ISSN 2179-6238 Revista de em Saúde Journal of Health Research Volume 12, n. 3, set-dez/2011 Endereço para correspondência: Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA) Rua Barão de Itapary, 227 - Centro. 4º andar da Unidade Presidente Dutra (HUUPD) - CEP.: 65020-070 São Luís-MA. Brasil. Telefone para contato: (98) 2109-1242 | 2109-1092 E-mail: [email protected] Disponível também em: < http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/revistahuufma > Revista de Pesquisa em Saúde Journal of Health Research Quadrimestral ISSN 2179-6238 São Luís - MA - Brasil volume 12 número 3 páginas 1-92 setembro/dezembro 2011 © 1995 Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research é uma publicação quadrimestral do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA) que se propõe à divulgação de trabalhos científicos produzidos por pesquisadores com o objetivo de promover e disseminar a produção de conhecimentos e a socialização de experiências acadêmicas na área de saúde, assim como possibilitar o intercâmbio científico com programas de Pós-Graduação e Instituições de pesquisas nacionais e internacionais. HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Conselho Editorial / Editorial Board Natalino Salgado Filho Reitor Aldina Maria Prado Barral - UFBA/FIOCRUZ Antonio Augusto Moura da Silva - UFMA Armando da Rocha Nogueira - UFRJ Afksendiyos Kalangos - UHG-Suiça Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza - UNESP Domingo Marcolino Braile - FAMERP Elba Gomide Mochel - UFMA Fábio Biscegli Jatene - FMUSP Fernanda Ferreira Lopes - UFMA Gustavo Adolfo Sierra Romero - UNB Jackson Maurício Lopes Costa - CPqGM/FIOCRUZ Luciane Maria de Oliveira Brito - UFMA Márcia Mattos Gonçalves Pimentel - UERJ Marcus Gomes Bastos - UFJF Maria do Céu Aguiar Barbieri de Figueiredo - ESEP-Portugal Maria Rita de Cássia Costa Monteiro - UFPA Pablo Maria Alberto Pomerantzeff - USP Rodolfo A. Neirotti - USA Semiramis Jamil Hadad do Monte - UFPI Walter José Gomes - UNIFESP Vinicius José da Silva Nina Diretor Geral Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa Diretora Adjunta de Ensino, Pesquisa e Extensão Marília Cristine Valente Viana Diretora Adjunta de Administração e Finanças Joyce Santos Lages Diretora Adjunta de Planejamento Antônio Raposo Filho Diretor Adjunto de Serviços Assistenciais Editores Associados / Associate Editors Arlene de Jesus Mendes Caldas - UFMA Nair Portela Silva Coutinho - UFMA Natalino Salgado Filho - UFMA Vinicius José da Silva Nina - UFMA Editora Chefe / Chief Editor Arlene de Jesus Mendes Caldas Secretária / Secretary Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa Normalização Bibliográfica / Bibliographics Standards Ana Luzia de Sá Magalhães Telma Maria Santana Amaral Revisão de Inglês / Proofreading of english texts Max Diego Cruz Santos Editoração Eletrônica / Desktop Publishing Francisco Ferreira e Silva Felipe Todos os manuscritos publicados são de propriedade da revista, não sendo permitido a reprodução, mesmo que parcial em outro periódico, seja por meios eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Tanto os conceitos emitidos nos manuscritos como a revisão da língua portuguesa, são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), não refletindo necessariamente a opinião do Conselho Editorial. As versões impressa e online estão indexadas no sistema Latindex (Sistema Regional de Información en Línea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal). ASSESSORIA CIENTÍFICA EM 2011 - REFEREES Adriana de Fátima Vasconcelos Pereira - UFMA, São Luís - MA Ana Emilia Figueiredo de Oliveira - UFMA, São Luís - MA Arlene de Jesus Mendes Caldas - UFMA, São Luís - MA Claudia Maria Coelho Alves - UFMA, São Luís - MA Darlon Martins Lima - UFMA, São Luís - MA Erika Martins Pereira - UFMA, São Luís - MA Estevam Carlos Oliveira Lula - UFMA, São Luís - MA Francisca Georgina Macedo Sousa - UFMA, São Luís - MA Frederico Silva de Freitas Fernandes - UFMA, São Luís - MA Gisele Quariguasi Tobias Lima - UFMA, São Luís - MA Isaac Suzart Gomes Filho - UFMA, São Luís - MA Judith Rafaelle Oliveira Pinho - UFMA, São Luís - MA Liana Linhares Lima - UFMA, São Luís - MA Luciana Salles Branco de Almeida - UFMA, São Luís - MA Maria Bethania da Costa Chein - UFMA, São Luís - MA Maria Luiza Cruz - UFMA, São Luís - MA Maria Tereza Seabra Soares de Brito e Alves - UFMA, São Luís - MA Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa - UFMA, São Luís - MA Zeni de Carvalho Lamy - UFMA, São Luís - MA Revista de Pesquisa em Saúde, periódico biomédico de divulgação cientíca do Hospital Universitário da UFMA, v.1, n.3, 1995.-São Luís, 1995. v. 12, n. 3, 2011 Quadrimestral. (ISSN – 2179-6238) versão impressa (ISSN – 2236-6288) versão online 1. Ciências da Saúde – periódicos. I. Universidade Federal do Maranhão II. Hospital Universitário. CDU: 61(05) Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research é afiliada à Associação Brasileira de Editores Científicos Apoio ISSN-2179-6238 Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research Volume 12 Número 3 setembro/dezembro 2011 Sumário / Summary EDITORIAL 9 Contribuição da Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, no cenário científico Arlene de Jesus Mendes Caldas ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE 11 Perfil sistêmico de pacientes periodontais: estudo retrospectivo 2006 a 2009 Systemic conditions in patients with periodontal disease: a retrospective study 2006-2009 José Cláudio Freire Junior, Fernanda Ferreira Lopes, Antônio Luiz Amaral Pereira, Cláudia Maria Coelho Alves e Adriana de Fátima Vasconcelos Pereira 16 Perfil sociodemográfico e nutricional de servidores em período de pré-aposentadoria Sociodemographic and nutritional profile of public servants in the pre-retirement period Alessandra Gaspar Sousa, Carolina Abreu de Carvalho, Poliana Cristina de Almeida Fonsêca e Soraia Pinheiro Machado 22 Comunicação em saúde: conhecimento de risco relacionado ao procedimento de diagnóstico por imagem Health communication: knowledge about the risks related to the procedure of diagnostic imaging Pedro Germano Nobre Neto e Gisela Maria Santos Ferreira de Sousa 28 Caracterização térmica de compósitos dentais e sua importância nas propriedades mecânicas Thermal characterization of dental composites and its importance in the mechanical properties Ivone Lima Santana, Danilo Augusto Paiva Pacheco, Felipe Leonardo Gomes Leite de Carvalho, Carolina Carramilo Raposo e Aluísio Alves Cabral Júnior 32 Características de portadores de hepatites B e C em tratamento hemodialítico e comorbidades associadas Characteristics of patients with hepatitis B and C in hemodialysis and comorbidities Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa, Lena Maria Barros Fonseca, Rubenice Amaral da Silva, Fernando José Brito Patrício, Glaucia Oliveira Lima e Ana Lúcia Abreu Silva ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLE 37 Modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil: revisão de literatura Assistance models in oral health in Brazil: Literature review Elza Bernardes Ferreira, Thalita Queiroz Abreu e Ana Emília Figueiredo de Oliveira 43 Protocolo de atendimento do paciente com estomatite protética na atenção básica Primary care for patients with denture stomatitis Samantha Ariadne Alves de Freitas, Aretha Lorena Fonseca Cantanhede, Juliana de Kássia Braga Fernandes e Frederico Silva de Freitas Fernandes RESUMOS / ABSTRACTS 49 9ª Conferência sobre a Prevenção da Doença Renal em Populações Desfavorecidas na América do Sul e Caribe e do 7º Encontro Brasileiro de Prevenção da Doença Renal Crônica - novembro de 2011, São Luís - MA NOTAS REDATORIAIS / NOTES TO AUTHORS Editorial Contribuição da Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, no cenário científico. Nesta edição os artigos publicados refletem o trabalho de vários pesquisadores na perspectiva de contribuir para a construção do saber científico nas diversas áreas do conhecimento. Neste sentido a inquietação dos pesquisadores busca por evidências que consolide a ciências e suas interfaces. O artigo Perfil Sistêmico de Pacientes Periodontais, discute sobre a associação entre doenças periodontais e doenças sistêmicas enfocando a relação do diabetes mellitus na influência da instalação e progressão da doença periodontal, enfatizando que em contrapartida a severidade da doença pode afetar o controle metabólico do diabetes. O artigo sobre o perfil sóciodemográfico e nutricional de servidores em período de pré-aposentadoria, trata-se de um estudo transversal com 50 servidores em período de pré-aposentadoria, com idade igual ou superior a 60 anos. A aposentadoria afeta o comportamento, incluindo o consumo alimentar do idoso, que vê modificado o seu papel social. Assim, a educação nutricional deverá ser uma atividade desenvolvida em programas de preparação para a aposentadoria. O artigo sobre Comunicação em Saúde aborda o conhecimento de riscos em procedimento de diagnóstico por imagem. A comunicação em saúde representa uma estratégia para prover indivíduos e coletividade de informações, compartilhando conhecimentos e práticas no processo educativo e contribuindo para melhores condições de vida; O artigo Caracterização Térmica de Compósitos Dentais aborda o comportamento térmico de resinas compostas em intervalos de temperatura, avaliando suas propriedades mecânicas; As Características de Portadores de Hepatites B e C compreende um estudo descritivo retrospectivo com portadores de doença renal crônica em tratamento hemodialítico e comorbidades associadas. Foi encontrado que a infecção por hepatite C foi superior a hepatite B, os soropositivos estavam em tratamento hemodialítico entre 6 a 10 anos, e a Glomerulonefrite Crônica e a Hipertensão Arterial eram as patologias associadas mais frequentes. A presença de comorbidades reflete como provável forma de agravar o quadro de saúde dos pacientes. Os modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil são discutidos por meio de uma revisão de literatura, trazendo uma abordagem com abrangência temporal dos estudos definida entre os anos de 1988 e 2008. Entende-se por modelo assistencial o modo como são produzidas as ações de saúde e a maneira como os serviços de saúde e o Estado se organizam para produzi-las e distribuí-las. Ao longo dos anos, diversas tentativas aconteceram no intuito de se estabelecer um modelo efetivo de saúde bucal. O conhecimento desses modelos é de suma importância para a construção de uma odontologia pública de qualidade e maior eficácia. Os autores puderam observar que todos os modelos assistenciais em saúde bucal, apesar das falhas, tiveram sua importância no processo de construção e reestruturação do Sistema Único de Saúde e que o entendimento a respeito da evolução de tais modelos é primordial para o desenvolvimento de práticas alternativas àquelas que fracassaram ao longo dos anos. O último artigo, também de revisão, sobre o protocolo de atendimento do paciente com estomatite protética na atenção básica, tem como objetivo capacitar o profissional do Programa de Saúde da Família (PSF) para o atendimento do paciente com estomatite protética. Apresentou como conclusão, que a população assistida pelo PSF é de baixa renda, e a partir de uma revisão de literatura foi possível estabelecer um protocolo de atendimento que prioriza métodos simples e mais baratos de diagnóstico, prevenção e tratamento da estomatite protética pela atenção básica, mas que têm sua eficácia comprovada por meio de estudos científicos. Há que se destacar ainda, neste fascículo, a apresentação dos resumos da 9ª Conferência sobre a Prevenção da Doença Renal em Populações Desfavorecidas na América do Sul e Caribe e do 7º Encontro Brasileiro de Prevenção da Doença Renal Crônica. Os eventos aconteceram na Universidade Federal do Maranhão, Campus do Bacanga, nos dias 23, 24 e 25 de novembro de 2011. São Luís (MA) foi escolhida, dentre outras cidades do Brasil, para ser sede, pelo seu belo acervo arquitetônico e belezas naturais, bem como pela existência de um grupo de profissionais ligados à Nefrologia. Foi pensado em um evento internacional, com foco multiprofissional, para discutir a prevenção das Doenças Renais em populações desfavorecidas, em virtude dos índices socioeconômicos alarmantes, aliados a um baixo acesso desta população aos serviços de saúde. Reiteramos que a Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research do Hospital Universitário UFMA tem sido cada vez mais, o resultado da força coletiva que a constrói, com a qualidade merecida. Nossos agradecimentos a todos que participaram dessa construção e, especialmente, aos editores, pesquisadores e revisores Ad hoc que muito tem contribuído na divulgação do conhecimento científico. Profª. Drª. Arlene de Jesus Mendes Caldas Editora Chefe Professora Associada do Departamento de Enfermagem da UFMA ISSN-2179-6238 Artigo Original / Original Article PERFIL SISTÊMICO DE PACIENTES PERIODONTAIS: estudo retrospectivo 2006 a 2009 SYSTEMIC CONDITIONS IN PATIENTS WITH PERIODONTAL DISEASE: a retrospective study 2006-2009 José Cláudio Freire Junior1, Fernanda Ferreira Lopes2, Antônio Luiz Amaral Pereira3, Cláudia Maria Coelho Alves3 e Adriana de Fátima Vasconcelos Pereira2 Resumo Introdução: A associação entre doenças periodontais e doenças sistêmicas sugere uma maior integração da Odontologia com a Medicina. Objetivo: Identificar o perfil sistêmico de pacientes periodontais atendidos na UFMA no período de 2006 a 2009. Métodos: Esse estudo retrospectivo consistiu na avaliação das informações de pacientes de ambos os sexos na faixa etária de 20 a 60 anos ou mais. Foram utilizados os parâmetros: índice de placa visível, índice de sangramento à sondagem, profundidade de sondagem, nível de inserção clínica, recessão gengival, mobilidade dental e envolvimento de furca. Os dados foram submetidos à análise descritiva e aos testes G e Qui-quadrado, com nível de significância de 5%. Resultados: Foi observada maior prevalência de