Revista de Pesquisa em Saúde - V 12, Nº 3, SET-DEZ - HU-UFMA

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ISSN 2179-6238
Revista de
em
Saúde
Journal of Health Research
Volume 12, n. 3, set-dez/2011
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Revista de Pesquisa
em Saúde
Journal of Health Research
Quadrimestral
ISSN 2179-6238
São Luís - MA - Brasil
volume 12
número 3
páginas 1-92
setembro/dezembro 2011
© 1995 Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research
Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research é uma publicação quadrimestral do Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA) que se propõe à divulgação de trabalhos científicos produzidos por pesquisadores com o objetivo de promover e disseminar a produção de conhecimentos e a socialização de experiências acadêmicas na
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Revista de Pesquisa em Saúde, periódico biomédico de divulgação cientíca do Hospital
Universitário da UFMA, v.1, n.3, 1995.-São Luís, 1995.
v. 12, n. 3, 2011
Quadrimestral.
(ISSN – 2179-6238) versão impressa
(ISSN – 2236-6288) versão online
1. Ciências da Saúde – periódicos. I. Universidade Federal do Maranhão II. Hospital
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Apoio
ISSN-2179-6238
Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research
Volume 12
Número 3
setembro/dezembro
2011
Sumário / Summary
EDITORIAL
9
Contribuição da Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research do Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão - UFMA, no cenário científico
Arlene de Jesus Mendes Caldas
ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE
11
Perfil sistêmico de pacientes periodontais: estudo retrospectivo 2006 a 2009
Systemic conditions in patients with periodontal disease: a retrospective study 2006-2009
José Cláudio Freire Junior, Fernanda Ferreira Lopes, Antônio Luiz Amaral Pereira, Cláudia Maria Coelho Alves e
Adriana de Fátima Vasconcelos Pereira
16
Perfil sociodemográfico e nutricional de servidores em período de pré-aposentadoria
Sociodemographic and nutritional profile of public servants in the pre-retirement period
Alessandra Gaspar Sousa, Carolina Abreu de Carvalho, Poliana Cristina de Almeida Fonsêca e Soraia Pinheiro
Machado
22
Comunicação em saúde: conhecimento de risco relacionado ao procedimento de diagnóstico por imagem
Health communication: knowledge about the risks related to the procedure of diagnostic imaging
Pedro Germano Nobre Neto e Gisela Maria Santos Ferreira de Sousa
28
Caracterização térmica de compósitos dentais e sua importância nas propriedades mecânicas
Thermal characterization of dental composites and its importance in the mechanical properties
Ivone Lima Santana, Danilo Augusto Paiva Pacheco, Felipe Leonardo Gomes Leite de Carvalho, Carolina Carramilo Raposo e
Aluísio Alves Cabral Júnior
32
Características de portadores de hepatites B e C em tratamento hemodialítico e comorbidades
associadas
Characteristics of patients with hepatitis B and C in hemodialysis and comorbidities
Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa, Lena Maria Barros Fonseca, Rubenice Amaral da Silva, Fernando José Brito
Patrício, Glaucia Oliveira Lima e Ana Lúcia Abreu Silva
ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLE
37
Modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil: revisão de literatura
Assistance models in oral health in Brazil: Literature review
Elza Bernardes Ferreira, Thalita Queiroz Abreu e Ana Emília Figueiredo de Oliveira
43
Protocolo de atendimento do paciente com estomatite protética na atenção básica
Primary care for patients with denture stomatitis
Samantha Ariadne Alves de Freitas, Aretha Lorena Fonseca Cantanhede, Juliana de Kássia Braga Fernandes e Frederico
Silva de Freitas Fernandes
RESUMOS / ABSTRACTS
49
9ª Conferência sobre a Prevenção da Doença Renal em Populações Desfavorecidas na América
do Sul e Caribe e do 7º Encontro Brasileiro de Prevenção da Doença Renal Crônica - novembro
de 2011, São Luís - MA
NOTAS REDATORIAIS / NOTES TO AUTHORS
Editorial
Contribuição da Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research do Hospital
Universitário da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, no cenário científico.
Nesta edição os artigos publicados refletem o trabalho de vários pesquisadores na perspectiva de contribuir
para a construção do saber científico nas diversas áreas do conhecimento. Neste sentido a inquietação dos pesquisadores busca por evidências que consolide a ciências e suas interfaces. O artigo Perfil Sistêmico de Pacientes
Periodontais, discute sobre a associação entre doenças periodontais e doenças sistêmicas enfocando a relação do
diabetes mellitus na influência da instalação e progressão da doença periodontal, enfatizando que em contrapartida a severidade da doença pode afetar o controle metabólico do diabetes. O artigo sobre o perfil sóciodemográfico
e nutricional de servidores em período de pré-aposentadoria, trata-se de um estudo transversal com 50 servidores
em período de pré-aposentadoria, com idade igual ou superior a 60 anos. A aposentadoria afeta o comportamento, incluindo o consumo alimentar do idoso, que vê modificado o seu papel social. Assim, a educação nutricional
deverá ser uma atividade desenvolvida em programas de preparação para a aposentadoria.
O artigo sobre Comunicação em Saúde aborda o conhecimento de riscos em procedimento de diagnóstico
por imagem. A comunicação em saúde representa uma estratégia para prover indivíduos e coletividade de informações, compartilhando conhecimentos e práticas no processo educativo e contribuindo para melhores condições de vida; O artigo Caracterização Térmica de Compósitos Dentais aborda o comportamento térmico de resinas
compostas em intervalos de temperatura, avaliando suas propriedades mecânicas; As Características de
Portadores de Hepatites B e C compreende um estudo descritivo retrospectivo com portadores de doença renal crônica em tratamento hemodialítico e comorbidades associadas. Foi encontrado que a infecção por hepatite C foi superior a hepatite B, os soropositivos estavam em tratamento hemodialítico entre 6 a 10 anos, e a Glomerulonefrite
Crônica e a Hipertensão Arterial eram as patologias associadas mais frequentes. A presença de comorbidades reflete como provável forma de agravar o quadro de saúde dos pacientes.
Os modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil são discutidos por meio de uma revisão de literatura, trazendo uma abordagem com abrangência temporal dos estudos definida entre os anos de 1988 e 2008. Entende-se
por modelo assistencial o modo como são produzidas as ações de saúde e a maneira como os serviços de saúde e o
Estado se organizam para produzi-las e distribuí-las. Ao longo dos anos, diversas tentativas aconteceram no intuito de se estabelecer um modelo efetivo de saúde bucal. O conhecimento desses modelos é de suma importância para a construção de uma odontologia pública de qualidade e maior eficácia. Os autores puderam observar que todos
os modelos assistenciais em saúde bucal, apesar das falhas, tiveram sua importância no processo de construção e
reestruturação do Sistema Único de Saúde e que o entendimento a respeito da evolução de tais modelos é primordial para o desenvolvimento de práticas alternativas àquelas que fracassaram ao longo dos anos.
O último artigo, também de revisão, sobre o protocolo de atendimento do paciente com estomatite protética na atenção básica, tem como objetivo capacitar o profissional do Programa de Saúde da Família (PSF) para o atendimento do paciente com estomatite protética. Apresentou como conclusão, que a população assistida pelo PSF é
de baixa renda, e a partir de uma revisão de literatura foi possível estabelecer um protocolo de atendimento que prioriza métodos simples e mais baratos de diagnóstico, prevenção e tratamento da estomatite protética pela atenção básica, mas que têm sua eficácia comprovada por meio de estudos científicos.
Há que se destacar ainda, neste fascículo, a apresentação dos resumos da 9ª Conferência sobre a Prevenção
da Doença Renal em Populações Desfavorecidas na América do Sul e Caribe e do 7º Encontro Brasileiro de
Prevenção da Doença Renal Crônica. Os eventos aconteceram na Universidade Federal do Maranhão, Campus do
Bacanga, nos dias 23, 24 e 25 de novembro de 2011. São Luís (MA) foi escolhida, dentre outras cidades do Brasil, para ser sede, pelo seu belo acervo arquitetônico e belezas naturais, bem como pela existência de um grupo de profissionais ligados à Nefrologia. Foi pensado em um evento internacional, com foco multiprofissional, para discutir
a prevenção das Doenças Renais em populações desfavorecidas, em virtude dos índices socioeconômicos alarmantes, aliados a um baixo acesso desta população aos serviços de saúde.
Reiteramos que a Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research do Hospital Universitário UFMA tem sido cada vez mais, o resultado da força coletiva que a constrói, com a qualidade merecida. Nossos agradecimentos a todos que participaram dessa construção e, especialmente, aos editores, pesquisadores e revisores
Ad hoc que muito tem contribuído na divulgação do conhecimento científico.
Profª. Drª. Arlene de Jesus Mendes Caldas
Editora Chefe
Professora Associada do Departamento de Enfermagem da UFMA
ISSN-2179-6238
Artigo Original / Original Article
PERFIL SISTÊMICO DE PACIENTES PERIODONTAIS: estudo retrospectivo 2006 a
2009
SYSTEMIC CONDITIONS IN PATIENTS WITH PERIODONTAL DISEASE: a retrospective study 2006-2009
José Cláudio Freire Junior1, Fernanda Ferreira Lopes2, Antônio Luiz Amaral Pereira3, Cláudia Maria Coelho Alves3 e Adriana de Fátima Vasconcelos
Pereira2
Resumo
Introdução: A associação entre doenças periodontais e doenças sistêmicas sugere uma maior integração da Odontologia com a
Medicina. Objetivo: Identificar o perfil sistêmico de pacientes periodontais atendidos na UFMA no período de 2006 a 2009. Métodos: Esse estudo retrospectivo consistiu na avaliação das informações de pacientes de ambos os sexos na faixa etária de 20 a 60
anos ou mais. Foram utilizados os parâmetros: índice de placa visível, índice de sangramento à sondagem, profundidade de sondagem, nível de inserção clínica, recessão gengival, mobilidade dental e envolvimento de furca. Os dados foram submetidos à
análise descritiva e aos testes G e Qui-quadrado, com nível de significância de 5%. Resultados: Foi observada maior prevalência de
Hipertensão (50,5%), seguida de Diabetes Mellitus tipo 1 (18,81%). Os diabéticos tipo 1 obtiveram os menores valores dos índices
de placa e sangramento à sondagem . A profundidade de sondagem com a variação de 4 a 6 mm, nível de inserção clínica (≥ 5mm),
mobilidade dentária grau I e as lesões de furca grau I e III foram os mais encontrados em ambas as doenças. Quanto ao diagnóstico
periodontal para os pacientes hipertensos, os valores indicaram saúde periodontal para apenas 1 paciente; gengivite associada à
placa em 14 indivíduos e periodontite crônica moderada em 16. Um total de 4 diabéticos tipo 1 mostrou gengivite associada à
placa e 6 periodontite crônica severa. Entretanto, não houve diferença estatisticamente significante (p > 0,05). Conclusões: Hipertensão e Diabetes Mellitus tipo 1 foram as doenças sistêmicas mais prevalentes em indivíduos com periodontite crônica.
Palavras-chave: Periodontite. Diabetes Mellitus. Hipertensão.
Abstract
Introduction. The association between periodontal diseases and systemic conditions implies a greater relationship between
Dentistry and Medicine. Objective. To identify systemic conditions in patients with periodontal diseases from 2006 to 2009.
Methods. This retrospective study was based on evaluation of patient clinical record of both genders and age range of 20 to 60
years or more. The periodontal parameters used were: visible plaque index, bleeding on probing, probing depth, clinical attachment loss, gingival recession, tooth mobility and furcation involvement. Data were analyzed statistically by G and Chi-square
test. The significance level was 5%. Results. A high prevalence of hypertension (50.5%) followed by Type 1 Diabetes Mellitus
(18.81%) was observed. The type 1 diabetic patients had the lowest plaque indexes and bleeding on probing. Probing depth of 4-6
mm, clinical attachment level (≥ 5 mm), dental mobility of grade I and furcation lesions of grades I and III were more found in both
diseases. Regarding the periodontal diagnosis for hypertensive patients, periodontal health was identified in only 1 patient.
Dental plaque-induced gingivitis was found in 14 patients and 16 had moderate chronic periodontitis. Concerning the diabetic
patients, 4 type I diabetic patients had dental plaque-induced gingivitis and 6 had severe chronic periodontitis. However, there
was no statistically significant difference (p > 0.05). Conclusion. Hypertension and type 1 diabetes mellitus were the most prevalent systemic diseases in patients with chronic periodontitis.
Keywords: Periodontitis. Diabetes Mellitus. Hypertension.
Introdução
Desde a antiguidade, existem relatos sugerindo
que certas condições sistêmicas podem ter repercussão na cavidade bucal e vice-versa. Foi um período que
ficou marcado na história da Odontologia e da Medicina
como “Era da Infecção Focal” até o início do século XX1.
A década de 20 foi marcada por exodontias
indiscriminadas de dentes periodontalmente ou endodonticamente comprometidos, como forma de evitar
focos de infecção. A partir dos anos 30, a teoria da
infecção focal começou a ser questionada e foi negligenciada pelos pesquisadores. Somente no final da
década de 80, por meio do aprimoramento nos desenhos experimentais, estudos epidemiológicos e laboratoriais com maior compreensão dos fatores de risco,
é que houve um resgate da teoria2. Nesse contexto,
surgiu o termo “Medicina Periodontal”, representando
um novo paradigma que procura correlacionar as doenças periodontais às condições gerais do indivíduo3.
Os periodontopatógenos são necessários para o
desenvolvimento de um processo infeccioso, entretanto estes não são suficientes para a ocorrência das doenças periodontais. O papel da resposta inflamatória
parece ser um determinante crítico da suscetibilidade
e severidade dessas doenças, que se baseia no fato de
que pacientes de risco têm um quadro inflamatório
diferente daqueles de baixo risco4.
Os possíveis mecanismos pelos quais os microrganismos podem afetar a saúde sistêmica são: migração da própria bactéria para o foco de infecção extraoral, ou pelo estabelecimento de um quadro inflamatório sistêmico crônico a partir de uma infecção local,
como a doença periodontal. Outras vias possíveis de
penetração dos microrganismos são a inalação e a
ingestão2.
1.
Cirurgião-Dentista. Clínica Particular. São Luís - MA.
Professor Adjunto. Departamento de Odontologia II - Universidade Federal do Maranhão- FMA.
Professor Associado. Departamento de Odontologia II - UFMA.
Contato: Adriana de Fátima Vasconcelos Pereira. E-mail: [email protected]
2.
2.
Rev Pesq Saúde, 12(2): 11-15, maio-agost, 2011
11
Perfil sistêmico de pacientes periodontais: estudo retrospectivo 2006 a 2009
Dentre as alterações sistêmicas relacionadas
com doença periodontal, encontra-se o diabetes mellitus. A doença periodontal, inclusive, é considerada a
6ª complicação do diabetes5. O diabetes mellitus consiste em um grupo de doenças metabólicas, caracterizadas pela hiperglicemia resultante da falha na secreção ou na ação da insulina, sendo dividida em dois
tipos principais: tipo 1 (diabetes insulino dependente)
e tipo 2 (diabetes não insulino dependente). Esses dois
tipos de diabetes possuem etiopatogenias diferentes.
O tipo 1 está relacionado à destruição autoimune das
células pancreáticas, responsáveis pela produção da
insulina. O tipo 2 está relacionado à alteração na produção e resistência celular à insulina (alterações na
molécula de insulina ou alterações nos receptores
celulares deste hormônio)6.
Os diabéticos descompensados apresentam periodontite mais avançada do que os indivíduos compensados7. Por outro lado, o controle metabólico dos pacientes
diabéticos é melhorado com a realização do tratamento
periodontal não cirúrgico5. Esses achados vêm confirmar
o modelo bidirecional entre essas doenças8.
Outra condição sistêmica que pode estar associada com a doença periodontal é alteração cardiovascular com hipertensão arterial sistêmica. Um estudo longitudinal demonstra um aumento do risco de 50% a
100% de condições bucais que precederem a ocorrência de doenças cardiovasculares9. Em uma pesquisa
baseada em 184 prontuários foi demonstrado que a
hipertensão foi a doença sistêmica de maior prevalência, atingindo 18,4% dos pacientes periodontais10.
Essas condições sistêmicas são consideradas
relevantes, que o Ministério da Saúde idealizou o
Hiperdia que se destina ao cadastramento e acompanhamento de portadores de hipertensão arterial e/ou
diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial do
Sistema Único de Saúde – SUS, permitindo gerar informação para aquisição, dispensação, distribuição de
medicamentos de forma regular e sistemática a todos
os pacientes cadastrados e conhecimento do perfil
epidemiológico dessas doenças na população11.
Dessa forma, a associação das doenças periodontais com condições sistêmicas sugere que é necessária uma maior integração da Odontologia com a
Medicina, pois o cirurgião dentista passa a ter mais
responsabilidade na saúde sistêmica dos pacientes. O
estudo retrospectivo teve o objetivo de identificar as
condições sistêmicas mais prevalentes em pacientes
periodontais.
Métodos
Foram avaliados os dados das fichas clínicas de
pacientes, de ambos os sexos, atendidos na clínica de
Periodontia do Curso de Odontologia da Universidade
Federal do Maranhão, no período de 2006 a 2009. A
faixa etária foi categorizada em 20 a 39 anos, 40 a 59
anos e 60 anos ou mais. O trabalho foi aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa da UFMA (Protocolo nº
23115002169/2010-80).
De 242 fichas clínicas examinadas, apenas 101
fichas foram consideradas adequadas para o estudo.
As fichas foram excluídas quando não estavam completamente preenchidas em relação às condições sistêmicas e/ou algum parâmetro periodontal.
12
O exame periodontal foi realizado por um examinador devidamente treinado. A profundidade de
sondagem (PS) foi categorizada de acordo com as variações: 3 mm, 4 mm a 6 mm e 7 mm. O nível de inserção clínica (NIC) em: 1-2 mm; 3-4 mm e 5 mm. A recessão gengival (RG) foi codificada de acordo com os valores: 1 a 3 mm; 4 a 6 mm; 7 a 9 mm e 10 mm.
A mobilidade dentária foi classificada em: GRAU
0 - Nenhum movimento detectado; GRAU 1 - Mobilidade horizontal maior que 0,2mm e menor que 1mm;
GRAU 2 - Mobilidade horizontal > 1mm e GRAU 3 Mobilidade do dente nos sentidos horizontal e vertical.
O envolvimento de furca foi identificado como: GRAU I
- perda horizontal dos tecidos de suporte não excedendo 1/3 da largura do dente; GRAU II - perda horizontal
dos tecidos de suporte excedendo 1/3 da largura do
dente, mas não envolvendo toda a largura da área da
furca; e GRAU III – perda horizontal de lado a lado dos
tecidos de suporte na área da furca.
O índice de placa visível e o índice de sangramento à sondagem foram determinados em 0 (ausência de sangramento) e 1 (presença de sangramento)12.
Os pacientes foram diagnosticados em: saúde
periodontal, gengivite associada à placa, periodontite
crônica leve, periodontite crônica moderada e periodontite crônica avançada13.
Os dados foram processados e analisados no
programa BioEstat 5.0 por meio do teste G e do teste
Qui-quadrado, com nível de significância de 5%. As
médias e os desvios-padrão foram obtidos para os
achados dos índices de sangramento à sondagem e de
placa visível.
Resultados
Houve uma predominância de pacientes do
sexo feminino (55,4%) na amostra estudada. Para a
variável idade, observou-se que a faixa etária de 40 a
59 anos (50,5%) foi a mais representativa, seguida por
pacientes de 20 a 39 anos (26,7%) e 60 anos ou mais
(22,8%). Em relação às condições sistêmicas, houve
maior prevalência de hipertensão (50,5%), seguida de
diabetes mellitus tipo 1 (18,81%).
As médias e os desvios-padrão demonstraram
que os diabéticos tipo 1 tiveram os menores valores
referentes ao índice de placa visível (60,4±22,4) em
comparação aos hipertensos (68,4±24,1). Os diabéticos tipo 1 demonstraram os melhores resultados
(20,3±17,2) para o índice de sangramento à sondagem
em relação aos hipertensos (28,3±25,4).
Pacientes com hipertensão (35,3%) e diabetes
mellitus tipo 1 (52,6%) apresentaram maior quantidade de sítios com profundidade de sondagem na variação de 4 a 6 mm. O nível de inserção clínica ( 5 mm) foi
observado nos diabéticos tipo1 (47,4%) e nos hipertensos (54,9%). A recessão gengival de 1 a 3 mm foi a condição mais observada em diabéticos tipo1 (36,8%) e
hipertensos (29,4%) . A mobilidade grau I foi a mais
encontrada entre os diabéticos tipo 1 (31,6%) e hipertensos (25,5%). As lesões de furca grau I e III (10,5%)
foram mais observadas nos diabéticos tipo 1, por
outro lado o grau II (5,9%) foi a condição mais reconhecida nos hipertensos (Tabela 1).
Obteve-se maior número de diabéticos tipo 1 com
periodontite crônica avançada (37,5%). Entretanto, os
Rev Pesq Saúde, 12(2): 11-15, maio-agost, 2011
Junior JCF, Lopes FF, Pereira ALA, AlvesCMC, Pereira AFV
Tabela 1 – Avaliação da condição periodontal observada em
diabéticos tipo 1 e hipertensos.
Diabetes Tipo 1
Hipertensão
Valor de
p*
Parâmetros
N
%
N
%
No grupo dos hipertensos, o diagnóstico mais
encontrado foi periodontite crônica moderada (45,7%),
sem significância estatística (p > 0,05) (Figura 2).
Discussão
PS
0,0486*
04
21,1
16
31,4
4 ≤ 6mm
3 mm
10
52,6
18
35,3
≥ 7mm
05
26,3
17
33,3
1-3mm
07
36,8
15
29,4
4-6mm
05
26,3
14
27,5
7-9mm
01
05,3
04
07,8
>10mm
03
15,8
04
07,8
1-2mm
04
21,1
09
17,6
3-4mm
06
31,6
14
27,5
≥ 5mm
09
47,4
28
54,9
I
06
31,6
13
25,5
II
03
15,8
10
19,6
III
Lesões de
furca
I
03
15,8
04
07,8
02
10,5
02
03,9
II
01
05,3
03
05,9
III
02
10,5
01
02,0
RG
0,3829
NIC
0,5587
Mobilidade
0,2089
0,2304
*Teste G (p < 0,05)
120
100
100
88,6
82,6
80,8
80
62,5
Diabetes tipo 1 Sim %
Diabetes tipo 1 Não %
60
37,5
40
19,2
17,4
20
11,4
0
0
Saúde Periodontal
Gengivite associada
à placa
Periodontite
crônica leve
Periodontite crônica
moderada
Periodontite crônica
avançada
Teste Qui-quadrado (p = 0,2700)
Figura 1 – Pacientes portadores de diabetes tipo 1 de acordo
com o diagnóstico periodontal.
37,5
Periodontite
crônica avançada
62,5
54,3
Periodontite
crônica moderada
45,7
61,5
Periodontite
crônica leve
Hipertensão Não %
Hipertensão Sim %
38,5
39,1
Gengivite
associada à placa
60,9
0
Saúde
Periodontal
100
0
20
40
60
80
100
120
Teste Qui-quadrado (p = 0,3173)
Figura 2 – Pacientes portadores de hipertensão e diagnóstico
periodontal.
achados não foram estatisticamente significantes (p >
0,05) (Figura 1).
Rev Pesq Saúde, 12(2): 11-15, maio-agost, 2011
Por considerar a relevância das condições sistêmicas no contexto da patogênese da doença periodontal, este estudo retrospectivo teve o objetivo de identificar o perfil sistêmico de pacientes periodontais no
período de 2006 a 2009.
A maior prevalência de hipertensão neste estudo concorda com trabalho que demonstrou que essa
condição sistêmica foi a mais observada em pacientes
com doença periodontal10 e outro estudo que, utilizando metodologia similar, observou que a hipertensão
obteve 49% da amostra de pacientes atendidos na clínica de Periodontia da Faculdade de Odontologia de
Araraquara – UNESP14.
O diagnóstico periodontal mais encontrado nos
hipertensos foi a periodontite crônica moderada, concordando com estudos que ressaltaram que alterações
sistêmicas, como a hipertensão, podem sofrer a
influência da doença periodontal10,15.
A plausibilidade biológica entre doenças cardiovasculares e doença periodontal se dá pelo fato de que
a perda da integridade dos epitélios sulcular e juncional
favorece o deslocamento bacteriano para o tecido conjuntivo adjacente com o consequente aumento da concentração de anticorpos específicos (IgM, IgG e IgA)
para esses micro-organismos, representando um desafio sistêmico constante ou a ocorrência de bacteremias.
Dessa forma, quanto mais grave a infecção periodontal, maior quantidade de micro-organismos é encontrada na corrente sanguínea. Em especial, a hipertensão,
no paciente periodontal, torna-o suscetível às alterações cardiovasculares, por se tratar de um fator de risco
em potencial para os eventos coronarianos15.
Contudo, há outra pesquisa que não sustenta
essa associação devido à presença de fatores subjacentes ambientais ou genéticos que predisponham os
indivíduos tanto à doença cardiovascular quanto à
doença periodontal, sem que haja relação de causa e
efeito entre essas patologias16.
A segunda doença sistêmica observada na amostra foi diabetes mellitus tipo 1. Resultado similar foi
encontrado em pesquisa cuja doença sistêmica esteve
presente em 25% dos pacientes, sendo superada apenas pela hipertensão14. Contudo, estes resultados não
estão de acordo com um estudo que aponta maior
prevalência de diabetes mellitus tipo 2 em pacientes
periodontais, ao comparar com o tipo 117. Nos índios
Pima do Arizona (EUA), onde há a mais alta taxa de
prevalência de diabetes mellitus tipo 2 do mundo, as
taxas de risco para perda de inserção clínica e reabsorção óssea foram maiores em indivíduos diabéticos que
em não diabéticos (OR = 4,2). Os resultados foram
expressivos em todos os grupos etários, embora as
maiores diferenças tenham sido encontradas em pacientes mais jovens18.
Deve ser enfatizado que a maioria dos estudos é
conduzida em indivíduos com diabetes mellitus tipo 2
e, dessa forma, dados originados de diabéticos tipo 1
permanecem escassos e conflitantes19. Normalmente,
os estudos em diabéticos tipo 2 demonstram que a
13
Perfil sistêmico de pacientes periodontais: estudo retrospectivo 2006 a 2009
periodontite está associada ao pobre controle metabólico da glicemia8. Entretanto, uma pesquisa relata que
os diabéticos tipo 1 e tipo 2 apresentam igual risco
para a doença periodontal20.
Os diabéticos tipo 1 obtiveram os menores valores para índice de sangramento à sondagem e placa
visível quando comparados aos hipertensos. Esses
achados não estão de acordo com estudos que mencionam que pacientes com alterações glicêmicas possuem mais sangramento gengival, presença de biofilme
bacteriano e higiene bucal inadequada21,22.
Os pacientes com hipertensão e diabetes mellitus tipo 1 apresentaram maior quantidade de sítios
com profundidade de sondagem na variação de 4 a 6
mm. O maior valor conferido ao nível de inserção clínica (≥ 5 mm) esteve presente em ambas as doenças
sistêmicas. E a recessão gengival de 1 a 3 mm foi a
mais registrada. Esses achados são similares aos estudos que demonstraram uma correlação positiva entre
parâmetros periodontais e doenças sistêmicas8,10.
A periodontite crônica avançada foi a condição
mais encontrada em pacientes com diabéticos tipo 1.
Isto pode ser explicado, porque em diabéticos ocorrem alterações vasculares, alterações imunológicas,
aumento da produção de mediadores inflamatórios e
alterações metabólicas no tecido conjuntivo, que interferem no processo de cicatrização e podem afetar qualquer tecido, incluindo o periodonto, que levam à maior
probabilidade desses indivíduos desenvolverem a
doença periodontal8,18.
Outra forte evidência é a relação bidirecional
entre os dois tipos de diabetes e doenças periodontais8,17. As infecções periodontais podem, como qualquer
outro tipo de infecção, dificultar o controle glicêmico
do paciente diabético, predispondo-o à resistência
insulínica e proporcionando um estado de hiperglicemia crônica. Por outro lado, o desequilíbrio do metabolismo glicêmico predispõe o paciente à inflamação
gengival e ao maior risco de desenvolvimento das doenças periodontais23.
Em estudo realizado com 300 indivíduos diabéticos, as médias de prevalência de gengivite e periodontite foram, respectivamente, 55% e 35,3%, chamando a atenção para a grande importância do controle da
glicemia na promoção da saúde bucal e enfatizando a
necessidade da atuação conjunta de diferentes profissionais de saúde24.
Diante do exposto, sugere-se que a interpretação da literatura sobre relação das doenças sistêmicas
e doença periodontal deve ser cautelosa. A grande
questão a ser elucidada é se a doença periodontal realmente funciona como um desencadeador de inflamações e/ou infecções sistêmicas, ou se há outras condições inerentes ao próprio indivíduo ou comportamentais que atuariam como fatores de risco, tanto para as
enfermidades sistêmicas como para as doenças periodontais3.
O diabetes mellitus influencia a instalação e progressão da doença periodontal. Em contrapartida, a
severidade da doença periodontal pode afetar o controle
metabólico do diabetes6.
Embora não se possa confirmar estatisticamente
e considerando todas as limitações do presente estudo,
houve uma associação entre hipertensão e diabetes
mellitus tipo 1 e doença periodontal. Entretanto,
devem ser ressaltado, que novos estudos se fazem
necessários para corroborar os dados preliminares.
Desse modo torna-se lícito concluir que o diabetes mellitus tipo 1 e hipertensão foram as condições
sistêmicas mais prevalentes em pacientes periodontais.
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Rev Pesq Saúde, 12(2): 11-15, maio-agost, 2011
15
ISSN-2179-6238
Artigo Original / Original Article
PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E NUTRICIONAL DE SERVIDORES EM PERÍODO DE
PRÉ-APOSENTADORIA
SOCIODEMOGRAPHIC AND NUTRITIONAL PROFILE OF PUBLIC SERVANTS IN THE PRE-RETIREMENT PERIOD
Alessandra Gaspar Sousa1, Carolina Abreu de Carvalho2, Poliana Cristina de Almeida Fonsêca2 e Soraia Pinheiro Machado3
Resumo
Introdução: A aposentadoria afeta o comportamento, incluindo o consumo alimentar do idoso, que vê modificado o seu papel
social. Objetivo: Avaliar o perfil sociodemográfico e nutricional de servidores idosos em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Métodos: Trata-se de um estudo transversal com 50 servidores em período de préaposentadoria, com idade igual ou superior a 60 anos. Os participantes responderam a um questionário contendo dados demográficos e socioeconômicos e um Questionário de Frequência do Consumo Alimentar (QFCA). A avaliação antropométrica foi
realizada utilizando o Índice de Massa Corporal (IMC) e Circunferência da Cintura (CC). Para análise estatística dos dados, utilizou-se o programa STATA®, versão 10.0. Para comparar a frequência de consumo alimentar, segundo o estado nutricional,
utilizou-se o teste do qui-quadrado. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: A maioria era do sexo masculino
(54%), com bom nível de escolaridade (60%) e renda (52%). Apresentaram Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) (52%),
excesso de peso (56%) e risco elevado para desenvolver Doenças Crônicas Não Transmissíveis (76%). A frequência de consumo
alimentar foi inadequada para a maioria dos grupos alimentares: saladas (58%), frituras (90%), embutidos (84%), biscoitos doces
(64%) e refrigerantes (58%) Conclusão: A educação nutricional deverá ser uma atividade desenvolvida em programas de preparação para a aposentadoria como forma de incentivar hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis no grupo estudado.
Palavras-chave: Idosos. Perfil sociodemográfico. Consumo alimentar.
Abstract
Introduction: The retirement affects the behavior, including the food intake of the elderly, who sees that his/her role in society
changed. Objective: To evaluate the sociodemographic and nutritional profile of public servants in pre-retirement period in the
Federal University of Maranhão. Methods: Transversal study with 50 servants that were in the pre-retirement and who were 60
years or more of age. The participants answered a semi-structured questionnaire containing demographic and socioeconomic
data. For assessing the frequency of food intake we applied a Food Frequency Questionnaire (FFQ). Anthropometric evaluation
was performed using the Body Mass Index (BMI) and Waist Circumference (WC). For statistical analysis we used the software
STATA® version 10.0. To compare the frequency of food intake, according to nutritional status, we used the chi-square test. The
significance level was 5%. Results: The group was predominantly male (54%), with high educational level (60%) and family
income (52%). We observed a high prevalence of non-communicable diseases (52%), overweight (56%) and at high risk of developing non-communicable diseases (76%). The frequency of food intake was unsuitable for most food groups: salads (58%), fried
foods (90%), canned food products (84%), sweet biscuits (64%) and soft drinks (58%) Conclusion: Nutritional education should
be an activity implemented in retirement preparation programs as a way to encourage healthy eating habits and lifestyles.
Keywords: Elderly. Sociodemographic profile. Food intake.
Introdução
A preparação para a aposentadoria é um marco
na vida do trabalhador, pois resulta em modificações
que afetam seu papel social, estilo de vida e hábitos
alimentares. A aposentadoria está diretamente ligada
ao processo de envelhecimento, fase da vida também
caracterizada por alterações profundas na vida do
indivíduo1.
O número de idosos e a expectativa de vida têm
aumentado consideravelmente nos últimos anos. Em
2010, já existiam cerca de 21,8 milhões de pessoas
acima dos 60 anos e a expectativa de vida era de 73,1
anos2. Segundo projeções do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística3, o Brasil terá em 2025, aproximadamente, 32 milhões de idosos, constituindo-se
como o sexto país com maior população idosa, e a
expectativa de vida para o mesmo período será em
torno de 80 anos de idade.
Embora o aumento da expectativa de vida seja
uma das maiores conquistas da humanidade, constitui-se também em um dos maiores desafios, visto que
o envelhecimento global, neste novo século, proporcionará um grande aumento das demandas sociais e
econômicas, exigindo reformulações nas políticas
públicas para que essa população possa envelhecer
com saúde e qualidade de vida4.
Acompanhando este processo de envelhecimento populacional, observam-se importantes alterações no
padrão de saúde/doença dos brasileiros, com destaque
para o crescimento acentuado do excesso de peso e
outras condições crônicas associadas a fatores relacionados com o estilo de vida, como o baixo nível de atividade física e práticas alimentares inadequadas5,6.
Já está bem estabelecida a associação entre o
desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e o avançar da idade. Doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer são
1.
Nutricionista.
Discente do Curso de Nutrição - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
3.
Docente do Curso de Nutrição - UFMA.
Contato: Alessandra Gaspar Sousa. E-mail: [email protected]
2.
16
Rev Pesq Saúde, 12(3): 16-21, set-dez, 2011
SousaAG, CarvalhoCA, Fonsêca PCA, MachadoSP
mais prevalentes na população idosa7. Alterações na
composição corporal e mudanças no consumo alimentar podem explicar, em parte, tal associação. O envelhecimento proporciona aumento do tecido adiposo e
uma redistribuição deste, que tende a se acumular na
região abdominal. Além disso, há uma redução natural
da sensação de paladar, o que pode contribuir para
aumentar o consumo de açúcar, gordura, sal e outros
condimentos, que, se consumidos em excesso, estão
associados com o desenvolvimento de muitas DCNTs8.
Nesse sentido, com o crescimento da população
idosa, cresce também a preocupação de investigar
fatores que incidem sobre a prevalência das DCNTs
associadas à idade, bem como de compreender o papel
da nutrição na promoção e manutenção da independência e autonomia dos idosos9.
Atualmente, diversas instituições e empresas
oferecem programas de preparação para aposentadoria a seus servidores, a fim de proporcionar condições
para facilitar a tomada de decisão desses colaboradores por uma aposentadoria e uma velhice com qualidade de vida10.
Para o planejamento e execução de atividades
educativas da área de alimentação e nutrição, faz-se
necessário conhecer o perfil socioeconômico do grupo, bem como os hábitos alimentares e o estado nutricional. Estudos nessa linha possibilitam o desenvolvimento de novas propostas de intervenção nesse público, com vistas a atender suas necessidades e gerar
subsídios ao sistema público de saúde e de previdência, para o estabelecimento de medidas eficazes de
promoção de saúde11.
Este estudo teve como objetivo caracterizar o
perfil sociodemográfico e nutricional de servidores da
Universidade Federal do Maranhão em período de préaposentadoria.
Métodos
Trata-se de um estudo transversal, realizado na
Universidade Federal do Maranhão - UFMA, no município de São Luís – Maranhão. Sua população foi constituída por servidores da Instituição, em período de préaposentadoria, ou seja, aqueles que já tinham tempo
para se aposentar ou que faltavam menos de dois anos
para aposentadoria. Segundo dados fornecidos pela
Divisão de Qualidade de Vida da UFMA, o número de
funcionários pré-aposentados, em agosto de 2010,
totalizava 145 indivíduos.
A amostra foi de conveniência e compreendeu
50 servidores pré-aposentados da UFMA, idosos (idade
≥ 60 anos), que frequentaram a Instituição no período
da coleta de dados, outubro e novembro de 2010, e
que concordaram em participar da pesquisa, mediante
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram excluídos da amostra servidores com
necessidades especiais que inviabilizassem a compreensão e preenchimento do questionário, bem como a
aferição das medidas antropométricas. Este estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, com o protocolo de Nº 23115010062/2010-00. Todos os participantes receberam informações sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa, bem como sobre a colaboração
Rev Pesq Saúde, 12(3): 16-21, set-dez, 2011
que se esperava dos mesmos.
Acadêmicas do Curso de Nutrição, previamente
treinadas, realizaram a coleta de dados, sob a supervisão da docente coordenadora do estudo. Uma lista
contendo os nomes e setores de trabalho dos servidores em período de pré-aposentadoria foi fornecida pelo
Departamento de Recursos Humanos da UFMA e, a
partir daí, a equipe responsável pela coleta de dados
dirigiu-se aos setores listados, não necessitando do
deslocamento dos servidores.
Os participantes responderam a um questionário semi-estruturado contendo dados demográficos e
socioeconômicos (idade, sexo, renda e escolaridade,
consumo de bebidas alcoólicas e cigarros). Utilizou-se
o Critério de Classificação Econômica do Brasil para
categorizar os servidores12.
Para investigar o consumo alimentar foi aplicado
o Questionário de Frequência do Consumo Alimentar
(QFCA), elaborado pela Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição/Ministério da Saúde13 e validado para
toda a população adulta e idosa do Brasil, em que os
indivíduos relataram a frequência de consumo de grupos de alimentos, nos últimos sete dias. Esses dados
foram comparados com as recomendações propostas
pelo Guia Alimentar para a população brasileira14.
Para aferição do peso, utilizou-se balança portátil digital, com o indivíduo posicionado em pé, no centro da balança e descalço. A altura foi medida por meio
de estadiômetro, com o indivíduo em pé, descalço,
com os calcanhares juntos, costas retas e os braços
estendidos ao lado do corpo. A circunferência da cintura foi medida no ponto médio entre a última costela e a
crista ilíaca, com o paciente em pé, sendo a leitura feita
no momento da expiração15.
O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado
pela expressão da relação entre o peso (Kg) e o quadrado da altura (m²). Para classificação do estado nutricional por este indicador, foram utilizados os pontos de
corte estabelecidos por Lipschitz (1994)16 e adotados
pelo Ministério da Saúde do Brasil: magreza (IMC< 22
kg/m²); eutrofia (IMC 22 - 27 kg/m²); sobrepeso (IMC >
27 kg/m²).
A medida de CC permite estimar o grau de risco
para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e
metabólicas. Considerou-se risco elevado, de acordo
com a CC, valores ≥ 80cm para mulheres e ≥ 94cm para
homens, e risco muito elevado, valores > 88 cm para
mulheres e >102 cm para homens17.
Para análise estatística dos dados, utilizou-se o
programa STATA®, versão 10.0. As variáveis quantitativas foram descritas por médias, desvios padrão e
valores mínimo e máximo, e as qualitativas, por frequências simples e percentuais. Testou-se a normalidade pelo teste de Shapiro Wilk. Para comparar a frequência de consumo alimentar, segundo o estado
nutricional, foi utilizado o teste do qui-quadrado. O
nível de significância adotado foi de 5%.
Resultados
Os servidores idosos, em pré-aposentadoria,
apresentaram idade média de 63,1 ± 2,5 anos, variando entre 60 a 69 anos de idade, cor parda (64%) e a
maioria havia concluído o ensino superior (60%). Dos
17
Perfil sociodemográfico e nutricional de servidores em período de pré-aposentadoria
Tabela 1 - Características demográficas e socioeconômicas de
servidores em período de pré-aposentadoria. São Luís - MA - 2010.
n
%
Homem
27
54,0
Mulher
23
46,0
60 – 64,9 anos
37
74,0
65 – 69 anos
13
26,0
Características
Sexo
Idade
Estado civil
Casado
24
48,0
Solteiro
09
18,0
União Consensual
02
4,0
Separado
08
16,0
Viúvos
07
14,0
Ocupação
Docente
10
20,0
Superior não docente
20
40,0
Nível médio
18
36,0
Outros
02
4,0
Renda familiar
4–5
06
12,0
5 ┤10
18
36,0
10 ┤15
11
22,0
>15
15
30,0
Raça/Cor
Branca
12
24,0
Parda/mulata/morena/cabloca
32
64,0
Preta
06
12,0
<5
36
72,0
≥5
14
28,0
Número de moradores
Bebida
Figura 1 - Perfil antropométrico de servidores idosos em préaposentadoria. São Luís - MA - 2010.
Tabela 2 - Frequência de consumo alimentar segundo o índice IMC em
servidores em pré-aposentadoria. São Luís - MA - 2010.
Grupos
alimentares
Total
Sem excesso Com excesso
de peso
de peso
%
p valor
n
%
n
%
n
Consumo*
21
42,0
11
50,0
10
36,0 0,31
Consumo**
29
58,0
11
50,0
18
64,0
Salada
Frutas
Consumo*
44
88,0
21
95,0
23
82,0 0,15
Consumo**
06
12,0
01
5,0
05
18,0
Consome ≥5*
25
50,0
13
59,0
12
43,0 0,25
Consome <5*
25
50,0
09
41,0
16
57,0
Consumo*
40
80,0
17
77,0
23
82,0 0,67
Consumo**
10
20,0
05
23,0
05
18,0
Consome ≥1*
05
10,0
01
5,0
04
14,0 0,25
Consome >1*
45
90,0
21
95,0
24
86,0
Consome ≥1*
08
16,0
01
5,0
07
25,0 0,05
Consome >1*
42
84,0
21
95,0
21
75,0
Feijão
Leite
Fritura
Embutidos
Não bebe
13
26,0
Bebe
30
60,0
Já bebeu
07
14,0
Não fuma
24
48,0
Consome ≥1*
33
66,0
14
64,0
19
68,0 0,75
Fuma
04
8,0
Consome >1*
17
34,0
08
36,0
09
32,0
Já fumou
22
44,0
Biscoitos
doces
Não tem
16
32,0
Consome ≥1*
18
36,0
09
41,0
09
32,0 0,52
Tem uma
26
52,0
Consome >1*
32
64,0
13
59,0
19
68,0
Duas ou mais
08
16,0
Refrigerante
Consome ≥1*
21
42,0
09
41,0
12
43,0 0,89
Ginasial completo
02
4,0
Consome >1*
29
58,0
13
59,0
16
57,0
Colegial completo
18
36,0
Total
50
100,0
22
100,0
28
100,0
Fumo
DCNT**
Escolaridade
Superior completo
30
60,0
Total
50
100,0
Biscoitos
salgados
*Frequência de consumo adequado (diário).
**Frequência de consumo inadequado.
*Critério de Classificação Econômica do Brasil
**Doenças Crônicas Não Transmissíveis
investigados 54% era do sexo masculino e 52% era
casado/união consensual. Quanto a atividade exercida
86% não eram docentes. A média do tempo de serviço
foi de 36,0 ± 4,4 anos, variando de 28 a 51 anos.
18
A renda familiar foi de 13,9 salários mínimo,
sendo que nenhum servidor informou renda inferior a
4 salários.
A história de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) foi relatada por 52% dos servidores, sendo
que 16% apresentavam duas ou mais doenças, sendo a
Rev Pesq Saúde, 12(3): 16-21, set-dez, 2011
SousaAG, CarvalhoCA, Fonsêca PCA, MachadoSP
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) (46%), diabetes
mellitus (DM) (12%) e Doença Cardiovascular (DCV)
(4%) (Tabela 1).
O excesso de peso foi demonstrado em (56%)
dos entrevistados, com IMC médio de 28,1 kg/m2 (19,3
– 40,7 kg/m2). A Circunferência de Cintura (CC) média
foi de 94,8 cm, variando de 69 a 112 cm. Indicando que
(76%) apresentaram risco elevado ou muito elevado
para doenças crônicas (Figura 1).
A frequência de consumo de frutas (88%), laticínios (80%) e biscoitos salgados (66%) foi adequada
para a maior parte do grupo. Quanto ao consumo de
saladas (58%), frituras (90%), embutidos (84%), biscoitos doces (64%) e refrigerantes (58%), foi elevada. Metade do grupo (50%) apresentou consumo de feijão em
frequência inadequada. A frequência do consumo
alimentar, segundo o estado nutricional (IMC), mostrou que não houve diferença estatisticamente significante. Apenas para a alimentação do grupo dos embutidos, observou-se tendência para maior inadequação
de consumo entre os indivíduos sem excesso de peso
(p = 0,050) (Tabela 2).
Discussão
Observou-se predomínio do sexo masculino
entre os servidores em período de pré-aposentadoria
investigados. Apesar de predominar o sexo feminino
(55,8%) entre os 21,8 milhões de idosos brasileiros2,
outros estudos com servidores de universidades no
nosso país apontam para o predomínio de homens,
reforçando os achados do presente estudo. Conceição
et al.18, estudando servidores com mais de 40 anos da
Universidade de Brasília (UnB), encontraram 62,2%, e
Luz1, que investigou servidores da Universidade de
Viçosa em período de pré-aposentadoria, encontrou
54% de homens.
Em relação à idade, no estudo de Luz1, todos os
servidores em período de pré-aposentadoria tinham
até 65 anos de idade, sugerindo que o grupo do presente estudo apresentou idade maior que os servidores de Viçosa.
A proporção de docentes entre os servidores
estudados assemelha-se às de outros estudos: 12,9%18
e 15,04%1. Entretanto, a escolaridade do grupo da
UFMA mostrou-se melhor que a de outros servidores
de Universidade1.
Quanto ao estado civil, os dados divergem um
pouco daqueles encontrados no estudo de Luz1, em
que mais de 90% dos indivíduos do sexo masculino
eram casados, enquanto 45% das professoras e 58%
das funcionárias eram solteiras e/ou separadas.
Em relação ao tempo de trabalho, o funcionário
público, sendo homem, poderá se aposentar integralmente com 35 anos de contribuição e no caso da
mulher, com 30 anos, desde que tenham idade de 60
anos os homens e 55 anos as mulheres19.
Desta forma, os dados do presente estudo indicam que muitos desses servidores estavam em condições de se aposentar (tempo de serviço e idade) no
momento da entrevista. Tal resultado pode ser explicado pelo fato de que, quando o trabalho é lugar de contato, prestígio, desenvolvimento e juventude, a aposentadoria significaria a perda dessa fonte, gerando atitudes como a recusa em aceitar o papel de aposentado20.
Rev Pesq Saúde, 12(3): 16-21, set-dez, 2011
A renda familiar mensal foi alta (maior que cinco
salários mínimos) para a maior parte do grupo investigado. No estudo de Luz1, constatou-se que, entre a
maioria dos docentes (78,2%), era acima de 20 salários
mínimos, entretanto, entre os não docentes, 55,4%
recebiam entre 1 e 5 salários mínimos.
Em nosso estudo, foi verificado que a média de
moradores no domicilio foi de 4,2 pessoas, semelhante ao encontrado por Luz1 (3,66).
A prática atual de consumir cigarros foi relatada
por pequena parcela dos entrevistados (8,0%), enquanto Conceição et al.18 verificaram uma proporção de
19,7% tabagistas entre os servidores da UnB. Entretanto, em um estudo com dois grupos de idosos vinculados à Faculdade Assis Gurguacz e a um órgão público
do Paraná, a proporção aproximou-se mais do presente estudo (10%)21.
A menor prevalência do tabagismo entre idosos
pode ser consequência da interrupção do hábito de
fumar com o aumento da idade, de diferenças entre
gerações (efeito coorte) e/ou a maior mortalidade dos
fumantes22.
Em relação ao abandono da prática, estudos de
base populacional, conduzidos em países desenvolvidos, têm mostrado que a cessação do tabagismo é
maior nos indivíduos mais velhos, naqueles com renda
mais alta e naqueles com escolaridade mais elevada23.
No Brasil, o índice correspondente variou entre 44,0 e
58,3% nas capitais avaliadas24, o que corrobora com os
achados do presente estudo.
O consumo de bebida alcoólica no nosso estudo
concorda com os resultados encontrados por Conceição et al.18, em que 53,6% da amostra declararam consumir bebidas alcoólicas. Já no estudo de Carneil et al.21, o
percentual de consumidores foi bem inferior (15%).
Embora alta a proporção de DCNT referida pelos
idosos da UFMA, resultados mais preocupantes foram
encontrados em idosos da Universidade Católica de Brasília, em que 87% apresentavam pelo menos uma DCNT25.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios26, no Brasil, 59,5 milhões de pessoas
(31,3%) afirmaram apresentar pelo menos uma doença
crônica não transmissível; do total da população, 5,9%
declararam ter três ou mais doenças crônicas e esses
percentuais aumentam com a idade. O número de indivíduos com 65 anos e mais que relataram apresentar
pelo menos uma doença crônica chegava a 79,1%2.
Em relação aos dados antropométricos, os resultados encontrados para excesso de peso concordam
com os de outros estudos com servidores de Universidades no nosso país: 56,8%18 e 52,4%27. Entretanto, um
estudo com idosos cadastrados no Programa Municipal
da Terceira Idade de Viçosa, Minas Gerais, apontou uma
prevalência de excesso de peso menor (40,8%)28.
Durante o processo de aposentadoria, observase que há uma mudança do local e dos horários em que
as refeições eram realizadas, e das pessoas com quem
se compartilhava estes momentos. Ainda, em decorrência da diminuição da renda, o poder aquisitivo é
prejudicado, podendo ocasionar mudanças no esquema alimentar. Se o aposentado não equilibrar suas
novas atividades físicas com a ingestão energética,
pode ocorrer ganho de peso e aumento da circunferência abdominal29.
Entre idosos estudados em Viçosa28, o consumo
19
Perfil sociodemográfico e nutricional de servidores em período de pré-aposentadoria
diário de hortaliças (63,8%) e feijão (88%) foi mais frequente que o encontrado no grupo estudado.
A baixa frequência de consumo de hortaliças e
feijão pode implicar em ingestão deficiente em fibras e
está associado à etiologia do excesso de peso30.
Um estudo sobre o consumo de alimentos
industrializados na população adulta e idosa de São
Paulo observou que os grupos de maior consumo
foram os das manteigas e margarinas, consumidos por
62,31% da população, dos refrigerantes e refrescos,
por 47,37% e, ainda dos embutidos, hambúrguer e
nuggets, por 41,25%31. Os resultados diferem um
pouco do encontrado no nosso estudo, no qual a frequência de consumo desses grupos alimentares foi
maior (Tabela 2).
Em relação ao estado nutricional, foi encontrada
uma associação significativa apenas no consumo de
refrigerantes e refrescos (p<0,01), no qual 41,93% dos
indivíduos com sobrepeso e obesidade relataram consumir31. No presente estudo, não foi observada associação entre a frequência de consumo alimentar e o estado nutricional.
O pequeno tamanho da amostra pode explicar
em parte esta ausência de associação verificada. Além
disso, o estado nutricional atual é resultante também
dos hábitos alimentares ao longo da vida. Está bem
estabelecido que a alimentação saudável somente
funcionará como fator protetor quando adotada constantemente, no decorrer da vida. Uma boa alimentação
deve estar presente em todas as fases da vida e, à medida que a idade avança, o cuidado com os hábitos alimentares deve aumentar27.
Além da limitação do tamanho amostral, que
dificultou a confirmação de algumas tendências de
associações entre as variáveis investigadas, apresentase como limitações o delineamento do estudo (transversal) e a investigação apenas da frequência de consumo
alimentar, sem considerar a quantidade consumida.
Entretanto, este estudo permitiu caracterizar o
perfil sociodemográfico e nutricional de servidores
idosos em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão. O público de servidores em
período de pré-aposentadoria é ainda pouco explorado no que se refere a questões inerentes à alimentação
e nutrição.
O grupo de servidores estudado foi constituído
em sua maioria por homens, com bom nível de escolaridade e renda familiar. Práticas passadas de tabagismo e consumo de bebida alcoólica foram comportamentos associados a um estilo de vida não saudável na
maioria dos indivíduos estudados. O excesso de peso
foi predominante e o risco para doenças crônicas não
transmissíveis foi elevado entre os servidores. A frequência de consumo alimentar mostrou-se inadequada para a maioria dos grupos de alimentos. Assim, a
educação nutricional deve ser também atividade
desenvolvida em Programas de Preparação para a Aposentadoria como forma de incentivar hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis no grupo investigado.
Agradecimentos
À Divisão de Qualidade de Vida (DQV) da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, e a todos os servidores que aceitaram participar deste estudo.
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21
ISSN-2179-6238
Artigo Original / Original Article
COMUNICAÇÃO EM SAÚDE: conhecimento de risco relacionado ao procedimento
de diagnóstico por imagem
HEALTH COMMUNICATION: knowledge about the risks related to the procedure of diagnostic imaging
Pedro Germano Nobre Neto1 e Gisela Maria Santos Ferreira de Sousa2
Resumo
Introdução: A comunicação em saúde representa uma estratégia para prover indivíduos e coletividade de informações, compartilhando conhecimentos e práticas no processo educativo e contribuindo para melhores condições de vida. Objetivo: Identificar
o conhecimento de riscos relacionados ao procedimento de diagnóstico por imagem em profissionais e usuários. Métodos:
Estudo com abordagem qualitativa realizado com profissionais da área de radiologia e usuários atendidos no Serviço de Diagnóstico por Imagem do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão. Para a coleta de dados utilizou-se roteiros de
entrevista com questões sobre o conhecimento dos riscos relacionados às exigências da Portaria Federal nº 453 e das Diretrizes
Básicas de Proteção Radiológica e a relação comunicação em saúde com a identificação de informações específicas em destaque
no ambiente. Resultados: A análise dos núcleos revelou as categorias referentes aos usuários (conhecem os riscos, mas não
identificam com as diretrizes; desconhecem os riscos e as diretrizes; fazem alguma relação lógica com os riscos e as diretrizes; e
os que conhecem os riscos e as diretrizes) e aos profissionais (conhecem os riscos e cumprem as diretrizes; conhecem os riscos e
não cumprem as diretrizes; e desconhecem os riscos e as diretrizes). Conclusão: Os usuários demonstraram desconhecimento
dos riscos e das diretrizes, bem como não tinham interesse na leitura das informações, enquanto que os profissionais, embora
tivesse algum conhecimento dos riscos alguns não cumpriam as diretrizes e muitos achavam as informações sem clareza.
Desenvolver estratégias de radioproteção por meio da comunicação de risco é, portanto função da comunicação organizacional.
Palavras-chaves: Comunicação e Saúde. Informação. Radioproteção.
Abstract
Introduction: Health communication represents a strategy for providing collectivity of information for individuals, through the
sharing of knowledge and practices in the educational process and contributing for a better quality of life. Objective: To identify
the knowledge about risks associated with the procedure of diagnostic imaging in professionals and users. Methods: Qualitative
approach study which was conducted with professionals in the field of radiology and users assisted in the Department of Diagnostic Imaging of the University Hospital of the Federal University of Maranhão. For data collection we used interview scripts with
questions regarding knowledge about risks related to requirements of the Federal ordinance nº 453 and Basic Guidelines of
Radiological Protection. We also used questions about the relationship between the health communication and the identification
of specific information presented in the environment. Results: Our analysis found the formation of categories related to the
users (knowledge about the risks, but no comprehension of the guidelines; no comprehension about the risks and guidelines;
ability to make some logical relationship between the risks and guidelines, and those who understand the risks and guidelines)
and professionals (knowledge about risks and compliance of guidelines; knowledge about risks and no compliance of guidelines,
and no knowledge about the risks and guidelines). Conclusion: The users showed that do not know about the risks and guidelines. Furthermore, they were not interested in reading the information. On the other hand, some professionals had knowledge
about the risks but did not comply, the guidelines. Most of them think the information were no clear enough. The Development of
strategies of radioprotection through risk communication is thus a function of organizational communication.
Keywords: Communication and Health. Information. Radioprotection.
Introdução
A Organização Mundial de Saúde define saúde
como um estado de bem-estar físico, mental ou social
completo e não a mera ausência de doença ou enfermidade. De acordo com Thomas1 a saúde é a condição em
que todas as funções do corpo e mente, estão normalmente ativas, assim muitas pessoas vivenciam um
estado de bem-estar, embora possam ser classificadas
como não-saudáveis por outros.
Baseado neste conceito é competência do Estado, de acordo com o artigo 196 da Constituição Federal2, cuidar da saúde por meio de políticas sociais e
econômicas que visem a redução do risco de doenças
e/ou de situações piores que levem à morte, possibilitando o seu livre acesso a todos os cidadãos, como
estabelece um dos princípios do Sistema Único de
Saúde (SUS), a universalidade.
Por meio do SUS, as entidades estatais promovem gratuitamente desde um simples atendimento
ambulatorial a transplantes de órgãos, passando por
uma infinidade de exames clínicos e de imagens, oferecendo uma gama de serviços públicos aos brasileiros,
buscando sempre o bem-estar social de cada indivíduo.
Nesta perspectiva, a comunicação surge atrelada ao direito da informação e da participação efetiva
em um sistema público de saúde eficaz. Aqui, não há
espaços para a persuasão no processo comunicativo,
1.
Graduando do Curso de Comunicação Social - Habilitação Relações Públicas - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Mestre em Ciências da Comunicação. Docente do Departamento de Comunicação Social – UFMA.
Contato: Pedro Germano Nobre Neto. E-mail: [email protected]
2.
22
Rev Pesq Saúde, 12(3): 22-27, set-dez, 2011
Nobre Neto PG, Sousa GMSF
muito menos utilizar o conceito reducionista da comunicação, limitando-a a mera idéia de divulgação. A
comunicação e a saúde devem priorizar o debate público sobre os mais variados assuntos que se relacionam
intimamente com a área da ciência biológica, possibilitando aos indivíduos, informações necessárias para a
construção de um conhecimento voltado para as políticas públicas na saúde.
A concepção de Comunicação e Saúde3, apesar
de sua longa história no Brasil, teve seu início científico
na década de noventa; entretanto, se caracterizou
quando o Departamento Nacional de Saúde Publica
(DNSP), criado em 1920, estabeleceu como estratégia a
propaganda e a educação sanitária para desenvolver
trabalhos voltados às questões da saúde, principalmente as epidemias e a adoção de medidas higiênicas.
A partir dos anos quarenta, com a criação do
Serviço Nacional de Educação Sanitária - governo Vargas -, a comunicação teve seu enfoque para o caráter
preventivo, disseminando informações sobre a prevenção e o tratamento de doenças, surgindo na década de
1980 o conceito de saúde pública, o que determinou a
redemocratização política e administrativa do SUS,
buscando uma melhor condição de vida da população3.
A partir da década de noventa, o entendimento
da comunicação como instrumento para as políticas
públicas de saúde ganhou mais importância, fortalecendo o discurso do direito à informação. A saúde
recebeu seu merecido destaque, incentivando o surgimento de mecanismos intermediários entre a fonte
das mensagens e seus destinatários.
Segundo Móises4, a comunicação em saúde
surge não só como uma estratégia para prover indivíduos e coletividade de informações, pois se reconhece
que a informação não é suficiente para favorecer
mudanças, mas é importante dentro do processo educativo, para compartilhar conhecimentos e práticas
que podem contribuir para a conquista de melhores
condições de vida.
Reconhece-se que a informação de qualidade
difundida no momento oportuno, com utilização de
uma linguagem clara e objetiva, é um poderoso instrumento de promoção da saúde. O processo de comunicação deve ser ético, transparente, atento aos valores,
opiniões, tradições, culturas e crenças das comunidades, respeitando e considerando e reconhecendo as
diferenças, baseando-se na apresentação e avaliação
de informações educativas, interessantes, atrativas e
compreensíveis.
Nesse sentido e somado às diretrizes que norteiam os procedimentos de diagnósticos por imagem, há
a preocupação em saber como as mensagens de proteção radiológica chegam aos pacientes e profissionais
da área; como elas são interpretadas; se as informações veiculadas são suficientemente claras quanto os
cuidados com os efeitos radioativos e se há a preocupação por parte dos profissionais acerca dos instrumentos de proteção radiológica.
Independente do benefício há a necessidade de
conhecimento e utilização dos métodos de proteção
radiológica, que são de suma importância para a utilização das técnicas de radiação cujos métodos são
norteados pela Portaria Federal Nº 4535 e pelas Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica6.
Sabe-se que os riscos na área da saúde podem
Rev Pesq Saúde, 12(3): 22-27, set-dez, 2011
trazer prejuízos à vida e nessa perspectiva, trabalhar
com radiação requer cuidado, considerando que o
menor descuido pode ocasionar a morte além de gerar
imagens negativas à instituição que desenvolve essa
atividade. Muitas pessoas, ao serem indagadas sobre
esse processo, caracterizam a radiação como algo
perigoso que causa algum mal. Entretanto, o desenvolvimento das técnicas e equipamentos radiológicos,
como os raios-X, pode representar benefício em favor
do paciente.
A Portaria Federal do Ministério da Saúde Nº
453, de 1º de junho de 19985, aprova o regulamento
técnico que estabelece as diretrizes básicas de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico, dispõe sobre o uso dos raios-x diagnósticos em
todo o território nacional e dá outras providências. Já
as Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica da
Comissão Nacional de Energia Nuclear, de janeiro de
20056, têm o objetivo de estabelecer os requisitos
básicos de proteção radiológica das pessoas em relação à exposição à radiação ionizante.
Essas normas devem ser seguidas, buscando
sempre a excelência do serviço, afastando, dessa forma, os riscos iminentes. Tais diretrizes direcionam as
inúmeras atividades com material radioativo, sendo
concebidas todas as suas práticas: o manuseio, a produção, a posse e a utlização de fontes, bem como o
transporte, o armazenamento, deposição de materiais
radioativos e as informações de riscos.
Uma vez não estabelecido o cuidado necessário,
Biasoli Junior7, expõe que os raios-X, podem produzir
efeitos biológicos danosos em órgãos e tecidos vivos
devido ao seu poder de ionização, uma vez que produzem íons que podem quebrar as ligações químicas de
moléculas biológicas importantes. Perceptíveis os
riscos e normatizadas as instruções de manuseio de
instrumentos com radiação ionizantes, cabe aos profissionais atentar para as informações, tanto em benefício próprio, como para terceiros.
A comunicação se faz necessária no auxílio à
prevenção de riscos e garantia de segurança nos serviço
de diagnóstico por imagem, evitando incidentes envolvendo os usuários e a organização, uma vez que não se
caracteriza por simples mensagens informacionais.
Dessa forma, este estudo teve como objetivo
Identificar o conhecimento de riscos relacionados ao
procedimento de diagnóstico por imagem em profissionais e usuários e, consequentemente, avaliar as estratégias de comunicação de riscos utilizadas.
Métodos
Estudo com abordagem qualitativa com o propósito de obter informações de natureza subjetiva que
não podem ser quantificados. Segundo Minayo8 a pesquisa qualitativa busca a compreensão do significado
atribuído pelos sujeitos aos fatos, relações, práticas e
fenômenos sociais.
O estudo foi realizado no Serviço de Diagnóstico
por Imagem do Hospital Universitário da Universidade
Federal do Maranhão com 20 participantes sendo a
mostra escolhida de forma aleatória entre profissionais com atuação no setor e usuários e acompanhantes
que se encontravam aguardando os exames e que
concordaram em participar e assinaram o Termo de
23
Comunicação em saúde: Conhecimento de riscos em procedimento de diagnóstico por imagem
Consentimento Livre e Esclarecido.
Para a coleta de dados utilizou-se roteiros de
entrevista com questões norteadoras sobre o conhecimento dos riscos relacionados às exigências da Portaria Federal nº 453 e das Diretrizes Básicas de Proteção
Radiológica e a relação comunicação em saúde no que
tange a comunicação de riscos, com a identificação de
informações específicas em destaque no ambiente. Tal
estratégia corroborou com a análise de critérios não
numéricos, objetivando o conhecimento de opiniões
diferenciadas, que pela Análise Temática definida por
Minayo8, tem o objetivo de descobrir os núcleos de
sentido que compõem uma comunicação cuja presença
ou frequência signifiquem alguma coisa para o objetivo
analítico visado. Após a coleta do material, as questões
foram agrupadas em categorias, de acordo com seu
núcleo e interpretadas pela técnica de Análise temática.
