduta adotada para os pacientes com mucosite oral avaliados. Sua ação baseia-se na interação da luz com o tecido podendo promover efeitos analgésicos, antiinflamatórios, antiedematosos e cicatrizantes, pela ativação da microcirculação local, angiogênese, aumento da atividade fibroblástica, estimulação de linfócitos e mastócitos, redução de edema, dentre outras ações. Esses efeitos podem levar a uma aceleração no processo de cicatrização da mucosite pela redução na duração da inflamação aguda e ainda à redução da dor, já na primeira aplicação. Acredita-se que esse fato acontece pela liberação de ß-endorfina, nas terminações nervosas da úlcera, ao mesmo tempo em que promove a bioestimulação dos tecidos (GAMBIRAZI, 2007; RIBEIRO; ZEZELL, 2004; GENOVESE, 2000). A maior vantagem do laser é a sua alta ação preventiva da mucosite oral, além disso a técnica é não-invasiva e atraumática, o que o torna a principal ferramenta contra esta afecção. Trabalhos na temática são concordantes sobre a indicação do laser, como o de Sandoval et al. (2003), que o aplicou em pacientes com lesões secundárias a tratamento quimioterápico e/ou radioterápico, observando que em 66,6% dos casos houve o alívio da dor já na primeira aplicação, em 42,85% dos participantes ocorreu regressão da mucosite grau III e em 75% houve redução dos sintomas de mucosite grau IV. Lopes, Mas e Zângaro (2006) ao associar o laser à radioterapia em um grupo teste, observou redução significativa da incidência da mucosite oral, quando comparado ao grupo controle, que não utilizou o laser. Revisão sistemática de Worthington, Clarkson e Eden (2006) com 131 estudos 66 randomizados, envolvendo 10.514 participantes, cita o laser de baixa intensidade entre as 10 intervenções com maior evidência estatisticamente significativa na prevenção ou redução da mucosite. Gondim, Gomes e Firmino (2010) consideraram, em seu trabalho, o laser de baixa potência como a terapêutica de maior destaque para a mucosite. Pelos achados constata-se que o laser é um aliado ao paciente com mucosite, no entanto, o que se observou nos locais de estudo pesquisados foi uma baixa utilização desta terapêutica, em grande parte justificada pelos custos da aquisição do aparelho. Atrelado a isso, o SUS ainda não inclui, pelo menos a nível de Piauí, esta conduta em sua tabela de procedimentos. O que leva à reflexão sobre a real preocupação dos gestores com a promoção da saúde e prevenção de agravos, já que o uso de técnicas de alta eficácia, como a laserterapia, isoladamente, são capazes de reduzir gastos com internações, medicamentos paliativos e acima de tudo fomentar a qualidade de vida do paciente oncológico. A prática da crioterapia e o uso de anestésicos tópicos, como a lidocína, são intervenções de ação rápida, porém pouco duradoura. No entanto, estudos sobre estas condutas atestam eficácia de ambas no alívio da dor. Rocke et al. (1993), em estudo randomizado com 178 pacientes para averiguar a eficácia da crioterapia concomitante à quimioterapia, constatou que a incidência de mucosite oral foi menor no grupo teste, que utilizou o gelo durante a infusão do quimioterápico. A utilização deste mecanismo é simples e isento de efeitos adversos, apresentando bons resultados (SANTOS et al., 2009). Por sua vez, os anestésicos tópicos foram recomendados, nos estudos pesquisados (SONIS, 2004; EPSTEIN; SCHUBERT, 1993), com o objetivo de minimizar a dor temporariamente, em casos de mucosite leve (graus 0, 1 e 2) e com aplicação na apresentação viscosa da lidocaína ou da benzocaína 20%. Pesquisa de Braun et al. (2002), entretanto, alerta sobre a sensação de dormência causada por estes agentes, influenciando na redução da percepção gustativa e térmica. Independente da terapêutica prescrita, o que se vivenciou durante a coleta de dados, foi uma corrente de cuidados precipuamente curativos. O investimento em educação continuada com o incentivo aos bons hábitos de higiene oral, discutidos, na literatura respaldada sobre o tema (PINHO et al., 2010; BARBOSA; RIBEIRO; CALDO-TEIXEIRA, 2010; GONDIM; GOMES; FIRMINO, 2010; VIEIRA, LOPES, 2006), como a melhor forma de prevenção dos agravos orais, parecem estar 67 solapados pela fragilidade de um sistema cada vez mais burocratizado, capitalista, que demanda uma sobrecarga de trabalho em troca de uma baixa remuneração. Atrelado a isso, a carência de influências teórico-sociais na formação do enfermeiro favorece a prática de um cuidado superficial, limitante e que não consegue desvencilhar as imposições do modelo hospitalocêntrico e curativa, desconstruindo o delineamento de cuidado científico e humanizado. 