Hipertensão (50,5%), seguida de Diabetes Mellitus tipo 1 (18,81%). Os diabéticos tipo 1 obtiveram os menores valores dos índices de placa e sangramento à sondagem . A profundidade de sondagem com a variação de 4 a 6 mm, nível de inserção clínica (≥ 5mm), mobilidade dentária grau I e as lesões de furca grau I e III foram os mais encontrados em ambas as doenças. Quanto ao diagnóstico periodontal para os pacientes hipertensos, os valores indicaram saúde periodontal para apenas 1 paciente; gengivite associada à placa em 14 indivíduos e periodontite crônica moderada em 16. Um total de 4 diabéticos tipo 1 mostrou gengivite associada à placa e 6 periodontite crônica severa. Entretanto, não houve diferença estatisticamente significante (p > 0,05). Conclusões: Hipertensão e Diabetes Mellitus tipo 1 foram as doenças sistêmicas mais prevalentes em indivíduos com periodontite crônica. Palavras-chave: Periodontite. Diabetes Mellitus. Hipertensão. Abstract Introduction. The association between periodontal diseases and systemic conditions implies a greater relationship between Dentistry and Medicine. Objective. To identify systemic conditions in patients with periodontal diseases from 2006 to 2009. Methods. This retrospective study was based on evaluation of patient clinical record of both genders and age range of 20 to 60 years or more. The periodontal parameters used were: visible plaque index, bleeding on probing, probing depth, clinical attachment loss, gingival recession, tooth mobility and furcation involvement. Data were analyzed statistically by G and Chi-square test. The significance level was 5%. Results. A high prevalence of hypertension (50.5%) followed by Type 1 Diabetes Mellitus (18.81%) was observed. The type 1 diabetic patients had the lowest plaque indexes and bleeding on probing. Probing depth of 4-6 mm, clinical attachment level (≥ 5 mm), dental mobility of grade I and furcation lesions of grades I and III were more found in both diseases. Regarding the periodontal diagnosis for hypertensive patients, periodontal health was identified in only 1 patient. Dental plaque-induced gingivitis was found in 14 patients and 16 had moderate chronic periodontitis. Concerning the diabetic patients, 4 type I diabetic patients had dental plaque-induced gingivitis and 6 had severe chronic periodontitis. However, there was no statistically significant difference (p > 0.05). Conclusion. Hypertension and type 1 diabetes mellitus were the most prevalent systemic diseases in patients with chronic periodontitis. Keywords: Periodontitis. Diabetes Mellitus. Hypertension. Introdução Desde a antiguidade, existem relatos sugerindo que certas condições sistêmicas podem ter repercussão na cavidade bucal e vice-versa. Foi um período que ficou marcado na história da Odontologia e da Medicina como “Era da Infecção Focal” até o início do século XX1. A década de 20 foi marcada por exodontias indiscriminadas de dentes periodontalmente ou endodonticamente comprometidos, como forma de evitar focos de infecção. A partir dos anos 30, a teoria da infecção focal começou a ser questionada e foi negligenciada pelos pesquisadores. Somente no final da década de 80, por meio do aprimoramento nos desenhos experimentais, estudos epidemiológicos e laboratoriais com maior compreensão dos fatores de risco, é que houve um resgate da teoria2. Nesse contexto, surgiu o termo “Medicina Periodontal”, representando um novo paradigma que procura correlacionar as doenças periodontais às condições gerais do indivíduo3. Os periodontopatógenos são necessários para o desenvolvimento de um processo infeccioso, entretanto estes não são suficientes para a ocorrência das doenças periodontais. O papel da resposta inflamatória parece ser um determinante crítico da suscetibilidade e severidade dessas doenças, que se baseia no fato de que pacientes de risco têm um quadro inflamatório diferente daqueles de baixo risco4. Os possíveis mecanismos pelos quais os microrganismos podem afetar a saúde sistêmica são: migração da própria bactéria para o foco de infecção extraoral, ou pelo estabelecimento de um quadro inflamatório sistêmico crônico a partir de uma infecção local, como a doença periodontal. Outras vias possíveis de penetração dos microrganismos são a inalação e a ingestão2. 1. Cirurgião-Dentista. Clínica Particular. São Luís - MA. Professor Adjunto. Departamento de Odontologia II - Universidade Federal do Maranhão- FMA. Professor Associado. Departamento de Odontologia II - UFMA. Contato: Adriana de Fátima Vasconcelos Pereira. E-mail: [email protected] 2. 2. Rev Pesq Saúde, 12(2): 11-15, maio-agost, 2011 11 Perfil sistêmico de pacientes periodontais: estudo retrospectivo 2006 a 2009 Dentre as alterações sistêmicas relacionadas com doença periodontal, encontra-se o diabetes mellitus. A doença periodontal, inclusive, é considerada a 6ª complicação do diabetes5. O diabetes mellitus consiste em um grupo de doenças metabólicas, caracterizadas pela hiperglicemia resultante da falha na secreção ou na ação da insulina, sendo dividida em dois tipos principais: tipo 1 (diabetes insulino dependente) e tipo 2 (diabetes não insulino dependente). Esses dois tipos de diabetes possuem etiopatogenias diferentes. O tipo 1 está relacionado à destruição autoimune das células pancreáticas, responsáveis pela produção da insulina. O tipo 2 está relacionado à alteração na produção e resistência celular à insulina (alterações na molécula de insulina ou alterações nos receptores celulares deste hormônio)6. Os diabéticos descompensados apresentam periodontite mais avançada do que os indivíduos compensados7. Por outro lado, o controle metabólico dos pacientes diabéticos é melhorado com a realização do tratamento periodontal não cirúrgico5. Esses achados vêm confirmar o modelo bidirecional entre essas doenças8. Outra condição sistêmica que pode estar associada com a doença periodontal é alteração cardiovascular com hipertensão arterial sistêmica. Um estudo longitudinal demonstra um aumento do risco de 50% a 100% de condições bucais que precederem a ocorrência de doenças cardiovasculares9. Em uma pesquisa baseada em 184 prontuários foi demonstrado que a hipertensão foi a doença sistêmica de maior prevalência, atingindo 18,4% dos pacientes periodontais10. Essas condições sistêmicas são consideradas relevantes, que o Ministério da Saúde idealizou o Hiperdia que se destina ao cadastramento e acompanhamento de portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial do Sistema Único de Saúde – SUS, permitindo gerar informação para aquisição, dispensação, distribuição de medicamentos de forma regular e sistemática a todos os pacientes cadastrados e conhecimento do perfil epidemiológico dessas doenças na população11. Dessa forma, a associação das doenças periodontais com condições sistêmicas sugere que é necessária uma maior integração da Odontologia com a Medicina, pois o cirurgião dentista passa a ter mais responsabilidade na saúde sistêmica dos pacientes. O estudo retrospectivo teve o objetivo de identificar as condições sistêmicas mais prevalentes em pacientes periodontais. Métodos Foram avaliados os dados das fichas clínicas de pacientes, de ambos os sexos, atendidos na clínica de Periodontia do Curso de Odontologia da Universidade Federal do Maranhão, no período de 2006 a 2009. A faixa etária foi categorizada em 20 a 39 anos, 40 a 59 anos e 60 anos ou mais. O trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFMA (Protocolo nº 23115002169/2010-80). De 242 fichas clínicas examinadas, apenas 101 fichas foram consideradas adequadas para o estudo. As fichas foram excluídas quando não estavam completamente preenchidas em relação às condições sistêmicas e/ou algum parâmetro periodontal. 12 O exame periodontal foi realizado por um examinador devidamente treinado. A profundidade de sondagem (PS) foi categorizada de acordo com as variações: 3 mm, 4 mm a 6 mm e 7 mm. O nível de inserção clínica (NIC) em: 1-2 mm; 3-4 mm e 5 mm. A recessão gengival (RG) foi codificada de acordo com os valores: 1 a 3 mm; 4 a 6 mm; 7 a 9 mm e 10 mm. A mobilidade dentária foi classificada em: GRAU 0 - Nenhum movimento detectado; GRAU 1 - Mobilidade horizontal maior que 0,2mm e menor que 1mm; GRAU 2 - Mobilidade horizontal > 1mm e GRAU 3 Mobilidade do dente nos sentidos horizontal e vertical. O envolvimento de furca foi identificado como: GRAU I - perda horizontal dos tecidos de suporte não excedendo 1/3 da largura do dente; GRAU II - perda horizontal dos tecidos de suporte excedendo 1/3 da largura do dente, mas não envolvendo toda a largura da área da furca; e GRAU III – perda horizontal de lado a lado dos tecidos de suporte na área da furca. O índice de placa visível e o índice de sangramento à sondagem foram determinados em 0 (ausência de sangramento) e 1 (presença de sangramento)12. Os pacientes foram diagnosticados em: saúde periodontal, gengivite associada à placa, periodontite crônica leve, periodontite crônica moderada e periodontite crônica avançada13. Os dados foram processados e analisados no programa BioEstat 5.0 por meio do teste G e do teste Qui-quadrado, com nível de significância de 5%. As médias e os desvios-padrão foram obtidos para os achados dos índices de sangramento à sondagem e de placa visível. Resultados Houve uma predominância de pacientes do sexo feminino (55,4%) na amostra estudada. Para a variável idade, observou-se que a faixa etária de 40 a 59 anos (50,5%) foi a mais representativa, seguida por pacientes de 20 a 39 anos (26,7%) e 60 anos ou mais (22,8%). Em relação às condições sistêmicas, houve maior prevalência de hipertensão (50,5%), seguida de diabetes mellitus tipo 1 (18,81%). As médias e os desvios-padrão demonstraram que os diabéticos tipo 1 tiveram os menores valores referentes ao índice de placa visível (60,4±22,4) em comparação aos hipertensos (68,4±24,1). Os diabéticos tipo 1 demonstraram os melhores resultados (20,3±17,2) para o índice de sangramento à sondagem em relação aos hipertensos (28,3±25,4). Pacientes com hipertensão (35,3%) e diabetes mellitus tipo 1 (52,6%) apresentaram maior quantidade de sítios com profundidade de sondagem na variação de 4 a 6 mm. O nível de inserção clínica ( 5 mm) foi observado nos diabéticos tipo1 (47,4%) e nos hipertensos (54,9%). A recessão gengival de 1 a 3 mm foi a condição mais observada em diabéticos tipo1 (36,8%) e hipertensos (29,4%) . A mobilidade grau I foi a mais encontrada entre os diabéticos tipo 1 (31,6%) e hipertensos (25,5%). As lesões de furca grau I e III (10,5%) foram mais observadas nos diabéticos tipo 1, por outro lado o grau II (5,9%) foi a condição mais reconhecida nos hipertensos (Tabela 1). Obteve-se maior número de diabéticos tipo 1 com periodontite crônica avançada (37,5%). Entretanto, os Rev Pesq Saúde, 12(2): 11-15, maio-agost, 2011 Junior JCF, Lopes FF, Pereira ALA, AlvesCMC, Pereira AFV Tabela 1 – Avaliação da condição periodontal observada em diabéticos tipo 1 e hipertensos. Diabetes Tipo 1 Hipertensão Valor de p* Parâmetros N % N % No grupo dos hipertensos, o diagnóstico mais encontrado foi periodontite crônica moderada (45,7%), sem significância estatística (p > 0,05) (Figura 2). Discussão PS 0,0486* 04 21,1 16 31,4 4 ≤ 6mm 3 mm 10 52,6 18 35,3 ≥ 7mm 05 26,3 17 33,3 1-3mm 07 36,8 15 29,4 4-6mm 05 26,3 14 27,5 7-9mm 01 05,3 04 07,8 >10mm 03 15,8 04 07,8 1-2mm 04 21,1 09 17,6 3-4mm 06 31,6 14 27,5 ≥ 5mm 09 47,4 28 54,9 I 06 31,6 13 25,5 II 03 15,8 10 19,6 III Lesões de furca I 03 15,8 04 07,8 02 10,5 02 03,9 II 01 05,3 03 05,9 III 02 10,5 01 02,0 RG 0,3829 NIC 0,5587 Mobilidade 0,2089 0,2304 *Teste G (p < 0,05) 120 100 100 88,6 82,6 80,8 80 62,5 Diabetes tipo 1 Sim % Diabetes tipo 1 Não % 60 37,5 40 19,2 17,4 20 11,4 0 0 Saúde Periodontal Gengivite associada à placa Periodontite crônica leve Periodontite crônica moderada Periodontite crônica avançada Teste Qui-quadrado (p = 0,2700) Figura 1 – Pacientes portadores de diabetes tipo 1 de acordo com o diagnóstico periodontal. 