A Análise Temática é a forma que melhor se
adéqua à investigação qualitativa em saúde. Desta
forma, para a operacionalização percorreu-se as três
fases: a primeira, na qual foram realizadas as transcrições das entrevistas e a organização de todo o material
de pesquisa incluindo os questionários semiestruturados e os relatos. A segunda, de exploração do material
coletado no campo por meio de leitura flutuante e exaustiva do material e a terceira e última fase buscou-se a
compreensão do conteúdo analisado9.
Segundo Bardin9 a modalidade de análise temática é um conjunto de técnicas, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens que permitam a inferência
de conhecimentos relativos às condições de produção
e recepção destas mensagens.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa do HUUFMA, com parecer nº 258/10 – registro 139/10.
Resultados
A análise dos núcleos revelou as categorias
referentes aos usuários (conhecem os riscos, mas não
identificam com as diretrizes; desconhecem os riscos e
as diretrizes; fazem alguma relação lógica com os riscos e as diretrizes; e os que conhecem os riscos e as
diretrizes) e aos profissionais (conhecem os riscos e
cumprem as diretrizes; conhecem os riscos e não cumprem as diretrizes; e desconhecem os riscos e as diretrizes). (conhecem as diretrizes, mas não sabem identifica-las; desconhecem as diretrizes; fazem relação
lógica com as diretrizes; desconhecem as diretrizes) e
aos profissionais (conhecem e cumprem as diretrizes;
conhecem e não cumprem as diretrizes; desconhecem
as diretrizes).
Para a classificação temática, há a necessidade
de pensar no perfil do receptor, no conteúdo a ser
explorado e de que forma será a sua divulgação, resultando em uma produção de sentido. Todos os envolvidos em situações de risco devem ter conhecimento do
grau do perigo, das probabilidades de ocorrência,
assim como das possíveis ações de prevenção.
O primeiro questionamento elaborado foi em
relação aos exames radiológicos e a radiação ionizante. A afirmação de que os usuários têm conhecimento
desta informação, pode amenizar a preocupação com
a radioproteção, pois se pressupõe que estes sabem
24
dos cuidados que devem ser tomados ao realizar um
exame dessa natureza, já que o trabalho com o princípio radioativo requer uma importante atenção na prevenção de riscos. Mas, realizando o cruzamento com
outras questões, observou-se que uma parcela considerável dos entrevistados não conhece os riscos que
podem surgir em caso de exposição inadequada e,
menos ainda sobre os cuidados necessários.
Desta forma, fica evidente que grande parte dos
usuários e acompanhantes relata que os exames radiológicos trazem riscos por meio da radiação, no entanto
não estabelecem a devida preocupação com riscos
oriundos da grande exposição ou das falhas no processo de radioproteção como: câncer, esterilidade, vômitos, queda de cabelo, manchas e bolhas na pele, aborto
espontâneo, formicação, problemas neurológicos,
mutação, cataratae outros7.
Alguns usuários desconhecem os riscos e desconhecem a Portaria Federal Nº 453 e/ou das Diretrizes
Básicas de Proteção Radiológica, podendo ser refletida
por uma expressão de surpresa e desentendimento:
Hã! O que é isso? (usuário 1)
Não sei não! (usuário 4)
Outros dizem conhecê-las, contudo não sabem a
representação, por exemplo, de uma luz vermelha
acima das portas das salas de raios-X, ainda que esteja
exposto de acordo com a Portaria Federal Nº 453: “Quando a luz vermelha estiver acesa, a entrada é proibida5”.
Algumas respostas não deixam de representar
uma lógica de associação e referem o conhecimento de
alguns sintomas e efeitos negativos nas pessoas.
Porque durante a realização do exame são emitidos raios ultravioletas. (usuário 3)
Faz mal aos olhos. (usuário 6)
Em relação ao conhecimento das vestimentas de
chumbo, como meio de prevenção de riscos durante
um exame, a maioria dos usuários demonstrou desconhecimento ou se quer fez relação com a proteção
radiológica. Quando perguntados sobre a função da
vestimenta, expressaram:
Não sei! (usuário 9)
Não é por causa do choque? (usuário3)
Em relação às estratégias de comunicação de
riscos e à disposição das mensagens de proteção radiológica em destaque no ambiente, destacaram-se as
seguintes respostas:
Nunca observei os cartazes... (usuário 4)
Os profissionais deveriam orientar mais. (usuário 9)
Deveria ter um profissional para orientar as
pessoas sobre os riscos, além do que têm pessoas que não sabem ler. (usuário 2)
Deveria ter mais informações, pois há um correcorre e as pessoas não observam as mensagens.
(usuário 6)
Em relação aos profissionais, os resultados
mostraram que alguns conhecem os riscos e as normas da Portaria Federal Nº 453 e das Diretrizes Básicas
Rev Pesq Saúde, 12(3): 22-27, set-dez, 2011
Nobre Neto PG, Sousa GMSF
de Proteção Radiológica. Contudo, merecem destaque
as seguintes respostas:
Sei o básico, só a finalidade... (profissional 15)
Não tenho contato com as salas de exames. (profissional 11)
Não é minha área de atuação. (profissional 12)
No que diz respeito à tecnicidade dos equipamentos para o manuseio e os cuidados na prevenção
de riscos durante os procedimentos foram relatadas
diferentes situações:
As instruções de uso deveriam ser em português. (profissional 17)
O médico não é treinado para isso. É treinado
para a parte clínica. (profissional 15)
As instruções são suficientemente claras. (profissional 13)
Só com a experiência adquiri conhecimento.
(profissional 20)
As informações para os iniciantes não são suficientes. (profissional 14)
Outro ponto que merece destaque é o conhecimento de riscos associados à utilização do equipamento de proteção individual – o dosímetro. Alguns profissionais responderam não utilizar, pois consideram não
trabalhar diretamente com a radiação. Um fator preocupante por se tratar de profissional que mesmo indiretamente está relacionado aos procedimentos radiológicos e ao ser indagado por não usar o aparelho,
apenas explica:
Negligência! (profissional 19)
Já os que responderam usar o dosímetro, a frequência utilizada é durante a escala de trabalho. Contudo, ainda argumentam que:
Quem deve utilizar o dosímetro é quem se expõe
mais - o técnico. (profissional 15)
Segundo a Portaria Federal Nº 453, “todo indivíduo que trabalha com raios-x diagnósticos deve usar,
durante sua jornada de trabalho e enquanto permanecer em área controlada, dosímetro individual de leitura
indireta, trocado mensalmente5”.
Em relação às estratégias de comunicação de
risco em destaque nos ambientes; os profissionais de
saúde defendem a importância da veiculação das mensagens de proteção radiológica, contudo sugerem
algumas modificações.
São informações claras, mas não aprovo a maneira como são divulgadas. (profissional 17)
Não aprovo devido à linguagem técnica... mas
considero essas mensagens importantes. (profissional 14)
Não são colocadas em locais estratégicos, além
de ter pouca informação. (profissional 15)
São precárias devido à tecnicidade dos termos...
e a utilização de cartazes, apesar de padronizados, não atingem o real objetivo. (profissional 20)
Rev Pesq Saúde, 12(3): 22-27, set-dez, 2011
São mensagens claras, apesar de muita gente
não dar importância. (profissional 13)
Estabelecer a comunicação na saúde não significa o simples provimento de informações, mas se torna
um fator importante no compartilhamento da prática e
do conhecimento. As mensagens devem priorizar a
qualidade, a clareza e objetividade, pois só assim funciona como ferramenta para a promoção da saúde.
Discussão
A comunicação de risco não se caracteriza por
simples mensagens informacionais. Para Alves10 é um
processo que tem como objetivo fazer com que as
entidades ajudem a opinião pública e, em última instância, levar as pessoas a entenderem a natureza e o
grau de um perigo, as chances ou a probabilidade de
sua ocorrência e as consequências desse perigo e do
risco para suas vidas.
Segundo a Portaria Federal Nº 453, de 1998,
compete ao Serviço de Proteção Radiológica “redigir e
distribuir instruções e avisos sobre proteção radiológica aos pacientes e profissionais envolvidos, visando à
execução das atividades de acordo com os princípios e
requisitos5” desse regulamento, como também, direciona às Diretrizes de Proteção Radiológica.
Para a comunicação, é importante constituir
uma mensagem com conteúdo que se faça entender a
finalidade de evitar riscos aos pacientes, à equipe médica e a toda e qualquer instituição de saúde que trabalhe com o radiodiagnóstico.
Aos profissionais da área da saúde cabe o interesse em buscar o conhecimento adequado nas diretrizes que regem o trabalho com a radiação ionizante,
assim como na radioterapia e no radiodiagnóstico, seja
para a proteção individual, seja para a segurança dos
pacientes. As normas de orientações são garantidas
nas Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica e tem
como dever da equipe médica estar ciente do conteúdo
do regulamento, dos riscos associados ao seu trabalho,
dos procedimentos operacionais e de emergência relacionados ao seu trabalho, e de suas responsabilidades
na proteção dos pacientes, de si mesmo e de outros6.
A análise dos dados mostrou que os usuários e
acompanhantes desconhecem as normas e os cuidados
ao realizar um exame radiológico. As respostas refletem um desconhecimento dos riscos por existir pessoas que não sabem ler ou não sabem interpretar alguns
termos técnicos; pela falta de percepção das mensagens devido às disposições de cartazes informativos;
pela ausência de profissionais com conhecimento técnico logo no primeiro contato com os usuários e acompanhantes; e, por conseguinte, a não produção de sentido para com as estratégias de comunicação estabelecidas. Esses aspectos são condicionantes para o desconhecimento e consequente não prevenção dos riscos.
Em relação ao conhecimento das diretrizes,
muitos não sabem interpretar as mensagens da Portaria Federal Nº 453. Um exemplo é a representação da
luz vermelha. Poucos a associaram à existência de
radiação durante a realização do procedimento radiológico sem a devida proteção.
O conhecimento sobre os cuidados durante a
realização do exame radiológico foi referido por
25
Comunicação em saúde: Conhecimento de riscos em procedimento de diagnóstico por imagem
alguns profissionais como adquirido pela convivência
ou pela proximidade com alguém da área. Os meios de
comunicação também foram citados como fonte de
informação. Em contrapartida, apenas um entrevistado respondeu conhecer os cuidados por meio da
observação de informações e outro por já ter realizado
exames radiológicos anteriormente.
Algumas pessoas referiram já ter realizado
algum exame sem nenhuma noção do risco, salvo
quando as indicações foram externadas pelos profissionais durante os exames.
Destaca-se aqui, o fato de não haver nenhuma
informação na sala de espera do Serviço de Diagnóstico
por Imagem, além da inexistência de profissionais com
técnicas de radioproteção para o primeiro contato com
o usuário, no que diz respeito à comunicação por meio
de informações. Nesse âmbito, se destaca que as recepcionistas, responsáveis pelo atendimento prévio de
marcação e entrega de exames, e o segurança do setor,
que em certas ocasiões, recolhe as fichas de exames
para organizar a chamada, representa as fontes de
informações imediatas dos pacientes e acompanhantes.
A utilização de termos técnicos representa um
impedimento para a compreensão, pois estão inseridos em diversas mensagens expostas. Destaca-se,
entretanto, que são informações de acordo com as
normas estabelecidas, mas não transmitem clareza na
informação a que se propõe transmitir, na percepção
dos leitores.
A análise dos dados reflete uma tímida comunicação de risco no Serviço de Diagnóstico por Imagem,
onde os pacientes e acompanhantes, embora refiram
em algumas situações, conhecer os riscos e cuidados
nos procedimentos radiológicos, não sabem definir a
representação de uma luz vermelha nas portas das
salas de exames. Os usuários ao mesmo tempo em que
referiram estar satisfeitos com o conteúdo das mensagens demonstraram não ter compreensão dos termos
técnicos utilizados nos cartazes demonstrando falta
de interesse na leitura desses materiais.
Quanto aos profissionais, ficou evidente o
conhecimento sobre as Diretrizes Básicas de Proteção
Radiológica e a Portaria Federal Nº 453, uma vez que
são normas estabelecidas para as atividades de radioproteção, entretanto sugerem mais informações referentes aos riscos.
A falta de conscientização dos profissionais
relacionados aos riscos para si mesmo, aos pacientes,
acompanhantes e para a própria organização ficou
caracterizada em seus relatos. Esta inferência se esta-
belece pelo fato de alguns não conhecerem os riscos e
as normas de radioproteção, sobretudo para a proteção a terceiros.
Quanto à proteção individual por meio do dosímetro, os profissionais manifestaram fazer uso do
aparelho durante as atividades radiológicas com análise mensal do limite de dosagem de radiação e consequente controle dos possíveis riscos.
De acordo com a Portaria Federal Nº 453, “todo
indivíduo que trabalha com raios-x diagnósticos deve
usar, durante sua jornada de trabalho e enquanto permanecer em área controlada, dosímetro individual de
leitura indireta, trocado mensalmente5”. Contudo,
ainda há a necessidade desses profissionais se conscientizarem do risco da atividade radiológica. Mesmo
que mínina, a radiação pode ocasionar efeitos indesejáveis ao ser humano. A portaria não limita quais pessoas devem utilizar o aparelho de proteção individual.
E o fato de utilizá-lo, parte, inicialmente, da consciência de cada um, haja vista que o instrumento é oferecido pelo serviço.
Mesmo sendo perceptível a falta de conhecimento de situações de riscos no processo radiológico,
boa parte dos entrevistados aprovou o conteúdo das
informações expostas, embora tenham feito sugestões no sentido de melhorar o fluxo da comunicação
no setor, tais como: mais avisos, mensagens mais
esclarecedoras, cartazes maiores, distribuição de cartazes na sala de espera e orientações mais enfáticas no
ato do exame por parte dos profissionais.
Os usuários demonstraram desconhecer as
diretrizes e meios de proteção, bem como não têm
interesse na leitura das informações, enquanto que os
profissionais embora tivessem conhecimento, alguns
não cumpriam as diretrizes e muitos achavam as informações sem clareza, com bastante tecnicidade.
A comunicação dentro de uma instituição de
saúde representa um poderoso instrumento de promoção da saúde, portanto precisa ser difundida com utilização de uma linguagem clara e objetiva e com a preocupação de quem vai receber a informação. As organizações são formadas por pessoas, e cada uma possui
elementos próprios para interpretação de uma determinada mensagem, o que nos leva a entender que cada
um desenvolverá uma produção de sentido particular
e, consequentemente, serão desenvolvidas várias
imagens organizacionais11. Portanto, a comunicação
deve lançar mão das melhores estratégias, tornando
suas ações necessárias perante as particularidades de
seu público.
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2002.
Rev Pesq Saúde, 12(3): 22-27, set-dez, 2011
27
ISSN-2179-6238
Artigo Original / Original Article
CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE COMPÓSITOS DENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA NAS
PROPRIEDADES MECÂNICAS
THERMAL CHARACTERIZATION OF DENTAL COMPOSITES AND ITS IMPORTANCE IN THE MECHANICAL
PROPERTIES
Ivone Lima Santana1, Danilo Augusto Paiva Pacheco1, Felipe Leonardo Gomes Leite de Carvalho1, Carolina Carramilo Raposo2 e Aluísio Alves Cabral Júnior3
Resumo
Introdução: A utilização de tratamento térmico adicional em resinas compostas para uso direto pode melhorar suas propriedades mecânicas. Objetivo: avaliar o comportamento térmico de resina composta para uso direto (Filtek™ Z350XT/3M ESPE),
utilizando Análise Termogravimétrica (ATG) e Calorimetria Exploratória Diferencial (CED). Métodos: Foram confeccionados
espécimes cilíndricos (3mm diâmetro × 2mm de altura para CED; 2 mm diâmetro × 2 mm de altura para ATG), irradiados por 40s
a 600mW/cm2. A análise térmica foi realizada sob a atmosfera de argônio e taxas de aquecimento de 10°C min-1e 5°C min-1. As
curvas foram obtidas num intervalo de temperatura de 25-900°C. Resultados: A curva CED mostrou temperatura de transição
vítrea de 216°C e a ATG mostrou degradação inicial de 355°C. O conteúdo inorgânico, determinado a partir da perda de massa,
foi de 76%. Conclusão: A identificação do perfil térmico de resinas compostas é indispensável para balizar o tratamento térmico
individual, utilizado para determinada resina, assim como para identificar seu real conteúdo inorgânico.
Palavras-chave: Resinas Compostas. Termogravimetria. Tratamento térmico.
Abstract
Introduction: The use of additional heat treatment for direct use in composite resin can improve its mechanical properties.
Objective: to evaluate the thermal behavior of a commercial composite resin for direct use (Filtek™ Z350XT/3M ESPE) by
Thermogravimetric Analysis (TGA) and Differential Scanning Calorimetry (DSC). Methods: Cylindrical specimens were made (3
mm diameter × 2 mm height for DSC; 2 mm diameter × 2 mm height for TGA) and irradiated during 40 s at 600mW/cm2. Thermal analysis was performed under argon atmosphere and heating rates of 10°C min-1 and 5°C min-1. The curves were obtained in
the temperature range of 25-900°C. Results: DSC curves showed a glass transition temperature of 216°C and TGA curve showed
an initial degradation of 355°C. The inorganic content, determined by mass loss, was 76%. Conclusion: Thermal characterization is necessary to carry out the heat treatment for a specific resin and to identify the real inorganic content.
Keywords: Composite resins. Thermogravimetry. Thermal treatment.
Introdução
A odontologia, na atualidade, vem desenvolvendo materiais restauradores que atendam a reabilitação
funcional e estética do paciente em longo prazo. Um
dos materiais mais utilizados para atingir as necessidades citadas é a resina composta. Esta apresenta
como vantagens preservação da estrutura dental e
facilidade de trabalho1.
No entanto, as resinas compostas têm limitações como baixa resistência ao atrito mastigatório,
microinfiltração marginal, causada pela contração de
polimerização, assim como incompleta conversão de
monômeros1, 2.
A polimerização adicional por calor tem sido
utilizada nas resinas compostas com o objetivo de
aumentar o grau de conversão, melhorando suas propriedades mecânicas3-6. No entanto, o tratamento térmico adicional deve ser previamente balizado por análise térmica no intuito de detectar a temperatura de
transição vítrea (Tg), que, uma vez atingida, viabiliza a
movimentação de segmentos poliméricos7. O tratamento térmico próximo à Tg contribui para o aumento
do grau de conversão da resina, proporcionando à
matriz uma estrutura mais homogênea e resistente5.
A resina polimerizada apresenta macromoléculas de monômeros em ligações covalentes entre si. Ao
se aumentar a temperatura da massa, aumenta-se
proporcionalmente as vibrações, por agitação térmica
destas moléculas. No entanto, a degradação da cadeia
polimérica só ocorrerá se a energia for superior à
necessária para romper as ligações covalentes8.
Durante a elevação da temperatura, o material
pode sofrer diversos eventos de trânsito de energia
caracterizados por transições de primeira ou segunda
ordem. As transições de primeira ordem ocorrem devido a fenômenos endotérmicos ou exotérmicos. Os
fenômenos exotérmicos químicos são combustão e
decomposição e os físicos representam a passagem de
estado físico e transições cristalinas.
As transições de segunda ordem são caracterizadas pela variação da capacidade calorífica sem variações de entalpia e, portanto, não geram picos nos gráficos.8 Esse é o caso da Tg3,4,7,8, que é acompanhada por
mudança na capacidade calorífica (Cp)7,9,10.
Abaixo da Tg, o material não tem energia interna suficiente para permitir o deslocamento de uma
cadeia em relação à outra11. Por outro lado, o aquecimento da resina composta pode gerar perda de massa,
se as temperaturas não forem controladas, bem como
1.
Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Programa de Pós-Graduação em Odontologia. Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais - PPGEM. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA.
Contato: Ivone Lima Santana. E-mail: [email protected]
2.
3.
28
Rev Pesq Saúde, 12(3): 28-31, set-dez, 2011
SantanaIL, PachecoDAP, CarvalhoFLGL, RaposoCC, Cabral-JúniorAA
sua degradação. Portanto, torna-se indispensável o
estudo do seu perfil térmico das mesmas.
A análise térmica consiste em um grupo de técnicas na qual as propriedades físicas de uma substância e/ou seus produtos de reação são medidos em
função da temperatura, enquanto essa substância é
submetida a uma programação controlada de temperatura sob uma atmosfera específica11.
Utilizando apenas a Análise Termogravimétrica
(ATG) é possível, por exemplo, estudar a decomposição térmica de compostos orgânicos, inorgânicos e de
substâncias poliméricas, corrosão de metais, aquecimento e calcinação de minerais, destilação e evaporação de líquidos, etc8.
Já na Calorimetria Exploratória Diferencial (CED)
é possível medir a diferença de energia fornecida ao
material, comparando a outro material de referência
termicamente estável, em função da temperatura,
enquanto ambos são submetidos a uma programação
controlada de temperatura8,11.
Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi
avaliar o comportamento térmico de uma resina composta para uso direto através de CED e ATG para balizamento de tratamento térmico adicional.
Figura 1 - Aquecimento a 10°C min-1 em curva de ATG e CED
da resina composta Z350 XT.
Métodos
Ensaio laboratorial realizado no Laboratório de
Engenharia de Materiais do Instituto Federal do Maranhão com espécimes cilíndricos de resina composta
para uso direto (Filtek™ Z350XT, 3M ESPE, Sumaré, SP,
Brasil), que foram confeccionados com auxílio de
matrizes de poliacetal, em diferentes dimensões, 3x2
mm para CED e 2x2 mm para ATG. Os espécimes foram
fotoativados por um LED laser de intensidade de luz de
600mW/cm² por 40 s e, em seguida, submetidos aos
testes de ATG e CED. Os ensaios foram realizados a
uma taxa de aquecimento de 10°C min-1 e, posteriormente 5°C min-1, no intervalo de 25 a 900°C. Foram
utilizados cadinhos de Al2O3 em atmosfera de argônio
com vazão de 20mLmin-1.
Resultados
Durante a análise pode-se perceber o início lento
da degradação da resina a pouco menos de 150°C, bem
acelerada a partir dos 355°C e estabilizando a partir dos
460°C. Houve, nesse intervalo, perda de 24% de massa,
indicando que a composição da amostra tem essa
mesma porcentagem de matriz orgânica, pois, durante
o aquecimento, os compostos orgânicos vão sofrendo
eventos de combustão, volatização e degradação8,
representados pela queda na curva da ATG. Pela análise
da curva, não se pode observar a temperatura da Tg,
pois para as características próprias da resina, a taxa de
aquecimento de 10°C, a cada minuto, se tornou “rápida
demais” para evidenciar o degrau da transição vítrea
(Figura 1).
Desse modo, optou-se em diminuir a velocidade
do aumento de energia, utilizando, uma taxa de aquecimento de 5°C por minuto, para reduzir a sobreposição
de imagens na curva, observando-se o degrau da Tg aos
216°C, em média. A Tg pode ser usada como referência
para balizar o tratamento térmico ideal para esse compósito (Figura 2).
Rev Pesq Saúde, 12(3): 28-31, set-dez, 2011
Figura 2 - Aquecimento a 5°C min-1 em curva de ATG e CED da
resina composta Z350 XT.
O tipo de CED utilizada no presente trabalho foi
a de fluxo de calor. A curva da CED mostra os eventos
endotérmicos, exotérmicos e de alteração de linha de
base (as transições de segunda ordem), todos em função da temperatura. Sua ordenada mostra a variação
de calorimetria, devido ao fluxo de calor, em função da
abscissa, que é a temperatura em graus Celsius.
Discussão
A análise térmica não é apenas um método qualitativo, pois proporciona resultados quantitativos
termodinâmicos e cinéticos quanto às propriedades
dos materiais. Com a vantagem de menor tempo de
ensaio e utilização de poucas amostras, pode ser
empregada em polímeros, substâncias sintéticas e
naturais, alimentos, fármacos e produtos cosméticos
em geral9,12.
A ATG é eficaz na obtenção de informações com
relação às variações de massa em função do tempo
e/ou temperatura sob condições atmosféricas préestabelecidas [2]. Na curva de ATG, tem-se a ordenada
graduada em porcentagem de massa da amostra e a
abscissa graduada em graus Celsius (°C).
A Análise Termogravimétrica (ATG), mostra as
informações com relação às variações de massa em
função do tempo e/ou temperatura sob determinadas
condições atmosféricas (N2, ar ou outros). Porém, vários fatores podem influenciar a natureza da precisão e
29
Caracterização térmica de compósitos dentais e sua importância nas propriedades mecânicas
exatidão dos resultados experimentais como: a vazão
do ar, composição do cadinho, massa da amostra e
granulometria8.
Identificado o conteúdo orgânico da amostra,
observado pela massa perdida, é possível relacioná-lo
com a resistência mecânica, módulo de elasticidade e
resistência ao desgaste. O aumento do conteúdo inorgânico da matriz de resina pode melhorar a propriedade mecânica, aumentar a radiopacidade, diminuir o
coeficiente de expansão térmica e minimizar a contração de polimerização2.
Segundo a classificação proposta por Willems et
al.,13 somente os compósitos que tiverem percentual
de conteúdo inorgânico superior a 60%, em volume,
deverão ser utilizados em dentes posteriores.
O fluxo de calor é dividido pela massa. Dessa
maneira, a curva não é afetada pela quantidade de
massa que compõe o cadinho. Quanto maior a massa
existente no cadinho, maior é a quantidade de calor
liberada ou absorvida na reação. Transições de primeira
ordem (endotérmicas ou exotérmicas) são caracterizadas como picos, mesmo que eles possam sobrepujar
um ao outro8. Transições de segunda ordem, como a
transição vítrea (Tg), são caracterizadas como uma
alteração na linearidade da curva, geralmente chamados de “degraus”. Isto ocorre porque não há mudança
na entalpia como em reações de fusão ou cristalização,
mas somente uma mudança na capacidade calorífica8,11.
A literatura tem mostrado a eficácia do tratamento com calor, em uma temperatura superior a de transição vítrea, através de parâmetros mecânicos como
resistência à tração diametral e resistência flexural3,15.
Acima da Tg, as interações moleculares secun-
dárias são enfraquecidas e, como consequência, as
propriedades dos materiais são otimizadas, já que
radicais presos têm a oportunidade de reagir com o
ganho de energia14.
Estudos têm demonstrado que, por meio de
modificações técnicas simples21, as resinas para uso
direto podem alcançar patamares de resistência mecânica semelhante ao de sistemas indiretos, mesmo sem
utilização de equipamentos especiais, em virtude da
semelhança de composição entre os dois materiais16,17.
Resultado semelhante foi encontrado por
McKinney e Wu18, quando estudaram a resistência ao
desgaste e dureza Knoop de resinas compostas polimerizadas a diferentes temperaturas e observaram
que os materiais submetidos à temperaturas mais
elevadas exibiram os melhores resultados.
Trabalhos nesta linha de pesquisa têm buscado
oferecer alternativa clínica para melhoria das propriedades de resinas compostas para uso direto, permitindo sua utilização de forma indireta e, com isso, possibilitar benefícios à prática profissional e ao paciente,
devido à eliminação da fase laboratorial.
A análise térmica de resinas compostas representa um instrumento para avaliação do comportamento térmico desses materiais, permitindo o tratamento adicional por calor visando melhorias em suas
propriedades mecânicas. No caso da resina testada, a
temperatura ideal para tratamento térmico deve ser
superior a 216°C.
O conteúdo inorgânico da resina analisada foi
maior que o informado pelo fabricante. A constatação
de 76% de carga assegura sua utilização em dentes
posteriores.
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ISSN-2179-6238
Artigo Original / Original Article
CARACTERÍSTICAS DE PORTADORES DE HEPATITES B E C EM TRATAMENTO
HEMODIALÍTICO E COMORBIDADES ASSOCIADAS
CHARACTERISTICS OF PATIENTS WITH HEPATITIS B AND C IN HEMODIALYSIS AND COMORBIDITIES
Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa1, Lena Maria Barros Fonseca1, Rubenice Amaral da Silva1, Fernando José Brito Patrício2, Glaucia Oliveira Lima3
e Ana Lúcia Abreu Silva4
Resumo
Introdução: Portadores de Doença Renal Crônica em tratamento hemodialítico apresentam risco aumentado de aquisição do
Vírus da Hepatite C (VHC) e hepatite B (VHB). A cronicidade da doença, e o potencial evolutivo para cirrose e hepatocarcinoma,
fazem com que a patologia se constitua em um grave problema de saúde pública. Objetivo: Caracterizar o perfil dos pacientes
com diagnóstico de hepatite B e C em tratamento hemodialítico. Método: Estudo descritivo realizado em um Centro de Nefrologia, em São Luís (MA) com pacientes cadastrados no período de 2008 e 2009. A coleta de dados foi realizada por meio de investigação da ficha individual disponível no sistema de informação da instituição. Resultados: Foram investigados 358 pacientes e
sendo 87,1%, soronegativos para hepatite, 10% soropositivos para hepatite C e 2,5% para hepatite B e 0,4% soropositivo para
hepatite B e C. Dos soropositivos 82,6% sexo masculino, 45,6 casados e 30,4% estavam na faixa etária entre 41 a 50 anos. A
maioria (67,3%) reside em São Luís e 35,9% estavam em tratamento hemodialítico entre 6 a 10 anos. O diagnóstico principal
mais incidente foi Insuficiência Renal Crônica (73,7) tendo como patologia associada mais frequente a Glomerulonefrite Crônica (23,8%) e a Hipertensão Arterial 17,3%. Conclusão: A infecção por hepatite C foi superior a hepatite B, os soropositivos estavam em tratamento hemodialítico entre 6 a 10 anos, a patologia associada mais frequente foi Glomerulonefrite Crônica e Hipertensão Arterial. A presença de comorbidades associadas reflete como provável forma de agravar o quadro de saúde dos pacientes.
Palavras-chave: Hepatite viral. Transmissão da hepatite B e C. Hemodiálise.
Abstract
Introduction: Patients with chronic kidney disease on hemodialysis are at increased risk of acquiring hepatitis C virus (HCV)
and hepatitis B (HBV) the chronicity of the disease, and the potential evolution to cirrhosis and hepatocellular carcinoma, make
up the pathology constitutes a serious public health problem. Objective: To characterize the profile of patients with hepatitis B
and C in hemodialysis. Methods: This descriptive study in a nephrology center in São Luís - MA with patients registered between
2008 and 2009. Data collection was performed by investigation of individual records available in the information system of the
institution. Results: We investigated 358 patients and 87.1% are seronegative for hepatitis, 10% were seropositive for hepatitis
C and hepatitis B for 2.5% and 0.4% seropositive for hepatitis B and C. 82.6% of seropositive male, 45.6% were married and 30.4
in the age group between 41 to 50 years. The majority (67.3%) resides in St. Louis and 35.9% were in treatment between 6 and 10
years. The primary diagnosis was more common Chronic Renal Failure (73.7) as having the most frequent pathology associated
Chronic glomerulonephritis (23.8%) and 17.3% Hypertension. Conclusion: Infection with hepatitis C was higher hepatitis B, HIV
positive people were receiving hemodialysis treatment between 6 and 10 years, the most frequent pathology was associated
with Chronic Glomerulonephritis and Hypertension. The presence of comorbidities reflects how likely way to worsen the health
of patients.
Keywords: Viral hepatitis. Transmission of hepatitis B and C. Hemodialysis.
Introdução
As Hepatites B e C representam grande problema de saúde pública pelo impacto pessoal, econômico
e social. A prevalência da infecção pelo VHC entre pacientes hemodialisados pode chegar a 50% dos casos
pela rota hematogênica, devido às constantes transfusões sanguíneas a que se submetem. Dessa forma, os
pacientes em hemodiálise, apresentam risco em
potencial para adquirir tanto o Vírus da Hepatite B
(VHB) quanto o Vírus da Hepatite C (VHC)1,2,3.
A prevalência estimada de anticorpos contra o
vírus da hepatite (anti-HCV) no Brasil é de 1,5% da população geral e em populações de pacientes portadores
de insuficiência renal crônica (IRC) que realizam tratamento de diálise, a soropositividade do anti-HCV é alta,
especialmente nos hemodialisados4. Estudos recentes
realizados no Brasil com tais pacientes baseado na
pesquisa do anticorpo anti-HCV foi, 65% no Rio de Janeiro/RJ 35,3% em Goiânia/GOe 23,8% em Salvador-BA5,6,7.
Do mesmo modo, a infecção pelo VHB mostra-se
com semelhante grau de preocupação nos estudos de
muitos autores como um grave problema para a população em diálise. Um estudo realizado na China em
2007 com 88 pacientes em hemodiálise mostrou que a
prevalência da infecção pelo VHB foi considerada alta
(37,5%) em comparação com a população geral
(9,09%)8.
A prevalência da hepatite B é bastante variável
na população geral, entre as diferentes áreas do planeta. As mais altas prevalências estão na África subsaariana, sudeste da Ásia, algumas regiões do Pacífico,
1.
Discente do Programa de Doutorado em Biotecnologia - RENORBIO. Docente da Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Discente do Programa de Doutorado em Biotecnologia - RENORBIO. Hospital Universitário da UFMA.
Enfermeira. Hospital Universitário da UFMA.
4.
Docente do Programa de Doutorado em Biotecnologia - RENORBIO. Docente da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA.
Contato: Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa. E-mail: [email protected]
2.
3.
32
Rev Pesq Saúde, 12(3): 32-36, set-dez, 2011
CorrêaRGCF, FonsecaLMB, SilvaRA, PatrícioFJB, Lima GO, SilvaALA
parte do Oriente Médio, alguns países da Europa Oriental e parte da Bacia Amazônica9,10.
De acordo com um inquérito nacional, realizado
nas macrorregiões do Brasil e no Distrito Federal, a
prevalência do HBsAg é de 0,3 a 0,6%11. Porém este
inquérito, não incluiu as áreas rurais onde as taxas de
prevalência da infecção são maiores12.
No Maranhão estudo realizado com doadores de
sangue mostrou uma prevalência de marcadores do
para hepatite B ou C em torno de 7%13.
Com relação à Hepatite C, a Organização Mundial de Saúde, estima que aproximadamente 3% da população mundial, em torno de 170 milhões de pessoas,
podem estar infectadas pelo vírus da hepatite C (HCV),
com 3 a 4 milhões de pessoas sendo contaminadas a
cada ano2.
O conhecimento dos infectados e as características epidemiológicas relacionadas à hepatite B e C em
pacientes renais crônicos representa aspecto essencial
para o controle e prevenção da infecção em unidades
de hemodiálise. Este estudo teve como objetivo descrever as características dos portadores da hepatite B e
C em tratamento hemodialítico, identificando aspectos relacionados à transmissão, tempo de tratamento e
patologias associadas.
Métodos
Trata-se de um estudo descritivo realizado em
um Centro de Referência em Nefrologia de São LuísMaranhão com pacientes com diagnóstico de hepatite
B e C em tratamento hemodialítico cadastrados no
período de 2008 a 2009.
O Centro atende pelo Sistema Único de Saúde –
SUS, convênios e particular. Para a coleta de dados
utilizou-se um formulário com questões referentes ao
sexo, idade, residência, soropositividade para hepatites, tempo de tratamento dialítico, diagnóstico principal e comorbidades associadas. Os dados foram coletados a partir da ficha cadastral disponível no sistema
de informação da instituição.
Os dados foram digitados e analisados no programa EPI INFO® 2005, versão 3.3.2 e no programa
Microsoft® Excel®, com valores absolutos e percentuais.
Em cumprimento aos requisitos exigidos pela
Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde –
CNS, este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade
Federal do Maranhão – CEP/HUUFMA com parecer Nº
529/2007.
Resultados
Durante a realização do estudo, identificou-se
um total 358 pacientes, e destes 87,1%, eram soroneTabela 1 - Indivíduos em tratamento hemodialítico segundo
Soropositivos para hepatite. Centro de Referência em
Nefrologia. São Luís – MA, 2009.
Características
Soronegativos
Hepatite C
Hepatite B
Hepatite B e C
Total
Rev Pesq Saúde, 12(3): 32-36, set-dez, 2011
n
312
36
09
01
358
%
87,1
10,0
2,5
0,1
100,0
gativos para hepatite, 10% soropositivos para hepatite
C e 2,5% para hepatite B e 0,4% soropositivo para hepatite B e C (Tabela 1).
Quanto ao sexo dos soropositivos para hepatite,
82,6% eram masculinos e 17,3% feminino. A faixa etária
mais frequente estava entre 41 a 50 anos (30,4%),
seguida de 51 a 60 anos (28,2%) e 45,6% eram casados.
Quando se analisou o tempo de tratamento com hemoTabela 2 - Indivíduos em tratamento hemodialítico soropositivos
para hepatites B e C por sexo, idade e estado civil e tempo de tratamento. Centro de Referência em Nefrologia. São Luís – MA, 2009.
Características
Sexo
Masculino
Feminino
Idade
13 anos
20 a 30 anos
31 a 40 anos
41 a 50 anos
51 a 60 anos
61 a 70 anos
Acima de 70 anos
S/ registro
Estado civil
Solteiro
Casado
Divorciado
Viúvo
Tempo de Hemodiálise
< de 1 ano
1 a 5 anos
6 a 10 anos
11 a 15 anos
Mais de 15 anos
S/ Registro
Total
n
%
38
08
82,6
17,4
01
02
06
14
13
04
03
03
02,2
04,3
13,0
30,4
28,2
08,7
06,5
06,5
09
21
01
03
19,5
45,6
02,1
06,5
03
09
17
04
05
09
46
06,5
18,5
35,9
08,5
10,8
19,5
100,0
diálise, observou-se que 35,9% realizavam o tratamento entre 6 a 10 anos, 10,8% mais de 15 anos e apenas
6,5% menos de 1 ano. Os portadores sem registros
representaram 19,5% (Tabela 2).
Os diagnósticos principais foram Insuficiência
Tabela 3 - Diagnóstico principal e comorbidade dos portadores de hepatites B e C em tratamento hemodialítico. Centro de
Referência em Nefrologia. São Luís – MA, 2009.
Características
Diagnóstico Principal
Insuficiência Renal Crônica (IRC)
Nefropatia Diabética
S/ Registro
Comorbidade
Glomerulonefrite Crônica
Doença Cardíaca
Sem Registro
Esplenomegalia
Hipertensão Arterial
Rim Policístico
Diabetes mellitus
Cirrose Hepática
Hepatomegalia
Total
n
%
34
03
09
75,9
06,5
18,5
11
01
13
01
08
02
06
01
01
46
23,8
02,1
28,2
02,1
17,3
04,3
13,0
02,1
02,1
100,0
33
Características de portadores de hepatites B e C em tratamento hemodialítico e comorbidades associadas
Renal Crônica (75,9%), Nefropatia Diabética (6,5%) e
18,5% não tinham registro. Dentre os diagnósticos
secundários destacaram-se a Glomerulonefrite Crônica
(23,8%), Hipertensão Arterial (17,3%) e Diabetes Mellitus (13%) (Tabela 3).
Discussão
Quando se comparou o número de portadores
infectados pelo vírus VHB e pelo VHC, verificou-se que a
infecção pelo VHB foi menor do que a infecção pelo
VHC. Este resultado sugere a cronicidade da infecção
nestes portadores. A maioria dos indivíduos (60 a 80%)
que se infecta com o VHC torna-se portador crônico,
sendo a maior parte, cerca de 80%, assintomático na
fase aguda14.
O resultado deste estudo é menor que alguns
trabalhos realizados em unidades de hemodiálise15.
Estudo realizado em Porto Alegre mostrou prevalência
de 29,1% de soropositividade do anti-HCV entre pacientes dialisados16. Estes resultados foram ainda diferentes de um estudo realizado na cidade de São Paulo que
mostrou uma prevalência de 1 a 4% de anti-HCV, em
pacientes hemodialisados, variando de acordo com a
faixa etária17.
Para os pacientes em tratamento dialítico, a
exposição a produtos sanguíneos contaminados é um
fator epidemiológico importante, que aliadas às técnicas utilizadas durante o procedimento, podem ser
consideradas fator de risco em potencial. O VHC pode
ser introduzido nas unidades de diálise por pacientes
que receberam múltiplas transfusões ou pertenceram a
grupo de risco. Estes pacientes podem servir como
reservatório e disseminam a infecção entre outros pacientes e a equipe médica. A transmissão nosocomial é o
principal meio de disseminação da infecção pelo VHC
entre pacientes dialisados18,19. Por outro lado a hepatite
B também é uma infecção muito frequente entre usuários nas unidades de diálise. O resultado deste estudo foi
semelhante aos resultados encontrados em Santa Catarina (10%)20 entretanto foi inferior aos resultados
encontrados em Belo Horizonte (4.4%)21 e na cidade de
Goiânia (5,8%)22.
Os resultados encontrados neste estudo foram
mais elevados do que os encontrados em países desenvolvidos como Suíça (1,6%,) e EUA (1%)23, entretanto os
resultados foram menores que os encontrados em
países do oriente como a China (37,7%), em pacientes
submetidos a hemodiálise de manutenção e infectados
pelo vírus da hepatite B7.
Entre os pacientes investigados, apenas um
apresentou a co-infecção de hepatite B e C, o que pode
levar a mais agressiva forma de doença hepática. Estudos sobre a prevalência de co-infecção de VHB e VHC
em hemodiálise são mais raros do que em pacientes
não hemodialisados24.
Estudo realizado por Reddy et al.,15 em uma cidade da Índia com 134 pacientes em hemodiálise encontrou uma prevalência de 3,7% da infecção dupla, que foi
maior do que os doentes não hemodialisados, em um
grupo de 1.018 pacientes (0,09%). A dupla infecção
pelo VHB e VHC, apesar de raro, ocorre com mais frequência em determinados grupos de risco, como os
pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) por
frequente exposição a transfusões de sangue e de cir-
34
culação extracorpórea durante a hemodiálise.
Quando se analisou a relação dos fatores socioeconômicos dos pacientes quanto ao sexo, observouse que o resultado deste estudo foi diferente do estudo
realizado em Porto Alegre para avaliar a prevalência da
soropositividade do anti-HCV em pacientes em hemodiálise, onde 42,7% eram mulheres, com idade média
de 54,3 anos1. Em Fortaleza (CE) estudo semelhante,
mostrou que 60,0% eram do sexo masculino e a idade
variou de 10 a 86 anos (média de 43,5 anos)25. Em
Pequim em 2007, estudo realizado com 88 pacientes
em hemodiálise de manutenção, 33 pacientes apresentaram positividade para o VHB, entre o grupo, a maioria era do sexo feminino (52,27%) com a média de
idade de 55,46 ± 13,78 (variação 25-76) anos7.
Com relação à população em geral, as pessoas
do sexo masculino são as mais acometidas. Estudo
realizado no Brasil demonstrou que os aproximadamente 29.800 casos de hepatite B confirmados de
1996 a 2000, quase 20.000 ocorreram no sexo masculino o que corresponde a aproximadamente 67% dos
casos26. No Inquérito Nacional de Base populacional
realizado nas macrorregiões do país e no Distrito Federal, os homens apresentaram maior probabilidade de
exposição ao VHB em todas as regiões e no Distrito
Federal, exceto na Região Norte11. Considerando os
principais riscos de progressão para hepatite crônica
B, estes estão relacionados com: sexo masculino, indivíduos imunodeprimidos, renais crônicos em diálise;
renais crônicos pós-transplantados, homens portadores de HIV que fazem sexo com homens, crianças portadoras da Síndrome de Down, leucêmicos, variabilidade genética, mutação genética.
Do mesmo modo com relação à idade, 58,6%
estavam entre a 4ª e 6ª década de vida. No Brasil, de
acordo com o Inquérito Nacional de Base populacional
realizado nas macrorregiões do País e no Distrito Federal apontaram uma prevalência de anti-HCV corresponde a 1,56% e de HBsAg 0,6% na faixa etária de 20 a 69
anos de idade 11.
Relações sexuais desprotegidas configuram
como importante fator de risco epidemiológico das
hepatites B e C. A contaminação através da relação
sexual é o meio mais comum para a transmissão do
vírus da hepatite B e até 6% dos casos de contaminação
pelo vírus C. Além de outras formas usualmente
conhecidas, bem como o uso de drogas intravenosas,
manipulação de materiais contaminados por profissionais de saúde e a administração de produtos derivados
do sangue que ocorreram antes de 199227. Resultado
do Inquérito Nacional de Base populacional realizado
nas macrorregiões do país e no Distrito Federal foi
detectado que a transmissão sexual foi relevante nas
Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul, sendo
que, nesta última, a transmissão sanguínea também se
destacou11.
Neste estudo a maioria era casada, aspecto
importante relacionado à exposição por ter parceiro
fixo; porém devido a sua condição de usuário dependente do programa de hemodiálise, se configuram
como de risco potencial.
O tempo em que os indivíduos estão no programa de hemodiálise representa fator que favorece à
exposição ao VHB e VHC. Neste estudo mais da metade
Rev Pesq Saúde, 12(3): 32-36, set-dez, 2011
CorrêaRGCF, FonsecaLMB, SilvaRA, PatrícioFJB, Lima GO, SilvaALA
dos usuários se encontravam há mais de 5 anos em
tratamento. Indivíduos em hemodiálise são de alto
risco para infecções da hepatite viral devido ao elevado
número de transfusões sanguíneas, prolongado acesso vascular e de potencial exposição aos doentes infectados, além de equipamentos contaminados15,28.
Pesquisa realizada em 2004 no Ceará com 663
pacientes que realizavam hemodiálise, para determinar a prevalência de anticorpos anti-VHC, identificou a
associação univariada de potenciais fatores de risco
individuais para manutenção no tratamento, dentre
eles o tempo de hemodiálise foi um dos fatores significativamente associadas ao desfecho28. De acordo com
Mast et al.29, é possível a associação da soropositividade do VHC com a duração do tratamento representando, portanto uma diferença significativa entre os pacientes em hemodiálise.
Outros estudos mostram que a média de tempo
de hemodiálise foi maior nos pacientes reagentes para
o anti-VHC que estão mais tempo em tratamento dialítico e, portanto, mais sujeitos a acidentes com potencial
de contaminação e maior chande de serem transfundidos. Outras investigações têm demonstrado que a
duração do tratamento de hemodiálise tem estreita
correlação com a positividade da hepatite B e C e a
importância da transmissão nosocomial1,20,21.
A Insuficiência Renal Crônica (IRC) aparece
como diagnóstico principal, dentre as comorbidades;
o risco de doença cardiovascular em indivíduos com
IRC é maior do que na população geral. Pacientes em
hemodiálise de manutenção têm prevalência aproximada de 40% de doença arterial coronariana e de insuficiência cardíaca e 75% de hipertrofia de ventrículo
esquerdo. A mortalidade cardiovascular estimada é de
9% ao ano, sendo 10 a 20 vezes maior do que na população geral29.
A prevalência de VHC na população de pacientes
portadores de insuficiência renal crônica que realizam
diálise é considerada elevada no Brasil. Estudo realizado por Gomes e Gigante16 em Porto Alegre (RS) encontrou uma prevalência de 29,1%. A maior prevalência do
anti-HCV em pacientes que estavam ou estiveram em
tratamento por hemodiálise deve-se ao fato de esta-
rem mais sujeitos a acidentes e têm maior potencial de
contaminação por falhas de biossegurança.
Como diagnóstico secundário, os resultados
revelaram que a patologia prevalente foi a glomerulonegrite crônica, seguido de hipertensão arterial e diabetes. Pressão alta não controlada juntamente com a
diabetes pode ser causa frequente de lesão renal, que
pode levar o indivíduo ao tratamento de hemodiálise.
Um número considerável de pacientes com hepatite crônica tipo B ou C em programa de diálise apresentam doenças associadas quando comparados à
população geral. Doenças crônicas, como diabetes,
frequentemente estão associadas o que pode levar a
um controle menos eficaz da doença clínica e, consequentemente, uma morbimortalidade aumentada30.
A Hepatite C é ainda a primeira causa de doenças
crônicas hepáticas, e uma das razões mais comuns
para transplantes de fígado. A viremia persiste em 85%
a 90% dos indivíduos infectados e aproximadamente
70% dos quais desenvolvem algum grau de lesão hepática crônica apresentam risco potencial para progredir
para cirrose e carcinoma hepatocelular. A infecção pelo
VHC tem sido responsável por aproximadamente 70%
dos casos de hepatite crônica e 40% dos casos de cirrose nos países industrializados. Projeção da incidência
do impacto do hepatocarcinoma em 2008 mostrou que
a cirrose ocorreria em torno de 61%, hepatocarcinoma
em 68% e necessidade de transplante de 52,8%2.
A cronicidade da doença, o potencial evolutivo
da hepatite C para cirrose e hepatocarcinoma, assim
como o fato de ser a mais frequente etiologia diagnosticada em casos de transplante hepático, faz com que
as hepatites virais se constituam grave problema de
saúde pública.
Neste estudo a frequência para hepatite C nos
indivíduos em hemodiálise foi superior que da hepatite
B. A maioria era do sexo masculino e estavam em tratamento hemodialítico entre 6 a 10 anos e a patologia
associada mais frequente foi a Glomerulonefrite Crônica e Hipertensão Arterial. A presença de comorbidades
associadas reflete como provável forma de agravar o
quadro de saúde dos pacientes.
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ISSN-2179-6238
Artigo de Revisão / Review Article
MODELOS ASSISTENCIAIS EM SAÚDE BUCAL NO BRASIL: revisão de literatura
ASSISTANCE MODELS IN ORAL HEALTH IN BRAZIL: literature review
Elza Bernardes Ferreira1, Thalita Queiroz Abreu2 e Ana Emília Figueiredo de Oliveira3
Resumo
Introdução: Entende-se por modelo assistencial o modo como são produzidas as ações de saúde e a maneira como os serviços
de saúde e o Estado se organizam para produzi-las e distribuí-las. Ao longo dos anos, diversas tentativas aconteceram no intuito
de se estabelecer um modelo efetivo de saúde bucal. O conhecimento desses modelos é de suma importância para a construção
de uma odontologia pública de qualidade e maior eficácia. Objetivos: Discorrer a respeito dos modelos assistenciais em saúde
bucal no Brasil. Métodos: Realizou-se revisão de literatura com abrangência temporal dos estudos definida entre os anos de
1988 e 2008 e, o idioma, textos em português, utilizando como palavras chaves “Odontologia Comunitária”, “Programas Nacionais de Saúde” e “Saúde Bucal”. Resultados: Foi possível identificar na literatura consultada os seguintes modelos: Sistema
Incremental, Odontologia Simplificada e Integral, Programa de Inversão da Atenção, Atenção precoce em Odontologia e Odontologia a partir do Núcleo Familiar. Conclusão: Foi possível observar que todos os modelos assistenciais em saúde bucal, apesar
das falhas, tiveram sua importância no processo de construção e reestruturação do Sistema Único de Saúde e que o entendimento a respeito da evolução de tais modelos é primordial para o desenvolvimento de práticas alternativas àquelas que fracassaram
ao longo dos anos.
Palavras-chave: Odontologia Comunitária. Programas Nacionais de Saúde. Saúde Bucal.
Abstract
Introduction: Assistance model is the way in which the health actions are produced and how the health services and the state
work together to produce and distribute them. Over the years, several attempts were done in order to establish an effective
model of oral health. Knowledge about these models is of paramount importance for the construction of a public dental quality
and greater efficiency. Objective: Discuss about the assistance models of dental health in Brazil. Methods: We conducted a
literature review with the temporal scope of the studies defined between the years 1988 and 2008. We used the texts in Portuguese language, and "Community Dentistry", "National Health Programs" and "Oral Health" as keywords. Results: The following
models were identified in the literature: incremental system, simplified comprehensive dentistry, inversion of attention program, early dental attention and nuclear family dentistry. Conclusion: It was possible to observe that all care models of oral
health, despite the mistakes, had their importance in the construction and restructuring of the Public Health System. The understanding of the evolution of such models is crucial for the development of alternative practices to those that failed over the
years.
Keywords: Community Dentistry. National Health Programs. Oral Health.
Introdução
O Ministério da Saúde define "modelo assistencial" sendo, de maneira geral, o modo como são produzidas as ações de saúde e a maneira como os serviços
de saúde e o Estado se organizam para produzí-las e
distribuí-las1.
A assistência odontológica até os anos 50 era
prestada, principalmente, nos centros urbanos por
dentistas em prática privada, pagos por desembolso
direto. A prática odontológica seguia, de forma bastante similar, os padrões assistenciais da medicina e
reproduzia, integralmente, o modelo educacional de
prática odontológica da Escola Norte Americana, adotado nas universidades brasileiras, podendo ser caracterizada como cientificista ou flexneriana, na medida
em que privilegiava o individualismo, tendo o indivíduo como objeto de prática e responsável pela saúde2.
Na década de 50 o Serviço Especial de Saúde
Pública (SESP) implementou o primeiro programa de
saúde pública no Brasil, conhecido como Sistema
Incremental, cujo alvo principal era a população em
idade escolar, considerada epidemiologicamente
como mais vulnerável e, ao mesmo tempo, mais sensível as intervenções de saúde pública3.
A odontologia se viu reduzida aos programas
odontológicos a escolares. O Sistema Incremental se
tornou ineficaz à medida que foi se transformando em
receita, em padrão a ser reproduzido acriticamente,
em contextos de precariedade gerencial, falta de recursos e ausência de enfoque epidemiológico dos programas com exclusão da assistência ao restante da população ao acesso e tratamento odontológico4.
Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS)
em 1988, os modelos assistenciais de abrangência
municipal passaram a ter uma expressiva importância,
com o início da implantação da municipalização das
ações de saúde. A Saúde Bucal Coletiva, enquanto paradigma da programação da Odontologia no Contexto
do SUS traz como princípios a universalidade da aten-
1.
Professora Substituta do Curso de Odontologia - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Docente do Curso de Odontologia - Instituto Florence - São Luís - MA.
3.
Docente do Curso de Odontologia - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Contato: Elza Bernardes Ferreira. E-mail: [email protected]
2.
Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011
37
Modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil: revisão de literatura
ção, eqüidade, territorialização, integralidade e controle social. Essas diretrizes foram as que puseram em
cheque os modelos vigentes e imputaram um desafio
muito grande aos municípios que se propuseram a
reorganizar os seus modelos assistenciais1.
A partir daí surgiram outros modelos que nortearam as ações em odontologia a fim de garantir a universalidade do acesso, como o Programa de Inversão
da Atenção, a Atenção Precoce em Odontologia (Odontologia para Bebês) e a Odontologia a partir do Núcleo
Familiar (Saúde da Família).
Dessa forma, sabendo-se da importância dos
modelos assistenciais para a construção de uma odontologia pública de maior eficácia e qualidade, o presente
trabalho tem como objetivo observar na literatura relatos de modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil.
Metodologia
Esta revisão bibliográfica foi dividida em duas
etapas: a primeira etapa consistiu na procura dos descritores no site Descritores em Ciências da Saúde
(http://decs.bvs.br). Depois foram estabelecidos dois
critérios para refinar os resultados: a abrangência
temporal dos estudos definida entre os anos de 1988 e
2008 e, o idioma, textos em português. Essa busca foi
feita no SCIELO e Lilacs.
Os descritores utilizados foram: “Odontologia Comunitária”, “Programas Nacionais de Saúde” e “Saúde Bucal”.
Resultados
Foram selecionadas 37 referências que atendiam aos critérios de refinamento. Desses, foram excluídos os textos duplicados, o que redundou um quantitativo de 26 trabalhos. Foi possível identificar como
principais modelos assistenciais o Sistema Incremental, Odontologia Simplificada, Odontologia Integral,
Programa Inversão da Atenção (PIA), Atenção precoce
em Odontologia (Odontologia para Bebês e Odontologia a partir do Núcleo Familiar).
Discussão
Modelo assistencial pode ser definido como
“conjunto de ações que, incluindo a assistência individual, não se esgota nela”. Porém, é importante o entendimento de que um modelo assistencial apenas nos
dará bases para reorganização da atenção primária
enquanto profissionais da odontologia, não sendo
uma fórmula mágica para organização dos serviços5.
No começo do século passado, a odontologia
era caracterizada por atividades fundamentadas no
modelo hegemônico, realizada fundamentalmente
pelo cirurgião-dentista. Era baseada no paradigma
flexneriano, caracterizado por ser mecanicista, biologicista, individualista, especialista e curativista.
Somente a partir da década de 50 que a odontologia
iniciou um processo interno de questionamento e
busca de novas soluções6.
Sistema Incremental
Historicamente, a assistência odontológica
pública no Brasil adquiriu estrutura a partir dos clássicos modelos de assistência a escolares, preconizado
38
pela então Fundação Serviços Especiais de Saúde Pública (FSESP) nos anos 50 e pelo atendimento à livre
demanda em unidades de saúde. Nesse período, os
modelos gerenciais que orientavam as ações de saúde
bucal estavam estabelecidos de forma disseminada
entre as várias instituições que prestavam assistência
odontológica. Dentre estes modelos gerenciais, o que
se estabeleceu como hegemônico foi o Sistema Incremental em escolares que, na maioria dos casos, estava
ligado aos programas de Saúde Escolar7.
O Sistema Incremental, apesar do grande progresso que representou para a assistência odontológica da época, se mostrou já no início dos anos 70, como
um modelo ultrapassado, tanto do ponto de vista de
sua eficácia, quanto de sua abrangência e cobertura.
No primeiro caso, pelo fato de ter se estabelecido a
partir do paradigma curativo-reparador, bem diferente
da concepção curativo-preventiva, o que provocou, na
melhor das hipóteses, um aumento no número de
dentes restaurados, mas sem nenhum impacto sobre
os níveis de doença bucal. No que se refere à abrangência, tratava-se de um modelo excludente, na medida
em que priorizava (mais no sentido de exclusividade
do que de prioridade) os escolares de 7 a 14 anos (com
algumas variações), supondo-se ser uma parcela da
população de fácil acesso. Pensava-se que, realizando
o atendimento daquelas crianças em idade escolar,
quando estas chegassem à idade adulta, já não mais
apresentariam problemas de saúde bucal. Acontece
que, excluindo-se o restante da população do atendimento preventivo-curativo, não houve sucesso quanto
a redução do índice CPO-D (Dentes Cariados Perdidos e
Obturados). Seus resultados são satisfatórios quanto
ao tratamento completado em escolares, porém não
houve redução do índice de cárie da população brasileira, como pretendia seu objetivo inicial8,9.
Embora tenha sido um modelo programático,
ou seja, em tese poderia ser aplicado a qualquer clientela circunscrita, o Sistema Incremental acabou se
tornando sinônimo de modelo assistencial em saúde
bucal (na realidade, um modelo de assistência a escolares) e se manteve como hegemônico por mais de 40
anos. Esse sistema se tornou ineficaz à medida que foi
se transformando em receita, em padrão a ser reproduzido acriticamente, em contextos de precariedade
gerencial, falta de recursos e ausência do enfoque
epidemiológico dos programas9,10.
Apesar das limitações do Sistema Incremental,
ele foi adotado na época por grande parte dos municípios brasileiros devido a sua comodidade em realizálo. Devido às práticas preventivas, ainda que incipientes de fluoretação da água de abastecimento naquelas
regiões desprovidas de tal elemento químico, bem
como a aplicação tópica de flúor na clientela adstrita ao
programa, foi um marco para o desenvolvimento da
saúde bucal pública no país, tendo em vista a quebra
do modelo de livre demanda nos consultórios11.
Assim, no período entre os anos 50 e fins dos
anos 80, a assistência odontológica pública brasileira
tinha como característica possuir um modelo predominante de assistência a escolares (na maioria das vezes,
com Sistema Incremental) e, para o restante da população, a assistência se dava de forma disseminada entre
as variadas instituições, dentre as quais as convenia-
Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011
FerreiraEB, Abreu TQ, Oliveira AEF
das com o Sistema Previdenciário (INAMPS), as Secretarias Estaduais de Saúde e entidades filantrópicas9,10.
Odontologia Simplificada
A expressão odontologia simplificada apareceu
no discurso odontológico brasileiro nos anos setenta.
A mesma expressão vinha sendo utilizada também em
outros países da América Latina. A odontologia simplificada fazia crítica da odontologia científica e se reivindicava alternativa, a partir de outro paradigma11.
O sistema simplificado oferecia o aproveitamento
racional do tempo do profissional de nível superior pelo
surgimento, nesse período, do pessoal auxiliar; o número de consultas necessárias para chegar ao término do
tratamento diminuiu ao mesmo tempo em que aumentava o número de usuários atendidos em função do
aumento dos tratamentos concluídos. Com todas essas
mudanças a odontologia simplificada não comprometia
a qualidade dos serviços prestados aos usuários12.
Embora essa odontologia discursasse sobre a
importância da prevenção, sua prática priorizava o
curativo, na medida em que não se transformavam os
elementos estruturais da odontologia flexneriana,
mas, apenas se lhes racionalizavam11.
Odontologia Integral
O contexto conflituoso, colocado, principalmente, pelos dilemas da quantidade versus qualidade
e da prevenção versus curativo obrigou a uma reflexão
mais profunda sobre a prática da odontologia simplificada, dando início a uma outra concepção de odontologia alternativa, que não deveria ser mais uma prática
complementar à odontologia científica, mas uma nova
forma de pensar e fazer odontologia. Essa prática é a
odontologia integral12.
Esse modelo enfatizou a mudança dos espaços
de trabalho. Tradicionalmente localizados nas escolas,
os consultórios foram transferidos para as Unidades
Básicas de Saúde, proporcionando uma ação mais integrada com as outras áreas da saúde e gerando uma
assistência mais universal. Além disso, foram paulatinamente ampliados estes espaços, aumentando a capacidade do sistema. Suas características principais
foram a promoção e prevenção da saúde bucal com
ênfase coletiva e educacional; abordagem e participação comunitária; simplificação e racionalização da prática odontológica e desmonopolização do saber com
incorporação de pessoal auxiliar7. Porém se baseava
ainda no Sistema Incremental com certas alterações9.
alguns municípios de Minas Gerais, entre os mais significativos, João Monlevade e Timóteo8,9.
Na realidade, o grande valor deste sistema foi o
resgate de uma matriz programática sob as novas
bases que se apresentavam (em síntese, os princípios
do SUS). Conceitualmente, o sistema buscou incorporar os avanços da Odontologia Integral adaptando seu
marco teórico a uma estrutura organizativa baseada
no SUS. Sua principal característica baseava-se intervir
antes e controlar depois. Estabeleceu um modelo centrado em três fases, interrelacionadas e retroalimentadas por um sistema de informação eficaz. A primeira
fase, a "estabilização", visava reduzir a incidência e a
velocidade de progressão da doença bucal, utilizandose de ações preventivas coletivas e individuais nãoinvasivas, para o controle da doença, e ações individuais de tecnologia invasiva para o controle da lesão. A
segunda fase, a "reabilitação", ocorreu o restabelecimento da estética e função perdidas pelas seqüelas da
doença. Na terceira fase se dá o "declínio", objetivando
o controle da doença e da lesão e supondo trabalhar
com a população sobre os fatores condicionantes, com
a introdução de noção e métodos de auto-cuidado.
Contava, para isto, com ações de controle epidemiológico da doença cárie, uso de tecnologias preventivas
modernas (escandinavas), mudança da “cura” para
“controle” e ênfase no auto-controle, em ações de caráter preventivo promocional8,13,14,15.
Apesar dos avanços apresentados por essa
modalidade de atendimento, verifica-se, ainda, a prevalência dos escolares no desenvolvimento das ações
programática em saúde. Entretanto, nota-se o desenvolvimento das ações preventivas em detrimento das
técnicas exclusivamente curativas e mutiladoras do
modelo anterior. Contudo, devido aos fatores já estudados, o modelo não leva em conta as reais necessidades
epidemiológicas da população, não havendo, assim,
redução significativa do índice CPOD, principalmente
naquela faixa etária não atendida pelo programa16.
O padrão teórico referencial do PIA em muito se
assemelha a outras elaborações teóricas surgidas anteriormente, como a Odontologia Integral, na maneira
de que são mantidas as mesmas críticas ao modelo
vigente e resgata a necessidade de uma abordagem
preventivo-promocional na batalha às doenças bucais.
Do ponto de vista da lógica programática, incorpora
conceitos do Planejamento Estratégico Situacional
(PES), territorialização, busca da universalidade da atenção e trabalha com tecnologias preventivas de alto conteúdo controlador e tecnológico-dependentes, como,
por exemplo, a utilização desenfreada de selantes5,8,13.
Programa Inversão da Atenção (PIA)
Em função de várias críticas ao Sistema Incremental, entre elas o fato de ser um programa excludente, e extremamente curativista, baseado, principalmente no número de tratamentos completados e não
no controle e declínio da doença cárie, surgiu no final
dos anos 80 e início da década de 90 o Programa Inversão da Atenção (PIA) elaborado pelos professores Loureiro e Oliveira, da Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais (PUC-MG), cujo princípio básico é a
mudança do enfoque de “cura” da cárie para o “controle”. Esse programa obteve um relevante sucesso em
Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011
Atenção precoce em Odontologia (Odontologia
para Bebês)
A atenção precoce é uma conquista da Odontologia, e representa a incorporação de um novo entendimento da abordagem das doenças bucais fortemente
centrada numa perspectiva preventiva-promocional.