5.2.6 Mucosite oral e outras manifestações associadas Em relação às manifestações relacionadas ao tratamento oncológico concomitantes com a mucosite oral, apresentadas pelos participantes, pode-se atestar a discrepância entre a incidência de manifestações gastrointestinais e os demais distúrbios. Este fato é justificado pelo que já vendo sendo discutido durante toda esta análise. O tratamento antineoplásico atinge, além das células tumorais, aqueles tecidos que possuem uma maior taxa de replicação e menor diferenciação. A mucosa do trato gastrointestinal por possuir tais características é, portanto, que seja uma das mais atingidas. O INCA (2012) prevê a ocorrência destas manifestações em uma temporalidade que vai de precoce (0 a 3 dias) a imediatos (7 a 21 dias), após a exposição ao tratamento. As demais manifestações tem incidência similar e, conforme a mesma fonte do INCA, tendem a surgir como efeitos de médio a longo prazo, a contar da exposição ao tratamento oncológico. A nomenclatura especializada os considera como tardios (meses) ou ultra-tardios (meses ou anos) (INCA, 2012). Único achado não concordante com a literatura pesquisada foi a incidência do sintoma de dor, que neste estudo, atingiu, felizmente, baixa relevância entre as queixas dos pacientes. Esta discordância é observada ao considerar trabalhos como o de Carvalho, Pereira Júnior e Negreiros (2009), que dissertam que a dor é uma das maiores causas de incapacidade e sofrimento para pacientes com câncer e que 80% destes experimentarão algum tipo de dor durante o tratamento ou em decorrência dele. Pimenta e Cruz (1994) concluíram que a dor provocou alteração de todos os padröes de resposta humana nos pacientes com câncer, avaliados em seu estudo, denotando-se que a dor atrelada à doença oncológica promove não só alterações fisiológicas, mas de cunho social e afetivo dos indivíduos e, por isso, 68 demanda uma rede de cuidados de enfermagem estruturada para suprir as necessidades físicas e espirituais do ser vivendo com câncer. 6 CONCLUSÕES 69 O perfil sociodemográfico dos pacientes oncológicos com mucosite oral revelou uma maioria do sexo feminino na faixa etária de 19 a 59 anos com até 11 anos de estudo e prevalente de até um salário mínimo. Os pacientes eram principalmente atendidos pela rede pública, ou seja, pelo SUS, com assistência predominante do tipo ambulatorial. Quanto ao tratamento oncológico de escolha, a quimioterapia isolada apresentou a maior incidência (69,2%) e os cânceres mais observados nos pacientes com mucosite eram os da região da cabeça e pescoço (19%). Atestou-se ainda que a quimiorradiação foi a responsável por determinar os maiores graus de mucosite e, portanto, maior debilidade ao paciente. As formas graves de mucosite também relacionaram-se à administração de quimioterápicos, principalmente, da classe dos alquilantes (46,7%). Em decorrência de complicações da mucosite oral, 8,0% dos participantes tiveram seus tratamentos oncológicos interrompidos. No tocante às intervenções de enfermagem, observou-se a execução apenas da administração de quimioterápicos. A consulta de enfermagem era realizada com um histórico fragmentado e voltado para o câncer. Somente 25,3% dos participantes ou cuidadores relevaram ter recebido orientações de enfermeiros durante o tratamento e a taxa de incidência destas condutas de enfermagem no serviço público e privado foram praticamente equivalentes e igualmente incipientes, 26,1% e 24,1%, respectivamente. Como tratamento para mucosite oral, o bochecho com suspensão de nistatina (46,9%) era prioritariamente prescrito. As terapêuticas eram de cunho paliativo, não sendo observadas intervenções de natureza preventiva. Os sintomas outros apresentados pelos pacientes com câncer eram majoritariamente os distúrbios gastrointestinais (73,0%) e a despeito do que se esperava o sintoma de dor só foi reportado por 7,0% dos participantes. Entre as limitações deste trabalho, pode-se destacar a incompletude de anotações nos prontuários dos pacientes, como a subnotificação de sintomas ou prescrições ilegíveis, quando estas não eram digitalizadas. Além disso, dificuldade de abertura ao diálogo por parte de alguns pacientes, que demonstravam introspectividade e insegurança, em parte relacionadas às particularidades e gravidade de seus quadros clínicos. Desvencilhar esses obstáculos, utilizando 70 recursos de entrevista, como a criação de um setting que proporcionasse acolhimento e autonomia ao sujeito pesquisado, foi o maior desafio durante a aquisição dos dados e uma experiência de caráter extremamente engrandecedor. Foi possível a partir daí observar lacunas deixadas por este trabalho, eminentemente quantitativo, em que o sentimento e as impressões do indivíduo não foram contemplados nos resultados. A necessidade de um posterior estudo que aborde tais aspectos e que traga o aspecto qualitativo da temática é relevante. Reavaliando as implicações para a enfermagem na assistência ao paciente com mucosite oral, observam-se inúmeros pontos nos quais a enfermagem é capaz de atuar causando um impacto renovador, principalmente, no tocante à prevenção. Entender o perfil do paciente susceptível, os principais fatores etiológicos e as condutas preventivas e terapêuticas da mucosite é a primeira atitude para que o enfermeiro estabeleça um plano de cuidados que tenha como meta a qualidade de vida do paciente com câncer. Como forma de fundamentar a cientificidade e a qualidade de sua assistência, este profissional