37,5 Periodontite crônica avançada 62,5 54,3 Periodontite crônica moderada 45,7 61,5 Periodontite crônica leve Hipertensão Não % Hipertensão Sim % 38,5 39,1 Gengivite associada à placa 60,9 0 Saúde Periodontal 100 0 20 40 60 80 100 120 Teste Qui-quadrado (p = 0,3173) Figura 2 – Pacientes portadores de hipertensão e diagnóstico periodontal. achados não foram estatisticamente significantes (p > 0,05) (Figura 1). Rev Pesq Saúde, 12(2): 11-15, maio-agost, 2011 Por considerar a relevância das condições sistêmicas no contexto da patogênese da doença periodontal, este estudo retrospectivo teve o objetivo de identificar o perfil sistêmico de pacientes periodontais no período de 2006 a 2009. A maior prevalência de hipertensão neste estudo concorda com trabalho que demonstrou que essa condição sistêmica foi a mais observada em pacientes com doença periodontal10 e outro estudo que, utilizando metodologia similar, observou que a hipertensão obteve 49% da amostra de pacientes atendidos na clínica de Periodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP14. O diagnóstico periodontal mais encontrado nos hipertensos foi a periodontite crônica moderada, concordando com estudos que ressaltaram que alterações sistêmicas, como a hipertensão, podem sofrer a influência da doença periodontal10,15. A plausibilidade biológica entre doenças cardiovasculares e doença periodontal se dá pelo fato de que a perda da integridade dos epitélios sulcular e juncional favorece o deslocamento bacteriano para o tecido conjuntivo adjacente com o consequente aumento da concentração de anticorpos específicos (IgM, IgG e IgA) para esses micro-organismos, representando um desafio sistêmico constante ou a ocorrência de bacteremias. Dessa forma, quanto mais grave a infecção periodontal, maior quantidade de micro-organismos é encontrada na corrente sanguínea. Em especial, a hipertensão, no paciente periodontal, torna-o suscetível às alterações cardiovasculares, por se tratar de um fator de risco em potencial para os eventos coronarianos15. Contudo, há outra pesquisa que não sustenta essa associação devido à presença de fatores subjacentes ambientais ou genéticos que predisponham os indivíduos tanto à doença cardiovascular quanto à doença periodontal, sem que haja relação de causa e efeito entre essas patologias16. A segunda doença sistêmica observada na amostra foi diabetes mellitus tipo 1. Resultado similar foi encontrado em pesquisa cuja doença sistêmica esteve presente em 25% dos pacientes, sendo superada apenas pela hipertensão14. Contudo, estes resultados não estão de acordo com um estudo que aponta maior prevalência de diabetes mellitus tipo 2 em pacientes periodontais, ao comparar com o tipo 117. Nos índios Pima do Arizona (EUA), onde há a mais alta taxa de prevalência de diabetes mellitus tipo 2 do mundo, as taxas de risco para perda de inserção clínica e reabsorção óssea foram maiores em indivíduos diabéticos que em não diabéticos (OR = 4,2). Os resultados foram expressivos em todos os grupos etários, embora as maiores diferenças tenham sido encontradas em pacientes mais jovens18. Deve ser enfatizado que a maioria dos estudos é conduzida em indivíduos com diabetes mellitus tipo 2 e, dessa forma, dados originados de diabéticos tipo 1 permanecem escassos e conflitantes19. Normalmente, os estudos em diabéticos tipo 2 demonstram que a 13 Perfil sistêmico de pacientes periodontais: estudo retrospectivo 2006 a 2009 periodontite está associada ao pobre controle metabólico da glicemia8. Entretanto, uma pesquisa relata que os diabéticos tipo 1 e tipo 2 apresentam igual risco para a doença periodontal20. Os diabéticos tipo 1 obtiveram os menores valores para índice de sangramento à sondagem e placa visível quando comparados aos hipertensos. Esses achados não estão de acordo com estudos que mencionam que pacientes com alterações glicêmicas possuem mais sangramento gengival, presença de biofilme bacteriano e higiene bucal inadequada21,22. Os pacientes com hipertensão e diabetes mellitus tipo 1 apresentaram maior quantidade de sítios com profundidade de sondagem na variação de 4 a 6 mm. O maior valor conferido ao nível de inserção clínica (≥ 5 mm) esteve presente em ambas as doenças sistêmicas. E a recessão gengival de 1 a 3 mm foi a mais registrada. Esses achados são similares aos estudos que demonstraram uma correlação positiva entre parâmetros periodontais e doenças sistêmicas8,10. A periodontite crônica avançada foi a condição mais encontrada em pacientes com diabéticos tipo 1. Isto pode ser explicado, porque em diabéticos ocorrem alterações vasculares, alterações imunológicas, aumento da produção de mediadores inflamatórios e alterações metabólicas no tecido conjuntivo, que interferem no processo de cicatrização e podem afetar qualquer tecido, incluindo o periodonto, que levam à maior probabilidade desses indivíduos desenvolverem a doença periodontal8,18. Outra forte evidência é a relação bidirecional entre os dois tipos de diabetes e doenças periodontais8,17. As infecções periodontais podem, como qualquer outro tipo de infecção, dificultar o controle glicêmico do paciente diabético, predispondo-o à resistência insulínica e proporcionando um estado de hiperglicemia crônica. Por outro lado, o desequilíbrio do metabolismo glicêmico predispõe o paciente à inflamação gengival e ao maior risco de desenvolvimento das doenças periodontais23. Em estudo realizado com 300 indivíduos diabéticos, as médias de prevalência de gengivite e periodontite foram, respectivamente, 55% e 35,3%, chamando a atenção para a grande importância do controle da glicemia na promoção da saúde bucal e enfatizando a necessidade da atuação conjunta de diferentes profissionais de saúde24. Diante do exposto, sugere-se que a interpretação da literatura sobre relação das doenças sistêmicas e doença periodontal deve ser cautelosa. A grande questão a ser elucidada é se a doença periodontal realmente funciona como um desencadeador de inflamações e/ou infecções sistêmicas, ou se há outras condições inerentes ao próprio indivíduo ou comportamentais que atuariam como fatores de risco, tanto para as enfermidades sistêmicas como para as doenças periodontais3. O diabetes mellitus influencia a instalação e progressão da doença periodontal. Em contrapartida, a severidade da doença periodontal pode afetar o controle metabólico do diabetes6. Embora não se possa confirmar estatisticamente e considerando todas as limitações do presente estudo, houve uma associação entre hipertensão e diabetes mellitus tipo 1 e doença periodontal. Entretanto, devem ser ressaltado, que novos estudos se fazem necessários para corroborar os dados preliminares. Desse modo torna-se lícito concluir que o diabetes mellitus tipo 1 e hipertensão foram as condições sistêmicas mais prevalentes em pacientes periodontais. Referências 1. Machiavelli JL, Pio S. Medicina Periodontal: uma revisão de literatura. Odontologia Clin-Cient, 2008; 7(1): 19-23. 2. O'Reilley PG, Claffey NM. A history of oral sepsis as a cause of disease. Periodontol 2000, 2000; 23: 13-18. 3. Offenbacher S. Periodontal diseases: pathogenesis. Ann Periodontol, 1996; 1(1): 821-878. 4. Brunetti MC, Moraes RGB, Morais TMN. Periodontia médica: uma mudança de paradigma na Odontologia. In: Brunetti MC, Fernandes MI, Moraes RGB. Fundamentos de Periodontia: teoria e prática. 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Rev Pesq Saúde, 12(2): 11-15, maio-agost, 2011 15 ISSN-2179-6238 Artigo Original / Original Article PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E NUTRICIONAL DE SERVIDORES EM PERÍODO DE PRÉ-APOSENTADORIA SOCIODEMOGRAPHIC AND NUTRITIONAL PROFILE OF PUBLIC SERVANTS IN THE PRE-RETIREMENT PERIOD Alessandra Gaspar Sousa1, Carolina Abreu de Carvalho2, Poliana Cristina de Almeida Fonsêca2 e Soraia Pinheiro Machado3 Resumo Introdução: A aposentadoria afeta o comportamento, incluindo o consumo alimentar do idoso, que vê modificado o seu papel social. Objetivo: Avaliar o perfil sociodemográfico e nutricional de servidores idosos em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Métodos: Trata-se de um estudo transversal com 50 servidores em período de préaposentadoria, com idade igual ou superior a 60 anos. Os participantes responderam a um questionário contendo dados demográficos e socioeconômicos e um Questionário de Frequência do Consumo Alimentar (QFCA). A avaliação antropométrica foi realizada utilizando o Índice de Massa Corporal (IMC) e Circunferência da Cintura (CC). Para análise estatística dos dados, utilizou-se o programa STATA®, versão 10.0. Para comparar a frequência de consumo alimentar, segundo o estado nutricional, utilizou-se o teste do qui-quadrado. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: A maioria era do sexo masculino (54%), com bom nível de escolaridade (60%) e renda (52%). Apresentaram Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) (52%), excesso de peso (56%) e risco elevado para desenvolver Doenças Crônicas Não Transmissíveis (76%). A frequência de consumo alimentar foi inadequada para a maioria dos grupos alimentares: saladas (58%), frituras (90%), embutidos (84%), biscoitos doces (64%) e refrigerantes (58%) Conclusão: A educação nutricional deverá ser uma atividade desenvolvida em programas de preparação para a aposentadoria como forma de incentivar hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis no grupo estudado. Palavras-chave: Idosos. Perfil sociodemográfico. Consumo alimentar. Abstract Introduction: The retirement affects the behavior, including the food intake of the elderly, who sees that his/her role in society changed. Objective: To evaluate the sociodemographic and nutritional profile of public servants in pre-retirement period in the Federal University of Maranhão. Methods: Transversal study with 50 servants that were in the pre-retirement and who were 60 years or more of age. The participants answered a semi-structured questionnaire containing demographic and socioeconomic data. For assessing the frequency of food intake we applied a Food Frequency Questionnaire (FFQ). Anthropometric evaluation was performed using the Body Mass Index (BMI) and Waist Circumference (WC). For statistical analysis we used the software STATA® version 10.0. To compare the frequency of food intake, according to nutritional status, we used the chi-square test. The significance level was 5%. Results: The group was predominantly male (54%), with high educational level (60%) and family income (52%). We observed a high prevalence of non-communicable diseases (52%), overweight (56%) and at high risk of developing non-communicable diseases (76%). The frequency of food intake was unsuitable for most food groups: salads (58%), fried foods (90%), canned food products (84%), sweet biscuits (64%) and soft drinks (58%) Conclusion: Nutritional education should be an activity implemented in retirement preparation programs as a way to encourage healthy eating habits and lifestyles. Keywords: Elderly. Sociodemographic profile. Food intake. Introdução A preparação para a aposentadoria é um marco na vida do trabalhador, pois resulta em modificações que afetam seu papel social, estilo de vida e hábitos alimentares. A aposentadoria está diretamente ligada ao processo de envelhecimento, fase da vida também caracterizada por alterações profundas na vida do indivíduo1. O número de idosos e a expectativa de vida têm aumentado consideravelmente nos últimos anos. Em 2010, já existiam cerca de 21,8 milhões de pessoas acima dos 60 anos e a expectativa de vida era de 73,1 anos2. Segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística3, o Brasil terá em 2025, aproximadamente, 32 milhões de idosos, constituindo-se como o sexto país com maior população idosa, e a expectativa de vida para o mesmo período será em torno de 80 anos de idade. Embora o aumento da expectativa de vida seja uma das maiores conquistas da humanidade, constitui-se também em um dos maiores desafios, visto que o envelhecimento global, neste novo século, proporcionará um grande aumento das demandas sociais e econômicas, exigindo reformulações nas políticas públicas para que essa população possa envelhecer com saúde e qualidade de vida4. Acompanhando este processo de envelhecimento populacional, observam-se importantes alterações no padrão de saúde/doença dos brasileiros, com destaque para o crescimento acentuado do excesso de peso e outras condições crônicas associadas a fatores relacionados com o estilo de vida, como o baixo nível de atividade física e práticas alimentares inadequadas5,6. Já está bem estabelecida a associação entre o desenvolvimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e o avançar da idade. Doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer são 1. Nutricionista. Discente do Curso de Nutrição - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 3. Docente do Curso de Nutrição - UFMA. Contato: Alessandra Gaspar Sousa. E-mail: [email protected] 2. 16 Rev Pesq Saúde, 12(3): 16-21, set-dez, 2011 SousaAG, CarvalhoCA, Fonsêca PCA, MachadoSP mais prevalentes na população idosa7. Alterações na composição corporal e mudanças no consumo alimentar podem explicar, em parte, tal associação. O envelhecimento proporciona aumento do tecido adiposo e uma redistribuição deste, que tende a se acumular na região abdominal. Além disso, há uma redução natural da sensação de paladar, o que pode contribuir para aumentar o consumo de açúcar, gordura, sal e outros condimentos, que, se consumidos em excesso, estão associados com o desenvolvimento de muitas DCNTs8. Nesse sentido, com o crescimento da população idosa, cresce também a preocupação de investigar fatores que incidem sobre a prevalência das DCNTs associadas à idade, bem como de compreender o papel da nutrição na promoção e manutenção da independência e autonomia dos idosos9. Atualmente, diversas instituições e empresas oferecem programas de preparação para aposentadoria a seus servidores, a fim de proporcionar condições para facilitar a tomada de decisão desses colaboradores por uma aposentadoria e uma velhice com qualidade de vida10. Para o planejamento e execução de atividades educativas da área de alimentação e nutrição, faz-se necessário conhecer o perfil socioeconômico do grupo, bem como os hábitos alimentares e o estado nutricional. Estudos nessa linha possibilitam o desenvolvimento de novas propostas de intervenção nesse público, com vistas a atender suas necessidades e gerar subsídios ao sistema público de saúde e de previdência, para o estabelecimento de medidas eficazes de promoção de saúde11. Este estudo teve como objetivo caracterizar o perfil sociodemográfico e nutricional de servidores da Universidade Federal do Maranhão em período de préaposentadoria. Métodos Trata-se de um estudo transversal, realizado na Universidade Federal do Maranhão - UFMA, no município de São Luís – Maranhão. Sua população foi constituída por servidores da Instituição, em período de préaposentadoria, ou seja, aqueles que já tinham tempo para se aposentar ou que faltavam menos de dois anos para aposentadoria. Segundo dados fornecidos pela Divisão de Qualidade de Vida da UFMA, o número de funcionários pré-aposentados, em agosto de 2010, totalizava 145 indivíduos. A amostra foi de conveniência e compreendeu 50 servidores pré-aposentados da UFMA, idosos (idade ≥ 60 anos), que frequentaram a Instituição no período da coleta de dados, outubro e novembro de 2010, e que concordaram em participar da pesquisa, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram excluídos da amostra servidores com necessidades especiais que inviabilizassem a compreensão e preenchimento do questionário, bem como a aferição das medidas antropométricas. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, com o protocolo de Nº 23115010062/2010-00. Todos os participantes receberam informações sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa, bem como sobre a colaboração Rev Pesq Saúde, 12(3): 16-21, set-dez, 2011 que se esperava dos mesmos. Acadêmicas do Curso de Nutrição, previamente treinadas, realizaram a coleta de dados, sob a supervisão da docente coordenadora do estudo. Uma lista contendo os nomes e setores de trabalho dos servidores em período de pré-aposentadoria foi fornecida pelo Departamento de Recursos Humanos da UFMA e, a partir daí, a equipe responsável pela coleta de dados dirigiu-se aos setores listados, não necessitando do deslocamento dos servidores. Os participantes responderam a um questionário semi-estruturado contendo dados demográficos e socioeconômicos (idade, sexo, renda e escolaridade, consumo de bebidas alcoólicas e cigarros). Utilizou-se o Critério de Classificação Econômica do Brasil para categorizar os servidores12. Para investigar o consumo alimentar foi aplicado o Questionário de Frequência do Consumo Alimentar (QFCA), elaborado pela Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição/Ministério da Saúde13 e validado para toda a população adulta e idosa do Brasil, em que os indivíduos relataram a frequência de consumo de grupos de alimentos, nos últimos sete dias. Esses dados foram comparados com as recomendações propostas pelo Guia Alimentar para a população brasileira14. Para aferição do peso, utilizou-se balança portátil digital, com o indivíduo posicionado em pé, no centro da balança e descalço. A altura foi medida por meio de estadiômetro, com o indivíduo em pé, descalço, com os calcanhares juntos, costas retas e os braços estendidos ao lado do corpo. A circunferência da cintura foi medida no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, com o paciente em pé, sendo a leitura feita no momento da expiração15. O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado pela expressão da relação entre o peso (Kg) e o quadrado da altura (m²). Para classificação do estado nutricional por este indicador, foram utilizados os pontos de corte estabelecidos por Lipschitz (1994)16 e adotados pelo Ministério da Saúde do Brasil: magreza (IMC< 22 kg/m²); eutrofia (IMC 22 - 27 kg/m²); sobrepeso (IMC > 27 kg/m²). A medida de CC permite estimar o grau de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas. Considerou-se risco elevado, de acordo com a CC, valores ≥ 80cm para mulheres e ≥ 94cm para homens, e risco muito elevado, valores > 88 cm para mulheres e >102 cm para homens17. Para análise estatística dos dados, utilizou-se o programa STATA®, versão 10.0. As variáveis quantitativas foram descritas por médias, desvios padrão e valores mínimo e máximo, e as qualitativas, por frequências simples e percentuais. Testou-se a normalidade pelo teste de Shapiro Wilk. Para comparar a frequência de consumo alimentar, segundo o estado nutricional, foi utilizado o teste do qui-quadrado. O nível de significância adotado foi de 5%. Resultados Os servidores idosos, em pré-aposentadoria, apresentaram idade média de 63,1 ± 2,5 anos, variando entre 60 a 69 anos de idade, cor parda (64%) e a maioria havia concluído o ensino superior (60%). Dos 17 Perfil sociodemográfico e nutricional de servidores em período de pré-aposentadoria Tabela 1 - Características demográficas e socioeconômicas de servidores em período de pré-aposentadoria. São Luís - MA - 2010. n % Homem 27 54,0 Mulher 23 46,0 60 – 64,9 anos 37 74,0 65 – 69 anos 13 26,0 Características Sexo Idade Estado civil Casado 24 48,0 Solteiro 09 18,0 União Consensual 02 4,0 Separado 08 16,0 Viúvos 07 14,0 Ocupação Docente 10 20,0 Superior não docente 20 40,0 Nível médio 18 36,0 Outros 02 4,0 Renda familiar 4–5 06 12,0 5 ┤10 18 36,0 10 ┤15 11 22,0 >15 15 30,0 Raça/Cor Branca 12 24,0 Parda/mulata/morena/cabloca 32 64,0 Preta 06 12,0 <5 36 72,0 ≥5 14 28,0 Número de moradores Bebida Figura 1 - Perfil antropométrico de servidores idosos em préaposentadoria. São Luís - MA - 2010. Tabela 2 - Frequência de consumo alimentar segundo o índice IMC em servidores em pré-aposentadoria. São Luís - MA - 2010. Grupos alimentares Total Sem excesso Com excesso de peso de peso % p valor n % n % n Consumo* 21 42,0 11 50,0 10 36,0 0,31 Consumo** 29 58,0 11 50,0 18 64,0 Salada Frutas Consumo* 44 88,0 21 95,0 23 82,0 0,15 Consumo** 06 12,0 01 5,0 05 18,0 Consome ≥5* 25 50,0 13 59,0 12 43,0 0,25 Consome <5* 25 50,0 09 41,0 16 57,0 Consumo* 40 80,0 17 77,0 23 82,0 0,67 Consumo** 10 20,0 05 23,0 05 18,0 Consome ≥1* 05 10,0 01 5,0 04 14,0 0,25 Consome >1* 45 90,0 21 95,0 24 86,0 Consome ≥1* 08 16,0 01 5,0 07 25,0 0,05 Consome >1* 42 84,0 21 95,0 21 75,0 Feijão Leite Fritura Embutidos Não bebe 13 26,0 Bebe 30 60,0 Já bebeu 07 14,0 Não fuma 24 48,0 Consome ≥1* 33 66,0 14 64,0 19 68,0 0,75 Fuma 04 8,0 Consome >1* 17 34,0 08 36,0 09 32,0 Já fumou 22 44,0 Biscoitos doces Não tem 16 32,0 Consome ≥1* 18 36,0 09 41,0 09 32,0 0,52 Tem uma 26 52,0 Consome >1* 32 64,0 13 59,0 19 68,0 Duas ou mais 08 16,0 Refrigerante Consome ≥1* 21 42,0 09 41,0 12 43,0 0,89 Ginasial completo 02 4,0 Consome >1* 29 58,0 13 59,0 16 57,0 Colegial completo 18 36,0 Total 50 100,0 22 100,0 28 100,0 Fumo DCNT** Escolaridade Superior completo 30 60,0 Total 50 100,0 Biscoitos salgados *Frequência de consumo adequado (diário). **Frequência de consumo inadequado. *Critério de Classificação Econômica do Brasil **Doenças Crônicas Não Transmissíveis investigados 54% era do sexo masculino e 52% era casado/união consensual. Quanto a atividade exercida 86% não eram docentes. A média do tempo de serviço foi de 36,0 ± 4,4 anos, variando de 28 a 51 anos. 18 A renda familiar foi de 13,9 salários mínimo, sendo que nenhum servidor informou renda inferior a 4 salários. A história de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) foi relatada por 52% dos servidores, sendo que 16% apresentavam duas ou mais doenças, sendo a Rev Pesq Saúde, 12(3): 16-21, set-dez, 2011 SousaAG, CarvalhoCA, Fonsêca PCA, MachadoSP Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) (46%), diabetes mellitus (DM) (12%) e Doença Cardiovascular (DCV) (4%) (Tabela 1). O excesso de peso foi demonstrado em (56%) dos entrevistados, com IMC médio de 28,1 kg/m2 (19,3 – 40,7 kg/m2). A Circunferência de Cintura (CC) média foi de 94,8 cm, variando de 69 a 112 cm. Indicando que (76%) apresentaram risco elevado ou muito elevado para doenças crônicas (Figura 1). A frequência de consumo de frutas (88%), laticínios (80%) e biscoitos salgados (66%) foi adequada para a maior parte do grupo. Quanto ao consumo de saladas (58%), frituras (90%), embutidos (84%), biscoitos doces (64%) e refrigerantes (58%), foi elevada. Metade do grupo (50%) apresentou consumo de feijão em frequência inadequada. A frequência do consumo alimentar, segundo o estado nutricional (IMC), mostrou que não houve diferença estatisticamente significante. Apenas para a alimentação do grupo dos embutidos, observou-se tendência para maior inadequação de consumo entre os indivíduos sem excesso de peso (p = 0,050) (Tabela 2). Discussão Observou-se predomínio do sexo masculino entre os servidores em período de pré-aposentadoria investigados. Apesar de predominar o sexo feminino (55,8%) entre os 21,8 milhões de idosos brasileiros2, outros estudos com servidores de universidades no nosso país apontam para o predomínio de homens, reforçando os achados do presente estudo. Conceição et al.18, estudando servidores com mais de 40 anos da Universidade de Brasília (UnB), encontraram 62,2%, e Luz1, que investigou servidores da Universidade de Viçosa em período de pré-aposentadoria, encontrou 54% de homens. Em relação à idade, no estudo de Luz1, todos os servidores em período de pré-aposentadoria tinham até 65 anos de idade, sugerindo que o grupo do presente estudo apresentou idade maior que os servidores de Viçosa. A proporção de docentes entre os servidores estudados assemelha-se às de outros estudos: 12,9%18 e 15,04%1. Entretanto, a escolaridade do grupo da UFMA mostrou-se melhor que a de outros servidores de Universidade1. Quanto ao estado civil, os dados divergem um pouco daqueles encontrados no estudo de Luz1, em que mais de 90% dos indivíduos do sexo masculino eram casados, enquanto 45% das professoras e 58% das funcionárias eram solteiras e/ou separadas. Em relação ao tempo de trabalho, o funcionário público, sendo homem, poderá se aposentar integralmente com 35 anos de contribuição e no caso da mulher, com 30 anos, desde que tenham idade de 60 anos os homens e 55 anos as mulheres19. Desta forma, os dados do presente estudo indicam que muitos desses servidores estavam em condições de se aposentar (tempo de serviço e idade) no momento da entrevista. Tal resultado pode ser explicado pelo fato de que, quando o trabalho é lugar de contato, prestígio, desenvolvimento e juventude, a aposentadoria significaria a perda dessa fonte, gerando atitudes como a recusa em aceitar o papel de aposentado20. Rev Pesq Saúde, 12(3): 16-21, set-dez, 2011 A renda familiar mensal foi alta (maior que cinco salários mínimos) para a maior parte do grupo investigado. No estudo de Luz1, constatou-se que, entre a maioria dos docentes (78,2%), era acima de 20 salários mínimos, entretanto, entre os não docentes, 55,4% recebiam entre 1 e 5 salários mínimos. Em nosso estudo, foi verificado que a média de moradores no domicilio foi de 4,2 pessoas, semelhante ao encontrado por Luz1 (3,66). A prática atual de consumir cigarros foi relatada por pequena parcela dos entrevistados (8,0%), enquanto Conceição et al.18 verificaram uma proporção de 19,7% tabagistas entre os servidores da UnB. Entretanto, em um estudo com dois grupos de idosos vinculados à Faculdade Assis Gurguacz e a um órgão público do Paraná, a proporção aproximou-se mais do presente estudo (10%)21. A menor prevalência do tabagismo entre idosos pode ser consequência da interrupção do hábito de fumar com o aumento da idade, de diferenças entre gerações (efeito coorte) e/ou a maior mortalidade dos fumantes22. Em relação ao abandono da prática, estudos de base populacional, conduzidos em países desenvolvidos, têm mostrado que a cessação do tabagismo é maior nos indivíduos mais velhos, naqueles com renda mais alta e naqueles com escolaridade mais elevada23. No Brasil, o índice correspondente variou entre 44,0 e 58,3% nas capitais avaliadas24, o que corrobora com os achados do presente estudo. O consumo de bebida alcoólica no nosso estudo concorda com os resultados encontrados por Conceição et al.18, em que 53,6% da amostra declararam consumir bebidas alcoólicas. Já no estudo de Carneil et al.21, o percentual de consumidores foi bem inferior (15%). Embora alta a proporção de DCNT referida pelos idosos da UFMA, resultados mais preocupantes foram encontrados em idosos da Universidade Católica de Brasília, em que 87% apresentavam pelo menos uma DCNT25. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios26, no Brasil, 59,5 milhões de pessoas (31,3%) afirmaram apresentar pelo menos uma doença crônica não transmissível; do total da população, 5,9% declararam ter três ou mais doenças crônicas e esses percentuais aumentam com a idade. O número de indivíduos com 65 anos e mais que relataram apresentar pelo menos uma doença crônica chegava a 79,1%2. Em relação aos dados antropométricos, os resultados encontrados para excesso de peso concordam com os de outros estudos com servidores de Universidades no nosso país: 56,8%18 e 52,4%27. Entretanto, um estudo com idosos cadastrados no Programa Municipal da Terceira Idade de Viçosa, Minas Gerais, apontou uma prevalência de excesso de peso menor (40,8%)28. Durante o processo de aposentadoria, observase que há uma mudança do local e dos horários em que as refeições eram realizadas, e das pessoas com quem se compartilhava estes momentos. Ainda, em decorrência da diminuição da renda, o poder aquisitivo é prejudicado, podendo ocasionar mudanças no esquema alimentar. Se o aposentado não equilibrar suas novas atividades físicas com a ingestão energética, pode ocorrer ganho de peso e aumento da circunferência abdominal29. Entre idosos estudados em Viçosa28, o consumo 19 Perfil sociodemográfico e nutricional de servidores em período de pré-aposentadoria diário de hortaliças (63,8%) e feijão (88%) foi mais frequente que o encontrado no grupo estudado. A baixa frequência de consumo de hortaliças e feijão pode implicar em ingestão deficiente em fibras e está associado à etiologia do excesso de peso30. Um estudo sobre o consumo de alimentos industrializados na população adulta e idosa de São Paulo observou que os grupos de maior consumo foram os das manteigas e margarinas, consumidos por 62,31% da população, dos refrigerantes e refrescos, por 47,37% e, ainda dos embutidos, hambúrguer e nuggets, por 41,25%31. Os resultados diferem um pouco do encontrado no nosso estudo, no qual a frequência de consumo desses grupos alimentares foi maior (Tabela 2). Em relação ao estado nutricional, foi encontrada uma associação significativa apenas no consumo de refrigerantes e refrescos (p<0,01), no qual 41,93% dos indivíduos com sobrepeso e obesidade relataram consumir31. No presente estudo, não foi observada associação entre a frequência de consumo alimentar e o estado nutricional. O pequeno tamanho da amostra pode explicar em parte esta ausência de associação verificada. Além disso, o estado nutricional atual é resultante também dos hábitos alimentares ao longo da vida. Está bem estabelecido que a alimentação saudável somente funcionará como fator protetor quando adotada constantemente, no decorrer da vida. Uma boa alimentação deve estar presente em todas as fases da vida e, à medida que a idade avança, o cuidado com os hábitos alimentares deve aumentar27. Além da limitação do tamanho amostral, que dificultou a confirmação de algumas tendências de associações entre as variáveis investigadas, apresentase como limitações o delineamento do estudo (transversal) e a investigação apenas da frequência de consumo alimentar, sem considerar a quantidade consumida. Entretanto, este estudo permitiu caracterizar o perfil sociodemográfico e nutricional de servidores idosos em período de pré-aposentadoria da Universidade Federal do Maranhão. O público de servidores em período de pré-aposentadoria é ainda pouco explorado no que se refere a questões inerentes à alimentação e nutrição. O grupo de servidores estudado foi constituído em sua maioria por homens, com bom nível de escolaridade e renda familiar. Práticas passadas de tabagismo e consumo de bebida alcoólica foram comportamentos associados a um estilo de vida não saudável na maioria dos indivíduos estudados. O excesso de peso foi predominante e o risco para doenças crônicas não transmissíveis foi elevado entre os servidores. A frequência de consumo alimentar mostrou-se inadequada para a maioria dos grupos de alimentos. Assim, a educação nutricional deve ser também atividade desenvolvida em Programas de Preparação para a Aposentadoria como forma de incentivar hábitos alimentares e estilos de vida saudáveis no grupo investigado. Agradecimentos À Divisão de Qualidade de Vida (DQV) da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, e a todos os servidores que aceitaram participar deste estudo. Referências 1. Luz, ML. Perfil e posicionamento dos pré-aposentados da UFV em sua realidade cotidiana. [Tese] Viçosa (MG): Universidade Federal de Viçosa, 2003. 