Efeito do fosfonato de potássio na protecção das raízes do castanheiro (Castanea sativa Mill.) contra Phytophthora cinnamomi. Valentim Pereira dos Santos Coelho Dissertação apresentada à Escola Superior Agrária de Bragança para obtenção do Grau de Mestre em Agroecologia Orientado por Prof. Doutora Maria Eugénia Madureira Gouveia Prof. Luís Filipe de Sousa Teixeira Nunes Bragança 2009 Aos meus pais, irmãos e à minha afilhada ii Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos. Albert Einstein (1879-1955) iii Agradecimentos Ao entregar este trabalho, é com o maior prazer, que agradeço a todos os que de alguma forma contribuíram para a sua realização. Em primeiro lugar à minha orientadora, Professora Doutora Eugénia Gouveia, da Escola Superior Agrária, pela grande ajuda ao longo do trabalho laboratorial e escrito, permanente disponibilidade, incentivo e amizade demonstrada. Ao Prof. Luís Nunes por ter aceitado ser meu co-orientador e pela ajuda na revisão deste trabalho e sua análise de dados e pelo incentivo e amizade demonstrada. Ao Professor Doutor José Alberto Pereira e à Professora Doutora Paula Baptista por todo apoio, incentivo e pela ajuda na análise de dados. Ao Laboratório de Protecção de Plantas do Departamento de Produção e Tecnologia Vegetal (DPTV) por ter disponibilizado todos os recursos à realização deste trabalho. Ao Engenheiro Ivo Oliveira pela ajuda na revisão deste trabalho, pelo apoio, incentivo e boa disposição sempre demonstrada. À Dona Serafina Isabel Fernandes pela amizade e ajuda na fase experimental deste trabalho. Aos meus colegas, elementos do Laboratório do DPTV, da Escola Superior Agrária, Susana Pereira, Ricardo Malheiro e Anabela Sousa, e à Isabel Afonso do Laboratório de Biologia, pelo apoio, incentivo e boa disposição sempre demonstrada. Aos amigos Rui Bento, Carla Costa (Passarinho), Luísa Santos, Lurdes Pires, Patrícia Pires, Domingos Campelos, Francisco Campelos (Joca), Gonçalo Meireles, Amílcar Brás (Micas), Sara Lomar, Roberto Direito pela amizade, companheirismo, pela paciência e por todo o apoio nos momentos mais difíceis. À minha família que não poupou esforços na minha formação, especialmente pelo amor, carinho, dedicação e incentivo constante e pelo apoio em mais este passo da minha vida. A todos que directa e indirectamente me ajudaram na realização deste projecto. iv Lista de Quadros Quadro 1 – Fungicidas ditiocarbamatos (adaptado de Hewitt, 1998) Quadro 2 – Fungicidas sistémicos para o controlo de Phytophthora spp. (adaptado de Schwinn, 1987) Quadro 3 – Principais aplicações práticas dos fungicidas sistémicos contra Phytophthora e outros fungos Oomicetas (Adaptado de (Erwinn & Ribeiro, 1996) Quadro 4 – EC50 do metalaxil (concentração que inibe o crescimento micelial em 50%) de Phytophthora cinnamomi (adaptado de Erwin & Ribeiro, 1996) Quadro 5 – Alguns dos importantes termos usados para classificar os produtos fosfonatos (adaptado de Landschoot & Cook, 2005) Quadro 6 – Isolados de Phytophthora usados no ensaio Quadro 7 – Valores (em centímetros) do crescimento do ano, altura total e do diâmetro ao nível do colo Quadro 8 – Valores médios (em centímetros) do crescimento do ano, altura total e do diâmetro ao nível do colo Quadro 9 – Valor da biomassa da parte aérea (folhas e caules) das plantas de castanheiro nas diferentes modalidades (com aplicação de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico) Quadro 10 – Valores médios da biomassa total da parte aérea (folhas e caules) nas diferentes modalidades (com aplicação de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico) Quadro 11 – Biomassa das raízes secundárias nas diferentes modalidades (com aplicação de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico) Quadro 12 – Valores médios da biomassa total das raízes secundárias nas diferentes modalidades (com aplicação de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico) Quadro 13 – Comprimento radicular nos diferentes tratamentos (com aplicação foliar de fosfonato potássico e sem aplicação foliar de fosfonato potássico) (CRT – comprimento radicular total; CRS – comprimento das raízes sãs; CRD – Comprimento das raízes doentes; %RD – percentagem de raízes doentes) Quadro 14 – Valores médios do comprimento radicular total, do comprimento das raízes sãs e do comprimento das raízes doentes nos diferentes tratamentos (com aplicação de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico) v Quadro 15 – Número de raízes total e o número de raízes doentes nas diferentes modalidades Quadro 16 – Valores médios do número de raízes e comprimento radicular nos diferentes tratamentos (com aplicação de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico) Quadro 17 – Detecção de Phytophthora cinnamomi nas raízes secundárias Quadro 18 – Valores (centímetros) do comprimento da lesão Quadro 19 – Valores da média da dimensão da lesão nas diferentes condições de tratamento Quadro 20 – Crescimento micelial (centímetros) dos isolados de Phytophthora cinnamomi (Pr120, 810 e 804), Phytophthora cambivora (Ar102 e Pr135), Psolithus tinctorius e Cryphonectria parasitica, em meio de cultura PDA acrescido de 5 µg/ml; 20 µg/ml e 50 µg/ml de fosfonato potássico e controlo. Quadro 21 – EC50 do fosfonato potássico (concentração que inibe o crescimento micelial em 50%) em diferentes isolados de Phytophthora cinnamomi, Phytophthora cambivora, Pisolithus tinctorius e Cryphonectria parasitica Quadro 22 – Crescimento micelial (centímetros) dos isolados de Phytophthora cinnamomi (Pr120, 810 e 804) e Phytophthora cambivora (Ar102 e Pr135) crescendo em meio de cultura PDA acrescido de 20 µg/ml; 50 µg/ml e 100 µg/ml de fosfonato potássico e sem adição de fosfonato potássico (controlo) vi Lista de Figuras Figura 1 – Estrutura química do propamocarbe Figura 2 – Estrutura química do cimoxanil Figura 3 – Estrutura química do metalaxil Figura 4 – Estrutura química do fosetil de alumínio (fosetil-Al) Figura 5 – Disposição dos vasos na bancada Figura 6 – Inoculação em ramo destacado Figura 7 – Biomassa das folhas e caules das plantas de castanheiro tratadas com fosfonato potássico por pulverização foliar e sem aplicação de fosfonato potássico. Figura 8 – Percentagem de raízes doentes nas diferentes modalidades (com aplicação de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico) Figura 9 – Plantas de castanheiro crescendo em substrato inoculado com Phytophthora cinnamomi, nas diferentes modalidades (com e sem aplicação de fosfonato de potássio) Figura 10 – Sintomatologia em plantas de castanheiro (a – plantas sem aplicação de fosfonato, b – plantas com aplicação de fosfonato) Figura 11 – Sistema radicular sem sintomas da Doença da Tinta (a), com sintomas da Doença da Tinta (b) Figura 12 – Isolamento de troços de raiz de plantas de castanheiro infectadas com P. cinnamomi, em meio selectivo P10VPH Figura 13 – Comprimento médio da lesão em castanheiros inoculados com Phytophthora cinnamomi 25 dias após aplicação de fosfonato potássico. Barras verticais correspondem ao erro padrão. Figura 14 – Percentagem da inibição do crescimento dos isolados de Phytophthora cinnmomi (Pr120, 810 e 804) e Phytophthora cambivora (Ar102 e Pr135) em meio PDA acrescido de fosfonato potássico. Cada ponto representa a média de cinco repetições. Figura 15 – Phytophthora cinnamomi em diferentes concentrações de fosfonato potássico (A – Controlo, B – 5 µg/ml, C – 20 µg/ml, D – 50 µg/ml) Figura 16 – Phytophthora cinnamomi em diferentes concentrações de Aliette (A - 20 µg/ml B - 50 µg/ml C - 100 µg/ml) vii Resumo A Doença da Tinta do Castanheiro, é considerada como uma das principais causas do desaparecimento dos soutos. Phytophthora cinnamomi e P. cambivora são as duas espécies associadas à Doença da Tinta do Castanheiro, sendo P. cinnamomi a espécie preponderante na doença da tinta em Portugal. Os agentes patogénicos que causam a Doença da Tinta no Castanheiro provocam uma situação de difícil solução, pois estes possuem formas de sobrevivência e de disseminação que lhes permite manterem-se no solo quase indefinidamente. Os meios de luta disponíveis para combater as doenças provocadas por Phytophthora, não têm, até hoje, resolvido de forma eficiente e duradoura os problemas sanitários das culturas e das florestas atacadas por estes parasitas. Actualmente os fosfitos, sais ou os ésteres do ácido fosforoso, por estarem associados com os mecanismos biológicos de resistência e induzirem na planta mecanismos de defesa são uma forma alternativa no combate contra P. cinnamomi. Com este trabalho estudou-se o efeito da aplicação foliar de fosfonato potássico em plantas jovens de castanheiro que cresceram em substrato inoculado com P. cinnamomi. Estudou-se ainda um método indirecto, por inoculação de P. cinnamomi na parte aérea da planta, para determinar o efeito protector nas raízes e o efeito in vitro do fosfonato potássico e fosetil-Al em diferentes isolados de Phytophthora e outros fungos associados com o castanheiro. Os resultados obtidos mostram que a aplicação foliar do fosfonato potássico, protegeu as raízes dos castanheiros, não evidenciando as planta tratadas com fosfonato potássico sintomas da Doença da Tinta. Todas as plantas que cresceram em substrato inoculado com P. cinnamomi e sem aplicação foliar de fosfonato potássico evidenciaram sintomas característicos da doença com epinastia e necrose das folhas. A análise estatística evidenciou diferenças significativas entre tratamentos em todos os parâmetros relacionados com as raízes. O peso seco das raízes secundárias foi o parâmetro fisiológico mais afectado, tendo as plantas sem tratamento com fosfonato potássico menor comprimento radicular e menor numero de raízes assim como grande extensão de podridão radicular. A protecção conferida pelo fosfonato de potássio avaliada por inoculação de P. cinamomi na parte aérea da planta revelou que o comprimento da lesão é superior nas plantas não tratadas com fosfonato potássico ao contrário do verificado em plantas não viii tratadas tendo sido considerado uma metodologia adequada para avaliar o efeito protector da substância utilizada. A análise da toxicidade in vitro revelou que os valores de EC50 variam entre 0,64 µg/ml e 31,56 µg/ml para P. cinnamomi e 9,92 µg/ml e 22,44 µg/ml para P. cambivora. O fosetil-Al apresentou baixa toxicidade in vitro nas diferentes espécies de Phytophthora. Palavras-chave: P. cinnamomi, Doença da Tinta do Castanheiro, raízes, fosfonato potássico ix Abstract Chestnut Ink Disease is considered one of the most important causes of the disappearance of the chestnut orchards. The two associated species to the chestnut ink disease are Phytophthora cinnamomi and P. cambivora, being the first one the foremost important cause of this disease in Portugal. The pathogenic agents related to the ink disease in chestnut bring out a situation of complex resolution, due to their survival and spreading ways, that allow them to remain in the soil almost indefinitely. The available control means against diseases caused by Phytophthora, haven’t been able, so far, to resolve, in a long-lasting and efficient way the health problems of crops and forests infected by these parasites. Currently, phosphites, salts or esters of phosphorous acid, due to their relation to the biological resistance mechanisms, as well as their ability to induce defense mechanisms in plants, are an alternative way to control P. cinnamomi. The aims of this work are to evaluate the effect of foliar application of potassium phosphonate in young plants of chestnut in the radicular protections against Phytophthora. An indirect method was also tested, by P. cinnamomi inoculation in the aerial part of the plant, to determine the protective effect on roots and in vitro effect of potassium phosphonate and fosetil-Al in different Phytophthora isolates and other fungi associated with the chestnut. The achieved results showed that the plants treated with foliar application of potassium phosphonate didn´t show the symptoms of ink disease, leading to the conclusion that this product did protect the chestnut roots against this disease. All the plants grown in substrate inoculated with P. cinnamomi and without foliar application of potassium phosphonate showed symptoms of the disease with epinasty and necrosis of leaves. A statistic analysis provides significant differences between treatments in all the root related parameters. Dry root weight was the most affected physiological parameter, and the plants without treatment with potassium phosphonate have lower root length and lower number of roots. The potassium phosphonate protection action, evaluated with the inoculation of P. cinamomi in branches of the plant revealed that the length of the lesion is higher in plants not treated with potassium phosphonate due to the lack of the protection granted by this compound, thus proving to be an adequate methodology to evaluate the protective effect of the used substance. x The in vitro toxicity analyses revealed EC50 ranging from 0,64 mgL-1 to 31,56 mgL-1 for P. cinnamomi and 9,92 mgL-1 to 22,44 mgL-1 for P. cambivora. Fosetyl-Al showed low toxicity in vitro in different species of Phytophthora. Key-words: P. cinnamomi, Chestnut Ink Disease, roots, potassium phosphonate xi Índice Lista de Quadros............................................................................................................. v Lista de Figuras ............................................................................................................ vii Resumo ......................................................................................................................... viii Abstract ........................................................................................................................... x Índice ............................................................................................................................. xii 1 – Introdução ................................................................................................................. 1 1.1 – A Doença da Tinta do Castanheiro ...................................................................... 1 1.1.1 – Considerações gerais .................................................................................... 1 1.1.2 – O Género Phytophthora ............................................................................... 2 1.1.3 – Phytophthora cinnamomi ............................................................................. 3 1.1.4 – Expressão dos sintomas e meios de luta ....................................................... 4 1.2 – A luta química contra Oomicetas ........................................................................ 7 1.2.1 – Fungicidas preventivos ................................................................................. 7 1.2.1.1 – Fungicidas inorgânicos .......................................................................... 8 1.2.1.1.1 – Compostos de cobre ....................................................................... 8 1.2.1.2 – Fungicidas orgânicos ............................................................................. 9 1.2.1.2.1 – Ditiocarbamatos ............................................................................. 9 1.2.1.2.2 – Ftalimidas ..................................................................................... 10 1.2.2 – Fungicidas sistémicos ................................................................................. 10 1.2.2.1 – Carbamatos .......................................................................................... 11 1.2.2.2 – Oxinas cianoacetamidas (acetamidas) ................................................. 13 1.2.2.3 – Fenilamidas.......................................................................................... 14 1.2.2.4 – Etilfosfitos ........................................................................................... 18 1.3 – A luta química no combate à Doença da Tinta do Castanheiro......................... 21 1.3.1 – A luta química em Portugal ........................................................................ 21 1.3.2 – Limitações e métodos alternativos de luta química no combate à Doença da Tinta do Castanheiro............................................................................................... 28 1.4 – Os fosfitos na protecção vegetal ........................................................................ 30 1.4.1 – O fósforo e sua influência na planta ........................................................... 30 1.4. 1.1 – Fosfanato ............................................................................................ 31 1.4.1.2 – Fosfato ................................................................................................. 31 1.4.1.3 – Modo de acção do ião fosfonato .......................................................... 32 1.4.1.4 – O uso do fosfito em agricultura ........................................................... 34 1.4.1.5 – Influência do fosfito na planta ............................................................. 36 xii 2 – Objectivos ................................................................................................................ 38 3 – Material e Métodos ................................................................................................. 39 3.1 – Material biológico ............................................................................................. 39 3.1.1 – Isolados P. cinnamomi e P. cambivora utilizados neste estudo ................. 39 3.1.2 – Outros organismos utilizados neste estudo................................................. 39 3.1.2.1 – Pisolithus tinctorius ............................................................................. 39 3.1.2.2 – Cryphonectria parasitica ...................................................................... 39 3.1.3 – Plantas......................................................................................................... 40 3.2 – Substratos .......................................................................................................... 40 3.2.1 – Substrato de inóculo ................................................................................... 40 3.2.2 – Substrato dos vasos..................................................................................... 40 3.3 – Meios de cultura utilizados ................................................................................ 40 3.4 – Fosfonato de potássio ........................................................................................ 41 3.5 – Estudo do efeito de fosfonato potássico na protecção das raízes do castanheiro .................................................................................................................................... 41 3.5.1 – Parâmetros fisiológicos............................................................................... 42 3.5.1.1 – Altura e diâmetro ao nível do colo ...................................................... 42 3.5.1.2 – Biomassa.............................................................................................. 42 3.5.1.3 – Comprimento e número de raízes secundárias .................................... 42 3.5.2 – Sintomatologia ............................................................................................ 42 3.6 – Avaliação do efeito protector do fosfonato potássico por inoculação de P. cinnamomi na parte aérea da planta ............................................................................ 43 3.7 – Avaliação da toxicidade in vitro do fosfonato potássico e fosetil-Al ................ 44 3.7.1 – Toxicidade in vitro do fosfonato potássico ................................................ 44 3.7.2 – Toxicidade in vitro do fosetil-Al ................................................................ 