deve embasar sua prática nos preceitos do processo de enfermagem e nas teorias concernentes. O paciente oncológico deve receber um cuidado que contemple suas características ímpares, que seja fortalecedora da alma e que não só supra suas necessidades de natureza fisiológica. Considerando-se o escopo das intervenções de enfermagem, objetiva-se com os resultados deste estudo: Expor os dados ao corpo clínico dos de serviços de assistência oncológica do estado do Piauí; Elaborar um plano de cuidados orais em forma de cartilha com linguagem acessível que se destine aos pacientes oncológicos; Implementar exposições em forma de vídeo com orientações de escovação dos dentes e saúde oral com linguagem lúdica voltada ao público infantil. De maneira universal, o enfermeiro que convive com pacientes oncológicos em sua prática poderá: Instituir protocolos baseados em evidências clínicas que oriente as melhores práticas no manejo do paciente com mucosite oral; Incentivar a inspeção da cavidade oral rotineiramente, como parte do exame físico completo; 71 Utilizar critérios que apontem o paciente como potencial risco de desenvolver mucosite oral, como uso de quimiorradiação, câncer de cabeça e pescoço e hematológicos, uso de alquilantes e a partir daí intensificar a prevenção e aplicar periodicamente instrumentos de avaliação da mucosite oral para detectar precocemente o início das lesões; Elaborar protocolo terapêutico com a delimitação das drogas mais estomatotóxicas e na vigência destas, estabelecer plano de prevenção, como intensificação da higiene oral, uso de crioterapia, uso de antissépticos orais antes e após o início do tratamento; Orientar dietas menos iritativas e fomentar a ingesta hídrica aos pacientes com lesões; Independente da natureza das intervenções prescritas, o enfermeiro deve embasar suas decisões em estudos de alto respaldo científico capazes de confiabilizá-lo e reorientar sua prática, em busca de um sustentáculo profissional. REFERÊNCIAS 72 ALBUQUERQUE, I. L. de S.; CAMARGO, T. C. Prevenção e tratamento da mucosite oral induzida por radioterapia: revisão de literatura. Revista Brasileira de Cancerologia, v.53, n.2, p.195-209, 2007. ALMEIDA, V. L. et al. Câncer e agentes antineoplásicos ciclo-celular específicos e ciclo-celular não específicos que interagem com o dna: uma introdução. Quim. Nova, v. 28, n.1, p.118-129, 2005. ALVARENGA, L. de M. Avaliação epidemiológica de pacientes com câncer de cabeça e pescoço em um hospital universitário do noroeste do estado de São Paulo. Rev Bras Otorrinolaringol, v.74, n.1, p.68-73, 2008. ANDRADE, J. S.; VIEIRA, M. J. .Prática assistencial de enfermagem: problemas, perspectivas e necessidade de sistematização. Rev Bras Enferm, v.58, n.3, p.2615, 2005. ANDRADRE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2003. ADAMIETZ, I. A. et al. Prophylaxis with povidone-iodine against induction of oral mucositis by radiochemotherapy. Support Care Cancer, v.6, n.1, p.373-7, 1998. AMANTE, C. J. Estudo da relação entre o grau de mucosite da cavidade oral e os quimioterápicos utilizados para o tratamento das crianças portadoras de leucemia linfoblástica aguda, na faixa etária de 01 a 15 anos. USC, 1995. Dissertação (Mestrado em Odontologia). Universidade de Santa Catarina, Florianópolis, 1995. ANDREWS, N.; GRIFFITHS, C. Dental complications of head and neck radiotherapy: Part 1. J. Austr. Dent., v. 46, n.2, p.88-94, 2001. ANTUNIASSI, A. R. Ocorrência e grau de severidade da mucosite oral em relação ao fluxo salivar de pacientes sob quimioterapia. USP, 2005. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Odontologia, Universidade de São Paulo, 2005. ARAÚJO, S.N.M.; LUZ, M.H.B.A.; SILVA, G.R.F. O cuidado ao paciente oncológico à luz da teoria transpessoal de Jean Watson. In: SILVA, G.R.F. ; LUZ, M.H.B.A. Bases teóricas e filosóficas em enfermagem: contribuições para as políticas e práticas sócio-educativas do cuidar. EDUFPI: Teresina, 2013(PRELO). ARAÚJO, S.N.M. et al. Obesidade infantil: conhecimentos e práticas de enfermeiros da Atenção Básica. Enfermagem em Foco, v.3, n.3, p.139-142, 2012. ARES, C. A.; ESCOLAR, P. A.; SÁINZ, V. B. Delay in the diagnosis of malignant tumors (breast, larynx, bladder): Retraso en el diagnóstico de tumores malignos (mama, laringe y vejiga). Rev Clin Esp, v.195, n.12, p.825-9, 1995. ARIÈS, P. A história da morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos dias. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977. 73 BARASCH, A. et al. Antimicrobials, mucosal coating agents,anesthetics, analgesics, and nutritional supplements for alimentary tract mucositis. Support Care Cancer, v.14, p.528-532, 2006. BARBETA, P. A. Estatística aplicada às ciências sociais. 