91p. 2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico, 2010. Disponível em: <http://www. ibge.org.br> 3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. 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Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. 2008. 86 p. 21 ISSN-2179-6238 Artigo Original / Original Article COMUNICAÇÃO EM SAÚDE: conhecimento de risco relacionado ao procedimento de diagnóstico por imagem HEALTH COMMUNICATION: knowledge about the risks related to the procedure of diagnostic imaging Pedro Germano Nobre Neto1 e Gisela Maria Santos Ferreira de Sousa2 Resumo Introdução: A comunicação em saúde representa uma estratégia para prover indivíduos e coletividade de informações, compartilhando conhecimentos e práticas no processo educativo e contribuindo para melhores condições de vida. Objetivo: Identificar o conhecimento de riscos relacionados ao procedimento de diagnóstico por imagem em profissionais e usuários. Métodos: Estudo com abordagem qualitativa realizado com profissionais da área de radiologia e usuários atendidos no Serviço de Diagnóstico por Imagem do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão. Para a coleta de dados utilizou-se roteiros de entrevista com questões sobre o conhecimento dos riscos relacionados às exigências da Portaria Federal nº 453 e das Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica e a relação comunicação em saúde com a identificação de informações específicas em destaque no ambiente. Resultados: A análise dos núcleos revelou as categorias referentes aos usuários (conhecem os riscos, mas não identificam com as diretrizes; desconhecem os riscos e as diretrizes; fazem alguma relação lógica com os riscos e as diretrizes; e os que conhecem os riscos e as diretrizes) e aos profissionais (conhecem os riscos e cumprem as diretrizes; conhecem os riscos e não cumprem as diretrizes; e desconhecem os riscos e as diretrizes). Conclusão: Os usuários demonstraram desconhecimento dos riscos e das diretrizes, bem como não tinham interesse na leitura das informações, enquanto que os profissionais, embora tivesse algum conhecimento dos riscos alguns não cumpriam as diretrizes e muitos achavam as informações sem clareza. Desenvolver estratégias de radioproteção por meio da comunicação de risco é, portanto função da comunicação organizacional. Palavras-chaves: Comunicação e Saúde. Informação. Radioproteção. Abstract Introduction: Health communication represents a strategy for providing collectivity of information for individuals, through the sharing of knowledge and practices in the educational process and contributing for a better quality of life. Objective: To identify the knowledge about risks associated with the procedure of diagnostic imaging in professionals and users. Methods: Qualitative approach study which was conducted with professionals in the field of radiology and users assisted in the Department of Diagnostic Imaging of the University Hospital of the Federal University of Maranhão. For data collection we used interview scripts with questions regarding knowledge about risks related to requirements of the Federal ordinance nº 453 and Basic Guidelines of Radiological Protection. We also used questions about the relationship between the health communication and the identification of specific information presented in the environment. Results: Our analysis found the formation of categories related to the users (knowledge about the risks, but no comprehension of the guidelines; no comprehension about the risks and guidelines; ability to make some logical relationship between the risks and guidelines, and those who understand the risks and guidelines) and professionals (knowledge about risks and compliance of guidelines; knowledge about risks and no compliance of guidelines, and no knowledge about the risks and guidelines). Conclusion: The users showed that do not know about the risks and guidelines. Furthermore, they were not interested in reading the information. On the other hand, some professionals had knowledge about the risks but did not comply, the guidelines. Most of them think the information were no clear enough. The Development of strategies of radioprotection through risk communication is thus a function of organizational communication. Keywords: Communication and Health. Information. Radioprotection. Introdução A Organização Mundial de Saúde define saúde como um estado de bem-estar físico, mental ou social completo e não a mera ausência de doença ou enfermidade. De acordo com Thomas1 a saúde é a condição em que todas as funções do corpo e mente, estão normalmente ativas, assim muitas pessoas vivenciam um estado de bem-estar, embora possam ser classificadas como não-saudáveis por outros. Baseado neste conceito é competência do Estado, de acordo com o artigo 196 da Constituição Federal2, cuidar da saúde por meio de políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doenças e/ou de situações piores que levem à morte, possibilitando o seu livre acesso a todos os cidadãos, como estabelece um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), a universalidade. Por meio do SUS, as entidades estatais promovem gratuitamente desde um simples atendimento ambulatorial a transplantes de órgãos, passando por uma infinidade de exames clínicos e de imagens, oferecendo uma gama de serviços públicos aos brasileiros, buscando sempre o bem-estar social de cada indivíduo. Nesta perspectiva, a comunicação surge atrelada ao direito da informação e da participação efetiva em um sistema público de saúde eficaz. Aqui, não há espaços para a persuasão no processo comunicativo, 1. Graduando do Curso de Comunicação Social - Habilitação Relações Públicas - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Mestre em Ciências da Comunicação. Docente do Departamento de Comunicação Social – UFMA. Contato: Pedro Germano Nobre Neto. E-mail: [email protected] 2. 22 Rev Pesq Saúde, 12(3): 22-27, set-dez, 2011 Nobre Neto PG, Sousa GMSF muito menos utilizar o conceito reducionista da comunicação, limitando-a a mera idéia de divulgação. A comunicação e a saúde devem priorizar o debate público sobre os mais variados assuntos que se relacionam intimamente com a área da ciência biológica, possibilitando aos indivíduos, informações necessárias para a construção de um conhecimento voltado para as políticas públicas na saúde. A concepção de Comunicação e Saúde3, apesar de sua longa história no Brasil, teve seu início científico na década de noventa; entretanto, se caracterizou quando o Departamento Nacional de Saúde Publica (DNSP), criado em 1920, estabeleceu como estratégia a propaganda e a educação sanitária para desenvolver trabalhos voltados às questões da saúde, principalmente as epidemias e a adoção de medidas higiênicas. A partir dos anos quarenta, com a criação do Serviço Nacional de Educação Sanitária - governo Vargas -, a comunicação teve seu enfoque para o caráter preventivo, disseminando informações sobre a prevenção e o tratamento de doenças, surgindo na década de 1980 o conceito de saúde pública, o que determinou a redemocratização política e administrativa do SUS, buscando uma melhor condição de vida da população3. A partir da década de noventa, o entendimento da comunicação como instrumento para as políticas públicas de saúde ganhou mais importância, fortalecendo o discurso do direito à informação. A saúde recebeu seu merecido destaque, incentivando o surgimento de mecanismos intermediários entre a fonte das mensagens e seus destinatários. Segundo Móises4, a comunicação em saúde surge não só como uma estratégia para prover indivíduos e coletividade de informações, pois se reconhece que a informação não é suficiente para favorecer mudanças, mas é importante dentro do processo educativo, para compartilhar conhecimentos e práticas que podem contribuir para a conquista de melhores condições de vida. Reconhece-se que a informação de qualidade difundida no momento oportuno, com utilização de uma linguagem clara e objetiva, é um poderoso instrumento de promoção da saúde. O processo de comunicação deve ser ético, transparente, atento aos valores, opiniões, tradições, culturas e crenças das comunidades, respeitando e considerando e reconhecendo as diferenças, baseando-se na apresentação e avaliação de informações educativas, interessantes, atrativas e compreensíveis. Nesse sentido e somado às diretrizes que norteiam os procedimentos de diagnósticos por imagem, há a preocupação em saber como as mensagens de proteção radiológica chegam aos pacientes e profissionais da área; como elas são interpretadas; se as informações veiculadas são suficientemente claras quanto os cuidados com os efeitos radioativos e se há a preocupação por parte dos profissionais acerca dos instrumentos de proteção radiológica. Independente do benefício há a necessidade de conhecimento e utilização dos métodos de proteção radiológica, que são de suma importância para a utilização das técnicas de radiação cujos métodos são norteados pela Portaria Federal Nº 4535 e pelas Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica6. Sabe-se que os riscos na área da saúde podem Rev Pesq Saúde, 12(3): 22-27, set-dez, 2011 trazer prejuízos à vida e nessa perspectiva, trabalhar com radiação requer cuidado, considerando que o menor descuido pode ocasionar a morte além de gerar imagens negativas à instituição que desenvolve essa atividade. Muitas pessoas, ao serem indagadas sobre esse processo, caracterizam a radiação como algo perigoso que causa algum mal. Entretanto, o desenvolvimento das técnicas e equipamentos radiológicos, como os raios-X, pode representar benefício em favor do paciente. A Portaria Federal do Ministério da Saúde Nº 453, de 1º de junho de 19985, aprova o regulamento técnico que estabelece as diretrizes básicas de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico, dispõe sobre o uso dos raios-x diagnósticos em todo o território nacional e dá outras providências. Já as Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica da Comissão Nacional de Energia Nuclear, de janeiro de 20056, têm o objetivo de estabelecer os requisitos básicos de proteção radiológica das pessoas em relação à exposição à radiação ionizante. Essas normas devem ser seguidas, buscando sempre a excelência do serviço, afastando, dessa forma, os riscos iminentes. Tais diretrizes direcionam as inúmeras atividades com material radioativo, sendo concebidas todas as suas práticas: o manuseio, a produção, a posse e a utlização de fontes, bem como o transporte, o armazenamento, deposição de materiais radioativos e as informações de riscos. Uma vez não estabelecido o cuidado necessário, Biasoli Junior7, expõe que os raios-X, podem produzir efeitos biológicos danosos em órgãos e tecidos vivos devido ao seu poder de ionização, uma vez que produzem íons que podem quebrar as ligações químicas de moléculas biológicas importantes. Perceptíveis os riscos e normatizadas as instruções de manuseio de instrumentos com radiação ionizantes, cabe aos profissionais atentar para as informações, tanto em benefício próprio, como para terceiros. A comunicação se faz necessária no auxílio à prevenção de riscos e garantia de segurança nos serviço de diagnóstico por imagem, evitando incidentes envolvendo os usuários e a organização, uma vez que não se caracteriza por simples mensagens informacionais. Dessa forma, este estudo teve como objetivo Identificar o conhecimento de riscos relacionados ao procedimento de diagnóstico por imagem em profissionais e usuários e, consequentemente, avaliar as estratégias de comunicação de riscos utilizadas. Métodos Estudo com abordagem qualitativa com o propósito de obter informações de natureza subjetiva que não podem ser quantificados. Segundo Minayo8 a pesquisa qualitativa busca a compreensão do significado atribuído pelos sujeitos aos fatos, relações, práticas e fenômenos sociais. O estudo foi realizado no Serviço de Diagnóstico por Imagem do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão com 20 participantes sendo a mostra escolhida de forma aleatória entre profissionais com atuação no setor e usuários e acompanhantes que se encontravam aguardando os exames e que concordaram em participar e assinaram o Termo de 23 Comunicação em saúde: Conhecimento de riscos em procedimento de diagnóstico por imagem Consentimento Livre e Esclarecido. Para a coleta de dados utilizou-se roteiros de entrevista com questões norteadoras sobre o conhecimento dos riscos relacionados às exigências da Portaria Federal nº 453 e das Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica e a relação comunicação em saúde no que tange a comunicação de riscos, com a identificação de informações específicas em destaque no ambiente. Tal estratégia corroborou com a análise de critérios não numéricos, objetivando o conhecimento de opiniões diferenciadas, que pela Análise Temática definida por Minayo8, tem o objetivo de descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado. Após a coleta do material, as questões foram agrupadas em categorias, de acordo com seu núcleo e interpretadas pela técnica de Análise temática. A Análise Temática é a forma que melhor se adéqua à investigação qualitativa em saúde. Desta forma, para a operacionalização percorreu-se as três fases: a primeira, na qual foram realizadas as transcrições das entrevistas e a organização de todo o material de pesquisa incluindo os questionários semiestruturados e os relatos. A segunda, de exploração do material coletado no campo por meio de leitura flutuante e exaustiva do material e a terceira e última fase buscou-se a compreensão do conteúdo analisado9. Segundo Bardin9 a modalidade de análise temática é um conjunto de técnicas, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e recepção destas mensagens. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUUFMA, com parecer nº 258/10 – registro 139/10. Resultados A análise dos núcleos revelou as categorias referentes aos usuários (conhecem os riscos, mas não identificam com as diretrizes; desconhecem os riscos e as diretrizes; fazem alguma relação lógica com os riscos e as diretrizes; e os que conhecem os riscos e as diretrizes) e aos profissionais (conhecem os riscos e cumprem as diretrizes; conhecem os riscos e não cumprem as diretrizes; e desconhecem os riscos e as diretrizes). (conhecem as diretrizes, mas não sabem identifica-las; desconhecem as diretrizes; fazem relação lógica com as diretrizes; desconhecem as diretrizes) e aos profissionais (conhecem e cumprem as diretrizes; conhecem e não cumprem as diretrizes; desconhecem as diretrizes). Para a classificação temática, há a necessidade de pensar no perfil do receptor, no conteúdo a ser explorado e de que forma será a sua divulgação, resultando em uma produção de sentido. Todos os envolvidos em situações de risco devem ter conhecimento do grau do perigo, das probabilidades de ocorrência, assim como das possíveis ações de prevenção. O primeiro questionamento elaborado foi em relação aos exames radiológicos e a radiação ionizante. A afirmação de que os usuários têm conhecimento desta informação, pode amenizar a preocupação com a radioproteção, pois se pressupõe que estes sabem 24 dos cuidados que devem ser tomados ao realizar um exame dessa natureza, já que o trabalho com o princípio radioativo requer uma importante atenção na prevenção de riscos. Mas, realizando o cruzamento com outras questões, observou-se que uma parcela considerável dos entrevistados não conhece os riscos que podem surgir em caso de exposição inadequada e, menos ainda sobre os cuidados necessários. Desta forma, fica evidente que grande parte dos usuários e acompanhantes relata que os exames radiológicos trazem riscos por meio da radiação, no entanto não estabelecem a devida preocupação com riscos oriundos da grande exposição ou das falhas no processo de radioproteção como: câncer, esterilidade, vômitos, queda de cabelo, manchas e bolhas na pele, aborto espontâneo, formicação, problemas neurológicos, mutação, cataratae outros7. Alguns usuários desconhecem os riscos e desconhecem a Portaria Federal Nº 453 e/ou das Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica, podendo ser refletida por uma expressão de surpresa e desentendimento: Hã! O que é isso? (usuário 1) Não sei não! (usuário 4) Outros dizem conhecê-las, contudo não sabem a representação, por exemplo, de uma luz vermelha acima das portas das salas de raios-X, ainda que esteja exposto de acordo com a Portaria Federal Nº 453: “Quando a luz vermelha estiver acesa, a entrada é proibida5”. Algumas respostas não deixam de representar uma lógica de associação e referem o conhecimento de alguns sintomas e efeitos negativos nas pessoas. Porque durante a realização do exame são emitidos raios ultravioletas. (usuário 3) Faz mal aos olhos. (usuário 6) Em relação ao conhecimento das vestimentas de chumbo, como meio de prevenção de riscos durante um exame, a maioria dos usuários demonstrou desconhecimento ou se quer fez relação com a proteção radiológica. Quando perguntados sobre a função da vestimenta, expressaram: Não sei! (usuário 9) Não é por causa do choque? (usuário3) Em relação às estratégias de comunicação de riscos e à disposição das mensagens de proteção radiológica em destaque no ambiente, destacaram-se as seguintes respostas: Nunca observei os cartazes... (usuário 4) Os profissionais deveriam orientar mais. (usuário 9) Deveria ter um profissional para orientar as pessoas sobre os riscos, além do que têm pessoas que não sabem ler. (usuário 2) Deveria ter mais informações, pois há um correcorre e as pessoas não observam as mensagens. (usuário 6) Em relação aos profissionais, os resultados mostraram que alguns conhecem os riscos e as normas da Portaria Federal Nº 453 e das Diretrizes Básicas Rev Pesq Saúde, 12(3): 22-27, set-dez, 2011 Nobre Neto PG, Sousa GMSF de Proteção Radiológica. Contudo, merecem destaque as seguintes respostas: Sei o básico, só a finalidade... (profissional 15) Não tenho contato com as salas de exames. (profissional 11) Não é minha área de atuação. (profissional 12) No que diz respeito à tecnicidade dos equipamentos para o manuseio e os cuidados na prevenção de riscos durante os procedimentos foram relatadas diferentes situações: As instruções de uso deveriam ser em português. (profissional 17) O médico não é treinado para isso. É treinado para a parte clínica. (profissional 15) As instruções são suficientemente claras. (profissional 13) Só com a experiência adquiri conhecimento. (profissional 20) As informações para os iniciantes não são suficientes. (profissional 14) Outro ponto que merece destaque é o conhecimento de riscos associados à utilização do equipamento de proteção individual – o dosímetro. Alguns profissionais responderam não utilizar, pois consideram não trabalhar diretamente com a radiação. Um fator preocupante por se tratar de profissional que mesmo indiretamente está relacionado aos procedimentos radiológicos e ao ser indagado por não usar o aparelho, apenas explica: Negligência! (profissional 19) Já os que responderam usar o dosímetro, a frequência utilizada é durante a escala de trabalho. Contudo, ainda argumentam que: Quem deve utilizar o dosímetro é quem se expõe mais - o técnico. (profissional 15) Segundo a Portaria Federal Nº 453, “todo indivíduo que trabalha com raios-x diagnósticos deve usar, durante sua jornada de trabalho e enquanto permanecer em área controlada, dosímetro individual de leitura indireta, trocado mensalmente5”. Em relação às estratégias de comunicação de risco em destaque nos ambientes; os profissionais de saúde defendem a importância da veiculação das mensagens de proteção radiológica, contudo sugerem algumas modificações. São informações claras, mas não aprovo a maneira como são divulgadas. (profissional 17) Não aprovo devido à linguagem técnica... mas considero essas mensagens importantes. (profissional 14) Não são colocadas em locais estratégicos, além de ter pouca informação. (profissional 15) São precárias devido à tecnicidade dos termos... e a utilização de cartazes, apesar de padronizados, não atingem o real objetivo. (profissional 20) Rev Pesq Saúde, 12(3): 22-27, set-dez, 2011 São mensagens claras, apesar de muita gente não dar importância. (profissional 13) Estabelecer a comunicação na saúde não significa o simples provimento de informações, mas se torna um fator importante no compartilhamento da prática e do conhecimento. As mensagens devem priorizar a qualidade, a clareza e objetividade, pois só assim funciona como ferramenta para a promoção da saúde. Discussão A comunicação de risco não se caracteriza por simples mensagens informacionais. Para Alves10 é um processo que tem como objetivo fazer com que as entidades ajudem a opinião pública e, em última instância, levar as pessoas a entenderem a natureza e o grau de um perigo, as chances ou a probabilidade de sua ocorrência e as consequências desse perigo e do risco para suas vidas. Segundo a Portaria Federal Nº 453, de 1998, compete ao Serviço de Proteção Radiológica “redigir e distribuir instruções e avisos sobre proteção radiológica aos pacientes e profissionais envolvidos, visando à execução das atividades de acordo com os princípios e requisitos5” desse regulamento, como também, direciona às Diretrizes de Proteção Radiológica. Para a comunicação, é importante constituir uma mensagem com conteúdo que se faça entender a finalidade de evitar riscos aos pacientes, à equipe médica e a toda e qualquer instituição de saúde que trabalhe com o radiodiagnóstico. Aos profissionais da área da saúde cabe o interesse em buscar o conhecimento adequado nas diretrizes que regem o trabalho com a radiação ionizante, assim como na radioterapia e no radiodiagnóstico, seja para a proteção individual, seja para a segurança dos pacientes. As normas de orientações são garantidas nas Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica e tem como dever da equipe médica estar ciente do conteúdo do regulamento, dos riscos associados ao seu trabalho, dos procedimentos operacionais e de emergência relacionados ao seu trabalho, e de suas responsabilidades na proteção dos pacientes, de si mesmo e de outros6. A análise dos dados mostrou que os usuários e acompanhantes desconhecem as normas e os cuidados ao realizar um exame radiológico. As respostas refletem um desconhecimento dos riscos por existir pessoas que não sabem ler ou não sabem interpretar alguns termos técnicos; pela falta de percepção das mensagens devido às disposições de cartazes informativos; pela ausência de profissionais com conhecimento técnico logo no primeiro contato com os usuários e acompanhantes; e, por conseguinte, a não produção de sentido para com as estratégias de comunicação estabelecidas. Esses aspectos são condicionantes para o desconhecimento e consequente não prevenção dos riscos. Em relação ao conhecimento das diretrizes, muitos não sabem interpretar as mensagens da Portaria Federal Nº 453. Um exemplo é a representação da luz vermelha. Poucos a associaram à existência de radiação durante a realização do procedimento radiológico sem a devida proteção. O conhecimento sobre os cuidados durante a realização do exame radiológico foi referido por 25 Comunicação em saúde: Conhecimento de riscos em procedimento de diagnóstico por imagem alguns profissionais como adquirido pela convivência ou pela proximidade com alguém da área. Os meios de comunicação também foram citados como fonte de informação. Em contrapartida, apenas um entrevistado respondeu conhecer os cuidados por meio da observação de informações e outro por já ter realizado exames radiológicos anteriormente. Algumas pessoas referiram já ter realizado algum exame sem nenhuma noção do risco, salvo quando as indicações foram externadas pelos profissionais durante os exames. Destaca-se aqui, o fato de não haver nenhuma informação na sala de espera do Serviço de Diagnóstico por Imagem, além da inexistência de profissionais com técnicas de radioproteção para o primeiro contato com o usuário, no que diz respeito à comunicação por meio de informações. Nesse âmbito, se destaca que as recepcionistas, responsáveis pelo atendimento prévio de marcação e entrega de exames, e o segurança do setor, que em certas ocasiões, recolhe as fichas de exames para organizar a chamada, representa as fontes de informações imediatas dos pacientes e acompanhantes. A utilização de termos técnicos representa um impedimento para a compreensão, pois estão inseridos em diversas mensagens expostas. Destaca-se, entretanto, que são informações de acordo com as normas estabelecidas, mas não transmitem clareza na informação a que se propõe transmitir, na percepção dos leitores. A análise dos dados reflete uma tímida comunicação de risco no Serviço de Diagnóstico por Imagem, onde os pacientes e acompanhantes, embora refiram em algumas situações, conhecer os riscos e cuidados nos procedimentos radiológicos, não sabem definir a representação de uma luz vermelha nas portas das salas de exames. Os usuários ao mesmo tempo em que referiram estar satisfeitos com o conteúdo das mensagens demonstraram não ter compreensão dos termos técnicos utilizados nos cartazes demonstrando falta de interesse na leitura desses materiais. Quanto aos profissionais, ficou evidente o conhecimento sobre as Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica e a Portaria Federal Nº 453, uma vez que são normas estabelecidas para as atividades de radioproteção, entretanto sugerem mais informações referentes aos riscos. A falta de conscientização dos profissionais relacionados aos riscos para si mesmo, aos pacientes, acompanhantes e para a própria organização ficou caracterizada em seus relatos. Esta inferência se esta- belece pelo fato de alguns não conhecerem os riscos e as normas de radioproteção, sobretudo para a proteção a terceiros. Quanto à proteção individual por meio do dosímetro, os profissionais manifestaram fazer uso do aparelho durante as atividades radiológicas com análise mensal do limite de dosagem de radiação e consequente controle dos possíveis riscos. De acordo com a Portaria Federal Nº 453, “todo indivíduo que trabalha com raios-x diagnósticos deve usar, durante sua jornada de trabalho e enquanto permanecer em área controlada, dosímetro individual de leitura indireta, trocado mensalmente5”. Contudo, ainda há a necessidade desses profissionais se conscientizarem do risco da atividade radiológica. Mesmo que mínina, a radiação pode ocasionar efeitos indesejáveis ao ser humano. A portaria não limita quais pessoas devem utilizar o aparelho de proteção individual. E o fato de utilizá-lo, parte, inicialmente, da consciência de cada um, haja vista que o instrumento é oferecido pelo serviço. Mesmo sendo perceptível a falta de conhecimento de situações de riscos no processo radiológico, boa parte dos entrevistados aprovou o conteúdo das informações expostas, embora tenham feito sugestões no sentido de melhorar o fluxo da comunicação no setor, tais como: mais avisos, mensagens mais esclarecedoras, cartazes maiores, distribuição de cartazes na sala de espera e orientações mais enfáticas no ato do exame por parte dos profissionais. Os usuários demonstraram desconhecer as diretrizes e meios de proteção, bem como não têm interesse na leitura das informações, enquanto que os profissionais embora tivessem conhecimento, alguns não cumpriam as diretrizes e muitos achavam as informações sem clareza, com bastante tecnicidade. A comunicação dentro de uma instituição de saúde representa um poderoso instrumento de promoção da saúde, portanto precisa ser difundida com utilização de uma linguagem clara e objetiva e com a preocupação de quem vai receber a informação. As organizações são formadas por pessoas, e cada uma possui elementos próprios para interpretação de uma determinada mensagem, o que nos leva a entender que cada um desenvolverá uma produção de sentido particular e, consequentemente, serão desenvolvidas várias imagens organizacionais11. Portanto, a comunicação deve lançar mão das melhores estratégias, tornando suas ações necessárias perante as particularidades de seu público. Referências 1. Thomas CL (Coord.). Dicionário médico enciclopédico Taber. Traduzido por Fernando GN. 17. Ed. Barueri: Manole, 2000. 