44 3.8 – Análise estatística .............................................................................................. 45 4 – Resultados................................................................................................................. 46 4.1 – Efeito de fosfonato potássico na protecção do castanheiro ............................... 46 4.1.1 – Parâmetros fisiológicos............................................................................... 46 4.1.1.1 – Altura e diâmetro ao nível do colo ...................................................... 46 4.1.1.2 – Biomassa da parte aérea ...................................................................... 47 4.1.1.3 – Biomassa radicular .............................................................................. 49 4.1.1.4 – Comprimento e número de raízes secundárias .................................... 50 4.1.2 – Sintomatologia ............................................................................................ 54 4.2 – Avaliação indirecta do efeito protector do fosfonato potássico por inoculação de P. cinnamomi na parte aérea da planta ....................................................................... 56 4.3 – Toxicidade in vitro do fosfonato potássico e fosetil-Al .................................... 58 xiii 4.3.1 – Resposta in vitro ao fosfonato potássico .................................................... 58 4.3.2 – Resposta in vitro ao fosetil-Al .................................................................... 61 5 – Discussão e Conclusões........................................................................................... 63 6 – Bibliografia .............................................................................................................. 69 xiv 1 – Introdução 1.1 – A Doença da Tinta do Castanheiro 1.1.1 – Considerações gerais A Doença da Tinta do Castanheiro é considerada como uma das principais causas do desaparecimento do castanheiro em toda a Europa. A doença expandiu-se com grande rapidez destruindo milhões de castanheiros (Cortizo et al., 1999). A Doença da Tinta do Castanheiro europeu (Castanea sativa Mill.) existirá em Espanha desde 1726 (Crandall, 1950). Em Portugal é conhecida desde 1838, quando nas margens do rio Lima se verificaram sintomas como o amarelecimento e queda prematura das folhas e ainda o aparecimento de uma podridão húmida nas raízes que mais tarde levava à morte da árvore (Fernandes, 1953). Elorrieta (1949) menciona a existência em 1859 de castanheiros doentes com sintomas da Doença da Tinta no Norte de Itália, nas províncias da Toscana, Piemonte e Ligúria, em França, nos departamentos do Gard, Lozère e Baixos Pirenéus e em Portugal no Centro e no Norte. Nos Estados Unidos a doença é referenciada a partir de 1854, tendo provocando a destruição de grandes extensões de castanheiro americano (Castanea dentata Marshall.) (Gravatt, 1954). Em Portugal a área de ocupação do castanheiro tem vindo a sofrer um decréscimo acentuado desde que esta doença se instalou. O avanço da doença tem sido de tal forma devastador que hoje praticamente não existem castanheiros no Minho e as áreas de ocupação regrediram em mais de 50 % em Trás-os-Montes e Beira Alta, regiões onde segundo Marques (1988) existem ainda as maiores manchas de castanheiro em Portugal. A Doença da Tinta que invariavelmente provoca a morte do castanheiro é uma doença endémica em todas as regiões castaneícolas. Na região de Trás-os-Montes várias estimativas indicam 15 % de árvores afectadas pela doença (Carvalheira, 1997; Martins et al., 1997) mesmo nas regiões de maior aptidão para o castanheiro como a Terra Fria Transmontana. Phytophthora cinnamomi e P. cambivora são as duas espécies associadas à Doença da Tinta do Castanheiro. Em Portugal, P. cinnamomi é a espécie mais frequentemente isolada e por isso considerada a espécie preponderante no desenvolvimento da Doença da Tinta em Portugal (Fernandes, 1966; Gouveia, 2004). P. cinnamomi, foi isolada de castanheiro pela primeira vez, no nosso país, em 1941 por Moniz da Maia. Estes isolamentos foram confirmados por Pimentel em 1942 1 que também isolou e identificou P. cinnamomi e P. cambivora de castanheiro com sintomas da doença (Pimentel, 1947). 1.1.2 – O Género Phytophthora O Género Phytophthora contém alguns dos mais destrutivos patogéneos de plantas, causando um largo número de doenças em muitas espécies vegetais. Phytophthora deriva da palavra grega ‘phyto’ (planta) e ‘phthora” (destruidor). O Género Phytophthora foi assim denominado por Antón de Bary em 1876, quando descreveu Phytophthora infestans como a espécie tipo deste género (Cortizo, et al., 1999). Erwin & Ribeiro (1996) incluíram no género Phytophthora 64 espécies, todas elas parasitas de espécies vegetais. Um grande número de espécies tem capacidade de causar infecção em vários hospedeiros, podendo causar uma miríade de doenças em diferentes espécies vegetais. Recentemente foram descritas novas espécies, P. quercina (Jung et al., 1999); P. europaea E. M. Hansen & T. Jung sp. nov., P. uliginosa T. Jung & E. M. Hansen sp. nov., P. psychrophila T. Jung. & E. M. Hansen sp. nov. (Jung et al., 2002) parasitas de espécies florestais, P. ipomoeae Flier & Grunwald sp. nov. (Flier et al., 2002) parasita em Ipomoea longipedunculata e estritamente relacionada com P. infestans; P. brassicae De Cock & Man in’t Veld sp. nov. (Man in’t Veld et al., 2002) parasita do género Brassica e estritamente relacionada com P. porri a que se acrescenta ainda a associação de espécies de Phytophthora já conhecidas a novos hospedeiros: P. megasperma em oliveira (Sanchez et al., 2001), P. cactorum em Carya illinoensis (Reilly et al., 1997) e P. boehmeriae em algodão (Elena & Paplomatas, 1997). O Género Phytophthora pertence à Classe dos Oomycetes. Tem sido tradicionalmente colocado no Reino Fungi, na Família Pythiaceae (Erwin & Ribeiro, 1996). No entanto os novos conhecimentos sugerem a inclusão da Classe dos Oomycetes no Reino Stramenopila (Wong, 2006). As espécies de Phytophthora causam doenças cujos sintomas variam desde podridões radiculares, podridões do colo, cancros no caule, “blight” nas folhas e podridões dos frutos. São responsáveis por algumas das mais devastadoras doenças tais como o “dieback” dos eucaliptos na Austrália, causada por P. cinnamomi (Shearer & Tippett, 1989), o míldio da batata causado por P. infestans na Irlanda, “black pod” do cacau causado por P. palmivora, e muitas outras doenças com grande importância económica (Erwin & Ribeiro, 1996). 2 1.1.3 – Phytophthora cinnamomi P. cinnamomi Rands foi isolado pela primeira vez em 1922, na ilha de Sumatra, da árvore da canela (Cinnamomum burmanii) (Zentmyer, 1980). Desde então, foi registada a sua presença em mais de 70 países e em quase 1000 hospedeiros os quais são predominantemente plantas lenhosas (Roberts & Boothroyd, 1984). Os hospedeiros principais incluem o abacateiro, o eucalipto, o ananaseiro, o castanheiro, varias espécies de pinheiro, muitas plantas ornamentais, e ainda de um número extraordinário de plantas australianas nativas. A origem geográfica de P. cinnamomi tem sido objecto de controvérsia e discussão. Um possível foco de origem será a área que inclui o Nordeste Australiano, a Malásia, a Indonésia e a Nova Guiné (Zentmyer, 1980). Existe um estudo genético de populações de P. cinnamomi dessas regiões com base na análise de isoenzimas. Este estudo revelou que os isolamentos australianos possuem uma menor variabilidade, apresentando apenas quatro genótipos isoenzimáticos multilocus, enquanto que uma amostra limitada de isolamentos provenientes da Papua Nova-Guiné apresenta nove daqueles genótipos e ainda um número superior de alelos. Estes dados sugerem que os quatro genótipos australianos poderão representar clones que sofreram uma evolução isolada a partir de uma introdução de isolamentos da Papua Nova-Guiné. A discussão em torno do centro de origem de um agente patogénico não tem apenas interesse académico. O conhecimento da variabilidade genética no centro de origem poderá fornecer informações acerca de dados potenciais que seriam imputáveis a migrações adicionais e que regiões deveriam ser monitorizadas para minimizar os efeitos de futuras migrações (Goodwin, 1997). O centro de origem é também o melhor local para encontrar novas fontes de resistência. Além disso o conhecimento da ecologia de um patogéneo no seu centro de origem poderia fornecer pistas acerca das potenciais novas estratégias de controlo, como por exemplo organismos a usar na luta biológica. De qualquer modo P. cinnamomi foi introduzido na Austrália Ocidental, na América, Europa Ocidental e África. Encontra-se predominantemente em zonas subtropicais e tropicais, assim como em algumas regiões temperadas (Zentmeyer, 1981). P. cinnamomi além de ter a capacidade de provocar doença em muitas espécies vegetais e invadir ecossistemas inteiros, tem ainda a capacidade de permanecer no solo e na ausência de hospedeiros por períodos de tempo muito longos, devido à formação de estruturas de resistência. Têm ainda capacidade para sobreviver como saprófita de 3 outras espécies de Phytopthora e é conhecido por sobreviver por um período de 6 anos na maioria dos solos (Zentmyer & Mircetich, 1966). Embora ocorra lise do micélio pelos microrganismos do solo, particularmente Trichoderma spp. e Gliocladium spp. (Reeves, 1975; Malajczuk, 1983), Phytophthora pode sobreviver por longos períodos no solo através de clamidósporos (Weste, 1983). Por outro lado, possui ainda estratégias de rápido aumento de inoculo sempre que as condições lhe são favoráveis e processos alternativos de germinação dos propágulos que respondem rapidamente às alterações ambientais. A disseminação de P. cinnamomi tem ocorrido principalmente através de plantas de viveiros infectadas e outros materiais vegetais. 1.1.4 – Expressão dos sintomas e meios de luta Em castanheiro e utilizando a descrição de Grente (1961), P. cinnamomi provoca nas raízes mais finas um enegrecimento, devido à decomposição do córtex, ficando com aspecto húmido e apodrecido. As raízes de maior diâmetro também são atacadas, evidenciando manchas enegrecidas, devido à alteração do córtex e do câmbio. O lenho não é atingido, mas pode ficar escurecido devido à oxidação da seiva que sai dos tecidos do floema. Em correspondência com esta sintomatologia radicular, manifesta-se na parte aérea da planta um conjunto de sintomas bastante característicos, embora alguns deles estejam também associados a outras doenças de origem parasitária ou fisiológica. Fernandes (1966), um dos autores que mais estudou a Doença da Tinta do Castanheiro em Portugal, descreve como sintomas característicos da doença na parte aérea da planta, os seguintes: folhas amarelecidas e sem brilho que vão murchando, acabando por cair prematuramente; dessecamento rápido das folhas (ocorrência ocasional), que ficam firmemente agarradas nos ramos, mesmo no período de repouso vegetativo; folhas de dimensões reduzidas (quando os ataques deste parasita ocorrem na Primavera; flores masculinas de fraco desenvolvimento que caem sem ter polinizado as flores femininas que raramente se formam; ouriços de pequena dimensão e sem fruto; ouriços que ficam aderentes à árvore durante um ou mais anos; castanhas muito pequenas e sem características organolépticas; desenvolvimento de ramos junto ao colo da árvore e abaixo das pernadas principais; colo da planta com uma mancha escura de contornos irregulares ou em forma de cunha, quando se destaca a epiderme (não é sintoma constante da doença, mas quando se observa, é quase certo estar a árvore infectada); 4 líquido escuro de aparecimento ocasional, semelhante à tinta de escrever, sintoma que deu o nome vulgar à doença e que se deve à oxidação das substâncias fenólicas que se libertam devido ao crescimento dos tecidos sãos que dilaceram os tecidos doentes que não cresceram. Em plantas jovens de castanheiro a sintomatologia é bastante evidente, adquirindo as plantas um aspecto amarelecido que rapidamente evolui para necrose e dessecamento de toda a planta. As folhas ficam pendentes, enroladas e com aspecto seco. Esta sintomatologia progride rapidamente levando à morte da planta, num período de tempo relativamente curto (Gouveia, 1993). A sintomatologia provocada por Phytophthora spp. que atacam as raízes, evidencia-se na parte aérea, quando o processo infeccioso se encontra já em estado avançado de evolução. Tal facto torna difícil detectar, por sintomatologia, os ataques precoces destes fungos, tornando as estratégias de luta mais difíceis de aplicar, quando se pretende actuar ao nível do hospedeiro. Os agentes patogénicos que causam a Doença da Tinta no Castanheiro provocam uma situação de difícil solução, pois estes possuem formas de conservação e de disseminação que lhes permite a sobrevivência no solo quase indefinidamente. O controlo de P. cinnamomi é difícil devido à grande quantidade de hospedeiros e capacidade desta espécie em sobreviver sob a forma de clamiósporos, e nas raízes de outras plantas que por vezes não manifestam sintomas. Como P. cinnamomi não pode ser erradicada uma vez que tenha infectado uma área, são necessárias estratégias de controlo de protecção integrada para minimizar a dispersão e desenvolvimento da doença. As medidas de protecção devem ser implementadas logo nos viveiros para que se produzam plantas saudáveis. Fonseca (1994) recomenda a inspecção cuidadosa dos viveiros destruindo todas as plantas doentes e circunvizinhas a estas, e ainda a promoção de boas condições de drenagem e fertilidade do solo. Hardy et al. (2001) têm delineado várias estratégias de protecção para o controlo de P. cinnamomi em ecossistemas naturais. Elas incluem a restrição do acesso de veículos para zonas não infectadas, limpeza de veículos e equipamentos para retirar solo aderente ou restos de plantas e impedir os movimentos de água de áreas infectadas para áreas não infectadas e minimizar a circulação de veículos e actividades florestais durante o período húmido. Os meios de luta disponíveis para combater as doenças provocadas por Phytophthora que atacam as raízes não têm, até hoje, resolvido de forma eficiente e 5 duradoura os problemas sanitários das culturas e das florestas atacadas por estes parasitas. Sendo esta uma doença difícil de erradicar quando estabelecida no terreno, os investigadores têm-se preocupado em encontrar meios de combate eficazes no seu controlo, havendo uma intensa procura de métodos alternativos que possam resolver o problema. 6 1.2 – A luta química contra Oomicetas 1.2.1 – Fungicidas preventivos Os fungicidas não sistémicos, após aplicação, ficam na superfície das folhas e dos frutos e não penetram na planta. A redistribuição na planta ocorre através da fase de vapor ou através da acção da chuva. Em muitos casos os fungicidas não sistémicos não são redistribuídos e a sua acção é limitada às folhas tratadas. Uma desvantagem destes fungicidas é a sua dependência da aplicação do fungicida alcançar uma completa cobertura da cultura-alvo (Hewitt, 1998). Os fungicidas não sistémicos são geralmente inibidores “multi-site”, obtendo, uma resposta através da ruptura de vários processos bioquímicos, alcançado através da capacidade em se ligarem a grupos químicos, como as moléculas tiol, comum a muitas enzimas (Hewitt, 1998). Os fungicidas são geralmente classificados como erradicativos, protectores ou curativos. No entanto, como refere Reis & Bresolin (2007) há várias maneiras de classificar os fungicidas (fungistáticos, protectores, mesostêmicos, erradicativos, de contacto, curativos, preventivos, sistémicos, etc.), não havendo uma classificação clara na literatura dedicada a este tema. Simões (2005) classifica os fungicidas, com base na actuação no patogéneo, como preventivos (ou protectores ou profiláticos), curativos (ou terapêuticos) e erradicantes (ou anti-esporulantes). No caso de fungicidas preventivos a acção é protectora ou de pré-penetração. O fungicida inibe a germinação, impedindo a penetração do fungo nos tecidos do hospedeiro. Os fungicidas curativos têm a acção confinada à pós-infecção. Nesse caso já ocorreu a penetração e ainda não são vistos os sintomas. No caso dos fungicidas erradicantes há uma inibição do crescimento micelial e da esporulação não ocorrendo regeneração ou recuperação das células ou dos tecidos mortos pois este processo é irreversível (Reis & Bresolin, 2007). Um fungicida protector é uma substância que é aplicada profilacticamente na cultura alvo. A sua actividade ocorre numa ou em mais fases iniciais da infecção fúngica que podem ir desde a germinação dos esporos até à penetração preliminar no tecido do hospedeiro, o que impede a infecção e o desenvolvimento de sintomas da doença (Hewitt, 1998). Uma vez ocorrida a penetração do patogéneo na planta, os fungicidas protectores não conseguem impedir a invasão posterior dos tecidos pelo fungo, isto é, não têm acção curativa ou erradicativa (Reis & Bresolin, 2007). 7 1.2.1.1 – Fungicidas inorgânicos 1.2.1.1.1 – Compostos de cobre A calda bordalesa, descoberta acidentalmente por Millardet em 1982 em França foi um dos primeiros fungicidas inorgânicos a ser usado. Este fungicida consiste numa mistura de sulfato de cobre e hidróxido de cálcio e estava associada ao controlo do míldio da vinha, Plasmopara viticola (Hewitt, 1998). A calda bordalesa foi usada com sucesso no combate do míldio da batateira provocado por Phytophthora infestans, e em muitas outras doenças provocadas por outras espécies de Phytophthora, tendo sido usada, por exemplo, como pulverização foliar no controlo de Phytophthora palmivora (Butl) (Hislop, 1963). Outros sais de cobre que são usados frequentemente como preventivos por aplicação foliar incluem o oxicloreto de cobre e o óxido cuproso, embora este último não seja frequentemente usado (Heitefuss, 1989). Os fungicidas cúpricos como a calda bordalesa e o oxicloreto de cobre continuam a ser utilizados de forma simples ou em combinação com fungicidas sistémicos como o cimoxanil para controlar algumas doenças na vinha (P. viticola), batata e tomate (Phytophthora infestans), lúpulo (Pseudoperenospora humuli), banana (Mycosphaerella musicola), café (Colletotrichum kahawae) e chá (Exobasidium vexans) (Hewitt, 1998). Os compostos de cobre são por vezes combinados com metalaxil para alargar o espectro de acção contra patogeneos alvo (por exemplo bactérias) ou impedir o desenvolvimento de isolados de P. infestans resistentes ao metalaxil (Schwinn & Margot, 1991). O ião cobre (Cu2+) libertado na superfície das folhas é prontamente acumulado por fungos sensíveis. Forma complexos com enzimas que possuam um grupo sulfidrilo (-SH), hidróxilo (-OH), amino (-NH2) e carboxílico (-COOH) inactivando-as levando a uma perturbação geral do metabolismo (Hewitt, 1998). De acordo com Heitefuss (1989) os fungicidas cúpricos são particularmente eficazes contra fungos Oomicetas. Isto pode dever-se à natureza hidrófila dos sais de cobre. A capacidade dos fungicidas cúpricos se redistribuírem pela folhagem por acção da chuva é uma importante vantagem destes fungicidas. Após a infecção ocorrer, uma aplicação com cobre pode não ser suficientemente eficaz. Por outro lado, o cobre que penetra nas folhas, em certa medida pode causar 8 crescimento retardado e necroses (“russeting”) nos frutos. Este factor fitotóxico do cobre é uma desvantagem no seu uso (Erwin & Ribeiro, 1996). 