Iniciada a partir do desenvolvimento da Cariologia, a sua
incorporação na prática deveu-se à disseminação da
idéia do tratamento da cárie enquanto doença infecciosa, reforçando a importância do controle dessa o mais
precocemente possível5,17,18.
39
Modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil: revisão de literatura
Devido a prática contínua de se priorizar o grupo
dos escolares de 7 a 14 anos, a assistência odontológica a crianças menores de 6 anos sempre se estabeleceu
como um problema ao Brasil. Esta exclusão da população abaixo de 6 anos era explicada pelo conhecimento
predominante em relação ao desenvolvimento da doença cárie, bem como por critérios operacionais (era mais
prático atender somente escolares de primeiro grau). A
concepção de que o desenvolvimento da cárie na dentição decídua não trazia nenhuma relação com a dentição
permanente trouxe a idéia de que o tratamento para a
dentição decídua não era necessário (pelo menos em
nível de Saúde Pública). Este fundamento se estruturou
em uma norma bastante conhecida de tratar somente
os molares permanentes em programas de atenção a
escolares19.
A partir dos avanços no estudo da cárie e sua
inclusão na prática de alguns sistemas de saúde bucal
no Brasil, o princípio do tratamento da cárie enquanto
doença infecciosa se expandiu, ressaltando a importância de seu controle o mais precocemente possível. A
atenção precoce em Odontologia surge com o resgate
destes conhecimentos, enfatizando a necessidade de
inclusão da clientela de 0 a 5 anos em programas de
saúde bucal. A atenção odontológica precoce a partir
do nascimento foi iniciativa pioneira da Universidade
Estadual de Londrina (PR), com a implantação da BebêClínica pelo professor Luís Reinaldo de Figueiredo
Walter, estratégia conhecida como “Odontologia para
Bebês”. O resultado desta estratégia comprovou a
eficácia de um programa com enfoque totalmente
inovador, mostrando diferenças significativas em relação à prevenção da cárie dental em idades mais precoces do início do atendimento. Outros serviços setorizados e consultórios particulares passaram a oferecer
este tipo de trabalho, entretanto não é ainda de fácil
acesso a população20.
A atenção odontológica precoce foi introduzida
com o objetivo de manter a saúde bucal, dentro de uma
filosofia de tratamento educativo e preventivo, considerando que é consensual entre os estudos que o acometimento precoce das lesões de cárie ocorre na primeira infância e o aumento de sua prevalência e severidade estabelece-se de acordo com a idade21.
Entretanto, a implementação dessa prática dentro dos serviços deve obedecer à lógica da integralidade das ações, da universalidade no acesso aos serviços
e da eqüidade. A disseminação de uma técnica preventiva apenas, dirigida a uma população restrita, sem se
constituir numa estratégia componente de um todo
que envolva toda a população a ser assistida, corre o
risco de gerar modelos excludentes, pouco resolutivos
e ineficientes5,18.
De certa maneira, pode-se estabelecer o mesmo
raciocínio para a expansão das bebês-clínicas e do PIA.
Ambos refletem as deficiências históricas dos municípios em resolver seus problemas de assistência à
saúde bucal de "dentro para fora", preferindo modelos
prontos e implantados acriticamente5.
Odontologia a partir do Núcleo Familiar.
O Programa de Saúde da Família (PSF) foi concebido pelo Ministério da Saúde em janeiro de 1994, com
o objetivo de proceder à reorganização da prática assis-
40
tencial em novas bases e critérios, em substituição ao
modelo tradicional de assistência, orientado pela cura
de doenças e para a atenção hospitalar22. Representa,
pelo menos, duas novas formas de abordagem da questão da saúde da população: primeiro, busca ser uma
estratégia para reverter a forma atual de prestação de
assistência à saúde; e uma proposta de reorganização
da atenção básica como eixo de reorientação do modelo assistencial, respondendo a uma nova concepção de
saúde. Esta concepção não é mais centrada somente na
assistência à doença, mas, sobretudo, na promoção da
qualidade de vida e intervenção nos fatores que a colocam em risco pela incorporação das ações pragmáticas
de uma forma mais abrangente e do desenvolvimento
de ações intersetoriais23.
A base operacional do programa centraliza-se
no atendimento do núcleo familiar, tendo as seguintes
diretrizes: caráter substitutivo, integralidade e hierarquização, territorialização, adscrição da clientela e
equipe multidisciplinar. Deste modo, há uma sintonia
entre as formulações do Programa de Saúde da Família
com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), tais
como a universalidade, equidade da atenção e integralidade das ações. Estrutura-se, assim, na lógica básica
de atenção à saúde, gerando novas práticas e afirmando a indissociabilidade entre os trabalhos clínicos e a
promoção da saúde24.
A estratégia do PSF propõe uma dinâmica para a
estruturação dos serviços de saúde, bem como para a
sua relação com a comunidade e entre os diversos
níveis e complexidade assistencial. Assume o compromisso de prestar assistência universal, integral, equânime, contínua e, acima de tudo, resolutiva à população, na unidade de saúde e no domicílio, sempre de
acordo com as suas reais necessidades, além disso,
identifica os fatores de risco aos quais ela está exposta, neles intervindo de forma apropriada24.
No ano 2001, ocorreu a inclusão dos profissionais da saúde bucal (cirurgião-dentista, técnico de higiene dental e auxiliar de consultório dentário) ao PSF,
pela necessidade de melhorar os índices epidemiológicos de saúde bucal e de ampliar o acesso da população
brasileira às ações a ela relacionadas, em termos de
promoção ou de proteção e recuperação, impulsionando a decisão de reorientar as práticas de intervenção25.
Em 2004, em função da grave situação bucal
apresentada pela população brasileira, surgiu a necessidade da elaboração de uma Política Nacional de
Saúde Bucal – Brasil Sorridente. Esta política aparece
como elemento chave para a ampliação do acesso da
população aos serviços odontológicos, principalmente
os de maior complexidade com a instalação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs), que tem
como objetivo contribuir para a melhoria dos indicadores epidemiológicos26.
No entanto, existem algumas críticas ao PSF
como, por exemplo, o acesso integral dos indivíduos
aos serviços públicos de saúde que não é assegurado
em todas as unidades de saúde da família, já que os
serviços de referência e contra-referência muitas vezes
não são adquiridos de forma resolutiva, tornando o PSF
um programa restrito à atenção básica4.
Além disso, o que se vê ao longo dos anos são
equipes centradas na figura do médico visto como o
Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011
FerreiraEB, Abreu TQ, Oliveira AEF
“chefe”, sendo refletida nas melhores condições salariais dessa classe quando comparada aos outros profissionais vinculados à equipe, o que contribui negativamente nos serviços prestados à comunidade, bem
como o desenvolvimento de ações curativas centralizadas na figura do Cirurgião-Dentista, que insiste em
atender apenas entre quatro paredes, praticando ainda
ações semelhantes ao do modelo incremental da década de 5023.
Outra crítica pertinente ao PSF é a forma de contratação dos profissionais em alguns municípios que
não utilizam concursos públicos. Assim, o ingresso de
profissionais realmente capacitados torna-se restrito,
suscetível a políticas partidárias e favorecimentos
desleais23.
Com base nestas considerações, o entendimento a respeito da evolução dos modelos assistenciais em
saúde bucal no Brasil torna-se indispensável para o
desenvolvimento de práticas alternativas àquelas que
fracassaram no passado.
Apesar do fracasso, os avanços desses modelos
foram inegáveis para o processo de construção e reestruturação do Sistema Único de Saúde, porém tais avanços ainda estão longe de consolidar esse sistema.
Esses modelos caracterizaram-se como excludentes,
centralizadores, movidos por uma prática curativista,
tecnicista e mutiladora.
Desse modo, é pertinente o conhecimento de
tais modelos para que se possam programar as ações
dentro do Sistema Único de Saúde, elevando, assim, as
ações promovidas de forma a se apreciar os princípios
do SUS em sua totalidade.
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ISSN-2179-6238
Artigo de Revisão / Review Article
PROTOCOLO DE ATENDIMENTO DO PACIENTE COM ESTOMATITE PROTÉTICA NA
ATENÇÃO BÁSICA
PRIMARY CARE FOR PATIENTS WITH DENTURE STOMATITIS
Samantha Ariadne Alves de Freitas1, Aretha Lorena Fonseca Cantanhede1, Juliana de Kássia Braga Fernandes2 e Frederico Silva de Freitas Fernandes3
Resumo
Introdução: No Brasil, o número de usuários de próteses dentárias é bastante elevado, principalmente entre os idosos. Considerando-se a alta prevalência da estomatite protética nos portadores de próteses removíveis e a alta taxa de mortalidade e morbidade dos pacientes em condição de enfermidade e/ou imunossupressão que apresentam estomatite protética, é importante
que o cirurgião-dentista da atenção básica esteja capacitado para diagnosticar, prevenir e tratar essa patologia. Entretanto, as
ações desenvolvidas pelo Programa de Saúda da Família (PSF) estão voltadas apenas ao controle da cárie e doença periodontal,
ou seja, ao paciente dentado. Em se tratando de um paciente desdentado, este é logo encaminhado a um Centro de Especialidade Odontológica (CEO) para que possa ser atendido por um especialista em prótese, enquanto que, esse encaminhamento só
deveria ser realizado após o tratamento da estomatite protética e nos casos em que há necessidade de substituição ou reparo da
prótese removível. Objetivo: Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo capacitar o profissional do PSF para o
atendimento do paciente com estomatite protética. Conclusão: Considerando-se que a população assistida pelo PSF é de baixa
renda, a partir de uma revisão de literatura foi possível estabelecer um protocolo de atendimento que prioriza métodos simples
e mais baratos de diagnóstico, prevenção e tratamento da estomatite protética pela atenção básica, mas que têm sua eficácia
comprovada por meio de estudos científicos.
Palavras-chaves: Saúde da Família. Prótese Total. Estomatite sob Prótese.
Abstract
Introduction: In Brazil, the number of dental prosthesis users is very high, mainly among the elderly. Considering the high
prevalence of denture stomatitis in patients with removable dentures as well as the high mortality and morbidity rate of ill
and/or immunocompromised patients, the Family Health Program (FHP) dentists should be able to diagnose, treat and prevent
accurately this disease. However, the actions undertaken by these dentists are directed only to patients presenting periodontal
disease or to control dental caries, it means, to dentate patient. Edentulous patients presenting oral disease are sent to the Specialized Dental Clinics (SDC) to be treated by the prosthodontist. Thus, denture stomatitis patients should be sent to these clinics
only after they treated the denture stomatitis and in the cases when it is necessary to repair or replace the removable denture.
Objective: To enable FHP dentists to treat patients with denture stomatitis. Conclusion: Considering that the population
assisted by the FHP falls into a low-income category, this literature review developed an attendance protocol for the patients
with denture stomatitis to be adopted by the FHP dentist that prioritizes simple and inexpensive methods of diagnosis, prevention, treatment, and which its effectiveness was tested by scientific studies.
Keywords: Family Health Program. Complete Denture. Denture Stomatitis.
Introdução
O Programa Saúde da Família (PSF) surgiu na
década de 1990, com uma proposta de mudança do
modelo assistencial, a partir de uma reorganização da
Atenção Básica1. De acordo com o documento oficial
que define as bases do programa, a Estratégia Saúde
da Família (ESF) pauta suas ações priorizando a proteção e promoção à saúde dos indivíduos, das famílias e
das comunidades de forma integral e contínua2.
A necessidade de ampliação do acesso da população brasileira às ações de promoção, prevenção e
recuperação da Saúde Bucal; a necessidade de melhorar os índices epidemiológicos da Saúde Bucal da população e a necessidade de incentivar a reorganização da
Saúde Bucal na atenção básica foram os motivadores
da implantação das ações da Saúde Bucal no PSF em
2000, por meio da Portaria Nº. 1.444 do Ministério da
Saúde. Entretanto, ainda hoje, a maioria dos cirurgiões-dentistas se encontra envolvida, basicamente,
no atendimento clínico, priorizando ações curativas e
técnicas, em detrimento das atividades de promoção e
prevenção da saúde estabelecidas para o PSF3.
Quando realizadas, as atividades preventivas do
PSF são voltadas ao controle da cárie e da doença periodontal, ou seja, ao paciente dentado. Por outro lado,
apesar dos altos índices de edentulismo no país, pouca
atenção tem sido dada ao controle das doenças que
acometem essa parcela da população brasileira.4 Dentre essas, destaca-se a candidose oral, presente em até
65% dos usuários de próteses removíveis,5 sendo considerada a patologia mais frequentemente diagnosticada nesses indivíduos6.
Quando associada ao uso de próteses, a candidose é também denominada de estomatite sob prótese
ou estomatite protética. Apresenta-se como uma inflamação dos tecidos moles orais, geralmente em contato
com superfícies de próteses mal adaptadas e/ou precariamente higienizadas7. A presença da candidose em
pacientes em condição de enfermidade e/ou imunos-
1.
Curso de Especialização em Saúde da Família - Instituto Florence de Ensino Superior - São Luís-MA
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Docente Substituto da UFMA
Contato: Frederico Silva de Freitas Fernandes. E-mail: [email protected]
2.
3.
Rev Pesq Saúde, 12(3): 43-48, set-dez, 2011
43
Protocolo de atendimento do paciente com estomatite protética na atenção básica
supressão, em especial os idosos, é preocupante, na
medida em que essa patologia está relacionada com
mortalidade em pacientes debilitados (30-40%), além
de ser responsável pelo aumento do tempo de permanência hospitalar desses pacientes8,9.
Tendo em vista que, no Brasil, o número de usuários de próteses totais é bastante elevado, chegando a
31,81% dos adultos e 82,75% dos idosos10 e considerando alta prevalência da estomatite protética em usuários de próteses removíveis5, justifica-se a realização
dessa revisão da literatura com o objetivo de capacitar
o profissional do PSF para o atendimento do paciente
com estomatite protética e estabelecer um protocolo
de atendimento a ser adotado pelo cirurgião-dentista
do PSF, que prioriza métodos de diagnóstico, prevenção e tratamento mais acessíveis, financeiramente, à
população assistida por esse programa.
Etiologia da candidose
Apesar de, a Candida Albicans ser considerada o
principal agente etiológico da candidose11,12, hoje é
sabido que espécies de Candida não-Albicans (Candida Glabrata, Candida Tropicalis, Candida Dubliniensis, Candida Krusei) podem ser responsáveis por mais
de 50% dos casos de infecção13,14. Os motivos dessa
mudança ainda não estão completamente esclarecidos, sendo em muitas circunstâncias relacionados a
repetidas profilaxias antifúngicas, as quais têm maior
efeito sobre as espécies de Candida albicans15. Adicionalmente, é sabido que técnicas mais precisas de identificação celular e molecular tornaram possível a identificação de outras espécies que outrora eram desconhecidas13.
Em indivíduos sadios, as espécies de Candida
habitam a cavidade oral sob a forma de microrganismos comensais14. Entretanto, a ocorrência de fato-res
predisponentes sistêmicos ou locais podem aumentar
os níveis orais desses fungos e desencadear o aparecimento da candidose. Os principais fatores sistêmicos
são: tratamentos imunossupressores em transplantados e na terapia do câncer, uso indiscriminado de antibióticos, uso de corticoides, pandemia de AIDS, Diabetes Mellitus, deficiências de ferro e vitaminas, dieta
rica em carboidratos, estresse físico e emocional,
idade avançada e fumo. Dentre os fatores locais, destacam-se: nutrição parenteral, hipossa-livação, higiene
oral deficiente e uso de próteses removíveis16,17.
Prótese removível x candidose
As resinas empregadas para confecção da base
das próteses removíveis funcionam como um nicho
bastante favorável à proliferação de microrganismos,
em especial às espécies de Candida18. Esta afirmação
pode ser comprovada em um estudo realizado por Fernandes et al.19, os quais observaram que a instalação de
uma prótese removível total ou parcial leva a uma
aumento significativo dos níveis orais de Candida e que
quanto maior a quantidade de resina presente na base
da prótese, maiores os níveis orais desses microrganismos.
O processo de colonização da superfície das
próteses removíveis se inicia com a adesão das espécies de Candida à base das próteses, a qual é facilitada
44
pela alta hidrofobicidade de superfície celular desses
microorganismos17. Uma vez aderidas, a base da prótese removível lhe confere proteção através de suas
microporosidades, sulcos e depressões20,21. O pH baixo
existente entre a base das próteses removíveis e a
mucosa subjacente cria um ambiente bastante favorável à proliferação das células de Candida, dando origem às micro-colônias. O desenvolvimento celular e a
maturação dessas colônias levam à formação de uma
comunidade microbiológica altamente especializada,
denominada biofilme. Esta comunidade encontra-se
envolta por uma matriz de polissacarídeos extracelulares que lhe confere sustentação e proteção contra a
ação antimicrobiana e física da saliva e de outros agentes químicos22,23.
O biofilme de Candida formado sobre a base da
prótese é considerado o principal fator etiológico da estomatite protética. E, o acúmulo dessa comunidade microbiológica sobre a prótese pode ser influenciado por fatores
como: a rugosidade superficial do material empregado na
confecção da prótese removível, a natureza do material e a
higienização da prótese removível23-25.
Estudos têm mostrado que uma maior rugosidade de superfície do material da base da prótese removível favorece a adesão de microrganismos, na medida
em que estes encontram proteção contra forças que
tendem a deslocá-los nas fases iniciais da colonização26. Com relação à natureza do material, de Freitas
Fernandes et al.,25 ao avaliarem dois dos principais
materiais utilizados na confecção de próteses removíveis, observaram que a resina de poliamida ganhou
popularidade por sua flexibilidade e natureza altamente elástica27, sendo mais suscetível à formação do biofilme de Candida do que a tradicional resina de PMMA.
Este fator é preocupante, na medida em que as resinas
de poliamida, por serem mais confortáveis, têm sido
bastante utilizadas em pacientes idosos e portadores
de necessidades especiais, que por apresentam limitações motoras possuem dificuldades para realizar uma
higienização adequada da prótese removível, potencializando o acúmulo de biofilme28.
Diagnóstico da estomatite protética
A estomatite protética apresenta-se como uma
lesão eritematosa, comumente observada sob a área
chapeável da prótese. Clinicamente, pode ser classificada em três estágios, de acordo com a severidade da
lesão: estagio 1: hiperemia puntiforme; estágio 2: hiperemia difusa, com presença de edema na mucosa
confinada sob a base da prótese, sem dor; e estágio 3:
hiperplasia nodular e difusa na área recoberta pela
prótese, com dor. Os achados clínicos podem ser complementados com exames laboratoriais realizados a
partir de amostras coletadas da saliva, mucosa (bochecha, língua e palato) e da base das próteses19,29. Esses
exames possibilitam não só a quantificação dos níveis
orais de Candida, mas também a identificação das
espécies envolvidas na infecção. Saber qual espécie
prevalece na infecção é importante, na medida em que
a escolha do antimicrobiano pode variar de acordo
com a Candida identificada como causadora da estomatite protética. Os exames podem ser realizados
pelos laboratórios conveniados com as Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Rev Pesq Saúde, 12(3): 43-48, set-dez, 2011
FreitasSAA, CantanhedeALF, Fernandes JKB, FernandesFSF
Prevenção da estomatite protética
Tendo em vista que o biofilme de Candida é
considerado o principal fator etiológico da estomatite
pro-tética, a prevenção dessa patologia se dá pela
remoção e controle da formação dessa comunidade
microbiológica sobre a resina da prótese.
A fim de controlar o acúmulo de biofilme, o
cirurgião-dentista deve obter um excelente acabamento e polimento da resina, o que torna a superfície
da prótese menos rugosa e reduz o acúmulo de biofilme14. Outro fator a ser analisado no controle da formação de biofilme é o material utilizado para confecção
da prótese removível. A capacidade do paciente realizar uma higienização adequada deve ser considerada
na escolha da resina empregada na base da prótese.
Sendo assim, para pacientes com limitação motora
deve-se optar pela resina de PMMA e evitar o uso da
resina de poliamida, a qual favorece mais a formação
do biofilme de Candida25.
Por outro lado, a remoção diária do biofilme
acumulado na base da prótese é a principal forma de
prevenção da estomatite protética. Diversos métodos
têm sido estudados quanto à sua eficácia em remover
o biofilme protético, os quais são classificados em
mecânicos ou químicos.
Os principais métodos mecânicos são a escovação e o banho ultrassônico. A escovação diária das
próteses removíveis é considerada um método de higienização eficaz no controle de biofilme30. Ela pode ser
realizada com escovas próprias para higienização de
próteses removíveis ou mesmo com escovas para dentados. O importante é não empregar pastas abrasivas
na escovação, as quais podem aumentar a rugosidade
de superfície da prótese, favorecendo o acúmulo de
biofilme. Uma boa alternativa aos pacientes do PSF é a
escovação com sabão neutro, tendo em vista ser eficaz, não abrasivo e acessível a esses pacientes31. O
banho ultrassônico (15 minutos diários), por sua vez,
também é considerado um método eficaz para remoção de biofilme20. Por outro lado, a utilização desse
método pelos pacientes atendidos no PSF é dificultada
pela necessidade de aquisição do aparelho, que é
financeiramente inacessível para a maioria.
Apesar da escovação diária das próteses removíveis ser considerada um método de higienização
eficaz e acessível à maioria da população, ele exige que
o paciente tenha uma boa destreza manual, o que inviabiliza a utilização desse método por pacientes idosos
e portadores de necessidades especiais30,32. Para esses
pacientes, a higienização da superfície de próteses
removíveis deve ser realizada por meio dos métodos
químicos. Diversos produtos químicos têm sido
empregados para higienização de próteses removíveis, dentre eles destacam-se os limpadores de prótese à
base de peróxido e o hipoclorito de sódio.
Os limpadores à base de peróxido têm uma boa
aceitação pelos pacientes, tendo em vista serem simples de usar e apresentarem odor e sabor agradáveis.33
O produto pode ser apresentado na forma de pó ou
tablete, que quando dissolvidos em água (200ml de
água morna) geram uma efervescência criada pela
liberação de bolhas de oxigênio, que promovem além
da limpeza química, uma limpeza mecânica adicional
na prótese.34 Esses produtos têm sido considerados
Rev Pesq Saúde, 12(3): 43-48, set-dez, 2011
um método eficaz de higienização de próteses removíveis, isso porque estudos prévios mostraram que são
capazes não só de interferir no processo de adesão
inicial da Candida35, mas também de desorganizar o
biofilme formado sobre a base da prótese removível36.
Apesar de interferir com a formação do biofilme, os
limpadores à base de peróxido não são capazes de
eliminar completamente o biofilme de Candida da
base da prótese20,25. Esse fator é preocupante, na medida em que um estudo recente34 observou que, ao contrário do que se pensava, esse biofilme residual não
tem seu desenvolvimento limitado pelo uso diário do
limpador, mas sim continua a se desenvolver, sendo
que, agora, as células de Candida são mais virulentas.
Freitas Fernandes et al.,25 ao avaliarem o efeito de limpadores químicos à base de peróxido sobre o biofilme
misto de Candida, observaram que esses agentes químicos são mais eficazes em remover a C. albicans do
que a C. glabrata das resinas, o que pode fazer com
que a C. glabrata, após limpezas diárias com os peróxidos alcalinos, venha a ser mais prevalente do que a C.
albicans no biofilme residual. Esse fator é preocupante, pois a C. glabrata está forte-mente associada a
infecções sistêmicas generalizadas com alta taxa de
mortalidade13.
O hipoclorito de sódio, por outro lado, não tem
uma boa aceitação pelos pacientes, os quais reclamam
do odor e sabor desse produto. Somado a isso, estudos
prévios observaram que a utilização diária do hipoclorito de sódio causa danos ao material da prótese37,38.
Entretanto, esses estudos avaliaram o efeito de altas
concentrações do hipoclorito (5,25%), as quais chegam
a ser 10 vezes maiores que as concentrações que vêm
sendo testadas. Estudos recentes vêm tentando reduzir a concentração desse agente químico, sem comprometer sua atividade antimicrobiana25,35. Os resultados
têm sido bastante promissores, na medida em que o
hipoclorito de sódio em baixas concentrações tem-se
mostrado extremamente eficaz na remoção do biofilme da prótese. Freitas Fernandes et al.,25 observaram
que, após a utilização do hipoclorito a 0,5%, não há a
presença de biofilme residual e todas as células de
Candida foram eliminadas da resina da base da prótese. Tendo em vista o exposto, podemos considerar o
uso do hipoclorito de sódio a 0,5% como um método de
higienização de próteses removíveis seguro e eficaz,
além de ser acessível financeiramente aos pacientes
atendidos no PSF. O hipoclorito nessa concentração
pode ser adquirido em farmácias de manipulação ou,
ainda, preparado em casa pelo paciente, à partir da
água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), facilmente
adquirida em supermercados e por um preço bastante
acessível. O preparo caseiro da solução de hipoclorito
de sódio a 0,5% pode ser realizado adicionando-se três
colheres das de sopa de água sanitária (aproximadamente 33 ml) em 100 ml de água filtrada.
Tratamento da estomatite protética
O tratamento da estomatite protética, assim
como a prevenção, se dá principalmente, pela eliminação do fator etiológico, que é o biofilme de Candida,
através de uma adequada higienização da prótese
removível. Em muitos casos, a remoção desse fator
etiológico é suficiente para o tratamento da patologia30.
45
Protocolo de atendimento do paciente com estomatite protética na atenção básica
Entretanto, para alguns pacientes, outras medidas
devem ser adotadas simultaneamente, como: a suspensão do uso noturno da prótese e o emprego de agentes
antifúngicos.
No caso da estomatite protética estar associada
a altos níveis de Candida e persistir mesmo com a
mudança dos hábitos de higiene da prótese, faz-se
necessário o emprego de agentes antifúngicos. Para
que se possa selecionar o antifúngico ideal para o tratamento, primeiramente é necessário identificar se a
infecção local está associada a uma candidose sistêmica. Também devemos quantificar os níveis orais de
Candida e identificar as espécies envolvidas no processo infeccioso39.
Fatores predisponentes à infecção por Candida
Fatores Sistêmicos
Fatores Locais









Tratamentos imunossupressores
Uso indiscriminado de
antibióticos
Uso de corticoides
AIDS, diabetes Mellitus
Deficiências de ferro e
vitaminas
Dieta rica em carboidratos
Estresse físico e emocional
Idade avançada
Fumo




Nutrição parenteral
Hipossalivação
Higiene oral deficiente
Uso de próteses removíveis.
Diagnóstico clínico



Estágio 1: hiperemia puntiforme;
Estágio 2: hiperemia difusa na mucosa confinada sob a base da
prótese. Sem dor;
Estágio 3: hiperplasia nodular e difusa na área recoberta pela
prótese. Com dor.
Diagnóstico Laboratorial


Amostras coletadas da saliva, mucosa (bochecha língua e
palato) e das próteses;
Contagem e identificação das espécies de Candida.
Prevenção



Excelente acabamento e polimento da superfície da prótese;
Escolha adequada do material a ser utilizado para confecção da
prótese removível;
Higienização.
Higienização


Pacientes sem comprometimento motor: escovação diária com
sabão neutro;
Pacientes idosos e deficientes: imersão diária em solução de
hipoclorito de sódio a 0,5% (3 colheres de sopa de água
sanitária em 100 ml de água filtrada).
Tratamento
Higienização


Suspensão do uso noturno da prótese;
Caso a infecção não seja controlada com as medidas acima,
deve-se prescrever agentes antifúngicos.
Antifúngicos
Infecções Locais


Nistatina 100.000 UI/ml: 5 ml, 4 vezes ao dia, durante 2
semanas, sempre após as refeições e antes de dormir.
Obs: Deve ser bochechada e mantida por algum tempo na
cavidade oral antes de ser engolida.
Infecções Sistêmicas


Fluconazol 150mg: 1 cápsula, uma vez ao dia, durante 1 ou 2
semanas.
Obs: Não deve ser prescrito para mulheres grávidas e para
pacientes com problemas renais e hepáticos.
Figura 1 - Atendimento do paciente com estomatite protética.
Quando se tratar de uma infecção local, o antifúngico de escolha é a Nistatina (100.000 UI/ml), pois
possui largo espectro de ação contra as espécies de
Candidae apresenta absorção insignificante no trato
gastrointestinal, o que possibilita sua ação tanto na
boca, quanto em todo o aparelho digestivo, evitando a
disseminação da infecção. A posologia indicada é 5 ml,
quatro vezes ao dia, durante 2 semanas, sempre após
as refeições e antes de dormir. Esse medicamento deve
ser bochechado e mantido por algum tempo na cavidade oral antes de ser engolido39.
Quando a estomatite estiver associada a uma
candidose sistêmica, o antifúngico de escolha é o Fluconazol (150 mg), pois ele possui excelente absorção
no trato gastrointestinal, o que permite atingir as
diversas regiões do corpo39. Somado a isso, o Fluconazol apresenta elevada biodisponibilidade, baixa hepatotoxicidade, baixo custo e a possibilidade de ser administrado tanto por via oral, quanto por via endovenosa40. Como desvantagem, há o fato de não possuir ação
sobre algumas espécies de Candida, como a C.glabrata e a C. krusei41., A posologia indicada é 1 cápsula,
uma vez ao dia, durante 1 a 2 semanas. Este medicamento não deve ser prescrito para mulheres grávidas e
para pacientes com problemas renais e hepáticos39.
Tanto a Nistatina quanto o Fluconazol são fornecidos pelo Ministério da Saúde às UBS, estando, portanto, ao alcance do cirurgião-dentista do PSF para tratamento da candidose local e sistêmica.
Após a remissão dos sinais clínicos da candidose e da redução dos níveis orais de Candida, deve-se
avaliar a necessidade de troca da prótese removível,
tendo em vista que próteses mal adaptadas e rugosas
contribuem para o acúmulo de biofilme e, consequente, retorno do fator etiológico.
Os passos a serem seguidos pelo cirurgiãodentista, desde a identificação dos fatores etiológicos
até o tratamento propriamente dito da patologia, estão
esquematizados na Figura 1.
O paciente com estomatite protética atendido
no PSF só deve ser encaminhado ao CEO após o tratamento da patologia e quando for capaz de prevenir a
recorrência da doença. Nesse momento, ele estará
apto para ser reabilitado com uma nova prótese removível, a qual não deve mais servir de nicho para a proliferação de microrganismos.
Por meio dessa revisão da literatura, foi possível
estabelecer um protocolo de atendimento dos pacientes com estomatite protética, o qual pode ser facilmente adotado pelo cirurgião-dentista da atenção básica.
Tal protocolo priorizou métodos de diagnóstico, prevenção e tratamento que estejam ao alcance do profissional do PSF e que sejam financeiramente acessíveis à
população carente assistida pelo programa, mas que
têm sua eficácia comprovada por meio de estudos
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9ª Conferência sobre a Prevenção da Doença Renal em
Populações Desfavorecidas na América do Sul e Caribe e do
7º Encontro Brasileiro de Prevenção da Doença Renal Crônica
São Luís - MA, novembro de 2011
Resumos / Abstracts
ISSN-2179-6238
A importância da enfermagem na prevenção e evolução
da doença renal crônica
Pereira TCA1, Corrêa JL1, Oliveira PS2
1
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Docente Substituta do Curso de Enfermagem - UFMA
2
Introdução: A insuficiência renal crônica é uma deterioração
progressiva e irreversível da função renal que provoca desequilíbrio
metabólico e hidroeletrolítico. Os primeiros sintomas que o paciente
percebe são fadiga, halitose, inapetência, vômito e diarréia. Os
principais fatores de risco para doença renal crônica (DRC) são
Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), história
familiar de DRC e envelhecimento. Segundo o Ministério da Saúde, no
Brasil, DM, HA e glomerulonefrites representam as causas da DRC em
pacientes em tratamento dialítico. A progressão da doença pode ser
avaliada pela análise da taxa de filtração glomerular (TFG) e em todos
os estágios pode ser retardada ou prevenida com tratamentos
adequados. A meta do tratamento é manter a função renal e a
homeostase pelo maior tempo possível. O tratamento conservador da
DRC consta de recomendações dietéticas, uso de medicamentos e
condutas especiais para que a progressão da DRC seja evitada e
postergue o início da Terapia Renal Substitutiva (TRS). Frente à
relevância dessa doença, podemos destacar as atribuições e
competências do enfermeiro no atendimento aos pacientes por meio
da abordagem dos fatores de risco, encaminhamento ao especialista e
desenvolvimento de atividades educativas e promoção da saúde.
Objetivo: Identificar a importância da enfermagem na prevenção e
evolução da DRC. Métodos: O trabalho tem um enfoque descritivo a
partir de pesquisa bibliográfica realizada em outubro de 2011 em
artigos científicos em português nos bancos de dados da Biblioteca
Virtual de Saúde, SCIELO e LILACS. Resultados: A partir da revisão
bibliográfica de 9 publicações feitas no período de 2005 a 2010, todos
estão em consenso quanto ao fato de que os profissionais de
enfermagem são essenciais para a prevenção e o cuidado de pacientes
renais. A educação em saúde e a sistematização da assistência de
enfermagem são os meios que o enfermeiro dispõe para aplicar seus
conhecimentos na assistência ao paciente e caracterizar sua prática
profissional. Assim, o papel do enfermeiro é de grande colaboração na
tentativa de ajudar o paciente a adaptar-se a um novo estilo de vida.
Conclusão: Faz-se necessário realizar uma abordagem educativa
envolvendo a equipe multidisciplinar e a sociedade para a prevenção
da DRC. Além disso, esclarecer sobre a doença e o tratamento
utilizando uma linguagem acessível, levando o indivíduo a entender
seu estado de saúde, a fim de contribuir para que este possa ter
condições de enfrentar os medos e ansiedades que surgem no
decorrer da doença. Por fim, desenvolver estratégias que possibilitem
a melhoria da qualidade de vida dos pacientes portadores da DRC.
A assistência de enfermagem no enfrentamento da
doença renal crônica: revisão bibliográfica
Saraiva ALO1, Santos ECS1, Perdigão ELL1, Serra RBR1, Nolêto FB2
1
2
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Enfermeiro - Estratégia Saúde da Família - São Luís - MA
Introdução: Segundo Smeltzer e Bare (2009), a insuficiência renal
crônica é uma deterioração progressiva e irreversível da função renal,
na qual fracassa a capacidade do organismo em manter os equilíbrios
metabólico e hidroeletrolítico resultando uremia ou azotemia. Pode
ser causada por doenças sistêmicas como diabetes melito, hipertensão arterial, glomerulonefrite crônica entre outras. O tratamento se da
através de técnicas de substituição dos rins, tratamento das doenças
de base e ainda restrições dietéticas. Quanto ao cuidado de
Enfermagem, este deve ser atuante com a equipe multidisciplinar,
levando o paciente a encontrar um maior entendimento da doença e
capacidade de enfrentamento de sua atual condição. Além de visar a
diminuição do impacto da doença renal crônica na vida do indivíduo
doente e da sua família (Rezende et al., 2007). Objetivo: Esclarecer
quais as dificuldades dos enfermeiros em prestar assistências aos
doentes renais crônicos. Métodos: Este estudo trata-se de uma revisão
bibliográfica, realizado através de busca nas bases de dados MEDLINE,
SCIELO E LILACS, nos anos de 2007, 2008 e 2009; no idioma
português; com os descritores: Enfermagem, doença renal crônica e
assistência de Enfermagem. Os dados foram coletados levando em
consideração o título da obra, local e ano, objetivos, principais
resultados e conclusão. Foram analisadas três publicações científicas
sob a perspectiva teórica da enfermagem no enfrentamento da doença
renal crônica. Resultados: O material selecionado foram um total de
três artigos, abrangendo o tema proposto e atendendo aos critérios
selecionados, que correspondem nas publicações de 2007, 2008 e
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Resumos / Abstracts
2009, no idioma português. Maldaner et al., (2008) analisa uma das
dificuldades na prática clínica: o fato de as experiências de vida de
cada indivíduo acabarem influenciando na maneira como este irá
vivenciar a sua doença e também na maneira como este indivíduo irá
aderir ao tratamento proposto. Por esse motivo, é necessário que o
profissional de saúde, principalmente o enfermeiro, disponha de
sensibilidade para perceber a subjetividade de cada pessoa e adaptar
suas intervenções e planos de cuidados às reais necessidades do
doente renal crônico. Além disso, a confiança que o paciente possui
em sua equipe multidisciplinar exerce grande influência na adesão ao
tratamento. Para estabelecer essa confiança é necessário que os
profissionais façam adaptações em suas atitudes como o uso da
linguagem e respeito pelas crenças. Falar sobre assuntos relacionados
com a morte também é outra dificuldade, tanto de profissionais como
de pacientes, nesse momento não se deve agir em silêncio e nem
guardar o sentimento da perda. O Enfermeiro deve também proporcional suporte emocional e esclarecimentos acerca da doença do paciente
de acordo com a maneira que este encara a doença crônica. Outro
desafio encontrado pelo Enfermeiro como afirma o mesmo autor, é o
fato de trabalhar com a família desse paciente, devendo estimular a
participação e o comprometimento deles no tratamento proposto.
Conclusão: Dessa forma, o Enfermeiro deve tentar estabelecer uma
relação profissional-paciente-família baseada na confiança e empatia,
compreendendo e buscando atender as necessidades do doente renal
crônico. Além disso, deve estimular esse paciente a expressar seus
sentimentos e enfatizar a presença e participação da família durante
todo o processo do tratamento.
A importância da atenção básica como instrumento para
prevenção da doença renal crônica
Moraes EDL1, Silva ECS1, Reis AMM1, Carvalho CLS1, Reis VM1, Chaves RGR2, Franco PAF3
1
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Imperatriz - Universidade Federal do
Maranhão - UFMA. 2Docente do Curso de Enfermagem - Imperatriz - UFMA.
Enfermeira
3
Introdução: As ações de promoção e prevenção em todos os níveis da
atenção à saúde são fundamentais para o êxito quando se pensa em
intervir na história natural da doença renal. A organização de uma linha
de cuidados integrais que contemple essas ações e alie as ações de
tratamento e recuperação é o objeto do presente plano e busca
fundamentalmente inverter o modelo atualmente proposto que se
fundamenta na valorização das ações de alto custo como a terapia renal
substitutiva. As Doenças Crônicas hoje produzem um impacto muito
forte na saúde da população (Rio Grande do Norte, 2005). A Doença
Renal Crônica (DRC) tem tido uma prevalência significativa no perfil
patológico da população não só do Brasil, como mundial. Destas
pessoas agravadas pela DRC e admitidas na Terapia Renal Substitutiva
(TRS), o diabetes e a hipertensão arterial são os principais diagnósticos
primários (Brasil, 2006). Segundo Romão Jr (2004), a Hipertensão e o
diabetes são as duas principais causas da doença renal e normalmente
os pacientes portadores dessas patologias são acompanhados por
profissionais que atuam na atenção básica à saúde, deste modo é
importante que os mesmos sejam capacitados, conscientes e vigilantes
para trabalharem na abordagem preventiva da DRC. No intuito de
analisar a atuação da atenção básica como um importante instrumento
na prevenção e no controle dos fatores de risco para o desenvolvimento
da Doença Renal Crônica (DRC). Objetivo: Fazer revisão na literatura
pesquisas que confirmam a eficácia das estratégias aplicadas na
Atenção Básica como forma prevenir a ocorrência da DRC, abordando
sobre a necessidade do controle da Hipertensão Arterial e do Diabetes
Mellitus, e refletir sobre o papel dos profissionais da saúde na atenção
básica ao lidar com patologias que podem preceder uma doença renal.
Métodos: O estudo foi realizado a partir de revisão bibliográfica de
artigos, revistas, livros e dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, e
do Ministério da Saúde referentes aos temas supracitados. Resultados:
De acordo com os achados da pesquisa, observou-se que a Hipertensão
Arterial (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM) são os primeiros no ranking
das doenças precursoras da DRC, tornando essencial a programação de
ações básicas de diagnóstico e controle destas condições, com
implementação de ações e medidas que minimizem a evolução
progressiva da doença para os agravos. Atualmente, o acompanhamento desses pacientes é realizado pelos profissionais da equipe de
saúde nos diferentes níveis de atendimento da rede de Sistema Único
de Saúde (SUS), especialmente no nível primário, que tem como
objetivo atender o portador desses fatores de risco orientando e
oferecendo informações que os conduza a um novo estilo de vida.
(BRASIL, 2002). A prevenção da DRC pode acontecer em diferentes
níveis, pode ser realizado exclusivamente pela Estratégia Saúde de
Família (ESF) através da identificação dos grupos de risco para a doença
e intervenção nos fatores de risco, como, por exemplo, orientação
51
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
antitabagista, diminuição de peso nos obesos, prática de exercícios
físicos, uso de bloqueadores do receptor da angiotensina ou inibidores
da enzima conversora de angiotensina, como no caso de diabéticos
tipo 2 e hipertensos sem nefropatia diabética, entre outros. As ações de
educação em saúde de forma conjunta e construtiva com a população
são imprescindíveis para que ocorram ações efetivas na progressão da
DRC. Os profissionais da saúde na atenção primária possuem um
importante papel de cuidador e educador, além do compromisso ético
e profissional, que o torna um dos grandes responsáveis por
sistematizar e incentivar o autocuidado, desenvolver atividades
educativas de promoção de saúde, bem como buscar a melhoria da
qualidade de vida. Conclusão: Diante disso, conclui-se que a prevenção
da DRC na Atenção Primária à saúde apresenta-se como uma questão
séria e importante para a preservação da saúde pública. Vale ressaltar,
que é por meio da atenção básica que se começa as primeiras ações de
combate ás doenças, e é através dela que os indivíduos terão um
contato inicial com profissionais da saúde. Tendo em vista este
aspecto, vê-se a importância de uma assistência com compromisso
diante das ações de caráter preventivo, apresentando-se frente ao
cuidado ético, humanizado e de qualidade. Dessa forma este estudo
contribui para a compreensão da importância da Atenção Básica, como
um instrumento essencial no combate á doença renal, além de
demonstrar a necessidade dos profissionais de saúde ampliar suas
ações em relação à prevenção da DRC, nos portadores de HAS e DM,
para que seja efetivado o discurso de promoção e prevenção da saúde.
fora da consulta regular, o que possibilita a sensação de acolhimento e
de não estar só. Resultados: Nestes quatro meses e meio da
experiência multiprofissional, a psicologia atendeu de forma
individualizada cerca de 10% (14 pessoas) de um total de 143
pacientes do período com desfecho positivo, particularmente nos
casos de resitência à confecção da fístula. O ajustamento depende de
cada paciente, mas o suporte psicológico permite esta travessia. Os
lutos vividos com as perdas, identificadas com a mudança de status no
corpo familiar, aposentadoria precoce, mudanças de local de moradia
e o temor da morte são ressignificados quando o paciente percebe que
não há mais a normalidade que conhecia, mas há a possibilidade de
vida com qualidade no adoecimento. A cada nova fase do estagiamento da doença ou no agravamento de comorbidades, reajustes são
feitos com o apoio psicológico sempre que solicitado. Para além da
fase de apatia e esmorecimento com a própria capacidade de
realização, superada esta fase de impacto, os pacientes se encaminham para novos rearranjos e significados pessoais. Conclusão: A
psicologia tem contribuído de forma decisiva na melhoria da qualidade
de vida dos pacientes e possibilta a realização de um dos princípios
fundamentais do SUS, a integralidade, que significa “oferecer ao
usuário atenção levando em conta todas as dimensões do processo
saúde-doença”.
Acompanhamento farmacoterapêutico na doença renal
crônica
A psicologia no atendimento multidisciplinar de doentes
renais em tratamento conservador
Alencar E1, Carneiro E1, Bui DSS1, Santos VB2, Salgado Filho N3
1
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA.
2
Residência Multiprofissional em Saúde - HUUFMA. 3Docente do Curso de Medicina
- UFMA
Introdução: A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 154, de 15 de
junho de 2004, é o primeiro documento oficial do sistema de saúde
pública a incluir os psicólogos entre os membros das equipes
responsáveis pelo tratamento de doentes renais crônicos embora,
neste caso, se trate não propriamente de cuidados em prevenção, mas
de assistência aos pacientes em hemodiálise. A despeito disso, a
entrada do psicólogo neste universo da saúde, permitiu que o seu
trabalho se inserisse em outras áreas de cuidados, pois como se
constata diariamente desde a fase pré-dialítica, os pacientes
enfrentam diversas situações geradoras de estresse, ansiedade e
depressão. Além disso, um dos papéis dos psicólogos é promover a
educação, o que representa por excelência o serviço de prevenção
renal. O adoecer ou a cronificação da doença renal, exige grande
capacidade de adaptação e enfrentamento por parte do paciente,
quase sempre entre a incerteza do futuro e o medo. A atenção
psicológica, nesta fase e nos estágios mais avançados da doença, são
fundamentais como meios profiláticos contra transtornos mentais.
Objetivo: Cooperar com a execução do modelo multidisciplinar de
atuação junto aos pacientes em tratamento renal conservador e dar
suporte clínico, caso manifestem neste acompanhamento, durante a
consulta, dificuldades adaptativas, resistência ao tratamento, perdas
com as quais não consigam lidar. Métodos: Desde junho/2011 os
atendimentos aos pacientes em tratamento conservador é realizado
por uma equipe composta por médicos, nutricionista, assistente social
e psicólogo. No período, 143 pacientes foram atendidos em diversos
estágios da doença. A participação da psicologia, como os demais
membros não-médicos, ocorre na dinâmica da própria consulta.
Antes, porém, cada paciente é apresentado à equipe – por meio dos
dados contidos no prontuário – onde se sabe basicamente a situação
clínica, número de consultas anteriores e, neste momento, são
indicados quais destes apresentam riscos de transtornos psicológicos
ou manifestaram dificuldades (ou resistência) com o diagnóstico, a
aderência e futuras evoluções no tratamento. O psicólogo participa da
consulta onde observa e, conforme o caso, em acordo com o médico
que atende (ou por indicação deste), recebe o paciente em atenção
individualizada com prosseguimento em outras sessões, caso sejam
necessárias. Ao final de cada atendimento, a equipe se reúne para
avaliar os pacientes. Neste momento, o psicólogo relata aspectos
importantes de suas percepções que serão úteis aos demais membros
da equipe e em futuras consultas. O atendimento individual com o
psicólogo obedece aos princípios da Terapia Breve onde se concentra
nas quaixas apresentas. Acontece da seguinte forma: 1. Realiza-se o
contato e é estabelecido o vínculo (rapport); 2. Pede-se que o paciente
exponha os temores, dúvidas, a dificuldade com a terapêutica
recomendada; 3. Esclarece-se e presta-se informações; 4. Encaminhase o paciente para um movimento de encaixe da condição apresentada
vida do paciente; Apresenta-se a disponibilidade do serviço, mesmo
52
Paula RB1, Carminatti M1, Fernandes NMS1, Costa DMN1, Marquito AB1
1
Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF - MG
Introdução: Pacientes com doença renal crônica (DRC) utilizam
diversas classes de medicamentos, visando retardar a progressão da
doença, bem como tratar as comorbidades associadas. Como
conseqüência, o risco de problemas relacionados ao uso de medicamentos (PRM), incluindo a interação medicamentosa, é elevado nesta
população. Objetivo: Delinear o perfil farmacoterapêutico de
pacientes com DRC, de forma a identificar e prevenir interações
medicamentosas potenciais. Métodos: Estudo transversal que incluiu
174 indivíduos selecionados em um total de 400 pacientes com DRC
atendidos no ambulatório de nefrologia do NIEPEN da UFJF - HIPERDIA,
entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011. Foram incluídos indivíduos
com idade superior a 18 anos que utilizavam 7 ou mais medicamentos
e excluídos portadores de HIV, gestantes, infecções bacterianas ou
virais e neoplasias. O potencial interativo dos medicamentos foi
traçado tendo como suporte a base de dados Micromedex® (2010), com
acesso livre no portal de periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A análise
descritiva dos dados foi feita utilizando-se as frequencias no caso das
variáveis categóricas e as variáveis quantitativas contínuas foram
descritas com base em suas médias. Resultados: Dentre os 174
participantes (43,5%) que preencheram os critérios de inclusão, foi
selecionada aleatoriamente uma amostra de 30 prescrições que
revelou o uso de 67 princípios ativos diferentes. As drogas mais
comumente prescritas foram: furosemida (9,0%), sinvastatina (8,6%),
AAS (7,5%), losartan (6,8%), omeprazol (3,8%), alopurinol (3,0%),
metformina (2,3%) e levotiroxina (2,3%). Nessa subpopulação, foram
identificadas 37 possíveis interações medicamentosas, sendo 2 (6%)
de gravidade menor, 26 (70%) de gravidade moderada e 9 (24%) de
características graves, com necessidade de intervenção (TAB 1).
Conclusão: Pacientes com DRC utilizam elevado número de
medicamentos que se associam a alta prevalência de interações
medicamentosas potencialmente graves.
A importância da terapia nutricional no tratamento
conservador da doença renal crônica
Santana LC1, Viana BM1, Avelar ARC1, Brito ACD1, Lima DP1, Macedo TEM1, Silva MB1,
Calado IL2
1
2
Acadêmicos do Curso de Nutrição - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Docente do Curso de Nutrição - UFMA
Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é hoje considerada um
problema de saúde pública mundial, sendo observado aumento
progressivo da morbidade e mortalidade. Estima-se que existam mais
de dois milhões de brasileiros portadores de algum grau de disfunção
renal. A DRC consiste na perda progressiva e irreversível da função dos
rins (glomerular, tubular e endócrina). A importância da terapêutica
nutricional no tratamento de doentes com DRC é reconhecida há várias
décadas, visto que, indivíduos acometidos geralmente apresentam
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
síndromes de desnutrição muscular e proteica e estado de inflamação,
aspectos estes característicos da patologia. A detecção precoce da
doença renal e a intervenção terapêutica adequada promove o
retardamento de sua progressão e pode reduzir o sofrimento dos
pacientes. Objetivo: Analisar estudos publicados em meio eletrônico
recentemente, sobre a conduta nutricional aplicada a indivíduos com
DRC em tratamento conservador. Métodos: Buscou-se na literatura
científica, a partir de artigos publicados nas bases de dados Scielo e
Lilacs, utilizando como descritores: Terapia Nutricional and Doença
Renal Crônica, Nutrição and tratamento conservador. Resultados:
Estudos clínicos e de meta-análise evidenciam o beneficio da restrição
de proteínas na dieta sobre o ritmo de progressão da DRC, e da
sintomatologia urêmica. Essa manipulação dietética reduz o risco de
morte e prolonga o tempo para entrada em diálise quando comparada
a uma dieta não restrita em proteínas. Está bem estabelecido que, em
contraste com lipídios e glicídios, a ingestão de proteína influencia, de
forma significativa, a hemodinâmica renal. Tanto a ingestão de
proteína como a de infusões intravenosas de aminoácidos aumenta o
fluxo sanguíneo renal e a Taxa de Filtração Glomerular (TFG), sendo
que a proteína animal parece ter efeitos mais pronunciados. Possíveis
explicações incluem as diferenças na composição de aminoácidos ou
absorção intestinal e liberação para o sistema porta. A ingestão de
proteínas também aumenta o volume e peso dos rins, e causa o
alargamento glomerular e hipertrofia tubular. Atualmente, grande
parte dos estudos ainda aponta que 0,6g/kg/dia de proteína é
suficiente para a conservação do estado nutricional e preservação da
função renal destes pacientes. Conclusão: A literatura mostra a
importância de sensibilizar o paciente quanto à adesão da dieta,
objetivando retardar a progressão da DRC e garantir melhor qualidade
de vida. Para tanto, é necessário a adoção de plano alimentar que
contemple macro e micronutrientes em quantidades adequadas,
ratificando o relevante e imperativo controle no consumo proteico e
calórico, assegurando balanço nitrogenado, com consequente
adequado estado nutricional.
Assistência de enfermagem a um paciente portador de
insuficiência renal aguda por ureterolitíase à direita
Corrêa JL1, Machado IES1, Pereira TCA1, Oliveira PS2
1
Acadêmicos do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão UFMA. 2Professora Substituta do Curso de Enfermagem - UFMA
Introdução: A Insuficiência Renal Aguda (IRA) é uma síndrome clínica
reversível em que existe uma perda súbita e quase completa da função
renal (taxa de filtração glomerular diminuída) durante um período de
horas a dias, com falha para excretar os produtos residuais nitrogenados e manter a homeostasia hidroeletrolítica. A IRA manifesta-se como
um aumento na creatinina sérica e na ureia. Embora a patogenia exata
de IRA e da oligúria (volume urinário menos de 400 ml/dia) nem
sempre seja conhecida, muitas vezes existe um problema subjacente
especifico. Isso é verídico para as seguintes condições que reduzem o
fluxo sanguíneo para o rim e prejudicam a função renal: hipovolemia;
hipotensão; insuficiência cardíaca e débito cardíaco diminuído;
obstrução do rim ou do trato urinário inferior por tumor, coágulo
sanguíneo ou cálculo renal e obstrução bilateral das artérias ou veias
renais. Quando essas condições são tratadas e corrigidas antes que os
rins sejam permanentemente lesionados, os níveis aumentados de
uréia e creatinina, a oligúria e outros sinais associados à IRA podem ser
revertidos. O quadro clínico da IRA está relacionado, principalmente, à
doença de base do paciente e às alterações metabólicas decorrentes. A
litíase ureteral, geralmente, manifesta-se clinicamente através de dor
lombar intensa, podendo irradiar-se para flancos, fossas ilíacas, face
interna da coxa, testículos, grandes lábios ou uretra. Sintomas
urinários baixos e hematúria podem estar presentes. Os objetivos do
tratamento da IRA consistem em restaurar o equilíbrio químico normal
e evitar as complicações até que a reparação do tecido renal e a
restauração da função renal possam acontecer. O tratamento inclui
manter o equilíbrio hídrico, evitar os excessos de líquidos ou,
possivelmente, realizar a diálise. O tratamento de litíase ureteral
inicialmente deve-se direcionar para a crise dolorosa aguda. As
medicações mais amplamente utilizadas são os antiespasmódicos,
analgésicos não opióides, antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) e
os narcóticos. Objetivo: Programar a Sistematização da Assistência de
Enfermagem baseada no Processo de Enfermagem de Wanda de Aguiar
Horta, a um paciente portador de IRA por ureterolitíase à direita, que
foi submetido a tratamento endourológico, para implantação de um
cateter ureteral (duplo jota), visando o atendimento das Necessidades
Humanas Básicas Afetadas, no período pré e pós-operatório. Métodos:
Trata-se de um estudo descritivo, com uma abordagem qualitativa, do
tipo estudo de caso. A coleta de dados foi realizada no período de 06 a
16 de maio de 2011, na Clínica Médica do Hospital Universitário
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Resumos / Abstracts
Unidade Presidente Dutra da UFMA (HUUPD/UFMA), durante as
atividades práticas da disciplina Saúde do Adulto, do curso de
Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão. Este estudo
baseou-se segundo os passos do Processo de Enfermagem de Wanda
de Aguiar Horta, constituído por seis fases: histórico de enfermagem,
diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados ou
prescrição de enfermagem, evolução e prognóstico, com o intuito de
proporcionar uma assistência integral e adequada às necessidades do
paciente. O paciente autorizou a realização do estudo, mediante
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados: Detectaram-se os seguintes diagnósticos de enfermagem
e em seguida, realizaram-se as respectivas intervenções. No período
Pré-Operatório: Déficit de Conhecimento Sobre a Patologia - Esclarecer
e orientar sobre a patologia e o tratamento 1x/dia; preparar e orientar
para exames que serão realizados. Emagrecimento - Orientar e
supervisionar ingesta alimentar 2x/dia. Episódios de Pico Hipertensivo
- Administrar medicação prescrita quando PA > ou = 170/110; verificar
sinais vitais de 6/6h 3x/dia. Ingesta Hídrica e Alimentar Diminuída
devido a vômitos - Orientar e supervisionar ingesta hídrica e alimentar
2x/dia. Diarreia - Ajudar, orientar e supervisionar eliminações 1x/dia.
Integridade da Pele Prejudicada relacionado ao cateter de hemodiálise
- verificar sinais flogísticos no local; manter curativo limpo e seco.
Sono Irregular relacionado a soluços noturnos - proporcionar
ambiente calmo, limpo e seguro. Ansiedade relacionada ao procedimento cirúrgico - realizar apoio emocional; orientar sobre o procedimento cirúrgico 1x/dia. No período de Pós-Operatório diagnosticado:
Hematúria devido ao implante do cateter duplo jota - Realizar
monitoração de diurese; Medir e anotar diurese 6/6h; supervisionar
volume, cor e consistência; Sono Irregular - Orientar sobre repouso;
proporcionar ambiente calmo, limpo e seguro; Verificar SSVV 6/6h
3x/dia. Integridade da Pele Prejudicada relacionado ao cateter de
hemodiálise - verificar sinais flogísticos no local; manter curativo
limpo e seco. Nervosismo relacionado ao tratamento - Orientar sobre
modalidades terapêuticas 1x/dia. Conclusão: O presente estudo
objetivou o atendimento das Necessidades Humanas Básicas Afetadas
do paciente portador de IRA por litíase à direita. Partindo da elaboração da assistência de enfermagem, utilizando-se o Processo de
Enfermagem de Wanda de Aguiar Horta, pôde-se prestar uma
assistência integral e adequada às necessidades existentes. Após 10
dias de assistência prestada, o paciente encontra-se em alta
hospitalar. Durante o período de assistência, observaram-se respostas
regulares das necessidades humanas básicas afetadas, devendo
retornar ao serviço de hemodinâmica para realização de hemodiálise
em 3 sessões por semana, durante 15 dias. Orientado ao retorno
ambulatorial após 15 dias para nova avaliação clínica e realização de
novos exames. Orientado pela enfermagem quanto ao aumento e
monitorização da ingesta hídrica, controle da alimentação e
autocuidado.
Adiposidade visceral pode estar associada com redução
da filtração glomerular em hipertensos na atenção
primária
França AKTC1, Santos AM2, Salgado JVL3, Hortegal EV4, Salgado Filho N5
1
Docente do Departamento de Ciências Fisiológicas - Universidade Federal do
Maranhão - UFMA. 2Docente do Departamento de Saúde Pública - UFMA. 3Hospital
Universitário - HUUFMA. 4Programa de Saúde Coletiva - UFMA. 5Docente do
Departamento de Medicina I - UFMA
Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) vem assumindo importância global, em virtude do exponencial aumento dos casos registrados
nas últimas décadas. O aumento da taxa de prevalência de doença
renal crônica (DRC) tem ocorrido em paralelo com o aumento da
prevalência de obesidade. No entanto, o papel da gordura corporal no
desenvolvimento da DRC ainda não está claro. Desta forma, o objetivo
principal deste estudo foi investigar a associação entre obesidade
total, abdominal e visceral com a filtração glomerular (FG) estimada
pela cistatina C sérica em indivíduos hipertensos com função renal
preservada ou levemente diminuída. Métodos: Estudo transversal
desenvolvido com 241 indivíduos hipertensos em tratamento no
Programa HiperDia do Ministério da Saúde em uma unidade básica de
saúde do Município de São Luís. A função renal foi avaliada por meio de
equações para estimar a FG baseada nos níveis séricos de creatinina e
cistatina C. Parâmetros antropométricos incluíram índice de massa
corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), e tecido adiposo visceral
(VAT). A associação entre indicadores antropométricos e FG estimada
foi avaliada através do teste T Student ou Mann Whitney. A normalidade das variáveis quantitativas foi analisada pelo teste Shapiro Wilk. O
nível de significância foi de 5%. Resultados: A média de idade foi de
59,6 ± 9,2 anos, sendo 75,9% do sexo feminino. Dos participantes, de
acordo com o IMC, 69,7% eram eutróficos e 28,2% obesos. As
53
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
prevalências de obesidade abdominal e visceral avaliadas pela CC e
pela VAT foram de 63,9% e 58,5%, respectivamente. A VAT se mostrou
como melhor indicador nutricional preditor para redução da filtração
glomerular, quando comparado ao IMC e CC. A VAT > 150 cm²
apresentou associação estatisticamente significante com menor
média de FG estimada pela equação Levey na população estudada. Não
houve associação de nenhum dos indicadores nutricionais para avaliar
a obesidade geral, central ou visceral (IMC, CC e VAT) com a creatinina
sérica e as demais equações para estimar a FG (MDRD, Larsson e
Levey). Conclusão: A obesidade visceral pode estar envolvida na
gênese da doença renal e apresentou associação com a fórmula de
Levey em indivíduos com sobrepeso e obesidade grau I.
Aplicação do processo de enfermagem na assistência ao
paciente portador de síndrome nefrótica
Silva ECS1, Moraes EDL1, Gomes CS1, Lima WG1, Chaves RGR2, Franco PAF3
1
Acadêmicos do Curso de Enfermagem - Imperatriz - Universidade Federal do
Maranhão - UFMA. 2Docente do Curso de Enfermagem - Imperatriz - UFMA.
3
Enfermeira - Especialista em Saúde Pública
Introdução: De acordo com Garcia e Nóbrega (2009), o processo de
cuidar em enfermagem, ou processo de enfermagem, é entendido
como um instrumento metodológico que nos possibilita identificar,
compreender, descrever, explicar e/ou predizer como nossa clientela
responde aos problemas de saúde ou aos processos vitais, e
determinar que aspectos dessas respostas exigem uma intervenção
profissional de enfermagem, implica na existência de alguns
elementos que lhe são inerentes. O foco do processo de enfermagem é
o indivíduo como um todo e não apenas sua doença, o que possibilita
uma abordagem ampla, buscando maximizar a autonomia do
indivíduo, considerando suas respostas humanas a um determinado
problema, além de facilitar a interação enfermeiro-cliente (Rossi,
Casagrande, 2001). A síndrome nefrótica é um conjunto de sinais,
sintomas e achados laboratoriais que se desenvolvem quando ocorre
uma elevação exagerada da permeabilidade dos glomérulos renais às
proteínas, ocasionando em proteinúria, podendo também ocorrer em
função de doença sistêmica ou pode ser a manifestação de doença
primária renal. Secundariamente a proteinúria, se acrescenta
hiperlipidemia e lipidúria, aumento dos níveis de gordura no sangue e
perda de gordura na urina (Morales, 2006). O paciente portador da
síndrome nefrótica torna-se suscetível ao desenvolvimento da doença
aterosclerótica, principalmente se já tiver uma hipertensão instalada.
Objetivo: Desenvolver um estudo aplicando o processo de enfermagem na assistência ao paciente com síndrome nefrótica, o presente
estudo tem por finalidade traçar um plano assistencial no sentido de
melhorar as condições de saúde e bem-estar desse paciente,
propondo intervenções de enfermagem visando o cuidado integral.
Método: Este é um estudo descritivo com uma abordagem qualitativa,
do tipo estudo de caso, objetivando identificar os diagnósticos de
enfermagem, utilizando-se para isto, a Uniformização da Linguagem
dos Diagnósticos de Enfermagem da NANDA (North American Nursing
Diagnosis Association), e propor intervenções de enfermagem
embasadas na Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC). O
mesmo foi realizado em uma enfermaria do Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA), na cidade de São Luís MA. A escolha dessa instituição deveu-se ao fato de ser um campo de
ensino universitário especializado no atendimento de doenças renais,
por ser um hospital de referência do Estado do Maranhão e por
apresentar o principal campo de prática e pesquisa para acadêmicos
do curso de enfermagem. A amostra foi constituída por um paciente
diagnosticado com síndrome nefrótica que aceitou participar do
estudo, sendo que os dados foram coletados através de entrevista,
exame físico e análise do prontuário. Paciente J. A. S. R, 49 anos, negro,
solteiro, católico, natural de São Vicente de Ferrer, motorista, Ens.
Médio Completo, residente em São Luís, com queixa principal de
“Inchaço nas pernas” há 4 meses. Resultados: Diante dos achados
referentes ao histórico de enfermagem foram levantados os seguintes
diagnósticos de enfermagem: integridade da pele prejudicada
relacionada a fatores mecânicos, evidenciado por edema em MMII;
débito cardíaco diminuido relacionado à frequência cardíaca alterada
evidenciada ao índice do trabalho sistólico do ventrículo esquerdo;
volume de liquido excessivo relacionado a mecanismo regulador
comprometido evidenciado por edema; baixa autoestima situacional
relacionado ao prejuízo funcional evidenciado pelas expressões de
sentimento de inutilidade; e estilo de vida sedentário relacionado à
falta de motivação evidenciada pela falta de condicionamento físico.
Após a identificação de todos diagnósticos realizou-se o levantamento
das suas respectivas intervenções de enfermagem visando principalmente melhorar o quadro clínico do paciente, prevenir complicações, e
também minimizar os danos a nível físico, psicológico e emocional. É
54
necessário salientar que o exercício da prática do profissional em
enfermagem possui características humanistas, o enfermeiro é
responsável por cuidar, informar, orientar e apoiar seu paciente. O
paciente portador de sídrome nefrótica necessita de uma assistência
específica, sendo indispensável à implementação de ações que resulte
na promoção, prevenção e reabilitação dos seus problemas de saúde.