2. Brasil. Planalto. Constituição da República Federativa do Brasil de 1998. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 17 ago. 2010. 3. 26 Araújo IS de, Cardoso JM. Comunicação e Saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007. 4. Moisés MA. Educação em Saúde, a Comunicação em Saúde e a Mobilização Social na Vigilância e Monitoramento da Qualidade da Água para Consumo Humano. Jornal do Movimento Popular de Saúde/MOPS. 2003. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/ portal/arquivos/pdf/artigo2.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2010. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico – Portaria Federal nº 453. 1998. Rev Pesq Saúde, 12(3): 22-27, set-dez, 2011 Nobre Neto PG, Sousa GMSF 6. 7. 8. Conselho Nacional de Energia Núclear. Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica. 2005. Disponível em: <http://www.cnen.gov.br/seguranca/normas/mostranorma.asp?op=301>. Acesso em: 17 ago. 2010. Biasoli Júnior AM. Técnicas Radiográficas: princípios físicos, anatomia básica e posicionamento. Rio de Janeiro: Rubio, 2006. 9. Bardin, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2010. 10. Alves JEP. Comunicação de risco, elemento-chave na gestão de crises corporativas e um desafio para o século XXI: a teoria na prática, situação atual e tendências. Organicom. São Paulo. Ano 4. Nº 6. P. 87 a 99. 2007. 11. Morgan G. Imagens da Organização: Edição Executiva. 2. Ed. – 5. Reimpr. - São Paulo: Atlas, 2007. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 5ª ed. São Paulo (SP): Hucitec; 2002. Rev Pesq Saúde, 12(3): 22-27, set-dez, 2011 27 ISSN-2179-6238 Artigo Original / Original Article CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE COMPÓSITOS DENTAIS E SUA IMPORTÂNCIA NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS THERMAL CHARACTERIZATION OF DENTAL COMPOSITES AND ITS IMPORTANCE IN THE MECHANICAL PROPERTIES Ivone Lima Santana1, Danilo Augusto Paiva Pacheco1, Felipe Leonardo Gomes Leite de Carvalho1, Carolina Carramilo Raposo2 e Aluísio Alves Cabral Júnior3 Resumo Introdução: A utilização de tratamento térmico adicional em resinas compostas para uso direto pode melhorar suas propriedades mecânicas. Objetivo: avaliar o comportamento térmico de resina composta para uso direto (Filtek™ Z350XT/3M ESPE), utilizando Análise Termogravimétrica (ATG) e Calorimetria Exploratória Diferencial (CED). Métodos: Foram confeccionados espécimes cilíndricos (3mm diâmetro × 2mm de altura para CED; 2 mm diâmetro × 2 mm de altura para ATG), irradiados por 40s a 600mW/cm2. A análise térmica foi realizada sob a atmosfera de argônio e taxas de aquecimento de 10°C min-1e 5°C min-1. As curvas foram obtidas num intervalo de temperatura de 25-900°C. Resultados: A curva CED mostrou temperatura de transição vítrea de 216°C e a ATG mostrou degradação inicial de 355°C. O conteúdo inorgânico, determinado a partir da perda de massa, foi de 76%. Conclusão: A identificação do perfil térmico de resinas compostas é indispensável para balizar o tratamento térmico individual, utilizado para determinada resina, assim como para identificar seu real conteúdo inorgânico. Palavras-chave: Resinas Compostas. Termogravimetria. Tratamento térmico. Abstract Introduction: The use of additional heat treatment for direct use in composite resin can improve its mechanical properties. Objective: to evaluate the thermal behavior of a commercial composite resin for direct use (Filtek™ Z350XT/3M ESPE) by Thermogravimetric Analysis (TGA) and Differential Scanning Calorimetry (DSC). Methods: Cylindrical specimens were made (3 mm diameter × 2 mm height for DSC; 2 mm diameter × 2 mm height for TGA) and irradiated during 40 s at 600mW/cm2. Thermal analysis was performed under argon atmosphere and heating rates of 10°C min-1 and 5°C min-1. The curves were obtained in the temperature range of 25-900°C. Results: DSC curves showed a glass transition temperature of 216°C and TGA curve showed an initial degradation of 355°C. The inorganic content, determined by mass loss, was 76%. Conclusion: Thermal characterization is necessary to carry out the heat treatment for a specific resin and to identify the real inorganic content. Keywords: Composite resins. Thermogravimetry. Thermal treatment. Introdução A odontologia, na atualidade, vem desenvolvendo materiais restauradores que atendam a reabilitação funcional e estética do paciente em longo prazo. Um dos materiais mais utilizados para atingir as necessidades citadas é a resina composta. Esta apresenta como vantagens preservação da estrutura dental e facilidade de trabalho1. No entanto, as resinas compostas têm limitações como baixa resistência ao atrito mastigatório, microinfiltração marginal, causada pela contração de polimerização, assim como incompleta conversão de monômeros1, 2. A polimerização adicional por calor tem sido utilizada nas resinas compostas com o objetivo de aumentar o grau de conversão, melhorando suas propriedades mecânicas3-6. No entanto, o tratamento térmico adicional deve ser previamente balizado por análise térmica no intuito de detectar a temperatura de transição vítrea (Tg), que, uma vez atingida, viabiliza a movimentação de segmentos poliméricos7. O tratamento térmico próximo à Tg contribui para o aumento do grau de conversão da resina, proporcionando à matriz uma estrutura mais homogênea e resistente5. A resina polimerizada apresenta macromoléculas de monômeros em ligações covalentes entre si. Ao se aumentar a temperatura da massa, aumenta-se proporcionalmente as vibrações, por agitação térmica destas moléculas. No entanto, a degradação da cadeia polimérica só ocorrerá se a energia for superior à necessária para romper as ligações covalentes8. Durante a elevação da temperatura, o material pode sofrer diversos eventos de trânsito de energia caracterizados por transições de primeira ou segunda ordem. As transições de primeira ordem ocorrem devido a fenômenos endotérmicos ou exotérmicos. Os fenômenos exotérmicos químicos são combustão e decomposição e os físicos representam a passagem de estado físico e transições cristalinas. As transições de segunda ordem são caracterizadas pela variação da capacidade calorífica sem variações de entalpia e, portanto, não geram picos nos gráficos.8 Esse é o caso da Tg3,4,7,8, que é acompanhada por mudança na capacidade calorífica (Cp)7,9,10. Abaixo da Tg, o material não tem energia interna suficiente para permitir o deslocamento de uma cadeia em relação à outra11. Por outro lado, o aquecimento da resina composta pode gerar perda de massa, se as temperaturas não forem controladas, bem como 1. Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais - PPGEM. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão - IFMA. Contato: Ivone Lima Santana. E-mail: [email protected] 2. 3. 28 Rev Pesq Saúde, 12(3): 28-31, set-dez, 2011 SantanaIL, PachecoDAP, CarvalhoFLGL, RaposoCC, Cabral-JúniorAA sua degradação. Portanto, torna-se indispensável o estudo do seu perfil térmico das mesmas. A análise térmica consiste em um grupo de técnicas na qual as propriedades físicas de uma substância e/ou seus produtos de reação são medidos em função da temperatura, enquanto essa substância é submetida a uma programação controlada de temperatura sob uma atmosfera específica11. Utilizando apenas a Análise Termogravimétrica (ATG) é possível, por exemplo, estudar a decomposição térmica de compostos orgânicos, inorgânicos e de substâncias poliméricas, corrosão de metais, aquecimento e calcinação de minerais, destilação e evaporação de líquidos, etc8. Já na Calorimetria Exploratória Diferencial (CED) é possível medir a diferença de energia fornecida ao material, comparando a outro material de referência termicamente estável, em função da temperatura, enquanto ambos são submetidos a uma programação controlada de temperatura8,11. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento térmico de uma resina composta para uso direto através de CED e ATG para balizamento de tratamento térmico adicional. Figura 1 - Aquecimento a 10°C min-1 em curva de ATG e CED da resina composta Z350 XT. Métodos Ensaio laboratorial realizado no Laboratório de Engenharia de Materiais do Instituto Federal do Maranhão com espécimes cilíndricos de resina composta para uso direto (Filtek™ Z350XT, 3M ESPE, Sumaré, SP, Brasil), que foram confeccionados com auxílio de matrizes de poliacetal, em diferentes dimensões, 3x2 mm para CED e 2x2 mm para ATG. Os espécimes foram fotoativados por um LED laser de intensidade de luz de 600mW/cm² por 40 s e, em seguida, submetidos aos testes de ATG e CED. Os ensaios foram realizados a uma taxa de aquecimento de 10°C min-1 e, posteriormente 5°C min-1, no intervalo de 25 a 900°C. Foram utilizados cadinhos de Al2O3 em atmosfera de argônio com vazão de 20mLmin-1. Resultados Durante a análise pode-se perceber o início lento da degradação da resina a pouco menos de 150°C, bem acelerada a partir dos 355°C e estabilizando a partir dos 460°C. Houve, nesse intervalo, perda de 24% de massa, indicando que a composição da amostra tem essa mesma porcentagem de matriz orgânica, pois, durante o aquecimento, os compostos orgânicos vão sofrendo eventos de combustão, volatização e degradação8, representados pela queda na curva da ATG. Pela análise da curva, não se pode observar a temperatura da Tg, pois para as características próprias da resina, a taxa de aquecimento de 10°C, a cada minuto, se tornou “rápida demais” para evidenciar o degrau da transição vítrea (Figura 1). Desse modo, optou-se em diminuir a velocidade do aumento de energia, utilizando, uma taxa de aquecimento de 5°C por minuto, para reduzir a sobreposição de imagens na curva, observando-se o degrau da Tg aos 216°C, em média. A Tg pode ser usada como referência para balizar o tratamento térmico ideal para esse compósito (Figura 2). Rev Pesq Saúde, 12(3): 28-31, set-dez, 2011 Figura 2 - Aquecimento a 5°C min-1 em curva de ATG e CED da resina composta Z350 XT. O tipo de CED utilizada no presente trabalho foi a de fluxo de calor. A curva da CED mostra os eventos endotérmicos, exotérmicos e de alteração de linha de base (as transições de segunda ordem), todos em função da temperatura. Sua ordenada mostra a variação de calorimetria, devido ao fluxo de calor, em função da abscissa, que é a temperatura em graus Celsius. Discussão A análise térmica não é apenas um método qualitativo, pois proporciona resultados quantitativos termodinâmicos e cinéticos quanto às propriedades dos materiais. Com a vantagem de menor tempo de ensaio e utilização de poucas amostras, pode ser empregada em polímeros, substâncias sintéticas e naturais, alimentos, fármacos e produtos cosméticos em geral9,12. A ATG é eficaz na obtenção de informações com relação às variações de massa em função do tempo e/ou temperatura sob condições atmosféricas préestabelecidas [2]. Na curva de ATG, tem-se a ordenada graduada em porcentagem de massa da amostra e a abscissa graduada em graus Celsius (°C). A Análise Termogravimétrica (ATG), mostra as informações com relação às variações de massa em função do tempo e/ou temperatura sob determinadas condições atmosféricas (N2, ar ou outros). Porém, vários fatores podem influenciar a natureza da precisão e 29 Caracterização térmica de compósitos dentais e sua importância nas propriedades mecânicas exatidão dos resultados experimentais como: a vazão do ar, composição do cadinho, massa da amostra e granulometria8. Identificado o conteúdo orgânico da amostra, observado pela massa perdida, é possível relacioná-lo com a resistência mecânica, módulo de elasticidade e resistência ao desgaste. O aumento do conteúdo inorgânico da matriz de resina pode melhorar a propriedade mecânica, aumentar a radiopacidade, diminuir o coeficiente de expansão térmica e minimizar a contração de polimerização2. Segundo a classificação proposta por Willems et al.,13 somente os compósitos que tiverem percentual de conteúdo inorgânico superior a 60%, em volume, deverão ser utilizados em dentes posteriores. O fluxo de calor é dividido pela massa. Dessa maneira, a curva não é afetada pela quantidade de massa que compõe o cadinho. Quanto maior a massa existente no cadinho, maior é a quantidade de calor liberada ou absorvida na reação. Transições de primeira ordem (endotérmicas ou exotérmicas) são caracterizadas como picos, mesmo que eles possam sobrepujar um ao outro8. Transições de segunda ordem, como a transição vítrea (Tg), são caracterizadas como uma alteração na linearidade da curva, geralmente chamados de “degraus”. Isto ocorre porque não há mudança na entalpia como em reações de fusão ou cristalização, mas somente uma mudança na capacidade calorífica8,11. A literatura tem mostrado a eficácia do tratamento com calor, em uma temperatura superior a de transição vítrea, através de parâmetros mecânicos como resistência à tração diametral e resistência flexural3,15. Acima da Tg, as interações moleculares secun- dárias são enfraquecidas e, como consequência, as propriedades dos materiais são otimizadas, já que radicais presos têm a oportunidade de reagir com o ganho de energia14. Estudos têm demonstrado que, por meio de modificações técnicas simples21, as resinas para uso direto podem alcançar patamares de resistência mecânica semelhante ao de sistemas indiretos, mesmo sem utilização de equipamentos especiais, em virtude da semelhança de composição entre os dois materiais16,17. Resultado semelhante foi encontrado por McKinney e Wu18, quando estudaram a resistência ao desgaste e dureza Knoop de resinas compostas polimerizadas a diferentes temperaturas e observaram que os materiais submetidos à temperaturas mais elevadas exibiram os melhores resultados. Trabalhos nesta linha de pesquisa têm buscado oferecer alternativa clínica para melhoria das propriedades de resinas compostas para uso direto, permitindo sua utilização de forma indireta e, com isso, possibilitar benefícios à prática profissional e ao paciente, devido à eliminação da fase laboratorial. A análise térmica de resinas compostas representa um instrumento para avaliação do comportamento térmico desses materiais, permitindo o tratamento adicional por calor visando melhorias em suas propriedades mecânicas. No caso da resina testada, a temperatura ideal para tratamento térmico deve ser superior a 216°C. O conteúdo inorgânico da resina analisada foi maior que o informado pelo fabricante. A constatação de 76% de carga assegura sua utilização em dentes posteriores. Referências 1. American Dental Association Programs. Statement on posterior resin-based composites. J Am Dent Assoc, 1998; 129(11): 1627-1628. 