1.2.1.2 – Fungicidas orgânicos 1.2.1.2.1 – Ditiocarbamatos Os ditiocarbamatos (Quadro 1) foram desenvolvidos entre 1951 e 1962 e têm sido usados extensivamente como fungicidas de largo espectro de acção, muitos dos quais têm tido sucesso para o controlo de Phytophthora. O ácido ditiocarbâmico é combinado com diferentes catiões para fazer fungicidas que difere em certas propriedades (Erwin & Ribeiro, 1996). O composto mais simples é o metano de sódio (Vapam), um sal de sódio que é solúvel em água. Devido a sua fitotoxicidade o metano de sódio não é usado na forma de pulverização (Erwin & Ribeiro, 1996). Quadro 1 – Fungicidas ditiocarbamatos (adaptado de Hewitt, 1998) Estrutura química Nome comum (CH3)2N.CS.SZnS.CS.N(CH3)2 Zirame [-SCS.NHCH2CH2NHCS.S.ZN-]X Zinebe [(CH3)2NCS.S]2FeSCS.N(CH3)2 Ferbam (CH3)2N.CS.SS.CS.N(CH3)2 Tirame [-SCS.NHCH2CH2NHCS.S.Mn-]X Manebe [-SCS.NHCH2CH2NHCS.S.Mn-]X (Zn)y Mancozebe O zirame e o ferbam são dialquilo ditiocarbamatos, enquanto o nabam, o zinebe, o manebe, e o propinebe são bis(alquiloditiocarmabatos). O mancozebe é um sal de manganésio-zinco altamente estável e é mais activo que o manebe ou o zinebe sozinhos (Erwin & Ribeiro, 1996). Como a maior parte dos fungicidas protectores, os ditiocarbamatos são fungicidas de largo espectro de acção, usados como fungicida foliar e para o tratamento de solo, das sementes e dos frutos (Venturia spp., Taphrina deformans), em vinha (P. vitícola), em vegetais (P. infestans), beterraba sacarina (Cercosporella beticola), tabaco (Pseudoperonospora tabacina) e lúpulo (P. humuli). Os ditiocarbamatos são muito menos fitotóxicos que os fungicidas de cobre. Alguns ditiocarbamatos aumentam a cor verde das folhas, provavelmente devido à 9 adição de catiões como o zinco, corrigindo uma deficiência em micronutrientes (Heitefuss, 1989). Os fungicidas ditiocarbamatos têm uma função protectora mas não são translocados na folhagem. Eles são provavelmente o mais importante grupo de fungicidas no combate ao míldio da batata e do tomate (33% do mercado mundial) (Erwin & Ribeiro, 1996). Os ditiocarbamatos são ainda usados em misturas com o metalaxil pois têm um maior espectro de acção e tendem a suprimir o desenvolvimento de resistências ao metalaxil, nomeadamente em P.infestans (Schwinn & Margot, 1991). Geralmente os ditiocarbamatos não são fitotóxicos, mas podem induzir danos em algumas culturas em circunstâncias excepcionais, como por exemplo o uso do mancozebe ou o zinebe em plantas sensíveis ao zinco (Hewitt, 1998). 1.2.1.2.2 – Ftalimidas As ftalimidas foram introduzidas em 1952 com o anúncio da captana e do folpete (Hewitt, 1998). Elas conferem controlo protector contra um largo número de fungos patogéneos, tendo sido usadas para o controlo de Venturia spp. em maçãs e pêras, P. viticola e B. cinerea em vinha e B. cinerea, Colletotrichum spp., Ascochyta spp., Pythium spp., Phoma spp. e Thielaviopsis basicola em vegetais e ornamentais, Glomerella cingulata em café, bem como P. infestans e Alternaria solani em batata e tomate. As ftalimidas têm sido usadas em grande medida para controlar os míldios, mas só o captafol e o folpete têm tido importância no controlo do míldio do tomateiro. Estes fungicidas exercem um efeito protector mas não são translocados (Erwin & Ribeiro, 1996). No entanto, a aplicação é suficiente para cobrir novos crescimentos (Schwinn & Margot, 1991). A captana, o captafol e o folpete preferencialmente, reagem com enzimas do grupo sulfidrilo (-SH) mas podem também atacar grupos amina e inibir enzimas que não contêm grupos sulfidril (Hewitt, 1998). 1.2.2 – Fungicidas sistémicos A aparição no mercado de compostos químicos de acção sistémica abriu e melhorou as possibilidades no combate a patogéneos do género Phytophthora. O desenvolvimento de fungicidas sistémicos para controlar Oomicetas, nos quais estão incluídos parasitas obrigatórios como os míldios, Phytophthora e Pythium começa 10 em 1976 com o cimoxanil (Serres & Carraro, 1976), seguido do metalaxil (Urech et al., 1977), furalaxil (Schwinn et al, 1977, ofurace (Lukens et al, 1978), oxadixil (Gisi et al, 1983) e fosetil-Al (Bertrand et al., 1977; Williams et al, 1977). Schwinn (1987) classifica os fungicidas sistémicos em quatro classes diferentes de compostos: carbamatos, oxinas cianoacetamidas, acilaminas e os etilfosfitos (Quadro 2). Erwin & Ribeiro (1996) acrescentam a estes quatro grupos, os isoxazoles, dos quais faz parte o fungicida hymexazol. Um fungicida sistémico é caracterizado como um composto que pode ser absorvido passivamente ou activamente através das raízes, ramos, folhas e flores e ser translocado para outra área da planta. A translocação pode ser através das folhas (mobilidade translaminar), no sentido ascendente para os novos crescimentos (apoplástico) ou no sentido descendente (simplástico). A maioria dos fungicidas sistémicos deslocam-se no sentido ascendente com o fluxo de transpiração, no entanto, o fosetil-Al desloca-se em ambos os sentidos (no fluxo de transpiração e no floema). Quadro 2 – Fungicidas sistémicos para o controlo de Phytophthora spp. (adaptado de Schwinn, 1987). Classe química Nome comum Nome comercial Carbamatos Protiocarbe Propamocarbe Previcur S70 Previcur N Oxinas cianoacetamidas Cimoxamil Curzate Acilamina Furalaxil Metalaxil Fongarid Ridomil, Acilon, Aprom Etilfosfitos Milfuram Benalaxil Fosetil-Al. Patafol, Caltan Galben Aliette Os fungicidas sistémicos são menos susceptíveis de perdas devidas à chuva que os fungicidas protectores e podem suprimir o patogénio após a infecção ter ocorrido. A eficácia de um fungicida sistémico é maior que a de um fungicida protector e durante um período mais longo. As principais aplicações práticas destes fungicidas sistémicos encontram-se descritas no Quadro 3. 1.2.2.1 – Carbamatos Os carbamatos são principalmente activos como tratamentos do solo contra doenças das raízes e caules causadas por Phytophthora spp. e Pythium spp., em 11 ornamentais (Englander et al, 1980; Favreau, 1978; Pieroh et al., 1975), algumas hortícolas, e tabaco (McIntyre & Lukens, 1977). Quadro 3 – Principais aplicações práticas dos fungicidas sistémicos contra Phytophthora e outros fungos Oomicetas (Adaptado de (Erwinn & Ribeiro, 1996). Composto Protiocarbe Propamocarbe Principal uso Doenças de raízes caules Principais culturas e Ornamentais, vegetais Método de aplicação Imersão Hymexazol Doenças de raízes caules em plântulas e Arroz, beterraba Imersão, molhando as sementes, em pó Furalaxil Doenças caules e Ornamentais Imersão Cimoxanil Doenças foliares Fosetil-Al Folhas, caules, e doenças Vinha, abacate, radiculares ananás, citrinos, ornamentais Pulverização, imersão, injecção Metalaxil e compostos relacionados Folhas, caules e doenças Vinha, batata, abacate, radiculares ananás, citrinos, tabaco, lúpulo, milho, sorgo e milho-miúdo Pulverização, imersão, grânulos, molhando as sementes de raízes Vinha, batata Pulverização O protiocarbe é translocado apoplasticamente nas plantas (Ryan, 1977). Segundo Iwan & Goller (1975), nenhuma evidência tinha sido ainda encontrada para o transporte simplástico. Apesar do transporte apoplástico ter sido estabelecido, as raízes parecem apresentar uma substancial barreira à absorção do protiocarbe (Kluge, 1978), o qual pode explicar a acção um tanto limitada destes carbamatos. O prothiocarbe tem uma capacidade sistémica limitada e não é translocado a partir do ponto de aplicação. O prothiocarbe é activo contra Aphanomyces, um membro das Saprolegniales, e Bremia, um míldio dos Perenosporales (Schwinn & Staub, 1987). O propamocarbe (Figura 1) é um análogo do protiocarbe no qual uma molécula de oxigénio substitui o enxofre. O propomocarbe é translocado das raízes para os novos rebentos. Figura 1 – Estrutura química do propamocarbe 12 De acordo com Schwinn & Satub (1987), o propamocarbe e o protiocarbe são usados em culturas hortícolas e ornamentais. Em aplicações ao solo em altas concentrações foram supressivos para podridões radiculares do rododendro causadas por P. cinnamomi (Englander et al., 1980), e para podridões radiculares do tabaco causadas por P. parasitica var. nicotianae (Reilly, 1980). Apesar das indicações que o propomocarbe e o protiocarbe são sistémicos e activos contra Phytophthora, elas não foram amplamente usados comercialmente (Erwin & Ribeiro, 1996). 1.2.2.2 – Oxinas cianoacetamidas (acetamidas) Pouco tempo depois da introdução dos carbamatos, apareceu o cimoxanil (Denis, 1976; Richards & Delp, 1976; Serres & Carraro, 1976). O cimoxanil (Figura 2) foi desenvolvido pela DuPont e foi comercializado na Europa como curzate desde 1979. Este fungicida é sistémico na forma apoplástica e tem actividade selectiva contra fungos Peronosporales, embora dentro deste género os fungos tenham diferentes sensibilidades ao cimoxanil (Erwin et al., 1987). O cimoxanil tem grande capacidade de penetrar a folhagem e tem mais propriedades curativas que o propamocarbe e o protiocarbe. Este fungicida é rapidamente metabolizado nos tecidos da planta e tem uma meia vida de apenas alguns dias (Klopping & Delp, 1980). Figura 2 – Estrutura química do cimoxanil A actividade do cimoxanil nas folhas tem demonstrado ser menor que o metalaxil ou o fosetil mas mais longa que os fungicidas protectores. (Schwinn & Staub, 1987; 1995; Schwinn & Margot, 1991). É eficaz em pulverização foliar contra o míldio da batateira, causado por P. infestans, e míldio da vinha causado por Plasmopara vitícola (Douchet et al, 1977; Schwinn & Staub, 1987; 1995). O cimoxanil é mais eficaz contra o estado de crescimento hifal do que as fases iniciais (o desprendimento dos zoóporos dos esporângios e a sua germinação). O 13 composto inibe a biossintese do ácido nucleico e proteínas em P. cinnamomi e Botrytis cinerea, mas é provável que a actividade seja induzida por uma interacção com os processos metabólicos do hospedeiro (Hewitt, 1998). O cimoxanil não é suficientemente persistente para ser usado sozinho, porque a sua acção protectora perde-se em poucos dias, no entanto tem um efeito curativo forte durante 3-4 dias após a infecção, dependendo da duração do período de incubação. Devido ao seu tempo de meia vida ser relativamente curto, o cimoxanil é usado em baixas concentrações, principalmente em combinação com um fungicida preventivo como o mancozebe ou o folpete (Erwin & Ribeiro, 1996) para induzir actividade a longo prazo e através da sua actividade curativa e prolongar o intervalo entre as pulverizações (Hewitt, 1998). Estas misturas têm um efeito sinergético e aumentam a duração da actividade protectora (Klopping & Delp, 1980). Tem sido usado com sucesso em combinação com o oxadixil (Schwinn & Staub, 1987). 1.2.2.3 – Fenilamidas Entre os compostos fenilamidas, o furalaxil, o metalaxil e o benalaxil estão incluídos nas acilalaninas, o ofurace e o ciprofuram nas acilamino-butirolactonas, e o oxadixil nas acilamino-oxazolidinonas (Schwinn & Staub, 1987). Estes compostos tem alta actividade específica contra Oomicetas. A base desta especificidade é desconhecida (Hewitt, 1998). As acilalaninas são altamente eficazes quer in vitro quer in vivo contra todos os fungos patogénicos da ordem Peronosporales. A molécula mais eficaz dentro desta classe de fungicidas é o metalaxil (Schwinn, 1987). Outro membro desta classe, o furalaxil está particularmente adaptado para uso em ornamentais (Wiertsema & Wissink, 1977). O desenvolvimento do fungicida sistémico metalaxil [N-(2,6-Dimethylphenyl)N-(methoxyacetyl)alanine] (Figura 3) foi um marco na história do controlo de fungos patogénicos dentro dos Peronosporales, sendo também considerado por Urech et al. (1977) e Schwinn et al. (1977) como o mais activo e versátil dos fungicidas para o controlo de doenças provocadas por Phytophthora. O metalaxil é formulado como um pó molhável para ser usado por pulverização foliar e como material granular para ser aplicado ao solo na altura da plantação. O 14 produto é comercializado com os seguintes nomes: Ridomil para aplicação foliar, Apron para tratamento de sementes e Subdue para aplicação ao solo (Erwin & Ribeiro, 1996). O metalaxil é solúvel em água e eficaz contra todas as espécies de Phytophthora em doses muito baixas. No entanto nenhum dos compostos fenilamidas tem qualquer efeito em fungos não Oomicetas. Para obter um controlo destes fungos outros compostos têm de ser adicionados ao metalaxil e aos outros compostos fenilamidas (Erwin & Ribeiro, 1996). Figura 3 – Estrutura química do metalaxil Estudos sobre a resposta de crescimento de várias espécies de Phytophthora a diferentes doses de metalaxil em meio de cultura CMA (Corn Meal Agar) mostraram diferentes sensibilidades das espécies de Phytophthora (Erwin & Ribeiro, 1996), variando os valores do EC50 entre os 2-30 ng/ml para P. boehmeriae (Bailey & Coffey, 1984) e os 19 µg/ml para P. drechsleri f. sp. cajani (Chauhan & Singh, 1987). A dose de resposta (EC50) de P. cinnamomi ao metalaxil é apresentada no Quadro 4. Quadro 4 – EC50 do metalaxil (concentração que inibe o crescimento micelial em 50%) de Phytophthora cinnamomi (adaptado de Erwin & Ribeiro, 1996) Dose mínima P. cinnamomi (A1 e A2) Referência EC50 0,07-0,29 µg/ml Coffey et al. (1984) EC50 0,075 µg/ml Coffey & Bower (1984) EC50 0,11 µg/ml Benson (1979) EC50 0,9 µg/ml Fuller & Gisi (1985) 90 % da inibição da formação dos Geissler & Katekar (1983) zoósporos a 10 µg/ml (furalaxil) e 25 µg/ml (metalaxil) 15 Um estudo efectuado por Gouveia (2004) sobre a sensibilidade ao metalaxil de isolados de P. cinnamomi e P. cambivora, associadas à doença da Tinta do Castanheiro, revelou diferentes sensibilidades destas duas espécies, tendo P. cambivora revelado menor sensibilidade ao metalaxil. Os isolados de P. cinnamomi apresentaram grande variabilidade quanto aos valores de EC50 tendo variado entre 0,09 µg/ml para o isolado mais sensível e 14,8 µg/ml para os isolados mais tolerantes. Um isolado apresentou o valor de EC50 de 14,8 µg/ml, o que pode ser considerado um valor elevado podendo ser indicativo da possibilidade do aparecimento da resistência em relação ao fungicida metalaxil. O metalaxil movimenta-se apoplasticamente a partir de sementes, raízes e folhas para os novos crescimentos (Staub et al 1978; Zaki et al, 1981; Gupta et al, 1985); por isso o efeito sistémico e curativo que o metalaxil exerce nas plantas faz com que seja mais vantajoso que os fungicidas curativos (protectores) especialmente quando a infecção ocorreu antes da aplicação. Alguns estudos descrevem a translocação simplástica (basipetal) do metalaxil (Staub et al., 1978; Zaki et al., 1981) embora este movimento seja de menor importância. Sendo o metalaxil solúvel em água, ele pode ser aplicado ao solo onde é prontamente transportado pelas raízes e translocado apoplasticamente nos tecidos das plantas (Schwinn, 1983; Bruck, et al., 1980, Schwinn & Staub, 1987). O metalaxil é um exemplo de um fungicida com acção no interior da planta, sendo tóxico contra Phytophthora quando esta infecta e cresce em plantas (Schwinn & Staub, 1987, 1995). O metalaxil tem um efeito supressivo específico no RNA ribossomal (rRNA) (Davidse, 1987, 1995; Davidse et al, 1983). Davidse (1987) explica que a inibição da síntese de rRNA em última análise leva á inibição do desenvolvimento do fungo pois a redução do rRNA priva as células dos ribossomas que regulam a síntese de proteínas. Assim, o metalaxil normalmente não inibe a germinação dos esporângios ou dos esporos enquistados tão eficazmente como o faz com o crescimento micelial porque os esporos intactos aparentemente têm suficientes ribossomas para formar o tubo germinativo (Erwin & Ribeiro, 1996); no entanto, quando os tubos germinativos de Phytophthora penetram a folha, o metalaxil que tem sido translocado dentro da folhagem tratada é capturado pelo micelio. O metalaxil causa depois malformação e cessação do crescimento do micélio infectado. Bruck et al (1980) e Staub et al. (1980) comparam os locais de acção do metalaxil no ciclo de vida do patogénio P. infestans com um fungicida residual como o 16 manebe. Enquanto o manebe inibe a formação de zoósporos a partir dos esporângios, a germinação dos zoósporos e a penetração inicial, o metalaxil inibe a formação secundária dos haustórios, o crescimento micelial dentro da folha e a formação de lesões e esporulação. Um fungicida preventivo como o manebe, no entanto, mata os esporos germiantivos em poucas horas na folha, mas não tem efeito no micelio após este ter penetrado nas folhas (Erwin & Ribeiro, 1996). Uma vez que a infecção tenha ocorrido os fungicidas preventivos têm pouco ou nenhum efeito no progresso da doença porque Phytophthora pode progredir sem impedimentos se tiver infectado as células internas das folhas antes da aplicação do fungicida. O metalaxil afecta o desenvolvimento do micélio na folha só após penetração (Grohmann & Hoffman, 1989). Torna-se evidente que o metalaxil interfere muito mais com o desenvolvimento do fungo durante grande parte do ciclo da doença que o manebe, devido à sua rápida penetração no tecido hospedeiro. O metalaxil é eficaz contra todos os estados de desenvolvimento da doença dentro do tecido hospedeiro, ao passo que um fungicida residual de contacto interfere unicamente com a fase inicial, por exemplo a formação de zoósporos a partir dos esporângios ou a germinação dos esporângios (Scwinn, 1987). In vitro, o metalaxil inibe o crescimento micelial e a formação de clamidósporos e esporangios. A concentração requerida para inibir a formação de esporângios é 25 vezes mais baixa do que a inibe a formação de clamidósporos e100 vezes mais baixa que a necessária para inibir o crescimento micelial (Schwinn, 1987). Como o metalaxil é solúvel em água e é absorvido pelas raízes, tem sido utilizado com sucesso usado em imersão ou em grânulos em culturas tais como a soja (Schmitthenner, 1985) e muitas plantas ornamentais crescendo em contentores em viveiros (Benson, 1979, 1990). Devido ao longo tempo de meia vida do metalaxil nos solos (15 a 30 dias) e a sua alta mobilidade, a sua actividade no solo é excelente (Cohen & Coffey, 1986). Para culturas como a batata, o tomate e culturas hortícolas nas quais ocorrem doenças foliares simultaneamente com doenças provocadas por Phytophthora, as acilalaninas são mais eficientes misturadas com outros fungicidas alargando-lhe o espectro de actividade (Urech et al, 1977). Similarmente estas misturas melhoram o nível de controlo nas folhas senescentes, nas quais as acilalaninas são menos eficazes, por razões desconhecidas que nos tecidos mais jovens (Schwinn, 1987). Estas misturas são consideradas uma ferramenta valiosa para reduzir o risco de desenvolvimento de resistência em populações de Phytophthora spp. 17 Quando o metalaxil é usado repetidamente em alguns solos ele degrada-se rapidamente devido à acção de fungos e da flora bacteriana (Bailey & Coffey, 1984). Bailey & Coffey descobriram que o tempo de meia vida do metalaxil era marcadamente reduzido em solos tratados com metalaxil, estando as bactérias e fungos associados com a biodegradação do metalaxil. No inicio da década de oitenta do século XX, em plantações de batatas, na Europa Ocidental, especialmente na Holanda e Irlanda e depois progressivamente no resto do mundo, foram aparecendo casos de resistência ao metalaxil em isolados de P. infestans (Schwinn, 1987). O repetido uso do metalaxil aplicado no campo estabeleceu uma contínua e alta pressão de selecção que favoreceu o desenvolvimento da resistência (Hewitt, 1998). Para evitar este problema, as empresas começaram a comercializar misturas de acilalaninas com fungicidas convencionais como os ditiocarbamatos e ftalamidas para uso contra patogénios das folhas (Schwinn, 1987). Tais misturas não foram desenvolvidas para patogénios do solo porque o risco da resistência era considerado baixo. Apesar de não terem aparecido casos de resistência em espécies de Phytophthora, que sejam patogéneos do solo, as evidências genéticas demonstradas pela investigação em P. infestans sugerem que um aumento da resistência nestes patogénios pode ocorrer (Erwin & Ribeiro, 1996). 