5. ed. Florianópolis: UFSC, 2002. BARBOSA, A. M.; RIBEIRO, D. M.; CALSO-TEIXEIRA, A. S.Conhecimentos e práticas em saúde oral com crianças hospitalizadas com câncer Ciência & Saúde Coletiva, v.15, supl. 1, p.1113-1122, 2010. BARROS, A. L. B. L. de. Classificações de diagnóstico e intervenção de enfermagem: NANDA-NIC. Acta Paul Enferm, v.22,Especial - 70 anos, p.864-7, 2009. BECHARD, L. J. et al. Nutrition Suport Care. In: PIZZO, P. A.; POPLACK, D. G. Principles and practice of pediatric oncology. Philadelphia: Lippincot Williams & Wilkins,2002, p.1285-300. BELLM, L. A. et al. Patient reports of complications of bone marrow transplantation. Suport Care Cancer, v.8, n. 1, p. 33-9, 2000. BITTENCOURT, R.; SCALETZKY, A. BOEHL, J. A. R. Perfil epidemiológico do cancer na rede pública em Porto Alegre(RS). Revista Brasileira de Cancerologia, v.50, n.2, p.95-101, 2004. BOCCA, M. et al. Management odontotosmatologico in pazienti com emopatie maligne in attesa di trapianto de midollo. Minerva Stomatol, v.48, n.12, p.615-19, 1999. BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis (RJ): Vozes; 2002. BONAN, P. R. F. et al. Aspectos clínicos, biológicos, histopatológicos e tratamentos propostos para a mucosite oral induzida por radioterapia: revisão da literatura. Revista Brasileira de Cancerologia, v.51, n.3, p.235-242, 2005. BORGES, A. D. V. S. Percepção da morte pelo paciente oncológico ao Longo do desenvolvimento. Psicologia em Estudo, v. 11, n. 2, p. 361-369, 2006. BORGES, D. M. de L. et al. Mortalidade por câncer de boca e condição sócio-econômica no Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,v. 25, n.2, p.321-327, 2009. BUENO, N. D. et al. Bussulfano e melfalano como regime de condicionamento para o transplante autogênico de células-tronco hematopoéticas na leucemia mielóide aguda em primeira remissão completa. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., v. 30, n. 5, p.352-8, 2008 . 74 BURT, R. et al. Bone marrow transplantation. Seattle: RG Landes Company, cap.11, 1998. BRASIL. Resolução n. 196/96. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Conselho Nacional de Saúde. Brasília, 1996. ______. Portaria GM/MS nº 3.535/98. Estabelece critérios para cadastramento de centros de atendimento em oncologia. Ministério Da Saúde. Brasília, setembro de 1998. ______. Ministério Da Saúde. Política nacional de atenção integral à saúde do homem: Princípios e Diretrizes. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento De Ações Programáticas Estratégicas. Brasília, agosto de 2008. BRAUN, S. et al. Nrf2 transcription factor, a novel target of keratinocyte growth factor action which regulates gene expression and inflammation in the healing skin wound. Mol Cell Biol, v.22, n.15, p.5492-505, 2002. CAIELLI, C.; MARTHA, P. M.; DIB, L. Sequelas orais da radioterapia: atuação da odontologia na prevenção e tratamento. Revista Brasileira de Cancerologia, v.41, n.4, p.231-241, 1995. CALAZAN, C.; LUIZ, R. R.; FERREIRA, I. O diagnóstico do câncer do colo uterino invasor em um centro de referência brasileiro: tendência temporal e principais fatores relacionados. Revista Brasileira de Cancerologia, v.54, n.4, p.325-331, 2008. CAMPOS, J. L. G. C.; CHAGAS, J. F. de S.; MAGNA, L. A. Fatores de atraso no diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço e sua relação com sobrevida e qualidade de vida. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 36, n. 2, p. 65-68, 2007. CARPENITO-MOYET, L. J. Manual de diagnósticos de enfermagem. 11ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. CARVALHO, P. A. G. de; PEREIRA JÚNIOR, A. J. A.; NEGREIROS, W. A. de. Avaliação da dor causada pela mucosite oral em pacientes Oncológicos. Rev Dor, v.10, n.1, p.47-50, 2009. CHAIEB, J. A.; CASTELLAARIN, C. Associação tabagismo-alcoolismo: introdução às grandes dependências humanas. Rev Saúde Pública, v.32, n.3, p.246-54, 1998. CHENG, K. K. F. et al. Evaluation of an oral care protocol intervention in the prevention of chemotherapy-induced oral mucositis in paediatric cancer patients. Eur. J. Cancer, v.37, p.2056-63, 2001. CHIAPPELLI, F. The molecular immunology of mucositis: implications for evidencebased research in alternative and complementary alliative treatments. Evid. Based Complement. Alternat. Med., Oxford, v.2, n.4, p.489–494, 2005. 75 CHIZZOTTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2001. COFEN. Resolução 272 de 2002. Dispõe sobre sistematização da assistência de enfermagem – SAE. Conselho Federal de Enfermagem. Brasília, 27 de agosto de 2002. ______. Resolução 257 de 2001. Acrescenta dispositivo ao Regulamento aprovado pela Resolução COFEN Nº 210/98, facultando ao Enfermeiro o preparo de drogas Quimioterápicas antineoplásicas. Conselho Federal de Enfermagem. Rio de Janeiro, 12 de julho de 2001. ______ .Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Conselho Federal de Enfermagem. Rio de Janeiro (RJ): Gráfica COFEN, 2000. ______. Resolução 210 de 1998. Dispõe sobre a atuação dos profissionais de Enfermagem que trabalham com quimioterápico antineoplásicos. Conselho Federal de Enfermagem. Rio de Janeiro, 01 de julho de 1998. COSTA, S. S.; SILVA, A. M.; MACEDO, I. A. B. Conhecimento de manifestações orais da leucemia e protocolo de atendimento odontológico. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, v.23, n.1, p.70-8, 2011. CRUZ, L. B. et al. Influence of low-energy laser in the prevention of oral mucositis in children with cancer receiving chemotherapy. Pediatr. Blood Cancer, v.48, n.4, p.435-440, 2006. DEDIVITIS, R. A. Características clínicoepidemiológicas no carcinoma espinocelular de boca e orofaringe. Rev Bras Otorrinolaringol. v.70, n.1, p.35-40, 2004. DIMOPOULOS, M. A. et al. Melphalan-induced DNA damage in vitro as a predictor for clinical outcome in multiple myeloma. The Hematology Journal, v.92, n.11, p.1505-12, 2007. DODD, M. J.; MIASKOWSKI, C.; LEE, K. A. Occurrence of symptom clusters. J Natl Cancer Inst Monogr, v.1, n.32, p.76-8, 2004. DUNCAM, M.; GRANT, G. Review article: oral and intestinal mucositis : causes and possible treatments. Aliment. Pharmacol.Ther., v.18, n.9, p.853-74, 2003. EPSTEIN, J. B.; SCHUBERT, M. M. Oropharyngeal mucositis in cancer therapy. Review of pathogenesis, diagnosis, and management. Oncology, v.17, n.12, p.1767-79, 2003. ______. Management of orofacial pain in cancer patients. Oral Oncol., v.29B, n.4, p.243-250, 1993. 76 EPSTEIN, J. B. et al. Efficacy of chlorhexidine and nystatin rinses in prevention of oral complications in leukemia and bone marrow transplantation. Oral Surg Oral Med Oral Pathol, v.73, n.6, p.682- 688. 1992. FARIAS, N. C.; BUFFON, M. M.; CINI, R. Avaliação in vitro da ação antifúngica do digluconato de clorhexidina e nistatina no controle do crescimento de Candida albicans. Visão Acadêmica, v. 4, n. 2, p. 83-88, 2003. FERNANDI, D. M.; FERREIRA, A. A. Agentes alquilantes: reações adversas e complicações hematológicas. AC&T científica, v.1, n.1, p.1-12, 2009. FLIGLIOLIA, S. L. C. Fatores de risco para mucosite oral em pacientes com leucemia linfóide aguda submetidos a diferentes protocolos de tratamento. USP, 2006. F468f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, 2006. FOOTE, R. L. et al. Randomized trial of a chlorhexidine mouthwash for alleviation of radiation–induced mucositis. J Clin Oncol, v.12, n.12, p.2630–3, 1994. FRANCESCHINI, C.; JUNG, J. E; AMANTE, C. J. Mucosite oral pós-quimioterapia em pacientes submetidos à supressãode medula óssea. Rev Bras Patol Oral v.2, n.1, p.40-43, 2003. FREITAS, D. A. et al. Sequelas bucais da radioterapia de cabeça e pescoço. Rev. CEFAC, v.13, n.6, p.1103-8, 2011. GAETTI-JARDIM JÚNIOR, E. et al. Efeitos da radioterapia sobre as condições bucais de pacientes oncológicos. RPG Rev Pós Grad, v.18, n.2, p.96-101, 2011. GAMBIRAZI, L. M. Laser de baixa potencia na prevenção de mucosite em pacientes submetidos à quimioterapia com fluorouracil e ácido folínico. USP, 2007. d65. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em odontologia. Área de concentração: diagnóstico oral. Faculdade de Odontologia de São Paulo, Universidade de São Paulo, 2007. GENOVESE, J. W. Laser de baixa potência: aplicações terapêuticas em odontologia. São Paulo: Lovisa, 2000. GOMES, D. Q. de C. et al. Mucosite oral radioinduzida: etiologia, características clínico-histopatológicas, complicações e tratamento. Odontologia. Clín-Científ., v.8, n.3, p.203-207, jul/set, 2009 GOMES, R.; SKABA, M. M. V. F.; VIEIRA, E. J. S. Reinventando a vida: proposta para uma abordagem sócio-antropológica do câncer de mama feminina. Cadernos de Saúde Pública, v. 18, n.1, p.197-204, 2002. GONÇALVES, R. C. C. Estudo de fatores de risco, prevenção e controle da mucosite oral radioinduzida. Tese (Doutorado). Programa de Pós-graduação strictu senso Fundação Antonio Prudente. São Paulo, 2001. 77 GONDIM, F. M.; GOMES, I. P.; FIRMINO, F. Prevenção e tratamento da mucosite oral. Rev. enferm. UERJ, v.18, n.1, p.67-74, 2010. GORDÓN-NÚÑEZ, M. A. et al. Neutropenia e Mucosite Oral: Fatores de Risco para Candidiase em Crianças com Câncer. Rev Odontol Bras Central, v.18, n.48, p.5156, 2010. HEIDEGGER, M. Ser e Tempo. 12ª ed. Universitária São Francisco, Petropólis (RJ): Vozes; 2006. HESPANHOL, F. L. et al. Manifestações bucais em pacientes submetidos à quimioterapia. Ciência & Saúde Coletiva, v.15, Supl. 1, p.1085-94, 2010. HORTA, W. A. Processo de Enfermagem. São Paulo (SP): EPU, 1979. INGRACI, M.B. L. et al. Protocolo de abordagem terapêutica para mucosite radioinduzida. Rev. Bras. Patol. Oral, v.3, n.4, p.208-210, 2004. INSTITUTO NACIONAL DO CANCER (INCA). Estimativa 2012 - Incidência de câncer no Brasil/ Instituto Nacional de Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2012. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2012/. Acesso em: 01 Nov 2012. ______. Quimioterapia. Instituto Nacional de Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2012. Disponível em: http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=101 Acesso em: 01 Nov 2012. KELNER, N; CASTRO, J. F. L. de. Laser de baixa intensidade no tratamento da mucosite oral induzida pela radioterapia: relato de casos clínicos. Revista Brasileira de Cancerologia, v.53, n.1, p.29-33, 2007. KOPPEM, I. J. N.; HERMANS, F. J. R.; KASPERS, G. J. L. Folate related gene polymorphisms and susceptibility to develop childhood acute lymphoblastic leukaemia. J. Bras. Haematol, v.148, p.3-14, 2010. KOSTLER, W. J. et al. Oral mucositis complicating chemotherapy and/or radiotherapy: options for prevention and treatment. CA Cancer J. Clin., v.51, n.5, p.290-315, 2001. KOVÁCS, M. J. Bioética nas questões da vida e da morte. Psicologia USP, v.2, n.14, p.115-167, 2003. KUHN, A. Aplicação do laser de baixa intensidade no tratamento da mucosite oral induzida por quimioterapia e/ou radioterapia. UFRS, 2007. 