Desta forma, pode-se perceber que a utilização do processo de
enfermagem proporciona ao paciente um cuidado mais integral, com
embasamento científico. Sendo que, os enfermeiros que o aplicam de
forma racional e sistemática alcançam um plano de ação claro, eficaz e
eficiente, por meio do qual toda a equipe de enfermagem é capaz de
conseguir os melhores resultados para o paciente. Conclusão:
Conclui-se então que o paciente que é submetido ao plano de cuidados
de enfermagem apresenta melhores resultados ao tratamento, uma
vez que este é tratado individualmente de acordo com as suas
necessidades.
Assistência de Enfermagem prestada a um paciente com
GNDA no HIDJV: Um relato de experiência
Junior GDS1, Queiroga RMA1, Pereira JFG1, Adebal MC1, Sá ES2, Sousa TAV2, Brito SSS2
1
Centro de Diálise de Caxias - MA. 2Enfermeiro
Introdução: A glomerulonefrite aguda (GNDA) consiste em uma
inflamação dos capilares glomerulares em decorrência da formação de
um complexo antígeno – anticorpo ocasionado por um processo
infeccioso prévio. Caracterizada clinicamente por proteinúria,
hematúria, edema, hipotensão artéria e aumento dos níveis séricos de
ureia e creatinina. A meta do cuidado para paciente com quadro de
GNDA consiste em estratégias de educação para subsidiar uma maior
adesão ao tratamento e consequente qualidade de vida. Com o intuito
de oferecer uma assistência de enfermagem de qualidade desenvolveu-se este trabalho com uma criança com quadro de GNDA assistida
pelo Hospital Infantil Dr. João Viana no município de Caxias - MA.
Objetivo: Oferecer assistência de enfermagem de qualidade e
individualizada à criança em tratamento do quadro de GNDA.
Métodos: Trata-se de um relato de experiência realizado no Hospital
Infantil Dr. João Viana com o menor R.A.S., 13 anos e 7 meses,
caxiense, Brasileiro, estudante, internado com quadro de GNDA no
referido hospital no dia 25 de março de 2010 apresentando anúria e
anasarca a qual foi observada no período de uma semana (28/03/11 a
31/03/11) de acompanhamento sob autorização do responsável.
Foram utilizados análise de prontuário e roteiro de anamnese
elaborado pela equipe responsável pelo estágio extracurricular da
UEMA, NANDA e NOC. Resultados: Com os exames pode-se evidenciar
anemia, presença de verminoses, ureia aumentada (43,0 mg/dl) em
decorrência da anúria evidenciando ai o quadro de azotemia típico de
pacientes com GNDA e presença de hemoglobina na urina. Dessa
forma o tratamento foi iniciado com prescrição de Captopril, Dipirona,
Furosemida, Bezentacil e Metronidazol. Foi então iniciado o acompanhamento de enfermagem destacando-se: orientações quanto a
alimentação do paciente garantindo assim uma dieta hipossódica,
administração das medicações conforme prescrição medica,
observação dos sinais vitais do paciente conforme rotina da instituição, realização do balanço hídrico diário do paciente, mensuração do
peso a fim de identificar algum ganho hídrico inapropriado, controle
da ingestão hídrica e orientações quanto ao processo patológico do
mesmo. Conclusão: Este trabalho permitiu que fosse oferecida uma
assistência de enfermagem individualizada e de qualidade para o
menor, estabelecendo também um vínculo profissional- paciente e
profissional- cuidador propiciando assim uma melhora significativa no
quadro do paciente. O mesmo recebeu alta hospitalar de forma
satisfatória, sendo referenciado para acompanhamento de rotina pela
equipe de saúde da família atuante no seu domicilio.
Atendimento multidisciplinar de pacientes renais no
centro de prevenção de doenças renais - percepção dos
residentes
Bui DSS1, Alencar E1, Hortegal E1, Rodrigues N1, Salgado Filho N2
1
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. 2Docente
do Curso de Medicina - UFMA
Introdução: Desde 2010, o Centro de Prevenção de Doenças Renais
(CPDR) do Hospital Universitário Presidente Dutra realiza atendimento
aos pacientes em tratamento renal conservador. Uma das características marcantes deste atendimento é a composição multiprofissional do
serviço, que de acordo com Japiassú (1976), significa a ação
simultânea de várias disciplinas em torno de uma temática comum. A
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
multidisciplinaridade não está prevista de maneira obrigatória pelos
programas de treinamento e pós-graduação na formação acadêmica e
profissional, sendo que a adoção deste modelo de atendimento
ambulatorial é vivenciada pelos residentes como experiência
inovadora e como instrumento de ensino. Objetivo: Apresentar as
percepções das diversas categorias profissionais entre os residentes
que realizaram atendimento multidisciplinar na área da prevenção
renal e a sua importância na formação profissional e como modelo de
atendimento. Métodos: Os residentes foram inseridos no CPDR por
um período de 30 dias, atuando no atendimento dos pacientes através
de discussões clínicas no modelo de multidisciplinaridade. Ao término
deste período, foi respondido um questionário de quatro perguntas,
P1, P2, P3 e P4, cada qual com cinco possibilidades de respostas
objetivas. Resultados: Foram atendidos 143 pacientes no período de
junho a outubro de 2011. Participaram destes atendimentos 24
residentes de especialidades médica, fisioterapia, farmácia,
psiquiatria, serviço social, enfermagem, educadores físicos e
nutricionistas. Entre os residentes médicos (34%), houve o maior
número de variação de respostas em duas perguntas (P2 e P3). A
pergunta P2 “ ...Qual a importância do atendimento multidisciplinar
para a formação profissional? ...” obteve 87,5% de respostas D
(“fundamental” e “importante”). A pergunta P3 questionava o modo de
obter os melhores resultados no atendimento, considerando a
complexidade da doença renal. Também apresentou variação nas
respostas: 12,5% marcaram a opção C (trabalhar a aderência do
paciente); 75% das respostas afirmaram que é quando o paciente
recebe uma abordagem integral com vários olhares especializados,
implicando aquele no tratamento de modo a se obter a melhor
qualidade de vida possível (opção D) e 12,5% dos participantes
responderam que os melhores resultados são alcançados quando o
paciente é atendido por equipe multiprofissional (opção E). Entre os
demais profissionais (psicólogos, terapeutas ocupacionais, odontólogos, fisioterapeutas, educadores físicos, nutricionistas, famacêuticas,
enfermeiras) que responderam ao mesmo questionário, houve
bastante uniformidade nas respostas com predomínio de resposta D
para P2 e P3. Conclusão Os resultados revelam que a implantação do
atendimento no modelo multidisciplinar é uma prática desejada pelos
residentes e aceita como modelo de melhor atendimento no
treinamento teórico-prático dos profissionais na Nefrologia Clínica e
Preventiva do Hospital Universitário do Maranhão.
Atendimento psicológico de pais com filhos nefropatas experiência no centro de prevenção de doenças renais.
Alencar E1, Alves J1, Santos VB2, Salgado Filho N3
1
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA.
Residência Multiprofissional em Saúde - HUUFMA. 3Docente do Curso de Medicina
da UFMA
2
Introdução: O serviço de nefropediatria – que funciona no Centro de
Prevenção de Doenças Renais, em parceria com o serviço de
psicologia da Nefrologia do Hospital Universitário Presidente Dutra –
iniciou atendimento aos pais de crianças acometidas por doenças
renais em 28/09/2010. O atendimento piloto durou nove meses (até
18/06/2011) e assistiu 196 pessoas, das quais 187 eram mães e
apenas 9 pais. Deste total, 37% era do interior do estado e 63% de São
Luís. A experiência de ter um filho com uma doença crônica mobiliza
diversas áreas da vida e, não raro, promove a desorganização do
núcleo familiar. Os pais são forçados a conviver com as dificuldades
advindas do tratamento, internações e com a própria educação do
filho que ganha contornos especiais. A realização desta atividade foi
demandada pela percepção de que os pais demonstravam alto nível de
ansiedade durante a consulta médica, com repercussões durante o
próprio atendimento ambulatorial e sobre o acompanhamento do
tratamento dos filhos. Objetivo: Atender pais e mães de crianças
nefropatas através da escuta e acolhimento de seu sofrimento
demonstrado em forma de ansiedade e estresse, mediante a oferta de
informações práticas sobre a doença renal, cuidados com a criança,
educação infantil e a abordagem de temas que eram trazidos pelos
próprios pais. Metodologia: O atendimento era realizado antes da
consulta médica, momento em que os pais eram estimulados a falar
sobre a experiência de cuidar de uma criança com doença renal. Na
abordagem utilizou-se técnicas de Psicoterapia Breve de Apoio em que
o objetivo principal é dar ao indivíduo atendido suporte ante o
processo do adoecer e, neste caso, dar a oportunidade de expor suas
inquietações. O processo ocorre através de passos adotados pelo
psicólogo, a saber: 1. Interrogar sobre a queixa principal; 2. Dar
informações; 3. Retificar ou confirmar compreensões do paciente; 4.
Reformular o relato do paciente (clarificar); 5. Resumir os pontos
essenciais (recapitular); 6. Relacionar informações, emoções,
comportamentos expostos pelos paciente (assimilar); 7. Interpretar os
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Resumos / Abstracts
conteúdos tratados; 8. Sugerir atitudes novas; 9. Indicar ações. A
relação de pais e filhos era observada pela verbalização dos pais e
durante o encontro da seguinte maneira: aos filhos se disponibilizavam brinquedos e entretenimento, o que, em boa parte das vezes, se
revelava fonte valiosa de informações da relação entre pais e filhos,
momento em que se tinha a oportunidade de intervenção. Resultados:
Ao final do encontro era feita a seguinte pergunta: qual a importância
do encontro com os pais antes da consulta com a nefropediatra? A
maioria absoluta dos pais que participaram – cerca de 95% – aprovaram
o atendimento em grupo, inclusive referindo que funcionou, naquele
momento, como forma de descompressão de emoções que a tensão
da consulta representava. Pergunta semelhante foi apresenta à
nefropediatra que revelou perceber os pais se mostravam mais
relaxados, participativos de forma assertiva e compreensivos durante
a consulta. Entre as manifestações de ordem psicoemocionais
observadas estão: estresse, ansiedade, depressão, culpa, medo e
insegurança com o futuro do filho. O atendimento dos pais gerou
demandas de atendimento psicológico clínico de vários destes pais,
que viram no primeiro serviço uma porta de entrada para se permitirem algum cuidado pessoal quando se sentiam desamparados.
Conclusão: Ainda que, neste trabalho, não haja um instrumento
específico de avaliação, conclui-se que a técnica do encontro com pais
e filhos utilizando princípios da Terapia Breve de Apoio, revelou-se útil
em criar um ambiente mais acolhedor aos pais e filhos e resultou na
diminuição considerável do comportamento ansiogênico entre os
participantes, o que revela que o pré-atendimento psicológico é de
gande valia nas condições em que foi prestado.
Atuação do enfermeiro na prevenção da doença renal
crônica
Saraiva ALO1, Farias AMC1, Nolêto FB2
1
2
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Estratégia Saúde da Família - São Luís - MA
Introdução: Hoje as doenças renais ocupam um espaço importante no
perfil epidemiológico das doenças que acometem nossa população.
Hipertensão arterial, Diabete Mellitus, hipercolesterotemia, obesidade
e tabagismo são fatores de risco conhecidos para nossa saúde e estão
intimamente ligados à doença renal crônica, seja com causas ou fatores
que aceleram, ainda mais, a perda da função renal (Brasil, 20006). A
partir dos exames específicos, o profissional de Enfermagem tem uma
grande importância na atuação do cuidado à prevenção das doenças
renais crônicas podendo adotar algumas estratégias de prevenção, que
devem ter como metas: Mudança de estilo de vida; que inclui uma
alimentação balanceada e saudável, exercícios físicos regulares e
suspensão do fumo. Controle glicêmico e metabolismo rigoroso assim
como da pressão arterial, visando pressão sistólica < 130 mnHg e
pressão diadolica < 80 mnHg. Avaliação rotineira dos níveis de
creatinina, exame de urina e pesquisa de microalbuminúria e
proteinúria (albumina e proteína na urina) (Travagimi, 2009). Objetivo:
Identificar a atuação do enfermeiro e de seus conhecimentos acerca da
prevenção da doença renal crônica. Métodos: Este estudo trata-se de
uma revisão bibliográfica, realizado através de busca nas bases de
dados MEDLINE, SCIELO E LILACS, nos anos de 2007, 2008 e 2009; no
idioma português; com os descritores: Enfermagem, doença renal
crônica e assistência de Enfermagem. Os dados foram coletados
levando em consideração o título da obra, local e ano, objetivos,
principais resultados e conclusão. Foram analisadas três publicações
científicas sob a perspectiva da atuação do enfermeiro à prevenção de
doenças renais crônicas. Resultados: A atuação do enfermeiro na
prevenção e progressão da DRC se dá a partir das necessidades reais da
clientela. É preciso detectar os grupos de risco, bem como os pacientes
com a doença instalada, nos quais a avaliação da função renal é
imprescindível. A redução da função renal de forma progressiva e
irreversível é classificada em cinco estágios (Travagimi, 2009). O
enfermeiro, além de conhecer o estadiamento da DRC, deve intervir
junto aos pacientes. A atividade educativa pode ser realizada desde a
atenção primária até o nível terciário de saúde. As ações de educação
em saúde de forma conjunta e construtiva com a população são
imprescindíveis para que ocorram ações efetivas na progressão da
doença. O enfermeiro possui importante papel de cuidador e educador,
além do compromisso ético e profissional, que o torna um dos grandes
responsáveis por sistematizar e incentivar o autocuidado, desenvolver
atividades educativas de promoção de saúde, reduzir a incidência da
DRC, bem como buscar a melhoria da qualidade de vida (Bastos, 2007).
Conclusão: Assim, para que o Enfermeiro interfira de forma positiva na
história natural da doença renal e dessa forma reduzindo as repercussões sociais, psicológicas e econômicas dessa doença é fundamental a
sistematização das ações de caráter preventivo e educativo em vários
níveis de atenção à saúde, alterando este panorama preocupante.
55
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
Automedicação em idosos hipertensos acompanhados
pelo programa de hipertensão em uma unidade básica
de saúde.
Martins ROS1, Lima ML2
1
Aluno curso de Especialização em Saúde da Família - Instituto Laboro - São LuísMA. 2Docente do Curso de Enfermagem - Faculdade Santa Terezinha - CEST - São
Luís-MA
Introdução: Hipertensão Arterial (HA) é um problema grave de saúde
pública no Brasil e no mundo. Segundo o Ministério da Saúde (2002), a
HA é responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente
vascular encefálico, 25% das mortes por doença arterial coronariana e,
em combinação com o diabetes, 50% dos casos de insuficiência renal
terminal. No Brasil, cerca de 65% dos idosos são hipertensos e entre
mulheres, maiores de 75 anos, a prevalência pode chegar a 80%. A
população idosa apresenta peculiaridades em relação ao uso de
medicamentos, exemplo, diminuição das taxas de excreção renal, do
metabolismo hepático e outros. Com isso, fica explícita a importância
do acompanhamento do uso da medicação pela população idosa, pois
uma vez não orientada, esse hábito pode gerar complicações
irreversíveis e extremamente danosas para esses indivíduos,
principalmente se esse uso for feito partindo de uma automedicação.
Objetivo: Este trabalho objetivou identificar o perfil sócio-econômico
dos pacientes idosos, acompanhados no programa de hipertensão,
que fazem uso da automedicação, em uma unidade de saúde.
Métodos: Através de um estudo quantitativo e descritivo, com um
caráter prospectivo e exploratório de campo, desenvolveu-se uma
pesquisa no Centro de Saúde do Bairro de Fátima em São Luís-MA. A
amostra obtida contou com 120 hipertensos atendidos naquele
centro. Resultados: Analisando os dados obtidos, observou-se a
prevalência do sexo feminino (n= 69; 58%) em relação ao sexo
masculino (n= 51, 42%), tendo a população entrevistada predomínio
de idade entre 60 e 65 anos (n=45; 38%), renda familiar média entre 2 e
3 salários mínimos (n= 55; 46%) e tendo o ensino fundamental
incompleto como o nível de escolaridade predominante (n= 66; 55%).
Perguntados se faziam uso de medicamentos, que não os prescritos
pelo médico, 75 entrevistados responderam que sim (62,5%), destes,
54% (n=40) são do sexo feminino, com idade média entre 60 e 65 anos
(n=31; 41%), o ensino fundamental incompleto, o nível de escolaridade
dominante (n=38; 51%), e 01 a 02 salários míninos a renda familiar
prevalente (n= 39; 52%). Quanto a quem fez a indicação desses
medicamentos aos entrevistados, os 'parentes/familiares' representaram os maiores incentivadores da automedicação (n=45; 60%) e o
motivo que os levaram a se automedicar mais presente foi a 'dor de
cabeça' (n=27; 36%). Questionados sobre os riscos da automedicação,
76% dos entrevistados (n=57) afirmaram desconhecer os riscos desse
processo e 45% relacionaram os problemas do coração como a
principal complicação trazida pelo processo da automedicação.
Conclusão: De acordo com o encontrado na pesquisa, os resultados
obtidos condizem com a maioria das outras publicações sobre essa
temática e evidencia que o uso de medicamentos, sem a devida
orientação profissional, é uma realidade bastante presente entre os
idosos do nosso país, além do mais, partindo da fragilidade da saúde
dessa população, fica explícita a necessidade de um acompanhamento
mais fidedigno desse processo, com maior ênfase nas orientações
sobre os riscos que a automedicação trás para o indivíduo.
Os portadores de disfunção renal leve apresentam quase sempre
evolução progressiva, insidiosa e assintomática, dificultando o
diagnóstico precoce da disfunção renal. Assim, a capacitação, a
conscientização e vigilância na atenção básica à saúde são essenciais
para o diagnóstico e encaminhamento precoce ao nefrologista,
prevenindo complicações e modificando comorbidades. As duas
principais causas de insuficiência renal crônica são a hipertensão
arterial e o diabetes mellitus. Além destes, outros fatores estão
relacionados à perda de função renal, como glomerulopatias, doença
renal policística, doenças autoimunes, infecções sistêmicas, infecções
urinárias de repetição, litíase urinária, uropatias obstrutivas,
neoplasias e a presença de dislipidemia, obesidade e tabagismo
aceleram a progressão da doença renal. A atuação da enfermagem
inicia-se com a capacitação dos auxiliares de enfermagem e dos
agentes comunitários de saúde. Deve também realizar consultas de
enfermagem abordando fatores de risco, tratamento não medicamentoso, adesão e possíveis intercorrências ao tratamento. Desenvolver
atividades educativas na comunidade visando a promoção de saúde,
desenvolver atividades educativas individuais ou em grupo com os
pacientes hipertensos e diabéticos. Solicitar, durante a consulta de
enfermagem, os exames mínimos. Repetir a medicação de indivíduos
controlados e sem intercorrências; Encaminhar o paciente a consultas
médicas para avaliação periódica da função renal. O enfermeiro deve, a
partir do histórico de enfermagem, avaliar o cliente e identificar
fatores de risco associados a doenças renais, orientá-lo quanto aos
riscos das doenças renais, mudança de hábitos de vida e medidas de
prevenção. O enfermeiro possui importante função como educador,
além do compromisso ético e profissional. Por isso é um dos grandes
responsáveis por incentivar o autocuidado à saúde visto que
desenvolve a atuação mais próxima aos pacientes. Auxiliar na
promoção da saúde coletiva por meio de divulgação das medidas
preventivas para doenças renais, sendo de grande relevância o
conhecimento e adoção dessas medidas pela população, de forma que
se possa reduzir gradativamente a incidência dessas afecções.
Objetivos: Contribuir para a conscientização das pessoas acerca das
medidas preventivas para as doenças renais. Métodos: Estudo
descritivo bibliográfico. Como técnica compreende a leitura, seleção,
fichamento e arquivo dos tópicos de interesse para a pesquisa em
pauta, com vistas a conhecer as contribuições científicas que se
efetuaram sobre determinado assunto já constituído principalmente
livros e artigos científicos5. Resultados: O profissional de enfermagem
deve atuar na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação em
saúde. Na doença renal a atuação da enfermagem se dá por meio das
práticas educativas, acompanhamento de pacientes diabéticos e
hipertensos, rastreamento dos fatores de risco, orientações quanto à
mudança dos hábitos de vida e acompanhamento e avaliação periódica
do cliente. Conclusão: A partir dessas perspectivas pode-se afirmar
que o enfermeiro possui papel imprescindível nas ações de educação
em saúde que visam à precaução das afecções renais através da
orientação e divulgação de medidas preventivas, realizadas principalmente na atenção primária, onde o enfermeiro deve atuar, sobretudo,
de forma humanizada, contribuindo para a diminuição em longo prazo
da incidência dessas morbidades, gerando uma redução do custo
social e econômico do indivíduo.
Atividade educativa do enfermeiro na assistência ao
paciente com doença renal crônica
Atuação do enfermeiro na prevenção de doenças renais
Perdigão ELL1, Saraiva ALO1, Farias AMC1, Santos ECS1, Noleto FB2
1
Almeida JPS1, Costa RS1, Oliveira PS2
2
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Enfermeiro
1
2
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Professora Substituta do Curso de Enfermagem - UFMA
Introdução: A mortalidade e a morbidade das doenças renais
constituem problemas relevantes de saúde pública, porém de baixa
incidência. No entanto, o custo social das doenças renais é desproporcional à sua incidência e tem sido crescente, especialmente no seu
aspecto econômico, o que justifica discutir o assunto prevenção. Para
introduzir os tipos de prevenção possíveis, pode-se classificá-la em
primária, secundária e terciária. Prevenção primária é constituída
pelas intervenções que visam a impedir o surgimento de doenças
renais, a secundária é caracterizada pelas medidas usadas para
rastrear e diagnosticar indivíduos com doenças renais e também para
impedir que estas doenças progridam ao ponto de levar à insuficiência
renal, e a prevenção terciária é aplicada quando o diagnóstico é
definido, e consiste em medidas de tratamento da doença para que
não evolua com complicações, sequelas ou óbito. A detecção precoce
da doença renal e condutas terapêuticas apropriadas para o
retardamento de sua progressão pode reduzir o sofrimento dos
pacientes e os custos financeiros associados à doença renal crônica.
56
Introdução: A insuficiência Renal Crônica provoca uma série de
situação para o paciente com doença renal crônica, que compromete o
aspecto não só físico, como psicológico, com repercussão pessoal,
familiar e social. Na convivência com estes pacientes, ficou clara a
importância da intervenção de enfermagem em busca de amenizar as
limitações consequentes da doença, sendo necessário reaprender a
viver. As mudanças causadas pela doença renal crônica geram
estresse e desencadeiam sentimentos de revolta e conflitos nessas
pessoas, os quais interferem na adesão à sua terapia. Entende-se,
então, a importância de orientar e educar o paciente para que tenha
consciência de sua doença renal, do autocuidado e escolha de terapia
de substituição renal quando ainda se encontra na fase inicial da
doença. Nesse contexto, a prática educativa do enfermeiro necessita,
além de fundamentação científica e da competência técnica,
conhecimento dos aspectos que levam e consideração os sentimentos,
as necessidades e os desejos dos pacientes sob sua orientação. O
desempenho do enfermeiro no papel de educador e como membro da
equipe multidisciplinar, deve visar à identificação dos problemas de
saúde do paciente com doença renal crônica e tentar resolvê-los, junto
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
com ele, mediante uma assistência de enfermagem que proporcione a
esta pessoa uma melhor qualidade de vida. Objetivos: Levantar
produções bibliográficas sobre o papel educativo do enfermeiro na
assistência ao paciente com doença renal crônica buscando identificar
a natureza do conhecimento produzido. Métodos: Esse estudo se
caracteriza como uma pesquisa bibliográfica. Os dados foram
coletados através do levantamento de publicações bibliográficas nas
bases de dados LILACS, SCIELO E MEDLINEA nos anos de 2006, 2007 e
2008; no idioma português; com os descritores: Enfermagem, doença
renal crônica e educação. Os dados foram coletados levando em
consideração o título da obra, local e ano, objetivos, principais
resultados e conclusão. Foram analisadas quatro publicações
científicas sob a perspectiva do papel educativo da enfermagem no
enfrentamento da doença renal crônica. Resultados: A discussão
entre profissional e paciente sobre Insuficiência Renal Crônica, o
impacto da doença e do tratamento é importante, pois através de
informações oferecidas, questionamentos e esclarecimentos o
paciente consegue compreender a doença. Ao se utilizar uma
metodologia conscientizadora é possível facilitar a intervenção do
profissional de maneira adequada porque considera conhecimento, as
percepções e as dúvidas e as necessidades dos pacientes. Constatouse que os pacientes sabem que as principais causas de doença renal
crônica consistem no descontrole da hipertensão e diabetes. Além
disso, a maioria tem conhecimento sobre funcionamento renal e
ocorrência da doença renal crônica. Hábitos de vida saudáveis e a
prática de exercícios físicos são citados pelos pacientes como
importantes para a saúde e melhor qualidade de vida. A inclusão da
família nesse processo de discussão funciona como forma de
conscientização e sensibilização e possibilita o compartilhamento de
experiências e emoções. Verificou-se que após experiências
educativas o paciente começa a “desvelar” a situação; ocorrendo,
portanto, mudanças eu alteram suas atividades e seus comportamentos. Conclusão: Na procura da excelência da assistência de enfermagem ao paciente renal crônico, é necessário que o enfermeiro tenha,
além de fundamentação científica e de competência técnica, também o
conhecimento dos aspectos que levam em consideração os sentimentos e necessidades de tais pacientes. Nesse contexto o enfermeiro
deve estabelecer diálogo com o paciente além de levantar previamente
os conhecimentos e as experiências com o paciente renal crônico. As
ações educativas desenvolvidas pelos enfermeiros proporcionam
compreensão dos elementos básicos da realidade da doença e inclui o
paciente como sujeito ativo no seu tratamento. O conhecimento do
paciente renal crônico sobre seus próprios limites na escolha e adesão
das terapêuticas médicas, nutricional e de enfermagem leva à reflexão
sobre o imperativo de se buscar entender o cotidiano do cliente e seus
modos de viver a vida e sobreviver coma doença renal crônica.
Avaliação clínica de paciente com diagnóstico de
síndrome nefrítica
Rocha Neta AP1, Cardoso KC1, Santos ERS1, Sousa EP1, Mendes GS1
1
Resumos / Abstracts
como exemplo, a melhora em edema, perfusão periférica, orientado
quanto tempo e espaço, melhora na hidratação da pele. Paciente
permaneceu no hospital para tratamento. Conclusões: A utilização do
processo de enfermagem de Wanda Horta na sistematização da
assistência de enfermagem voltada para o paciente com Síndrome
Nefrítica mostrou-se bastante eficiente, analisando os problemas de
enfermagem, as necessidades humanas afetadas e o grau de
dependência favorecendo o cuidado ao paciente.
Avaliação da eficácia do tratamento interdisciplinar em
pacientes com doença renal crônica pré-dialítica
Pontes VRA1, Maia TR1, Lacerda AFS1, Resende AC1, Machado ACMR1, Pinto PS1
1
Programa de Promoção da Saúde - UNIMED Betim - MG
Introdução: Pesquisas recentes têm demonstrado que o diagnóstico
precoce da disfunção renal e a concomitante introdução de cuidados
que tratam e previnem as complicações clínicas decorrentes da perda
de função renal podem retardar a evolução da doença. Objetivo:
Avaliar a evolução da Doença Renal Crônica (DRC) e controle de suas
complicações após 6 meses de tratamento interdisciplinar. Métodos:
Foram inseridos, em programa de atendimento interdisciplinar, 41
pacientes portadores de DRC em tratamento conservador, com taxa de
filtração glomerular < 60 ml/min. Três foram excluídos desta análise
por terem iniciado terapia de substituição renal após 3 meses de
inclusão no programa. Dez pacientes completaram 6 meses de
acompanhamento até o presente momento e foram avaliados. A
equipe é composta por médico nefrologista, enfermeira, nutricionista,
assistente social e psicóloga. Todos os pacientes são assistidos por
sistema de saúde suplementar e reside na região metropolitana de
Belo Horizonte - MG. Os dados foram coletados durante a primeira
consulta do paciente no programa e após 6 meses de tratamento e
foram analisados através do programa estatístico SPSS 16.
Resultados: Dos dez pacientes avaliados, 5 eram do sexo masculino,
80% eram brancos, tinham média de idade de 67,2 +/- 10,2 anos
(mínima 50 e máxima 85anos). A nefropatia diabética foi a causa da
disfunção renal em 40% dos casos, glomerulonefrite crônica em 20%,
nefropatia isquêmica em 20%, nefropatia hipertensiva em 10%. Um
paciente não teve a etiologia definida. Sete pacientes estavam no
estagio 3 da DRC ao iniciarem no programa, dois no estagio 4 e 1 no
estágio 5. HAS e dislipidemia estavam presentes em 90% dos casos e
DM2 em 50%. Após 6 meses de acompanhamento no programa,
observamos uma melhora significativa da função renal, melhor
controle glicêmico, queda nos níveis de potássio, aumento no HDL
colesterol e hemoglobina, conforme mostra a tabela 1 abaixo. Não
observamos diferença nos níveis de pressão arterial, porém os
pacientes já se encontravam com esses níveis controlados ao
ingressarem no programa. Conclusão: Existem múltiplos fatores que
influenciam a doença renal crônica e o atendimento interdisciplinar
contribui para o controle das comorbidades e complicações e para a
diminuição da progressão da doença renal crônica.
Academica do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: A síndrome nefrítica é o correlato clínico da inflamação
glomerular aguda. Esta "inflamação" dos glomérulos pode ocorrer de
forma idiopática, como doença primária dos rins, ou ser secundária a
alguma doença sistêmica, como infecções e colagenoses1. Tem inicio
súbito, nos casos mais graves, manifesta-se por oligúria, edema,
hipertensão arterial, hematúria com cilindros hemáticos, proteinuria
discreta ou moderada e retenção variável, às vezes ausente, de
escórias nitrogenadas (azotemia) no início ou durante sua evolução,
podem faltar alguns desses elementos ou sugerir certas complicações:
IRA, encefalopatia hipertensiva, edema pulmonar, etc. Objetivos: Este
trabalho tem como objetivo identificar as Necessidades Humanas
Básicas (NHB) afetadas em um paciente com Síndrome Nefrítica, além
de elaborar e programar a assistência de enfermagem, com a
observação e avaliação da evolução do paciente aos cuidados
prestados. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo descritivo,
realizado na clinica medica feminina do Hospital Universitário
Presidente Dutra, no período 17 de setembro a 1º de outubro de 2010,
utilizando o processo de enfermagem de Wanda Horta. Resultados:
Durante o período de avaliação clinica da participante, foram
observadas algumas NHB afetadas, dentre elas estão: regulação
vascular, integridade cutaneomucosa, regulação vascular, hidratação,
locomoção, percepção sensorial dolorosa, eliminação. Algumas das
ações desenvolvidas no plano de cuidados envolviam: avaliação dos
sinais vitais diárias, balanço hídrico diário, estimular o paciente para o
autocuidado, informações sobre ingestão hídrica e alimentação,
encorajar atividade alternada com repouso, orientação e hidratação da
pele. Após 13 dias de acompanhamento, o paciente apresentou
evolução favorável para os sinais e sintomas que afetavam suas NHB,
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Avaliação da função renal em pacientes com diabetes
mellitus tipo 2 atendidos em ambulatório
Moraes YAC1, Oliveira GEA1, Dias ICC1, Pontes CEA1, Costa JCB1, Aquino LFS1, Reis
FM1, Lima ARLR1, Paixão TM1, Furtado Neto JFR2
1
2
Acadêmico do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Hospital Universitário - HUUFMA
Introdução: O diabetes mellitus tipo 2 constitui-se num dos principais
problemas de saúde pública em razão de sua elevada prevalência,
complicações crônicas incapacitantes e aumento da mortalidade dos
indivíduos afetados. Os indivíduos diabéticos tipo 2 apresentam
elevado risco de desenvolver insuficiência renal crônica (IRC), quando
comparados à população geral. Objetivo: Avaliar a função renal de
pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2), atendidos em
ambulatório de diabetes mellitus do setor de Endocrinologia do
Hospital Universitário Unidade Presidente Dutra da Universidade
Federal do Maranhão, em São Luís, MA, Brasil. Métodos: Trata-se de
um estudo descritivo, observacional e retrospectivo, realizado a partir
da análise dos prontuários de 141 pacientes com diagnóstico de
diabetes mellitus tipo 2, atendidos entre os meses de maio e agosto de
2009. A função renal foi avaliada por meio da taxa de filtração
glomerular, FG (ml/ min.), calculada a partir da equação de CockcroftGault. Para tal cálculo, utilizaram-se as variáveis como gênero, idade,
peso e creatinina sérica, colhidas na última consulta médica registrada
nos prontuários. Obedeceram-se os critérios de classificação da
função renal utilizados pelas Diretrizes Brasileiras de Doença Renal
57
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
Crônica, publicadas em 2004 pela Sociedade Brasileira de Nefrologia.
A construção do banco de dados e a análise estatística foram
realizadas no Excel 8.0 e Epi Info 2002. Resultados: Foram analisados
100 pacientes, sendo 31 homens e 69 mulheres. Desses pacientes,
29% (n = 29) apresentaram função renal normal, 47% (n = 47),
insuficiência renal leve, 21% (n = 21), insuficiência renal moderada, 3%
(n = 3) apresentaram insuficiência renal severa e nenhum paciente
apresentou insuficiência renal terminal. Entre os homens, a prevalência de função renal normal foi 19,4%, a de IR leve foi 51,6%, a de IR
moderada foi 22,6% e a prevalência de IR severa foi 6,4%. Entre as
mulheres, a prevalência de função renal normal foi 33,3%, a de IR leve
foi 44,9%, a de IR moderada foi 20,3% e a de IR severa foi 1,5%.
Conclusão: Observou-se que não houve casos de insuficiência renal
terminal entre os pacientes analisados. Porém, a elevada prevalência
de IR leve nesses pacientes, especialmente entre os homens, desperta
para a necessidade da realização de medidas educativas indispensáveis à prevenção e ao tratamento da disfunção no grupo, considerando
as complicações associadas a esse quadro.
Avaliação da satisfação com o atendimento ambulatorial
em uma liga de hipertensão na perspectiva da
aceitabilidade do usuário
Caldeira EAC1, Paula RB2, Costa DMN2, Bastos MG2
1
Programa de Pós-Graduação em Saúde - Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF-MG. 2Docente - UFJF-MG
Intrudução: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) constitui um
importante problema de saúde pública e as Doenças Cardiovasculares
(DCV) tem sido principal causa de morte. O tratamento não farmacológico e farmacológico, a mudança no estilo de vida é atualmente, a
melhor opção terapêutica para o paciente com HAS, tanto do ponto de
vista médico, quanto social ou econômico. Uma questão considerada
importante está relacionada à adesão do paciente ao tratamento
proposto. Acredita-se que outros fatores como gestão do modelo da
assistência, integração da equipe de saúde e a satisfação do usuário
também possam interferir na adesão. Para proporcionar maior
segurança terapêutica e controle das complicações clínicas existem
estratégias que são fundamentais. Dentre estas está à avaliação da
satisfação do usuário em relação à sua aceitabilidade em relação ao
serviço que lhe é prestado, o que possibilitará compreender as
expectativas dos pacientes quanto ao atendimento e tratamento
possibilitando desenvolver metodologias para o processo de
planejamento, viabilizando novas diretrizes. Contudo ainda é escassa
a produção científica publicada voltada à satisfação dos usuários com
atendimento e tratamento da HAS. Objetivo: Avaliar a aceitabilidade
dos pacientes hipertensos atendidos no ambulatório da Liga de
Hipertensão do serviço de Nefrologia da Faculdade de Medicina do
HU/CAS da Universidade Federal de Juiz de Fora relacionado aos
serviços que lhe são prestados, onde serão pesquisados alguns dos
fatores determinantes e predisponentes da satisfação/insatisfação do
usuário. Método: Trata-se de um estudo de caráter exploratóriodescritivo centrando-se numa abordagem quantitativa e qualitativa,
onde serão analisados 80 pacientes hipertensos em acompanhamento
ambulatorial na Liga de Hipertensão. Os dados serão coletados através
de entrevista semiestruturada. Empregaremos como dimensões
analíticas: infraestrutura, acessibilidade, relação usuário-equipe de
saúde e o item resolutividade, sendo utilizada a seguinte escala:
excelente, bom, regular, ruim, péssimo e não sei. Posteriormente a
cada questão fechada haverá uma questão aberta com questões
norteadoras no qual se trata cada dimensão em estudo. Para análise
dos dados quantitativos utilizaremos o software SAEG® versão 9.1 e
para os dados qualitativos usaremos análise de conteúdo segundo a
vertente temática abordada nas entrevistas. Resultados: A análise dos
resultados possibilitou identificar que 72,5% da amostra eram
compostas pelo sexo feminino, a faixa etária de 36% estava entre 51 a
60 anos, 81% dos sujeitos não possuíam plano de saúde e 77,5%
afirmaram como motivo para procura do serviço as suas queixas e em
relação à satisfação do usuário com o atendimento, foi possível
identificar que 48% referem como bom a infraestrutura, 42% relatou
como bom a acessibilidade ao serviço e a relação usuário equipe de
saúde. Quando analisada todas as dimensões juntas percebe-se uma
grande aceitabilidade por parte do usuário em relação ao serviço, onde
44% afirmaram como bom e 36% como excelente. Conclusão: Esperase com esse estudo fornecer dados científicos confiáveis sobre a
satisfação e expectativa do paciente em relação à qualidade do serviço
que lhe é oferecido, assim como disponibilizar resultados que poderão
ser utilizados pelos profissionais para o planejamento, organização da
assistência e aderência dos pacientes com doenças crônicas atendidos
em programas de atenção à saúde a nível primário e secundário.
58
Avaliação do bloqueio da aldosterona sobre parâmetros
metabólicos e renais na síndrome metabólica
Ezequiel DAG1, Lovisi JCM1, Costa MB1, Paula RB1, Bastos MB1, Bicalho TC2, Barros
FC2, Souza Junior SF2
1
Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa em Nefrologia - Universidade
Federal de Juiz de Fora - UFJF - MG. 2Acadêmicos do Curso de Medicina - UFJF - MG
Introdução: Nos últimos anos, a aldosterona tem sido implicada na
fisiopatologia da síndrome metabólica (SM), bem como da hipertensão
arterial a ela associada, entretanto, o impacto do uso de antagonistas
da aldosterona neste grupo de indivíduos ainda não foi avaliado.
Objetivo: Avaliar os efeitos do bloqueio da aldosterona sobre a
pressão arterial, parâmetros metabólicos e renais, em portadores de
SM. Métodos: Foram avaliados 19 indivíduos não diabéticos com SM
através de exame clínico e exames laboratoriais (teste oral de
tolerância à glicose, insulina basal, perfil lipídico, ácido úrico,
creatinina, potássio, aldosterona plasmática e atividade plasmática da
renina, além de avaliação da hemodinâmica renal pela dosagem da
microalbuminúria e da depuração da creatinina. O comportamento
pressórico foi avaliado pela monitorizarão ambulatorial da pressão
arterial. Todos os pacientes receberam espironolactona, na dose de 25
a 100mg/dia e, após um período de 16 semanas, foram reavaliados.
Resultados: A média de idade foi de 44,7 ± 10,23 anos e do índice de
massa corporal de 35,4 ± 4.72 kg/m2. Após a administração de
espironolactona, a pressão arterial sistólica e a pressão arterial
diastólica de consultório reduziram de 136,9 ± 10,60 mmHg para
120,8 ± 5,74 mmHg (p = 0,001) e de 89,0 ± 11,40 para 79,2 ± 4,79
mmHg (p = 0,005), respectivamente. Após o uso de espironolactona,
observou-se elevação dos níveis plasmáticos de aldosterona de 6,6 ±
4,31 ng/dL para 25,7 ± 13,19 ng/dL (p = 0,000) e de colesterol HDL de
41,5 ± 10,46 mg/dL para 46,3 ± 6,87 (p = 0,01). Os níveis plasmáticos
de triglicérides, bem como da glicemia de jejum antes e após o
bloqueio da aldosterona foram semelhantes. Além disso, a depuração
da creatinina variou de 124,9 ± 33,16 para 118,4 ± 27,82 (p=0,37 e a
excreção urinária de albumina reduziu de de 28,1 ± 45,67 mg/24
horas para 18,7 ± 34,23 mg/24 horas (p=0,05) , após o uso de
espironolactona. Conclusão: o bloqueio da aldosterona em pacientes
com SM atenuou a hiperfiltração glomerular, reduziu a pressão arterial
e apresentou impacto positivo sobre parâmetros metabólicos.
Avaliação das características da hipertensão arterial em
pacientes atendidos em um ambulatório de nefrologia
Rodrigues Neto ÁMS1, Silva FC1, Oliveira ACCM1, Reis FM1, Ribeiro JVF1, Siqueira
TMA1, Lages JS2, Bui DSS2, Salgado Filho N3
1
Acadêmico do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Hospital Universitário - HUUFMA. 3Docente do Curso de Medicina - UFMA
2
Introdução: Conceitua-se hipertensão arterial sistêmica (HAS) como
uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e
sustentados de pressão arterial. Desde 1835, quando Richard Bright
descreveu uma doença na qual a necropsia mostrava pacientes com rins
contraídos e coração hipertrofiado, o aumento do nível pressórico tem
sido ligado à doença renal. Estudos têm demonstrado que a hipertensão arterial e a função renal estão intimamente relacionadas, podendo a
hipertensão ser tanto a causa como a consequência de uma doença
renal. Além disso, o controle adequado da pressão arterial retarda a
progressão da doença renal crônica. Nesse sentido, o controle rigoroso
da pressão arterial é da maior importância para minimizar a progressão
da disfunção renal, uma vez que o grau de agressão renal secundária à
hipertensão é proporcional ao nível pressórico do paciente, além de
diminuir o risco de doença cardiovascular frequentemente associada.
Objetivos: Avaliar as características da HAS em pacientes atendidos em
um ambulatório de Nefrologia. Métodos: Este estudo retrospectivo e
transversal analisou o primeiro atendimento de 105 pacientes no
Centro de Prevenção de Doenças Renais do Hospital Universitário
Presidente Dutra, ocorrido no período de novembro de 2009 a
setembro de 2011. Os prontuários desses pacientes foram revistos e os
dados clínicos transcritos em ficha padronizada. O diagnóstico de HAS
foi considerado na presença de tratamento prévio para esta patologia
ou de níveis pressóricos ≥ 140/90 mmHg. A pressão arterial foi
classificada de acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão e
a taxa de filtração glomerular (TFG) dos pacientes foi calculada pela
fórmula validada no estudo MDRD (Modification of Diet in Renal
Disease). Foi considerado com disfunção renal o paciente que
apresentou TFG menor que 60 ml/min/1,73m2. A análise estatística foi
realizada no programa SPSS® versão 17.0. Os dados foram apresentados na forma de média e desvio padrão ou mediana e variação máxima e
mínima. Foi empregado o teste t de Student para amostras independentes e o teste do qui-quadrado para comparação entre grupos. O nível de
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
significância foi definido como p < 0,05. Resultados: Foram avaliados
105 pacientes, com média de idade de 52,6 ± 15,8 anos (17-84 anos),
sendo 50,5% do sexo masculino. Do total de pacientes, 37,2% eram
diabéticos, 16,9% eram tabagistas e 35,7% eram etilistas. Oitenta e três
pacientes (79%) apresentaram diagnóstico de HAS, sendo que 26,5%
destes desconheciam esta condição. Dentre os pacientes hipertensos,
observou-se que 47,2% pertenciam ao grupo de hipertensão em estágio
3 (pressão arterial sistólica ≥180 mmHg e/ou pressão arterial diastólica
≥ 110mmHg). Os pacientes com diagnóstico de HAS apresentaram
menor média de idade que os pacientes sem este diagnóstico 55 ± 14,8
anos vs. 43,4 ± 16,5 anos (p=0,002). Os pacientes com hipertensão
também apresentaram maior prevalência de diabetes mellitus, com
42,1% vs.16,7% (p=0,045), e de disfunção renal, com 59% vs. 36,4%
(p=0,049). Não houve diferença estatisticamente significativa entre os
grupos de pacientes diagnosticados com HAS e os não diagnosticados
quando se avaliou as variáveis do sexo, etilismo e tabagismo. Do total
de pacientes, 33,3% apresentavam hipertensão em estágio 3 e 23,8%,
uma combinação de hipertensão em estágio 3 e disfunção renal
(p=0,005). Conclusão: Os achados do estudo demonstram que a
maioria dos pacientes atendidos no serviço apresentava HAS. A
associação entre hipertensão em estágio 3 e disfunção renal foi
observada em quase 25% dos pacientes, o que ressalta a maior
propensão do estágio mais avançado de hipertensão ao desenvolvimento de doença renal. Esse dado, associado ao alto índice de
desconhecimento do diagnóstico de hipertensão, nos chama a atenção
para a importância de um diagnóstico precoce da hipertensão arterial e
do intensivo controle da mesma como forma de prevenir o estabelecimento e/ou a progressão de uma disfunção renal nesses pacientes.
Avaliação do conhecimento de uma população quanto à
presença de fatores de risco para doença renal crônica
Bonfim TCC1, Pádua Netto LC2, Costa EN3, Pádua Netto MV3, Lima HV4
Acadêmico de Medicina - Faculdade de Medicina de Araguari - MG. 2Docente da
Faculdade de Medicina - Araguari - MG. 3Universidade Federal de Uberlândia - UFUMG. 4Instituto Nefrológico de Araguari - MG
Resumos / Abstracts
em pacientes com diferentes patologias renais pode ser retardada ou
até interrompida com o controle nefrológico adequado. Objetivo:
Avaliar as características clínicas e epidemiológicas dos pacientes
portadores de doença renal crônica ao iniciarem tratamento
conservador em programa com atendimento interdisciplinar.
Métodos: Foram avaliados 41pacientes, portadores de doença renal
crônica, ao iniciarem tratamento conservador em programa de
atendimento interdisciplinar. Todos os pacientes tiveram pelo menos
uma consulta com o nefrologista antes de iniciarem no programa.
Todos os pacientes são assistidos por sistema de saúde suplementar e
reside na região metropolitana de Belo Horizonte - MG. Os dados
foram coletados durante a primeira consulta do paciente no programa
e analisados através do programa estatístico SPSS 16. Resultados: Dos
41 pacientes avaliados, 23 (56%) eram do sexo masculino, 68,3% eram
brancos e tinham média de idade de 63,7anos (mínimo 26 e máximo
86). Ensino fundamental incompleto é o nível de escolaridade de 73,2%
dos pacientes, sendo que apenas 1 paciente tem ensino superior
completo. A maioria dos pacientes encontravam-se no estágio 3 da
DRC (68,3%), 17,1% estavam no estágio 4 e 5 pacientes (12,2%) já
entraram no programa no estágio 5 da DRC. Sessenta e um por cento
dos pacientes são aposentados e somente 10 pacientes (24,4%) ainda
são parte da população economicamente ativa do país. Nefropatia
diabética foi a causa mais frequente da doença renal crônica (36,6%),
seguida por glomerulonefrite crônica em 19,5% dos casos. Três ou
mais comorbidades estavam presentes em 75,6% dos pacientes, sendo
que 87,8% eram hipertensos, 53,7% diabéticos, 63,4% tinham
dislipidemia, 31,7% eram cardiopatas. Hepatite B foi diagnosticada em
5 pacientes (12,2%). Cinquenta e oito por cento dos pacientes já
haviam sido vacinados para hepatite B ou tinham iniciado esquema de
vacinação. A pressão arterial estava controlada em 73,2% dos casos e a
hemoglobina glicosilada era menor que 7% em 48,7% dos diabéticos.
Anemia foi encontrada em 24,4% da população estudada. Conclusão:
Pacientes portadores de DRC apresentam múltiplas comorbidades e
necessitam de acompanhamento multidisciplinar para manter um
controle adequado e retardar a progressão da doença.
1
Introdução: Algumas doenças renais podem permanecer silenciosas
por meses ou anos, e diante do grande aumento do número de pacientes
portadores de Doença Renal Crônica (DRC) no mundo, faz-se necessário
a detecção precoce de fatores de risco como a Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus entre a população. Como essas
patologias podem estar ligadas a fatores hereditários, é importante que
se conheça o histórico familiar para essas doenças, com finalidade na
prevenção e na detecção precoce da DRC. Objetivo: Avaliar o conhecimento da população sobre as principais patologias associadas à DRC e o
histórico familiar das mesmas, com a finalidade de alertar sobre a
importância de se conhecer os riscos dessas doenças que normalmente
se apresentam de forma assintomática antes de atingir estágios mais
avançados. Por isso, é importante que as pessoas com grupo familiar de
risco procurem assistência médica, a fim de evitar o surgimento da DRC.
Métodos: Durante o Dia Mundial do Rim do ano de 2010, foi realizada
uma entrevista com pacientes atendidos no ambulatório de clínica
médica a respeito do conhecimento de patologias associadas à DRC. A
entrevista foi realizada através do preenchimento de questionário da
campanha Previna-se da Sociedade Brasileira de Nefrologia.
Resultados: Foram entrevistadas 179 pessoas, sendo 155 do sexo
feminino e 24 do sexo masculino, destes se declararam como brancos
88, como pardos 60, como negros 18 e como amarelos 13. Sobre o
conhecimento de ser portador ou não das principais patologias
associadas à Doença Renal Crônica, 84% dos entrevistados afirmaram
não ser diabéticos, 66% afirmaram não ser hipertensos e 75% afirmaram
não possuir doença renal; quanto ao histórico familiar, 53% afirmaram
possuir parente diabético, 69% afirmaram possuir parente hipertenso e
34% afirmaram possuir parente com doença renal. Conclusão: A
amostra de dados coletada permitiu concluir que é necessário despertar
a atenção da população para a importância de prevenir e tratar a DRC nas
suas fases iniciais, já que é grande o número de pessoas com fator de
risco predisponente a mesma.
Características epidemiológicas dos pacientes
participantes de programa interdisciplinar de
tratamento conservador de Doença Renal Crônica
Maia TR1, Resende AC1, Pontes VRA1, Lacerda AFS1, Machado ACMR1, Pinto PS1
1
Programa de Promoção da Saúde - UNIMED Betim - MG
Introdução: Sabe-se que a progressão da Doença Renal Crônica (DRC)
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Cateterismo vesical no tratamento de bexiga
neurogênica - ações de enfermagem
Albuquerque IC1, Cacau MP1, Macedo DC1, Andrade BC1, Menezez CDS2, Alves SMA3
1
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Residência de Enfermagem - Hospital Univesitário - HUUFMA. 3Residência
Multiprofissional - Hospital Universitário - HUUFMA
2
Introdução: Bexiga neurogênica é uma expressão habitualmente
utilizada para designar disfunção vesico-esfincteriana decorrente de
lesão do sistema nervoso. Como complicação pode ocorrer infecção
urinária a mais comum, urolitíase pela desmineralização óssea por
causa de repouso prolongado no leito e até deterioração renal que
resultam da estase urinária com aumento da pressão vesical para as
vias urinárias superiores. O cateterismo vesical intermitente tem sido
recomendado como método de escolha para promover o esvaziamento
e reeducação vesical de pacientes de bexiga neurogênica. Devido à sua
alta incidência e significância, medidas preventivas devem ser adotadas
com o objetivo de reduzir complicações e custos subsequentes, uma
vez que, as atuais políticas administrativas visam à obtenção da melhor
qualidade na assistência com a maior redução dos gastos na prestação
dos serviços. Objetivo: Demonstrar as ações de enfermagem na
realização do cateterismo vesical de demora no tratamento de bexiga
neurogênica. Métodos: O trabalho tem enfoque descritivo a partir de
pesquisa bibliográfica em artigos do banco de dados eletrônicos
LILACS, IBECS, MEDLINE e SCIELO, compreendendo a publicação de
2002 a 2010. Foram encontrados 14 artigos. O período de pesquisa foi
de 10 de junho a 15 de outubro de 2011. Resultados: Os estudos
demostram que a bexiga neurogênica resulta em uma micção
frequente e relativamente descontrolada. Esta condição se origina de
lesão parcial da medula espinhal ou tronco cerebral que interrompe a
maior parte dos sinais inibitórios. Portanto, os impulsos facilitadores
que continuam passando à medula mantêm os centros sacrais tão
excitáveis que até mesmo uma pequena quantidade de urina origina
um reflexo da micção incontrolável, desta forma promovendo micções
frequentes. Pode ser classificada como de origem congênita ou
adquirida, sendo esta última por causa de problemas orgânicos ou
traumáticos. O tratamento visa a manutenção da função renal, além da
adequação social do paciente, em função da adaptação à eliminação de
urina e ausência de infecções urinárias sintomáticas. Dentre as
alternativas para tratamento há a sondagem vesical, pois proporciona
um esvaziamento vesical completo, resultando em menor ocorrência
de lesão renal, chegando a alguns casos a proporcionar a continência
urinária do paciente. O cateterismo vesical consiste na introdução de
um tubo plástico (sonda) ou de borracha, através da uretra dentro da
59
Resumos / Abstracts
bexiga para drenar a urina. A equipe de enfermagem tem um papel
fundamental na prevenção de infecção do trato urinário, pois é ela que
instala, mantém e retira a sonda vesical, além da colaboração do
paciente em cuidar para que esses cuidados tenham sucesso. Muito
embora o uso de cateteres uretrais tenha trazido grandes benefícios
para inúmeros pacientes, a prática desta cateterização trouxe, também,
problemas e riscos potenciais relacionados ao manuseio do trato
urinário. O prognóstico de pacientes com bexiga neurogênica está
relacionado com a precocidade do diagnóstico e adequado tratamento
para reduzir infecções urinárias e preservar o trato genitourinário
superior. A ampliação do conhecimento sobre as alterações na
eliminação urinária que ocorrem nos pacientes portadores de bexiga
neurogênica baseado num julgamento clínico e tomada de decisão
permite ao enfermeiro buscar as melhores alternativas de tratamento e
cuidados de enfermagem para reabilitação e manutenção da saúde
destes pacientes. Conclusão: Por se tratar de uma afecção crônica, o
cuidado correto é imperativo para minimizar as sequelas, principalmente a lesão renal, além de fornecer estratégias para uma qualidade de
vida melhor. Estes fatos parecem indicar a necessidade de um
investimento anterior à prática profissional, na formação acadêmica,
que tem se mostrado deficiente quanto ao ensino e a prática do
controle de infecção.
Construindo saberes em nefrologia: a produção de
conhecimento sobre doença renal crônica
Santos RC1, Faria de NV1, Moraes EDL1, Costa AIS2, Batista TS2, Bezerra MLR2, Sousa
AA2, Ribeiro PRS3
ISSN-2179-6238
hemodiálise eu morro” P89. No que diz respeito às dúvidas sobre a
mesma, predominaram aquelas relacionadas às possibilidades de cura
pelo transplante renal e à etiologia da doença exemplificada pelas
seguintes falas: “a hemodiálise estraga ainda mais os rins?” P56,
“existe cura sem transplante?” P23, “porque que os meus rins
murcharam?” P07. Desse modo, as atividades educativas desenvolvidas neste trabalho concentraram-se em palestras e discussões sobre
anatomia e fisiologia do sistema renal humano, sobre os mecanismos
que causam a DRC e as possíveis formas de tratamento. Dessa forma,
foi possível fornecer aos pacientes informações que possam permitir
melhor conhecimento da sua doença e assim contribuir para uma
melhor qualidade de vida dos mesmos. Observou-se que, durante as
palestras, o interesse e a vontade dos pacientes em compreenderem
melhor o seu processo patológico, assim como também percebemos a
boa aceitação das atividades através das falas proferidas: “gostei muito
dessa explicação e agora entendo melhor como adoeci” P32.
Conclusão: A partir da realização deste trabalho percebeu-se a
necessidade de maior atenção aos pacientes com DRC em tratamento
hemodialítico, por parte das equipes multidisciplinares que
acompanham estes pacientes, principalmente com aqueles pacientes
com idade acima de 60 anos (idosos) e detentores de menor grau de
escolaridade. Assim, será possível permitir que eles possam conhecer
melhor sua doença, tendo em vista que o grau de conhecimento da
patologia por parte do paciente pode contribuir para a melhor adesão
ao tratamento e assim colaborar para a melhoria da sua qualidade de
vida. Além disso, através da articulação entre o ensino, a pesquisa e a
extensão realizada neste trabalho, foi possível a promoção de
mudanças significativas nos processos de construção do conhecimento, melhorando a formação dos acadêmicos e colaborando também
com os serviços de saúde desenvolvidos na sociedade.
1
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Imperatriz - Universidade Federal do
Maranhão - UFMA. 2Enfermeira. Docente da UFMA - Imperatriz
Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é conceituada como uma
síndrome irreversível e progressiva das funções glomerular, tubular e
endócrina dos rins (National Kidney Foundation, 2002). Os rins
tornam-se, portanto, incapazes de manter o equilíbrio metabólico e
hidroeletrolítico do corpo resultando em uremia (Smeltzer et al.,
2008). Os principais sinais e sintomas da sintomatologia urêmica são:
fraqueza, fadiga, confusão mental, cefaléia, prurido, edema, hálito de
amônia, náusea, vômito, anorexia, constipação, diarréia, anemia,
infertilidade, cãibras musculares, osteodistrofia renal, entre outros
(Smeltzer et al., 2008). As doenças mais comuns que podem causar a
DRC são: diabetes, hipertensão arterial, glomerulonefrite e rins
policísticos (Draibe e Ajzen, 2005). O tratamento da DRC condiciona o
paciente a realizar Terapia Renal Substitutiva (TRS) disponível na
forma de Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (DPAC), Diálise
Peritoneal Automatizada (DPA), Diálise Peritoneal Intermitente (DPI),
Hemodiálise (HD) e o transplante renal. A hemodiálise é um dos tipos
de diálise amplamente utilizada no tratamento de clientes com DRC, e
consiste na depuração do sangue através de uma membrana
semipermeável, utilizando, para tanto, a ultrafiltração e o princípio de
difusão e pressão osmótica, a média de sessões semanais é de três,
por um período de três a quatro horas por sessão (Smeltzer et al.,
2008). Segundo Teixeira e Lefèvre (2001) verificar o grau de
conhecimento de pacientes sobre sua patologia pode proporcionar
medidas efetivas para melhorar o benefício da terapêutica. Nesse
contexto, a educação em saúde é relevante para o êxito no tratamento
de pacientes e da prevenção de suas complicações. Deste modo, o
objetivo do presente estudo foi realizar atividades de educação em
saúde que colaborem para o acréscimo de informações sobre a DRC
aos pacientes em tratamento hemodialítico por serem portadores
desta patologia. Métodos: Para tanto, inicialmente foram realizadas
entrevistas através de um roteiro previamente estruturado com 179
pacientes portadores de DRC atendidos na Clínica de Doenças Renais
(CDR) localizada no Município de Imperatriz - MA. Estas informações
foram utilizadas para subsidiar o planejamento das atividades
educativas desenvolvidas nesta clínica. Posteriormente, foram
realizadas palestras, com duração média de quarenta minutos e, em
seguida, foi realizado um debate sobre a temática discutida, de modo
a esclarecer as dúvidas dos pacientes que participaram das palestras.
Para a realização das mesmas os pacientes foram divididos em grupos,
de 4 a 8 pacientes, totalizando 29 grupos. Logo foram ministradas 29
palestras para um total de 179 pacientes, no período de janeiro a abril
de 2011. Resultados: A partir da análise dos dados resultantes das
entrevistas, observou-se que a população em estudo foi composta em
sua maioria por indivíduos do sexo masculino (70,3%); com faixa etária
entre 51 a 55 anos (18,7%) e detentores do ensino médio incompleto
(44,0%). Quando indagados sobre a DRC, 75% dos pacientes
demonstraram apresentar algum entendimento a respeito da
patologia e 25% alegaram não conhecer informações sobre a DRC,
confirmadas pelas falas: “é uma doença muito perigosa, que prejudica
o corpo todo, é somente isso que sei” P4, “só sei que se não fizer
60
Comparação entre as fórmulas Cockcroft-Gault, MDRR e
CKD-EPI para estimativa da função renal
Siqueira TMA1, Matias KSM1, Rodrigues Neto AMS1, Azevedo FS1, Silva FC1, Brito
DJA2, Lages JS2, Bui DSS2, Salgado Filho N3
1
Acadêmico de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Hospital
Universitário - HUUFMA. 3Docente do Curso de Medicina - UFMA
Introdução: A avaliação acurada da função renal através da medida da
Taxa de Filtração Glomerular (TFG) é fundamental na rotina clínica,
pois é parte decisiva do diagnóstico e da terapêutica da Doença Renal
Crônica (DRC). A avaliação da filtração glomerular tem como padrãoouro o clearance de inulina, mas na prática clínica é feita utilizando-se
a creatinina plasmática como marcador fisiológico e o clearance de
creatinina pela coleta de urina de 24 horas (ClCRU24h). A creatinina
plasmática não se constitui num marcador de filtração adequado, pois
sofre interferências metodológicas de dosagem laboratorial,
apresenta excreção tubular e varia com o peso e a idade. Na tentativa
de corrigir os erros de medida da avaliação da filtração glomerular
através da creatinina, algumas fórmulas foram desenvolvidas e estão
sendo avaliadas nos diferentes grupos populacionais, dentre estas,
pode-se citar as fórmulas de Cockcroft-Gault (CG), do Modification of
Diet in Renal Disease (MDRD) e da Chronic Kidney Disease
Epidemiology Collaboration (CKD-EPI). No entanto, a fórmula de CG
superestima a função renal nos extremos de idade e peso e o MDRD
correlaciona-se melhor com pacientes para pacientes com depuração
maior que 60 mL/min e com diabetes melitus. A CKD-EPI é uma
fórmula proposta Levey et al. em 2009, derivada do MDRD, com a
característica de apresentar melhor correlação com o ClCRU24h. A CKDEPI foi criada no intuito de substituir o ClCRU24h, o CG e o MDRD na
prática clínica. Objetivo: Comparar a estimativa da TFG obtida pelo
ClCRU24h com as obtidas pelas equações de CG, MDRD e CKD- EPI nos
pacientes atendidos em um ambulatório de Nefrologia. Métodos:
Estudo transversal, retrospectivo e quantitativo, no qual foram
incluídos 60 pacientes atendidos no Centro de Prevenção de Doenças
Renais do Hospital Universitário Presidente Dutra, no período de
novembro de 2009 a setembro de 2011. Foram analisados os valores
do ClCRU24h e calculadas as TFG em ml/min/1,73m2 pelas fórmulas de
CG, MDRD com quatro variáveis (idade, raça, sexo e creatinina sérica) e
CKD-EPI. Esses dados foram obtidos do primeiro atendimento dos
pacientes a partir da revisão de prontuários. Na análise estatística
utilizou-se o programa SPSS 17.0®. Os dados foram apresentados na
forma de média e desvio padrão ou mediana e variação máxima e
mínima. As correlações entre a TFG estimada pelo ClCRU24h e a
calculada pelas fórmulas CG, MDRD e CKD-EPI foram analisadas pelo
teste de regressão linear, e foram apresentados os coeficientes de
correlação de Pearson. Para avaliar a concordância entre a TFG
estimada pelo ClCRU24h e a calculada pelas fórmulas, aplicou-se o
gráfico de Bland e Altman. O nível de significância foi definido como p
< 0,05. Resultados: Foram avaliados 60 pacientes, com média de
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
idade de 52,87 ± 15,21 anos (18 a 84 anos), sendo 31 mulheres
(51,7%). A mediana de creatinina foi de 1,96 mg/dL (0,4-8,8 mg/dL). A
mediana do ClCRU24h foi de 59,21 mL/min/1,73m2 (7,5-170); a do CG,
de 50,59 mL/min/1,73m 2 (9,27-248,21); a do MDRD, de 51,24
mL/min/1,73m2 (4,75-196,1) e a do CKD-EPI, de 53,07
mL/min/1,73m2 (4,72-146,25). Houve uma correlação positiva forte e
significante entre os valores da TFG estimados pelo ClCRU24h e pelas
fórmulas de CG (r=0,814; p<0,001), MDRD (r=0,89; p<0,001) e CKDEPI (r=0,884; p<0,001). A média de diferença entre o ClCRU24h e o CG
foi de –3,6 mL/min/1,73m2; com limite de concordância (LC) de -63,2 a
56,1 mL/min/1,73m2; a média de diferença entre o ClCRU24h e o MDRD
foi de 4,7 mL/min/1,73m2; com LC de -34,2 a 43,6 mL/min/1,73m2;
enquanto a média de diferença entre o ClCRU24h e o CKD-EPI foi de 4,9
mL/min/1,73m2; com LC de -34 a 43,7 mL/min/1,73m2. Conclusão:
As TFG estimadas pelas fórmulas de CG, MDRD e CKD-EPI estão
correlacionadas com a TFG estimada pelo ClCRU24h. Porém, as
fórmulas MDRD e CKD-EPI mostraram maior concordância com o
ClCRU24h nesta população.