1.2.2.4 – Etilfosfitos Os alquil-fosfonatos são uma classe de fungicidas sistémicos com boa actividade contra doenças causadas por fungos pertencentes à ordem Peronosporales, particularmente o míldio da videira, o míldio do lúpulo e muitas doenças da raiz e do colo causadas por Phytophthora spp. Os fungicidas fosfonatos incluem o fosetil-Al e os produtos da sua decomposição, o ácido fosfórico. O desenvolvimento do fosetil-Al é um marco na luta química contra doenças causadas por Phytophthora, apesar da sua actividade relativamente fraca contra o míldio da batateira causada por Phytophthora infestans, e a podridão radicular da soja, causada por P. sojae. Fosetil-Al e o ácido fosfórico, quase sempre referido como fosfitos, mas mais correctamente denominados por fosfonatos, (Coffey & Ouimette, 1989), são notavelmente eficazes para o controlo de doenças radiculares causadas por Phytophthora em abacaxi (Rohrbach & Schenck, 1985), abacate (Coffey et al., 1984; Darvas et al., 1984; Pegg et al., 1985; Coffey, 1987; De 18 Boer et al, 1990), citrinos (Laville, 1979; De Boer et al, 1990; Le Roux et al., 1991) e nogueira (Matheron & Mircetich, 1985). O fosetil-Al (Aliette) (Figura 4) é quimicamente conhecido como alumínio TrísO-ethyl fosfonato e foi descrito pela primeira vez em França (Bertrand et al., 1977; Williams et al., 1977). Em 1977 iniciou-se a sua comercialização sob patente da RhonePoulenc Agrochemie Company. O Aliette foi inicialmente rotulado para o controlo de doenças provocadas por Pythium em campos de golfe e usado nos relvados como tratamento preventivo (Landschoot & Cook, 2005). Figura 4 – Estrutura química do fosetil de alumínio (fosetil-Al) O fosetil-Al tem alta actividade fungicida na maioria das espécies do grupo Peronosporales, no entanto algumas espécies, tais como P. infestans, são relativamente insensíveis (Erwin et al, 1987). Por outro lado alguns patogéneos, como Guignardia spp., Alternaria spp., e Cercospora spp., outros grupos taxonómicos que não os Perenosporales são também controlados (Bertrand et al., 1977; Chalazet et al, 1977). Este produto inibe a formação de esporângios e zoósporos em P. citrophthora, P. parasitica, P. cactorum e P. citricola, e a produção de oósporos e clamidósporos em P. citricola e P. cinnamomi. P. megasperma e P. infestans são comparativamente insensíveis (Farih et al., 1981). O fosetil-Al é o primeiro fungicida comercial que é verdadeiramente sistémico. É translocado quer por movimento acropetal (raiz-copa) quer por movimento basipetal (copa-raiz) após aplicação foliar (Bertrand et al., 1977). Isso resulta numa acção curativa e leva à protecção temporária das novas folhas formadas após a aplicação. No entanto, este efeito parece ser obtido à custa da sua concentração nas folhas pulverizadas, o que diminui o efeito protector destas folhas (Schwinn, 1987). O fosetilAl é recomendado contra doenças foliares em misturas com fungicidas residuais como o folpet e mancozebe. Estas combinações mostram um efeito sinergético que permite 19 prolongar os intervalos entre as aplicações (Chalazet et al., 1977; Lafon et al., 1977; Marais & van der Walt, 1978). O fosetil-Al rapidamente se converte a ácido fosfórico ou sal de fosfato ou outro componente menor (Fenn & Coffey, 1984; Saindrenan et al., 1985; Cohen & Coffey (1986); Coffey & Ouimette, 1989; Guest & Grant, 1991; Griffiths et al., 1992). A toxicidade in vitro do fosetil-Al contra as diferentes espécies de Phytophthora em meio convencional é relativamente baixa (1000 µg/ml ou superior) (Clerjeau & Beyries, 1977; Bompeix et al., 1980; Farih et al., 1981); no entanto a fungitoxicidade para P. cinnamomi num meio sintético (Ribeiro et al., 1975) no qual o nível de fosfito é baixo (0,084 mM) ocorre a concentrações tão baixas como 10 µl/ml para o ácido fosfórico e 50 µl/ml para o fosetil-Al. A descoberta que o ião fosfonato era o princípio activo do fosetil-Al (Bompeix & Saindrenan, 1984; Bower & Coffey, 1985; Fenn & Coffey, 1984, 1985; Coffey & Joseph, 1985) estimulou a investigação do fosfonato como um fungistático e também como um meio de controlo de doenças causadas por Phytophthora. O fosetil-Al é eficaz no controlo de doenças após Phytophthora se ter estabelecido (Griffith et al., 1992). Guest & Grant (1991) relatam em alguns estudos que injecções no tronco do abacateiro com fosfonato controlaram com sucesso a podridão radicular causada por P. cinnamomi. A introdução do fosetil-Al melhorou marcadamente a luta química contra doenças de folhas, frutos, caules e raízes provocadas por Phytophthora. Esta substância química é particularmente valiosa contra alguns patogénios do solo em culturas anuais, culturas perenes, e em ornamentais anuais e perenes (Schwinn, 1987). 20 1.3 – A luta química no combate à Doença da Tinta do Castanheiro 1.3.1 – A luta química em Portugal A primeira referência que se conhece no combate à Doença da Tinta do Castanheiro é dos finais do século XIX e deve-se ao italiano Gandolfo. Consistia em abrir uma cova à volta do castanheiro afectado pela doença pondo a descoberto as raízes principais e a sua inserção no colo do tronco. Para Gandolfo, as baixas temperaturas do Inverno provocariam a morte do agente causador da doença, e isso curaria o castanheiro (Cortizo et al, 1999). Este método, tendo obtido resultados positivos, só podia ser aplicado em regiões de invernos rigorosos, onde as temperaturas se mantinham durante um longo período de tempo abaixo de zero. Nas regiões de invernos temperados a eficácia seria duvidosa. Experiências deste tipo foram realizadas no Nordeste Transmontano, e apesar de os invernos serem bastante frios os fracassos do tratamento eram frequentes pois mais cedo ou mais tarde os castanheiros acabavam por morrer (Fernandes, 1979). A idêntica conclusão chegou Urquijo (1941) depois de diversas observações feitas na região da Galiza. Este processo manteve-se até a década de 30 do século XX quando o agrónomo espanhol Urquijo Landaluze modificou o procedimento de Gandolfo ao aplicar fungicida às raízes e ao tronco que ficam descobertas, o qual ficou conhecido como “Método Urquijo”. O método só em 1941 viria a ter um maior incremento depois de Urquijo ter realizado várias experiências para determinar o poder fungicida dos diversos sais de cobre com possibilidade de aplicação no combate contra a doença, de modo a encontrar um sal de cobre mais eficaz e que tornasse o tratamento económico, permitindo-lhe melhorar bastante o seu método. Para Urquijo, a solubilidade dos produtos cúpricos a utilizar nos tratamentos era o principal factor a considerar, razão pela qual empregou nos seus ensaios, sais de cobre pouco solúveis não só porque asseguram um maior período de eficácia, mas também porque evitam o perigo de intoxicações das árvores (Fernandes, 1947). De todos os produtos cúpricos ensaiados, o óxido cuproso mostrou-se ser o mais activo, tendo-se usado em Espanha a seguinte mistura: Carbonato ou oxicloreto de cobre a 17% ............................... 2 partes Óxido cuproso ........................................................................ 1 parte Caulino ou gesso .................................................................... 2 partes 21 O “Método Urquijo” consistia em três operações (Suarez, 1989): 1) descasque do tronco e raízes mais grossas até 40-50 cm de profundidade, pondo-as a descoberto e limpando-as com uma escova de arame para não ficar terra aderente; 2) molhar todas as partes descobertas com água, ou com um aderente. Usou-se, como aderente, cola de carpinteiro ou produtos à base de resina. Fernandes (1947) refere o uso em Espanha do produto “Ipem” feito à base da resina, na proporção 1:1000; 3) Aplicação do produto cúprico de forma a constituir-se uma camada uniforme de pó em volta da base do troco e das raízes. Depois de bem espalhado, de modo que cubra todas as raízes e o tronco na sua parte enterrada, cobre-se novamente com terra, tapando com cuidado para que o produto aderido à raiz não seja arrastado por terra. Urquijo (1971) aconselhava esperar um pouco antes de se cobrir as raízes com terra, mas era aconselhado cobrir sempre que se esperasse chuva. Urquijo aconselhava a não se tratarem árvores com mais de 1/3 do perímetro infectado de modo a evitar fracassos. Como preventivo, o método mostrou ser dos melhores no combate à doença da tinta, pois raramente os castanheiros tratados apareciam infectados (Fernandes, 1947). Segundo o mesmo autor, os estudos efectuados pelo micologista Urquijo Landaluze permitiram assim salvar muitos castanhais tendo as árvores tratadas reagido muito bem aos tratamentos e muitas delas voltaram a dar fruto após a aplicação do sal de cobre. O carácter epidémico da Doença da Tinta e os sucessivos anos de devastações que levaram ao desaparecimento de um elevado número de soutos de Norte a Sul de Portugal levaram, no início da década de 40 do século XX, os poderes públicos a agir para se estudar o problema da Doença da Tinta em Portugal e encontrar soluções para o seu combate. Os Serviços Florestais nomearam nessa década Lopes Pimentel para estudar a doença e encontrar métodos de luta eficazes. Apoiando-se nestes estudos Vieira Natividade elabora em 1944 o Plano de Valorização e Defesa do Castanheiro. Com base neste plano e nos resultados obtidos em Espanha, inicia-se em 1945 uma campanha de tratamento contra a doença da tinta do castanheiro, com a utilização de sais de cobre pouco ionizáveis seguindo o “Método Urquijo”, com ligeiras modificações, para melhor se adaptar às condições agro-climáticas e possibilidades económicas e sociais de Portugal. O método, aparentemente simples, exigia cuidados especiais para que o êxito do tratamento fosse assegurado e compreendia as seguintes fases (Fernandes, 1966): 1) abertura de uma cova ou caldeira à volta da árvore a uma profundidade de 40 a 50 cm; 22 2) limpeza de todo o sistema radicular posto a descoberto e cerca de 20 cm do tronco, a partir do colo, com uma escova de arame de aço; 3) lavagem e aplicação de um aderente molhante nas raízes e tronco; 4) polvilhamento das mesmas regiões com um sal insolúvel de cobre; 5) aterro da caldeira alguns minutos após o tratamento. Após vários estudos sobre os produtos aderentes a utilizar, Fernandes (1949) conclui que o aderente «P» era o único que reunia as melhores qualidades, pois além de não ser cáustico, tinha uma aderência perfeita na concentração de 3/1000. Os tratamentos contra a Doença da Tinta do castanheiro tiveram início no concelho de Vinhais, por se tratar de uma das regiões de maior interesse para a cultura do castanheiro e onde a doença mostrava tendências para alastrar (Fernandes, 1953), tendo depois continuado os tratamentos por outros concelhos do distrito de Bragança, Vila Real, Viseu e Guarda. Relativamente ao período de tratamento, enquanto que em Espanha se realizavam tratamentos em qualquer época do ano, Fernandes (1947) aconselhava a fazer-se os tratamentos na época de Julho a Novembro, pois as condições climatéricas durante o Inverno, nas regiões onde se iam efectuar esses mesmos tratamentos não eram as mais favoráveis para a realização destas operações. Aplicado no primeiro ano sem o sucesso esperado, pois os tratamentos incidiram sobre árvores muito doentes, o método viria a ser alterado nos anos seguintes com a aplicação de tratamentos em árvores até 1/3 dos ramos da copa com sintomas evidentes, segundo a recomendação de Urquijo, e de forma preventiva em árvores suspeitas ou sem sintomas da doença. Fernandes (1952) evidenciava que os castanheiros sujeitos a tratamento tinham reagido favoravelmente pelo que poderia considerar bom o método seguido, e que quando o método era aplicado como preventivo mostrava-se mais eficaz pois a percentagem de indivíduos que não reagiam ao tratamento era de 1%, enquanto que quando era aplicado como curativo as falhas eram de quase 5%. Com base nos resultados obtidos, Fernandes (1953) considerava o método bom e que se devia continuar a usar enquanto não existam outros métodos mais expeditos e económicos e não existam plantas resistentes em número suficiente para distribuir pelas regiões infectadas pois os tratamentos apesar de inicialmente dispendiosos, cerca de 10$00 por árvore, as árvores salvas compensavam toda a despesa num só ano de produção e também pelo efeito dos tratamentos que ultrapassava o limite previsto (mais de 7 anos), quando aplicado como preventivo. 23 A luta contra a Doença da Tinta foi também seguida em viveiros que se encontravam contaminados. A aplicação da solução de sulfato de cobre a 2% e a 4% ou da aplicação de carbonato de cobre em pó à razão de 100 g/m2, além do arranque e queima de todas as plantas mortas ou com sintomas de doenças, permitiu a produção de plantas sãs. No início da década de 50, apesar dos resultados obtidos, o custo dos tratamentos era ainda elevado devido ao preço dos fungicidas que encarecia de ano para ano e ao preço da mão-de-obra. De modo a tornar o método mais económico e eficiente foram realizados ensaios quer em laboratório quer no campo com o objectivo de se estudarem diversos produtos cúpricos. Em laboratório estudaram-se vários fungicidas sólidos quanto à solubilidade e à acção repulsiva aos parasitas, tais como carbonato de cobre, Coppesan, Cobre Sandoz, Vericuivre, Dithane Z-78, Dithane M-45 e Cupertane (Fernandes, 1966), tendo-se verificado a eficácia de todos os fungicidas. Em 1951 foram experimentas as misturas cúpricas de cobre Sandoz (óxido cuproso) e gesso (1:2) e Perenox e gesso (1:1), tratando os castanheiros pelo método de Urquijo, uns sãos e outros em vários estados de infecção. Segundo Fernandes (1955), o tratamento com as duas misturas cúpricas acima mencionadas era mais vantajoso sob o ponto de vista económico do que com a mistura anteriormente utilizada (2:1:2). Além dos métodos de defesa directa referidos, Taveira Fernandes desenvolveu um novo método onde se experimentou a aplicação da mistura cobre Sandoz e gesso (1:2) incorporada no terreno por meio de uma cava funda, até uma profundidade de 30 cm, sobre toda a superfície correspondente à projecção da copa e à razão de 100 g/m2 (Fernandes, 1955). O novo método desenvolvido por Taveira Fernandes, de fácil aplicação, revelou ser mais económico, pois as despesas com a mão-de-obra eram em média bastante inferiores que o tratamento realizado pelo método Urquijo o que permitiu reduzir o custo dos tratamentos por árvore tratada. Fernandes (1966) refere também a vantagem de este método poder ser aplicado com certo êxito aos povoamentos em regime de talhadia, desde que o solo não seja muito pedregoso e em viveiros. Além destes métodos foram também ensaiados o processo de injecção de fungicidas líquidos, e a aplicação de fungicidas líquidos por pressão em castanheiros de madeira explorados em regime de talhadia, tendo-se utilizado soluções de sulfato de cobre em diferentes concentrações, mas sem grandes resultados na época em causa 24 (Fernandes, 1970), pois havia dificuldades em introduzir perfeitamente o fungicida na seiva e em encontrar doses mínimas letais para o parasita sem prejudicar o normal desenvolvimento da planta. Desde 1945 até 1973 foram tratados contra a Doença da Tinta cerca de 1000000 de castanheiros. Pelo método Urquijo ou pelo processo de incorporação de uma mistura cúprica por meio de uma cava funda manteve-se a produtividade de centenas de milhar de castanheiros a maioria dos quais sucumbiram sem os tratamentos. Inúmeras regiões das províncias de Trás-os-Montes, Alto Alentejo, Beira Alta e Beira Baixa mantiveram os seus soutos em plena produção graças aos tratamentos aplicados (Fernandes, 1970). Fernandes (1974) afirmava que embora muitas árvores sucumbissem, os êxitos alcançados com os tratamentos aplicados eram significativos para se continuar as campanhas de tratamento contra a Doença da Tinta do Castanheiro. No entanto, apesar dos êxitos descritos por Fernandes, os trabalhos realizados no combate à Doença da Tinta ficavam aquém do esperado, pois as verbas atribuídas para a defesa dos soutos eram insignificantes em relação ao que seria necessário para tratar todas as regiões onde o castanheiro tinha interesse económico e onde a doença causava prejuízos bastante significativos. As dificuldades no recrutamento da mão-de-obra para a realização das operações que eram cada vez maiores e o agravamento do preço dos fungicidas, impediam também que fosse tratado um maior número de árvores. Fernandes afirmava que as despesas dos tratamentos deviam continuar a cargo do estado devido á dificuldade de aplicação do método e ainda de o castanheiro ser uma cultura de regiões agrícolas deficitárias pois se assim não fosse que o país se arriscava a ver num período não muito longo os soutos totalmente destruídos pela doença. O autor afirmava também que o custo médio por árvore tratada era insignificante quando comparado com o seu rendimento em fruto, realçando as vantagens que se alcança não só pelo valor da castanha que sendo um fruto seco de alta qualidade tem mercado assegurado, tanto interno como externo, mas também pela madeira que se desvaloriza consideravelmente pela acção da doença. No entanto, como a luta directa contra a doença da tinta só interessa para a defesa dos soutos em exploração, fica por resolver o problema da sua reconstituição em terras grandemente infectadas e da expansão da cultura pois não se consideram regiões imunes ao parasita. 25 Os custos muito elevados de mão-de-obra impediram que desde 1975 o método de Urquijo pudesse continuar a ser aplicado no nosso país no combate preventivo e curativo contra a doença da tinta do castanheiro (Dias, 1991). Na década de 90 foi adoptado um novo método de combate à doença da tinta do castanheiro nos soutos portugueses, denominado GAFEX. Segundo Dias (1991), o método GAFEX é sequência natural dos métodos anteriormente referidos e tem como base trabalhos desenvolvidos por Magalhães et al (1985) sobre a redistribuição do ião cobre exógeno nos perfis de alguns solos vitícolas onde foi demonstrado que aplicações repetidas de cobre a superfície do solo formavam uma fase cúprica no perfil do solo, resultante da percolação ou lixiviação dos depósitos superficiais do cobre até uma profundidade determinada, variando a concentração de cobre desde os 117,8 ppm de Cu total à superfície e 38 ppm entre os 45 e os 100 cm de profundidade. O método desenvolvido por Dias (1991) descreve-se nos passos seguintes: a) O ião cobre é aplicado à superfície do solo na zona envolvente do tronco e na própria base deste, sem que o solo tenha sido removido. b) Da superfície o cobre migra até uma determinada profundidade. A percolação é feita pela água da chuva que o arrasta e o redistribui. c) O método GAFEX não é um método curativo antes um método preventivo, admitindo-se que em infecções localizadas haja possibilidade de se suspender a progressão do processo infeccioso geral. d) O ião cobre utilizado é o que se encontra no oxicloreto de cobre da formulação GAFEX, sendo de 5 miligramas de Cu por litro de água (5 ppm), a dose letal, LD100, para os zoósporos de P. cambivora (Viennot-Bourgin, 1949). e) A preferência dada ao pó molhavel GAFEX reside no facto de uma calda deste preparado aplicado sobre o tronco até um metro de altura constituir uma reserva de cobre para redistribuição agregada ao ritidoma do castanheiro. Este deposito é arrastado gradualmente para o terreno, podendo levar meses essa lavagem. f) Excluiu-se o carbonato de cobre, por não existir no mercado nacional e o sulfato de cobre devido às possíveis reacções químicas características dos sais solúveis de cobre. g) Uma vez que o ião cobre não é colocado directamente nas zonas a defender, o processo de percolação ou redistribuição é lento e depende das quedas pluviométricas inverno-primaveris. 