140f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em Ciencias Médicas: Pediatria, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. LABBATE, R.; LEHN, C. N.; DENARDIN, O. V. P. Efeito da clorexidina na mucosite induzida por radioterapia em câncer de cabeça e pescoço. Rev. Bras. Otorrinolaringol., v. 69, n. 3, p. 349-54, 2003 . 78 LALLA, R. V.; PETERSON, D.E. Oral mucositis. Dent. Clin. North. Am., v.49, n.1, p.167-184, 2005. LEAL, F. S. et al. Estudo de fase II com doses frascionadas diárias de etoposidemoral em pacientes com câncer de mama estágio IV refratário a múltiplos esquemas quimioterápicos. Revista Brasileira de Cancerologia, v.55, n.1, p.11-17, 2009. LOPES, L. F.; MENDES, W. F. Leucemias na infância. In: CAMARGO, B.; LOPES, L. F. Pediatria oncológica: noções fundamentais para o pediatra. 1ª ed. Sâo Paulo: Lemar, cap.7, 2000, p.109-18. LINO, M. D. et al.Laser phototherapy as a treatment for radiotherapy-induced oral mucositis. Braz Dent J, v.22, n.2, p.162-165, 2011. LOPES, N. N. F. Comparação de dois protocolos de laser de baixa intensidade em mucosite oral induzida por 5-fluorouracil em hamster. São Paulo: UNIFESP, 2008. xiv 42f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-graduação em Cirurgia e Experimentação, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2008. LOPES, C. de O.; MAS, J. R. I.; ZÂNGARO, R. A. Prevenção da xerostomia e mucosite oral induzidas por radioterapia com laser de baixa potência. Radiol. Bras, v.39, n.2, p.131-136, 2006. LUÍZ, R. R. O tamanho da amostra em investigações epidemiológicas. In: MEDRONHO, R. A. (Org.). Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2005. MARANHÃO, J. L. S. O que é morte? Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 1985. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARTINS, C. B. S.; SILVA FILHO, N.; PIRES, M. L. N. Estratégias de coping e o impacto sofrido pela família quando um dos seus está em tratamento contra o câncer. Mudanças – Psicologia da Saúde, v.19, n.1-2, p.11-18, 2011. MAURÍCIO, A. R. Utilização do laser de baixa intensidade, infravermelho, na prevenção e tratamento da mucosite oral em pacientes pediátricos com leukemia linfoblástica aguda. São Paulo: USP, 2007. 58p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em Odontologia, Faculdade de Odontologia, Universidade de São Paulo, 2007. MONTEIRO, C. F. de S. et al. Fenomenologia heideggeriana e sua possibilidade na construção de estudos de enfermagem. Esc Anna Nery Rev Enferm, v.10, n.2, p.297-301, 2009. MORAES, M. C. O paciente oncológico, o psicólogo e o hospital. In: CARVALHO, M. M. M. J. Introdução à Psiconcologia. Campinas: Livro Pleno, 2002, p.57-64. 79 MORENO, R. L.; JORGE, M. S. B.; GARCIA, M. L. P. Fenomenologia – fenômeno situado: opção metodológica para investigar o humano na área da saúde. Esc Anna Nery Rev Enferm, v.8, n.3, p.348-53, 2004. MUNARETTO, J. C. Análise histológica da mucosite oral induzida por metotrexato: estudo piloto experimental em camundongos. RFO, v. 16, n. 2, p.144-48, 2011. NEUSS, M. N. et al. A process for measuring the quality of cancer care: The Quality Oncology Practice Initiative. Journal of clinical oncology, v.23, n.25, p.6233-39, 2005. NEVILLE, B. W. et al. Patologia oral & maxilofacial. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. NICOLAU-GALITIS, O. et al. Herpes simplex vírus-1 (HSV-1) infection in radiationinduced oral mucositis. Suport Care Cancer, v.14, n.7, p.753-762, 2006. OLIVEIRA, R. B.; ALVES, R. J. . Agentes Antineoplásicos biorredutíveis: uma nova alternativa para o tratamento de tumores sólidos. Química Nova, v. 25, n.6A, p. 976984, 2002. OLIVEIRA, B. M.; DINIZ, M. S.; VIANA, M. B. Leucemias agudas na infância. Rev. Assoc. Med. Minas Gerais, v. 14, Suplemento 1, p. 33-9, 2004. OSTERNE, R. L. V. et al. Saúde oral em pacientes portadores de neoplasias malignas: estudo clínico – epidemiológico e análise de necessidades odontológicas de 421 pacientes. Rev. Bras. Cancerol. v. 54, n. 3, p. 221-6, 2008. PARULEKAR, W. Scoring oral mucositis. Oral Oncol, v.34, n.1, p.63-71,1998. PAULA, J. M. de et al . Symptoms of depression in patients with cancer of the head and neck undergoing radiotherapy treatment: a prospective study. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 20, n. 2, p.362-8, 2012. PAULA, T. A. et al. Introdução à quimioterapia antineoplásica. In: LEITE, M. P de C. Cancer: Diagnóstico e Tratamento. Rio de Janeiro: L&R Projetos, Consultoria e Administração Cultural LTDA., 1997. p.33-4. PEREZ, C. A. Perspectivas futuras em radioterapia (para o século XXI). In: SALVAJOLI, J. V.; SOUHAMI. L.; FARIA, S. L. Radioterapia em oncologia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Medsi; 1999. p.19-34. PERUSSI, M. R. Carcinoma epidermóide da boca em idosos de São Paulo. Rev. Assoc. Med. Bras., v.48, n.4, p.341-4, 2002. PETERSON, D. E.; SONIS, S. T. Executive summary. J Natl Cancer Inst Monogr, v.32, p.3-5, 2004. 