Conhecimento nutricional de pacientes dialíticos sobre
fósforo e potássio na cidade de Imperatriz - MA
Costa EGL1, Silva VAC1, Rodrigues TS1, Silva EHS1, Aquino LFS1, Nunes SFL2
1
2
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Docente da UFMA
Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é uma lesão com perda
progressiva e irreversível da função dos rins. Na fase mais avançada
dessa patologia os rins não conseguem mais manter a homeostase
funcional no paciente, e devido a ela a prevalência de indivíduos
mantidos em programa crônico de diálise mais que dobrou nos
últimos oito anos, tornando assim a DRC um importante problema de
saúde pública. Os pacientes renais crônicos apresentam uma
diminuição na filtração glomerular e na sua capacidade de eliminação
do fósforo, e a hemodiálise em seu processo funcional não se faz
eficaz na remoção desse mineral, podendo assim ocorrer a hiperfosfatemia (fósforo sérico acima de 5,5 a 6,0 mg/dl). Para conservar níveis
reduzidos de fósforo sérico deve-se ocorrer uma restrição na ingestão
dietética dos pacientes dialíticos. Portanto o controle da ingestão de
fósforo se torna importante para o combate da hiperfosfatemia, tendo
em vista que ela é um dos possíveis fatores de mortalidade em
pacientes dialíticos. É importante salientar, que a DRC também pode
levar ao quadro de hipercalemia devido a diminuição da Taxa de
Filtração Glomerular (TFG), ocasionando assim o acúmulo de potássio
no organismo que pode provocar graves disfunções cardíacas. O
aconselhamento nutricional é rotineiramente utilizado para educar os
pacientes com relação à quantidade de fósforo e potássio nos
alimentos, e a vigilância constante na alimentação dos pacientes
dialíticos deve ser monitorada primordialmente pelos profissionais da
saúde da devida área que devem acompanhá-los e orientá-los em
caráter permanente. Objetivos: Caracterizar o conhecimento dos
pacientes quanto aos alimentos ricos em fósforo e potássio. Métodos:
As bases metodológicas foram caracterizadas por sua natureza como
descritiva e a aplicação quanto ao problema foi quantitativa. Utilizouse como instrumento um questionário semiestruturado composto de
perguntas fechadas e diretas, aplicados por alunos do Curso de
Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão, onde foram
viabilizados 52 questionários aos pacientes, no período de agosto a
outubro de 2011, que compreenderam os grupos dos dias de terça,
quinta e sábado. Resultados: Os resultados obtidos apontam que
63,46% (33) responderam que desconhecem tais alimentos, 26,92%
(14) disseram que são conscientes dessa questão nutricional e 9,6% (5)
não responderam. Diante dos resultados expostos observou-se um
déficit de empoderamento na população dialítica sobre a questão
nutricional dos minerais: fósforo e potássio, pois a maioria desconhece sobre as implicações desses minerais em seu organismo, ao passo
que quando comparado aos estudos anteriores evidencia-se uma
realidade oposta a encontrada no atual estudo. Conclusão: Em virtude
desse fato, sente-se uma necessidade de reverter esse quadro de
déficit de conhecimento nutricional. A pesquisa proporcionou maior
conhecimento da realidade desses pacientes, contribuindo para
possíveis implementações de ações mais eficientes para a solução do
problema identificado. Essas ações em parceria com as Universidades
podem ser desenvolvidas através de atividade lúdicas complementares aos pacientes, objetivando a orientação sobre aos conhecimentos
científicos de forma prática, acessível e dinâmica.
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Resumos / Abstracts
Doença contemporânea: desafios e controle da
hipertensão arterial no bairro da aurora, São Luís - MA
Santos RS1
1
Acadêmico - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: Para se analisar os desafios do controle da Hipertensão
Arterial no bairro da Aurora e adjacentes, São Luís - MA, tem que se
levar em conta que, o frenético ritmo de vida experimentado pela
sociedade contemporânea, sobretudo após a Revolução Industrial,
tem determinado mudanças significativas nos padrões comportamentais, esse fenômeno pode ser observado claramente nos grandes
centros urbanos onde a população se torna escrava da ditadura do
relógio, não tem tempo para a prática de esportes, para uma
alimentação saudável, é obrigada a substituir as principais refeições
por lanches rápidos na rua, na maioria dos casos, esses alimentos, são
enlatados de origem industrial, contém alto teor calórico, gorduras
saturadas e uma elevada concentração de sódio, devido aos
conservantes, fato esse, que tem desencadeado uma série de doenças
silenciosas, dentre elas destaca-se a hipertensão arterial. Objetivo: O
presente projeto de pesquisa justifica-se à medida que tem por
objetivos principais, analisar os fatores que desencadeiam a
hipertensão arterial, identificar as dificuldades encontradas para o
controle da hipertensão arterial e caracterizar que mudanças de hábito
que a pessoa com hipertensão arterial deve incorporar ao seu
cotidiano. Métodos: O estudo foi embasado nas normas de uma
pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, com base nas
palavras de Rudio (2001), descrever é narrar o que acontece e, desta
forma, a pesquisa descritiva está interessada em descobrir o que
acontece; conhecer o fenômeno, procurando interpretá-lo, interessarse pelo cotidiano, situar-se num contexto de descobrimento, importarse mais com os significados do que com a frequência dos fatos e deve
buscar o específico e o local para encontrar padrões, não estando
atado ao modelo teórico. Resultados: Os dados, para serem
interpretados e observados de forma plena em características
específicas do estilo de vida, tiveram que ser quantificados inicialmente para que depois se processasse a análise de conteúdo que, “em sua
história mais recente, isto é, enquanto técnica de tratamento dos
dados considerada cientificamente é caudatária das metodologias
quantitativas, buscando sua lógica na interpretação cifrada do
material de caráter qualitativo.” (Minayo, 2000, p.202), procedeu-se à
análise com dados numéricos; mas que, no geral, formaram
características mais amplas que são os hábitos e costumes, quando
somados indicaram um padrão e estilos, para que em seguida fossem
agrupados e caracterizados, para a coleta de dados foi utilizado o
questionário que constou de três quadros divididos por assuntos, o
quadro I indagou sobre o histórico familiar e se era portador de HAS,
quadro II abordou os fatores de risco e quadro III é referente às
medidas do corpo e hábitos alimentares, ao final, há uma lacuna para
inserir os valores pressóricos mensurados, este último item foi
coletado duas vezes em semanas diferentes, seguindo as normas de
aferição da pressão arterial (PA) segundo o III Consenso Brasileiro de
Hipertensão Arterial (CBHA) (Brasil, 2001), os sujeitos da pesquisa
foram 30 pacientes portadores de Hipertensão Arterial maiores de 60
anos residentes no bairro da Aurora, São Luis Maranhão, pois se
objetivou conhecer o estilo de vida do grupo, destacando os fatores de
risco para hipertensão arterial, estabeleceram-se critérios de que os
pacientes que poderiam participar da amostragem, elegeu-se um
grupo heterogêneo porque, desta forma, conseguiu-se visualizar as
diversidades e as similaridades existentes entre indivíduos que estão
inseridos em uma rotina de vida em seu trabalho. Conclusão:
Identificar as dificuldades encontradas para o controle da hipertensão
arterial e o paciente se adaptarem e incorporar as mudanças de hábito
ao seu cotidiano não é uma tarefa fácil, diante da realidade assinalada
é necessário aumentar o grau de conhecimento dos moradores do
bairro da Aurora sobre a importância da prevenção e controle da
hipertensão arterial, nessa perspectiva, o primeiro passo é a educação
em saúde na tentativa de desenvolver e estimular o processo de
mudança de hábitos e transformação no modo de viver desta
comunidade, essa atividade deve ser realizada de forma contínua por
meio de ações individualizadas, elaboradas para atender às necessidades específicas de cada paciente, de modo a serem mantidas
periodicamente ou mensalmente, essas ações educativas devem ser
desenvolvidas com os pacientes, seus familiares e a comunidade por
meio de recursos que vão desde o contato individual até a utilização de
fontes de informação coletiva, como folhetos, reuniões, palestras,
simpósios, peças teatrais, vídeos e músicas educativas com ajuda dos
poder público municipal.
61
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
Doença renal crônica: caracterização da produção
científica da enfermagem brasileira
Barbosa YC1, Lima LS1, Costa NRCD1, Aguiar MJFL2, Rolim ILTP2
1
2
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Docente da UFMA
Introdução: A doença renal crônica consiste em lesão, perda
progressiva e irreversível da função dos rins. As pessoas com doença
renal crônica têm sua qualidade de vida alterada, principalmente nos
aspectos físicos, emocionais e vitalidade. A assistência de enfermagem
no processo de cuidado a pessoa com doença renal crônica, deve ser
de modo holístico, para isso, necessita-se da elaboração de pesquisas
científicas. A caracterização dos tipos de trabalhos publicados permite
conhecer as temáticas de maior interesse e aquelas que não têm
despertado tanta atenção, e assim estimular a realização de estudos
que supram as necessidades existentes. Considerando a importância
da enfermagem nessa área e a escassez de estudos que indiquem a
produção científica no Brasil, surgiu o interesse para a realização deste
estudo. Objetivo: identificar e caracterizar as produções científicas
nacionais de enfermagem em doença renal crônica. Métodos: Trata-se
de uma revisão de literatura. Realizou-se uma busca nas bases de
dados LILACS e BDENF com as palavras-chave: "enfermagem e doença
renal crônica". Têm-se como critérios de inclusão: publicações
nacionais, com texto completo, do período de 2001 a 2011, primeiro
autor sendo profissional de enfermagem. Os artigos incluídos nesta
pesquisa foram organizados em uma planilha do MSExcel®, com as
seguintes informações: ano de publicação, titulação do primeiro autor,
Estado da federação, abordagem metodológica, e sujeito do estudo.
Resultados: Foram encontrados 79 artigos nas bases de dados
analisadas. Destes somente 40 enquadraram-se aos critérios de
inclusão. Estes foram analisados sob diversos aspectos, obtendo-se
como resultados principais: a maioria das publicações (65%) foram
publicadas de 2008 à 2011, sendo que os anos de 2008 e 2010
obtiveram uma maior número de publicações com cada um correspondendo à 17,5%; originaram-se do Sudeste (57,5%), tiveram abordagem
qualitativa (50%), foram da autoria de enfermeiros docentes (32,5%),
seguidos pelos Discente (pós-graduação) e Enfermeiros assistenciais
com 25% cada; sendo o sujeito do estudo somente o cliente com
doença renal crônica (67,5%).Conclusão: Este estudo serve de subsídio
para que o enfermeiro e sua equipe de saúde percebam a necessidade
de estudos e publicações científicas, que abordem o cuidado de
enfermagem e a pessoa com doença renal crônica, sobre os diversos
aspectos da assistência holística ao cliente com doença renal crônica.
Estado nutricional e qualidade de vida em hipertensos de uma
unidade básica de saúde
Soares NB1, França AKTC2, Cavalcante MCV1, Hortegal EV1, Dias RSC1, Lages JS2, Salgado
Filho N2
1
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA, 2Universidade
Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica
multifatorial. Pode ser definida como pressão arterial sistólica (PAS) maior
ou igual a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica (PAD) maior ou igual a
90 mmHg, em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação antihipertensiva. Quanto à associação da HAS com o estado nutricional (EN), um
estudo no Hospital Universitário em Recife (PE), constatou que 73,1% dos
pacientes apresentavam algum grau de excesso de peso e que este, de um
modo geral, associou-se positivamente com o nível de PA. Em São Luís (MA)
também se observou aumento da prevalência de hipertensão com o excesso
de peso corporal. Alguns estudos também têm demonstrado que a HAS tem
impacto na qualidade de vida (QV) de seus portadores, principalmente pelas
complicações que a doença pode desenvolver, pelos efeitos adversos dos
medicamentos anti-hipertensivos e ainda pela alta prevalência de excesso
de peso nessa população. A QV é conceituada como a percepção do indivíduo
acerca da sua posição na vida de acordo com o contexto cultural e o sistema
de valores com os quais convive e em relação a seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações. Entre os instrumentos utilizados para avaliar a QV,
destaca-se o questionário Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF36) que é um instrumento de avaliação genérica, comumente utilizado na
área da saúde. Os estudos que avaliam a associação entre EN e QV em
hipertensos são escassos. Considerando o contexto da doença e a carência
de pesquisas, torna-se importante estudar a correlação entre EN e QV de
hipertensos. Objetivo: Analisar o estado nutricional (EN) e a qualidade de
vida (QV) de hipertensos atendidos em uma unidade básica de saúde (UBS).
Métodos: Estudo transversal realizado com 92 pacientes hipertensos em
UBS, na cidade de São Luís (MA) no período de fevereiro a agosto de 2010.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Universitário da Universidade Federal do Maranhão (Parecer
Consubstanciado nº 312/09). Os indicadores nutricionais avaliados foram:
índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), razão
62
cintura-quadril (RCQ), percentual de gordura corporal (%GC), além das
dosagens séricas de triglicerídeos, colesterol total (CT) e frações. Utilizouse o questionário Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36) para
avaliar a QV. A correlação entre EN e QV foi calculada pelo coeficiente de
correlação de Pearson ou de Spearman. O nível de significância adotado foi
de 5% e os dados foram analisados no STATA® 10.0. Resultados: A média de
idade foi de 62,9±12,8 anos e 79,4% eram mulheres. A frequência de
sobrepeso e obesidade foi de 41,3% e 26,1%, respectivamente, por meio do
IMC e de pré-obesidade/obesidade de 98,9%, segundo o %GC. A CC estava
alterada em 54,4% e a RCQ em 71,7% dos pacientes, sendo as mulheres as
mais atingidas pela obesidade centrípeta (63,0% vs 21,0% e 80,8% vs 36,8%,
respectivamente). Os níveis séricos de CT e o LDL-colesterol estavam
alterados em 65,2% e 85,9%, respectivamente. Em relação à QV, os domínios
mais comprometidos foram: vitalidade (50,0), aspectos sociais (55,0),
estado geral de saúde (55,0), saúde mental (56,0) e dor (57,5). A avaliação
entre EN e a QV revelou correlação significante entre CC e “aspectos sociais”
(r= 0,23; p= 0,028) e entre %GC e “capacidade funcional” (r= -0,24; p=
0,024). Conclusão: Houve elevado percentual de indivíduos com excesso de
peso e obesidade centrípeta, sendo as mulheres as mais atingidas. Apenas os
domínios “aspectos sociais” e “capacidade funcional” tiveram correlação
com indicadores nutricionais.
Educação em saúde: a promoção do uso racional de
medicamentos em pacientes com doença renal crônica
Araújo RIMV1, Vieira JC1, Moraes EDL1, Faria NV1, Santos RC1, Ribeiro PRS1
1
Universidade Federal do Maranhão - Imperatriz - MA
Intrudução: A doença renal crônica (DRC) é uma patologia definida pela
perda lenta e irreversível da função renal, ou seja, os rins se tornam
incapazes de manter o equilíbrio hídrico, eletrolítico e ácido-básico
ocasionando um acúmulo de excretas de produtos da degradação
metabólica, considerando essa doença um problema de saúde pública no
Brasil (Timby e Smith, 2005; Romão Júnior, 2004). Pacientes com DRC podem
apresentar quadros clínicos com múltiplas doenças crônicas, como
hipertensão e diabetes mellitus, o que ocasiona o uso de várias drogas para o
tratamento das mesmas. Considerando que cada doença gera, quando
tratada, a prescrição de pelo menos uma droga, podemos prever número
cada vez maior de indivíduos tomando múltiplos medicamentos, ou seja,
uma escalada polimedicação. Diversos fatores contribuem para diminuir o
conhecimento do paciente com DRC quanto ao seu tratamento medicamentoso (Leite e Vasconcellos, 2003). Isso inclui, entre outras causas, a falta de
aconselhamento individualizado, a falta de informação escrita personalizada, reforço das instruções orais e a inabilidade para recordar as informações
previamente apresentadas (Katzung, 1998). Objetivo: Assim, este trabalho
teve como objetivo a educação em saúde para a promoção do uso racional de
medicamentos por pacientes com DRC assistidos pela Clínica de Doenças
Renais do Município de Imperatriz - MA por meio de atividades educativas.
Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, de campo, e com abordagem
quantitativa. Para tanto, foi realizado uma capacitação inicial com a
participação dos acadêmicos bolsistas, acadêmicos voluntários e o
orientador deste trabalho sobre o Uso Racional de Medicamentos.
Posteriormente, houve a busca, seleção e análise de fontes de informação
científica; delineamento de informações clínicas e leitura crítica de artigos
científicos; processo de tomada de decisão terapêutica: seleção de grupos
farmacológicos, medicamentos e tratamento para uma dada situação clínica
e análise das prescrições medicamentosas. Após esta capacitação, foi
realizada uma pesquisa através da aplicação de um roteiro de entrevista
semi-estruturado junto ao público-alvo, durante as sessões de hemodiálise.
Para tanto, foram entrevistados 118 pacientes com DRC em tratamento
hemodialítico atendidos na Clínica de Doenças Renais (CDR) localizada no
Município de Imperatriz - MA, no período de novembro de 2009 a abril de
2010. Com base nos resultados destas entrevistas, palestras educativas
sobre uso racional de medicamentos foram elaboradas e realizadas junto ao
público alvo deste trabalho. Resultado: Observou-se que a maioria dos
pacientes é do sexo masculino (70,3%), possuem idade acima de 50 anos
(55,1%) e possuidores do ensino fundamental incompleto (44%). Quando
indagados sobre o uso de medicamentos, 71% responderam que usam
medicamentos prescritos e 30,4% dos pacientes fazem uso de medicamentos
não prescritos, dentre eles destaca-se o uso de AINES por 49,1% dos
entrevistados. Além disso, 33,9% declararam que já chegaram a abandonar a
terapia medicamentosa sem consentimento médico, principalmente por
apresentarem reações adversas. Observou-se que a maioria dos entrevistados tem baixo índice de escolaridade e conhecimentos insuficientes para o
uso seguro e eficaz dos medicamentos. Sendo assim, por meio da análise dos
dados obtidos, foram levantados os temas para a formulação das palestras
que procuram explorar o uso racional de medicamentos por pacientes com
DRC em tratamento hemodialítico como: importância da posologia, riscos
dos medicamentos naturais no controle hídrico, sobrecarga renal e ação dos
principais medicamentos utilizados neste tratamento. Durante as sessões de
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
hemodiálise, os 118 pacientes são distribuídos em diferentes salas e turnos,
assim, para a melhor organização das ações de enfermagem, cada uma das
palestras foi ministrada em 30 sessões. Com o intuito de alcançar os
familiares estas palestras serão reformuladas para serem ministradas na
sala de espera da clínica onde os familiares ficam por quatro horas
aguardando o término das sessões de hemodiálise. No decorrer das palestras
poucos pacientes se manifestaram a respeito das perguntas realizadas sobre
os medicamentos mais utilizados durante a sessão de hemodiálise como o
Heparez®, Hemax®, Calcitriol®, Renagel® dentre outros, e a maioria não
tinham conhecimento do porque utilizar aqueles medicamentos durante a
sessão. Conclusão: Assim, as estratégias utilizadas neste estudo permitiram
melhorias quanto ao uso racional de medicamentos pelos pacientes
submetidos à hemodiálise, o que permitiu também a conscientização dos
mesmos quanto à importância e a necessidade deste uso, bem como
conhecer suas possibilidades e seus limites, tendo em vista uma ação
transformadora da sua realidade. Sendo assim, foi muito relevante esta
iniciativa no intuito de fornecer informações sobre o uso correto de
medicamentos por esses pacientes.
Resumos / Abstracts
da realidade dos participantes. Para Cesarino e Casagrande (1998), uma
equipe disposta a perceber as necessidades do paciente com DRC e orientálos, fornecia base indispensável na busca por uma melhor qualidade de vida.
Assim, as estratégias utilizadas neste estudo permitiram melhorias no
processo de adaptação e enfrentamento dos pacientes submetidos à
hemodiálise, o que permitiu também a conscientização dos mesmos quanto
à importância e a necessidade do tratamento, bem como conhecer suas
possibilidades e seus limites, tendo em vista uma ação transformadora da
sua realidade. Sendo assim, foi muito relevante esta iniciativa no intuito de
fornecer informações sobre a hemodiálise para esses pacientes.
Espironolactona melhora a vasodilatação fluxo mediada em
indivíduos com síndrome metabólica
Lovisi JCM1, Ezequiel DAG1, Costa MB1, Bicalho TC2, Barros FC2, Souza Jr SF2, Paula RB1,
Bastos Mb1
1
2
Educação em saúde na doença renal crônica: promoção da
adesão ao tratamento hemodialítico
Moraes EDL1, Araújo RMV1, Vieira JC1, Faria NV1, Santos RC1, Ribeiro PRS1
1
Universidade Federal do Maranhão - Imperatriz - MA
Introdução: De acordo com Draibe (2002), a Doença Renal Crônica (DRC) é
conceituada como síndrome complexa consequente à perda, geralmente
lenta e progressiva, da capacidade excretória renal, nela ocorre perda
gradativa dos néfrons, diminuindo a capacidade de filtração dos rins, sendo
que a hemodiálise é a terapia mais empregada para o tratamento dos
pacientes com DRC. Esta terapia é uma forma de apoio à função renal,
consiste na remoção de substâncias tóxicas e excesso de líquido por uma
máquina de diálise, em um procedimento cuja duração leva entre duas e
quatro horas, exigindo que o paciente se desloque para a unidade de
tratamento numa frequência de duas a quatro vezes por semana (Thomas e
Alchieri, 2005). Objetivo: Este trabalho objetivou a promoção do
conhecimento sobre o tratamento hemodialítico entre os pacientes com
DRC atendidos na Clínica de Doenças Renais (CDR) localizada no Município de
Imperatriz - MA. Métodos: Para tanto, estes pacientes foram previamente
indagados quanto ao nível de conhecimento sobre a hemodiálise.
Posteriormente, estas informações foram analisadas para o direcionamento
das atividades educativas que foram realizadas através de palestras, no
período de janeiro a março de 2011. Resultados: Fizeram parte deste estudo
179 pacientes, distribuídos em 28 sessões de hemodiálise, nos turnos da
manhã, tarde e noite. Quando questionados sobre o que sabiam acerca do
tratamento hemodialítico, a minoria (21%) dos pacientes manifestaram
algum conhecimento, sendo que estes demonstraram ser detentores de
informações errôneas e/ou distorcidas com relação à hemodiálise, tais
como “é para limpar o meu sangue”, “esse tratamento é para eu não
morrer”, “é para retirar líquido do meu corpo”, “sei que meus rins não
funcionam, e esse tratamento tira a sujeira do meu sangue”. De acordo com
as informações obtidas notou-se a carência de conhecimento por parte dos
pacientes a respeito do tratamento hemodialítico, e para muitos deles a
realidade da necessidade de depender da hemodiálise é tida como uma
experiência difícil e negativa, principalmente por ser muito complicado
aderir a algo que não se entende. Além disso, os pacientes em tratamento
hemodialítico, mostraram-se desmotivados, devido ao tratamento
cansativo e doloroso a que são expostos. Conclusão: Assim, os pacientes
com DRC necessitam compreender mais sobre o tratamento hemodialítico
como forma de contribuir para a adesão a este tratamento e para uma
melhor adaptação a sua nova condição de vida. A partir destas observações,
foram elaboradas e implementadas atividades educativas baseadas em
palestras. Estas foram divididas em dois momentos, no primeiro momento
foi ministrada uma palestra sobre a DRC onde foram abordados conceito,
causas e consequências. No segundo momento, foram abordados os tipos de
tratamento desta patologia e, dentre eles, a hemodiálise, com ênfase em
orientações quanto à importância da adesão à mesma. A partir da realização
destas ações observou-se que houve uma melhora no entendimento e
compreensão dos pacientes em relação à DRC e ao tratamento hemodialítico, e pode-se perceber que muitas dúvidas foram sanadas. Outras
manifestações verbais dos pacientes refletem a eficácia da palestra
ministrada, os mesmos passaram a fazer questionamentos sobre o
funcionamento da máquina de hemodiálise, as intercorrências durante e
após as sessões e muitos expressavam sua satisfação ao final da palestra.
Esse trabalho teve como propósito, contribuir para o desenvolvimento da
assistência ao paciente com DRC em tratamento hemodialítico e de oferecer
subsídios para o ensino, à prática e pesquisas relacionadas a esse público e,
sobretudo, para proporcionar a tais pacientes não uma prática de
orientação prescritiva, autoritária, mas uma educação libertadora, dentro
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Núcleo Interdisciplinar de Estudo e Pesquisa em Nefrologia - Juiz de Fora - MG,
Universidade Federal de Juiz de Fora - MG
Introdução: A epidemia de obesidade observada nas últimas décadas se
acompanhou de incremento na prevalência da SM e de suas complicações,
destacadamente das doenças cardiovasculares. O tecido adiposo abdominal
produz mediadores inflamatórios que interferem na estrutura e na função
vascular. O reconhecimento do papel da aldosterona na SM e, a possível
participação do tecido adiposo disfuncional na estimulação na secreção de
aldosterona em pacientes com sobrepeso trouxe elementos novos para o
entendimento da fisiopatogenia da lesão vascular associada à SM. Nos
últimos anos os efeitos deletérios da aldosterona sobre o endotélio vascular
têm sido sugeridos em humanos. É descrito que o bloqueio mineralocorticóide se associa a melhora da vasodilatação dependente do endotélio podendo
reduzir a progressão da doença aterosclerótica em populações de alto risco
cardiovascular. Estudos prévios demonstraram a propriedade da aldosterona
de induzir disfunção endotelial e causar uma vasculopatia específica, como
observado em pacientes com hiperaldosteronismo primário que tratados
cirurgicamente apresentaram melhora significativa da VDFM. Em estudo
piloto realizado por nosso grupo foi demonstrado pela primeira vez em
pacientes com SM, que o bloqueio da aldosterona melhorou a função
endotelial e reduziu PA, sugerindo a associação entre aldosterona e
disfunção endotelial na SM. Todavia, o impacto do uso de um antagonista da
aldosterona sobre a pressão arterial e a função endotelial em indivíduos com
SM ainda não foi bem avaliado. Objetivo: Avaliar a resposta da pressão
arterial e da função endotelial através da vasodilatação fluxo mediada em
pacientes portadores de SM sob tratamento com bloqueadores da
aldosterona. Métodos: Em estudo prospectivo foram avaliados portadores
de SM segundo os critérios modificados do NCEP-ATPIII. Foram incluídos
indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 18 e 60 anos; hipertensão
arterial estágio I, índice de massa corporal (IMC) entre 25 kg/m2 e 40 kg/m2 e
potássio sérico entre 3,5mEq/L e 5,0 mEq/L. O protocolo foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da UFJF. Após
assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido, os indivíduos foram
submetidos à avaliação clínica e à realização dos seguintes exames
complementares: cálculo dos índices HOMA (homeostasis model assessment) of insulin resistance (HOMA-IR) e beta-cell function (HOMA-ß), perfil
lipídico, creatinina, potássio, aldosterona e atividade plasmática da renina.
Além destes, foram avaliadas em duplicata, a depuração da creatinina e a
microalbumina em urina de 24 horas. Foram ainda realizados a MAPA e a
VDFM conforme preconizado pela American College of Cardiology. Nesta
técnica, coloca-se um manguito no braço não dominante e insufla-se até um
nível de 50 mmHg acima da pressão arterial (PA) sistólica, mantendo-se
durante cinco minutos. Em seguida, libera-se o manguito para indução de
hiperemia reativa, medindo-se o calibre da artéria braquial. Para cálculo da
VDFM, adota-se a diferença percentual do calibre da artéria antes e após sua
oclusão. Após a realização dos exames no período basal, os indivíduos foram
tratados com espironolactona, na dose de 50 mg/dia, por um período de 16
semanas (tratamento), após o qual, todos os parâmetros clínicos e exames
complementares foram reavaliados. Os dados foram analisados através do
programa SPSS 15.0 for Windows e os valores expressos em média e desvio
padrão. Foram comparados aos valores das variáveis antes e depois do
tratamento com espirolactona. Para tanto, foram utilizados os teste t
pareado, paramétricos e o teste de Wilcoxon, para dados não paramétricos,
sendo aceito como significante um valor de p<0,05. Resultados: Foram
incluídos 19 indivíduos com média de idade igual a 46,3±9,80 anos. A média
do IMC foi 33,9±3,79 kg/m2 e da circunferência abdominal, 109,0±8,73cm,
valores que não sofreram modificação com o tratamento. Após o uso da
espirolactona houve aumento da VDFM com redução discreta e não
significante da PA sistólica e diastólica. Observou-se ainda aumento dos
níveis de colesterol HDL enquanto a glicemia, o HOMA-IR, o HOMA- e a
depuração da creatinina não se alteraram de modo significante. A excreção
urinária de albumina apresentou tendência à redução após o uso da
63
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
espirolactona. Conclusão: O bloqueio da aldosterona em pacientes com SM
se associou a aumento da VDFM e a redução da microalbuminúria, sugerindo
melhora da função endotelial.
de atuar na prevenção da deterioração de um parênquima renal. Para que
esse objetivo possa ser alcançado, não se devem negligenciar pequenas
dilatações da pelve renal fetal, de tal forma que a ecografia do trato
urinário e a cistouretrografia miccional devem ser realizadas em todos os
neonatos com história de hidronefrose fetal, após a instituição da
quimioprofilaxia de infecções urinárias.
Estratégias de prevençâo das possíveis complicações em
hidronefrose fetal: abordagem pós-natal
Oliveira ARM1, Pires ARP1, Rodrigues TL1, Almeida DM1
1
Experiência do serviço social em sala de espera no centro de
prevenção de doenças renais
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: Hidronefrose tem por definição uma dilatação da pelve e
cálices renais, é a mais frequente alteração encontrada no trato urinário
fetal pela ecografia obstétrica. Estudos em populações não selecionadas
demonstram um achado de hidronefrose fetal para cada 500 a 700
avaliações ecográficas na gestação. Antes da década de 80 a grande maioria
dos casos era diagnosticada em crianças maiores geralmente sintomáticas,
com dor abdominal e infecção urinária. Atualmente, a maioria dos casos de
aparente obstrução da junção ureteropélvica é detectada na investigação
de hidronefrose fetal em lactentes quase sempre assintomáticos.
Considera-se a obstrução da junção ureteropélvica a mais frequente causa
de hidronefrose detectada através da ultra-sonografia fetal. Em virtude do
uso cada vez mais freqüente do ultra-som em obstetrícia, ao avanço
tecnológico dos equipamentos de ecografia e a uma melhor compreensão e
interesse dos examinadores em avaliar a anatomia fetal, houve um
crescimento significativo de malformações congênitas estruturais
diagnosticadas intra-útero, sendo as do trato urinário uma das mais
prevalentes. Estudos recentes demonstram que a ultra-sonografia no prénatal tem uma sensibilidade de 83 a 100% no diagnóstico das anomalias
congênitas do trato urinário. Objetivo: Devido à maior frequência no
diagnóstico de hidronefrose e a melhoria dos equipamentos ecográficos.
Neste presente estudo, enfatiza-se a importância do seguimento no
acompanhamento médico do neonato com hidronefrose fetal por um
período adequado, como forma de prevenção de lesões renais severas tais
como infecções renais, insuficiência renal, hipertensão arterial e óbito.
Métodos: Análise e revisão da literatura médica obtida por pesquisa através
da Bireme, Google acadêmico e por pesquisa direta utilizando os termos
hidronefrose fetal, anomalias do trato urinário no feto. Resultados: Os
neonatos suspeitos de apresentarem anomalia do trato urinário pelo
ultrasom realizado na gestação devem ser avaliados com o objetivo de
identificar as uropatias prevalentes em nosso meio, acompanhar a evolução
e avaliar os fatores associados ao mau prognóstico. Após o nascimento,
inicia-se a profilaxia com cefalosporina e associada propedêutica seriada:
ultrasom, uretrocistografia miccional, cintilografia renal, bacteriologia da
urina e avaliação da função renal. Estudos demonstraram que a prevalência
de hidronefrose é maior no sexo masculino. A obstrução da junção
ureteropélvica é um achado freqüentemente associado a esta anomalia
seguido de rim multicístico. A presença de oligo-hidrâmnio na ecografia
materna e obstrução infra-vesical no pós-natal são indicativos de mau
prognóstico com associação de falência renal. O exame físico, em relação ao
trato urinário das crianças, é um dos importantes fatores de prognóstico
sendo que a palpação da unidade renal aumentada de volume é relativamente intrínseca à hidronefrose. Confirmado o diagnóstico, as ultra-sonografias
devem ser realizadas de 2 a 3 dias após o nascimento, no 1°, 3°, 6° e 12º
meses de vida e depois anualmente.A Hidronefrose foi classificada de
acordo com a Sociedade de Urologia Fetal (SFU) em grau I, II e III.Essa
classificação baseia-se no grau de dilatação calicial e tamanho da pelve escala de grignol. Baseado em estudos estima-se que o tempo previsto de
melhora completa da hidronefrose em graus 1, 2 e 3 é 22, 31 e 50 meses,
respectivamente. Há casos que evoluem com mal prognostico sendo
necessário haver intervenção cirúrgica, essa é indicada em casos sugestivos
de hipolasia pulmonar e deterioração da função renal. A assiduidade ao
consultório médico bem como a quimioprofilaxia são fatores determinantes
para um bom acompanhamento. Conclusão: A abordagem terapêutica no
pós-natal em neonatos com hidronefrose com intuito de maior acurácea
acontece de três formas: Abordagem conservadora, apenas com seguimento
clínico-laboratorial; Abordagem com uso de quimioprofilaxia; E abordagem
cirúrgica. O procedimento adequado é estabelecido de acordo com o quadro
clínico de cada paciente. No quadro clínico de crianças portadoras de
hidronefrose fetal podemos observar que a quimioprofilaxia adotada
continua sendo padrão-ouro na prevenção da infecção urinária. Sendo
também extremamente necessária uma avaliação médica rigorosa da
dosagem, intervalo de doses e tempo de administração do medicamento.
Não há consenso na literatura do grau de hidronefrose indicativo de uma
uropatia significativa. Em séries publicadas, é relatado que apenas uma
pelve renal com o diâmetro ântero-posterior maior que 10mm seria
preditiva de anomalia significativa do trato urinário. Estudo recente, com
uma avaliação pós-natal mais adequado, tem demonstrado que mesmo
mínimas dilatações da pelve, variando de 4 a 8 mm, podem ser significativas. A maior conquista obtida com o diagnóstico pré-natal é a possibilidade
64
Rodrigues N1, Pereira G1, Pereira R1, Viegas D1, Alencar E1, Duarte A1, Carneiro E1, Salgado
Filho N2
1
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA, 2Universidade
Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: O presente trabalho é um relato da experiência do Serviço
Social na realização de atividade socioeducativa em sala de espera no
ambulatório do Centro de Prevenção de Doenças Renais (CPDR) do Hospital
Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA). O Projeto
Sala de Espera vem sendo realizado pelo Serviço Social desde o mês de
agosto/2011. Foi proposto como atividade prática do projeto de atuação
profissional para o Centro de Prevenção e consiste na abordagem coletiva
aos pacientes e acompanhantes em sala de espera; é uma proposta de
aproveitamento do tempo ocioso em que os mesmos aguardam por
atendimento, a fim de tornar a sala de espera um espaço socioeducativo. Tal
atividade insere-se no conjunto das ações socioeducativas do Serviço Social.
No ambulatório de Prevenção às Doenças Renais, cabe ao Assistente Social,
como profissional integrado ao processo de prevenção da Doença Renal
Crônica (DRC), desenvolver suas ações no sentido de contribuir para o
alcance destes objetivos. Seu papel pedagógico deve colaborar para alertar
os usuários quanto aos fatores de risco para a doença e orientar os pacientes
quantos aos seus direitos e deveres, bem como quanto à rede social de apoio
e seguridade disponível, além de encaminhá-los aos recursos existentes.
Objetivo: Relatar a experiência do Serviço Social com atividade sócioeducativa em sala de espera no Centro de Prevenção de Doenças Renais do
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão e ressaltar a
importância do papel pedagógico exercido pelo Assistente Social na
Prevenção às Doenças Renais. Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo, de tipo descritivo, com abordagem qualitativa e quantitativa, de
natureza não experimental que analisou uma amostra de 378 indivíduos
atendidos na sala de espera do CPDR do HUUFMA, no período compreendido
entre agosto e outubro de 2011. Resultados: No período de agosto a outubro
de 2011 foram realizadas 23 atividades socioeducativas em sala de espera;
04 delas em parceria com a Psicologia e 01 com a Enfermagem. Foram
abordados os temas: Doença Renal Crônica: conceito, causas, sinais e
sintomas e opções de tratamento; Direitos dos Usuários do Sistema Único de
Saúde (SUS); Auxílio Doença; Benefício de Prestação Continuada (BPC);
Tratamento Fora do Domicílio (TFD); e Passe Livre: Municipal e
Interestadual. Participaram das atividades 378 usuários, sendo 234
pacientes e 144 acompanhantes. Conclusão: A atuação do assistente social
no âmbito da prevenção da Doença Renal deve pautar-se no enfrentamento
das expressões da questão social nela expressa e na defesa da saúde como
“direito de todos e dever do Estado”, conforme preconiza o Artigo 196 da
Constituição Federal de 1998. De acordo com a Lei de Regulamentação da
Profissão é competência do assistente social, dentre outras, “orientar
indivíduos e grupos de diferentes seguimentos sociais no sentido de
identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa
de seus direitos”. Ressalta-se, portanto, o perfil pedagógico que este
profissional exerce junto aos usuários, devendo direcioná-los às ações que
visem à promoção, proteção e recuperação da saúde. A inserção do Serviço
Social no CPDR situa-se no âmbito das atividades sócioeducativas, que
devem contribuir para a promoção da saúde, através de ações de prevenção
da DRC, de sua progressão para níveis dialíticos, e do encaminhamento de
usuários aos serviços e recursos disponíveis na rede social de apoio. Nesta
perspectiva, a atividade em sala de espera representa uma das estratégias
de atuação deste profissional no processo de prevenção da DRC, assim como
no preparo dos pacientes para ingresso em Terapia Renal Substitutiva.
Extravasamento renal espontâneo durante urografia venosa
Barbalho OG1, Silva PSC1, Moreira SJL1, Guerra EM2
1
Centro Universitário do Maranhão - CEUMA, 2Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e
Tecnológicas do Piauí - NOVAFAPI
Introdução: O extravasamento renal espontâneo de urina descrito por
Albarrán em 1895 é considerado um achado radiológico pouco frequênte.
Schwartz (1966), o definiu como a descoberta de urina fora da via excretora
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
na ausência de episódio traumático ou prévia instrumentação cirúrgica
recente. Eggerath e Friedrichs (1985) consideram o termo extravasamento
renal espontâneo como o adequado para caracterizar a demonstração
radiológica de meio de contraste situado fora do sistema coletor, sem prévio
traumatismo, instrumentação urinária, cirurgia renal ou da região e sem
compressão durante a realização de urografia venosa. Revisaram 1300
urografias venosas e encontraram 13 casos que satisfizeram os critérios
acima. É importante que se diferencie o extravasamento devido a pequenas
rupturas dos fórnices calicinais por aumento da pressão da pelve renal
daqueles de maior volume e persistentes, que poderão requerer reparo
cirúrgico. O caso apresentado é de um paciente do sexo masculino, 50 anos de
idade, sem antecedentes de litíase urinária que se apresentou à unidade de
emergência com história de cólica ureteral esquerda há 48 horas.
Analiticamente demonstrava um hemograma de 12 g/L de hemoglobina
10,900 leucócitos, com um diferencial de 80 polimorfonucleares, 18
linfócitos e 2 monócitos. O sumário da urina destacou 8 leucócitos por campo
e 2 hemácias; uréia (48); creatinina (0,6). Administrou-se butilescopolamina
associada a dipirona sódica, antiinflamatório não-esteroidal e tramadol, sem
melhora do quadro doloroso. Evoluiu com sinais de irritação peritoneal e
piora da dor. Realizado ecografia renal que revelou dilatação calico-pieloureteral esquerda e coleção líquida perirenal homolateral, sem evidência de
fator obstrutivo. Em seguida, realizado urografia venosa que revelou
extravasamento de contraste perirenal esquerdo e cálculo de 5 mm do ureter
terminal do mesmo lado. Estabeleceu-se o diagnóstico de extravasamento
renal espontâneo. Objetivo: Relatar um caso de extravasamento renal
espontâneo de um paciente atendido no setor de emergência no Hospital UDI,
em São Luís-MA. Métodos: A pesquisa foi do tipo estudo de caso, sendo
recrutado um paciente do sexo masculino, de 50 anos de idade, com
extravasamento renal espontâneo, que foi atendido no setor de emergência
do Hospital UDI, onde foram analisados dados relacionados a queixa
principal, exames laboratoriais e exames de imagem anexados ao prontuário,
conduta e evolução clínica e cirúrgica. Resultado: Após tratamento cirúrgico
instituído, através de ureteroscopia esquerda com extração do cálculo,
deixou-se cateter ureteral duplo J e instituiu-se antibioticoterapia. O
paciente evoluiu favoravelmente e obteve alta hospitalar no 3º dia de pósoperatório. Conclusão: O caso deste paciente, que evoluiu sem complicações, reitera que no extravasamento renal espontâneo por obstrução aguda
das vias excretoras por cálculos urinários, situação rara, medidas de suporte
clínico e remoção dos cálculos são suficientes.
Fatores de prevenção em insuficiência renal aguda
Oliveira ARM1, Pires ARP1, Rodrigues TL1, Almeida DM1
1
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: A Insuficiência Renal Aguda (IRA) é uma síndrome caracterizada
pelo rápido declínio da função renal (horas ou semanas) com consequente
retenção sérica de produtos nitrogenados, tais como uréia e creatinina,
tendo caráter potencialmente reversível após controle do fator desencadeante. Ocorre em aproximadamente 5% dos pacientes internados em hospitais
terciários e em até 30% em pacientes de UTI (Unidade de Terapia Intensiva),
dependendo do quadro, pode haver alta taxa de mortalidade. Objetivo:
Conhecer os métodos de prevenção em insuficiência renal aguda existente na
literatura, a fim de contribuir com o conhecimento científico e disseminar o
mesmo. Métodos: Análise e revisão da literatura médica obtida por pesquisa
através da Bireme, Google acadêmico, pubmed e por pesquisa direta
utilizando os termos, prevenção em insuficiência aguda renal, utilizando os
artigos mais relevantes de cada subcategoria para realização desta revisão
de literatura. Resultados: Deve-se evitar a combinação de vários fatores
potencialmente agressivos em duas ou mais combinações como: agentes de
radiocontraste, desidratação, icterícia, aminoglicosídeos, mioglobinúria e
hemoglobinúria (New York, p. 207-229, 1993). A alteração da função renal
pelo aciclovir pode ser evitada. A infusão lenta de aciclovir, em pelo menos
duas horas, e a sua maior diluição, parecem ser suficientes para evitar a IRA.
Recomenda-se que a droga seja diluída em uma proporção de 500mg em 100
ml ou 1g em 200 ml de soro glicosado 5%, soro fisiológico 0,9% ou 0,45%. Além
disso, a manutenção de um fluxo de diurese em torno de 100 a 150 ml/hora,
previamente à administração da droga, pode ter um efeito benéfico.
Portanto, em alguns casos, a prescrição de diuréticos pode propiciar altos
fluxos urinários desde que seja realizada hidratação adequada além da
monitorização dos eletrólitos séricos (AM J Med Sci 2003; 325:349-62). A
administração de contrastes para exames radiológicos constituem
importante causa reversível e prevenível de IRA, esta pode iniciar logo após a
administração do contraste. Existem contrastes iônicos, não iônicos de baixa
osmolaridade e não iônicos com isoosmolaridade (N Engl J Med 1989;
320:143-8). O tipo de contraste iodado é um fator importante na possibilidade de desenvolvimento de IRA. Hidratação é a principal ferramenta de
prevenção, porém ainda não está bem estabelecida qual é a melhor solução,
se salina isotônica ou bicarbonato de sódio. Salina isotônica mostrou-se
melhor que salina 0,45%, e o principal benefício foi visto em diabéticos e
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Resumos / Abstracts
naqueles que receberam mais de 250 ml de contraste. Uso de bicarbonato de
sódio tem sido estudado desde a demonstração que a alcalinização da urina
pode proteger contra os radicais livres. O uso de 3 ml/kg/hora uma hora antes
do uso do contraste seguido de 1ml/kg nas próximas seis horas mostrou-se
benéfico na prevenção da IRA. Acetilcisteína é considerada com propriedades antioxidantes e vasodilatadoras. Considerando ser bem tolerada, o baixo
custo pode ser usado em pacientes de alto risco, sempre acompanhada de
outras medidas preventivas. A dose a ser usada é questionável atualmente,
recomenda se uso de 600-1200mg via oral, duas vezes ao dia no dia anterior e
no dia do exame, o uso intravenoso não costuma ser recomendado (N Engl J
Med 2006; 354:379-86). A revisão de literatura sugere fortemente que o uso
de bicarbonato de sódio está associado à prevenção de nefropatia do
contraste tão ou mais eficientemente do que o uso de solução salina isolada
ou associada a N-acetilcisteína. Essa forma de prevenção pode ser
particularmente útil em pacientes com limitação para infusão de volumes
maiores de solução salina ou em pacientes que não possam receber a solução
salina com 12 horas de antecedência em relação ao uso de contraste. (J. Bras.
Nefrol. vol.32 no. 3 São Paulo July/Sept. 2010). Conclusão: A insuficiência
renal aguda é consequência de lesões isquêmicas, nefrotoxinas incluindo
reações de hipersensibilidade, doenças glomerulosas e de pequenos vasos,
doenças de grandes vasos, nefrite intersticial associada com infecções,
nefrites causadas por drogas. Portanto a melhor medida de prevenção é
diagnosticar as doenças que causam insuficiência renal e tratá-las. Para isso
é preciso tomar algumas medidas na atenção básica antes que aconteçam
complicações, como repor as carências hídricas, normalizar a pressão
arterial, retirar substâncias tóxicas da circulação sanguínea. Também
conhecimento médico sobre o devido uso de fármacos nefrotóxicos e
prevenção de toxidade pelo uso do contraste.
Fragilidade na doença renal crônica: prevalência e fatores de
risco associados
Mansur HN1, Bastos Mg2
1
Universidade Salgado de Oliveira Juiz de Fora - MG, 2Universidade Federal de Juiz de Fora
- UFJF-MG
Introdução: A fragilidade é um estado de alta vulnerabilidade e efeitos
adversos à saúde, incluindo dependência física, instabilidade, quedas e
mortalidade, sendo os marcadores mais comuns, a perda de massa magra,
de força e resistência muscular, de equilíbrio e baixo desempenho na
caminhada. Na Doença Renal Crônica (DRC), a prevalência e os fatores
preditores de fragilidade entre pacientes em Terapia Renal Substitutiva para
determinar o grau em que a fragilidade foi associada à morte e à hospitalização. Independente da faixa etária, o estudo revelou que 67,7% dos pacientes
eram frágeis, estando claro que a idade nos pacientes com DRC também é
fortemente associada à fragilidade. Alguns estudos encontraram também
que a raça negra e o sexo feminino aumentam a predisposição à fragilidade e
à instabilidade, pois a prevalência de mulheres negras frágeis com DRC foi
de 34%. Além disso, demonstrou que, na população dialítica, a incidência de
fragilidade não esteve associada somente à idade. Dos pacientes avaliados,
67,7% apresentavam fenótipo de fragilidade. Destes, 44,4 % com idade
menor que 40 anos. Objetivo: Verificar a prevalência de Fragilidade numa
amostra de pacientes com DRC em tratamento conservador e verificar os
fatores de risco associados à Fragilidade nessa população. Métodos: A
amostra foi composta de 55 pacientes com DRC, estágios 3, 4 e 5 em
tratamento conservador. Para avaliar a Fragilidade utilizamos o protocolo
proposto por Johansen (2007). Para tal, utilizamos o questionário de
Qualidade de Vida SF-36 e avaliação do prontuário do paciente, além de um
questioná-lo sobre a prática de atividade física. Dos 5 pontos possíveis, o
paciente que apresentasse 3 ou mais é classificado como Frágil (F), 1 ou 2
pontos, pré-frágil (PF) e sem nenhuma pontuação, não frágil (NF). Para
análise dos fatores associados, realizamos Vasodilatação Fluxo Mediada,
Densitometria Óssea, Teste de Caminhada de 6 minutos, Teste de Força
Muscular (Hand Grip) além de avaliação laboratorial. Resultados: A
prevalência de Fragilidade na população estudada foi de 33,9% e a de PréFrágeis foi de 48,2%. Quando comparamos as médias dos grupos, encontramos significância quando comparamos os grupos quanto a Exaustão (NF x F=
0,01; PF x F= 0,01), Fraqueza (NF x F= 0,000; PF x F= 0,000), Reatividade
Vascular (NF x F= 0,02) e Frequência da Atividade Física (NF x F= 0,000; PF x
F= 0,000). Quando correlacionamos as variáveis do estudo e Fragilidade,
encontramos diferença significante nos seguintes resultados: Exaustão (p=
0,000; r= 0,50), Fraqueza (p= 0,000; r= -0,85), Reatividade Vascular (p=
0,01; r= -0,33), Frequência de Atividade Física (p= 0,001; r= -0,41), Teste de
Caminhada de 6 minutos (p= 0,02; r= -0,30), PTHi (p= 0,02; r= 0,30), Ferro
Venoso (p= 0,03; r= -0,29). Conclusão: A população apresentou alta
prevalência de Fragilidade e inúmeras variáveis apresentam relação com a
mesma. Dentre elas, destacamos a Reatividade Vascular e as avaliações
físicas por testes específicos ou por questionário.
65
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
Hiperdia: perfil dos usuários acompanhados pelo programa em
uma unidade básica de saúde
Hipotireoidismo e insuficiência renal: associação subdiagnosticada
Alves SMA1, Marinho RC1, Câmara JT2, Mendes EFA2, Fontenele AMM3, Santos EA3, Costa JSL4
Campos Fg1, Emídio RAS1, Ferreira DP1, Souza AG2, Barros MEC2
1
1
2
Residência Multiprofissional em Saúde - Hospital Universitário - UFMA, Universidade
Estadual do Maranhão - UEMA, 3Universidade Federal do Maranhão - UFMA, 4Faculdade
Santa Teresinha - CEST-MA
Introdução: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes mellitus
(DM) apresentam atualmente um importante problema de saúde pública,
que na ausência de sua identificação precoce, tratamento e auto-cuidado
adequado, podem deixar seqüelas irreversíveis, necessitando assim de
cuidados profissionais. Segundo Bosi et al. (2007), a avaliação dos serviços de
saúde permite a análise numérica da produção e do desempenho de práticas
em saúde, além de permitir vislumbrar os resultados de um programa frente
aos objetivos desejados, contribuindo para a tomada de decisões, definição
de estratégias e estabelecimento de metas factíveis. O Programa Nacional de
Atenção à Hipertensão e Diabetes (PNAHD) estabelece diretrizes e metas
para a reorganização no Sistema Único de Saúde (SUS), através de ações que
possibilitem o diagnóstico de hipertensão e diabetes e ações de evitar
complicações e promoção de saúde. Essas ações consistem em investimentos
e atualização dos profissionais da rede básica, vinculação dos pacientes
diagnosticados às unidades de saúde para tratamento e acompanhamento
oferecendo maior qualidade de vida para os portadores dessas condições
(Brasil, 2001). Programas como esse oferecem prevenção aos agravos de
ambas as patologias como insuficiência cardíaca congestiva, acidente
vascular encefálico, insuficiência renal aguda ou crônica. Cerca de 70% dos
indivíduos em programa de hemodiálise possuem lesão renal causada por
hipertensão arterial não-tratada ou DM (Brasil, 2001). No ano de 2002 foi
criado também o Fluxo de Alimentação da Base Nacional do Hiperdia,
obrigatório para todos os municípios que adotaram o Programa, visando um
acompanhamento e tratamento específico para HAS e o DM, no intuito de
reduzir as complicações e a morbimortalidade associada a estas patologias.
As informações captadas são armazenadas em um banco de dados de Sistema
de informação do HIPERDIA, desde a sua criação (BRASIL, 2002). Objetivo:
Identificar o perfil dos usuários cadastrados no PNAHADM de uma Unidade
Saúde da Família (USF) no Município de Caxias - MA. Métodos: Pesquisa do
tipo descritiva quantitativa, a coleta de dados foi realizada na zona urbana
do município de Caxias - MA, escolheu-se usuários cadastrados e acompanhados pela USF Piquizeiro, foi aplicado aos mesmos um formulário com
perguntas fechadas, foram entrevistados 35% dos 576 cadastrados USF que
corresponde a 200 pacientes. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética
em Pesquisa NOVAFAPI com o número de folha de rosto FR – 312464 e processo
CAAE nº. 0011.0.043.000-10. Resultados: O alto custo da atenção à saúde, de
acordo com Caprara (2004) exige dos gestores decisões que beneficiem maior
número de usuários e que atinjam resultados mais equitativos com os
mesmos recursos disponíveis, satisfazendo a todos. O estudo da satisfação do
usuário de um determinado programa permite analisar os impactos das ações
na saúde da população e os aspectos positivos e negativos dos serviços, ou
seja, se as metas e os objetivos estão sendo, de fato alcançados. Os cuidados
primários à saúde são essenciais para o diagnóstico e encaminhamento
precoce ao tratamento de alta complexidade e a instituição de diretrizes
apropriadas para retardar a progressão da Doença Renal Crônica sendo uma
das complicações, sendo ideal prevenir suas complicações, modificarem
comorbidades presentes e preparo adequado a uma terapia medicamentosa.
Como complicações decorrentes da HAS e DM. Entretanto, 22,5% são
portadores de coronariopatias, 16% possuem sequelas de acidentes
vasculares encefálicos, 9% são portadores de doença renal crônica e 0,5%
apresentam pé diabético, evidenciado a necessidade de intensificação do
cuidado dispensado a estes pacientes pela equipe de Saúde da Família, pois
na presença de DM e HAS essas lesões são precoces e mais intensas. É notória
que é de fundamental importância ações de saúde preventivas para cuidados
com doenças relacionadas ao aparelho circulatório como: Acidente Vascular
Encefálico, Infarto agudo do miocárdio e Doenças Renais como: Insuficiência
Renal Aguda e Crônica. A maioria (25%) dos pacientes não sabe ler e apenas
15,5% possuem o Ensino Médio completo o que dificulta a adesão ao
tratamento e à educação em saúde influindo no acesso aos serviços de saúde.
Quanto ao perfil sociocultural à faixa etária de maior prevalência de HAS e
DM foram encontradas entre os pacientes na faixa etária entre 61 a 80 anos
(45%). Predomina o sexo Feminino com 60,5% dos cadastrados, 39,5%
realizam consulta médica regularmente pelo menos uma vez ao ano e 48,5%
realizava exames médicos periódicos. Conclusão: O resultado obtido através
dessa pesquisa mostrou que 40,5% dos entrevistados demonstraram maior
satisfação com a equipe em geral. Observou-se que a equipe de saúde
necessita desenvolver estratégias factíveis, que resgate os indivíduos, com
atividades na comunidade como Palestras educacionais, reuniões em grupo
principalmente com os de baixa adesão à terapêutica. Esses dados
demonstram que a UBS deve intensificar o trabalho de prevenção e promoção
da saúde, levando em conta que os entrevistados não dedicam atenção à
saúde podendo dificultar um resultado satisfatório no tratamento e
prevenção de complicações das respectivas patologias.
66
Hospital Regional de Sobradinho - SES/DF, 2Escola Superior de Ciências da Saúde ESCS/FEPECS
Introdução: O hipotireoidismo é uma síndrome clínica resultante da síntese e
secreção insuficiente dos hormônios tireoidianos ou da ação inapropriada
destes. Apresenta como consequência redução do metabolismo basal. Essa
alteração tireoidiana pode contribuir para a insuficiência renal por meio de
vários mecanismos, dentre eles alterações hemodinâmicas. Objetivo:
Relatar caso de paciente com insuficiência renal crônica e hipotireoidismo
que necessitou de terapia de substituição renal devido à descompensação da
tireoidopatia. Métodos: Masculino, 71 anos, aposentado, procedente de
Sobradinho DF, encaminhado ao serviço de nefrologia devido à astenia,
anúria e dor abdominal. História prévia de hipertensão arterial sistêmica
(HAS) em tratamento irregular, sem acompanhamento com nefrologista.
Apresentava-se afebril, eupneico, estável hemodinamicamente, com dor à
palpação em hipogástrio, punho percussão negativa hipocorado e edema de
membros inferiores 2+/4+. Exames laboratoriais: creatinina de 3,2 mg/dl e
uréia de 38 mg/dl, hematócrito 27%, potássio 5,0 mEq/L. Durante a
internação houve elevação das escórias nitrogenadas com necessidade de
hemodiálise. Após a investigação da etiologia da insuficiência renal, que
incluiu mielograma e biópsia renal, diagnosticou-se hipotireoidismo como
causa da doença renal. A avaliação da função tireoidiana (realizada em
laboratório privado por falta de reagente em nosso serviço): TSH de 196,30
μU/mL, T4 livre de 0,20 ng/dL, anticorpos antiperoxidase maior que
1.300.00U/mL; anticorpos anti-tireoglobulinas maior que 2.500 UI/ml,
anticorpos anti-receptor de TSH 3%. Iniciado tratamento para o hipotireoidismo paciente cursou com melhora da insuficiência renal, mudança de
classe (estágio V para III) e interrupção da hemodiálise. Discussão: A
deterioração renal secundária ao hipotireoidismo relaciona-se com
alterações hemodinâmicas devido a: efeito inotrópico negativo sobre o
coração, redução do volume intravascular circulante e aumento da
resistência vascular periférica por vasoconstricção. Este efeito produz a
diminuição do fluxo sanguíneo renal (IRA pré-renal), e, consequentemente,
da taxa de filtração glomerular. O hipotireoidismo pode ser acompanhado de
alterações histológicas, como o aumento da espessura da membrana basal
tubular e glomerular e acúmulo de vários tipos de inclusões citoplasmáticas.
Ao se refazer a biópsia após o uso de levotiroxina demonstra-se melhora das
lesões histológicas renais. Alterações na tireoide também podem ser
observadas em indivíduos com nefropatia sugerindo que a uremia possa ter
efeitos morfofuncionais na tireóide. Assim, o tratamento concomitante do
hipotireoidismo pode diminuir a progressão da insuficiência renal, retardar a
necessidade de terapia substitutiva renal mesmo em pacientes com
insuficiência renal crônica preexistente e possibilitar a interrupação da
terapia de substituição renal devido à mudança de classe de IRC, nos
pacientes que evoluíram com necessidade de hemodiálise por hipotireoidismo não tratado. Os hormônios tireoidianos influenciam o desenvolvimento, a
estrutura e a hemodinâmica renal, podem alterar a taxa de filtração
glomerular, a função de muitos sistemas de transporte ao longo do néfron,
transporte de sódio e homeostase da água. Estes efeitos do hormônio da
tireóide devem-se ao direcionamento de ações renais e, em parte, seus
efeitos cardiovasculares e hemodinâmicos sistêmicos que influenciam a
função renal. Como consequência, o hipotireoidismo pode associar-se com
alterações renais importantes e seu adequado controle tem relevância no
melhoramente da função renal. Distúrbios da tireóide também têm sido
associados ao desenvolvimento de lesão glomerular imunomediadas.
Hormônios tireoidianos são importantes reguladores da função renal,
cardíaca e vascular. Respondem ainda pela manipulação renal de sódio, e,
portanto, da pressão arterial envolvendo, desta forma, o sistema reninaangiotensina-aldosterona. Assim, a pesquisa de disfunção tireoidiana é
mandatória na prevenção e evolução da nefropatia. Conclusão: A associação
de insuficiência renal e hipotireoidismo existem e são subdiagnosticadas. As
etiologias são múltiplas. O tratamento consiste em administrar hormônio
tireoidiano e, ao adequar a função da tireóide, possibilitar a melhora da
função renal minimizando a progressão da doença renal e a necessidade de
terapia renal substitutiva.
Hiperuricemia em pacientes hipertensos: um fator de risco para
doença renal?
Santos EJF1, Portela LLC2, Santos AM3, Salgado Filho N3
1
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA, 2Curso de
Farmácia Bioquímica da UFMA, 3Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: Estudos epidemiológicos recentes e evidências experimentais
sugerem um papel para ácido úrico, não apenas como um marcador de
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
redução da função renal e independente fator de risco cardiovascular, mas
também como um fator de risco causal para o desenvolvimento e progressão
de insuficiência renal (Obermayr, 2008). A ocorrência de hiperuricemia,
geralmente decorrente da diminuição da excreção fracional do ácido úrico
pelos rins ao longo dos anos, gera um aumento da quantidade de ácido úrico
no organismo, favorecendo a deposição de urato não só nas articulações, mas
também em outros tecidos, principalmente nos rins, e no endotélio vascular
(Bastos, 2009). Em humanos, a hiperuricemia tem sido associada com
hipertensão e, recentemente, com iniciação e progressão da doença renal em
não-diabéticos (Hovind, 2009). A relação entre ácido úrico e microalbuminúria tem sido observada anteriormente em hipertensos e pré-hipertensos, na
sua maioria relacionada com os valores da pressão arterial (Rodilla, 2009). A
microalbuminúria representa uma disfunção generalizada do endotélio
vascular com aumento da sua permeabilidade, permitindo o vazamento de
albumina através da membrana glomerular (Stamm, 2007). Evidências atuais
têm sugerido que o diagnóstico e a implementação de medidas nefroprotetoras precoces podem interromper ou retardar a progressão da DRC (Bastos,
2009). Objetivo: Avaliar a relação da microalbuminúria - excreção urinária de
albumina ≥ 30 mg/24h – com as características sociodemográficas, clínicas e
laboratoriais de pacientes hipertensos. Métodos: Trata-se de estudo
analítico, transversal com 226 pacientes cadastrados no HiperDia, nãodiabéticos, avaliando-se dados demográficos, socioeconômicos e história
clínica. Na Unidade de Saúde, foi realizada avaliação da pressão arterial,
avaliação antropométrica e clínico-laboratorial. Para verificar a associação
dos demais fatores com o a presença de microalbuminúria, foi utilizado um
modelo de regressão logística com nível de significância pré-estabelecido em
5%. O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob Parecer nº.
312/2009. Resultados: Na amostra estudada, houve predomínio do sexo
feminino (75.8%), com média de idade 61.20 ± 12.1 anos; 55.7% pertenciam às
classes B e C; (57.7%) tinham mais de 8 anos de estudo; (17.2%) referiram-se
brancos; (68.2%) eram não fumantes; (62.24) não consumiam bebida
alcoólica e (75,5%) eram sedentários. Na análise univariada, o ácido úrico
alterado foi associado à presença de microalbuminúria. Na análise
multivariada, utilizando-se o Stepwise, confirmou-se o ácido úrico alterado
como fator de risco (OR=9,24; IC=2,05-41,56) e a pressão arterial diastólica
acima de 90 mmHgtambém foi identificada como fator de risco (OR=3,36;
IC=1,48-7,61). Conclusão: Os níveis pressóricos devem ser observados de
perto em pacientes hipertensos, assim como a dosagem do ácido úrico deve
ser pensada, visto que as associações demonstradas podem ser usadas no
rastreio da doença renal nesse grupo de risco.
Infecção urinária em gestantes atendidas em PSFs do
município de Santa Helena - MA
Araújo AHB1, Silva LRMS2
1
Programa Saúde da Família - Santa Helena-MA, 2Residência Multiprofissional em Saúde HUUFMA
Introdução: Prevenir consiste em atuar antecipadamente, impedindo
situações indesejadas, como o adoecimento, a invalidez, a cronicidade de
uma doença ou morte. Os níveis de prevenção podem ser três: prevenção
primária, relacionada a ações que possam evitar que determinada doença se
instale; prevenção secundária, voltada para impedir a evolução e
complicações da doença e prevenção terciária, que consiste em ações
voltadas para a limitação do dano e a reabilitação do indivíduo. O
acompanhamento pré-natal corresponde a uma das ações de proteção
específica, relacionada à prevenção primária, pois inclui medidas voltadas
para o combate de doenças que possam vir a causar danos irreversíveis.