26 O autor recomendava iniciar as aplicações um ano após as plantações e repetir-se durante 5 anos seguidos ou, no caso de soutos, adultos proceder a uma série de aplicações anuais durante 5 anos com o objectivo de concentrar o ião cobre na zona colo-raízes principais devendo atingir os 5 ppm ou mais na zona envolvente do colo. Dias (1991) admitia que aplicando uma calda de GAFEX a 2,5 % uma vez por ano em anos sucessivos (até cinco anos) no tronco até um metro de altura e na terra num raio de 1 a 1,25 metros à volta do tronco conseguia obter os 5 ppm na zona envolvente do tronco. A aplicação devia fazer-se de Janeiro a fins de Março com a terra já saturada de água. Dias (1991) salientava o facto de o método ter um carácter preventivo e que as aplicações muito precoces em soutos recém plantados eram as que melhores resultados poderiam garantir a longo prazo. O método deveria ser acompanhado por medidas complementares, importantes no combate à doença da tinta, tais como, recurso às mobilizações mínimas, adopção de herbicidas e recolha dos ouriços e sua queima. A folhada devia ser deixada à superfície do solo. O método GAFEX, de carácter preventivo, consistia nas seguintes operações: 1º - No início do ano, se necessário, fazer uma caldeira de poucos centímetros de fundo, à volta das árvores a tratar à distância de 1 metro ou 1,5 metros do tronco. 2º - Em qualquer data de Janeiro a Março fazer o tratamento. 3º - Para o tratamento preparar uma calda de 2,5 kg de GAFEX em 100 litros de água e aplicar 1 ou 2 ou mais litros desta calda por cada árvore. 4º - A aplicação da calda faz-se com um regador ou pulverizador até à altura de 1 metro no tronco e no terreno à volta do mesmo até 1 ou 1,5 metros de distância. 5º - Repetir este tratamento durante 5 anos seguidos e voltar a repetir o processo durante outros 5 anos após um intervalo de 5 anos. 6º - Tratar sempre e desde o segundo ano de plantação os castanheiros novos que deverão vir sãos do viveiro. 7º - Não fazer lavouras nem gradagens no souto. Para combater as ervas, silvas e rebentos de castanheiro recomendava-se a utilização de herbicidas. Retirar os restos de ouriços ou queima-los e deixar a folhada no terreno sem a enterrar. Posteriormente, estudos de avaliação da eficácia do metalaxil e foseil-Al aplicados ao solo para combater P. cinnamomi em castanheiro foram realizados pela Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes (DRATM) com vista a 27 homologação destes produtos fitofarmacéuticos. Os resultados preliminares apresentados por Mantas & Sousa (1991) sobre as primeiras observações no controlo químico, com o fosetil-Al e o metalaxil num souto infectado por P. cinnamomi revelaram-se satisfatórios. Os mesmos autores referem que o tratamento com o fosetilAl parece apenas provocar uma paragem na evolução dos sintomas na árvore, enquanto que o tratamento com o metalaxil, para além da paragem na evolução dos sintomas, provocavam uma melhoria de vigor e uma reconstituição dos tecidos afectados. O fosetil-Al (Aliette) e o oxicloreto de cobre estão actualmente com autorização de venda em Portugal, pela Direcção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (http://www.dgadr.pt/) estando incluídos na lista de substâncias activas homologadas pela DGADR para o castanheiro (actualizada a 31/03/2009). Durante algum tempo estas duas substâncias activas estiveram aconselhadas pela DGADR para Protecção Integrada do Castanheiro no combate à Doença da Tinta. 1.3.2 – Limitações e métodos alternativos de luta química no combate à Doença da Tinta do Castanheiro. Os fungicidas sistémicos oferecem grande flexibilidade de uso no controlo de doenças foliares devido à sua alta actividade fungitóxica, à deslocação rápida para folhas e ramos após aplicação foliar ou aplicação ao solo e à sua actividade curativa. No entanto o aparecimento de resistência limitaram o uso de alguns destes fungicidas como é o caso das acilamidas. O uso de fungicidas químicos vem também sofrendo uma série de restrições, principalmente devido ao seu efeito residual, aparecendo todos os anos nova legislação sobre a colocação de produtos fitofarmacêuticos no mercado que permitam uma utilização sustentável destes pesticidas. Os meios de luta disponíveis no combate à Doença da Tinta do Castanheiro não têm, até hoje, resolvido de forma eficiente e duradoura os problemas sanitários das culturas atacadas por este parasita. O controlo da doença baseia-se em impedir a infecção e limitar a dispersão do patogéneo mediante medidas culturais, biológicas e químicas (Smith et al., 1992). Os tratamentos químicos propostos são muito diversos: pulverização da copa das árvores infectadas com fungicidas e adubações foliares, injecções no tronco das árvores doentes e aplicação de diferentes produtos fungistáticos às raízes doentes e ao solo (Navarro et al., 2004). 28 Actualmente estão a se investigadas formas alternativas para o controlo desta doença, como por exemplo, a aplicação de produtos à base de fosfitos. Os fosfitos são os sais ou os ésteres do ácido fosforoso, não são tóxicos para a planta e têm propriedade fungicida (Cohen & Coffey, 1986). A sua acção sobre os fungos pode-se dar de uma forma directa (Fenn & Coffey, 1985; Rohrbach & Schenck, 1985) ou através da activação de mecanismos de defesa da planta, como o estímulo à produção de fitoalexinas (Guest & Grant, 1991; Jackson et al., 2000). O tratamento com fosfitos induz a planta a apresentar resposta imediata ao ataque de patogéneos (Guest & Bompeix, 1990). Na Australia, o uso de fosfitos têm produzido bons resultados sobre o controlo de P. cinnmomi em ecossistemas naturais, (Shearer & Tippett, 1989; Hardy et al., 2001). A aplicação de fosfito reduziu significativamente a extensão da doença em florestas de Banksia (Shearer et al., 2004). Estudos de Pilbeam et al. (2000) e Tynan et al. (2001) mostram o sucesso dos tratamentos de fosfito na redução da colonização de P. cinnamomi em plantas nativas do Oeste da Austrália. Em Espanha, Navarro et al. (2006) têm demonstrado a eficácia do fungicida fosfonato no controlo de P. cinnamomi em Quercus spp. Perante estes resultados os fungicidas fosfonatos poderão ser uma mais-valia na luta contra a doença da tinta do castanheiro. 29 1.4 – Os fosfitos na protecção vegetal 1.4.1 – O fósforo e sua influência na planta O fósforo é um dos principais elementos necessários para o crescimento e desenvolvimento de todas as espécies vivas. O fósforo não ocorre naturalmente como elemento livre, pois é muito reactivo, combinando-se rapidamente com outros elementos, como o oxigénio e o hidrogénio. O ciclo global do fósforo ocorre pela oxidação e redução de compostos de fósforo por reacções de transferência de electrões (McDonald et al., 2001). Embora as bactérias estejam envolvidas na reacção redox do fósforo (Adams & Conrad, 1953; Imazu et al., 1998), o mecanismo bioquímico e genético dessas transformações não estão ainda bem compreendidos. Quando o fósforo é oxidado, o produto é um ortofosfato (P043-), no qual quatro átomos de oxigénio estão ligados a um único átomo de fósforo. A pH neutro o ião ortofosfato está presente como uma mistura de HPO42- e H2PO4-. É na forma H2PO4- que o ião ortofosfato é normalmente transportado no interior das células das plantas. O ião P043- está intimamente envolvido com a bioenergética celular e a regulação metabólica, e é também um importante componente estrutural das macromoleculas tais como os ácidos nucleicos e fosfolípidos. Desempenha um papel crítico em praticamente todos os principais processos metabólicos nas plantas, incluindo fotossíntese e respiração. Ao contrário do que acontece em algumas células bacterianas (Adams & Conrad, 1953; Imazu et al., 1998) o fosfato não pode ser reduzido no interior das células de plantas ao seu estado de oxidação mais baixo. Em vez disso, o ião P043- é sequestrado no interior dos vacúolos das células ou incorporado na forma orgânica (ex: inicialmente como ATP) via foto- ou por fosforilação oxidativa. A fosforolise de fosfato de certos ésteres altamente energéticos por enzimas amido fosforilase também resulta na incorporação directa do fosfato nos compostos orgânicos (Plaxton, 1998). Apesar da sua importância para o metabolismo das plantas, o fosfato é um dos nutrientes menos disponíveis em muitos ecossistemas aquáticos e terrestres. A maior parte do fósforo na crosta terrestre ocorre numa forma mineral insolúvel que é largamente indisponível para as plantas (Plaxton, 1998). O uso maciço de fosfatos em fertilizantes (90% do fosfato mineral usado mundialmente), demonstra que o teor de fosfato livre na maioria dos solos está em níveis sub-óptimos para o crescimento das plantas. É largamente aceite que o fosfato é o único nutriente, contendo fósforo, importante para o óptimo crescimento e desenvolvimento das plantas. No entanto, ao 30 longo dos últimos 20 anos uma forma reduzida de fosfato conhecida como fosfito (H2PO3-) tem sido usada cada vez mais, para melhorar o rendimento de muitas culturas, embora, o uso extensivo de fosfitos e seus produtos relacionados, na agricultura, tenha levantado controvérsia na comunidade científica (McDonald et al., 2001). 1.4. 1.1 – Fosfanato No sentido mais lato, o termo fosfonato descreve qualquer composto contendo uma ligação carbono-fósforo. Alguns exemplos de compostos fosfonatos incluem os insecticidas organofosforados, medicamentos antivirais, retardadores de chama e alguns herbicidas. Os compostos fosfonatos também podem ocorrer de forma natural em algumas formas de vida, incluindo os Protozoa, molusculos, coelenterates e Oomicetas (Guest & Grant, 1991). Os fosfonatos foram inicialmente estudados como fertilizantes na Alemanha e nos Estados Unidos durante as décadas de 1930 e 1940 (Guest & Grant, 1991). Alguns dos termos usados para identificar produtos fosfonatos encontram-se descritos no Quadro 5. 1.4.1.2 – Fosfato Os fungicidas e fertilizantes fosfonatos não devem ser confundidos com os fosfatos derivados de fertilizantes tais como o fosfato de amónio e o tri-superfosfato, apesar de os fosfonatos e os compostos de fosfato serem quimicamente muito similares, eles diferem significativamente na forma como actuam na planta e no fungo (Landschoot & Cook, 2005). O fosfato (HPO4-) é transportado nas plantas e incorporado no interior das células, onde forma uma importante molécula de energia (ATP) e componentes estruturais das membranas das células e ADN. É essencial para o crescimento radicular, fotossíntese e respiração nas plantas. Os fungicidas e fertilizantes fosfonatos são absorvidos pela planta e incorporados no interior das células como iões fosfito (H2PO3). Este ião tem menos um átomo de oxigénio que o fosfato e por isso não actua da mesma maneira que o fosfato na planta. Embora o ião fosfito possa ser transportado para o interior das células das plantas, não parece estar envolvido em qualquer fase do metabolismo do fósforo (produção de ATP, fotossíntese ou respiração). No solo, ao longo do tempo, o fertilizante fosfonato no solo pode ser convertido por bactérias podendo depois ser translocado e metabolizado pelas plantas. Esta conversão não é 31 considerada um meio muito eficiente de libertação de fósforo para a planta quando comparado com os fertilizantes com fosfato. O ião fosfito tem efeito fungitóxico directo em certos patogeneos de plantas, um benefício que não é encontrado com o ião fosfato (Landschoot & Cook, 2005). Quadro 5 – Alguns dos importantes termos usados para classificar os produtos fosfonatos (adaptado de Landschoot & Cook, 2005). Termo Fosfonato Ácido fosforoso Ácido fosfónico Fosfito Etil fosfonato Ácido fosfórico Fosfato Definição Qualquer composto contendo uma ligação carbono-fósforo. Normalmente usado para descrever produtos feitos de sais ou esteres do ácido fosforoso. Substância sólida anídrica. Composto químico descrito pela fórmula HPO(OH)2 ou H3PO3. O ingrediente básico dos produtos fosfonatos. Ácido forte produzido por dissolução de ácido fosforoso em água. O termo ácido fosfónico é mais comummente conhecido como ácido fosforoso. Os fosfitos são os sais ou os ésteres do ácido fosforoso. O fosfito mais comum é o fosfito de potássio e é feito por mistura de uma solução de hidróxido de potássio com ácido fosfónico. O fosfito de potássio é também referido como um sal mono e di-potássio do ácido fosforoso em alguns produtos fosfonatos. As plantas transportam iões fosfito (H2PO3) mas eles não são usados no metabolismo do fósfofro. Os fosfitos têm propriedades fungicidas. Composto orgânico ligado a um ião alumínio formando alumínio tris (O-Etil fosfonato) ou fosetil-Al, o ingrediente activo do Aliette. Ácido forte usado no fabrico do fertilizante fosfato. Principal componente do fertilizante fosfato, usado na forma de fosfato de amónio, fosfato de potássio ou fosfato de cálcio. As plantas translocam-no e usam os iões fosfato (H2PO4- ou HPO4-) para ATP, ADN, fotossíntese, respiração e outras funções metabólicas. O fosfato não tem propriedades fungicidas. 1.4.1.3 – Modo de acção do ião fosfonato O modo de acção dos fungicidas fosfonatos tem sido uma longa fonte de controvérsia e mistério. Alguns cientistas acreditam que a maior parte do efeito fungicida destes produtos é exercido directamente sobre o fungo patogénico enquanto outros acreditam na combinação do efeito directo sobre o fungo e da estimulação das defesas do hospedeiro na prevenção da doença (Landschoot & Cook, 2005). Afek & Sztejnberg (1989) sugeriam a existência de que o ião fosfonato tinha uma dupla forma de acção para o controlo de doenças produzidas por Oomicetas: a) acção indirecta: potenciando os mecanismos de defesa naturais da planta; b) acção directa: actuando como fungistático. Estudos com fungicidas fosfonatos incorporados em meio de cultura não mostraram efeito directo em Pythium aphanidermatum. Portanto, foi assumido que o modo de acção não envolve a morte do fungo directamente mas antes a estimulação 32 de defesas químicas e físicas da planta contra as doenças (Sanders et al., 1983). No entanto, estudos posteriores mostraram que meios com fungicidas fosfonatos não inibiam fungos porque a concentração de fosfato no meio de cultura era demasiado alta. Baixando a quantidade de fosfato no meio de cultura permitia ao ião fosfito inibir directamente o fungo. Aparentemente, quer o fosfito quer o fosfato competem pelo mesmo transporte na membrana celular e o fosfato tende a competir com o fosfito por esses locais, bloqueando assim a captação de fosfito pelo fungo (McDonald et al, 2001). Esta descoberta conduziu os cientistas a explorar o modo como os fungicidas fosfonatos perturbam o metabolismo dos fosfatos no fungo. Num estudo usando três espécies de Phytophthora, cientistas australianos descobriram que os fungicidas fosfonatos interferem com o metabolismo do fosfato por acumulação de dois composto, polifosfato e pirofosfato, nas células do fungo. Pensa-se que a acumulação deste composto desvia ATP para outros processos metabólicos resultando num decréscimo do crescimento do fungo (Landschoot & Cook, 2005). Mais recentemente foram encontrados fungicidas fosfonatos que inibiam algumas enzimas-chave necessárias para o crescimento e desenvolvimento em Phytophthora palmivora (Stehmann & Grant, 2000). Esses estudos sugerem que o modo de acção é pelo menos parcialmente, se não maioritariamente, inibidor directo de fungos. Além disso, o modo de acção dos fungicidas fosfonatos parece ser suficientemente amplo pelo que o potencial de desenvolvimento de resistência não é tão forte como com outros fungicidas sistémicos (Landschoot & Cook, 2005). Considerando que o ião fosfito tem pouco ou nenhum efeito no metabolismo do fósforo na planta, parece improvável que possa prevenir doenças por estimulação das defesas do hospedeiro. Todavia, alguns estudos revelam que quando certas espécies de Phytophthora infectam determinadas espécies de plantas tratadas com fungicidas fosfonatos, são produzidos inibidores químicos do fungo chamados de fitoalexinas (Landschoot & Cook, 2005). Um recente estudo envolvendo Eucalyptus mostrou que a concentração de ião fosfito na planta pode determinar a dimensão da activação das defesas do hospedeiro. Quando a concentração do ião fosfito nas raízes era baixo, as enzimas de defesa do hospedeiro eram estimuladas, mas quando a concentração do ião fosfito era alta as enzimas de defesa do hospedeiro continuavam inalteradas e os iões fosfito inibiam o crescimento do patogéneo antes de ele causar doença (Jackson et al., 2000). 33 Estudos da estimulação dos mecanismos de defesa do hospedeiro são difíceis de conduzir e requerem a capacidade de detectar minúsculas quantidades de compostos complexos na planta. Portanto, muito pouco é conhecido acerca do modo de acção em comparação com o efeito directo dos fungicidas fosfonatos. 1.4.1.4 – O uso do fosfito em agricultura Na década de 30 do século XX, foram realizados estudos usando uma variedade de diferentes compostos contendo fósforo, para determinar a sua eficácia como meio de fornecer fósforo para suportar o crescimento vegetal. Determinou-se que o fosfito era uma fonte de fósforo muito pobre, e a conversão, no solo, de fosfito para fosfato era muito lenta para ser agronomicamente relevante (MacIntire, et al., 1950; Guest & Grant, 1991). Plantas cultivadas em solos nos quais o fosfito tinha sido acrescentado ao suplemento natural dos níveis de fosfato, tinham um crescimento mais fraco do que as plantas cultivadas em solos adubados com fosfonato. Em alguns casos, quando as plantas foram replantadas no mesmo solo um ano após a aplicação inicial, elas cresciam melhor que as plantas plantadas no ano da aplicação. Isso deve-se à lenta conversão do fosfito em fosfato no solo (MacIntire, et al., 1950). No entanto, o aumento da produtividade nunca foi equivalente à observada quando as necessidades em fósforo foram fornecidas directamente às culturas pelo fosfato. Estes resultados, em conjunto com o facto de o fosfito ser um meio mais caro para fornecer fósforo do que o fosfafo na forma de superfosfato, levou ao desinteresse por parte dos agricultores na aplicação dos fosfitos. No entanto o fosfito viria a retornar à agricultura quando na década de 70 do século XX se verificou que o fosfito reagia com o etanol para formar etil-fosfonato reprimindo eficazmente algumas doenças radiculares causadas por fungos da ordem dos Oomicetas, particularmente Phytophthora sp. (Guest & Grant, 1991, Smillie et al., 1989). O etil-fosfonato tornou-se naquela época amplamente comercializado sob o nome comercial Aliette® ou fosetil-Al. A parte Al do nome deriva do uso de iões de alumínio (Al3+) para neutralizar a única carga do ião etil-fosfonato, de modo que o fosetil-Al tem três iões etil-fosfonatos que são ionicamente ligados a um ião Al. O fosfito, libertado na planta por hidrólise do etil-fosfonato, é o responsável pela protecção das plantas contra fungos patogéneos (Smillie et al., 1989; MacIntire, et al., 1950; Fen & Coffey, 1984; Guest & Grant, 1991;Grant et al., 1992). O sal de potássio do fosfito é um agente igualmente eficaz para controlar infecções em plantas 34 provocadas por Phytophthora sp. (Smillie et al., 1989; MacIntire, et al., 1950; Fen & Coffey, 1984; Guest & Grant, 1991; Grant et al., 1992, Niere, et al., 1994). Assim, tanto o K-fosfito como o fosetyl-Al foram largamente empregues para o controlo contra um grande número de doenças provocadas por Phytophthora (McDonald et al, 2001). Observações de Fen & Coffey (1984, 1989) demonstraram que o local de acção dos fungicidas fosfitos está dentro do fungo patogénico e não na planta hospedeira, em que 0,1 a 3 mM de fosfito inibiram marcadamente o crescimento de micélio de Phytophthora em culturas estéreis (Fen & Coffey, 1984; Grant et al., 1992, Griffith et al., 1992; Niere, et al., 1990, 1994). Estudos de espectroscopia 31P-NMR revelaram que o fosfito perturba o metabolismo do fósforo em Phytophthora causando uma acumulação massiva de polifosfato (poly-P) e pirofosfato (PPi) (Guest & Grant, 1991; Niere, et al., 1990; 1994). A toxicidade do fosfito em Phytophthora, sugerida em grande parte, pela sua capacidade em aumentar pirofosfatos, e por conseguinte, indirectamente inibir reacções pirofosforilase-chave, essenciais ao anabolismo (Griffith et al., 1992). A eficácia do fosfito em suprimir Phytophthora depende em certa medida da concentração de fosfato que está presente (Grant et al., 1992). Isto foi explicado quando foi mostrado que o ião fosfato e ião fosfito