80 PICO, J. L.; ÁVILA-GARAVITO, A.; NACCACHIC, P. Mucosits: its occurrence, consequences and treatment in the oncology setting. Oncologist, v.3, p.446-451, 1998. PIMENTA, C. A. de M.; CRUZ, D. de A. L. M. da. Câncer e dor: alteraçöes nos padröes de resposta humana. Acta paul. Enferm, v.7, n.1, p.27-34, 1994. PINHO, A. P. et al. Mucosite no paciente em tratamento de câncer. Science in Health, v.1, n.3, p.145-60, 2010. POROCK, D.; NIKOLETTI, S.; CAMERON, F. The relationship between factors that impair wound healing and the severity of acute radiation skin and mucosal toxicities in head and neck cancer. Cancer Nurs, v.27, n.1, p.71-78, 2004. PUTZ, R.; PABST, R. Atlas de anatomia humana: Sobotta. 21ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. RAGGHIANTI, M. S. et al. Tratamento radioterápico: estratégias de atendimento clínico. Salusvita, v.21, n.2, p.87-96, 2002. REGIS, L. F. L. V.; PORTO, I. S. A equipe de enfermagem e Maslow: (in)satisfações no trabalho. Rev Bras Enferm, v.59, n.4, p.565-8, 2006. RIBEIRO, M. S.; ZEZELL, D.M. Laser de baixa intensidade. In: EDUARDO, C. P.; GUTKNECHT, N. (org.). A Odontologia e o laser: atuação do laser na especialidade odontológica. São Paulo: Quintessence, 2004. v.1, p.217-240. RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008. ROCKE, L. K. et al. A Randomized Clinical Trial of Two Different Durations of Oral Cryotherapy for Prevention of 5-Fuorouracilrelated Stomatitis. Cancer. v.72, n. 7, p. 2234 – 38, 1993. RUBIRA, E. A. et al. Sobrecarga e qualidade de vida de cuidadores de criança e adolescentes com câncer em tratamento quimioterápico*. Acta Paul Enferm, v.25, n.4, p.567-73, 2012. RUSSO, G. et al. Radiation treatment break and ulcerative mucositis in head and neck cancer. The oncologist, v.13, p.886-98, 2008. RUTKAUSKAS, J. S.; DAVIS, J. W. Effects of chlorhexidine during imunossupressive chemotherapy: a preliminary report. Oral Surg. Oral Med. Oral Path, v.76, n.4, p.441-8, 1993. SANCHES JUNIOR, J. A. et al. Reações tegumentares adversas relacionadas aos agentes antineoplásicos – Parte I. An Bras Dermatol, v.85, n.4, p.425-37, 2010. 81 SANDOVAL, R. L. et al. Management of chemo- and radiotherapy induced oral mucositis with low-energy laser: initial results of A.C. Camargo Hospital. J Appl Oral Sci, v.11, n.4, p.337-41, 2003. SANTOS, P. S. da S. et al. Mucosite oral: perspectivas atuais na prevenção e tratamento. RGO, Porto Alegre, v. 57, n.3, p. 339-344, 2009. SANTOS, P. S. DA S.; MAGALHÃES, M. H. C. G. Avaliação da mucosite oral em pacientes que receberam adequação oral prévia ao transplante medula óssea. RPG Rev Pós Grad, v.13, n.1, p.77-82, 2006. SANTOS, R. C. S. et al. Mucosite em pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço submetidos à radioquimioterapia. Rev. esc. enferm. USP, v. 45, n. 6, p.1338-44, 2011 . SCHIRMER, E. M.; FERRARI, A. TRINDADE, L. C. T. Evolução da mucosite oral após intervenção nutricional em pacientes oncológicos no serviço de cuidados paliativos*. Rev Dor., v.13, n.2, p.141-6, 2012. SCULLY, C.; SONIS, S.; DIZ, P. D. Oral mucositis. Oral Dis., v.12, n.3, p.229-241, 2006. SCULLY, C.; EPSTEIN, J. B. Oral health care for the cancer patient. Eur J Cancer B Oral Oncol, v.32B, n.5, p.281-92, 1996. SCULLY, C.; EPSTEIN, J. B.; SONIS, S. Oral mucositis: a challenging complication of radiotherapy, chemotherapy, and radiochemotherapy: part 1, pathogenesis and prophylaxis of mucositis. Head Neck, v.25, n.2, p.1057-70, 2003. SILVA, P. L. B. Serviços de Saúde: o dilema do SUS na nova década. São Paulo Perspec., v. 17, n. 1,P.69-85, 2003. SILVERMAN, S. Diagnosis and management of oral mucositis. J. Supp. Oncol, v.5., n.1, p.13-21, 2007 SOARES, A. F. et al. Frequency of Oral Mucositis and Microbiological Analysis in Children with Acute Lymphoblastic Leukemia Treated with 0.12% Chlorhexidine Gluconate. Braz Dent J, v.22, n.4, p.312-16, 2011. SONIS, S. T. The pathobiology of mucositis. Nat. Rev. Cancer, v.4. p.277-284, 2004. ______. Mucositis as biological process: a new hypothesis for development of chemotherapy-induced stomatotoxicity. Oral Oncology, v.34, n.1, p.39-43, 1998. SONIS, S.T.; CLARK, J. Prevention and management of oral mucositis induced by antineoplastic therapy. Oncology, v.12, p.92-5, 1991. 82 SONIS, S. T.; FAZIO, R. C.; FANG, L. Complicações bucais da quimioterapia do câncer. In: SONIS, S. T.; FAZIO, R. C.; FANG, L. Medicina oral. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1996. cap. 42, p. 358-383. SONIS, S. T. et al. Prevention of mucositis in cancer patients. J. Natl. Cancer Inst. Monogr., v.29, p.1-2, 2001. ______. Perspectives on therapy-induced mucositis: pathogenesis, measurement, epidemiology and consequences for patients. Cancer supplement. v.100, n.9, p.1995-2025, 2004. SPIELBERGER, R. et al. Palifermin for oral mucositis after intensive therapy for hematologic cancers. N. Engl. J. Med., v.351,n.25, p.2590-2598, 2003. STIFF, P. Mucositis associated with stem cell transplantation: current status and innovative approaches to management. Bone Marrow Transplantation, v.27, Supl.2, p.3-11, 2001. TAKEMOTO, M. L. S.; SILVA, E. M. Acolhimento e transformação no processo de trabalho de enfermagem em unidades de saúde de Campinas, São Paulo. Cad. Saúde Pública. v.23, n.2, p.331-340, 2007. TOFANI, A. C.; VAZ, C. E. Depressão, ansiedade, qualidade de vida e a técnica De rorschach em pacientes com câncer de próstata. Rev. Dor, v.9, n.3, p.1271-82, 2008. TORRES, W. C. A bioética e a Psicologia da Saúde: reflexões sobre questões de vida e morte. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.3, n.16, p. 475-482, 2003. TRAVAGLINI, F. Complicações bucais no tratamento quimioterápico. APCD Online, 2004. Disponível em: <http://www.apcd.org.br/biblioteca/jornal/2003/01/complicacoes.asp>. Acessado em: 14 de abril de 2011. TROTTI, A. et al. Mucositis incidence, severity and associated outcomes inpatients with head and neck cancer receiving radiotherapy with or without chemotherapy: a systematic literature review. Radiother Oncol, v.66, p.253-262, 2003. VIEIRA, A. C. F.; LOPES, F. F. Mucosite oral: efeito adverso da terapia antineoplásica. R. Ci. méd. biol., v. 5, n. 3, p. 268-274, 2006. VOLPATO, L. E. R. Avaliação do uso do laser de baixa intensidade do LightEmitting Diode (LED) no comportamento de fibroblastos e na redução da incidência da mucosite oral em crianças sob tratamento quimioterápico. V888a. USP, 2009. Tese (Doutorado). Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 2009. VOLPATO, L. E. R. et al. Mucosite oral rádio e quimioinduzida. Rev. Bras. Otorrinolaringologia, v.73, n.4, p.562-568, 2007. 83 VON BULTZINGSLOWEN, I. et al. Growth factors and cytokines in the prevention and treatment of oral and gastrointestinal mucositis. Support Care Cancer, v.14, n.6, p.519-27, 2006. WALDOW, VR. O cuidado na saúde: as relações entre o eu, o outro e o cosmos. Rio de Janeiro: Vozes, 2004. WORTHINGTON, H. V.; CLARKSON, J. E.; EDEN, O. B. Interventions for preventing oral mucositis for patients with cancer receiving treatment. TheCochrane Database of Systematic Reviews, v.2, 2006. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD000978.pub5/abstract> Acessado em: 02 de novembro de 2012. Acessado em: 15 de novembro de 2012. WRIGHT, J. R. et al. Radiation induced mucositis: co-ordinating a research agenda. Clin Oncol, v.15, p.473-77, 2003. ZIEGLER, D. S. et al. Advances in childhood leukaemia: successful clinical-trials research leads to individualised therapy. Med J Aust, v.17, n.2, p.78-81, 2005. ZULIANI, A. C. et al. Brachytherapy for stage IIIB squamous cell carcinoma of the uterine cervix: survival and toxicity. Rev. Assoc. Med. Bras.,v.56, n.1, p.37-40, 2010. 84 APÊNDICE 85 APÊNDICE MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO - DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO – MESTRADO EM ENFERMAGEM MUCOSITE ORAL EM PACIENTES ONCOLÓGICOS E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FORMULÁRIO Etapa 1: Caracterização do paciente/ tratamento 1. Sexo ( ) 1.Masculino ( ) 2.Feminino 2. Idade:_____________ 3. Renda mensal:___________ 4. Grau de escolaridade: ( ) 1. Analfabeto ( ) 2. Ensino fundamental incompleto ( ) 3. Ensino fundamental completo ( ) 4. Ensino médio incompleto ( ) 5. Ensino médio completo ( ) 6. Educação superior incompleta ( ) 7.Educação superior completa 5. Modalidade econômica de atendimento: ( ) 1. Pública ( ) 2. Privada ( ) 3. Plano de saúde conveniado. 5. Tipo de atendimento: ( ) 1. Ambulatorial ( ) 2. Internação 6. Tipo de Câncer: 86 _______________________________________________________________ 7. Tratamento oncológico desenvolvido ( ) 1. Apenas quimioterapia ( ) 2. Apenas radioterapia ( ) 3. Quimioterapia e radioterapia 8. Quimioterápicos utilizados: 9. Qual modalidade radioterapêutica? 10. Em tratamento para a mucosite oral ( ) 1. Sim ( ) 2. Não 11. Em caso positivo do item anterior, qual tratamento? 12. A mucosite oral é recidivante? ( ) 1. Sim ( ) 2. Não 13. Tratamento oncológico foi interrompido ou alterado por conta da mucosite oral? ( ) 1. Sim ( ) 2. Não 14. Tipo de dieta implementada: ( ) 1. Dieta oral livre ( ) 2. Dieta oral pastosa ( ) 3. Dieta oral líquida ( ) 4. Dieta por sonda nasogástrica ou orogástrica ( ) 5. Dieta parenteral 15. Você recebeu alguma intevenção de enfermagem executada pelo Enfermeiro, que lhe orientasse sobre a mucosite oral? 16. Existem, no momento, outros sinais e/ou sintomas associados ao tratamento oncológico? 87 Etapa 2: Classificação da mucosite oral, segundo Escala de Graduação da Mucosite proposta pela Organização Mundial de Saúde (1979) ( ( ( ( ( ) Grau 0: Nenhum sinal e sintoma de mucosite ) Grau 1: Irritação, dor e eritema ) Grau 2: Eritema, úlceras, dificuldade para alimentar-se ) Grau 3: Úlceras, requer dieta líquida ) Grau 4: Impossível a alimentação. 88 ANEXO 89 ANEXO