Nesse contexto, foi criado o PAISM (Programa de Atenção Integral à Saúde da
Mulher), o qual tem como um dos principais objetivos, melhorar a qualidade
da assistência ao parto e implantar ou ampliar as atividades de identificação
de patologias de maior prevalência. As Infecções do Trato Urinário (ITU) são
comuns em mulheres jovens e representam a complicação clínica mais
frequênte na gestação. Durante a gestação, os hormônios provocam
inúmeras modificações no organismo da mulher, tornando a urina mais rica
em açúcar e aminoácidos, favorecendo o crescimento bacteriano e as
infecções. Além disso, do ponto de vista renal, ocorre um aumento do
volume do glomérulo, associado a uma vasodilatação que acomoda uma
maior quantidade de sangue. Esta favorece a estase urinária e aumenta a
probabilidade de mulheres grávidas que têm infecção urinária (assintomática ou sintomática) desenvolverem pielonefrite. Desta forma, a incidência da
infecção urinária não é maior na grávida do que na não grávida sexualmente
ativa, mas a propensão a desenvolver complicações é significativamente
maior. Há quatro tipos de infecção: bacteriúria assintomática, infecção
urinária baixa (cistite), pielonefrite aguda e pielonefrite crônica. A
bacteriúria assintomática, diagnosticada através da urocultura positiva,
pode causar complicações como trabalho de parto prematuro (TPP), anemia
e restrição do crescimento intra-uterino (RCIU). Por outro lado, a
pielonefrite é uma das complicações mais comuns e mais sérias durante a
gestação, acomete os rins e evidenciam-se pela febre alta, calafrios e dor na
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Resumos / Abstracts
loja renal, além da referência pregressa de sintomas de infecção urinária
baixa. Esta última, caracterizada pela cistite, a qual acomete a bexiga, fica
evidenciada na análise do sedimento urinário, geralmente leucocitúria e
hematúria, além do grande número de bactérias e sintomas como disúria,
polaciúria e/ou urgência urinária. O sedimento urinário pode ser analisado
através do EAS (exame de urina de rotina). Por ter baixo custo e ser
facilmente disponibilizado, além de não ser um método invasivo, é realizado
rotineiramente e, apesar de ser considerado um exame simples, fornece
uma grande quantidade de informações úteis no diagnóstico e seguimento
das doenças não apenas renais, mas também do trato gênito-urinário.
Embora haja controvérsias quanto aos limites de normalidade da presença
de hemácias na urina, a maioria dos laboratórios consideram no máximo 5
hemácias por campo como parâmetro de normalidade. Em relação à
presença de leucócitos, considera-se leucocitúria quando há um número
acima de 10 leucócitos por campo na amostra urinária. Objetivos:
Identificar gestantes com possível infecção urinária e infecção urinária
pregressa. Métodos: Estudo descritivo, realizado com gestantes acompanhadas de abril a outubro de 2011, nos PSFs José Leite e Olho d´água, no
município de Santa Helena - MA, submetidas ao exame de urina para
avaliação do sedimento urinário. Resultados: De um total de 53 gestantes,
1,88% (1) tem idades que correspondem a 21, 24, 28, 29, 30, 33, 34 e 35 anos,
3,78% (2) têm idades que correspondem a 14, 15, 22 e 25 anos; 5,66% (3) têm
idades que correspondem a 26 e 27 anos, 7,55% (4) têm idades que
correspondem a 16, 17, 18 e 23 anos, 11,33% (6) têm idade correspondente a
19 anos e 16,99% (9) têm idade correspondente a 20 anos. Em relação ao
estado civil, 32,07% (17) relataram ser solteiras, 22,64% (12), casadas e
45,29% (24), em união estável. No que diz respeito ao número de gestações,
49,06% (26) relataram ser esta a primeira gestação, 26,42% (14), a segunda,
15,09% (8), a terceira gestação, 5,66% (3), a quarta e 3,77% (2) relataram
mais de quatro gestações com esta. Em relação às ITU, 16,99% (9) referiram
infecção urinária como antecedentes pessoais. De acordo com exames de
urina analisados, puderam-se observar os seguintes resultados: 22,64% (12)
apresentaram 0-2 leucócitos por campo (p/c), 18,87% (10) apresentaram 3-5
p/c, 24,53% (13) apresentaram 10-12 p/c, 9,43% (5) apresentaram 12-15 p/c
e 24,53% (13) apresentaram acima de 15 leucócitos por campo. Em relação à
presença de hemácias na urina, foram encontrados os seguintes resultados:
5,66% (3) apresentando 1-2 hemácias p/c, 3,77% (2), 2-3 p/c, 5,66% (3), 5-6
p/c e 7,48% (4) apresentando 7-9 p/c. É importante ressaltar que das 13
gestantes com presença de leucócitos acima de 15 p/c, 30,77% (4)
apresentaram 25-30 p/c, 7,69% (1) apresentou 50 p/c e 15,38% (2)
apresentaram campos incontáveis. Das gestantes que apresentaram um
número de leucócitos acima de 10 p/c, o qual totaliza 23 gestantes, 34,78%
(8) relataram já ter tido infecção urinária anteriormente. Além disso, 30
(56,60%) das 53 gestantes relataram presença de pelo menos dois dos
sintomas relacionados à cistite e/ou pielonefrite. Conclusão: De acordo
com os resultados encontrados, pode-se observar que a maioria das
gestantes apresentou um número elevado de leucócitos no sedimento
urinário, além de um número considerável que já teve infecção urinária
anteriormente. É importante ressaltar que todos os casos de infecção
urinária podem causar danos aos rins que, em longo prazo, prejudicam o
funcionamento dos mesmos. Desta forma, o mais importante é prevenir com
orientações e ações que ajudem a diminuir a proliferação das bactérias na
urina, como por exemplo, ingesta hídrica aumentada e asseios, pois as ITUs
quando recorrentes, tornam-se um fator importante para patologias renais
com complicações.
Inserção do assistente social no centro de prevenção de doenças
renais de um hospital universitário
Rodrigues N1, Pereira G1, Carneiro E1, Pereira R2, Viegas D2, Salgado Filho N3
1
3
Hospital Universitário da UFMA, 2Residência Multiprofissional em Saúde - HUUFMA,
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é uma síndrome clínica
caracterizada pela perda lenta e irreversível da função renal. Segundo o
National Kidney Foundation / Clinical Practices Guidelines for Chronic Kidney
Disease (NKF/DOQI), a DRC caracteriza-se pela presença de dano renal ou
redução da função renal por um período igual ou superior a três meses,
independente de sua etiologia. Por ser uma doença complexa e multifatorial
requer uma abordagem multiprofissional, posto que, segundo Bastos et al. a
doença renal “... cursa assintomática até seus estágios mais avançados e
quando o paciente procura atenção médica já apresenta uma ou mais
complicação e/ou co-morbidade da doença” (Bastos et al. 2008: 283). Nesse
contexto o Serviço de Nefrologia do Hospital Universitário da Universidade
Federal do Maranhão (HUUFMA) foi credenciado pelo Ministério da Saúde
como Centro de Referência em Nefrologia para o Estado do Maranhão.
Visando a melhor organização dos serviços foi estruturado o Centro de
Prevenção de Doenças Renais (CPDR), como parte do Serviço de Nefrologia. O
foco de atendimento do Centro são ações em torno do diagnóstico precoce da
DRC, no tratamento conservador da função renal, conseqüente postergação
67
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
do ingresso dos pacientes em níveis dialíticos e preparação de pacientes para
ingresso em Terapia Renal Substitutiva. A atuação do Assistente Social na
Política de Saúde é referendada pela Resolução Nº 383/99 do Conselho
Federal de Serviço Social, a qual em seu artigo 1º caracteriza “o assistente
social como profissional de saúde” ao considerar que “o assistente social atua
no âmbito das políticas sociais [...]”. (CEFSS, 2009). A inserção do assistente
social no Centro de Prevenção de Doenças Renais do HUUFMA data de
dezembro de 2010. O assistente social atua na perspectiva de uma ação que
objetiva a construção da cultura de informação e participação social. Os
usuários são estimulados a buscar formas de participação e controle social na
Política de Saúde. Outras ações do serviço social no CPDR estão relacionadas
à função pedagógica que segundo o projeto que orienta a atuação
profissional no setor deve colaborar para orientar os pacientes quantos aos
direitos e deveres que os assistem, bem como quanto à rede social de apoio e
seguridade disponível, além de encaminhá-los aos recursos existentes.
Objetivo: Relatar a inserção e prática do Serviço Social no Centro de
Prevenção de Doenças Renais do HUUFMA. Métodos: Trata-se de um estudo
retrospectivo, do tipo descritivo com abordagem qualitativa e quantitativa.
Resultados: No período de dezembro de 2010 a outubro de 2011, foram
inscritos no Cadastro do Serviço Social 402 usuários. Além destes foram
realizadas, no período de agosto a outubro de 2011, 21 atividades
socioeducativas em sala de espera, 04 em parceria com a Psicologia e 01 com
a Enfermagem, onde participaram 378 usuários. As ações do Serviço Social
têm se pautado em uma prática pedagógica, na orientação sobre direitos e
benefícios sociais, encaminhamento aos recursos e serviços disponíveis,
além da interlocução com os demais membros da equipe, possibilitando a
troca de saberes, visando o atendimento integral aos usuários. Conclusão: O
conceito de saúde defendido pelo SUS para o atendimento integral requer
equipes de saúde ampliadas para um atendimento que considere e desvende
a realidade dos usuários atendidos. Nesse sentido a inserção do Serviço Social
no Ambulatório do CPDR é uma conquista tanto para o serviço quanto para os
usuários e insere-se no âmbito das atividades socioeducativas.
Infecção urinária: fator complicador durante a gestação
Andrade BC1, Sousa FC1, Melo LPL1, Albuquerque IC1, Andrade DC2
1
Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, 2Centro Universitário
do Maranhão - CEUMA
Introdução: Vários fatores tornam a infecção do trato urinário uma relevante
complicação do período gestacional, como: as alterações anatômicas e
funcionais do trato urinário produzidas pelo estado gravídico modificam de
maneira significante o curso da bacteriúria. Junto a essas alterações
fisiológicas, que deixam a gestante mais suscetível à proliferação e ascensão
de bactérias ao trato urinário superior, somam-se as repercussões da
gestação no sistema imunológico da mulher, favorecendo a progressão para
quadros infecciosos mais intensos. O sistema coletor renal e, sobretudo, os
ureteres se mostram dilatados durante o período gestacional, o que pode ser
explicado pela diminuição da capacidade de peristalse ureteral sob
influência da progesterona, mas, principalmente, pela compressão ureteral
pelo útero gravídico. Da mesma forma, o relaxamento muscular induzido pela
progesterona, que altera a capacidade de peristalse ureteral, também altera
a capacidade contrátil da bexiga, que se torna um reservatório com
capacidade aumentada.Já que à proporção que a investigação e tratamento
adequados são realizados de maneira antecipada, menores são as
complicações. O rastreamento precoce da bacteriúria na gestação, mesmo
que sem apresentar quadro sintomatológico, tem benefícios, já que a
infecção do trato urinário na gestação é fonte de complicações maternas e
perinatais. Objetivo: mostrar, a partir das literaturas pesquisadas, o quanto
que a infecção urinária durante o período gestacional pode vir a ser fator
complicador no desenvolvimento do bebê e fator de risco também para saúde
e integridade da mãe. Métodos: O trabalho apresenta um enfoque descritivo
a partir de pesquisa bibliográfica em artigos do banco de dados eletrônicos
LILACS, compreendendo a publicação de 2005 a 2010. Foram encontrados 5
artigos. O período de pesquisa foi de 19 de agosto a 25 de outubro de 2011.
Resultados: A partir da análise dos textos pesquisados não há dúvidas que a
infecção urinária representa relevante fonte de complicações à gestante,
seja desde obstrução urinária a trabalho de parto pré-termo, anemia, préeclâmpsia, ou mais ainda: falência de múltiplos órgãos e óbito, além de
prejudicar o desenvolvimento do feto dentro dos padrões de normalidade
anatomofisiológicos. Podendo assim, desencadear prematuridade, infecção
generalizada, aborto e natimorto. O que nos leva, como profissional de
saúde, acompanhar mais de perto esses casos, pois é a partir da realização de
práticas preventivas (dentro do acompanhamento realizado no pré-natal)
que agravos maiores e/ou irreversíveis conseguem ser evitados. Conclusão: A
infecção urinária é uma complicação comum na gestação. Escherichia coli,
dentre alguns outros uropatógenos mais comuns podem ser responsáveis por
complicações como prematuridade, baixo peso ao nascer e morte fetal, bem
como desenvolvimento de desarranjo fisiológico no organismo da gestante.
Por isso, torna-se importante discutir a importância de um pré-natal bem
68
feito, com todas as consultas realizadas rotineiramente a fim de efetuar a
prática preventiva para uma boa gestação.
Insuficiência renal no Maranhão (1997-2007)
Santos MJC1, Silva NS1, Borges KGPS1, Araújo RLTM1, Menezes CDS1, Silva ACO2
1
Residência de Enfermagem em Clínico-Cirúrgica - UFMA, 2Universidade Federal do
Maranhão - UFMA
Introdução: A insuficiência renal é um diagnóstico que expressa uma perda
maior ou menor de qualquer uma das funções do rim. Pode ser dividida em
duas categorias principais: 1) a insuficiência renal aguda, na qual os rins
subitamente param de funcionar de modo total ou parcial, mas que podem
em um período futuro recuperar o funcionamento quase normal, e 2)
insuficiência renal crônica, na qual ocorre perda progressiva da função de um
número crescente de néfrons, que de modo gradual, vão diminuindo a função
geral dos rins. Estão entre as causas mais importantes de óbito e de
incapacidade em diversos países em todo o mundo. A mortalidade por
insuficiência renal é 10 a 20 vezes maior que a da população geral, mesmo
quando ajustada por idade, sexo, raça e presença de diabetes mellitus, sendo
que a doença cardiovascular é a causa mais comum de óbito. No Brasil, a
doença atinge 2 milhões de pessoas, sendo que 60% desconhecem o
diagnóstico. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), em 2010,
foram 92.091 pacientes dialíticos, como fontes pagadoras 85,8% pelo SUS e
14,2% por outros convênios. No país são 682 unidades renais cadastradas na
SBN e apenas 8 no Maranhão. Objetivo: Identificar a prevalência de
insuficiência renal no Estado do Maranhão. Métodos: Trata-se de estudo
epidemiológico, descritivo, transversal, com abordagem quantitativa, que
visa identificar a prevalência de morbidade por insuficiência renal no
Maranhão no período de 1997 a 2007. Os dados foram obtidos por meio do
Data-SUS do Ministério da Saúde, foram reunidos e analisados e serão
apresentados em forma de gráficos e tabelas distribuídos em coeficientes e
índices. Resultados: No Estado do Maranhão, no período de 1997 a 2007, o
coeficiente geral de morbidade específico para insuficiência renal foi de 16
por 10 mil hab. O índice de morbidade proporcional de insuficiência renal
para o sexo masculino foi de 53,9% e de 46,1% para o feminino. Menores de um
ano apresentaram índice de 0,88%, crianças de 1 a 4 anos, 3,3%, de 5 a 19 anos
apresentaram 12, 2%, de 20 a 49 anos, 40,7% e acima de 50 apresentaram
índice proporcional de morbidade por insuficiência renal de 43%. Em 1998, o
Maranhão apresentou um coeficiente de morbidade por 10 mil habitantes de
1,2. Nos anos de 1999, 2000 e 2001 apresentou 1,1. Em 2002 e 2003,
apresentou um coeficiente de 2 por 10 mil habitantes. Em 2004 e 2005, de
1,8. Em 2006, apresentou 1,9 e em 2007 apresentou um coeficiente de
morbidade específico para insuficiência renal de 1,6 por 10 mil habitantes.
Conclusão: Os dados revelam a subnotificação de pacientes portadores de
insuficiência renal no Maranhão, demonstrando a necessidade de maior
rastreamento desses indivíduos por parte dos ambulatórios e ainda devido a
existência de apenas 8 centros de diálise que suprem as necessidades de uma
parcela dessa população. Entretanto, não se devem subestimar esses valores,
visto que apesar da subnotificação é uma doença que repercute nas bases de
dados dos censos especializados devido à sua alta morbimortalidade.
Implicações nutricionais durante a gestação sobre a saúde
renal do concepto
Viana BV1, Teixeira AF1, Santana LC1, Santos SJL1, Castro LS1, Nunes GS2
1
Curso de Nutrição da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, 2Universidade Federal do
Maranhão - UFMA
Introdução: A doença renal crônica (DRC) atualmente atinge proporções
epidêmicas, constituindo-se em um problema de saúde pública. Estudos têm
demonstrado que o risco de complicações renai na idade adulta pode ser
afetado pelo ambiente uterino, nesse sentido, a nutrição materna pode
gerar mudanças estruturais em tecidos complexos, refletindo no
desenvolvimento do rim fetal. A gestação representa uma experiência
humana que envolve uma dimensão social, na qual há a influência de
diversos fatores externos, e outra biológica, em que é necessário o
equilíbrio entre as condições fisiológicas para o desenvolvimento do feto.
Objetivos: O presente estudo teve por objetivo buscar na literatura atual,
artigos sobre as implicações nutricionais da gestação sobre a saúde renal do
concepto. Métodos: Realizou-se levantamento bibliográfico em artigos
indexados nas bases de dados Bireme, Lilacs e Scielo, utilizando-se os
descritores – doença renal e nutrição; doença renal e gestação. Resultados:
Os estudos apresentam dados obtidos principalmente, a partir de
experimentos realizados em modelos experimentais com ratos e ovelhas. As
pesquisas demonstraram que um dos principais órgãos afetados por um
ambiente desfavorável durante o pré-natal é o rim. Alguns trabalhos
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
apontam a vitamina A insuficiente, desnutrição calórica e protéica,
exposição a glicocorticóides em excesso e alterações no sistema reninaangiotensina como principais fatores que podem afetar o desenvolvimento
renal fetal. Em estudos utilizando modelos de desnutrição materna,
exposição a glicocorticóides e insuficiência útero-placentária observaramse prole com número reduzido de néfrons e disfunção renal na vida adulta,
independente do peso ao nascer. No que concerne ao baixo peso ao nascer,
trabalhos destacam que este gera risco aumentado para doença renal
crônica. Em estudos onde se realizou a combinação de redução na nutrição
fetal e obesidade, obteve-se de forma independente que a obesidade
induziu a uma resposta inflamatória crônica comprometendo a saúde renal
em longo prazo. Pesquisas revelaram que a nutrição materna pode
influenciar no peso ao nascer, sendo um indicador importante não só pela
capacidade que apresenta para predizer risco elevado de morte infantil
entre as crianças nascidas com baixo peso. Também reflete a exposição a
outros fatores de risco como condições socioeconômicas desfavoráveis, má
nutrição e doenças maternas, entre outras. Conclusão: Uma melhor
compreensão da nutrição materna e do ambiente uterino é impressindível,
pois pode oferecer estratégias para a detecção precoce da doença renal e
condutas terapêuticas apropriadas que visam reduzir a carga de doença
renal na vida adulta, reduzindo o sofrimento de pacientes e os custos
financeiros associados à DRC.
Intervenções de enfermagem no enfrentamento da
doença renal crônica na gravidez
Pires KS1, Lima CDA1
1
Residência Multiprofissional em Saúde da Universidade Federal do Maranhão UFMA
Introdução: A insuficiência renal crônica apresenta-se como doença
de etiologia variada, acometendo praticamente todas as faixas etárias,
possibilitando assim a sua ocorrência também em mulheres na fase
reprodutiva. Além disso, possui como característica particular,
instalação insidiosa, o que o torna difícil seu diagnóstico em fases
precoces e faz com que, em muitos casos, só seja realizado durante a
gestação. Há alguns anos, a doença renal era sinônimo de interrupção
da gravidez, previsto em lei por risco de vida materna, em nossos dias
mulheres com doenças renais crônicas tem conseguido mesmo com
certa dificuldade, chegar ao término de gestações bem sucedidas, hoje
observa-se pacientes transplantadas renais com uma sobrevida cada
vez maior relacionada a um aumento de fertilidade. Neste sentido, fazse necessário um acompanhamento de um pré-natal especializado por
uma equipe multidisciplinar, onde a enfermagem desempenhará um
papel de suma importância na educação em saúde. A gravidez em
paciente com doença renal prévia ou aquela que se instala na gravidez
são condições usualmente preocupantes diante das implicações que
têm sobre a saúde materna e fetal, particularmente quando se observa
perda da função renal. Objetivo: Descrever a intervenção da
enfermagem no cuidado à gestante portadora de Doença Renal
Crônica. Métodos: Trata-se de uma revisão literária realizada através
de pesquisa bibliográfica e busca nas bases de dados do Scielo e
LILACS, entre os meses de setembro e outubro, no idioma de
português, com os descritores: Enfermagem, Insuficiência renal
crônica, Cuidados de enfermagem e Gravidez. Resultados: Existem
vários estudos que procuram determinar o impacto da gestação sobre
a progressão da doença renal. Sabe-se que em uma gestante com a
função renal preservada ocorre o aumento da taxa de filtração
glomerular (TFG) e do fluxo plasmático renal, logo no início da
gestação, e como consequência observa-se o aumento da depuração
da creatinina (110-150 ml/min) e diminuição da creatinina (0,5-0,8
mg/dl) e da uréia (9-12 mg/dl) no soro. No caso de doença renal
crônica, especialmente aquela com insuficiência renal moderada/grave, frequentemente esta condição está associada a préeclâmpsia, deterioração da função renal, parto pré-termo, anemia,
hipertensão crônica e cesariana. Sendo a hipertensão e a proteinúria
indicadores do mau prognóstico, o manejo da mulher grávida com a
doença renal crônica deve envolver supervisão periódica, pronto
tratamento de qualquer momento infeccioso e rigoroso controle da
pressão arterial. Nesse contexto, o cuidado de enfermagem a essa
gestante deve ser direcionado no sentido de evitar as complicações
decorrentes da redução da função renal e auxiliar no enfrentamento da
ansiedade de lidar com a doença durante a gravidez e do estresse
diante de uma situação de risco. Desta forma, os cuidados devem ser
voltados para avaliação do estado hídrico e identificação das fontes
potenciais de desequilíbrio, proporcionar um programa nutricional
adequado para assegurar a ingesta nutricional adequada, promover a
sensações positivas por encorajar o autocuidado diminuindo o grau de
dependência, além de fornecer explicações e informações à gestante e
sua família em relação ao seu quadro clínico e obstétrico, opções de
tratamentos e possíveis complicações. Uma grande parcela de apoio
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Resumos / Abstracts
emocional é necessária devido a dupla condição de alterações
vivenciadas por esta mulher grávida. Conclusão: Diante do exposto,
conclui-se que as literaturas consultadas são enfáticas com relação a
importância da enfermagem no cuidado à gestante portadora de
insuficiência renal crônica, por este profissional se destacar como o
membro da equipe multiprofissional que atua de modo mais constante
e próximo da paciente. Observa-se o crescente bom prognostico de
gestantes com essa patologia, tendo como facilitadores do cuidado a
participação de uma equipe multidisciplinar que atuará juntamente
com a enfermagem, para a melhoria da qualidade de vida e em todo
período gestacional.
Laser de baixa intensidade como opção terapêutica para
fibrose intersticial da doença renal crônica
Oliveira FM1, Fortes RSM1, Bastos MG1, Moraes AP2, Paiva ACM2, Schinzel V2, Costa M3, Semedo
P3, Castoldi A3, Cenedeze M3, Câmara NO3, Sanders-Pinheiro H3, Fortes RSM4
1
Núcleo Interdisciplinar de Estudo e Pesquisa em Nefrologia - Universidade
Federal de Juiz de Fora - UFJF-MG, 2Curso de Medicina da Universidade
Federal de Juiz de Fora - UFJF-MG, 3Laboratório de Imunologia de
Transplante - Universidade de São Paulo - USP, 4Núcleo Interdisciplinar de
Estudos em Animais de Laboratório - Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF-MG,
Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) tem uma fisiopatologia
complexa, que envolve fenômenos inflamatórios e que ainda não dispõe de
terapêutica específica. Um dos aspectos observados á morfologia é a fibrose
generalizada e progressiva do interstício renal, atrofia tubular e a disfunção
renal. Objetivo: investigar os efeitos da Terapia Laser de Baixa Intensidade
(LLLT – em inglês: Low-level laser therapy) sobre a fibrose intersticial renal
da DRC. Métodos: Utilizamos o modelo de Obstrução Unilateral do Ureter
(OUU) e estudamos 3 grupos: grupo OUU, Grupo OUU+LLLT e grupo LLLT. O
rim obstruído do grupo OUU+LLLT, recebeu dose única intra-operatória do
laser com as seguintes características: AlGaAs laser, 780 nm, 22,5 J/cm ², 30
mW, 30 segundos em cada um dos nove pontos. Após 14 dias, a fibrose renal
foi avaliada pela coloração por picrosírius e medição da área transversal sob
luz polarizada. Análise imunohistoquímica quantificou células do tecido
renal que expressam marcadores de fibroblastos (FSP-1) e miofibroblastos
(α-SMA). RT-PCR foi realizada para determinar a expressão de mRNA de
genes chaves relacionados com a fibrose: TGF-β1, Smad3 e mediadores
inflamatórios IL-6 e MCP-1. Resultados: No grupo submetido à OUU e tratado
pelo LLLT os animais apresentaram menos fibrose renal do que os animais
obstruídos (OUU), 98,5x10-3+17,3% vs. 184x10-3+23,8%, p<0,01. A expressão
de α-SMA, TGF-β1, Smad3 e dos mediaores inflamatórios IL-6 e MCP-1 estava
aumentada no interstício renal dos animais do grupo OUU. A LLLT reduziu a
expressão de todas essas moléculas. Após a LLLT, não observamos efeito
significativo na expressão do número de fibroblastos FSP-1, que também
foram induzidos por OUU. Conclusão: Pela primeira vez, mostramos que
LLLT tem um efeito protetor em relação à fibrose intersticial renal. Os
resultados sugerem que, atenuando a inflamação, a laserterapia pode
impedir a ativação tubular e transdiferenciação, que são os dois processos
principal que formam a fibrose renal no modelo OUU.
Nefrolitíase: o cuidado na ingestão de frutos de morinda
citrifolia linn
Castro VAS1, Chaves FL1, Lima RLR1, Costa EGL1, Nunes SEA2
1
2
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão.
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
Introdução: Os rins humanos são órgãos pares em forma de feijão,
localizados no espaço retroperitoneal, possuem função importante na
hemostasia corpórea, ao mesmo tempo em que remove substâncias
desnecessárias ao organismo. Os cálculos renais são formados por
depósitos de cristais. Conforme Hruska (2001) a formação de cálculos
renais se dá em três etapas 1 - formação inicial de cristais (nucleação),
2 - efeitos reduzidos dos constituintes urinários normais que inibem o
crescimento e agregação de cristais; e 3 - presença de substâncias que
favorecem o crescimento e 4 - processo que determinam a fixação de
cristais à superfície de células papilares renais. Campos e Schor (1998)
comentam que embora ainda não se disponha de dados objetivos que
comprovem a relação existente entre cristais de oxalato de cálcio e
cálculos renais, tudo leva a crer que a adesão dos cristais de CaOx à
superfície epitelial tubular é realmente necessária para posteriormente originar os, cálculos propriamente ditos. Após estudo de Castro
(2010), que traçou um perfil de consumidores de frutos de Morinda
citrifolia Linn. no município de Imperatriz - MA, mostrando que 66,66%
69
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
procuraram o noni devido ao histórico de doença. Objetivo: Realizar
uma investigação histológica do fruto, de modo a identificar os
componentes morfológicos e constatar sua nefrotoxidade. Método:
Estudo Laboratorial, caracterizado por natureza descritiva e aplicado.
A coleta de dados ocorreu de fevereiro a julho de 2011. A partir do
material coletado foram feitos cortes anatômicos transversais do
fruto, com o auxílio de lâminas de bisturi de aço. Para a coloração dos
tecidos mais internos foi utilizado azul de metileno e para as secções
mais externas, foi utilizado a hematoxilina, as secções permaneceram
na solução durante 10 minutos, logo após foram lavados em água
abundante. A visualização foi feita em microscópio de luz (Axiophoto,
ZEISS). Resultado: Foi encontrada nos cortes histológicos do fruto, a
presença de ráfides, que são cristais de oxalato de cálcio que se
depositam no protoplasma vegetal, sendo considerada por muitos
autores, uma defesa contra herbívoros, as quais também são
encontradas na espécie Dieffenbachia seguine Linn. (Comigoninguém-pode) que ao ser ingerido em grandes quantidades podem
causar micro lesões na mucosa. Conclusão: A utilização das plantas
medicinais no cuidado de afecções vem atingindo um público cada vez
maior, recebendo incentivo da própria Organização Mundial da Saúde OMS, a qual recomenda pesquisas visando o uso da flora como
propósito terapêutico. É possível evitar a maioria dos cálculos de cálcio
dando uma cuidadosa atenção para a dieta, a nefrolitiase está
associada a excesso dietético e predisposição genética. Um estudo
dessa interação pode fornecer resultados promissores na prevenção e
tratamento da litíase urinária.
Nível de conhecimento dos agentes comunitários de
saúde sobre os fatores de riscos para DRC
Nunes SFL1, Santos JLS2, Silva WS2, Sousa KR2, Sousa MJS2
1
Docente - Universidade Federal do Maranhão - UFMA - Imperatriz. 2Acadêmico do
Curso de Enfermagem - Imperatriz - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) no Brasil tem crescido
alarmantemente, e isso representa um grande impacto na saúde
pública, pois onera altos custos frente à realização de diálise e de
transplantes, além da perda da atividade laboral do indivíduo que é
acometido por essa patologia. Medidas preventivas podem ser
realizadas para a identificação precoce da disfunção renal e a detecção
e correção de causas reversíveis da doença renal. A DRC tem como os
principais fatores de risco, história familiar de DRC, a hipertensão
arterial sistêmica (HAS), o diabetes mellitus (DM), entre outros. A DRC
consiste em uma lesão, perda progressiva e irreversível da função
renal. O diagnóstico se baseia na identificação de grupos de risco, e
esse desafio é, sobretudo, da Atenção Básica, visto que seu o processo
de trabalho pressupõe vinculo com comunidade e a clientela adscrita.
Desta forma, a Estratégia Saúde Família (ESF) deve realizar o
monitoramento principalmente dos pacientes que fazem parte do
Programa Hiperdia com fatores de risco para DRC, e os Agentes
Comunitários de Saúde têm papel fundamental uma vez que ocupam o
lugar de articulador entre a comunidade e a equipe de saúde,
ampliando o poder de atuação junto à população. Objetivo: Avaliar o
nível de conhecimento dos Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) que
atuam nas ESFs do Parque Anhanguera e São Salvador, acerca do
reconhecimento dos fatores de risco para a Doença Renal Crônica.
Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem qualiquantitativa, realizado na Unidade Básica de Saúde do Parque
Anhanguera, onde funcionam as ESFs do Parque Anhanguera e São
Salvador, no município de Imperatriz - MA. O estudo foi realizado no
período de setembro a outubro de 2011, concomitante as aulas
práticas da disciplina de Atenção Básica II, do Curso de Enfermagem da
Universidade Federal do Maranhão, Campus II. A amostra da pesquisa
foi de 12 participantes dos 13 existentes lotados na Unidade referida.
A pesquisa foi dividida em dois momentos diferentes, o primeiro (M1)
antes da capacitação e o segundo (M2) após a mesma. Para a
realização da coleta de dados foi aplicado um questionário composto
por 11 perguntas objetivas e subjetivas, realizada somente após
explicação sobre a pesquisa e aceitação, por escrito, dos participantes, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, onde se avaliou o conhecimento das ACSs acerca dos
fatores de risco para o desenvolvimento da DRC, comparando
posteriormente suas respostas nos dois momentos (M1, M2). Dessas
13, apenas uma foi excluída da pesquisa por não ter respondido o
questionário no M1. Antes das participantes assinarem o termo, foram
explicados os objetivos da pesquisa e a preservação do anonimato.
Logo após o preenchimento do questionário no M1, deu-se início a
capacitação sobre DRC e seus fatores de risco. Em seguida, aplicou-se
o mesmo questionário no M2. Os questionários dos dois momentos
foram analisados a fim de identificar se houve alguma melhora no nível
de conhecimento das ACSs à respeito do assunto. As respostas
70
objetivas foram tabuladas e transformadas em porcentagem e as
respostas subjetivas que se assemelharam foram agrupadas.
Resultados: De acordo com os dados coletados, das 12 participantes
entrevistadas na pesquisa, 100% eram do sexo feminino. Com relação
ao grau de escolaridade, todas (100%) possuíam ensino médio
completo, quanto ao tempo de serviço na UBS, 100% das agentes
responderam trabalhar há mais de três anos. Quando questionadas
sobre o conhecimento acerca dos fatores de risco que levam a DRC,
91,66% informaram no M1 que conhecem os fatores de risco, e 100%
das entrevistadas souberam informar no M2. Em 7 casos (58.33%) no
M1 consideraram a HAS como possível causador de DRC, e 10 (83,33%)
responderam que o DM, e no M2 100% informaram que ambas doenças
podem causar uma DRC. Quando questionadas se estas consideram a
DRC como um problema de saúde grave 100% das entrevistadas
responderam “SIM” nos dois momentos (M1 e M2). Em 10 casos
(83.33%) não souberam identificar os sinais, nem os sintomas clínicos
de um paciente com DRC no M1, ao passo que no M2, 11 (91.67%) dos
ACSs souberam informar, cujos sinais e sintomas principalmente
relatados foram: urina escura ou avermelhada, edema. Logo em
seguida, quanto ao proceder diante de um paciente com DRC, 75%
responderam saber no M1 e 25% não sabiam como proceder, por outro
lado 100% dos ACSs no M2, 12 (100%) sabiam como proceder, sendo
que as principais respostas foram: encaminhar o paciente para a UBS;
fazer exames para possível diagnóstico e tratamento, ou encaminhar
para um serviço especializado. Conclusão: Constatamos ao final deste
estudo que é importante realizar atividades como a realizada de
capacitação aos agentes comunitários de saúde para potencializar ou
elevar o nível de conhecimento destes sobre a DRC e seus riscos
potenciais, visto que, estes profissionais são essenciais na buscativa
de casos. Observamos que o grupo após a capacitação demonstrou
claramente saber identificar os fatores de risco para a DRC, e medidas
de prevenção para o combate da mesma. Diante do exposto, verificouse a necessidade de instaurar ações para fortalecimento da educação
permanente em saúde beneficiando assim a comunidade assistida
pela Estratégia Saúde da Família.
O papel da grelina na doença renal crônica
Guimarães AD1, Pires BRF1, Calado IL2
1
2
Acadêmica do Curso de Nutrição - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Docente - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: Pacientes com doença renal crônica (DRC) muitas vezes
apresentam sintomas de anorexia, perda de massa magra e aumento
do gasto energético. Os sintomas de caquexia em portadores de
doença renal crônica estão associados a uma diminuição na qualidade
de vida e um aumento na mortalidade. Dessa forma, possibilidades de
intervenção terapêuticas são necessárias na tentativa de reduzir os
sintomas da caquexia em portadores de DRC, entre elas destaca-se a
administração da grelina. A grelina é um hormônio orexígeno
produzido predominantemente pelo estômago e sintetizado em
menores quantidades no sistema nervoso central, rins, placenta e
coração. Este hormônio está envolvido na regulação do balanço
energético, aumentando a ingestão alimentar e diminuindo o gasto
energético. Objetivo: Realizar revisão sobre os efeitos terapêuticos da
grelina no tratamento da anorexia e caquexia em pacientes com
doença renal crônica. Métodos: Este trabalho consiste em um
levantamento bibliográfico dos últimos sete anos (2005 - 2011), tendo
sido consultados artigos nas bases Scielo e Pubmed, utilizando como
palavras-chave: grelina e doença renal crônica Resultados: Níveis de
grelina estão elevados em pacientes com caquexia associada à DRC,
entretanto o consumo energético da dieta é reduzido. Possíveis
explicações seriam: a resistência dos centros hipotalâmicos na
presença de grelina em elevadas concentrações; o fato da grelina não
ser o único hormônio que regula o apetite, pois outros hormônios
estão elevados em pacientes com DRC, como a leptina; efeito
anorexígeno das citocinas inflamatórias e toxinas urêmicas; dentre
outros motivos. Estudos observaram que a infusão intravenosa de
doses de grelina estimulou o apetite em indivíduos saudáveis,
aumentou a ingestão alimentar em pacientes com câncer, com
insuficiência cardíaca e em diálise peritoneal. Outros estudos
realizados em animais induzidos á DRC, demonstraram que a infusão
venosa de grelina aumentou a ingestão alimentar, promoveu retenção
de massa magra, diminuiu o catabolismo muscular, além de exercer
ação anti-inflamatória, devido a redução de citocinas inflamatórias.
Conclusão: Os estudos evidenciam que a terapia com grelina melhora
a ingestão alimentar em pacientes com doença renal crônica. Contudo,
mais estudos são necessários neste grupo de pacientes para
estabelecer a eficácia da administração de grelina na melhora de
parâmetros nutricionais, proporcionando desta forma, possibilidade
de intervenção terapêutica prática que poderá ser realizada em
conjunto com a hemodiálise ou outros tratamentos.
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
O uso indiscriminado de anti-inflamatórios nãoesteroides (aines) como preditores para doença renal
crônica
Sousa DF1, Chaves FL1, Santos MRJ1, Santos JLS1, Nunes SFL2
1
Acadêmica do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Imperatriz. Docente - Universidade Federal do Maranhão - UFMA - Imperatriz
Introdução: O uso de substâncias químicas para melhorar a dor e a
inflamação é uma das necessidades mais antigas da humanidade.
Desde o isolamento da salicilina e a demonstração dos seus efeitos
antipiréticos em 1829 por Leraux, um longo caminho de pesquisa vem
sendo trilhado. A prática indiscriminada dos anti-inflamatórios não
hormonais (AINES) pela população mundial tem ocorrido com muita
frequência, haja vista, o desconhecimento da mesma em relação aos
efeitos colaterais do fármaco e a facilidade de adquiri-los no comércio
formal e informal. Fatores como a disponibilidade, a facilidade de
aquisição de medicamentos em diversos segmentos comerciais sem
indicação médica tem facilitado sua difusão. Dentre os efeitos
adversos dos AINES incluem falência renal aguda, nefrite tubo
intersticial, lesão glomerular, redução de sódio e água, hipercalemia e
hipertensão. Considerando o rim o segundo órgão mais afetado por
efeito adverso durante o tratamento com AINES o uso crônico desse
tipo de medicamento pode vim a desencadear a Doença Renal Crônica
(DRC). Objetivo: Avaliar o uso indiscriminado dos anti-inflamatórios
não-esteroides (AINES) em estudantes da Universidade Federal do
Maranhão, Campus II, Imperatriz - MA. Métodos: Estudo descritivo,
com abordagem quantitativa, desenvolvida no período de setembro a
outubro de 2011, com acadêmicos do curso de Comunicação SocialHabilitação em jornalismo da Universidade Federal do Maranhão,
campus II. O curso é constituído em média de 300 alunos, dos quais 48
participaram da pesquisa, sendo escolhidos aleatoriamente. Para
coleta de dados, foi utilizado um questionário do tipo fechado
contendo 11 questões de múltiplas escolhas, auto-preenchíveis. O
questionário foi elaborado mediante leitura de artigos relacionados
com a temática e com base nos fármacos mais utilizados pela
população em geral segundo levantamento bibliográfico. Resultados:
O estudo foi constituído com a participação de 48 estudantes, em que
destes 21, (43,75%) eram homens, e 27 (56,25%) eram mulheres. A
faixa etária de 15 a 20 anos foi constituída de 8 (16,67%), de 21 a 25
anos,33 (68,75%) e de igual ou a maior que 25 (14,58%).Quanto ao uso
de tabaco 10 (20,83%) fazem o uso de fumo e 38 (79,17%) não fazem
uso. Quanto à ingestão de álcool: 31 (64,58%) fazem uso e 17 (35,42%)
negam fazer uso do mesmo. Quanto ao uso de medicamentos nos
últimos 30 dias: 26 (54,17%) referem ter usado ou estar usando algum
tipo de medicamento e 22 (45,83%) disse que não. Em questão ao uso
de anti-inflamatórios 25 (52,08%) referiram usar nimesulida e 13
(27,09%) usar diclofenaco de sódio/potássio e 10 (20,83%) referiram
fazer uso de outros anti-inflamatórios. Dentre os motivos que levaram
os mesmos a adquirir os AINES estão dor de dente, dor de garganta,
dores nas articulações dor de cabeça, febre, inflamação e cólica
menstrual. Quanto ao conhecimento de uso irregular de AINES como
preceptores a doença renal crônica 8 (16,7%) conheciam tal risco, e 40
(83,3%) referiram que desconheciam tal causa. Quantos aos sinais e
sintomas de doença renal 28 (58,33%) que conhecem e 20 (41,67%)
não sabem referir nenhum sintoma ou sinal, em que entre os sintomas
mais citados estão dor e sangue na urina. Quanto ao histórico familiar:
12 (25%) disseram que tem algum doente renal na família, e 36 (75%)
referiram que não. Quanto o conhecimento aos riscos e os agravos
relacionados ao uso indiscriminados de AINES: 22 (45,83%) disseram
que sim e 26 (54,17%) referiram não conhecer. Conclusão: A partir dos
resultados obtidos foi evidenciada a falta de informação e desconhecimento a respeito das reações adversas e dos riscos relacionado à
Insuficiência Renal Crônica pelo uso indiscriminado de AINES. Portanto
se faz necessário o desenvolvimento de ações educativas a fim de
torná-los conhecidos de tais riscos e agravos, visto que o indivíduo esta
sujeito a riscos potenciais de se desenvolver uma doença renal crônica.
Osteodistrofia renal: a importância de conhecer
principais parâmetros fisiológicos que indicam o
desenvolvimento da doença
Pestana EA1, Passos PRC2, Ribeiro SS2, Diniz IKF2, Sousa ALS2
1
Docente - Curso de Farmacologia e Patologia - Faculdade São Luís - MA. 2Acadêmico do
Curso de Farmacologia e Patologia - Faculdade São Luís - MA
Introdução: A Osteodistrofia Renal é preconizada com a calcificação
vascular associada ao distúrbio metabólico, mineral e ósseo,
decorrente de fatores ainda não elucidados, mas correlacionados a
Doença Renal Crônica (DRC). Deste modo a osteodistrofia relaciona-se
diretamente com a morbidade e mortalidade em pacientes com
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Resumos / Abstracts
comprometimento renal, principalmente pelo aumento do risco
cardiovascular. Níveis de cálcio sérico, fósforo e fosfatase alcalina têm
sido usados como base para o desenvolvimento de possíveis
tratamentos enquanto a grande variação níveis plasmáticos de
hormônio paratireoidiano tem sido considerado principal indicador da
osteodistrofia. Diversos estudos foram realizados acerca do problema
e já esteve em pauta em importantes conferências como a realizada
pela “Kidney Disease: Improving Global Outcomes”, no objetivo de
firmarem-se parâmetros de aspectos fisiológicos que permitissem
indicar o curso da patogenia e estabelecer um sistema classificativo
facilitador da prática clínica. Independente da etiologia, do tempo de
doença renal, da modalidade dialítica, os pacientes com DRC sempre
apresentam algum grau de alteração óssea. Objetivo: Realizar
levantamento de produção científica publicadas nas bases de dados
nacionais e internacionais, com intuito de reunir informações que
sirvam de base para definição das principais implicações e parâmetros da patologia e a importância de se conhecer as alterações
fisiológicas logo no início da doença. Métodos: Pesquisa bibliográfica
com caráter descritivo. Não se restringiram data de busca, sendo
incluídos artigos até dias atuais. Resultados: O termo osteodistrofia
tem sido reservado para descrição histológica das alterações ósseas
secundárias às alterações metabólicas, sendo uma das possíveis
manifestações da doença renal crônica. Embora na Classificação
Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
Saúde (CID-10) ainda conste a expressão osteodistrofia renal, hoje
existe uma portaria, a Portaria SAS/MS nº 69, de 11 de fevereiro de
2010, que aborda um protocolo clínico, e diretrizes terapêuticas onde
a osteodistrofia será empregada como sinônimo de doença do
metabolismo ósseo associada à insuficiência renal crônica, caracterizando todo o espectro da doença e não somente o achado histológico.
Observaram-se nas produções científicas nacionais poucos estudos.
No Brasil, a partir dos dados dos Sistemas de Informações do SUS,
estima-se que, em 2008 e 2009, respectivamente, 72.730 e 75.822
pacientes realizaram tratamento dialítico; destes, cerca de 90%
submeteram-se a hemodiálise. Um estudo de corte com 101 pacientes
em hemodiálise publicado na revista Kidney International por Levey
(2005), diz que a maioria são assintomáticos submetidos à biopsia
óssea e mostrou que somente 2 deles apresentavam tecido ósseo
normal, demonstrando o grau de alteração óssea que ocorre em mais
de 90% dos pacientes. Além disso, nesses pacientes houve o
desenvolvimento de calcificações vasculares e do hiperparatireoidismo secundário, através do estímulo à produção de PTH e da redução
da produção de calcitriol. A hiperfosfatemia é uma consequência
importante e inevitável da DRC avançada, uma vez que o balanço de
fósforo é permanentemente positivo nos pacientes em estágios. A
presença dessa alteração está relacionada com maior mortalidade e
risco elevado de doenças cardiovasculares tanto na população normal
quanto nos pacientes com DRC como demonstrado em publicações.
Conclusão: A osteodistrofia pode apresentar como uma complicação
da doença renal crônica e pode desencadear uma série de outras
patologias sendo assim um foco importante para a nefrologia e de
grande relevância reconhecer todas as alterações decorrentes da DRC,
atrelado a mais estudos detalhados ocorridos logo no início dessas
manifestações.
Ocorrência de litíase renal em usuários do restaurante
universitário da universidade federal do maranhão
Avelar ARC1, Brito ACD1, Lima DP1, Macedo TEM1, Santana LC1, Silva MB1, França
AKTC2
1
Acadêmica do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Docente - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
2
Introdução: A litíase renal ou nefrolitíase, cálculo urinário ou pedra no
rim, como é comumente conhecida, é uma desordem causada por uma
estrutura cristalina que se forma em várias partes do trato urinário.
Essas pedras começam bem pequenas e vão crescendo. O desenvolvimento, o formato e a velocidade de crescimento dessas estruturas
dependem da concentração das diferentes substâncias químicas
presentes na urina. É uma doença de desenvolvimento complexo e
multifatorial onde não existe uma causa precisa na maioria dos casos.
Circunstâncias como o sexo, idade, fatores metabólicos, hereditários,
ambientais e nutricionais como obesidade, dieta hiperprotéica, dieta
hipersódica e baixo consumo hídrico destacam-se como os principais
fatores de risco. É um distúrbio que acomete significantemente a
população geral e chega a afetar 5% e 10% da população dos países
industrializados. Aproximadamente 1 em cada 200 pessoas
desenvolvem pedra no rim. A litíase renal ou nefrolitíase é considerada
uma patologia freqüente, a 3º mais comum do aparelho geniturinário.
A prevalência dessa doença também se mostra duas vezes maior na
71
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
população de sexo masculino do que no sexo feminino sendo o risco
duas vezes maior também nos casos de histórico familiar da doença e
seu pico de incidência ocorre entre os 20 e 40 anos de idade. A
desidratação, muito importante nos lugares de clima quente, também
é um importante fator de risco para a formação dos cálculos renais.
Objetivo: Verificar a ocorrência de litíase renal entre frequentadores
de Restaurante Universitário da Universidade Federal do Maranhão
(RU-UFMA). Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, cujos dados
foram coletados no mês de setembro do ano de 2011. A amostra foi
composta por 239 usuários do RU-UFMA. Os candidatos foram
abordados no período de almoço e convidados a responder um
questionário constituído de perguntas fechadas com perguntas sobre
sexo, idade e acontecimento ou não de episódios de litíase renal. Foi
utilizado o programa Microsoft Excel para analise dos dados.
Resultados: Na população em estudo, 54,4% (130) eram mulheres e
45,6% (109) homens, com uma média de idade de 28,9 ± 9,59 anos,
dentre todos, a prevalência de pessoas que já apresentaram litíase foi
de 5,85% (14).Quando avaliado por sexo o percentual entre o sexo
feminino foi 35,7% (5) e de 64,3% (9) do sexo masculino. Conclusão: A
discriminação das informações coletadas a partir dos questionários
aplicados e conforme o resultado, conclui-se que a maior ocorrência
de litíase renal entre os usuários do RU-UFMA com idade entre 20 e 40,
está associada ao sexo masculino.
Percepção da qualidade de vida de pessoas com doença
renal crônica a partir do adoecimento
Costa JM1, Cruz MA1, Cavalcante MCV2, Pereira GS2, Lamy ZC3
1
Acadêmico de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Hospital
Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. 3Programa de PósGraduação em Saúde Coletiva - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: Qualidade de vida é um conceito com a marca da
relatividade cultural e que deve ser visto sob um enfoque multidimensional. Em diversas doenças sua integralidade é comprometida, como
na Doença Renal Crônica (DRC), um problema de saúde pública
mundial cujas formas de tratamento geram grande repercussão no
cotidiano dos pacientes. A avaliação da QV é baseada na percepção do
indivíduo sobre o seu estado de saúde, a qual também é influenciada
pelo contexto cultural em que este indivíduo está inserido. Inúmeros
fatores podem influenciar a percepção do paciente renal crônico sobre
sua QV, pois a Hemodiálise (HD) provoca grandes mudanças e
limitações em sua vida. Muitos pacientes passam a viver em função do
tratamento e se abstêm de uma vida ativa e funcional. Na maioria das
vezes, a rotina do portador de DRC se restringe a consultas médicas,
sessões de HD, dietas e execução de atividades pouco significativas.
Objetivo: Conhecer percepções sobre aspectos relacionados à
qualidade de vida a partir do adoecimento de pessoas com DRC.
Métodos: Estudo descritivo e analítico, exploratório, qualitativo com
portadores de Doença Renal Crônica. Foram entrevistados sete
pacientes de ambos os sexos, com idades entre 20 e 59 anos em
programa de hemodiálise, e diálise peritoneal ambulatorial contínua,
no Hospital Universitário, Unidade Presidente Dutra da Universidade
Federal do Maranhão. Os instrumentos de coleta foram questionário
para caracterização socioeconômica e entrevista semiestruturada. O
número de entrevistas obedeceu ao critério de saturação e estas foram
transcritas e analisadas utilizando-se a Análise de Conteúdo em sua
modalidade de análise temática. Resultados: A maioria dos pacientes
era procedente do interior do estado, do sexo feminino, casado, com
filhos e chegou ao ensino fundamental. Todos os entrevistados se
encontravam em fase de vida produtiva, entre 20 e 59 anos, sendo que
dois pacientes tinham menos de 30 anos. A maioria estava sem
exercer algum tipo de trabalho, recebia auxílio-doença e um paciente
havia se adaptado a uma nova função no trabalho. Após análises das
entrevistas, alguns aspectos foram evidentes: desconhecimento
prévio em relação à DRC e dificuldade no entendimento da doença e
seu desenrolar; sentimento de frustração ao saberem da necessidade
de fazer hemodiálise tanto pela questão da dependência, quanto pela
carga horária semanal dessa medida terapêutica; sensação de
impotência diante do afastamento e adequação do trabalho, tanto
enquanto chefes de família, quanto pela impressão de tornar-se um
peso na família; perspectiva de futuro oscilando entre grande
esperança e extrema descrença, sendo este tópico, com influência de
questões subjetivas, tais como religiosidade, rede de apoio social e até
mesmo nível educacional. A fala dos entrevistados sugere que essas
mudanças refletiram, no geral, na piora da qualidade de vida desses
indivíduos. Conclusão: A percepção sobre o processo saúde-doença é
muito particular e modulada por diversos fatores. No cotidiano de
pessoas com DRC inúmeras mudanças impactam em sua qualidade de
vida. Considerando a associação entre piores níveis de qualidade de
72
vida e maior índice de depressão, ansiedade e menor adesão ao
tratamento são verificadas a importância do acompanhamento
multiprofissional a estes pacientes envolvendo terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, dentre outros,
além de médicos e enfermeiros, tradicionalmente responsáveis pela
condução do tratamento destes indivíduos.
Papel da enfermagem para controle de pressão arterial
em pacientes com insuficiência renal crônica
Farias ÁMC1, Santos ECS1, Perdigão ELL1, Serra RBR1, Coimbra LC2
1
2
Acadêmica do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Docente - Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: A insuficiência renal crônica consiste em uma deterioração progressiva e irreversível da função renal, com fracasso da
capacidade do organismo de manter os equilíbrios metabólicos e
hidroeletrolítico. A hipertensão arterial é uma das principais causas de
insuficiência renal crônica e a associação dessas duas situações
clínicas aumenta consideravelmente o risco cardiovascular. Os
principais mecanismos da hipertensão arterial na insuficiência renal
crônica são sobrecarga salina e de volume, além de aumento de
atividade do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) e
disfunção endotelial. Os obje-tivos do tratamento da hipertensão
arterial em pacientes com insuficiência renal são diminuir a progressão da doença renal nos estágios mais precoces e reduzir o risco
cardiovascular em todos os estágios da doença. As metas de controle
da pressão arterial em pacientes com insuficiência renal são mais
baixas e, para serem atingidas, são necessárias mudanças de hábitos
de vida, incluindo adaptações da dieta e terapêutica medicamentosa.
Objetivo: Identificar as ações de Enfermagem voltadas para o controle
da pressão arterial desenvolvidas na assistência ao portador de
insuficiência renal. Métodos: Estudo descritivo, baseado em revisão
de literatura. Resultados: Conforme os princípios preconizados pelo
Ministério da Saúde, as principais estratégias não farmacológicas para
o controle da pressão arterial compreendem perda de peso, hábitos
alimentares saudáveis, redução do consumo de bebidas alcoólicas,
abandono do tabagismo e prática regular de atividade física, sendo
neste sentido o enfermeiro responsável pelas orientações pertinentes.
Quanto às alternativas farmacológicas caberá à Enfermagem a
administração e orientações sobre princípios e uso correto do
medicamento. Além destes, o plano de cuidados de Enfermagem para
o paciente com insuficiência renal crônica compreende a avaliação da
pressão arterial, avaliação do estado hídrico (pesagem diária, balanço
hídrico, turgor e edema, distensão de veias do pescoço), limitação de
ingesta hídrica, avaliação nutricional e de fatores que contribuam para
sua alteração (náuseas, estomatites, depressão, por exemplo), avaliar
a compreensão do paciente e família sobre a patologia e padrões de
enfrentamento, avaliar fatores que contribuem para intolerância à
atividade, dentre outros. Conclusão: O Ministério da Saúde vêm
adotando várias estratégias e ações para reduzir o ônus das doenças
cardiovasculares na população brasileira, como programas especializados em Hipertensão e ao Diabetes notadamente na rede básica. A
adoção da estratégia Saúde da Família como política prioritária de
atenção primária, por sua conformação e processo de trabalho,
compreende as condições mais favoráveis para a abordagem das
doenças crônicas não transmissíveis que sendo bem executadas
previnem complicações como a Insuficiência Renal.
Perfil dos pacientes cadastrados pelo programa hiperdia
no município de Caxias - MA, de 2009 a 2010.
Oliveira ACS1, Halvantzis DHC1, Coutinho MC1, Neto HPC1
1
Acadêmicos do Curso de Medicina - Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
Introdução: A hipertensão arterial e o diabetes são os responsáveis
pela primeira causa de mortalidade, além de hospitalizações, de
amputações de membros inferiores, acidente vascular encefálico,
infarto do miocárdio, e representam a maioria dos diagnósticos
primários em pacientes com insuficiência renal crônica, submetidos à
diálise, diante disso o Governo Federal criou o HIPERDIA
(http://hiperdia.datasus.gov.br/), que é um Sistema de
Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos
captados no Plano Nacional de Reorganização da Atenção à hipertensão arterial e ao Diabetes Mellitus. No Maranhão, foram cadastrados,
no Hiperdia, 85.544 pessoas entre janeiro de 2009 e janeiro de 2011,
destes 2.705 foram cadastrados no município de Caxias - MA.
Objetivos: Traçar o perfil da população de Caxias cadastrada no
programa Hiperdia quanto: número de diabéticos, tipo I e tipo II,
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
número de hipertensos, número de hipertensos e diabéticos, sexo e
faixa etária de diabéticos e hipertensos e o total de medicamentos
utilizados pelos usuários. Divulgar os conhecimentos obtidos nesta
pesquisa como forma de melhorar as estratégias traçadas nessa área
da saúde pública no município. Métodos: Foram avaliados 2.705
cadastros do Hiperdia no período de janeiro de 2009 a janeiro de 2011
em Caxias - MA pelo Sistema de Cadastramento e Acompanhamento
de Hipertensos e Diabéticos (SISHIPERDIA). Os dados foram analisados
graficamente usando o programa Microsoft Excel 2010. Resultados: A
análise dos 2.705 cadastros revelou que 54% (55) dos diabéticos são
mulheres, sendo 4% (4) tipo I e 50% (51) tipo II e 47% (47) são homens,
sendo 5,8% (6) tipo I e 40,2% (41) tipo II. Ao considerarem-se somente
hipertensos 61,75% (914) são do sexo feminino e 38,3% (566) do sexo
masculino, já hipertensos+ diabéticos 61,3% (688) são mulheres e
38,7% (435) são homens. Em relação a faixa etária de hipertensos+
diabéticos do sexo feminino, 18,6% (94) estavam entre 60-64 anos,
17,8% (90) 55-59 anos, 15% (76) 50-54 anos, 14,4% (73) 65-69 anos,
14% (71) 45-49 anos, 8,1% (41) 40-44 anos, 6% (30) 35-39 anos, 2,5%
(13) 25-29 anos, 2,2% (11) 30-34 anos, 0,8% (4) 20-24 anos, 0,4% (2)
até 14 anos e 0,2% (1) 15-19 anos, já em relação ao sexo masculino
20% (61) 60-64 anos, 19% (58) 65-69 anos, 16,6% (51) 45-49 anos, 15%
(46) 55-59 anos, 11,4% (35) 50-54 anos, 8% (24) 40-44 anos, 5% (15)
35-39 anos, 2% (6) 30-34 anos, 1,6% (5) 25-29 anos, 0,7% (4) 15-24
anos e 0% (0) até os 14 anos. Quanto aos medicamentos utilizados,
captopril representa 42,5% (1.398), hidroclorotiaziada 30%(964),
glibenclamida 11%(358), propanolol 10,5% (345) e metformina com 6%
(203). Conclusão: Concluímos que o HIPERDIA permite o acompanhamento dos pacientes cadastrados, gerando informação para aquisição
e distribuição dos medicamentos prescritos de forma regular e
sistemática, além de contribuir para que no futuro haja estratégias de
saúde pública que possam levar a melhoria da qualidade de vida
dessas pessoas e a redução do custo social implicado na negligência
ao tratamento destas patologias.
Percepções e conhecimentos dos aspectos nutricionais
de pacientes com insuficiência renal crônica em
tratamento hemodialítico
Aquino LFS1, Santos EKO1, Medeiros DDG1, Silva EHS1, Rodrigues TS1, Moraes YAC2,
Nunes SFL3
1
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Imperatriz. 2Acadêmico do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão
- UFMA. 3Docente - Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão UFMA - Imperatriz
Introdução: A Insuficiência Renal Crônica (IRC) é uma síndrome
irreversível e progressiva das funções glomerular, tubular e endócrina
dos rins. No Brasil a incidência da doença no período de 2000 é maior
nos homens que entre as mulheres. Aumentando com a idade, embora
nas mulheres o pico proporcional ocorra na faixa etária de 65 a 74
anos. Os coeficientes de incidência foram mais elevados nas Regiões
Sul e Sudeste 143,6/1.000.000/ano e 141,1/1.000.000/ano,
respectivamente e mais baixos nas Regiões Norte e Nordeste
66,3/1.000.000/ano e 92,3/1.000.000/ano, respectivamente. Como
o tratamento realizado por portadores de IRC, a hemodiálise consiste
em um processo de filtragem e depuração do sangue de substâncias
indesejáveis que necessitam serem eliminadas da corrente sanguínea
humana e que devido à deficiência no mecanismo de filtragem nos
pacientes portadores de IRC, impõe que esta seja realizada através de
máquinas de diálise. As alterações na vida dos pacientes são,
particularmente, incômodas, contínuas para eles, uma vez que podem
se sentir diferentes e excluídos por possuírem restrições de alguns
alimentos. Apesar dos benefícios dessa terapêutica, que permite
prolongar a vida dos pacientes com IRC, as condições impostas pela
doença e pelo próprio tratamento dialítico resultam em uma série de
alterações sistêmicas, metabólicas e hormonais que podem afetar
adversamente a condição nutricional desses pacientes. De fato, a
desnutrição energético-protéica é uma condição frequente e
apresenta estreita relação com a morbidade e a mortalidade nos
pacientes com IRC. Além da importância clínica do déficit energético
protéico, nos pacientes em hemodiálise, a adequação da água e dos
micronutrientes ingeridos pelos pacientes em hemodiálise são de
extrema importância, principalmente em relação ao cálcio, ferro,
sódio, potássio e fósforo, nutrientes mais relacionados a complicações, uma vez que o rim não consegue mais manter o controle do meio
interno do organismo. O controle dietético assume, então, o papel de
prevenir ou melhorar a toxicidade urêmica, os distúrbios metabólicos
associados, o ganho de peso interdialítico, a elevação da pressão
arterial e a progressão da anemia e da osteodistrofia renal. Os
pacientes necessitam de remédios continuamente e são submetidos
ao tratamento dialítico para a manutenção de suas vidas, pois à adoção
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Resumos / Abstracts
do tratamento medicamentoso, tem ação controladora dos sintomas
causados pelas doenças associadas à IRC, como a hipertensão arterial,
o diabetes mellitus, entre outras. Desta forma as intervenções
adequadas e precoces podem retardar sua progressão. Objetivo:
Caracterizar os pacientes renais crônicos e suas percepções e
conhecimentos em relação aos aspectos nutricionais da IRC durante o
tratamento de hemodiálise. Métodos: O referencial metodológico
baseou-se em um estudo transversal caracterizado por sua natureza
como descritiva e abordagem quantitativa. A coleta de dados ocorreu
no período de Julho a Agosto de 2011 numa clínica de referência em
tratamento de doenças renais do município de Imperatriz - Maranhão.
Foram incluídos no estudo usuários maiores de 18 anos de idade, de
ambos os sexos, em programa de hemodiálise independente da causa
da patologia, vale ressaltar que a iniciativa do estudo faz parte do
projeto de extensão da Universidade Federal do Maranhão (UFMA CCSST) que aborda a atenção nutricional à pacientes renais crônicos
dialíticos. No total de 45 pacientes entrevistados, onde 29 (64,4%)
eram homens e 16 (35,6%) mulheres, com idade média de 49,22 anos.
Dentre as comorbidades, destaca-se o elevado número de hipertensos
(55,5%) e diabéticos (13%), verificou-se a escolaridade dos pacientes
em que (33.3%) são analfabetos, (26,6%) com ensino fundamental
incompleto, (22,2) com ensino fundamental completo, (15,5%) com
ensino médio completo e (2,2%) com ensino superior. Resultados: Os
valores encontrados refletiram na percepção a respeito da descrição
dos alimentos ricos em potássio e fósforos em que as faixas de
escolaridade analfabeta e fundamental incompleto apresentaram
ambas (20%) em relação a não saberem descrever tais alimentos.
Durante as entrevistas surgiram questões sobre os conhecimentos dos
aspectos nutricionais no que se diz respeito à definição dos alimentos
que causam mal a sua saúde devido à exposição ao tratamento de
hemodiálise, a definição dos nutrientes que devem ser consumidos em
moderação e a relação das comorbidades com a IRC. No estudo (13,3%)
dos pacientes afirmam desconhecer os alimentos que não devem ser
ingeridos por causas dos nutrientes prejudiciais ao tratamento e (53,3
%) dos pacientes em tratamento de hemodiálise possuem informações
limitadas a respeito da descrição dos alimentos ricos em fósforo e
potássio, o que pode interferir na adesão e, consequentemente,
acelerar a progressão da doença. Verificou-se que (13,3%) e (42,2%)
dos pacientes não consideram que as comorbidades, hipertensão e
diabetes, respectivamente, estejam relacionadas com a IRC como
causa. Conclusão: Nesta perspectiva, torna-se necessário realizar
terapêutica contínua, incluindo atividades sócio-educativas com esses
pacientes para que eles tenham maior conhecimento sobre dos
aspectos nutricionais da IRC e seu tratamento, para que adquiram
segurança e maiores subsídios para o autocuidado e, assim, tenham
melhor adesão ao tratamento. Desta forma programas de ensino
aprendizagem para mudança comportamental e adesão às medidas
dietéticas e farmacológicas em pacientes com IRC em hemodiálise
possivelmente devem ter caráter permanente, para ser efetivos.
Pressão arterial de crianças e adolescentes: conhecer
para intervir
Santos ECS1, Andrade NF2, Meneses MRR3, Nogueira ALA4, Barbosa DC4, Silva DCM5,
Silva ACO6
1
Acadêmica do Curso de Enfermagem - niversidade Estadual do Maranhão - UEMA.