competem pelos mesmos transportadores em Phytophthora e que o fosfato é melhor competidor por esses locais que o fosfito (Griffith et al., 1992). Concentrações relativamente altas de fosfito também inibiram as actividades de algumas enzimas da via glicolítica e oxidativa das pentose-fosfatos em extractos clarificados de Phytophthora (Stehmann & Grant, 2000). Isto suporta a hipótese de que o fofito pode inibir algumas enzimas que actuam num único sítio em Phytophthora. Actualmente existe ampla concordância de que esses efeitos deletérios directos dos fosfitos no metabolismo de Phytophthora são importantes no controlo de doenças causadas nas plantas. No entanto, este caminho pode não ser o único meio através do qual o controlo é exercido (Guest & Grant, 1991; Smillie et al., 1989; Jackson et al., 2000). As plantas possuem mecanismos endógenos eficazes e altamente sofisticados para combater as infecções. Elas são capazes de reconhecer a maior parte dos organismos invasores e responder à presença deles gerando poderosos produtos antimicrobianos na zona circundante da tentativa de invasão. Plantas tratadas com fosfito parecem ser capazes de gerar compostos antimicrobiano mais eficazes do que aquelas não tratadas com o produto químico (Guest & Grant, 1991; Smillie et al., 1989). Existe uma estreita relação entre a concentração de 35 fosfito presente no local de invasão e o ponto em que os genes de defesa da planta são expressos (Jackson et al., 2000). Assim, foi argumentado que a capacidade do fosfito em controlar a patogenicidade em Phytophthora sp. resulta da sua influência na planta, tornando-a capaz de responder mais eficazmente ao organismo invasor. Outros têm mantido que o fosfito não tem nenhum efeito sobre as plantas, mas sobre o fungo restringindo directamente o crescimento do fungo patogénico, e obrigando-o a alterar a sua estrutura de tal forma que é melhor reconhecido como um invasor pela planta hospedeira. Um reconhecimento mais eficiente permite uma resposta de defesa mais rápida e, consequentemente, mais eficaz (McDonald et al., 2001). Estudos de Jackson et al. (2000) parecem ter reconciliado estas duas hipóteses. Ensaios com Eucalyptus marginata inoculados com P. cinnamomi mostraram que o efeito do fosfito em controlar o patogéneo é determinado pela concentração de fosfito na interface hospedeiro-patogeneo. Quando a concentração de fosfito nas raízes era baixa, o fosfito interagia com o local de ingresso para estimular enzimas de defesa do hospedeiro (Jackson et al., 2000). Quando a concentração de fosfito nas raízes era elevada, as defesas mantiveram-se inalteradas, e o fosfito pareceu actuar directamente no patogéneo para inibir o seu crescimento antes 1.4.1.5 – Influência do fosfito na planta Independentemente do mecanismo pelo qual os fosfitos actuam para restringir Phytophthora durante a sua invasão em plantas, trabalhos recentes têm revelado que os fosfitos têm efeitos directos sobre as plantas, independentemente de eles terem sido modificados por Phytophthora ou não. Plantas tratadas com fosetil-Al ou fosfito rapidamente acumulam fosfito no interior das suas células (Carswell et al., 1996; Fen & Coffey, 1984; Forster et al, 1998). O fosfito é móvel no floema e acumula nos tecidos em crescimento (Carswell et al., 1996, Guest & Grant, 1991). Como as plantas são incapazes de metabolizar o fosfito (Carswell et al., 1996, Guest & Grant, 1991, Carswell et al., 1996), ele persiste nos seus tecidos por longos períodos. No entanto, tem sido geralmente assumido que os níveis de fosfito utilizados para controlar Phytophthora não interferem com o crescimento ou o metabolismo das plantas hospedeiras (Mcintire et al., 1950). No entanto estudos recentes demonstraram que concentrações relativamente baixas de fosfito (ex: 1-2 mM) quebram drasticamente o desenvolvimento de mecanismos de compensação de deficiência de fosfato mas não em 36 plantas de Brassica nigra fertilizadas com fosfato (Carswell et al., 1996, Guest & Grant, 1991). Análises 31 P-NMR revelam que os níveis intracelulares de fosfato geralmente decrescem em Brassica sp. tratada com fosfito, e que o fosfato acumulado em folhas e raízes desce para níveis até 6 a16 vezes mais baixo em plantas fertilizadas com fosfato. Além disso, os tratamentos com fosfito reduzem a indução de enzimas (Ex: APase) e transportadores (ex: transportadores de fosfato na membrana plasmática) característicos da resposta por défice de fosfato em Brassica sp. (Carswell et al., 1996, 1997). A redução de 75% da indução da APase causada por tratamentos com fosfito de células de B. napus com deficiência de fosfato foi correlacionada com um decréscimo similar da quantidade da proteína APase immunoreactiva (Carswell et al., 1997). Um aumento da razão raiz:caules, o padrão da resposta morfológica da planta à limitação de nutrientes não foi observado quando plantas de B. nigra privadas de fosfato cresceram na presença de 1,5 mM de fosfito (Carswell et al., 1996). No entanto o mecanismo preciso pelo qual os fosfitos exercem esse efeito é desconhecido, pondo-se a hipótese que os fosfitos interferem com o sinal da cadeia de transdução pelo qual Brassica sp. detecta e responde à deficiência de fosfato a nível molecular. O anião fosfito parece representar uma ferramenta útil com a qual continuar a investigar a “via do sinal de transdução” pelo qual as plantas respondem à falta de fosfato a nível molecular. 37 2 – Objectivos A Doença da Tinta do Castanheiro é uma das principais causas do desaparecimento dos soutos. Os meios de luta disponíveis para combater as doenças provocadas por Phytophthora que atacam as raízes não têm, até hoje, resolvido de forma eficiente e duradoura os problemas sanitários das culturas e das florestas atacadas por estes parasitas. Os fosfitos e em particular o fosfonato de potássio têm sido utilizados com sucesso no controlo de P. cinnamomi em várias espécies florestais. O efeito dos fosfonatos na protecção dos castanheiros deve também ser estudado de forma a melhorar as possibilidades de luta contra a Doença da Tinta do Castanheiro. Com este trabalho pretende-se avaliar o efeito da aplicação foliar de fosfonato potássico em plantas jovens de castanheiro na protecção radicular associada a P. cinnamomi. Para concretizar este objectivo geral foram estabelecidos os seguintes objectivos específicos que a seguir se indicam: - avaliar a eficácia dos tratamentos de fosfonato potássico por aplicação foliar e com carácter preventivo em castanheiro; - avaliar o efeito protector do fosfonato potássico por inoculação de P. cinnamomi na parte aérea da planta como medida indirecta da protecção radicular; - estudar o efeito in vitro do fosfonato potássico e fosetil-Al em diferentes isolados de Phytophthora e outros fungos associados com o castanheiro. 38 3 – Material e Métodos 3.1 – Material biológico 3.1.1 – Isolados P. cinnamomi e P. cambivora utilizados neste estudo Os isolados de Phytophthora utilizados neste estudo foram obtidos de castanheiros com sintomas da Doença da Tinta, na região de Trás-os-Montes (Gouveia et al., 2004), e mantidos na colecção de Phytophthora da Escola Superior Agrária de Bragança (Quadro 6). Os isolados são mantidos em meio de cultura PDA (Potato Dextrose Agar - Difco, 39 g/L) a 25ºC no escuro. Quadro 6 – Isolados de Phytophthora usados no ensaio Espécie Código Hospedeiro P. cinnamomi P. cambivora Ano de isolamento Pr 120 Castanea sativa 2001 Pr 125 Solo 2001 804 Castanea sativa 1998 810 Castanea sativa 1998 Ar 102 Castanea sativa 2001 Pr 135 Solo 2001 3.1.2 – Outros organismos utilizados neste estudo 3.1.2.1 – Pisolithus tinctorius O fungo micorrízico Pisolithus tinctorius, é uma espécie habitante do solo e da rizosfera que estabelece relações de simbiose com as raízes do castanheiro. P. tinctorius cresceu em meio de cultura sólido Melin & Norkans (MMN) (Marx, 1969), sendo depois repicado para placas em PDA (Potato Dextrose Agar, 39g/l). 3.1.2.2 – Cryphonectria parasitica Cryphonectria parasítica é o fungo responsável pelo cancro do castanheiro. O isolado de C. parasitica utilizado encontra-se na colecção de C. parasitica da Escola Superior Agrária de Bragança sendo mantido em meio de cultura PDA (Potato Dextrose Agar - Difco, 39 g/L) a 25ºC no escuro. 39 3.1.3 – Plantas Para a realização dos ensaios utilizaram-se plantas de castanheiro com um ano de idade. A estratificação das castanhas foi feita antecipadamente em areia, e mantida com humidade para que ocorra a germinação. As castanhas germinadas são plantadas em tabuleiros alveolados com a dimensão de 6cm x 6cm x 20cm para o normal crescimento das plantas de castanheiro. 3.2 – Substratos 3.2.1 – Substrato de inóculo A quantidade de P. cinnamomi utilizada para a inoculação dos substratos foi conseguida por subcultura do isolado Pr120. P. cinnamomi (Pr120) foi previamente colocado a crescer em placas de Petri com PDA (Potato Dextrose Agar – Dicfo, 39 g/L), a 25ºC no escuro, sendo depois todo o conteúdo do crescimento micelial colocado em sacos com um litro de uma mistura de vermiculite humedecida, antecipadamente esterilizada por autoclave (120 ºC/ durante uma hora). Os sacos de vermiculite inoculados foram selados para evitar contaminações e colocados a incubar em estufa a 20-22ºC e regularmente homogeneizado para uniformizar o crescimento do parasita no substrato. 3.2.2 – Substrato dos vasos Utilizou-se um substrato de terra vegetal e areia na proporção de 3:1 previamente desinfestado com formol e inoculado com 0,5 % (v/v) com P. cinnamomi, que previamente cresceu em sacos com vermiculite. O substrato de plantação foi colocado em vasos com 15 Litros de capacidade. 3.3 – Meios de cultura utilizados Para a manutenção de P. cinnamomi para os diferentes ensaios utilizou-se o meio de cultura PDA (Potato Dextrose Agar – Difco, 39 g/L). Para o isolamento das raízes com sintomas de doença da Tinta do Castanheiro utilizou-se o meio selectivo P10VPH de Tsao e Guy (1977) tendo-se substituído o meio base por PDA (39 g L-1, Difco) mantendo-se todos os outros constituintes nas proporções indicadas (PCNB – 100 mg L-1; hymexazol – 50 mg L-1; vancomicina – 200 40 mg L-1; pimaricina – 10 mg L-1), sendo estes constituintes adicionados após a autoclavagem (121ºC/20 minutos) e quando o meio de cultura atinge uma temperatura de cerca de 45ºC. 3.4 – Fosfonato de potássio O fosfonato de potássio utilizado no ensaio é uma formulação líquida de potássio e de fósforo em forma de fosfonato (fósforo total (P2O5), 30% (p/v); potássio total (K2O) 20% (p/v)). Este produto é comercializado com o nome Atlante®. A solução stock foi preparada com água destilada à concentração de 3 ml/L. O fosfonato potássico foi aplicado aos castanheiros por pulverização através de um pequeno pulverizador. 3.5 – Estudo do efeito de fosfonato potássico na protecção das raízes do castanheiro O efeito da aplicação foliar do fosfonato potássico foi estudado em plantas de castanheiro com um ano de idade nas estufas do IPB/ESA. Os castanheiros foram colocados em vasos de 15 litros (Figura 5) de capacidade que se mantiveram em estufa durante quatro meses, com rega semanal por inundação e rega por nebulização a intervalos regulares durante o período diurno. Figura 5 – Disposição dos vasos na bancada 41 Ultrapassada a crise inicial da transplantação (24 horas) aplicou-se fosfonato potássico à concentração de 3 ml L-1 por pulverização foliar, ou água destilada, até as folhas ficarem molhadas pela aplicação da calda. Deixou-se secar o produto durante 24 horas e restabeleceu-se o sistema de rega. Utilizaram-se 5 vasos com 3 plantas por vaso por tratamento e de forma aleatória, na bancada da estufa. 3.5.1 – Parâmetros fisiológicos 3.5.1.1 – Altura e diâmetro ao nível do colo No final do ensaio, realizaram-se medições, do crescimento anual, do crescimento total e do diâmetro ao nível do colo, em todas as plantas. 3.5.1.2 – Biomassa A biomassa foi determinada, considerando os diferentes órgãos da planta, folhas, caules e raízes, no fim do ensaio. O material fresco foi pesado e posto a secar numa estufa a 60ºC, até peso constante. 3.5.1.3 – Comprimento e número de raízes secundárias No final do ensaio retiraram-se os castanheiros dos vasos e lavaram-se as raízes cuidadosamente com água para tirar toda a terra aderente, evitando danificar as raízes para não produzir perda de biomassa radicular. Após lavagem em água corrente as raízes foram fotografadas e em seguida avaliou-se o comprimento radicular e o número de raízes secundárias. 3.5.2 – Sintomatologia Avaliou-se a sintomatologia na parte aérea da planta, de 15 em 15 dias durante todo o período do ensaio. No final do ensaio as plantas foram retiradas dos vasos, retirando-se o substrato aderente às raízes com a ajuda de água corrente. Avaliou-se o sistema radicular quanto à presença e extensão de podridões radiculares, sintomas característicos do desenvolvimento de Phytophthora. Adicionalmente retiraram-se segmentos de raízes doentes e com aspecto saudável para isolamento de P. cinnamomi no meio de cultura selectivo P10VPH de Tsao e Guy (1977). Os tecidos de raiz utilizados para o isolamento de Phytophthora foram desinfectados com hipoclorito de sódio a 3% durante cerca de 2 minutos sendo 42 posteriormente lavados com água destilada. Retirou-se o excesso de humidade com papel absorvente e colocaram-se os troços de raiz em meio selectivo P10VPH, sendo em seguida postos a incubar a 20-22ºC. A presença de Phytophthora foi confirmada por observação microscópica, ao nível das hifas. 3.6 – Avaliação do efeito protector do fosfonato potássico por inoculação de P. cinnamomi na parte aérea da planta Foram seleccionadas 10 plantas jovens de castanheiro com a altura e diâmetro aproximadamente iguais e mantidas nas estufas da ESA/IPB com condições de temperatura e humidade reguladas. A inoculação foi realizada com micélio, obtido por crescimento em PDA (Potato Dextrose Agar - Difco, 39g/L) do isolado de P. cinnamomi (Pr120), dividido em pequenos troços de igual diâmetro. Para a realização da inoculação seccionou-se o ápice do ramo, transferiu-se o disco de micélio e meio de cultura e foi posto em contacto com a secção transversal previamente seccionada. Para evitar a dessecação dos tecidos e criar um ambiente húmido, cobriu-se a zona próxima da inoculação com papel de alumínio (Figura 6). Figura 6 – Inoculação em ramo destacado 43 As plantas de castanheiro foram tratadas por pulverização foliar com fosfonato potássico (Atlante) à concentração de 3 mlL-1 enquanto que as plantas que serviram de controlo foram pulverizadas com água destilada. A aplicação de fosfonato potássico foi feita três dias antes da inoculação dos ramos com P. cinnamomi. Mediu-se o comprimento da lesão provocada pelo desenvolvimento do parasita nesses tecidos, evidenciada pela necrose dos tecidos da planta inoculada. As medições da dimensão da lesão (DL), expressa em milímetros, foram realizadas ao fim de 25 dias após a inoculação, altura em que as plantas começavam a evidenciar amarelecimento das folhas. 3.7 – Avaliação da toxicidade in vitro do fosfonato potássico e fosetil-Al Para determinar o efeito tóxico do fosfonato potássico e do fosetil-Al, expresso pelo EC50 (concentração que inibe o crescimento micelial em 50 %), realizaram-se teste de toxicidade in vitro em diferentes isolados de P. cinnamomi e P. cambivora assim como em Pisolithus tinctorius, um fungo Basidyiomicete que estabelece relações de simbiose micorrízica com as raízes do castanheiro. 3.7.1 – Toxicidade in vitro do fosfonato potássico O efeito tóxico do fosfonato potássico foi avaliado pelo crescimento micelial dos diferentes isolados de Phytophthora e pelo isolado de Pisolithus tinctorius, em meio PDA contendo 0, 5, 20 e 50 µg ml-1 de fosfonato potássico. De cada isolado em crescimento activo retiraram-se secções circulares com 5 mm de diâmetro e colocaramse no centro de placas de Petri. As placas (cinco por isolado) foram incubadas a 22-24 ºC durante 5 dias. No final deste período mediu-se o crescimento micelial, efectuando-se medições do raio maior e raio menor, e determinou-se para cada concentração a percentagem de redução de crescimento micelial por comparação com o crescimento na ausência de fosfonato potássico. 3.7.2 – Toxicidade in vitro do fosetil-Al O efeito tóxico do fosetil-Al foi avaliado pelo crescimento micelial dos diferentes isolados de Phytophthora, em meio PDA contendo 0, 20, 50 e 100 µg ml-1 de fosetil-Al. De cada isolado em crescimento activo retiraram-se secções circulares com 5 44 mm de diâmetro e colocaram-se no centro de placas de Petri. As placas (cinco por isolado) foram incubadas a 22-24 ºC durante 5 dias. No final deste período mediu-se o crescimento micelial, efectuando-se medições do raio maior e raio menor, e determinouse para cada concentração a percentagem de redução de crescimento micelial por comparação com o crescimento na ausência de fosetil-Al. O valor que reduz o crescimento micelial em 50% (EC50) em cada isolado em estudo foi obtido por regressão linear dos valores probit da percentagem de redução do crescimento e dos valores da concentração expressos em logaritmo. 3.8 – Análise estatística A análise estatística foi realizada no software SPSS 16.0®, recorrendo-se ao teste t-student para amostras independentes e procedendo-se à avaliação da significância da diferença entre os valores médios das variáveis em estudo para os dois grupos considerados. Os pressupostos deste método estatístico, nomeadamente a normalidade e a homogeneidade das variâncias nos dois grupos, foram avaliados através do teste de Shapiro-Wilk (n<50) e do teste de Levene, respectivamente. . Pontualmente, em casos onde foram detectados ligeiros desvios relativamente à distribuição normal, utilizou-se o teste de Mann-Whitney (não-paramétricos). Consideraram-se estatisticamente significativas as diferenças das médias cujo p-value do teste é inferior ou igual a 0,05. 45 4 – Resultados 4.1 – Efeito de fosfonato potássico na protecção do castanheiro 4.1.1 – Parâmetros fisiológicos 4.1.1.1 – Altura e diâmetro ao nível do colo O crescimento das plantas de castanheiro foi registado no final do ensaio, ao fim de 4 meses de crescimento. Os valores do crescimento do ano, altura total e diâmetro ao nível do colo das plantas de castanheiro, expresso em centímetros, nas diferentes modalidades (aplicação foliar de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico), encontram-se no Quadro 7. Quadro 7 – Valores (em centímetros) do crescimento do ano, altura total e do diâmetro ao nível do colo Com fosfonato potássico Sem fosfonato potássico Plantas Cres. ano Alt. total Diâmetro Cres. ano Alt. total Diâmetro 1 4,0 32,0 0,40 6,0 27,5 0,40 2 10,0 29,0 0,50 11,0 29,0 0,85 3 12,0 31,5 0,70 6,5 25,5 0,40 4 7,5 27,0 0,60 8,0 28,5 0,50 5 19,0 32,0 0,90 12,0 31,5 0,60 6 5,0 29,5 0,60 15,5 34,0 0,55 7 6,5 25,5 0,65 7,0 21,0 0,40 8 10,0 28,5 0,50 23,5 37,5 0,50 9 12,0 30,5 0,70 12,5 32,0 0,45 10 11,5 25,0 0,65 7,5 29,0 0,60 11 10,0 30,0 0,60 6,5 22,0 0,70 12 13,0 27,5 0,65 11,0 27,5 0,40 13 11,5 31,0 0,70 18,0 34,5 0,60 14 3,5 20,0 0,70 9,5 31,5 0,50 Cres. – Crescimento, Alt. – Altura As plantas que não foram sujeitas à aplicação foliar de fosfonato potássico apresentaram um crescimento em altura ligeiramente superior às plantas em que houve aplicação foliar de fosfonato potássico. No entanto, os valores obtidos com o teste t-student não evidenciaram diferenças significativas entre os crescimentos do ano (P=0,44), para as duas modalidades ensaiadas. 