Docente do Curso de Enfermagem do Pitágoras - São Luís - MA. 3Enfermeira do
Hospital da Criança - São Luís - MA. 4Mestranda em Enfermagem - Universidade
Federal do Maranhão - UFMA. 5Hospital Universitário da Universidade Federal do
Maranhão - HUUFMA . 6Docente do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do
Maranhão - UFMA
2
Introdução: A idade escolar tanto para a criança quanto para o
adolescente representa a fase em que o organismo tem uma série de
condições favoráveis para o seu desenvolvimento. Entretanto nestas
fases da vida muitos estudos epidemiológicos são realizados com
vistas a identificar fatores que possam desencadear elevação da
pressão arterial, bem como contribuir para problemas cardiovasculares
e renais no futuro. É importante reforçar que a hipertensão arterial não
é exclusiva do adulto, as crianças também são vítimas da doença que
atinge cerca de 1% da população infantil do país. Estudos longitudinais
demonstram que a criança com níveis de pressão arterial mais elevado,
mesmo que dentro de limites considerados normais, tende a evoluir ao
longo da vida, mantendo uma pressão arterial mais elevada que as
demais e apresentando maior probabilidade de se tornar um adulto
hipertenso. Assim, na perspectiva de identificar a realidade epidemiológica de crianças e adolescentes escolares referentes aos níveis de
pressão arterial e fatores de risco referentes a carga hereditária é que
realizamos este estudo. Objetivo: Identificar os valores pressóricos e
fatores de risco hereditários para hipertensão arterial em crianças e
adolescentes escolares com vistas a prevenção de fatores de risco para
73
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
doenças cardiovasculares e renais. Métodos: Este estudo faz parte do
Projeto de pesquisa vinculado ao Grupo de Estudo e Pesquisa na Saúde
da Família, da Criança e Adolescente (GEPSFCA), sendo financiado pela
Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico do Maranhão – FAPEMA e aprovado pelo Comitê de Ética da
Universidade Federal do Maranhão, com protocolo de número
23115006408/2010- 78. Foi realizado em uma escola pública de
Ensino Fundamental, localizada na cidade de São Luís – Maranhão. A
amostra do estudo foi composta por 139 escolares, na faixa etária de 10
a 15 anos, regularmente matriculados na referida escola. Os dados
foram coletados nos meses de abril a julho de 2011. As crianças e
adolescentes participaram da pesquisa após prévia autorização de seus
pais ou responsáveis por meio da assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, sendo respeitadas as recomendações da Resolução no. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Foi
aplicado um questionário adaptado do Modelo Campo Saúde (Lalonde,
1974) do qual extraímos os dados relativos a fatores hereditários. Para
a aferição da pressão arterial foi utilizado o método palpatório e
auscultatório e utilizou-se esfigmomanômetros com manômetros
aneróides, da marca Premium®, devidamente testados e calibrados, e
estetoscópios duplos da mesma marca. Utilizaram-se manguitos com
larguras variáveis mantendo a relação recomendada de largura
correspondente a 40% da circunferência do braço do indivíduo e o seu
comprimento envolver pelo menos 80% do mesmo. Após a explicação
do procedimento da medida da pressão arterial, realizada para
minimizar a ansiedade e o medo, certificou-se que o estudante havia
evitado a ingestão de bebida alcoólica, café, alimentos, ou fumo até 30
minutos antes; apresentava bexiga esvaziada e ausência de exercícios
físicos há, pelo menos, 60 minutos. As medidas da pressão arterial
foram realizadas em ambiente tranquilo e silencioso, com o participante sentado, relaxado, com as costas apoiadas, pés pousados no chão,
pernas descruzadas e com os braços apoiados sobre uma mesa e à
altura do precórdio. A aferição da pressão arterial foi realizada nos
braços direito e esquerdo conforme solicitado pelas diretrizes.
Resultados: Dos estudantes investigados a idade variou de 10 a 15
anos, sendo a maioria do sexo feminino, correspondendo a 70%.
Aproximadamente 62% referiram nunca ter aferido a pressão arterial
durante as consultas de rotina ou em outra situação. Após a avaliação
da pressão arterial o maior percentual foi identificado no intervalo da
pressão arterial sistólica direita com 56,9% para os valores de 90 a 109
mmHg e os valores encontrados para a pressão arterial diastólica
direita em torno de 74,1% no intervalo entre 60 a 79 mmHg. Com
relação aos fatores que podem representar risco para o desenvolvimento de pressão arterial elevada com consequentes problemas cardiovasculares e renais, identificamos que aproximadamente 76,9% dos alunos
entrevistados tem história familiar de hipertensão na família; 30,2%
referiram história de doenças cardíacas em seus familiares; 51,0% dos
seus familiares apresentaram diabetes e em torno de 19,4% possuem
algum familiar com doença renal. Conclusão: Este estudo demonstrou
um padrão até o momento, de normalidade da pressão arterial das
crianças e adolescentes avaliados, mas também apontou um
componente hereditário significativo que em associação com fatores
ambientais pode desencadear eventos cardiovasculares e/ou renais. É
importante enfatizar que a monitorização da pressão arterial rotineira
de crianças e adolescentes é uma medida indispensável para o seu
crescimento e desenvolvimento saudáveis.
afetadas e o grau de dependência da paciente à enfermagem no
período de internação hospitalar. Elaborar e implementar o plano
assistencial e de cuidados de enfermagem para coordenar a ação da
equipe de enfermagem nos cuidados adequados ao atendimento das
necessidades básicas e especificas da cliente. Métodos: Trata-se de
um relato de experiência, de caráter descritivo e qualitativo, realizado
na Clínica Médica do Hospital Universitário Unidade Presidente Dutra
(HUUPD) no período de 08 à 13 de junho de 2011. Foi realizado o
histórico de enfermagem conforme o modelo padronizado pelo
HUUPD, onde, através da entrevista e exame físico, foi possível a
realização dos Diagnósticos de Enfermagem, levantando os
problemas de enfermagem, as Necessidades Humanas Básicas
afetadas e o grau de dependência do paciente em relação à enfermagem. Em seguida, elaborou-se o plano assistencial para determinar a
assistência global que o cliente deveria receber o plano de cuidados
diário e realizadas cinco evoluções de Enfermagem. Por fim elaboramos o prognóstico de enfermagem estabelecendo uma estimativa da
capacidade do paciente em atender suas necessidades afetadas após a
implementação do plano assistencial. Resultados: Paciente feminino,
73 anos, de cor branca, casada, dona de casa, católica, ensino
fundamental completo, residente e domiciliada em Vitória do
Mearim–MA. Referiu disúria, submetida a exames laboratoriais e de
imagem, diagnosticada com pielonefrite aguda. Durante internação
foram estabelecidos 14 diagnósticos de enfermagem, eliminação
vesical e intestinal prejudicada, diminuição do apetite, mastigação
inadequada, insônia, ausência de atividade física, hiperemia da região
sacra, hipertermia, deambulação prejudicada, uso medicamentoso,
elevação da pressão arterial, alteração dos níveis glicêmicos,
ansiedade e angustia déficit no autocuidado. Observou-se uma
evolução na característica da eliminação vesical, sendo inicialmente de
cor amarela escuro, com débito de 300 ml/dia, seguida de cor
alaranjada com presença de flocos e coágulos, com débito de 1500
ml/dia. Foram implementados os cuidados de enfermagem adequados ao atendimento das necessidades humanas básicas afetadas da
cliente, foi observada uma evolução no quadro clínico, sendo
prestadas as devidas orientações sobre auto-cuidado, recomendandose, também, uma mudança de hábitos de vida, adequação de sua dieta
e uso regular da medicação. Conclusão: O atendimento a cliente
objetivou a aplicação do Processo de Enfermagem de Wanda Aguiar
Horta, para identificação e atendimento das suas Necessidades
Humanas Básicas afetadas, prestando-se uma assistência integral,
adequada e específica. Para isso, foram realizados o histórico de
enfermagem, o diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano
de cuidados, evolução e prognóstico. A cliente não tinha um
entendimento prévio sobre a patologia, então houve uma compreensão significativa com relação às orientações dadas pela enfermagem.
Sendo assim, foi realizado um trabalho de orientação a respeito da
implementação do seu auto cuidado.
Prevalência de anemia e fatores clínicos associados em
pacientes atendidos em um ambulatório de nefrologia
Oliveira ACCM1, Reis FM1, Azevedo FS1, Ribeiro JVF1, Matias KSM1, Brito DJA2, Lages
JS3, Bui DSS4, Salgado Filho N5
1
Acadêmico do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Residente em Nefrologia - Hospital Universitário da Universidade Federal do
Maranhão - HUUFMA. 3Enfermeira - Hospital Universitário da Universidade Federal
do Maranhão - HUUFMA. 4Coodenadora da Residência Médica em Nefrologia Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. 5Docente
do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA
2
Pielonefrite aguda: relato de experiência
Oliveira OS1, Amorim RT2, Queiroz LB2, Reis BJC2, Rodrigues DS2, Santos LBC2, Vieira
CFC3
1
Docente - Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
3
Acadêmico do Curso de Medicina - Universidade Federal do Piauí - UFP
2
Introdução: A pielonefrite é uma infecção bacteriana da pelve renal,
túbulos e tecido intersticial de um ou de ambos os rins. Sua causa pode
envolver a disseminação ascendente de bactérias da bexiga ou a
disseminação de fontes sistêmicas, alcançando o rim através da
corrente sanguínea. Os agentes etiológicos responsáveis pela maioria
dos casos de infecção do sistema urinário são os bacilos Grannegativos que habitam a flora do sistema intestinal, sendo a mais
comum Escherichia coli, seguida por Proteus, Klebsiella e
Enterobacter. O tratamento adequado baseia-se no uso de antibióticos
eficazes para o microorganismo infectante. Quando não for possível
identificar o agente etiológico, o tratamento geralmente consiste em
um antibiótico de espectro amplo. A partir do processo de
Enfermagem de Wanda Aguiar Horta, baseado na Teoria das
Necessidades Humanas Básicas foi possível elaborar e implementar a
Assistência de Enfermagem garantindo um cuidado planejado e eficaz
para a recuperação/reabilitação do paciente. Objetivo: Identificar os
problemas de enfermagem, as necessidades humanas básicas
74
Introdução: A anemia é uma complicação associada à Doença Renal
Crônica (DRC) e está relacionada com a progressão da perda de
filtração glomerular, sendo mais frequentemente encontrada a partir
dos estágios 3 e 4 da DRC. Existem evidências acerca de uma gênese
multifatorial para a anemia da DRC, mas o mecanismo preponderante
para o seu aparecimento e manutenção é a eritropoiese diminuída,
fundamentalmente relacionada à deficiência de ferro e à diminuição da
produção de eritropoietina pelo rim. A presença de anemia acelera a
perda da filtração glomerular e a progressão da doença renal. O
diagnóstico e tratamento precoces da anemia da DRC constituem-se
em um dos instrumentos de prevenção da DRC e de morbimortalidade
cardiovascular. Objetivo: Avaliar a prevalência de anemia e a sua
associação com diferentes estágios da DRC em pacientes atendidos
em um ambulatório de Nefrologia. Métodos: Trata-se de um estudo
transversal e retrospectivo, em que foi analisado o primeiro atendimento de 98 pacientes no Centro de Prevenção de Doenças Renais do
Hospital Universitário Presidente Dutra, ocorrido no período de
novembro de 2009 a setembro de 2011. Os prontuários desses
pacientes foram revistos e os dados clínicos transcritos em ficha
padronizada. Considerou-se o diagnóstico de anemia na presença de
hemoglobina (Hb) <12 g/dL para homens e <13 g/dL para mulheres,
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
seguindo os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS). Para a
classificação de gravidade da anemia, também foi adotado o critério da
OMS (Hb <7g/dl – anemia grave, Hb entre 7 e 9,9g/dl – anemia
moderada, Hb >10g/dl – anemia leve). A taxa de filtração glomerular
(TFG) foi calculada pela fórmula validada no estudo MDRD (Modification of Diet in Renal Disease). A análise estatística foi realizada no SPSS
versão 17.0®. Os dados foram apresentados na forma de média e
desvio padrão ou mediana e variação máxima e mínima. Foi empregado o teste t de Student para amostras independentes e o teste do quiquadrado para comparação entre grupos. O nível de significância foi
definido como p < 0,05. Resultados: Foram avaliados 98 pacientes,
com uma média de idade de 51,2 ± 17 anos (14 - 84 anos), sendo 51%
do sexo feminino. A média de Hb na população em estudo foi de 12,6 ±
2,3 md/dL (7,5 – 19,3 mg/dL) e 45,9% do total de pacientes apresentava anemia. A média de Hb entre os pacientes com diagnóstico de
anemia foi de 10,6 ± 1,5 mg/dL, variando de 7,5 a 12,9 mg/dL,
enquanto a média de Ht foi 31,4 ± 4,4%, variando de 24 a 42%. Em
relação à classificação de gravidade da anemia, 66,7% dos pacientes
com este diagnóstico apresentava anemia leve e 33,3%, anemia
moderada. Dentre os pacientes anêmicos, 66,7% eram do sexo
feminino (p=0,004), 69,8% eram hipertensos (p=0,035) e 47,6% eram
diabéticos (p=0,024). Os pacientes com anemia apresentaram uma
média de TFG de 41,46 ± 29,48ml/min/1,73m2, enquanto os
pacientes sem anemia: apresentaram uma média de 75,87 ± 33,42
mL/min/1,73m2 (p < 0,001). Dentre os pacientes anêmicos, 38,1% dos
pacientes encontravam-se no estágio 3 da DRC, 19%, no estágio 4 e
23,8%, no estágio 5 (p < 0,001). Não houve diferença estatisticamente
significativa em relação à classificação de gravidade da anemia em
nenhum dos estágios da DRC. Conclusão: Neste estudo foi encontrada
uma alta prevalência de anemia, sendo a maioria dos casos classificada como anemia leve. Sexo feminino, presença de hipertensão arterial
sistêmica e diabetes mellitus, além da TFG, representaram fatores
significativamente associados à anemia. Dentre os anêmicos, também
se observou uma elevada proporção de pacientes no estágio 3 da DRC.
Dessa forma, devido à sua elevada prevalência e ao impacto causado
em pacientes com DRC, a presença de anemia deverá ser investigada
em todo paciente com TFG menor que 60 ml/min/1,73m2.
Classificação Brasileira de Ocupação (CBO), o médico urologista foi o
profissional que mais realizou o diagnóstico, com 64,12% (n=6.858),
seguido do radiologista 16,01% (n=1.712) e médico em medicina
nuclear com 8,99% (n=961). Dentre os tipos de estabelecimento, o
Hospital Geral com 43,48% (n=4.712), Clínica Especializada com
34,61% (n=3.751) e Unidade de Serviço de Apoio de Diagnose e
Terapia (SADT) com 17,8% (n=1.929) foram os que mais diagnosticaram calculose renal em usuários do SUS. Já entre o tipo de prestador,
os estabelecimentos privados com fins lucrativos apresentaram
52,29% (n=5.667), seguido do público Federal (Hospital Universitário
da Universidade Federal do Maranhão) com 35,05% (n=3.798) e do
municipal com 10,58% (n=1.147). Sobre o diagnóstico, o mais
utilizado foi através da Tomografia Computadorizada (TC) de
Abdômen Superior com 10,12% (n=1.097) dos casos. Já para
tratamento intervencionista realizados, a Litotripsia Extracorpórea
(LECO) (onda de choque parcial/completa em 1 região renal) foi o mais
apresentando 56,82% (n=6.158). Conclusão: A capital São Luis obteve
a maior notificação e cadastro de calculose no rim prevalecendo
mulheres com faixa etária acima de 50 anos, diferente dos homens
que apresentaram idade menor que 30. Foram observados subnotificações dessa enfermidade sobre raça/cor da pele. O médico urologista
foi o principal profissional que relata o diagnóstico de cálculo do rim.
O tipo de estabelecimento hospital geral, destinado a atender
pacientes portadores de doenças das várias especialidades médicas,
apresentou o local mais diagnosticado dessa complicação renal. Existe
a necessidade de prestadores privados dentro do SUS para diagnóstico
de calculose renal, sendo insuficientes os serviços oferecidos pelo
setor público para atender às necessidades da população. A TC do
abdômen superior foi o método mais usado no diagnóstico, sendo
mais sensível que a Urografia Excretora na detecção de cálculos
ureterais obstrutivos ou não. A LECO foi o meio de tratamento mais
indicado, apesar dos riscos de efeitos colaterais pelo efeito mecânico
direto das ondas, podendo provocar outras doenças.
Prevalência de calculose renal em usuários do SUS no
Estado do Maranhão
1
Acadêmicos da Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Costa JHA1, Costa MJA2, Araújo JM3, Campos DC4, Castro ACM5
Introdução: O excesso de peso tem sido documentado como
importante fator risco para o desenvolvimento de Diabetes Mellitus tipo
2 (DM2). O risco de DM2 é três vezes maior na população com sobrepeso
ou obesidade quando comparada à população eutrófica (com peso
normal). Objetivos: Avaliar a prevalência de DM2 em pacientes com
excesso de peso atendidos em Mutirão de Prevenção de Doença Renal
Crônica (DRC), em São Luís - MA. Métodos: Durante o Mutirão de
Prevenção da Doença Renal Crônica (DRC), foram avaliados 146
pacientes. Através dos dados de peso e estatura dos mesmos, obteve-se
a classificação do Estado Nutricional (EN), considerando o Índice de
Massa Corporal (IMC) proposto pela Organização Mundial da Saúde
(OMS, 1998). Nesse trabalho, o excesso de peso foi definido como a
presença de sobrepeso ou obesidade. Foi analisada, por sua vez, a
presença de DM2 nesses indivíduos. A variável DM2 foi relatada pelos
pacientes. A construção do banco de dados e a análise estatística foram
realizadas no Excel 8.0 e Epi Info 2002. Resultados: De acordo com a
classificação do IMC, 88 pacientes (60,27%) apresentaram excesso de
peso e, 51 pacientes (34,93%), mostraram-se eutróficos. Constatou-se
DM2 em 1 paciente eutrófico (1,96%) e em 11 (12,5%) pacientes com
excesso de peso. Conclusão: De acordo com os dados obtidos, maiores
Índices de Massa Corporal associaram-se com o aumento da prevalência
de Diabetes Mellitus tipo 2, ratificando os resultados da maioria dos
estudos realizados com estas variáveis. A prevalência de DM2 na
população estudada foi cerca de seis vezes maior no grupo com excesso
de peso quando comparada ao grupo eutrófico.
Prevalência de DM2 em pacientes com excesso de peso
atendidos em um mutirão de DRC
Moraes YAC1, Reis FM1, Brito DJA1, Matias MM1, Santos FA1, Salgado Filho N2
1
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva - Universidade Federal do
Maranhão - UFMA. 2Secretaria Municipal de Saúde - São Luís - MA. 3Centro
Universitário do Maranhão - UNICEUMA. Secretaria Municipal de Saúde - Raposa MA. Secretaria Municipal de Saúde - São João Batista - MA
Introdução: A calculose urinária ou litíase é uma afecção de elevado
impacto social e de alto custo, tendo em vista que acomete 5% a 15%
dos indivíduos em algum momento da vida e apresenta também
elevadas taxas de recorrência (Porena et al., 2007). A litíase do trato
urinário apresenta distribuição mundial, sendo mais freqüente em
países de clima quente. O risco de formação de cálculos urinários é de
6% para mulheres e 12% para homens, incluindo os pacientes com
diagnóstico incidental (Stamatelou et al., 2003). A prevalência está
aumentando e varia de acordo com a idade, raça e região estudada;
entre homens negros é cerca de 1% e entre brancos 10% (Hiatt et al.,
1982). A incidência em crianças é baixa (cerca de 3% de todos os casos)
(Cameron et al., 2005) começa a aumentar entre os homens a partir
dos 20 anos de idade e atinge o pico entre 40 e 60 anos; entre as
mulheres atinge pico por volta dos 30 anos de idade e decai após os 50
anos (Curham et al., 2004). Objetivo: Identificar a prevalência de
Calculose Renal diagnosticados em usuários do Sistema Único de
Saúde (SUS) no Estado do Maranhão (MA) e suas correlações no que diz
respeito ao seu atendimento, diagnóstico e tratamento. Métodos:
Trata-se de um estudo do tipo observacional de caráter retrospectivo
com variáveis quantitativas, no período entre 2008 a Agosto de 2011,
em usuários que foram atendidos em estabelecimentos públicos,
contratados ou conveniados com o SUS. Foi utilizado para coleta de
informações o banco de dados do programa executável de tabulação
tabwin32.exe do Ministério da Saúde (MS). Resultados: Ao longo do
período em estudo, foram observados que os municípios do Maranhão
que apresentaram maiores casos registrados de Calculose Renal pelo
SUS foram São Luis, com 80,63% (n=8.738), Tutóia 5,98% (n=648),
Imperatriz 5,38% (n=583) e Caxias 3,43% (n=372) em 10.837 casos
diagnosticados. As mulheres tiveram o maior índice com 52,29%
(n=5.667) e 7,68% (n=435) usuárias possuíam 53 anos, enquanto
3,14% (n=178) tinham 41 anos. Entre os homens, 5,01% (n=259)
possuem 25 anos, enquanto 2,86% (n=148) possuem 29 anos de
idade. Dentre raça/cor da pele, 90,54% (n=9.812) não possuem
informações, enquanto 9,3% (n=1.008) são pardas. De acordo com a
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
2
Docente
-
Prevalência de HAS em pacientes com DM2 sem
Nefropatia atendidos em ambulatório
Moraes YAC1, Oliveira GEA1, Dias ICC1, Pontes CEA1, Costa, JCB1, Aquino LFS1, Reis
FM1, Lima ARLR1, Paixão TM1, Furtado Neto JFR2
1
Acadêmicos da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Hospital Universitário
da Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: Os portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2)
frequentemente apresentam outras doenças associadas. Dentre tais
doenças, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma das mais
prevalentes. Sua presença implica num aumento substancial do risco
75
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
cardiovascular e pode despertar ou acelerar as complicações micro e
macrovasculares decorrentes da DM2. A Nefropatia Diabética
representa uma dessas complicações, quadro que pode ser agravado
na presença de HAS e, mais ainda, de outras comorbidades típicas, o
que é chamado por muitos pesquisadores/ clínicos de Síndorme
Metabólica. Objetivos: Avaliar a prevalência de HAS em pacientes
diabéticos tipo 2 sem nefropatia, atendidos em um ambulatório de
Diabetes Mellitus do setor de Endocrinologia do Hospital Universitário
Unidade Presidente Dutra da Universidade Federal do Maranhão, em
São Luís, MA, Brasil. Queremos com este trabalho mostrar até que
ponto a nefropatia pode interferir na HAS, ou seja, delimitar mais
claramente quando esta é causa ou conseqüência. Métodos: Trata-se
de um estudo descritivo, observacional e retrospectivo, realizado a
partir da análise dos prontuários de 141 pacientes com diagnóstico de
Diabetes Mellitus tipo 2, atendidos entre os meses de maio e agosto de
2009. Foram selecionados os pacientes com registro negativo de
nefropatia, no prontuário, e avaliada a existência ou não de HAS.
Obteve-se ainda o gênero dos pacientes. A construção do banco de
dados e a análise estatística foram realizadas no Excel 8.0 e Epi Info
2002. Resultados: Do total de 141 pacientes analisados, 115 não
possuíam nefropatia. Destes, 26% (n=30) eram homens e 74% (n=85)
eram mulheres. A prevalência de HAS nos pacientes sem nefropatia foi
de 54,8 % (n=63) e em 11,3% (n=13) não foi possível afirmar ou
descartar a presença de HAS. Dentre os pacientes hipertensos sem
nefropatia, 79,4% (n=50) eram mulheres e 20,6% (n=13) eram homens.
Conclusão: Neste estudo observou-se uma prevalência elevada da HAS
nos pacientes portadores de DM2 sem nefropatia, atingindo pouco
mais da metade dos pacientes. Embora a maioria dos hipertensos
sejam mulheres, esse dado não é significativo, uma vez que estas
constituem a maioria da amostra. Como a DM2 associada à HAS
representa risco elevado para doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, nefropatia e retinopatia, o controle da pressão arterial deve
ser enfatizado nos pacientes com tal associação.
Prevalência de doenças cardiovasculares em pacientes
renais crônicos
Abrahão BP1, Peralva FL1, Souza Filho SF1, Oliveira CA1, Paula RB1.
1
Núcleo Interdisciplinar de Estudos Pesquisas e Tratamento em Nefrologia
(NIEPEN) - Universidade Federal de Juiz de Fora - Juiz de Fora - MG
Introdução: Portadores de Doença Renal Crônica (DRC) apresentam
fatores de risco para doenças cardiovascular. Objetivos: Avaliar a
prevalência de doença cardiovascular (DCV) em pacientes com Doença
Renal Crônica (DRC). Métodos: Foram avaliados 80 pacientes com DRC
em tratamento conservador e em terapia renal substitutiva, encaminhados para avaliação cardiológica. Todos os pacientes foram
submetidos a exame clínico, a exames laboratoriais e a eletrocardiograma (ECG), ecocardiograma (ECO), teste ergométrico, cintilografia
miocárdica e estudo hemodinâmico de acordo com a indicação.
Resultados: Dos 80 pacientes atendidos, 48(60%) eram homens e
32(40%) mulheres; a média de idade foi de 59 anos; 34% eram brancos,
10% pardos, 27% negros e em 29% dos casos não havia informação no
prontuário. Vinte e sete pacientes (33%) tinham como causa da DRC
nefropatia hipertensiva, 14(18%), glomeluronefrite crônica, 13(16%)
nefropatia diabética e em 27 casos (33%) a DRC era secundária a outras
causas ou indeterminada. Quatorze pacientes (18%) foram classificados no estágio 1 da DRC, 8(10%) no estágio 2, 16 (20%) no estágio 3, 16
(20%) no estágio 4 e 26 (32%) no estágio 5. Setenta e oito (99%) tinham
hipertensão arterial sistêmica (HAS) e 24 (30%) tinham HVE. Do total de
pacientes estudados, 50 (63%) apresentavam DCV, das quais 27 (54%)
eram doença arterial coronariana (DAC), 12 (24%) insuficiência
cardíaca congestiva (ICC), 6 (12%) fibrilação atrial crônica e 4 (8%)
outras causas. Conclusão: Pacientes com DRC apresentaram elevada
prevalência de DCV, em especial doença coronariana o que reforça a
importância da avaliação cardiológica de rotina nessa população.
Prevenção da doença renal - a bíblia como estratégia de
abordagem
Fontenele AMM1, Alencar E1, Bui DSS1, Salgado Filho N2
1
2
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA.
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: Todas as culturas do mundo tem um traço comum:
apresentam alguma forma de manifestação religiosa. Por conseguinte,
este traço da busca humana pelo transcendente se constitui um canal
de comunicação com linguagem própria e aspectos sócio-culturais
76
particulares. Desta forma, utilizar o conhecimento religioso que está
dado numa comunidade específica, pode ser útil para difundir novos
conhecimentos, especialmente no que tange à saúde já que, também,
o conhecimento religioso inclui todo um vasto saber sobre saúde. No
caso do rim, o livro sagrado dos cristãos identifica como a sede das
emoções e afetos como, por exemplo, na seguinte passagem:
“Examina-me, Senhor, e prova-me; esquadrinha os meus rins e o meu
coração” (Salmos 26.2 – Versão Almeida Corrigida Fiel, 1753 - 1995).
Coração, neste caso, é identificado com o intelecto. A manifestação da
doença renal e suas consequências no corpo e na vida podem ser
retardadas quando cuidados preventivos são precocemente
praticados, especialmente nos grupos de risco. Neste sentido se diz
que a Doença Renal Crônica (DRC) é considerada a nova epidemia do
século XXI. Os tratamentos disponíveis para o manejo da DRC são:
tratamento conservador, terapia renal substitutiva (TRS) - hemodiálise,
diálise peritoneal cíclica e intermitente e o transplante renal. O
presente trabalho reflete um projeto que tem o foco na população
frequentadora regular de cultos/missas das igrejas em São Luís –
Maranhão. Objetivo: Promover a educação para cuidados precoces
com as doenças renais de uma população que frequenta igrejas em
bairros centrais ou periféricos de São Luís, Maranhão, a fim de que
estes ouvintes, estimulados pela informação, adotem uma mudança
de hábitos e cuidados com sua saúde física, observando a necessidade
de consultas médicas anuais. Métodos: O projeto é baseado numa
exposição denominada “Rins: Por que falar deles?” utilizando-se
equipamento audiovisual em MS Power Point®. Textos bíblicos servem
como ponto de partida, posto que se constitui material familiar a este
público. São selecionados os versículos onde este órgão (rim) é
mencionado, embora, neste contexto, referindo-se de forma
metafórica aos sentimentos dos personagens. Os temas abordados
são os seguintes: funções e controle dos rins; doenças de base;
tratamentos da doença renal; prevenção da doença. Destacam-se,
neste caso: aspectos nutricionais; automedicação, com ênfase na
utilização de chás, prática corrente na população em geral; e a
realização de exames laboratoriais periódicos (especialmente de
sangue e urina). Resultados: Seis palestras foram realizadas nas
seguintes igrejas: Presbiteriana (1); Adventista (2); Batista (2); Católica
(1). Em duas oportunidades, o tema foi tratado em eventos de Ação
Social (Dia Nacional de Prevenção da Doença Renal – 2009 e 2010),
além de reuniões que aconteceram em grupos menores em casas dos
interessados (3). Como forma de medir o nível de aprendizado e
satisfação do público, ao final de cada exposição é perguntado aos
participantes: Do ponto de vista dos cuidados com sua saúde, você
considera que as informações expostas foram: a) Importantes b)
desnecessárias c) úteis d) fundamentais e) não necessárias. Entre os
que participaram 85% consideraram “fundamentais”; 10% marcaram a
opção “importante” e apenas 5% afirmaram serem “úteis”. Identificouse ainda que, após a exposição, cinco participantes procuraram
serviços de saúde, uma igreja modificou o lanche que era servido às
crianças e sete outros afirmaram a disposição de mudarem seus
hábitos de vida. Conclusão: Concluímos que direcionar informações
adequando meio e público, há um impacto favorável na aceitação e,
consequentemente, em maior probabilidade de adoção de uma
postura diferenciada em relação aos cuidados com os riscos de
desenvolvimento da doença renal.
Prevenção da doença renal crônica entre portadores de
hipertensão e diabetes
Correia ADN1, Silva NJ1, Silva Júnior R1, Sousa KJQ1, Silva MBS2, Sardinha AHL3
1
Acadêmico do Curso Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Enfermeiro - Saúde da Família. 3Docente - Curso de Enfermagem - Universidade
Federal do Maranhão - UFMA
2
Introdução: A doença renal crônica (DRC), definida como a presença
de lesão renal (proteinúria persistente), associada ou não à diminuição
da filtração glomerular (FG) < 6 0 m L / m i n /1,73 m² por um período ≥
3 meses, é um problema de saúde mundial. No curso da DRC,
particularmente quando o FG diminui a valores < 60 ml/mim/1,73m²,
é comum o aparecimento de complicações próprias da perda
funcional, tais como anemia, doença óssea, desnutrição e acidose
metabólica, e a ocorrência das complicações cardiovasculares. A
diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial (HA) geram condições que
afetam a função renal de forma lenta e progressiva, e o aumento do
número de pessoas portadoras dessas patologias têm elevado
também o surgimento de casos de DRC. A disfunção renal relacionada
aos metabólicos e hemodinâmicos, que, atuando em conjunto,
promovem o enfraquecimento da membrana basal glomerular, a
expansão da matriz mesangial, a diminuição do número de podócitos,
glomeruloesclerose e fibrose tubulointersticial. A hipertensão arterial
contribuiria aumentando a pressão hidrostática intraluminal.
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
Objetivos: Avaliar a associação entre Diabetes Mellitus e Hipertensão
Arterial frente aos portadores de Doença Renal Crônica com ênfase na
investigação de medidas preventivas. Métodos: Trata-se de um estudo
cuja trajetória metodológica apóia-se em leituras exploratórias, bem
como em sua revisão integrativa, contribuindo para o processo de
síntese e análise dos resultados de vários estudos, criando um corpo
de literatura compreensível. O levantamento bibliográfico foi
realizado através do LILACS, SCIELO, MEDLINE, utilizando-se
publicações feitas entre 2000 e 2010. Os descritores que orientaram a
pesquisa foram: Insuficiência Renal Crônica, Hipertensão e Diabetes
Mellitus. Resultados: Verificou-se que medidas simples podem
prevenir o aparecimento de doenças renais como o a prática regular de
exercícios físicos, não fumar, o controle da dieta, pressão arterial e
glicemia. Além disso, é importante evitar remédios agressivos aos rins
e verificar periodicamente os níveis de proteinúria e creatinina no
sangue. Metas agressivas de controle pressórico são recomendadas
tanto para o controle da proteinúria quanto da pressão arterial, em
pacientes com doença renal crônica estabelecida. A hipertensão
arterial é reconhecidamente o fator de risco mais importante sobre a
progressão da lesão renal, em populações diabéticas ou não. O
impacto dos níveis pressóricos descontrolados sobre a hemodinâmica
glomerular terá ainda repercussão direta sobre a geração de outros
fatores perpetuadores da lesão renal, como a ativação do sistema
renina-angiotensina e o aparecimento da proteinúria; portanto, o
controle desses últimos prescinde de ajuste pressórico adequado. A
terapêutica anti-hipertensiva visa tanto a proteção renal quanto a
cardiovascular, uma vez que a insuficiência renal crônica (IRC) e o DM
estão independentemente associados com aumento importante na
mortalidade por causas cardiovasculares. A Sociedade Brasileira de
Nefrologia (SBN) recomenda que todas as pessoas com risco elevado
de DRC devem realizar exames de proteinúria e dosagem de creatinina
no sangue, pelo menos uma vez por ano, mesmo sem apresentar
qualquer sintoma. O interesse é encorajar a triagem, principalmente
dos pacientes com diabetes e hipertensão para detecção de alterações
renais e evitar que o paciente evolua até a DRC. O Ministério da Saúde
preconiza que os trabalhadores vinculados à atenção primária à saúde
devem promover ações que possibilitem prestar atenção à saúde,
intervir nos fatores de risco, estabelecer parcerias e considerar o
espaço social e o meio ambiente da família como núcleo básico de
abordagem no atendimento à saúde. Conclusão: Concluindo,
medidas como estas esclarecem mais a população sobre a DRC, já que,
além da ausência de sintomas nos estágios iniciais da doença, a falta
de informação dos pacientes também leva a um diagnóstico tardio, na
maioria dos casos.
Prevalência de HAS em pacientes diabéticos e não
diabéticos em mutirão de doença renal crônica
Moraes YAC1, Reis FM1, Brito DJA1, Matias MM1, Santos FA1, Salgado Filho N2
1
Acadêmico da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Docente - Universidade
Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: A ocorrência de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e
diabetes mellitus (DM) multiplicam os fatores de risco para doenças
micro e macrovasculares, como nefropatia e Infarto Agudo do
Miocárdio (IAM), resultando em elevada morbimortalidade.
Complicações macrovasculares contribuem para a maioria das mortes
em pacientes diabéticos e a ausência de hipertensão está associada
com aumento da sobrevida. Muitos autores nacionais defendem que a
prevalência de HAS em indivíduos diabéticos é duas vezes maior que
numa população de não-diabéticos, como podemos conferir em um
dos artigos citados nas nossas referências bibliográficas. Objetivo:
Conhecer a prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) em
pacientes diabéticos e não diabéticos atendidos no Mutirão de
Prevenção de Doença Renal Crônica (DRC), realizado no Hospital
Universitário Unidade Presidente Dutra (HUPD) da Universidade
Federal do Maranhão (UFMA), e estimar se esta corrobora a prevalência
disto em São Luís, no Maranhão, no Nordeste e no Brasil. Queremos
saber, mais claramente, até que ponto o Diabetes Mellitus pode
interferir como fator de risco para HAS e se podemos dizer que as
estimativas nacionais são válidas também em território maranhense.
Metodologia: Foram avaliados 165 pacientes atendidos durante o
Mutirão de Prevenção da Doença Renal Crônica (DRC), ocorrido em
2008. Analisou-se a presença de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
em pacientes diabéticos e não diabéticos, levando-se em consideração
o relato dos pacientes em fichas utilizadas no mutirão. A construção
do banco de dados e a análise estatística foram realizadas no Excel 8.0
e Epi Info 2002. Resultados: Dos 165 pacientes atendidos, 18 (10,9%)
relataram ser diabéticos e 147 (89,1%) não diabéticos. Entre os
pacientes diabéticos, 9 relataram ser hipertensos, o que corresponde a
50% do total. Dos pacientes não diabéticos, 34 eram hipertensos,
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Resumos / Abstracts
correspondendo a 23,13% do total. Conclusão: Nesta casuística de
pacientes diabéticos e não diabéticos, a prevalência de Hipertensão
Arterial Sistêmica (HAS) se mostrou diferente nessas duas populações.
Os pacientes diabéticos apresentaram prevalência cerca de duas vezes
maior de HAS quando comparados aos não diabéticos, tendo assim um
maior risco de eventos cardiovasculares e, portanto, maior morbimortalidade, corroborando as estimativas nacionais de muitos especialistas no tema, quando analisada parte da população maranhense.
Programas de exercício fisco auxiliando no combate às
Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Doenças Renais
Crônicas
Miranda AKP1, Morais RA1, Carvalho AG1
1
Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente - Universidade Federal do
Maranhão - UFMA
Introdução: A prevalência das Doenças Crônicas Não Transmissíveis
(DCNT), e Doença Renal Crônica (DRC) têm se configurado nas últimas
décadas como as doenças que mais incapacitam ou levam a óbito, não
só no cenário nacional, mas também a nível mundial, além de exigirem
dos cofres públicos grandes investimentos financeiros para realização
de seus tratamentos. Embora os fatores genéticos sejam de fundamental importância, são os fatores comportamentais, os principais
desencadeadores para manifestação do conjunto de doenças
relacionadas a estas. Fatores como ausência da prática regular de
exercícios físicos ocasionadas pelo sedentarismo e pouca atividade
física, aumento da obesidade em consequência da alimentação rica em
gorduras e açúcar, tabagismo, consumo de álcool possibilitam o
surgimento de Hipertensão Arterial, Diabetes Melittus, doenças
cardiovasculares e neoplasias. Objetivo: Apontar a importância de
Políticas Públicas voltadas ao controle dessas doenças através de
programas de atividade física associados à alimentação saudável.
Métodos: Constitui-se num estudo bibliográfico que destaca os
benefícios dos exercícios físicos auxiliados por programas de controle
ao tabagismo e orientação alimentar, bem como levantamento dos
principais programas no cenário nacional objetivando combater o
avanço dessas doenças. Resultados: Com relação aos exercícios
físicos destacam-se vários benefícios que estes promovem àqueles
que os realizam de forma adequada. Dentre os aspectos positivos:
melhoram os níveis do colesterol bom, diminuem os triglicerídeos e
LDL, fatores relacionados as doenças cardiovasculares, melhoram a
sensibilidade à insulina em indivíduos saudáveis, promove a redução
da pressão arterial. Conclusão: Como conclusão aponta-se que
programas dessa natureza são importantes por possibilitar aos
usuários acometidos pelas DCNT e DRC, maior controle dos fatores
desencadeantes dessas doenças. São importantes também por
possibilitar aos usuários saudáveis, uma forma de prevenção para os
fatores causadores destas, além de representar menos gastos aos
cofres públicos, sendo que práticas preventivas em oposição a ações
de tratamento apresentam menores gastos.
Prevenção da doença renal crônica no hiperdia sob o
olhar da enfermagem
Cunha AP1, Lima PM1, Mendes GG1, Theodoro OJN1, Santos RM1, Sousa FD1
1
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: Com o aumento da expectativa de vida da população
mundial, a doença renal Crônica tem alcançado dimensão maior, esta
por sua vez consiste em uma condição progressiva e supostamente
irreversível da perda da estrutura em disfunção bioquímica e
fisiológica do organismo (Rodrigues et al., 2008). Em decorrência do
agravo da DRC dados epidemiológicos sugerem que um milhão de
pessoas portadoras da doença se submete ao tratamento de
hemodiálise ou transfusão renal. Dessa forma representa um
problema de saúde pública mundial onde a incidência e a prevalência
contribui para os altos custos na saúde. No Brasil percebe-se esta
mesma tendência onde as atenções estão mais voltadas para o
tratamento em estágio avançado do que para as ações preventivas
(Hafez; Abdellatif; Elkhatib, 2006). Para Breckmam (2004) os fatores
de risco de maiores destaques são a hipertensão arterial e o diabetes
mellitus. Levando em conta estes fatores despertou-se o interesse
para a realização desse estudo, motivadas, pelas observações
cotidianas durante as consultas de enfermagem aos pacientes do
Hiperdia. Objetivo: Prevenir o desenvolvimento da Doença Renal
Crônica - DRC, em pacientes aderidos ao programa Hiperdia da
Unidade de Saúde Dr. Clésio Fonseca de Imperatriz - MA por meio de
orientações educativas. Metodos: Trata-se de um relato de experiên-
77
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
cia vivenciada pelas docentes da disciplina Estágio Curricular
Supervisionado I, do curso de graduação em Enfermagem da
Universidade Federal do Maranhão em Imperatriz, campus II. A
população em estudo consistiu em hipertensos e diabéticos na faixa
etária de 40 a 70 anos que participam do programa Hiperdia da
Unidade de Saúde Dr. Clésio Fonseca de Imperatriz - MA. A experiência
ocorreu durante a realização das consultas de enfermagem.
Resultados: Durante o desenvolvimento das consultas de enfermagem foi possível observar um número significativo de hipertensos e
diabéticos que não seguem a risca o tratamento terapêutico, estes
relataram esquecimento dos horários da medicação, a falta de
conscientização da gravidade da doença e estímulo familiar. Além
disso, a grande maioria não possui o hábito de uma alimentação
saudável (hipossódica e hipolipídica), somam-se a isso os efeitos
deletérios aos rins devido ao uso da medicação em longo prazo, neste
aspecto, verifica-se o risco a que estes estão expostos para o
desenvolvimento da doença renal crônica. Paralelo a isto houve
orientações a respeito da importância da adesão ao tratamento, de
uma dieta adequada, exercícios físico para o controle da hipertensão,
diabetes e a prevenção do surgimento de uma doença renal crônica. Os
pacientes foram alertados sobre os riscos da doença renal e o seu
árduo tratamento como consequência do não controle da hipertensão
e diabetes. Dessa forma foi possível sensibilizar os usuários do
programa Hiperdia a mudanças de hábitos não saudáveis. Conclusão:
Frente ao exposto vê-se a importância do desenvolvimento de
orientações educativas para prevenção da doença renal crônica em
hipertensos e diabéticos, sendo estes um grupo de alto risco devido a
complicações da doença. A enfermagem tem suas ações centradas no
cuidado e para isto é significativo detectar os grupos de maior
suscetibilidade a problemas de saúde e agir de forma a promover a
resolução ou minimização dos impactos da doença sobre a vida
cotidiana do paciente. A doença renal crônica traz como consequência
a dependência, alterações na imagem corporal mediante as fistulas,
restrições severas quanto à ingesta alimentar e hídrica, requer
extrema dedicação ao tratamento, orientar os pacientes do Hiperdia
quanto a estes problemas é fundamental para que estes venham a
evitar o desenvolvimento de problemas renais através do controle
adequado da hipertensão e diabetes.
Psicologia na sala de espera do paciente renal em
tratamento conservador
1
1
1
1
Alencar E , Pereira G , Rodrigues N , Mendes AT , Salgado Filho N
1
2
2
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. Docente
da Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: O atendimento a pacientes em variados estágios da
doença renal exige uma diversidade de abordagens, a depender do
grau de desenvolvimento dessa doença. Mesmo depois de instalada,
ainda há que se falar em prevenção no sentido de minimizar a
progressão da doença e preparar o paciente para uma futuro
Tratamento Renal Substitutivo (TRS). Além da necessidade básica do
acompanhamento médico, é imperativa a presença de outros
profissionais para auxiliar na adaptação que a perda da função renal
exige, seja num longo processo evolutivo ou, por variadas circunstâncias, quando ocorre de forma abrupta. Essas mudanças vão produzir
consequências devastadoras no âmbito psico-emocional, normalmente resultantes do deslocamento do lugar na família, nas perdas
relativas à própria autoimagem e na produtividade laboral. A Sala de
Espera foi iniciada em primeiro de agosto de 2011 e atendeu até a
metade de outubro, 44 pessoas, das quais 27 pacientes e 17
acompanhantes. Objetivo: Oferecer cuidados mediante informação
educativa e atendimentos individuais que visem o aumento da
aderência aos tratamentos e a melhora nas condições da autonomia, o
que inclui o bem-estar social, emocional e psíquico dos pacientes.
Métodos: A Sala de Espera é realizada uma vez por semana, no dia do
atendimento aos pacientes em tratamento renal conservador. A
atividade se inicia com informação acerca dos serviços clínicos
oferecidos – o que inclui o atendimento multidisciplinar – e explicação
sobre medidas práticas que precisam ser tomadas, como por exemplo
a habilitação para receber o benefício do auxílio doença. O Serviço
Social e a Psicologia desenvolveram folderes informativos que tratam
de variados temas. Este material é distribuído entre os pacientes, além
de ser realizada uma fala por cada um dos profissionais com o intuito
de esclarecer assuntos que são escolhidos previamente. Durante as
falas, os pacientes podem participar com perguntas ou serem
encaminhados para atendimentos individualizados. Ao final de cada
uma das falas, pede-se que os pacientes manifestem a compreensão
sobre o tema ministrado e sobre a necessidade de se continuar com
esta atividade mediante a resposta das perguntas a seguir: 1. Como
você avalia a Sala de Espera? Para esta pergunta há quatro respostas:
ótimo, bom, regular, ruim e; 2. Você considera as informações
78
recebidas: fundamentais, úteis, desnecessárias. Resultados: A
interação alcançada com os pacientes mediante a disponibilidade de
mais um canal de informação e o aumento da procura dos serviços
(Serviço Social e Psicologia) tem sido resultados perceptíveis com a
prática da Sala de Espera. A participação ativa dos pacientes com
perguntas, estimuladas ou não pela equipe, possibilita o emponderamento que se traduz em menor manifestação de aspectos ansiogênicos e melhor exercício dos direitos sociais para pacientes nesta
condição. Em relação à pergunta 1 os participantes avaliaram do
seguinte modo: 76% apontou como “fundamentais”; 24% afirmaram
que são “úteis”. Conclusão: A sala de espera é, comprovadamente,
uma excelente ferramenta de comunicação com pacientes. No caso do
Centro de Prevenção de Doenças Renais se constata que à medida que
as informações são repassadas, há um incremento no atendimento e,
pode-se afirmar, na participação mais ativa do paciente no processo de
seu adoecer/tratamento, tornando-o um agente ativo na relação com
profissionais e a instituição.
Ritmo de filtração glomerular em pacientes atendidos em
um ambulatório de hipertensão
Velozo BR1, Castro AA1, Silva DC1, Branco Neto DRC1, Silva EMC1, Nascimento FSMS1,
Andrade MFB1, Custódio JBPT1, Carneiro ECRL1, Salgado Filho N2
1
Acadêmicos do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Docente do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
2
Introdução: O papel da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) na
progressão da Doença Renal Crônica (DRC) já foi extensamente
revisado. Essa associação entre HAS e DRC tem prevalência bastante
elevada, situando-se em 60% a 100%, de acordo com o tipo de
população estudada. Nesse contexto, a DRC torna-se um problema de
saúde pública mundial, com aumento progressivo de sua incidência e
prevalência, e comumente subdiagnosticada e subtratada. Mas, se por
um lado, a detecção precoce da doença renal e condutas terapêuticas
apropriadas para o retardamento de sua progressão podem reduzir o
sofrimento dos pacientes e os custos financeiros associados, por outro,
os portadores de disfunção renal leve apresentam quase sempre
evolução progressiva, insidiosa e assintomática, dificultando esse
diagnóstico. Por isso, evidências atuais recomendam investigação
precoce de DRC em pacientes de risco, como hipertensos, cuja
associação tem prevalência situando-se entre 60% a 100%, de acordo
com o tipo de população estudada. E essa investigação é feita através da
análise do Ritmo de Filtração Glomerular (RFG). Objetivo: Investigar
baixo ritmo de filtração glomerular em grupo de risco (hipertensos), a
nível primário, com enfoque na prevenção e encaminhamento precoce
destes pacientes ao nefrologista. Métodos: Estudo transversal. Foram
analisados prontuários de 149 pacientes hipertensos, atendidos no
ambulatório de uma liga de hipertensão, no período de novembro de
2010 a maio de 2011. Foi aplicada a fórmula de Cockcroft-Gault para
estimar o RFG a partir da creatinina sérica. Os dados foram submetidos
ao programa Epi Info versão 3.5.3. Resultados: Dos 149 pacientes
hipertensos estudados, 51 (34,2%) apresentaram RFG ≥90
mL/min/1,73m²; 70 (47%), RFG entre 60 e 89 mL/min/1,73m²; e, 28
(18,8%), RFG entre 30 e 59 mL/min/1,73m² (Insuficiência Renal
Crônica). Os pacientes com RFG <90 mL/min/1,73m² foram encaminhados para consulta com nefrologista em ambulatório. Conclusão: É
elevada a prevalência de baixo ritmo de filtração glomerular em
pacientes hipertensos. Dessa forma, fica evidenciada a importância do
rastreamento de DRC nesse grupo de pacientes, já que o reconhecimento e o manejo precoce da DRC no sentido de retardar a sua progressão,
prevenir suas complicações e modificar as comorbidades presentes são
fatores determinantes para o sucesso do seu tratamento.
Síndrome nefrótica associada à glomeruloesclerose
segmentar e focal: um relato de experiência
1
1
1
2
2
Macedo DC , Albuquerque IC , Bogéa RLN , Alves SMA , Bezerra AS , Santos EA
3
1
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Residência Multiprofissional em Saúde - Hospital Universitário da Universidade
Federal do Maranhão - HUUFMA. 3Programa de Pós-Graduação em Saúde e
Ambiente - Universidade Federal do Maranhão - UFMA
2
Introdução: A Síndrome nefrótica é um das formas de apresentação
clínica das glomerulopatias caracterizada pela presença de proteinúria
maciça, edema, hipoproteinemia e dislipidemia. Acomete tanto
adultos quanto crianças, sendo causada por doenças primariamente
renais ou por diversas outras doenças. O diagnóstico de síndrome
nefrótica é feito por critérios clínicos, laboratoriais e por exame
histopatológico de material de biópsia renal. O tratamento consiste de
medidas gerais (restrição de sal, uso judicioso de diuréticos para
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
tratamento do edema, de inibidores da enzima conversora da
angiotensina para redução da proteinúria, de estatinas para
tratamento da dislipidemia e anticoagulação no caso de fenômenos
tromboembólicos) e de medidas específicas, selecionadas de acordo
com o tipo de doença primária renal. Os fármacos utilizados são
prednisona, ciclofosfamida e ciclosporina. Dentre as doenças renais
que causam síndrome nefrótica primária, temos a Glomeruloesclerose
Segmentar e Focal (GESF). O termo GESF é utilizado para descrever uma
lesão histopatológica de glomerulose à microscopia óptica. O termo
focal significa que apenas alguns glomérulos na biópsia estão
envolvidos, enquanto segmentar se refere ao envolvimento de apenas
alguns lóbulos de alguns glomérulos. A GESF é uma importante causa
de síndrome nefrótica corticorresistente e Insuficiência Renal Crônica
(IRC) na infância. Usualmente é uma doença progressiva, com perda da
função renal, atingindo IRC terminal em 25-30% dos casos em cinco
anos e 30-40% após 10 anos de evolução. A implementação da
Sistematização da Assistência de Enfermagem proporciona cuidados
individualizados, assim como norteia o processo decisório do
enfermeiro nas situações de gerenciamento da equipe de enfermagem. A prática da assistência de enfermagem é instrumentalizada por
um referencial próprio, criado e construído pelos profissionais de
enfermagem, o qual possibilita a união da teoria à prática. Objetivo:
Relatar a experiência da assistência de Enfermagem a uma paciente do
sexo feminino internada na Clínica Médica Feminina de um Hospital
Universitário portadora de GESF. Métodos: Trata-se de um relato
experiência realizado com uma paciente internada na Clínica Médica
feminina de um Hospital Universitário. O período de coleta de dados
foi de 29/08 a 24/10 de 2011. Para coleta de dados foram utilizados:
prontuário da paciente com suas respectivas evoluções e cuidados de
Enfermagem. Resultados: Paciente lavradora, natural e residente de
Itapecuru - MA, católica, cor parda, 1º grau incompleto, casada,
procedente da sua residência sendo admitida na instituição no dia
22/08/11. A paciente relata que há três anos é nefropata e que
apresentou quadro de edema em MMII e face, evoluindo para astenia,
anorexia, náuseas, vômitos e tontura, procurando o serviço de saúde.
Na admissão, ao exame físico, apresentou-se com 71,7 Kg, normotensa, normotérmica, eupnéia, normocardia, acianótica, anictérica,
hipocorada (3+/4+), com face renal, edema de MMII (2+/4+), lesões
hipercrômicas em MMSS, abdome globoso, doloroso à palpação
superficial e profunda, e demais sistemas sem alterações. As
evoluções obtidas pela paciete foram: dia 22/08 (1º DIH): lúcida,
orientada no tempo e espaço, pele e mucosas normocoradas,
anictéricas, acianóticas, edema em MMII e face, albumina 1,4 g/dL,
creatinina 3,1 mg/dL, uréia 140 mg/dL; No dia 27/09 (28º DIH): Segue
com discreto aumento de edema de face, albumina 1,4 g/dL,
colesterol total 382 mg/dL, creatinina 2,1 mg/dL; Foram realizadas 53
evoluções: dia 30/08 (1º DIH) referindo náuseas e vômitos; eliminações urinaria e intestinal espontâneas; ao exame físico: paciente
orientada, acianótica, anictérica, hipocorada(3+/4+), face renal,
normotensa, normotérmica, eupnéia, edema em MMII (2+/4+),
abdome globoso e doloroso à palpação em região epigástrica, e
demais sistemas sem alterações. Dia 03/10 (32º DIH) refere algia em
abdome e náusea persistente; não aceitou bem a dieta oferecida;
eliminações vesicais e urinárias espontâneas; ao exame físico: peso 65
Kg, estado geral regular, orientada, normotensa, normotérmica,
eupnéia, normocardia, hipocorada (3+/4+), edema de face (+/4+) e de
MMII (+/4+), abdome distendido, flácido, dolorosa à palpação na
região epigástrica, e demais sistemas sem alterações. Dia 21/10 (50º
DIH) em tratamento com cefalotina D7, prednisona, furosemida,
sinvastatina, ondasetrona, heparina, ácido fólico, sulfato ferroso,
vitamina B12, refere cefaleia acompanhada de vômito após refeição,
dor em hemitórax D irradiando para região lombar e oligúria;
eliminações vesicais e intestinais espontâneas; aceitou parcialmente a
dieta oferecida; ao exame físico: peso 65,7 kg, estado geral regular,
orientada, acianótica, anictérica, hipocorada (+/4+), normotensa,
normotérmica, normocardia, edema de MMII (+/4+), demais sistemas
sem alterações. Paciente segue internada na instituição com
persistência do quadro clínico. Em tratamento com Hemodiálise em
um serviço de nível terciário de assistência à saúde desde o dia
14/10/011 onde após 10 dias iniciou-se processo flogístico na
inserção do cateter de shilley. A paciente encontra-se internada há dois
meses. É acompanhada por uma equipe multiprofissional especializada que proporciona cuidado Médico, de Enfermagem, Nutricional,
Fisioterapêutico e Apoio Psicológico. Diante dessas considerações, a
enfermagem deve privilegiar suas ações específicas junto ao cliente e
atuar com parceira aos demais profissionais. Conclusão: Este estudo
possibilitou identificar a importância da abordagem multiprofissional,
visando à reabilitação da paciente, com melhora do quadro clinico,
diminuindo os riscos de desenvolver complicações como a insuficiência renal crônica ou doença arterial coronariana. Foi possível observar
que a interação da equipe de saúde pode beneficiar a reabilitação
mesmo que discreta da paciente com condutas factíveis que
beneficiaram a mesma.
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Resumos / Abstracts
Sistematização da assistência de enfermagem ao
paciente acometido por insuficiência renal crônica
1
1
1
1
1
Saraiva ALO , Santos ECS , Macedo Junior BF , Perdigão ELL , Serra RBR , Nolêto FB
2
1
Acadêmicos do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão UFMA. 2Enfermeiro
Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) consiste em lesão renal e
geralmente perda progressiva e irreversível da função dos rins.
Atualmente ela é definida pela presença de algum tipo de lesão renal
mantida há pelo menos 3 meses com ou sem redução da função de
filtração. A doença renal crônica terminal é considerada como um
acontecimento traumático e de consequências psíquicas significativas
que impactam a vivência de cada cliente. Nesse contexto, o cliente
requer o cuidado de enfermagem experiente para evitar as complicações d função renal reduzida e os estresses e ansiedades de lidar com
uma doença que o põe em risco de vida. Sendo assim, um indivíduo
com diagnóstico de insuficiência renal crônica apresenta necessidades
que precisam ser supridas. Partindo desse pressuposto, o enfermeiro
presta cuidados integrais e contínuos ao indivíduo, desde seu estado
mais estável ao mais crítico, julga-se relevante a utilização de um
método que lhe permita dispensar assistência mais qualificada e
organizar suas ações. Este método, conhecido como Sistematização
da Assistência de Enfermagem (SAE), é utilizado através do Processo
de Enfermagem (PE). A Taxonomia de diagnósticos da North American
Nursing Diagnosis Association - NANDA (Associação Norte-Americano
de Diagnóstico de Enfermagem), traz fundamentadas as principais
necessidades humanas básicas afetadas, para a aplicação das
intervenções de Enfermagem no paciente. Objetivo: Aplicar a
sistematização da assistência de enfermagem ao paciente acometido
de insuficiência renal crônica. Métodos: Estudo descritivo do tipo
Relato de Experiência, realizado no período de 30 de junho a 10 de
julho de 2010, em um Hospital Universitário, utilizando a taxonomia
da NANDA. Resultados: Diante das necessidades humanas básicas
apresentadas pelo indivíduo, foram encontrados os seguintes
diagnósticos de enfermagem: excesso de volume de líquidos
relacionado com o débito urinário diminuído; excessos na dieta e
retenção de sódio e água; nutrição alterada, menor que as demandas
corporais relacionada com a anorexia, náuseas, vômitos, restrições
nutricionais e mucosas orais alteradas; déficit de conhecimento
relacionado com a condição e tratamento; eliminação urinária
prejudicada caracterizada por disúria; intolerância relacionada com a
fadiga, anemia, retenção de produtos residuais e procedimento de
diálise; risco de baixa autoestima situacional relacionada com a
dependência, alterações de função, alteração na imagem corporal e
alteração na função sexual. Conclusão: O cuidado de Enfermagem é
direcionado no sentido de avaliar o estado hídrico e identificar as
fontes potenciais de desequilíbrio, implementar um programa
nutricional para garantir a ingesta nutricional apropriada dentro dos
limites do regime de tratamento e promover os sentimentos positivos
incentivado o autocuidado e a maior independência. É extremamente
importante fornecer as explicações e informações para o paciente e
família em relação à doença, opções de tratamento e complicações
potenciais. Dessa forma a Sistematização da Assistência de
Enfermagem com a ajuda da taxonomia da NANDA facilita a administração e execução dos cuidados de enfermagem.
Sistematização da assistência de enfermagem prestada
a um paciente acometido de insuficiência renal crônica e
síndrome nefrótica
Reis BJC1, Costa AJS1, Guimarães TA1, Morais CDM1, Oliveira ED2
1
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
2
Estratégia Saúde da Família - Secretaria Municipal da Saúde / São Benedito do Rio
Preto - MA
Introdução: Em geral, a insuficiência renal crônica (IRC) é o resultado
final da destruição tissular e perda da função renal gradual (Santos e
Jacobson, 2005). Pode ser causada por doenças sistêmicas, como o
diabetes mellitus, hipertensão; glomerulonefrite crônica; pielonefrite;
obstrução do trato urinário; lesões hereditárias; distúrbios vasculares;
infecções; medicamentos ou agentes tóxicos (Brunner, Suddarth,
2005). A meta do tratamento é manter a função renal e a hemostasia
pelo maior intervalo de tempo possível. O tratamento é realizado
principalmente com medicamentos e terapia com dieta, embora a
diálise também possa ser necessária para diminuir o nível dos produtos
residuais urêmicos no sangue ou ainda a remoção cirúrgica do rim não
funcionante (Brunner, Suddarth, 2005). A Síndrome Nefrótica (SN) é
caracterizada como sendo um conjunto de sinais e sintomas que
decorre geralmente de doença renal intrínseca ou doença sistêmica
que afete o glomérulo. Estudos epidemiológicos sugerem que tal
79
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
síndrome afeta, em média, 2 em cada 10.000 indivíduos (Neves, 2009).
Objetvos: O estudo tem como objetivo relatar a experiência de alunas
curso de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) no
cuidado prestado a um paciente com Insuficiência Renal Crônica e
Síndrome Nefrótica. Métodos: Trata-se de um relato de experiência do
cuidado de enfermagem prestado a um paciente internado no Hospital
Universitário Presidente Dutra (HUPD) para tratamento das patologias
no mês de maio de 2011. A sistematização da assistência de enfermagem baseou-se em algumas etapas do processo de enfermagem de
Wanda de Aguiar Horta (histórico, evolução e prognósticos), nos
diagnósticos de enfermagem da NANDA e nas intervenções de
enfermagem segundo NIC. Resultados: Após submeter o paciente ao
histórico de enfermagem e exame físico, estabeleceu-se um total de 12
diagnósticos de enfermagem relacionados às alterações psicobiológicas e sociais do indivíduo. Dentre estes, pode-se destacar: privação de
sono, constipação, deambulação prejudicada, dor aguda, perfusão
tisular ineficaz - renal e risco de infecção. As intervenções realizadas
para a melhora do sono foram adaptar o ciclo regular de sono/estado
de alerta do paciente ao plano de cuidados; monitorar/registrar o
padrão de sono do paciente e as quantidades de horas dormidas;
observar os distúrbios físicos que interrompem o sono; adaptar o
ambiente para promover o sono; auxiliar o paciente a limitar o sono
diurno, providenciando atividades que promovam estado de alerta;
iniciar/programar medidas de conforto como massagem, posicionamento e toque afetivo. Para melhorar o quadro de constipação,
observaram-se as eliminações intestinais, incluindo frequência,
consistência, formato, volume e cor apropriados, informando ao
médico sobre a diminuição dos ruídos hidroaéreos, o que possibilitou
de acordo com a prescrição médica a lavagem gastrointestinal, assim
como a realização do procedimento com técnica adequada preservando a privacidade do paciente. As intervenções relacionadas à
deambulação prejudicada foram monitorar os membros inferiores e
examinar a pele quanto à cor, temperatura, hidratação, textura,
fissuras ou lesão e edema, além de oferecer aos familiares informações
sobre serviços de cuidados especializados. Para melhora da dor aguda
avaliou-se o local, as características, a qualidade e a intensidade da dor
antes de medicar o paciente e em seguida foram realizadas as
administrações de acordo com a prescrição médica, de modo a
satisfazer as necessidades de conforto e proporcionar atividades que
auxiliem no relaxamento. Para controle da dor: observar indicadores
não verbais e desconfortos; investigar com o paciente, fatores que
aliviam e pioram a dor e avaliar, com o paciente e a equipe de cuidados
de saúde a eficácia de medidas de controle da dor que tem sido
utilizada. Para avaliar perfusão tissular ineficaz foi necessário pesar a
fralda quando adequado; manter um registro preciso da ingestão e da
eliminação; monitorar o estado de hidratação, monitorar os resultados
laboratoriais relevantes à retenção de líquido; monitorar alimentos/líquidos ingeridos; administrar os diuréticos prescritos e
administrar reposição nasoenteral, além disso, monitorar níveis
anormais de eletrólitos séricos. Para controle de infecção foi necessário
limpar adequadamente o ambiente; trocar o equipamento para o
cuidado do paciente; trocar acessos endovenosos periféricos a cada
48horientar familiares sobre sinais e sintomas de infecção e sobre o
momento de relatá-los e promover a conservação e o preparo seguro
dos alimentos. É importante monitorar a pressão sanguínea, o pulso, a
temperatura e o padrão respiratório; monitorar cor, temperatura e
umidade da pele e identificar as possíveis causas de mudanças nos
sinais vitais. Conclusão: Mediante o trabalho realizado comprovou-se
a importância da sistematização da assistência de enfermagem como
uma medida indispensável e essencial para um melhor cuidado ao
paciente. Tarefa essa que exige seriedade, compromisso e disponibilidade por parte da equipe de enfermagem. Além disso, o acompanhamento prestado a paciente e a realização do estudo de caso, possibilitou a ampliação do conhecimento sobre a patologia, por meio de uma
revisão de literatura e do aprofundamento do conhecimento científico.