46 A média do crescimento do ano obtida no final do ensaio nas plantas com aplicação foliar de fosfonato potássico foi de 9,68 cm, e nas plantas sem aplicação de fosfonato potássico foi de 11,04 cm (Quadro 8). As alturas médias obtidas no final do ensaio para cada um dos tratamentos foram de 28,50 cm para as plantas com aplicação de fosfonato potássico e 29,35 cm para as plantas sem aplicação de fosfonato potássico. A análise estatística não evidenciou diferenças significativas entre as modalidades (teste t-student, P=0,57). Quadro 8 – Valores médios (em centímetros) do crescimento do ano, altura total e do diâmetro ao nível do colo Crescimento ano Altura total Diâmetro média±sd Com fosfonato 9,68±4,14 a Sem fosfonato 11,04±5,07 a sd – desvio padrão da média média±sd média±sd 28,50±3,33 a 29,36±4,62 a 0,63±0,11 a 0,53±0,13 b Nota: Em cada coluna, as médias seguidas de letras diferentes, diferem significativamente (P ≤ 0.05). As plantas tratadas com fosfonato potássico por aplicação foliar apresentaram um maior diâmetro ao nível do colo que as plantas sem aplicação foliar de fosfonato potássico. O diâmetro médio ao nível do colo médio registado para as plantas sujeitas a tratamento foliar com fosfonato potássico foi de 0,63 cm, enquanto que para as plantas onde não houve tratamento por aplicação foliar com fosfonato potássico foi de 0,53 cm. Como esta variável apresentou ligeiros desvios da distribuição normal (apenas no grupo de plantas não sujeitas à aplicação do fosfonato), utilizou-se o teste de Mann-Whitney para avaliar a significância da diferença de médias. Os resultados obtidos indicaram diferenças significativas entre os tratamentos (P=0,043). 4.1.1.2 – Biomassa da parte aérea Os valores da biomassa da parte aérea das diferentes modalidades tratadas encontram-se no Quadro 9. As plantas sem tratamento com fosfonato potássico obtiveram um valor de biomassa da parte aérea (folhas e caules) ligeiramente superior às plantas tratadas com fosfonato potássico por aplicação foliar. No entanto a análise estatística (teste t-student) não revelou diferenças significativas entre os valores de peso seco da biomassa das 47 planttas tratadas com fosfonnato potássicco por apliccação foliar e os valorees das plantaas em que não n houve aplicação a fooliar de fosfo fonato potásssico. Quaddro 9 – Valor V da biiomassa daa parte aérrea (folhas e caules) das plantaas de castaanheiro nas diferentes modalidaddes (com ap plicação de fosfonato potássico e sem apliccação de fossfonato potáássico) Com fosfonnato potássiico Sem m fosfonatoo potássico Planntas Follhas Caaules Total Folhass Caulees Tottal 1 0,,94 1 1,57 2,51 1,63 1,500 3,1 13 2 1,,37 2 2,59 3,96 2,78 3,599 6,3 36 3 3,,05 3 3,99 7,04 1,09 1,211 2,2 23 4 1,,19 2 2,06 2,166 3,9 95 3,25 1,80 5 1,,86 2 2,61 2,900 6,2 24 4,47 3,34 6 2,,41 3 3,35 5,75 3,14 3,111 6,2 24 7 1,,95 3 3,10 5,05 1,42 1,144 2,5 56 8 2,,35 2 2,19 4,54 3,42 3,677 7,0 09 9 2,,35 2 2,73 5,08 1,39 2,155 3,5 55 100 1,,75 2 2,26 4,01 2,24 2,733 4,9 97 11 1,,72 0 0,87 2,58 1,46 1,433 2,8 89 122 6,29 2,10 2,,58 3 3,71 2,199 4,2 29 133 1,,05 1 1,36 2,40 3,03 3,800 6,8 82 1,99 144 2,944 4,9 94 - sem m dados Na Figurra 7 registaam-se os ressultados da biomassa da d parte aérrea expresso os em gram mas. Peso seco (g) Com fosfonato C o potássico Sem fosfo onato potássico 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Folhass Caules Mateerial Figurra 7 – Bioomassa dass folhas e caules das plantas dee castanheirro tratadas com fosfoonato potásssico por pullverização foliar fo e sem aplicação de d fosfonatoo potássico. 48 O valor de biomassa médio mais elevado foi registado nas plantas em que não houve aplicação foliar de fosfonato potássico com 4,67 g e o valor de biomassa médio mais baixo foi registado nas plantas com aplicação foliar de fosfonato potássico com 4,38 g (Quadro 10). Quadro 10 – Valores médios da biomassa total da parte aérea (folhas e caules) nas diferentes modalidades (com aplicação de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico) Com fosfonato potássico Sem fosfonato potássico Biomassa total sd – desvio padrão da média média±sd média±sd 4,38±1,47 a 4,67±1,66 a Nota: Em cada linha, as médias seguidas de letras diferentes, diferem significativamente (P ≤ 0.05). As plantas com aplicação foliar de fosfonato potássico obtiveram um valor médio de biomassa das folhas inferior (1,89 g) em relação às plantas sem aplicação foliar de fosfonato potássico (2,20 g) (Figura 7). No entanto o mesmo não se passou relativamente à biomassa dos caules, pois aqui o valor médio de biomassa registado foi superior (2,49 g) em relação às plantas sem aplicação foliar de fosfonato potássico (2,20 g). 4.1.1.3 – Biomassa radicular Os valores da biomassa das raízes secundárias das diferentes modalidades encontram-se no Quadro 11. Os valores médios da biomassa obtidos para as raízes secundárias foram de 2,34g para a modalidade em que houve aplicação foliar de fosfonato potássico e 1,05g na modalidade sem aplicação de fosfonato de potássico (Quadro 12). A análise estatística (teste t-student) revelou diferenças significativas entre estes dois tratamentos (P=0,014). Quadro 11 – Biomassa das raízes secundárias nas diferentes modalidades (com aplicação de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico) Plantas Com fosfonato potássico Sem fosfonato potássico 1 1,88 1,55 2 0,70 1,83 3 3,32 0,54 49 Quadro 11 – Biomassa das raízes secundárias nas diferentes modalidades (com aplicação de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico) (continuação) Plantas Com fosfonato potássico Sem fosfonato potássico 4 1,47 0,81 5 0,92 6 5,19 0,81 7 4,97 0,38 8 2,56 1,25 9 1,58 0,86 10 2,30 1,30 11 0,88 12 0,32 1,25 13 2,49 1,14 14 1,29 1,16 - sem dados Quadro 12 – Valores médios da biomassa total das raízes secundárias nas diferentes modalidades (com aplicação de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico) Com fosfonato potássico Sem fosfonato potássico Biomassa raiz sd – desvio padrão da média média±sd média±sd 2,34±1,52 a 1,05±0,38 b Nota: Na linha, as médias seguidas de letras diferentes, diferem significativamente (P ≤ 0.05). O peso seco das raízes secundárias foi o parâmetro fisiológico mais afectado pela inoculação de P. cinnamomi. As plantas tratadas por aplicação foliar de fosfonato potássico apresentaram valores de biomassa das raízes secundárias maiores que as plantas não tratadas com fosfonato potássico, indicando assim que P. cinnamomi não causou danos no sistema radicular dos castanheiros que receberam o tratamento com fosfonato potássico. 4.1.1.4 – Comprimento e número de raízes secundárias No Quadro 13 apresentam-se os valores obtidos do comprimento total da raiz secundária, comprimento das raízes sãs, comprimento das raízes doentes e a percentagem de raízes doentes nas duas modalidades. Nas plantas que cresceram no substrato inoculado com P. cinnamomi e sem aplicação de fosfonato potássico todo o sistema radicular evidenciava podridão radicular, quer considerando o comprimento radicular, quer o número de raízes. 50 Exceptua-se a esta situação uma única planta que, não evidenciando sintomas da Doença da Tinta na parte aérea, apresentava 70 % do total do comprimento das raízes com podridão radicular e praticamente todas as raízes infectadas. Nas plantas tratadas por pulverização foliar com fosfonato potássico, 50% das plantas não evidenciava qualquer sintoma de podridão nas raízes, sendo que as outras 50% manifestaram sintomas, apresentando infecção radicular variando entre os 2 e os 16% do comprimento radicular. O maior comprimento radicular foi registado nas plantas em que houve aplicação foliar de fosfonato potássico com 2046,0 cm e o menor comprimento radicular foi registado nas plantas sem aplicação foliar de fosfonato potássico com 243,0 cm. Quadro 13 – Comprimento radicular nos diferentes tratamentos (com aplicação foliar de fosfonato potássico e sem aplicação foliar de fosfonato potássico) (CRT – comprimento radicular total; CRS – comprimento das raízes sãs; CRD – Comprimento das raízes doentes; %RD – percentagem de raízes doentes) Com fosfonato potássico Sem fosfonato potássico Plantas CRT CRS CRD %RD CRT CRS CRD %RD 1 694,5 694,5 0,0 0,0 2 1201,5 1201,5 0,0 0,0 617,2 0,0 617,2 100 3 2046,0 2046,0 0,0 0,0 387,5 0,0 387,5 100 4 773,0 773,0 0,0 0,0 392,0 0,0 392,0 100 5 1098,0 998,0 50,0 4,55 389,0 0,0 389,0 100 6 1939,5 1939,5 0,0 0,0 545,0 0,0 545,0 100 7 954,5 794,0 160,5 16,82 243,0 0,0 243,0 100 8 1108,0 1108,0 0,0 0,0 806,5 0,0 806,5 100 9 680,5 653,5 27,0 3,97 831,0 0,0 831,0 100 10 937,5 908,5 29,0 3,09 972,5 0,0 972,5 100 11 617,5 521,0 96,5 15,63 540,5 0,0 540,5 100 12 968,5 906,0 62,5 6,45 841,0 0,0 841,0 100 13 683,5 662,5 16,0 2,34 623,5 0,0 623,5 100 14 676,0 676,0 0,0 0,0 1396,5 414,5 982,0 70,32 - sem dados No Quadro 14 encontram-se os valores médios do comprimento radicular total, comprimento das raízes sãs e comprimento das raízes doentes. Os resultados estatísticos revelam diferenças significativas (P <0,05) entre os dois tratamentos. Neste caso, dado o 51 ligeirro afastameento da norm malidade poor parte dass variáveis num n dos grrupos, utilizzou-se iguallmente o tesste de Mannn-Whitney. Quaddro 14 – Vaalores médioos do comprrimento rad dicular total,, do comprimento das raízes r sãs e do compriimento das raízes doenntes nos differentes trattamentos (com aplicação de fosfoonato potásssico e sem aplicação a dee fosfonato potássico) Com fosfonato f potássico p Sem fosfoonato potásssico Comprimentto radicular C Comprimentoo raízes sãs Com mprimento raízes r doenttes sd – desvio padrrão da médiia média±sd d m média±sd 10027,04±450 0,11a 9 991,57±31, 88a 31,54±47,5 54a 660,40±309,25b 464,17±114,96b 628,52±240,83b Nota:: Em cada linhha, as médias seguidas de leetras diferentees, diferem siggnificativamennte (P ≤ 0.05). Relativam mente à peercentagem de raízes doentes, d as plantas quue cresceram m em substtrato inocullado com P. P cinnamom mi e sem aplicação a fooliar de fosfonato potáássico regisstaram 95,17 % do tottal de raízees doentes, enquanto nas n plantass tratadas com o fosfoonato potásssico esse vaalor foi de 3,07% (Figurra 8). % 100 80 60 40 20 0 com ffosfonato pottássico se em fosfonato p potássico Figurra 8 – Perceentagem de raízes doenntes nas dife ferentes moddalidades (ccom aplicaçção de fosfoonato potásssico e sem aplicação a dee fosfonato potássico) O número total de raízes e de d raízes do oentes encoontra-se no Quadro 15 5. As planttas tratadas por aplicaação foliar de d fosfonatto potássicoo apresentarram um nú úmero médiio de 49,577 raízes (Quuadro 16), enquanto as a plantas não n tratadass com fosffonato potásssico apresentaram um m número inferior dee raízes (36,62) estanndo quase todas doenntes, tendo revelado r naa análise esstatística (teeste t-studennt) diferençças significaativas entree estes dois tratamentoss (P=0,02277). 52 Quadro 15 – Número de raízes total e o número de raízes doentes nas diferentes modalidades Com fosfonato potássico Plantas Nº raízes Raízes % Raízes doentes doentes 1 55 0 0,0 2 54 0 0,0 3 92 0 0,0 4 36 0 0,0 5 45 12 26,7 6 65 0 0,0 7 41 10 24,4 8 58 0 0,0 9 38 1 2,6 10 23 1 4,3 11 48 12 25,0 12 63 6 9,5 13 34 1 2,9 14 42 0 0,0 - sem dados Sem fosfonato potássico Nº raízes Raízes % Raízes doentes doentes 34 34 100 27 27 100 28 28 100 36 36 100 36 36 100 21 21 100 37 37 100 56 56 100 46 46 100 40 40 100 45 45 100 41 41 100 29 24 82,8 Das plantas tratadas por aplicação foliar de fosfonato potássico, sete plantas não apresentaram qualquer raiz doente. Nas restantes raízes os sintomas de podridão variaram entre 2 e 26 % do número das raízes. Quadro 16 – Valores médios do número de raízes e comprimento radicular nos diferentes tratamentos (com aplicação de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato potássico) Com fosfonato potássico Sem fosfonato potássico Número de raízes Raízes doentes sd – desvio padrão da média média±sd média±sd 49,57±17,01a 3,07±4,76a 36,62±9,31b 36,23±0,38b Nota: Em cada linha, as médias seguidas de letras diferentes, diferem significativamente (P ≤ 0.05). As plantas tratadas com fosfonato potássico por aplicação foliar evidenciaram na parte radicular sintomas de podridão em 50% das raízes variando entre os 2 e 16 % do comprimento das raízes aparecendo os sintomas apenas num número reduzido de raízes. Nas plantas que cresceram em substrato inoculado com P. cinnamomi e sem aplicação 53 foliar de fosfonato potássico todo o sistema radicular apresentava sintomas de podridão radicular e evidenciavam um menor número de raízes. 4.1.2 – Sintomatologia A sintomatologia foi registada de 15 em 15 dias durante todo o período do ensaio. No final do ensaio verificou-se que todas as plantas de castanheiro que cresceram em substrato inoculado com P. cinnamomi e tratadas por aplicação foliar de fosfonato potássico estavam vivas sem evidenciar sintomas da Doença da Tinta. Nesta modalidade 50 % das plantas tratadas com aplicação foliar de fosfonato potássico apresentavam entre os 2 e os 17% do sistema radicular infectado sem no entanto apresentarem sintomas na parte aérea. Todas as plantas que cresceram em substrato inoculado com P. cinnamomi e sem aplicação foliar de fosfonato potássico evidenciaram sintomas característicos da doença com epinastia e necrose das folhas (Figuras 9 e 10), com excepção de uma planta que apresentava 70 % do total do comprimento das raízes com podridão radicular e praticamente todas as raízes infectadas sem no entanto evidenciar sintomas da Doença da Tinta na parte aérea. Figura 9 – Plantas de castanheiro crescendo em substrato inoculado com Phytophthora cinnamomi, nas diferentes modalidades (com e sem aplicação de fosfonato de potássio). 54 Figura 10 – Sintomatologia em plantas de castanheiro (a – plantas sem aplicação de fosfonato, b – plantas com aplicação de fosfonato) O sistema radicular das plantas que cresceram em substrato inoculado com P. cinnamomi e sem aplicação foliar de fosfonato potássico apresentava-se com um aspecto húmido e enegrecido com grande parte das raízes destruídas, consequência da infecção por este patogéneo (Figura 11). Figura 11 – Sistema radicular sem sintomas da Doença da Tinta (a), com sintomas da Doença da Tinta (b) 55 Todas as plantas que cresceram em substrato inoculado com P. cinnamomi e sem aplicação de fosfonato potássico evidenciaram presença de Phytophthora em todas as raízes inoculadas em meio selectivo P10VPH (Quadro 17). A sintomatologia da parte aérea traduz a evolução da doença na parte radicular avaliada de uma forma directa neste trabalho por observação visual dos sintomas de podridão das raízes depois de confirmada a presença de P. cinnamomi por isolamento em meio selectivo (Figura 12). Quadro 17 – Detecção de Phytophthora cinnamomi nas raízes secundárias Raízes com aspecto saudável Com fosfonato potássico Sem fosfonato potássico + (+) Isolamentos positivos, (-) Ausência de isolamentos positivos Raízes doentes + + Nas plantas que cresceram em substrato inoculado com P. cinnamomi e com aplicação de fosfonato potássico verificou-se que apesar da presença de Phytophthora nas raízes que tinham um aspecto doente, a planta não manifestava os sintomas característicos desta doença. Figura 12 – Isolamento de troços de raiz de plantas de castanheiro infectadas com Phytophthora cinnamomi, em meio selectivo P10VPH. 4.2 – Avaliação indirecta do efeito protector do fosfonato potássico por inoculação de P. cinnamomi na parte aérea da planta Os valores do comprimento da lesão encontram-se no Quadro 18. O comprimento máximo da lesão nas plantas tratadas por aplicação foliar de fosfonato potássico foi de 2,0 cm e nas plantas sem qualquer tratamento o comprimento máximo da lesão foi de 10,0 cm. 56 Quadro 18 – Valores (centímetros) do comprimento da lesão Comprimento da lesão (cm) 1 2 3 4 Com fosfonato potássico 2,0 0,1 1,5 0,0 Água destilada 10,0 4,5 7,4 8,4 5 2,0 7,0 Os valores da média da dimensão da lesão obtida por este processo de inoculação, nas diferentes condições de tratamento (com aplicação foliar de fosfonato potássico e sem aplicação de fosfonato) encontram-se expressos no Quadro 19. Quadro 19 – Valores da média da dimensão da lesão nas diferentes condições de tratamento média±sd Com fosfonato potássico Água destilada 1,12±1,00 7,46±2,02 sd – desvio padrão da média O desenvolvimento da lesão é diferente nas duas modalidades estudadas. Os resultados destas inoculações revelaram que os castanheiros sujeitos a tratamento por aplicação foliar de fosfonato potássico evidenciavam um crescimento de lesão muito inferior ao das plantas sem qualquer tratamento, sendo as diferenças entre os tratamentos estatisticamente significativas (P=0,00023) após análise pelo teste t-student (Figura 13). (cm) 9 b 8 7 6 5 4 3 2 a 1 0 fosfonato de potássio água destilada Figura 13 – Comprimento médio da lesão em castanheiros inoculados com Phytophthora cinnamomi 25 dias após aplicação de fosfonato potássico. Barras verticais correspondem ao erro padrão. Nota: Em cada coluna, as médias seguidas de letras diferentes, diferem significativamente (P ≤ 0.05). 57 4.3 – Toxicidade in vitro do fosfonato potássico e fosetil-Al 4.3.1 – Resposta in vitro ao fosfonato potássico O crescimento micelial dos diferentes isolados nas diferentes concentrações de fosfonato potássico em estudo (5 µg/ml; 20 µg/ml e 50 µg/ml de fosfonato potássico e controlo) é apresentado no Quadro 20. Todos os isolados apresentaram um aumento da inibição com o aumento da concentração de fosfonato potássico, no entanto o grau de inibição não foi igual para todos os isolados. O isolado 804 foi aquele que foi mais inibido pelo fosfonato potássico obtendo 100% de inibição a 50 µg/ml (Figura 14). O isolado de C. parasitica, um fungo patogénico do castanheiro e que se desenvolve na parte aérea, foi o que apresentou menor inibição (36,61%) na concentração mais alta de fosfonato potássico. O crescimento micelial dos isolados de Phytophthora em estudo foi inibido em função das diferentes concentrações de fosfonato de potássio em estudo (5 µg/ml; 20 µg/ml e 50 µg/ml) (Figura 15). Os isolados de P. cambivora (Ar102 e Pr135) apresentaram crescimentos inferiores em relação aos isolados de P. cinnamomi (Pr120, Pr125, 810, 804). Quadro 20 – Crescimento micelial (centímetros) dos cinnamomi (Pr120, 810 e 804), Phytophthora cambivora tinctorius e Cryphonectria parasitica, em meio de cultura 20 µg/ml e 50 µg/ml de fosfonato potássico e controlo. Controlo 5 µg/ml isolados de Phytophthora (Ar102 e Pr135), Psolithus PDA acrescido de 5 µg/ml; 20 µg/ml 50 µg/ml média±sd média±sd média±sd média±sd P. cinnamomi Pr120 7,32±0,44a 1,88±0,08b 1,26±0,2c 0,34±0,22d P. cinnamomi Pr125 6,80±0,44a 4,45±0,46b 3,73±0,06cb 3,10±0,75c P. cinnamomi 810 7,80±0,48a 2,22±0,13b 1,86±0,19b 0,96±0,09c P. cinnamomi 804 7,08±0,48a 1,78±0,16b 0,78±0,22c 0,00±0,00d P. cambivora Ar102 5,18±0,38a 3,20±0,56b 3,20±0,56b 1,20±0,07c P. cambivora Pr135 1,36±0,25a 0,94±0,15ba 0,72±0,08b 0,50±0,12b Pisolithus tinctorius 2,03±0,21a 1,17±0,15b 0,77±0,12c 0,70±0,10c Cryphonectria parasitica 7,47±0,06a 5,50±1,08b 5,10±0,44b 4,73±0,15b sd – desvio padrão da média Nota: Em cada linha, as médias seguidas de letras diferentes, diferem significativamente (P ≤ 0.05). 58 100 Pr120 90 80 Pr125 Inibição (%) 70 810 60 50 804 40 30 Ar102 20 Pr135 10 0 P. tinctorius 0 5 20 50 C. parasitica Concentração de fosfonato potássico (µg/ml) Figura 14 – Percentagem da inibição do crescimento dos isolados de Phytophthora cinnamomi (Pr120, 810 e 804) e Phytophthora cambivora (Ar102 e Pr135) em meio PDA acrescido de fosfonato potássico. Cada ponto representa a média de cinco repetições. A C B D Figura 15 – Phytophthora cinnamomi em diferentes concentrações de fosfonato potássico (A – Controlo, B – 5 µg/ml, C – 20 µg/ml, D – 50 µg/ml) O estudo realizado evidenciou grande variação na sensibilidade dos diferentes organismos ao fosfonato potássico. Os valores do EC50 variariam entre 0,64 mgL-1 para o isolado mais sensível, um isolado de P. cinnamomi, e 867,36 mgL-1 para o isolado mais tolerante o fungo C. parasitica associado com o Cancro do Castanheiro. 