A evolução para óbito da paciente possibilitou o entendimento da
enfermagem nas diversas fases do indivíduo o nascer, o viver, e o
morrer. Comprovando assim, a importância oferecer uma assistência
de qualidade.
Síndrome de alport: importância dos achados clínicos
Pestana EA1, Passos PRC2, Ribeiro SS2, Diniz IKF2, Sousa ALS2
1
2
Docente do Curso de Farmacologia e Patologia - Faculdade São Luís - MA.
Acadêmicos do Curso de Biomedicina - Faculdade São Luís - MA
Introdução: A Síndrome de Alport (SA) constitui a nefrite hereditária
mais conhecida. Quando completa, a síndrome é caracterizada por
surdez, manifestações oculares (catarata, deslocamento do cristalino,
distrofia corneana, anormalidades maculares) e lesões renais
progressivas. Há uma predominância maior em homens de forma mais
80
grave e precoce em comparação as mulheres que são portadoras e a
doença fica restrita à hematúria. São descritas formas dominantes
ligadas ao X, devidas às mutações no lócus COL4A5 e uma forma
autossômica recessiva resultando de mutações no lócus COL4A3 ou
COL4A4. Ainda foi sugerido um tipo autossômico dominante de SA. A
doença decorre de alterações nas cadeias de colágeno tipo IV e os
sintomas refletem o comprometimento da membrana basal de vários
órgãos. Objetivo: Realizar um levantamento de variados tipos de
publicações que relacionam a importância dos achados clínicos para o
diagnóstico da SA. Métodos: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica,
com abordagem descritiva, disponíveis nos bancos de dados MEDLINE,
SciELO, LILACS. Resultados: Na SA os sintomas aparecem na primeira
ou segunda década da vida, com hematúria macro ou microscópica e
cilindros hemáticos. Há proteinúria variável, raramente com síndrome
nefrótica. A surdez está presente em 40 – 60% dos casos e nos homens
na infância já apresentam quadro de hematúria, perda da audição nos
anos escolares e falência renal no inicio dos 20 anos. As manifestações
oftalmológicas na síndrome de Alport podem envolver a córnea, a
retina ou o cristalino. O lenticone anterior é uma rara anormalidade do
cristalino que resulta em visão subnormal progressiva e incapacitante,
cujo tratamento cirúrgico requer especial atenção devido à fragilidade
do saco capsular. Todas as referências citadas foram encontradas nas
produções científicas publicadas nos bancos de dados e os resultados
obtidos foram pacientes acometidos do quadro completo da
manifestação clínica e histopatológica. Conclusão: A importância da
história familiar torna-se um dos fatores primordiais para o inicio da
investigação e chama a atenção para a heterogeneidade das
manifestações clínicas e para a importância da microscopia eletrônica
na confirmação do diagnóstico da alteração da membrana basal
glomerular e na contribuição para o entendimento da sua patogênese
logo no início da vida do paciente. Ainda há poucas publicações de
relatos de casos no assunto, apesar da doença ser conhecida.
Taxa de morbidade da insuficiência renal no Maranhão
(1997-2007)
1
1
1
1
1
1
Santos MJC , Silva NS , Borges KGPS , Araújo RLTM , Menezes CDS , Pires C , Silva
2
ACO
1
Residência em Enfermagem Clínico-Cirúrgica - Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. 2Docente do Curso de Enfermagem Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: A Insuficiência Renal é um diagnóstico que expressa uma
perda maior ou menor de qualquer uma das funções do rim. Pode ser
dividida em duas categorias principais: a Insuficiência Renal Aguda, na
qual os rins subitamente param de funcionar de modo total ou parcial,
mas que podem em um período futuro recuperar o funcionamento
quase normal, e a Insuficiência Renal Crônica, na qual ocorre perda
progressiva da função de um número crescente de néfrons, que de
modo gradual, vão diminuindo a função geral dos rins. Estão entre as
causas mais importantes de óbito e de incapacidade em diversos
países, com uma mortalidade de 10 a 20 vezes maior que a da
população geral, mesmo quando ajustada por idade, sexo, raça e
presença de diabetes mellitus, sendo que a doença cardiovascular é a
causa mais comum de óbito. No Brasil, a doença atinge 2 milhões de
pessoas, sendo que 60% desconhecem o diagnóstico. Segundo a
Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), em 2010, foram 92.091
pacientes submetidos a tratamento dialítico no país, destes, 85,8%
foram financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 14,2% por
outros convênios. Entretanto, apenas 682 unidades renais são
cadastradas na SBN e apenas oito no Estado do Maranhão, o que
dificulta a inclusão de inúmeros pacientes nessa modalidade de
tratamento. O gasto com o programa de diálise e transplante renal no
Brasil situa-se ao redor de 1,4 bilhões de reais ao ano. Detecção
precoce da doença e condutas terapêuticas apropriadas para o
retardamento de sua progressão podem reduzir o sofrimento dos
pacientes e os custos financeiros associados à insuficiência renal.
Como as duas principais causas do acometimento são a hipertensão
arterial e o diabetes mellitus, os profissionais que atuam na área de
atenção básica à saúde que cuidam destes pacientes devem ficar
atentos aos sinais e sintomas de disfunção renal leve, visto que
apresenta quase sempre evolução progressiva, insidiosa e assintomática, dificultando o diagnóstico precoce. Por isso, a capacitação, a
conscientização e vigilância de médicos e enfermeiros de cuidados
primários à saúde são essenciais para a prevenção, diagnósticos e
encaminhamento precoce ao nefrologista para a instituição de
diretrizes apropriadas, a fim de retardar a progressão da Doença Renal
Crônica, prevenir suas complicações, modificar comorbidades
presentes e preparo adequado a uma terapia de substituição renal.
Objetivo: Identificar a taxa de morbidade de insuficiência renal aguda
e crônica por internação hospitalar notificadas no Estado do
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
Maranhão, no período de 1997 a 2007. Métodos: Trata-se de um
estudo epidemiológico, descritivo, transversal, com abordagem
quantitativa. Para a coleta de dados utilizou-se a base do DATASUS do
Ministério da Saúde do Brasil. Posteriormente, foram calculados os
coeficientes específicos de morbidade para insuficiência renal,
relacionados aos aspectos de frequência, duração e gravidade. Para
medir a frequência, utilizou-se a taxa de prevalência, resultante da
divisão do número de casos de doença observados no período de
janeiro de 1997 a janeiro de 2007 pela média população desse
período. A duração média por caso, que é o número médio de dias de
internação hospitalar. A taxa de mortalidade, representativa da
proporção de casos fatais para o total de casos verificados. Calculouse também a distribuição da morbidade por internação hospitalar por
sexo e faixa etária. Resultados: No Estado do Maranhão, no período
de 1997 a 2007, foram notificadas 9001 internações de pessoas com
Insuficiência renal aguda ou crônica, o que corresponde a um
coeficiente geral de morbidade específico para insuficiência renal de
16 pessoas por 10 mil habitantes. Em 1998, o Maranhão apresentou
um coeficiente de morbidade de 1,2 por 10 mil habitantes. Nos anos
de 1999, 2000 e 2001 apresentou 1,1 por 10 mil habitantes. Em 2002
e 2003, apresentou um coeficiente de 02 por 10 mil habitantes. Em
2004 e 2005, de 1,8 por 10 mil habitantes. Em 2006, apresentou 1,9
por 10 mil habitantes e em 2007 apresentou um coeficiente de
morbidade específico para insuficiência renal de 1,6 por 10 mil
habitantes. A média de permanência hospitalar foi de oito dias. Foram
notificados 689 óbitos por esta causa, o que determina uma taxa de
mortalidade de 7,65%.O índice de morbidade proporcional de
insuficiência renal para o sexo masculino foi de 53,9% e de 46,1% para
o feminino. Menores de um ano apresentaram índice de 0,88%,
crianças de 1 a 4 anos, 3,3%, pessoas de 5 a 19 anos apresentaram 12,
2%, de 20 a 49 anos, 40,7% e acima de 50 apresentaram índice
proporcional de morbidade por insuficiência renal de 43%. Conclusão:
Os dados revelam que apesar dos números expressivos, esses dados
podem estar subestimados, uma vez que os pacientes com doenças
renais mais graves podem ter migrado para cidades maiores onde são
realizados os procedimentos médicos mais complexos, ou morrido
devido à falta de diagnóstico. Isso evidencia a necessidade de
implementação de políticas de saúde voltadas para a vigilância,
prevenção, tratamento e controle desta enfermidade, tendo como
estratégia-chave a sensibilização, a conscientização e a disseminação
do conhecimento sobre a DOENÇA RENAL CRÔNICA, que pode e deve
ser prevenida em virtude das consequências humanas, sociais e
econômicas devastadoras. A expectativa de vida é reduzida, os riscos
de doença cardiovascular e acidente vascular cerebral são aumentados
e o ônus recai não somente sobre o Estado, mas sobre o portador, seus
familiares e amigos.
Terapias renais substitutivas na gestação
1
1
1
Albuquerque IC , Macedo DC , Andrade BC , Alves SMA
2
1
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
Residência Multiprofissional em Saúde - Hospital Universitário da Universidade
Federal do Maranhão - HUUFMA
2
Introdução: Supõe-se que haja aproximadamente 35.000 pacientes
com insuficiência renal crônica atualmente no Brasil, mantidos em
programas de diálise, sendo mulheres em idade fértil a maioria
deles.Os ciclos anovulatórios são a regra em mulheres urémicas,
porém, a gravidez é possível em mulheres em terapia substitutiva da
função renal.Os avanços obtidos nas técnicas de diálise e o melhor
controle clínico por parte de equipe multidisciplinar têm refletido nos
resultados perinatais observados entre as gestantes sob tratamento.
Objetivo: Demonstrar as terapias renais substitutivas na gestação.
Métodos: O trabalho tem enfoque descritivo a partir de pesquisa
bibliográfica em artigos do banco de dados eletrônicos LILACS, IBECS,
MEDLINE e SCIELO, compreendendo a publicação de 2000 a 2010.
Foram encontrados 10 artigos. O período de pesquisa foi de 11 de
maio a 13 de setembro de 2011. Resultados: Os estudos relatam que
apesar do progresso do tratamento substitutivo, as mulheres
urêmicas apresentam capacidade reprodutiva baixa, quando
comparadas com as normais, tendo ocorrência de aborto espontâneo
em 50% dos casos. Esta diferença decorre principalmente da presença
de anormalidades comuns nestas pacientes, tais como: alterações
hormonais, transtornos menstruais e de ovulação, função sexual
diminuída e fertilidade reduzida. O diagnóstico de gravidez em doente
com IRC é dificultado pelo fato de, intrinsecamente, se registarem
valores elevados de gonadotrofina coriónica beta humana (betahCG).
Consequentemente a ecografia ginecológica deverá ser realizada nas
mulheres com beta-hCG sérica elevada, verificando a presença de um
feto viável e a idade gestacional. As complicações maternas mais
frequentemente identificadas são a hipertensão arterial, anemia e
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
alterações imunológicas e as fetais relata-se a prematuridade,
problemas físicos e de desenvolvimento e anomalias congênitas. Estas
condições culminam em uma não-indicação da gravidez, e consequentemente uma gravidez é considerada um risco materno-fetal
importante. O aconselhamento sobre o uso de métodos contraceptivos para estas pacientes parece insuficiente ou inadequado,
resultando em muitos casos da gravidez durante o tratamento de
hemodiálise. Indicado a diálise quando a creatinina está acima de
3mg/dL e não há indícios de melhora a curto prazo. O tratamento
dialítico deve ser particularmente mais precoce quando indicado
durante a gestação. O tipo de diálise pode ser peritoneal intermitente
ou diálise peritoneal do tipo ambulatorial contínuo. A hemodiálise
pode ser também realizada, de preferência sem uso de heparina, com
uso de banhos de bicarbonato de sódio, para prevenção de fenômenos
hipotensivos, com cuidados na prevenção de distúrbios eletrolíticos. O
tratamento dialítico será suspenso quando a creatinina plasmática
estabilizar. Durante a gestação, o pré-natal convencional deve ser
realizado e os parâmetros renais devem ser monitorizados.
Conclusão: Por isso, podemos concluir que a gestação sob essas
condições é possível, apesar das adversidades. Para que haja sucesso
se faz necessário cuidados redobrados durante o pré-natal e
realização da terapia substitutiva corretamente.
The influence of race on survival of peritoneal dialysis
patients in Brazil: results from the BRAZPD study
Fernandes N1, Bastos MG1, Beukel TOVD2, Hoekstra T2, Dekker FW2, Tirapani L3,
Bastos K4, Pecoits Filho R5, Qureshi AR6, Divino Filho JC6
1
Universidade Federal de Juiz de Fora - Brazil. 2Leiden University Medical Center
- Leiden University - Leiden - Nederland. 3Instituto Mineiro de Estudo Pesquisa
em Nefrologia - IMEPEN - Juiz de Fora - Brazil. 4Universidade Federal de Sergipe Brazil. 5Pontífica Universidade Católica do Paraná - Brazil. 6Researcher of the
Karolinska Institut - Stockolm - Sweden
Introduction: Non-White dialysis patients are reported to
have better survival rates compared to White dialysis patients.
There are no available epidemiological studies about the
influence of ethnicity/race on outcomes of dialysis patients in
South America. Objective: The aim of this study is to assess
the influence of ethnicity on mortality of incident peritoneal
dialysis (PD) patients in Brazil. Methods: We analyzed data of
the BRAZPD study, a prospective observational cohort study of
peritoneal dialysis (PD) patients enrolled from December
2004 to October 2007 in 114 dialysis centers throughout
Brazil. Patients were included when they had either PD as
initial treatment modality, or were transferred from
hemodialysis (HD) to PD. Patients were excluded when data on
race and age were lacking. Race was self-reported using the
classification defined by the Brazilian Institute of Geography
and Statistics: White, Brown, Black, Indigenous and Yellow
(Asian). Demographic, socioeconomic, clinical, and laboratory
data were collected at baseline. The multivariate Cox
proportional hazards model was used to adjust for gradually
more potential explanatory variables for all patients, for
elderly and non elderly and competing risk models were
constructed to examine death in patients on PD. Results:
Death in Black and Brown vs White patients. Of 2159 patients
were included, 1370 patients were White, 516 were Brown and
273 were Black. The White patients were older, had more predialytic care, more diabetes and more congestive heart failure.
Black and Brown patients had lower family income and were
more illiterate. Black patients had more vascular peripheral
disease and hypertensive nephropathy and White patients
more diabetes renal disease. Laboratorial data show higher
creatinine, phosphate levels and lower hemoglobin levels in
Black and Brown patients. Cox proportional hazards analysis
showed a crude hazard ratio (HR) for mortality, the White was
the reference, the HR of 0.77 (95% CI 0.56 to1.05) for Black
patients, and a HR of 0.74 (95% CI 0.59 to 0.94) for Brown
patients. After including aspects demographic, socioeconomic, clinical, quality of life, and laboratory variables in the
model as potential explanatory factors, the HR were 0.63 (95%
0.41 to 0.98 CI), and 0.62 (95%0.43 to 0.90 CI), respectively
for Black and Brown patients. The same analysis was done in
elderly and non elderly patients. For elderly Black patients the
81
ISSN-2179-6238
Resumos / Abstracts
unadjusted HR was 0.98 (95% 0.68 to 1.43), for Brown patients
HR was 0.78 (95% 0.58 to 1.06 CI). After adjusted, for elderly
Black patients the HR was 0.73 (95% 0.43 to 1.25 CI) and for
Brown the HR was 0.64 (95% 0.44 to 0.99 CI). For non elderly
Black patients the unadjusted HR was 0.65 (95% 0.36 to 1.17
CI) and for Brown patients the HR was 0.92 (95% 0.63 to 1.35).
After adjusted, the HR for non elderly Black patients was 0.59
(95% 0.23 t0 1.32 CI) and for Brown patients was 0.71 (95%
0.36 t0 1.41 CI). The competing risk model shows higher
mortality in White patients when compare with Black and
Brown patients. Conclusion: Black and Brown Brazilian PD
patients have a lower mortality risk compared to White
patients. Even after adjusting, Black and Brown patients
remain with a lower mortality risk, the protection was more
evident in elderly than in non elderly patients. Studies which
looking at factors beyond the phenotype are important for a
better understanding of these results.
Valor da equação Cockcroft-gault na triagem de função
renal reduzida na hipertensão arterial sistêmica
1
2
2
3
4
5
Santos EM , França AKTC , Calado IL , Salgado JVL , Brito DJA , Santos AM , Salgado
Filho N6
1
Docente do Curso de Enfermagem - Imperatriz - Universidade Federal do
Maranhão - UFMA. 2Docente do Departamento de Ciências Fisiológicas - UFMA.
3
4
5
Hospital Universitário - HUUFMA. Residente em Nefrologia do HUUFMA. Docente
6
do Departamento de Saúde Pública - UFMA. Docente do Departamento de
Medicina I - UFMA
Introdução: A hipertensão arterial é um problema de saúde pública
mundial e um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento
da Doença Renal Crônica. A Doença renal crônica apresenta-se como
um grande problema de saúde pública que vem assumindo importância global, em virtude do exponencial aumento dos casos registrados
nas últimas décadas. O National Kidney Foundation (NKF, 2007)
aponta a necessidade urgente de políticas públicas voltadas para a
prevenção, diagnóstico precoce e intervenção desa doença, por ser
comum, nociva e tratável. É uma doença multifatorial caracterizada
por níveis tensionais elevados, associados a alterações metabólicas,
hormonais e a fenômenos tróficos (hipertrofias cardíacas e vascular).
Métodos: Com a finalidade de avaliar o desempenho da equação
Cockcroft-Gault (C-G) na triagem de pacientes com função renal
reduzida em relação a outros marcadores tradicionais, realizou-se um
estudo transversal com 198 hipertensos de uma unidade básica de
saúde. Foram analisados dados demográficos, nutricionais e clínicolaboratoriais. A função renal foi analisada pela creatinina sérica e pelo
clearance de creatinina (ClCr) em urina de 24 horas. A taxa de filtração
glomerular (TFG) foi também estimada segundo a equação C-G.
Resultados: Os pacientes apresentaram idade média de 60,6±11,6
anos e 73,7% eram do sexo feminino. A prevalência de creatinina
sérica >1,2 mg/dl foi de 7,6% e da TFG <60ml/min foi de 24,2%
quando avaliado pelo ClCr e equação C-G. A FG reduzida foi observada
em homens mais velhos, com menor índice de massa corporal, valores
normais de glicemia de jejum, e maiores níveis de ácido úrico e
pressão arterial sistólica. Conclusão: A prevalência de função renal
reduzida entre hipertensos varia consideravelmente dependendo da
abordagem laboratorial utilizada. O clearance de creatinina,
principalmente quando estimado pela equação de Cockcroft-Gault,
mostrou ser um marcador mais acurado que a creatinina sérica na
avaliação da TFG. A equação Cockcroft-Gault apresentou maior
concordância com o clearance de creatinina, provando ser um
confiável teste de triagem para o diagnóstico precoce e manejo de
hipertensos com função renal reduzida na atenção básica.
cloretos. Logo, os efeitos colaterais durante a hemodiálise ocorrem e
podem ser causados por rápidas mudanças do volume de líquido e no
equilíbrio químico de seu organismo. São realizadas três vezes na
semana durante 4 horas. As cãibras musculares e a hipotensão são
dois efeitos colaterais comuns, sendo a hipotensão, sem duvida, a
principal complicação, ocorrendo em até 20% das sessões de
hemodiálise. Tal intercorrência é ocasionada por uma queda abrupta
da pressão arterial, podendo causar astenia, vertigem, náuseas e
vômitos. Conforme Manuel (2001), a fisiopatologia envolve a taxa de
filtração, a queda da osmolaridade, a temperatura do paciente e a
biocompatibilidade da membrana de diálise, introdução de endotoxinas na circulação e o uso de acetato como tampão. Esses eventos
podem levar a redução do volume intravascular, o aumento da
liberação de substâncias vasodilatadora e redução nas vasoconstrictoras além da ativação do complemento e liberação de citoquinas. Por
sua vez, esses mecanismos conduzem a redução do debito cardíaco e
da resistência vascular periférica, com consequência redução da
pressão arterial. De acordo com Bortolotto (2008), Outra consequência da hemodiálise é a hipertensão arterial, no qual está intimamente
relacionada à função renal, podendo ser tanto a causa como a
consequência da doença renal. Em alguns pacientes, observam-se
elevação nas catecolaminas e, em outros pacientes, ativação do
sistema renina-angiotensina secundaria a depleção de volume. A
orientação para suspender a medicação anti-hipertensiva no período
pré-dialitíco também contribui para elevação da pressão arterial
durante a diálise. Objetivo: analisar a variação da pressão arterial de
pacientes durante a hemodiálise em um centro de tratamento de
diálise em Imperatriz - MA. Métodos: trata-se de um estudo transversal, descritivo com abordagem quantitativa. O local do estudo foi um
centro de tratamento especializado em hemodiálise da cidade de
Imperatriz - MA, no período de agosto e setembro de 2011. A
amostragem foi intencional, sendo avaliados 27 pacientes com o
acompanhamento durante as 4 horas de hemodiálise sendo coletados
os valores da pressão arterial e dados sócio-demográficos. A pesquisa
contou ainda com o acompanhamento dos pacientes em uma sessão
de hemodiálise para a coleta de PA na 1hora, 2 horas, 3 horas e póshemodiálise. Os resultados foram tabulados e organizados em
tabelas, frequência absoluta e relativa. A análise dos dados forma
realizados a partir da literatura pertinente. Resultados: identificamos
20 pacientes do sexo masculino e sete femininos. A faixa etária
predominante foi de 40 a 60 anos. Quanto aos hábitos de vida como o
consumo de bebida alcóolica e tabagismo foram descartados pelos
próprios pacientes. A pratica de esporte também foi descartada por
todos os pacientes, alegando eles a dificuldade para mais esforços
físicos. O histórico familiar de doenças crônicas também teve grande
relevância, uma vez que, 40,74% dos pacientes revelaram possuir
histórico de hipertensão e outros 22,22% diabetes mellitus em seus
antecedentes familiares. Dentre os pacientes entrevistados foram
registrado 70,37% hipertensos e 29,62% diabéticos. Diante da analise
da variação da pressão arterial na 1 hora 77,77% dos pacientes
iniciaram a hemodiálise com valores pressóricos acima de 120X80
mmHg, indicando quadro hipertensivo. Já na 2 hora 37,03% tiveram a
PA reduzida, quando comparada aos valores iniciais. Analisando os
valores identificados na primeira medição, observamos uma redução
da PA em 70,83% dos sujeitos, sendo a média da queda da PA de
18,23mmHg. Somente quatro indivíduos permaneceram com o
mesmo valor da PA e três apresentaram elevação da PA de 10 mmHg
após a hemodiálise. Conclusão: Diante dos resultados pode se
comprova a literatura aos dados coletados na pesquisa, demostrando
a hipotensão como principal complicação ao tratamento hemodialítico, embora a queda da PA não tenha afetado o tratamento do paciente
no momento da hemodiálise. Os fatores genéticos das doenças
crônicas herdadas à saúde dos pacientes foram fortemente evidenciados com a confirmação da hipertensão e Diabetes mellitus em seus
antecedentes pessoais.
Variabilidade da hemoglobina em pacientes renais
crônicos em hemodiálise
Variação da pressão arterial durante a hemodiálise em
um centro de diálise de Imperatriz - MA
Pestana RMC1, Moraes DN1, Gomes AFM1, Santos EJF2, Lages JS2, Santos AM3,
Salgado Filho N4
1
Acadêmico do Curso de Enfermagem - Imperatriz - Universidade Federal do
2
Maranhão - UFMA. Docente do Curso de Enfermagem - Imperatriz - UFMA
Acadêmicos do Curso de Farmácia - Universidade Federal do Maranhão - UFMA.
3
Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. Docente
4
do Departamento de Saúde Pública - UFMA. Docente do Departamento de
Medicina I - UFMA
Introdução: Segundo Wander et al. (2003), a hemodiálise é um
procedimento artificial que serve para retirar, por filtração, todas as
substâncias indesejáveis acumuladas pela insuficiência renal crônica,
também controla a pressão arterial e ajuda seu corpo a manter o
equilíbrio de substâncias químicas como o sódio, o potássio, e
Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é definida como sendo uma
síndrome progressiva e consequente à perda irreversível de parte da
função renal (glomerular tubular e endócrina). A DRC caracteriza-se
pela presença de lesão renal associada ou não à diminuição da filtração
glomerular inferior a 60 mL/min/1,73m2 por um período igual ou
Brito RS1, Oliveira AV1, Araújo TM2
1
82
2
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
ISSN-2179-6238
superior a 3 meses (NKF – K/DOQI, 2002)..A variabilidade dos níveis de
hemoglobina tem sido associada com maior risco de mortalidade em
pacientes Renais Crônicos. O recomendado é que esses níveis não
estejam abaixo de 11,0 g/dL em qualquer estágio da doença.
Oscilações repetidas e frequentes nos níveis de hemoglobina podem
resultar em interrupção do transporte de oxigênio para os tecidos e
leva a um aumento no risco de hospitalizações. Alterações nas doses
de eritropoetina e mudanças no uso de ferro são os fatores mais
frequentemente associados à ocorrência das oscilações nos níveis de
hemoglobina, além desses, também fatores relacionados ao paciente
(como idade, hospitalizações e outras intercorrências). Objetivos:
Avaliar a variabilidade do nível de hemoglobina em pacientes renais
crônicos em hemodiálise. Identificar os fatores clínicos e laboratoriais
que propiciam o nível de hemoglobina ficar fora da faixa alvo.
Métodos: Trata-se de um estudo longitudinal. Foram analisados 141
pacientes com DRC em hemodiálise em São Luís – MA (de janeiro a
junho de 2009). O nível de hemoglobina alvo a ser considerado neste
estudo é aquele entre 11,0 e 12,5 g/dL (Sociedade Brasileira de
Nefrologia). Para identificação dos fatores associados com os níveis de
Hb foi utilizado modelo linear longitudinal com efeitos mistos, tendo
como variável dependente o nível de hemoglobina mensal para cada
paciente. As variáveis independentes que apresentaram valor de p
menor do que 0,20 na análise de regressão longitudinal univariada
foram consideradas no modelo de regressão linear multivariado, as
que apresentaram valores de p inferiores a 0,05 foram mantidas no
modelo final com o objetivo de controlar o confundimento residual.
Resultados: Características da amostra: idade média de 47,40 13,65
anos, prevalência do sexo masculino (51,06%) e cor parda (54,61%) e
41,84% estão inseridos na classe D. A hipertensão arterial foi a doença
de base prevalente (41,30%) sendo também a principal comorbidade
(91,49% dos pacientes). Os pacientes apresentaram níveis medianos
de Hb acima de 10 g/dL. Pela análise univariada estiveram estatisticamente associadas ao nível de hemoglobina nível de Pcr (p<0,0001),
Hcm (p<0,0001), Ht (p<0,0001), Ferro (p<0,0001), Contagem de
Hemácias (p<0,0001) e de Reticulócitos (p=0,008), o Índice de Massa
Corpórea (p=0,006). Na análise ajustada permaneceram estatisticamente associadas ao nível de Hb as variáveis: Hematócrito (p<0,001),
Hemácias (p=0,005), IMC (p=0,003) e Saturação de Transferrina
(p=0,23). Conclusão: A manutenção dos níveis de hemoglobina na
faixa alvo é primordial para a manutenção da qualidade de vida desses
pacientes. Para isso, é primordial o conhecimento dos fatores que
fazem com que haja uma variabilidade desses níveis, os fatores
estatisticamente significantes encontrados durante o estudo foram:
Hematócrito, Contagem de Hemácias, Índice de Massa Corpórea e
Saturação de Transferrina.
Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011
Resumos / Abstracts
Validação da dosagem da creatinina em papel filtro para
diagnóstico de doença renal crônica
Silva ACA1, Graciano M1, Bencomo JF2
1
Universidade Federal Fluminense - UFF-RJ. Instituto Vital Brasil - RJ
Introdução: As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são a
principal causa de morte no mundo. Foram responsáveis por 63% dos
57 milhões de óbitos que ocorridos em 2008. A maioria desses óbitos
– 36 milhões – foi devido às doenças do aparelho circulatório,
diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas. Mais de 9 milhões
destas mortes ocorreram em pessoas abaixo de 60 anos. Esses óbitos
considerados precoces ocorrem mais nos países de baixa e média
renda como o Brasil. A Doença Renal Crônica (DRC) ainda não faz parte
do grupo principal das DCNT por ser considerada pela Organização
Mundial de Saúde uma complicação das Doenças Cardiovasculares
(DCV) e do diabetes. Entretanto, a elevada prevalência da DRC tanto em
países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, a sua capacidade
de aumentar o risco cardiovascular, diálise e morte, torna a DRC um
problema mundial de saúde. Ações custo-efetivas de prevenção e
intervenção, como a melhoria da atenção à saúde, combatem os
fatores de risco reversíveis e diagnóstico precoce, permitem reduzir o
impacto das DCNT. Objetivo: Comparar os dois métodos em 100
pacientes com um ou mais fatores de risco para doença cardiovascular
como hipertensão arterial, diabetes mellitus, sobrepeso ou obesidade
e idade acima de 50 anos. Métodos: Visando facilitar diagnóstico, JF
Bencomo desenvolveu uma técnica inovadora para dosagem da
creatinina que utiliza uma gota de sangue coletada em papel filtro.
Resultados: Três triagens populacionais já foram realizadas em
grupos de 177, 688 e 113 pessoas. Os achados de creatininas elevadas
por este teste foram respectivamente de 2,25, 3,05 e 11,5%. Um
estudo piloto de validação comparando este teste com o método
tradicional ainda não foi realizado. Conclusão: O benefício esperado é
avaliar se este teste de baixíssimo custo e fácil realização pode
substituir a coleta de sangue por punção venosa para o rastreamento
da DRC em populações de risco nos ambulatórios de médico de
família, escolas, empresas e em campanhas educativas.
83
NOTAS REDATORIAIS / NOTES TO AUTHORS
A Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research,
órgão oficial do Hospital Universitário da Universidade Federal
do Maranhão - UFMA é publicada quadrimestralmente,
com o objetivo de promover e disseminar a produção de
conhecimentos e a socialização de experiências acadêmicas
na área de saúde, assim como possibilitar o intercâmbio
científico com programas de Pós-Graduação e Instituições de
pesquisas nacionais e internacionais.
The Journal of Health Research is an official organ of the
University Hospital of the Federal University of Maranhão UFMA. Our Journal publishes every four months and has as
an aim to promote and disseminate the development of
knowledge and the socialization of academic experiences
concerning to health, as well as the possibility of creating the
scientific exchange among postgraduate programs and
national and international research institutions.
Recomendamos aos autores a leitura atenta das instruções
abaixo antes de submeterem seus artigos à Revista de
Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research:
We strongly advise all authors to read the instructions below
carefully before submitting manuscripts to the Journal of
Health Research.
a. Os trabalhos deverão vir acompanhados de carta de
apresentação assinada por seu(s) autor(es), autorizando
publicação do artigo e transferindo os direitos autorais à
Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research.
a. The manuscripts must be accompanied by a cover letter
that must be signed by each author(s) authorizing the article
to be published and transferring the copyright to the Journal
of Health Research.
b. Na seleção de artigos para publicação, avaliar-se-á o mérito
científico do trabalho, sua adequação às normas e à política
editorial adotada pela revista. Nos trabalhos de pesquisa
envolvendo seres humanos deverá ser informado o nº do
parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
instituição onde o mesmo foi aprovado.
b. In the selection of articles for publication, the scientific
merit of the research, adaptation to the standards and
editorial policy adopted by the Journal will be evaluated.
When reporting experiments on human subjects, the protocol
number of the Institution’s Research Ethics Committee where
the research was approved must be informed.
c. Os manuscritos, submetidos com vistas à publicação na
Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research, são
avaliados inicialmente pela secretaria quanto à adequação das
normas. Em seguida, serão encaminhados no mínimo para 02
(dois) revisores (membro do Conselho Editorial ou consultor
ad hoc) para avaliação e emissão de parecer fundamentado,
os quais serão utilizados pelos editores para decidir sobre
a aceitação, ou não, do mesmo. Em caso de divergência de
opinião entre os avaliadores, o manuscrito será enviado a
um terceiro relator para fundamentar a decisão final. Será
assegurado o anonimato do(s) autor (es) nesse processo.
O Conselho Editorial se reserva o direito de recusar o texto
recebido e/ou sugerir modificações na estrutura e conteúdo
a fim de adequar aos padrões da revista. Os autores dos
manuscritos não aceitos para publicação serão notificados por
carta e/ou e-mail. Somente após aprovação final, os trabalhos
serão encaminhados para publicação.
c. The manuscripts submitted for publication in the Journal of
Health Research are firstly assessed by the editorial office for
adaptation to the standards. Afterwards, the manuscripts will
be addressed to a minimum of two reviewers (Member of the
Editorial Board or ad hoc consultant) that will evaluate and
issue a reasoned opinion to be used by the editor for deciding
whether the article is accepted or not. In case of opinion
divergence between the reviewers, the manuscript will be sent
to a third reviewer for reasoning the final decision. The
author(s) anonymity will be guaranteed in this process. The
editorial board reserves the rights of refusing the received text
and/or suggesting changes in the style and content in order to
follow the journal standards. The authors of manuscripts not
accepted for publication will be informed through letter
and/or email. Only after acceptance the articles will be
published.
d. A Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research
não remunera o(s) autor(es) que tenham seus artigos nela
editados, porém lhes enviará 02 (dois) exemplares da edição
onde seu(s) texto(s) for(em) publicado(s).
d. The Journal of Health Research does not pay theauthor(s)
of article(s) edited by it, however, the journal will send two
issues where his/her/their text(s) was/were published.
e. Não serão publicados artigos que atentem contra a ética
profissional, que contenham termos ou idéias preconceituosas
ou que exprimam pontos de vista incompatíveis com a filosofia
de trabalho do Conselho Editorial e da política da revista.
f. Os conceitos, opiniões e demais informações contidos
nos textos, e publicados na Revista de Pesquisa em Saúde/
Journal of Health Research, são de inteira responsabilidade
do(s) autor (es).
1. Categorias das seções
Para fins de publicação, a Revista de Pesquisa em Saúde/
Journal of Health Research, publica nas seguintes seções:
editorial, artigos originais, artigos de revisão e atualização,
relatos de caso, relatos de experiência, comunicações breves
e relatórios técnicos elaborados por profissionais da área
da saúde e afins, redigidos em português ou inglês. Em
cada número, se aceitará a submissão de, no máximo, dois
manuscritos por autor.
1.1 Editorial: de responsabilidade do corpo editorial da revista,
que poderá convidar autoridade para redigi-lo.
1.2 Artigos originais: devem relatar pesquisas originais que
não tenham sido publicadas ou consideradas para publicação
em outros periódicos. Produção resultante de pesquisa de
natureza empírica, experimental, documental ou conceitual
com resultados que agreguem valores ao campo científico e
e. The articles that do not follow the professional ethics, as
well as those that show prejudice ideas or express
incompatible viewpoints with the journal’s policy and editorial
board philosophy towards work, will not be published.
f. The concepts, opinions and other information within the
texts, and published in the Journal of Heath Research are of
entire responsibility of author(s).
1.Categories of sections
For publication purposes, the Journal of Health Research
publishes in the following sections: original, review and
update articles, case and experience reports, editorial, short
communications and technical reports. The manuscripts must
be written in portuguese or english and elaborated by
professionals of health or related areas. In each issue number
the Journal will accept up to two manuscripts for submission
by each author.
1.1 Editorial: the Journal editorial body is responsible by
this type of submission. The Journal may invite an expert to
prepare it.
1.2 Original article: should report original research that has
not been previously published or considered for publication
in other journals. It is a manuscript that was resulted of
empirical, experimental, documental or conceptual research
and which may add values to the science field and practice of
many health areas. It should contain in its structure: resumo,
85
prático das diversas áreas da saúde. Deve conter na estrutura:
resumo, abstract, introdução, métodos, resultados, discussão
e referências (máximo de 6.000 palavras e cinco ilustrações).
1.3 Artigos de Revisão e Atualização: destinados a
apresentação de conhecimentos disponíveis baseados numa
avaliação crítica, científica, sistemática e pertinente de um
determinado tema (resumo estruturado de até 250 palavras,
máximo de 5.000 palavras, cinco ilustrações), e não apenas
revisão de literatura, e até três autores. Mesma formatação do
artigo original.
1.4 Relatos de Casos: devem ser relatos breves de casos
relevantes para divulgação científica com extensão máxima
de 1.500 palavras, com máximo de 3 ilustrações (tabelas
e figuras), até quinze referências. Colocar no corpo do
manuscrito os tópicos: introdução, relato de caso, discussão
e referências. Permitido-se máximo três autores.
abstract, introduction, methods, results, discussion, conclusion
and references (up to 6,000 words and five illustrations).
1.3 Review and update articles: have as an aim the
presentation of available knowledge based on critical,
scientific, systematic and relevant assessment of a particular
subject (abstract of up to 250 words, maximum of 5,000
words, five illustrations), they should not only be a literature
review and should be conducted of up to three authors. Same
format of the original article.
1.4 Case reports: relevant brief reports that should be
important to scientific publishing, with maximum of 1,500
words and three illustrations (tables and figures), up to ten
references. Devide your manuscript into sections: introduction,
case report, discussion and references. It is allowed up to
three authors.
1.5 Comunicações Breves: devem ser relatos sobre novos
resultados, interessante dentro da área de abrangência da
revista. Observação clínica original, ou descrição de inovações
técnicas, apresentadas de maneira breve, não excedendo a
1.700 palavras. Não colocar no corpo do manuscrito os tópicos:
introdução, métodos, resultados, discussão e conclusões.
Máximo três ilustrações e até quinze referências.
1.5 Short communications: should be reports about new
results and interesting for the knowledge area of the journal.
Original clinical observation or description of technical
innovations which should be presented briefly without
exceeding 1,700 words. Do not include in the body of the
manuscript the items: introduction, methods, results,
discussion and conclusions. Maximum of three illustrations
and up to fifteen references.
1.6 Relato de Experiência: descrição de experiências
acadêmicas, assistenciais e de extensão. A relevância de
um relato de experiência está na pertinência e importância
dos problemas que nele se expõem, assim como o nível de
generalização na aplicação de procedimentos ou de resultados
da intervenção em outras situações similares, ou seja, serve
como uma colaboração à práxis metodológica. Formato de
artigos originais.
1.6 Experience Report: description of academic, assistance,
and extension experiences. The relevance of an experience
report is the relation and importance of problems that are
shown by it, as well as the level of generalization in the
procedures application and results of interventions in other
similar situations, in other words, it serves as collaboration to
the methodological praxis. Format of original articles.
1.7 Relatórios Técnicos: devem ser precisos e relatar os
resultados e recomendações de uma reunião de experts. Será
considerado no formato de um editorial.
2. Forma e Estilo
2.1 Os artigos devem ser concisos e redigidos em português
ou Inglês. As abreviações devem ser limitadas aos termos
mencionados repetitivamente, desde que não alterem o
entendimento do texto, e devem ser definidas a partir da sua
primeira utilização. Cada parte do artigo deve ser impressa em
páginas separadas na seguinte ordem: 1) Página de Títulos; 2)
Resumo e Palavras-chave; 3) Abstract e Keywords; 4) Texto; 5)
Referências; 6) E-mail, para a correspondência; 7) Ilustrações
e legendas; 8) Tabelas; 9) Outras informações.
2.2 Os manuscritos dever ter as referências elaboradas de
acordo com as orientações do International Committee of
Medical Journal Editors Vancouver Group (www.icmje.org), e
do International Committee of Medical Journal Editors Uniform
Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical
Journals: sample references (http://www.nlm.nih.gov/bsd/
uniform_requirements.html.
2.3 O manuscrito deve ser preparado usando software padrão
de processamento de texto e deve ser impresso (fonte arial,
tamanho 12) com espaço duplo em todo o texto, legendas
para as figuras e referências, margens com pelo menos três
cm. Abreviações devem ser usadas com moderação.
1.7 Technical Reports: should be accurate and report results
and recommendations of an assembly of experts. It will be
considered in an editorial format.
2 Format and Style
2.1 The articles should be concise and written in Portuguese
or English. Abbreviations should be limited to the terms
mentioned repeatedly. The spelled-out abbreviation followed
by the abbreviation in parenthesis should be used on first
mention. The abbreviation should be used unless it will not
alter the text comprehension. Each part of the article should
be printed on separate pages in the following order: 1) Titles
Page, 2) Resumo and Descritores, 3) Abstract and Keywords;
4) Text, 5) References, 6) e-mail for correspondence, 7)
Illustrations and captions, 8) Tables, 9) Other information.
2.2 The references of manuscripts should follow the norms
established by the International Committee of Medical
Journal Editors Vancouver Group (www.icmje.org) and the
International Committee of Medical Journal Editors Uniform
Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical
Journals: sample references (http://www.nlm.nih.gov/bsd/
uniform_requirements.html).
2.3 The manuscript should be prepared using standard word
processing software and should be printed (arial, font size
12) double-spaced throughout the text, figures captions, and
references, with margins of at least 3cm. Abbreviations should
be used sparingly.
3. Organização dos manuscritos
3. Manuscripts structure
3.1 Página de Título: página não numerada, contendo o título
do artigo em português (digitada em caixa alta e em negrito
com no máximo 15 palavras), inglês (somente em caixa alta).
Nome completo dos autores digitados em espaço duplo na
margem direita da página indicando em nota de rodapé a
titulação do (s) autor (es) e instituição (es) de vinculo (s) e
endereço para correspondência: nome do autor responsável e
e-mail.
86
3.1 Title Page: not numbered, containing the title of the article
in Portuguese (typed in capital letters and boldface with a
maximum of 15 words), English (only with capital letters),
authors’ full name typed in double-spaced on the right margin
of the page, and a footnote indicating the title of author (s)
and institution(s) to which they are affiliated and his/her/their
correspondence address (es): name of the corresponding
author and email.
3.2 Resumo: deve conter no máximo 250 palavras, em caso
de Artigo Original e Atualização, e 100 para Relatos de Casos,
Comunicações Breves e Relato de Experiência. Devem ser
estruturados, contendo introdução, objetivo(s), métodos,
resultado(s) e conclusão (es).
3.3 As palavras-chaves: e seus respectivos Key Words
devem ser descritores existentes no DeCS-Bireme (http://
decs.bvs.br).
3.4 Introdução: deve indicar o objetivo do trabalho e a hipótese
formulada. Informações que situem o problema na literatura
e suscitem o interesse do leitor podem ser mencionadas.
Devem-se evitar extensas revisões bibliográficas, histórico,
bases anatômicas e excesso de nomes de autores.
3.5 Ética: toda pesquisa que envolve seres humanos e
animais deve ter aprovação prévia da Comissão de Ética em
Pesquisa, de acordo com as recomendações da Declaração
de Helsinki e as Normas Internacionais de Proteção aos
Animais e a resolução nº 196/96 do Ministério da Saúde
sobre pesquisa envolvendo seres humanos. O artigo deve
ser encaminhado juntamente com o parecer do Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP).
3.2 Abstract: should not exceed two hundred words for
original or update article, and a hundred for Case reports,
Short communications and Experience report. It should be
structured with the objective, material and methods, results
and the conclusions. Note: when the article is written in
English the abstract must come before the resumo.
3.3 Keywords: should be used descriptors from the DeCSBIREME (http://decs.bvs.br).
3.4 Introduction: should provide the objective of the study
and a formatted hypothesis. Information which indentifies
the problem in the literature and draws the reader's interest
may be mentioned. Detailed literature reviews, natural history,
anatomical basis and excessive number of authors should
be avoided.
3.5 Ethics: any research involving experiments on humans
and animals must have a prior approval from the Research
Ethics Committee, according to the Helsinki Declaration,
International Animal Protection and Resolution
n°196/96
of the Ministry of Health about research involving humans.
The article should be addressed along with the opinion of the
Committee of Ethics in Research (CEP).
3.6 Métodos: o texto deve ser preciso, mas breve, evitando-se
extensas descrições de procedimentos usuais. É necessário
identificar precisamente todas as drogas, aparelhos, fios,
substâncias químicas, métodos de dosagem, etc., mas
não se deve utilizar nomes comerciais, nomes ou iniciais
de pacientes, nem seus números de registro no Hospital.
A descrição do método deve possibilitar a reprodução dos
mesmos por outros autores. Técnicas-padrões precisam
apenas ser citadas.
3.6 Methods: the text should be accurate although brief,
avoiding extensive descriptions of usual procedures. It is
necessary to precisely identify all drugs, devices, wires,
chemicals, methods of measurement and so on. Do not use
trade names, patient initials or names, or their hospital
registration numbers. The method description should enable
its reproduction by others. Standard techniques need only
be cited.
3.7 Resultados: devem ser apresentados em sequência lógica
no texto, e exclusivamente neste item, de maneira concisa,
fazendo, quando necessário, referências apropriadas a tabelas
que sintetizem achados experimentais ou figuras que ilustrem
pontos importantes. O relato da informação deve ser conciso
e impessoal. Não fazer comentários nesta sessão, reservandoos para o capitulo Discussão.
3.7 Results: should be presented in logical sequence in the
text. Only in this item, when necessary, and in a concise
manner, appropriate references should be done to tables that
summarize experimental findings or figures that illustrate
important points. The information report must be concise
and impersonal. Do not make comments on this section. All
comments must be reserved for the Discussion chapter.
3.8 Discussão: deve incluir os principais achados, a validade
e o significado do trabalho, correlacionando-o com outras
publicações sobre o assunto. Deve ser clara e sucinta evitandose extensa revisão da literatura, bem como hipóteses e
generalizações sem suporte nos dados obtidos no trabalho.
Neste item devem ser incluída(s) a(s) conclusão(es) do trabalho.
3.8 Discussion: should include main findings, the validity and
meaning of the work, correlating it with other publications
about the subject. It should be clear and concise by avoiding
detailed literature review as well as hypothesis and
generalizations without support from data obtained in the
study. In this item should be included the conclusions.
3.9 Referências: devem ser numeradas consecutivamente, na
medida em que aparecem no texto. Listar todos os autores
quando houver até seis. Para sete ou mais, listar os seis
primeiros, seguido por “et al”. Digitar a lista de referência
com espaçamento duplo em folha separada. Citações no texto
devem ser feitas pelo respectivo número das referências,
acima da palavra correspondente, separado por vírgula (Ex.:
inteligência 2, 3, 4,.). As referências citadas deverão ser
listadas ao final do artigo, em ordem numérica, seguindo as
normas gerais dos Requisitos Uniformes para Manuscritos
Apresentados a Periódicos Biomédicos (http://www.hlm.nih.
gov/citingmedicine/). Os títulos dos periódicos devem ser
abreviados de acordo com o estilo usado no “Index medicus”
(Consulte:
http://ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?db=journal&
TabCmd=limits).
3.9 References: should be numbered consecutively according
to the order in which they are mentioned in the text. All
authors should be mentioned when up to six. When there are
more than six authors, you should list all the six authors
followed by “et al”. The list of references should be typed
double-spaced and on a separate page. Citations in the text
should be made by the respective number of references, above
the corresponding word and separated by comma (e.g.:
Knowledge 2, 3, 4,). All cited references should be listed at the
end of the article in numerical order, following the general
rules of the Uniform Requirements for Manuscripts Submitted
to Biomedical Journals (http://www.nlm.nih.gov/citingmedicine
/). The titles of journals should be abbreviated according to
the style used in "Index medicus" (http://ncbi.nlm.nih.gov/
sites/entrez?= journal&db=TabCmd=limits).
- Todas as referências devem ser apresentadas de modo
correto e completo. A veracidade das informações contidas na
lista de referências é de responsabilidade do(s) autor(es).
- All references must be presented in a correct and complete
manner. The veracity of the information contained in the list
of references is of author(s)’s responsibility.
- No caso de usar algum software de gerenciamento
de referências bibliográficas (Ex. EndNote®), o(s) autor(es)
deverá(ão) converter as referências para texto.
- When using a reference management software (e.g.
EndNote®), the author(s) must convert the references to text.
4. Fontes de financiamento
4. Funding sources
87
4.1 Os autores devem declarar todas as fontes de financiamento ou suporte, institucional ou privado, para a realização
do estudo.
4.2 Fornecedores de materiais ou equipamentos, gratuitos
ou com descontos também devem ser descritos como fontes
de financiamento, incluindo a origem (cidade, estado e país).
4.3 No caso de estudos realizados sem recursos financeiros
institucionais e/ou privados, os autores devem declarar que a
pesquisa não recebeu financiamento para a sua realização.
4.1 The authors must declare all sources of funding or
support, institutional or private, used to perform the study.
4.2 Suppliers of materials or equipments free or with discount,
must also be described as sources of funding, including the
origin (city, state and country).
4.3 Authors with studies without institutional or private
financial resources must state that the research did not
receive funding for its implementation.
5. Conflict of interest
5. Conflito de interesses
5.1 Os autores devem informar qualquer potencial conflito
de interesse, incluindo interesses políticos e/ou financeiros
associados a patentes ou propriedade, provisão de materiais
e/ou insumos e equipamentos utilizados no estudo pelos
fabricantes.
6.Colaboradores
6.1 Devem ser especificadas quais foram as contribuições
individuais de cada autor na elaboração do artigo.
6.2 Lembramos que os critérios de autoria devem basearse nas deliberações do Internacional Commitee of Medical
Journal Editors, que determina o seguinte: o reconhecimento
da autoria deve estar baseado em contribuição substancial
relacionada aos seguintes aspectos: 1.Concepção e projeto
ou análise e interpretação dos dados; 2. Redação do artigo ou
revisão crítica relevante do conteúdo intelectual; 3. Aprovação
final da versão a ser publicada. Essas três condições devem
ser integralmente atendidas.
7.Agradecimentos
7.1 Possíveis menções em agradecimentos incluem instituições
que de alguma forma possibilitaram a realização da pesquisa
e/ou pessoas que colaboraram com o estudo, mas que não
preencheram os critérios para serem co-autores.
8. Envio e submissão
Os artigos deverão ser entregues em cópia impressa e um CD
na Diretoria Adjunta de Ensino, Pesquisa e Extensão, localizada
no 4º andar da Unidade Presidente Dutra (HUUPD) - Rua Barão
de Itapary, 227 - Centro. CEP.: 65020-070, São Luís-MA. Brasil.
Telefone para contato: (98) 2109-1242, ou encaminhados por
meio do e-mail: [email protected].
5.1 Authors are requested to disclose any potential conflict
of interest, including political and/or financial interests
associated with patents or property, materials and / or
supplies provision and equipments used in the study by
manufacturers.
6. Collaborators
6.1 It should be specified the individual contributions of each
author in the preparation of the article.
6.2 We remind you that the criteria for authorship should be
based on the deliberations of the International Committee of
Medical Journal Editors that states the following: recognition
of authorship should be based on substantial contributions
to: 1. Conception and design or analysis and interpretation
of data, 2. Article preparation or critical review of intellectual
content; 3. Final approval of the version to be published. These
three conditions must be fully met.
7. Acknowledgments
7.1 Possible acknowledgments include institutions that
somehow provided help for the research and / or people who
collaborated with the study, but that did not meet the criteria
for co-authors.
8. Sending the submission
Articles should be delivered as an impressed copy and on a
CD in the Adjunct Directory of Teaching, Research and
Extention, located on the 4th floor of the President Dutra Unit
(HUUPD) - Rua Barão de Itapary, 227 - Centro. CEP.: 65020070, São Luís, MA. Brazil. Phone: +55 (98) 2109-1242, or it
may be sent via e-mail: [email protected].
9. Examples of reference styles:
9. Exemplos de formas de referências:
9.1 Em Revista: Autor. Título do artigo. Título da Revista
(itálico). Ano; volume (número): páginas. Jordan PH, Thonrby
J. Twenty years after parietall cell vagotomy antrectomy for
treatment of duodenal ulcer. Ann Surg, 1994; 220(3): 283-296.
9.2 Em Livro: Autor. Título (itálico). Edição. Local de Publicação:
Editora; ano da publicação. Bogossian L. Choque séptico: recentes avanços de fisiopatologia e do tratamento. 2 ed. Rio de
Janeiro: Atheneu; 1992.
9.3 Em Capitulo de Livro: Autor do capítulo. Título do capítulo
(Itálico). In: Autor do livro. Título do livro. Edição. Local de
publicação: Editora; ano de publicação; páginas. Barroso
FL, Souza JAG. Perfurações pépticas gástricas e duodenais.
In Barroso FL, Vieira OM, editores. Abdome agudo não
traumático: Novas propostas. 2. Ed. Rio de Janeiro: Robe;
1995. p. 201- 220.
9.4 Em Monografia/Dissertação/Tese. Autor. Título (Itálico)
[Dissertação]. Local (Estado): Universidade; Ano; Páginas.
Chinelli A. Colecistectomia laparoscópica: estudo de 35 casos.
[Dissertação]. Niterói (RJ): Universidade Federal Fluminense;
1992. 71 p.
88
9.1 Journal: Author. Article title. Journal title (italics). year;
volume (number): pages. Jordan PH, Thonrby J. Twenty years
after vagotomy antrectomy parietall cell for treatment of
duodenal ulcer. Ann Surg, 1994; 220 (3): 283-296.
9.2 Book: Author. Title (italics). Edition. Place of Publication:
Publisher; year of publication. Bogossian L. Choque séptico:
recentes avanços de fisiopatologia e do tratamento. 2 ed. Rio
de Janeiro: Atheneu; 1992.
9.3 Chapter in Book: Author of the chapter. Chapter title
(italics). In: Author of the book. Title of book. Edition. Place
of publication: Publisher; year of publication; pages. Barroso
FL, Souza JAG. Perfurações pépticas gástricas e duodenais. In
Barroso FL, Vieira OM, editors. Abdome agudo não
traumático: Novas propostas. 2. ed. Rio de Janeiro: Robe;
1995. p. 201-220.
9.4 Monograph/Dissertation / Thesis. Author. Title (italic)
[Dissertation]. Place (State): University; Year; pages. Chinelli A.
Colecistectomia laparoscópica: estudo de 35 casos.
[Dissertation]. Niterói (RJ): Universidade Federal Fluminense;
1992. 71 p.
9.5 Em Material eletrônico:
9.5 Electronic Material:
I. Artigo: Autor. Título do artigo. Título do periódico [Tipo de
material] Ano Mês [capturado ano mês dia]; volume (número);
[número de telas] Disponível em: endereço eletrônico. Morse
SS. Factors in the emergence of Infectious Diseases. Emerg I
infect diseases [serial online] 1995 Jan/mar [capturado 1996
jun 5]; 2 (2): [24 telas] Disponível em: http://www.cdc.gov/
ncidod/EID/eid.htm.
I. Article: Author. Article title. Journal Title [Type of material]
year month [cited year month day]; volume (number); [number
of screens] Available from: electronic address. Morse SS.
Factors in the emergence of Infectious Diseases. I Emerg infect
diseases [serial online] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]; 2
(2): [24 screens] Available at: http://www.cdc.gov/ncidod/
EID/eid.htm.
II. Arquivo de Computador: Título [tipo de arquivo]. Versão.
Local (Estado) Editora; ano. Descrição Física da mídia.
Hemodynamics III: The ups and downs of hemodynamics
[computer program]. Version 2.2 Orlando (FL): Computerezid
Educational Systems; 1993.
II. Computer File: Title [File Type]. Version. Place (State)
Publisher; year. Descrição Física da mídia. Hemodynamics
III: The ups and downs of hemodynamics [computer
program]. Version 2.2 Orlando (FL): Computerezid
Educational Systems; 1993.
III. Monografia em formato eletrônico: Título [tipo de material],
Responsável. Editor. Edição. Versão. Local: Editora; ano: CDI,
Clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM].
Reeves JTR, Mailbach H. CMEA Multimedia Group, producers.
2nd ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1965. Notas: Todas
as notas do título, dos autores ou do texto devem ser
indicadas por algarismos arábicos, e ser impressas em páginas
separadas, espaço simples.
III. Monograph in electronic format: Title [type of material],
Responsible. Editor. Edition. Version. Place: Publisher; year:
CDI, Clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM].
Reeves JTR, Mailbach H. CMEA Multimedia Group, producers.
2nd ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1965.
IV. CD-Rom, DVD: Autor(es). Título [tipo do material].
Cidade de publicação: produtora; ano. Anderson SC, Poulsen
KB. Anderson's electronic atlas of hematology [CD-ROM].
Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2002.
9.6 Em Anais de Congresso: Autor(es) do trabalho. Título
do trabalho (itálico). Título do evento; data do evento; local
e cidade do evento; editora; ano de publicação. Christensen
S, Oppacher F. An analysis of Koza's computational effort
statistic for genetic programming. In: Foster JA, Lutton E, Miller
J, Ryan C, Tettamanzi AG, editores. Genetic programming.
EuroGP 2002: Proceedings of the 5th European Conference
on Genetic Programming; 2002 Apr 3-5; Kinsdale, Ireland.
Berlin: Springer; 2002. p. 182-91.
9.7 Em Artigo de Jornal: Autor do artigo. Título do
artigo (itálico). Nome do jornal. Data; Seção: página (coluna).
Tynan T. Medical improvements lower homicide rate: study
sees drop in assault rate. The Washington Post. 2002 Aug
12; Sect. A: 2 (col. 4).
10 Tabelas
Devem ser numeradas com algarismos arábicos encabeçadas
por suas legendas e explicações dos símbolos no rodapé e
digitadas separadamente, uma por página. Cite as tabelas no
texto em ordem numérica incluindo apenas dados necessários
à compreensão de pontos importantes do texto. Os dados
apresentados em tabelas não devem ser repetidos em
gráficos. A montagem das tabelas deve seguir as Normas de
Apresentação Tabular, estabelecidas pelo Conselho Nacional
de Estatísticas (Rev. Bras. Est., 24: 42-60, 1963. As tabelas
deverão ser elaboradas no programa Microsoft Word).
11 Ilustrações
São fotografias (boa resolução mínimo de 300 dpi, no formato
TIFF), mapas e ilustrações (devem ser vetorizadas ou seja
desenhada utilizando os sotwares CorelDraw ou Ilustrator
em alta resolução, e suas dimensões não devem ter mais
que 21,5x28,0cm) gráficos, desenhos, etc., que não devem
ser escaneadas e de preferência em preto e branco, medindo
127mm x 178mm. As ilustrações, em branco e preto serão
reproduzidas sem ônus para o(s) autor(es), mas lembramos
que devido o seu alto custo para a Revista, devem ser limitadas
a 5 (cinco) entre tabelas e figuras para artigos originais e
3 (três) para relatos de casos, e utilizadas quando estritamente
necessárias. Todas as figuras devem ser referidas no texto,
sendo numeradas consecutivamente por algarismo arábico.
Cada figura deve ser acompanhada de uma legenda que a
IV. CD-Rom, DVD: Author (s). Title [type of material]. City
of publication: producer; year. Anderson SC, Poulsen
KB. Anderson's electronic atlas of hematology [CD-ROM].
Philadelphia:
Lippincott
Williams
&
Wilkins;
2002.
9.6 Proceedings of Congresses: Author (s) of the work. Title of
the work (italics). Title of event; event date; venue and city of
event; publisher; year of publication. Christensen S, Oppacher
F. An analysis of Koza's computational effort statistic for
genetic programming. In: Foster JA, Lutton E, Miller J, Ryan
C, Tettamanzi AG, editors. Genetic programming. EuroGP
2002: Proceedings of the 5th European Conference on Genetic
Programming; 2002 Apr 3-5; Kinsdale, Ireland. Berlin:
Springer; 2002. p. 182-91.
9.7 Journal article: Author of the article. Article title (italics).
Name of the newspaper. Date; Section: Page (column). Tynan
T. Medical improvements lower homicide rate: study sections
drop in assault rate. The Washington Post. 2002 Aug 12;
Sect. A: 2 (col. 4).
10 Tables
They should be numbered with Arabic numerals, explained
by captions, with explanations of symbols in the footnote and
prepared separately, one per page. Cite the tables in the text
in numerical order including only data needed to understand
important points. The data presented in tables should not be
repeated in graphs. The preparation of tables should follow
the Tabular Presentation Guidelines established by the
National Statistics Council (Rev. Bras. Est., 24: 42-60, 1963.
The tables should be prepared in Microsoft Word software).
11 Illustrations
They are photographs (good minimum resolution of 300 dpi,
in TIFF format), maps and illustrations (vector illustrations,
in other words, to be drawn using Illustrator or CorelDraw
sotwares at high resolution, in black and white, and the
dimensions must be no more than 21.5 x28. 0cm), graphics,
drawings, and so on. They should not be scanned and should
be preferably in black and white, measuring 127mm x
178mm. The illustrations in black and white will be
reproduced at no charge for the author (s). Remember that
because of the high cost for the Journal it should be provided
up to five (5) illustrations between tables and figures for
original articles and 3 (three) for case reports, using only
when strictly necessary. All figures must be mentioned in the
text, numbered consecutively in Arabic numerals. Each figure
must be accompanied by a caption that makes it clear without
reference to the text. The illustrations must be identified on
89
torne inteligível sem referencia ao texto. Deve ser identificada
no verso, por meio de uma etiqueta, com o nome do autor e
numeração para orientação. Os desenhos e gráficos podem
ser feitos em papel vegetal com tinta nanquim, sendo as
letras desenhadas com normógrafo ou sob forma de letra
“set” montadas, ou ainda, utilizando impressora jato de tinta
ou laser, com boa qualidade, e nunca manuscritas.
Obs: Todas as notas do título, dos autores ou do texto devem
ser indicadas por algarismos arábicos, e ser impressa em
páginas separadas.
90
the back using a label, with the author's name, and numbered
for better identification. The drawings and graphs may be
made on tracing paper with nankeen ink, with the letters
being drawn with a stencil or letter template set, or still, using
inkjet or laser printer, with good quality, and not handwritten.
Please Note: All notes of the title, author or text should be
indicated by Arabic numerals, and printed on separate pages.
© 1995 Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research
v.12 n.3 set-dez/2011
ISSN 2179-6238
EDITORIAL
9
Contribuição da Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research do Hospital Universitário da
Universidade Federal do Maranhão - UFMA, no cenário científico
Arlene de Jesus Mendes Caldas
ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE
11
Perfil sistêmico de pacientes periodontais: estudo retrospectivo 2006 a 2009
Systemic conditions in patients with periodontal disease: a retrospective study 2006-2009
José Cláudio Freire Junior, Fernanda Ferreira Lopes, Antônio Luiz Amaral Pereira, Cláudia Maria Coelho Alves e
Adriana de Fátima Vasconcelos Pereira
16
Perfil sociodemográfico e nutricional de servidores em período de pré-aposentadoria
Sociodemographic and nutritional profile of public servants in the pre-retirement period
Alessandra Gaspar Sousa, Carolina Abreu de Carvalho, Poliana Cristina de Almeida Fonsêca e Soraia Pinheiro
Machado
22
Comunicação em saúde: conhecimento de risco relacionado ao procedimento de diagnóstico por imagem
Health communication: knowledge about the risks related to the procedure of diagnostic imaging
Pedro Germano Nobre Neto e Gisela Maria Santos Ferreira de Sousa
28
Caracterização térmica de compósitos dentais e sua importância nas propriedades mecânicas
Thermal characterization of dental composites and its importance in the mechanical properties
Ivone Lima Santana, Danilo Augusto Paiva Pacheco, Felipe Leonardo Gomes Leite de Carvalho, Carolina Carramilo Raposo e
Aluísio Alves Cabral Júnior
32
Características de portadores de hepatites B e C em tratamento hemodialítico e comorbidades
associadas
Characteristics of patients with hepatitis B and C in hemodialysis and comorbidities
Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa, Lena Maria Barros Fonseca, Rubenice Amaral da Silva, Fernando José Brito
Patrício, Glaucia Oliveira Lima e Ana Lúcia Abreu Silva
ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLE
37
Modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil: revisão de literatura
Assistance models in oral health in Brazil: Literature review
Elza Bernardes Ferreira, Thalita Queiroz Abreu e Ana Emília Figueiredo de Oliveira
43
Protocolo de atendimento do paciente com estomatite protética na atenção básica
Primary care for patients with denture stomatitis
Samantha Ariadne Alves de Freitas, Aretha Lorena Fonseca Cantanhede, Juliana de Kássia Braga Fernandes e Frederico
Silva de Freitas Fernandes
RESUMOS / ABSTRACTS
49
9ª Conferência sobre a Prevenção da Doença Renal em Populações Desfavorecidas na América
do Sul e Caribe e do 7º Encontro Brasileiro de Prevenção da Doença Renal Crônica - novembro
de 2011, São Luís - MA
NOTAS REDATORIAIS / NOTES TO AUTHORS
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