59 O EC50 (concentração que inibe o crescimento micelial em 50 %) do fosfonato potássico em P. cinnamomi foi para os diferentes isolados inferior ou próximo de 1 mgL-1 com excepção do isolado Pr 125 que apresentou valores muitas vezes superiores e da mesma ordem de grandeza nas diferentes repetições. P. cambivora apresentou valores superiores aos de P. cinnamomi e com grande variabilidade entre os isolados testados (Quadro 21). O fungo micorrízico Pysolithus tinctorius, um Basidiomycete com capacidade de estabelecer relações de simbiose com as raízes de castanheiro, apresentou um valor elevado de EC50 mas inferior ao obtido no isolado de Phytophthora (Pr 125) com menor sensibilidade ao fosfonato potássico O particular modo de acção dos fosfonatos não permite, no entanto, induzir o efeito deste parâmetro no grau de protecção das raízes do castanheiro e apenas ensaios com estes isolados permitirão obter essas informações. O valor do EC50 em Pisolhitus tinctorius indica baixa toxicidade directa do fosfonato potássico mas uma vez mais este parâmetro não é um bom indicador do seu efeito na interacção micorrízica em plantas onde se aplicou fosfonato, aspecto que é necessário avaliar antes de utilização generalizada destes produtos em castanheiro. Quadro 21 – EC50 do fosfonato potássico (concentração que inibe o crescimento micelial em 50%) em diferentes isolados de Phytophthora cinnamomi, Phytophthora cambivora, Pisolithus tinctorius e Cryphonectria parasitica. Valor de EC50* (mgL-1) Espécie Isolado P. cinnamomi P. cambivora Pr120 1,34 Pr125 31,56 810 0,64 804 0,97 Ar102 9,92 Pr135 22,44 Pisolithus. tinctorius 14,10 Cryphonectria parasitica 867,36 * Concentração que inibe o crescimento micelial em 50% O isolado de C. parasitica obteve um valor de EC50 muito elevado (876,36 mgL-1). Este valor de EC50 indica baixa toxicidade directa do fosfonato potássico sobre 60 este fungo mas cujo efeito na protecção do castanheiro contra este fungo terá de ser avaliado in vivo dado o particular modo de acção destas substâncias. A avaliação da toxicidade do fosfonato potássico pela determinação do EC50 em meio PDA evidenciou uma grande variabilidade entre os isolados de P. cinnamomi e também em P. cambivora, outra espécie de Phytophthora associada com a doença da tinta em castanheiro. A variabilidade dos valores obtidos indica susceptibilidade não uniforme da população das espécies parasitas. 4.3.2 – Resposta in vitro ao fosetil-Al O crescimento micelial dos diferentes isolados nas diferentes concentrações de fosetil-Al em estudo (20 µg/ml; 50 µg/ml e 100 µg/ml de fosetil-Al e controlo) é apresentado no Quadro 22. Os isolados de P. cinnamomi em estudo, apresentaram um maior crescimento que os isolados de P. cambivora. O isolado de P. cinnamomi (Pr120) foi o que apresentou maior crescimento na concentração mais alta (100 µg/ml) de fosetil-Al, sendo o isolado de P. cambivora (Pr135) aquele que apresentou um menor crescimento nessa mesma concentração. No entanto o aumento da concentração de fosetil-Al não se traduziu numa inibição do crescimento micelial nos isolados das diferentes Phytophthoras (Figura 16). Quadro 22 – Crescimento micelial (centímetros) dos isolados de Phytophthora cinnamomi (Pr120, 810 e 804) e Phytophthora cambivora (Ar102 e Pr135) crescendo em meio de cultura PDA acrescido de 20 µg/ml; 50 µg/ml e 100 µg/ml de fosfonato potássico e sem adição de fosfonato potássico (controlo). Controlo 20 µg/ml 50 µg/ml 100 µg/ml média±sd média±sd média±sd média±sd Pr120 7,32±0,44a 7,02±0,64a 7,10±0,99a 7,28±0,76a 810 7,80±0,48a 7,32±0,35ba 6,88±0,22b 7,06±0,17b 804 7,08±0,48a 6,74±0,77a 6,50±0,43a 6,44±0,73a Ar102 5,18±0,38a 4,72±0,33ba 4,34±1,11ba 5,52±0,26b Pr135 1,36±0,25a 1,64±0,48ba 1,14±0,11b 2,08±0,15b sd – desvio padrão Nota: Em cada linha, as médias seguidas de letras diferentes, diferem significativamente (P ≤ 0.05). 61 Em geral, crescimento micelial dos isolados de Phytophthora em estudo não foi significativamente (P>0,05) inibido pelas diferentes concentrações de fosetil-Al (20 µg/ml; 50 µg/ml e 100 µg/ml). Neste contexto, não é possível estabelecer a relação entre a dose do produto em ensaio e os efeitos tóxicos no organismo, pelo que o valor do EC50 não pode ser determinado com base nas concentrações em estudo. O resultado é no entanto o esperado uma vez que o fosetil-Al é considerado sem toxicidade directa nestes organismos. A acção tóxica do fosetil-Al só se manifesta in vivo ou seja quando aplicado na planta. Figura 16 – Phytophthora cinnamomi em diferentes concentrações de Aliette (A - 20 µg/ml B - 50 µg/ml C - 100 µg/ml) 62 5 – Discussão e Conclusões P. cinnamomi é um parasita reconhecido desde 1922 quando Rands identificou o causador da doença radicular da árvore da canela (Cinnamomum burmanii) na região de Sumatra. Considerado como parasita vegetal de distribuição mais generalizada e com maior número de hospedeiros (Zentmeyer, 1981), está presente em todos os continentes e causa infecção em mais de 1000 espécies vegetais onde as plantas lenhosas e arbustivas estão largamente representadas (Zentmeyer, 1981). Considerado como parasita introduzido nas regiões onde actualmente provoca doenças com importância económica, o local de origem do parasita é ainda um tema com alguma controvérsia, sendo considerado a região da Malásia e do Norte da Austrália um possível centro de origem. Crandall & Gravatt (1969) referem que o parasita teria sido disperso pelos portugueses, espanhóis e franceses pelos diferentes continentes. Uma outra teoria considera o parasita um organismo frequente na micoflora do solo e seriam as alterações climáticas o factor determinante no desenvolvimento deste organismo como parasita Woods (1953). Esta teoria foi considerada pouco verosímil por Zentmeyer (1980) mas a relevância actual do tema e os estudos relacionados com os efeitos das alterações climáticas poderão proporcionar uma análise mais abrangente desta teoria. P. cinnamomi invade inicialmente as raízes mais finas das plantas lenhosas podendo também causar podridões nas raízes de maior dimensão e mesmo no colo da planta tendo ainda capacidade de infectar folhas e frutos em condições laboratoriais. Sendo um parasita das raízes, o controlo da doença é considerado particularmente difícil (Gouveia, 1994) e de resultados não completamente previsíveis mesmo com a aplicação de substâncias sistémicas uma vez que o parasita se encontra no solo com elevada capacidade de sobrevivência mesmo na ausência de hospedeiro. Têm ainda a capacidade de rapidamente produzir grande quantidade de propágulos (zoósporos) que vão causar infecção nas raízes. A dificuldade do tratamento do solo por substâncias de acção tóxica no parasita é igualmente pouco eficaz pela dificuldade associada ao grande volume de solo que seria necessário tratar e à necessidade de o manter isento dos parasitas durante todo o ciclo de vida do hospedeiro. Com este trabalho estudou-se a eficácia do tratamento com fosfonato potássico, (Atlante®) com carácter preventivo e por aplicação foliar, na protecção das raízes do castanheiro em relação P. cinnamomi. A resposta ao tratamento foi estudada com base 63 nos sintomas evidenciados pela planta tanto na parte aérea como nas raízes e em parâmetros fisiológicos relacionados com o crescimento da planta. O termo “fosfonato” refere-se a compostos contendo um corpo fósforohidrogénio (P-H) que confere actividade biológica contra Oomicetas (Guest et al., 1995). O modo de acção do fosfonato não está ainda bem compreendido. No entanto é geralmente aceite que mecanismos complexos são directa e indirectamente responsáveis na perturbação do metabolismo do fósforo dos patogéneos e na estimulação dos mecanismos de defesa dos hospedeiros (Guest & Grant, 1991; Guest et al., 1995; Smillie et al., 1989). Relativamente aos parâmetros fisiológicos, as plantas que não foram sujeitas à aplicação foliar de fosfonato potássico apresentaram um crescimento em altura ligeiramente superior às plantas em que houve aplicação foliar de fosfonato potássico, sem no entanto apresentarem diferenças significativas. O diâmetro ao nível do colo das plantas com aplicação foliar de fosfonato potássico foi superior ao das plantas sem aplicação de fosfonato potássico, tendo os valores obtidos mostrado diferenças significativas entre as modalidades. A biomassa da parte aérea, determinada em folhas e caules, não apresenta diferenças significativas entre as plantas de castanheiro tratadas com fosfonato potássico por aplicação foliar e as plantas sem aplicação de fosfonato, embora os valores das plantas sem aplicação de fosfonato potássico seja ligeiramente superior. Os valores da biomassa radicular apresentaram diferenças significativas entre as plantas de castanheiro tratadas por pulverização foliar com fosfonato potássico e as plantas sem tratamento. As plantas que cresceram em substrato inoculado com P. cinnamomi e com aplicação de fosfonato potássico apresentaram todo o sistema radicular, quer considerando o comprimento radicular quer considerando o número de raízes, com podridão radicular, excepto uma planta, que apesar de apresentar 70% do sistema radicular infectado ainda não apresentava sintomas da Doença da Tinta na parte aérea. Das plantas que foram tratadas com fosfonato potássico, só 50% apresentaram sintomas da doença nas raízes, variando essa infecção entre os 2 e os 16% do sistema radicular. Os resultados obtidos mostram que P. cinnamomi infectou o sistema radicular dos castanheiros, sendo visíveis os sintomas nas plantas que não foram tratadas. A aplicação de fosfonato potássico protegeu o sistema radicular uma vez que passados quatro meses a grande maioria das raízes não apresentavam sintomas de podridão radicular. De referir que embora não sejam visíveis sintomas nas raízes a presença de P. 64 cinnamomi foi obtida por isolamento do parasita em meio selectivo no substrato e nas raízes das plantas sem sintomas. O parâmetro fisiológico mais afectado pela inoculação de P. cinnamomi é o peso seco das raízes. P. cinnamomi actua sobre o sistema radicular em geral, mas especialmente sobre as raízes finas (Smith, 1992). Navarro et al. (2006) verificaram também que o peso seco da raiz secundária tinha sido o parâmetro fisiológico mais afectado quando estudaram o efeito do fosfonato em Quercus ilex e Quercus suber. A protecção conferida pelo fosfonato de potássio foi também avaliada por inoculação de P. cinamomi na parte aérea da planta. Este método pode considerar-se um método indirecto da avaliação do efeito protector e baseia-se na capacidade do hospedeiro limitar o crescimento do parasita. Este princípio é também aceite quando se avalia a resistência do castanheiro em relação a Phytophthora pelo método de inoculação em ramo destacado (Gouveia 1994; Fernández-López et al., 2001). O comprimento da lesão é superior nas plantas não tratadas com fosfonato potássico uma vez que não se encontravam protegidas. O facto de o parasita ter um crescimento limitado nos tecidos do hospedeiro quando se fez a aplicação do fosfonato de potássio permite associar esta característica à protecção conferida pelo fosfonato. Apesar de o método avaliar o efeito protector de forma indirecta a facilidade da sua execução poderá ser de grande utilidade para conhecer o período de tempo em que a planta se encontra protegida e estudar a concentração necessária para que o produto seja eficaz sem causar efeitos tóxicos. A hipótese de acção dos fosfonatos estar relacionada com os mecanismos de resistência das plantas está fundamentada em evidências experimentais a nível bioquímico (Jackson et al., 2000; Daniel et al. 2005; Daniel & Guest 2006). Jackson et al. (2000) verificaram aumento de enzimas relacionadas com mecanismos de defesa nomeadamente fenilalanina amónia liase (PAL), 4- comarato coenzima A ligase (4-CL), cinamil álcool desidrogenase (CAD) em Eucalyptus marginata enquanto Daniel & Guest (2006) verificaram rápida agregação do citoplasma e migração do núcleo das células, fenómenos associados com reacções de hipersensiblidade, produção de superoxido (O2-) e acumulação de compostos fenólicos na interacção susceptível de A. thaliana e P. palmivora. Daniel & Guest (2006) consideram ainda que a quantidade de produto presente no interior da planta não será suficiente para induzir efeito tóxico directo e esse efeito estará associado à acumulação de produtos de defesa da planta tóxicos para o fungo. O efeito tóxico do anião fosfonato estará relacionada com a 65 competição com o anião fosfato (H3PO4-) em diferentes enzimas e a diferença de sensibilidade entre as espécies dependerá da sua capacidade em distinguir o anião fosfonato do anião fosfato ou ATP e da capacidade de excluir o anião fosfonato na presença do anião fosfato (Stechmann & Grant, 2000). A presença do anião fosfonato nos sais inorgânicos do ácido fosfórico o seu reduzido custo assim como o fim do período de patente do tris-O-ethylphosphonate (fosetil-Al) determinaram o aparecimento de muitas substâncias baseadas neste princípio activo comercializadas como fertilizantes com ou sem indicação do seu efeito fungicida. Os fosfonatos são considerados (http//www.epa.esa.gov/pesticides/biopesticides) biopesticidas pela EPAUS e enquadrados nos fungicidas bioquímicos em termos regulamentares dado o seu particular modo de acção e por serem substâncias muito frequentes no ambiente, pese embora, o facto destes produtos não ocorrem naturalmente na natureza. A aplicação foliar do fosfonato potássico, protegeu as raízes do castanheiro numa situação em que é de considerar elevada pressão de inoculo do parasita durante todo o período do ensaio. O estado saudável da grande maioria das raízes, mesmo depois de 4 meses, sugere que o mecanismo de defesa se situará nas primeiras etapas do processo de infecção como acontece nas interacções incompatíveis desencadeados nos hospedeiros resistentes. As plantas tratadas com fosfonato potássico evidenciaram um comportamento semelhante às plantas resistentes, não tendo proporcionado o crescimento do parasita quando inoculadas na parte aérea, ao contrário do que aconteceu com as plantas não tratadas com esta substância. As condições de aplicação do produto fazem supor que a substância ou produtos da sua degradação ou do seu metabolismo se encontrarão na raiz quando do contacto com o parasita o que desencadeará os mecanismos de defesa. Em várias plantas o fosfonato é rapidamente detectado nas folhas e raízes em poucos minutos ou em algumas horas após aplicação e persiste durante um período substancial contribuindo com actividade biológica nos tecidos das plantas (Guest et al., 1995). Ouimette & Coffey (1989) reportam que uma quantidade elevada de fosfonato contabilizado para um efeito directo em P. cinnamomi foi registada em folhas e raízes de abacate durante oito semanas. No entanto é necessário aplicar fosfonato antes da infecção para um eficaz controlo da doença porque os valores variam significativamente dependendo do tempo de aplicação. A eficácia dos fosfonatos aumenta quando aplicado com carácter preventivo. Mesmo assim Marks & Smith (1992) encontraram um efeito positivo na redução dos danos provocados por P. cinnamomi em Leucadendron quando 66 os tratamentos se fazem de forma simultânea à infecção, e tem-se documentado o efeito protector quando se aplica 24 horas após a infecção (Rohrbach & Schenk, 1985). A avaliação da toxicidade do fosfonato potássico pela determinação do EC50 em meio PDA evidenciou uma grande variabilidade entre os isolados de P. cinnamomi e também em P. cambivora, outra espécie de Phytophthora associada com a doença da tinta em castanheiro. Os valores de EC50 variaram entre 0,64 mgL-1 e 31,56 mgL-1 para P. cinnamomi e 9,92 mgL-1 e 22,44 mgL-1 para P. cambivora. Estes valores indicam um efeito tóxico mais elevado do fosfonato potássico, para os isolados de Phytophthora, quando comparado com o EC50 do fosfito (Phyto-Fos-K, 33,7g/100ml) um outro produto com base em fosfonato potássico e comercializado numa formulação sólida pela A. M. C. Chemical S. Ltda. Os valores de Ec50 do Phyto-Fos-K, obtidos por Coelho et al., (2005), variaram entre 2,99 e 172,39 mgL-1 para P. cinnamomi tendo P. cambivora apresentado valores entre 47,23 e 237,25 mgL-1. A variabilidade nos valores obtidos indica susceptibilidade não uniforme da população das espécies parasitas e diferenciação de susceptibilidade dos isolados. O particular modo de acção dos fosfonatos não permite, no entanto, concluir sobre o efeito da substância no grau de protecção das raízes do castanheiro e apenas ensaios com estes isolados na presença da planta permitirão obter essas informações. O crescimento micelial dos isolados estudados não foi inibido com o aumento da concentração do fosetil-Al, o que indica baixa toxicidade directa do fosetil-Al nas espécies de Phytophthora. Clerjeau & Beyries (1977); Bompeix et al. (1980) e Farih et al. (1981) tinham também já demonstrado a baixa toxicidade in vitro do fosetil-Al em diferentes espécies de Phytophthora. Os resultados obtidos neste ensaio confirmam esta afirmação, pois todos os isolados em estudo apresentaram o mesmo crescimento na presença das diferentes concentrações de fosetil-Al, e da mesma ordem de grandeza do controlo ou seja sem adição de fosetil-Al. O valor do EC50 em Pysolhitus tinctorius indica baixa toxicidade directa do fosfonato potássico mas, uma vez mais, este parâmetro não é um bom indicador do seu efeito na interacção micorrízica em plantas onde se aplicou fosfonato potássico, aspecto que é necessário avaliar directamente nas plantas antes da utilização generalizada destes produtos em castanheiro. O isolado de C. parasitica, um fungo patogénico da parte aérea do castanheiro, associado com a conhecida doença do Cancro do Castanheiro, obteve um valor de EC50 67 muito elevado (876,36 mgL-1). Este valor de Ec50 indica baixa toxicidade directa do fosfonato potássico sobre este fungo não sendo, uma vez mais possível avaliar o efeito na planta e consequentemente no controlo da doença. P. cinnamomi é parasita em muitas espécies lenhosas onde os fosfitos foram igualmente testados tendo evidenciado eficácia no controlo da doença. Os resultados obtidos neste trabalho vão de encontro aos obtidos por Wilkinson et al. (2001), Hardy et al. (2001), Barrett et al. (2003) e Navarro et al. (2006), que avaliaram a acção curativa e preventiva da aplicação do fosfonato no controlo de P. cinnamomi. A aplicação dos fosfitos pela via foliar, obviamente, não remove P. cinnamomi do ambiente solo tendo-se confirmado a sua presença no substrato dos vasos mesmo onde as raízes não manifestaram sintomas de podridão. Este aspecto tem implicações práticas importantes uma vez que a pressão do inoculo se mantêm no solo e pode ser transportado para outros locais onde iniciará novos focos da doença. Conhecer o período de tempo em que as raízes ficam protegidas e o efeito do fosfonato potássico quando a infecção está já instalada nas raízes assim como as épocas e doses de aplicação são aspectos sobre os quais é necessário obter informações para tornar eficiente e permitir a inclusão deste meio de protecção das raízes do castanheiro em programas de protecção integrada. O efeito do fosfonato de potássio em castanheiros adultos deve também ser estudado, ajustando as doses para evitar problemas de fitotoxicidade e desenvolver os processos de aplicação mais adequados à aplicação no campo de forma simples e económica. 68 6 – Bibliografia Adams, F. & Conrad, J.P., 1953. Transition of phosphite to phosphate in soils. Soil Science, 75:361-371. Afek, U., & Sztejnberg, A. 1989. Effects of fosetyl-Al and phosphorous acid on scoparone, a phytoalexin associated with resistance of citrus to Phytophthora citrophthora. Phytopathology, 79:736-739. Bailey A.M. & Coffey M.D., 1984. A sensitive bioassay for quantification of metalaxyl in soils. Phytopathology, 74:667-669. Barrett, S.R., Shearer, B.L., Hardy, G.E., 2003. The efficacy of phosphite applied after inoculation on the colonisation of Banksia brownii stems by Phytophthora cinnamomi. Australasian Plant Pathology, Vol. 32, (1):1-7. Benson, D.M., 1979. 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