2. Neves AD, Discacciati JAC, Oréfice RL, Jansen WC. Correlação entre grau de conversão, microdureza e conteúdo inorgânico em compósitos. Pesq Odontol Bras, 2002; 16(4): 349-354. 3. Miyazaki CL, Medeiros IS, Santana IL, Matos JR, Rodrigues Filho LE. Heat treatment of a direct composite resin: influence on flexural strength. Braz Oral Res, 2009; 23(3): 241-247. 4. Santana IL, Lodovici E, Matos JR, Medeiros IS, Miyazaki CL, Rodrigues Filho LE. Effect of experimental heat treatment on mechanical properties of resin composites. Braz Dent J, 2009; 20(3): 205-210. 5. Bagis Y, Rueggeberg FA. Effect of post-cure temperature and heat duration on monomer conversion of photoactived dental resin composite. Dent Mater, 1997; 13: 228-232. 6. 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Effect of degree of cure on hardness and wear of three commercial dental composites. J Dent Res, 1983; 62: 285. 31 ISSN-2179-6238 Artigo Original / Original Article CARACTERÍSTICAS DE PORTADORES DE HEPATITES B E C EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO E COMORBIDADES ASSOCIADAS CHARACTERISTICS OF PATIENTS WITH HEPATITIS B AND C IN HEMODIALYSIS AND COMORBIDITIES Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa1, Lena Maria Barros Fonseca1, Rubenice Amaral da Silva1, Fernando José Brito Patrício2, Glaucia Oliveira Lima3 e Ana Lúcia Abreu Silva4 Resumo Introdução: Portadores de Doença Renal Crônica em tratamento hemodialítico apresentam risco aumentado de aquisição do Vírus da Hepatite C (VHC) e hepatite B (VHB). A cronicidade da doença, e o potencial evolutivo para cirrose e hepatocarcinoma, fazem com que a patologia se constitua em um grave problema de saúde pública. Objetivo: Caracterizar o perfil dos pacientes com diagnóstico de hepatite B e C em tratamento hemodialítico. Método: Estudo descritivo realizado em um Centro de Nefrologia, em São Luís (MA) com pacientes cadastrados no período de 2008 e 2009. A coleta de dados foi realizada por meio de investigação da ficha individual disponível no sistema de informação da instituição. Resultados: Foram investigados 358 pacientes e sendo 87,1%, soronegativos para hepatite, 10% soropositivos para hepatite C e 2,5% para hepatite B e 0,4% soropositivo para hepatite B e C. Dos soropositivos 82,6% sexo masculino, 45,6 casados e 30,4% estavam na faixa etária entre 41 a 50 anos. A maioria (67,3%) reside em São Luís e 35,9% estavam em tratamento hemodialítico entre 6 a 10 anos. O diagnóstico principal mais incidente foi Insuficiência Renal Crônica (73,7) tendo como patologia associada mais frequente a Glomerulonefrite Crônica (23,8%) e a Hipertensão Arterial 17,3%. Conclusão: A infecção por hepatite C foi superior a hepatite B, os soropositivos estavam em tratamento hemodialítico entre 6 a 10 anos, a patologia associada mais frequente foi Glomerulonefrite Crônica e Hipertensão Arterial. A presença de comorbidades associadas reflete como provável forma de agravar o quadro de saúde dos pacientes. Palavras-chave: Hepatite viral. Transmissão da hepatite B e C. Hemodiálise. Abstract Introduction: Patients with chronic kidney disease on hemodialysis are at increased risk of acquiring hepatitis C virus (HCV) and hepatitis B (HBV) the chronicity of the disease, and the potential evolution to cirrhosis and hepatocellular carcinoma, make up the pathology constitutes a serious public health problem. Objective: To characterize the profile of patients with hepatitis B and C in hemodialysis. Methods: This descriptive study in a nephrology center in São Luís - MA with patients registered between 2008 and 2009. Data collection was performed by investigation of individual records available in the information system of the institution. Results: We investigated 358 patients and 87.1% are seronegative for hepatitis, 10% were seropositive for hepatitis C and hepatitis B for 2.5% and 0.4% seropositive for hepatitis B and C. 82.6% of seropositive male, 45.6% were married and 30.4 in the age group between 41 to 50 years. The majority (67.3%) resides in St. Louis and 35.9% were in treatment between 6 and 10 years. The primary diagnosis was more common Chronic Renal Failure (73.7) as having the most frequent pathology associated Chronic glomerulonephritis (23.8%) and 17.3% Hypertension. Conclusion: Infection with hepatitis C was higher hepatitis B, HIV positive people were receiving hemodialysis treatment between 6 and 10 years, the most frequent pathology was associated with Chronic Glomerulonephritis and Hypertension. The presence of comorbidities reflects how likely way to worsen the health of patients. Keywords: Viral hepatitis. Transmission of hepatitis B and C. Hemodialysis. Introdução As Hepatites B e C representam grande problema de saúde pública pelo impacto pessoal, econômico e social. A prevalência da infecção pelo VHC entre pacientes hemodialisados pode chegar a 50% dos casos pela rota hematogênica, devido às constantes transfusões sanguíneas a que se submetem. Dessa forma, os pacientes em hemodiálise, apresentam risco em potencial para adquirir tanto o Vírus da Hepatite B (VHB) quanto o Vírus da Hepatite C (VHC)1,2,3. A prevalência estimada de anticorpos contra o vírus da hepatite (anti-HCV) no Brasil é de 1,5% da população geral e em populações de pacientes portadores de insuficiência renal crônica (IRC) que realizam tratamento de diálise, a soropositividade do anti-HCV é alta, especialmente nos hemodialisados4. Estudos recentes realizados no Brasil com tais pacientes baseado na pesquisa do anticorpo anti-HCV foi, 65% no Rio de Janeiro/RJ 35,3% em Goiânia/GOe 23,8% em Salvador-BA5,6,7. Do mesmo modo, a infecção pelo VHB mostra-se com semelhante grau de preocupação nos estudos de muitos autores como um grave problema para a população em diálise. Um estudo realizado na China em 2007 com 88 pacientes em hemodiálise mostrou que a prevalência da infecção pelo VHB foi considerada alta (37,5%) em comparação com a população geral (9,09%)8. A prevalência da hepatite B é bastante variável na população geral, entre as diferentes áreas do planeta. As mais altas prevalências estão na África subsaariana, sudeste da Ásia, algumas regiões do Pacífico, 1. Discente do Programa de Doutorado em Biotecnologia - RENORBIO. Docente da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Discente do Programa de Doutorado em Biotecnologia - RENORBIO. Hospital Universitário da UFMA. Enfermeira. Hospital Universitário da UFMA. 4. Docente do Programa de Doutorado em Biotecnologia - RENORBIO. Docente da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA. Contato: Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa. E-mail: [email protected] 2. 3. 32 Rev Pesq Saúde, 12(3): 32-36, set-dez, 2011 CorrêaRGCF, FonsecaLMB, SilvaRA, PatrícioFJB, Lima GO, SilvaALA parte do Oriente Médio, alguns países da Europa Oriental e parte da Bacia Amazônica9,10. De acordo com um inquérito nacional, realizado nas macrorregiões do Brasil e no Distrito Federal, a prevalência do HBsAg é de 0,3 a 0,6%11. Porém este inquérito, não incluiu as áreas rurais onde as taxas de prevalência da infecção são maiores12. No Maranhão estudo realizado com doadores de sangue mostrou uma prevalência de marcadores do para hepatite B ou C em torno de 7%13. Com relação à Hepatite C, a Organização Mundial de Saúde, estima que aproximadamente 3% da população mundial, em torno de 170 milhões de pessoas, podem estar infectadas pelo vírus da hepatite C (HCV), com 3 a 4 milhões de pessoas sendo contaminadas a cada ano2. O conhecimento dos infectados e as características epidemiológicas relacionadas à hepatite B e C em pacientes renais crônicos representa aspecto essencial para o controle e prevenção da infecção em unidades de hemodiálise. Este estudo teve como objetivo descrever as características dos portadores da hepatite B e C em tratamento hemodialítico, identificando aspectos relacionados à transmissão, tempo de tratamento e patologias associadas. Métodos Trata-se de um estudo descritivo realizado em um Centro de Referência em Nefrologia de São LuísMaranhão com pacientes com diagnóstico de hepatite B e C em tratamento hemodialítico cadastrados no período de 2008 a 2009. O Centro atende pelo Sistema Único de Saúde – SUS, convênios e particular. Para a coleta de dados utilizou-se um formulário com questões referentes ao sexo, idade, residência, soropositividade para hepatites, tempo de tratamento dialítico, diagnóstico principal e comorbidades associadas. Os dados foram coletados a partir da ficha cadastral disponível no sistema de informação da instituição. Os dados foram digitados e analisados no programa EPI INFO® 2005, versão 3.3.2 e no programa Microsoft® Excel®, com valores absolutos e percentuais. Em cumprimento aos requisitos exigidos pela Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde – CNS, este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão – CEP/HUUFMA com parecer Nº 529/2007. Resultados Durante a realização do estudo, identificou-se um total 358 pacientes, e destes 87,1%, eram soroneTabela 1 - Indivíduos em tratamento hemodialítico segundo Soropositivos para hepatite. Centro de Referência em Nefrologia. São Luís – MA, 2009. Características Soronegativos Hepatite C Hepatite B Hepatite B e C Total Rev Pesq Saúde, 12(3): 32-36, set-dez, 2011 n 312 36 09 01 358 % 87,1 10,0 2,5 0,1 100,0 gativos para hepatite, 10% soropositivos para hepatite C e 2,5% para hepatite B e 0,4% soropositivo para hepatite B e C (Tabela 1). Quanto ao sexo dos soropositivos para hepatite, 82,6% eram masculinos e 17,3% feminino. A faixa etária mais frequente estava entre 41 a 50 anos (30,4%), seguida de 51 a 60 anos (28,2%) e 45,6% eram casados. Quando se analisou o tempo de tratamento com hemoTabela 2 - Indivíduos em tratamento hemodialítico soropositivos para hepatites B e C por sexo, idade e estado civil e tempo de tratamento. Centro de Referência em Nefrologia. São Luís – MA, 2009. Características Sexo Masculino Feminino Idade 13 anos 20 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos 51 a 60 anos 61 a 70 anos Acima de 70 anos S/ registro Estado civil Solteiro Casado Divorciado Viúvo Tempo de Hemodiálise < de 1 ano 1 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos Mais de 15 anos S/ Registro Total n % 38 08 82,6 17,4 01 02 06 14 13 04 03 03 02,2 04,3 13,0 30,4 28,2 08,7 06,5 06,5 09 21 01 03 19,5 45,6 02,1 06,5 03 09 17 04 05 09 46 06,5 18,5 35,9 08,5 10,8 19,5 100,0 diálise, observou-se que 35,9% realizavam o tratamento entre 6 a 10 anos, 10,8% mais de 15 anos e apenas 6,5% menos de 1 ano. Os portadores sem registros representaram 19,5% (Tabela 2). Os diagnósticos principais foram Insuficiência Tabela 3 - Diagnóstico principal e comorbidade dos portadores de hepatites B e C em tratamento hemodialítico. Centro de Referência em Nefrologia. São Luís – MA, 2009. Características Diagnóstico Principal Insuficiência Renal Crônica (IRC) Nefropatia Diabética S/ Registro Comorbidade Glomerulonefrite Crônica Doença Cardíaca Sem Registro Esplenomegalia Hipertensão Arterial Rim Policístico Diabetes mellitus Cirrose Hepática Hepatomegalia Total n % 34 03 09 75,9 06,5 18,5 11 01 13 01 08 02 06 01 01 46 23,8 02,1 28,2 02,1 17,3 04,3 13,0 02,1 02,1 100,0 33 Características de portadores de hepatites B e C em tratamento hemodialítico e comorbidades associadas Renal Crônica (75,9%), Nefropatia Diabética (6,5%) e 18,5% não tinham registro. Dentre os diagnósticos secundários destacaram-se a Glomerulonefrite Crônica (23,8%), Hipertensão Arterial (17,3%) e Diabetes Mellitus (13%) (Tabela 3). Discussão Quando se comparou o número de portadores infectados pelo vírus VHB e pelo VHC, verificou-se que a infecção pelo VHB foi menor do que a infecção pelo VHC. Este resultado sugere a cronicidade da infecção nestes portadores. A maioria dos indivíduos (60 a 80%) que se infecta com o VHC torna-se portador crônico, sendo a maior parte, cerca de 80%, assintomático na fase aguda14. O resultado deste estudo é menor que alguns trabalhos realizados em unidades de hemodiálise15. Estudo realizado em Porto Alegre mostrou prevalência de 29,1% de soropositividade do anti-HCV entre pacientes dialisados16. Estes resultados foram ainda diferentes de um estudo realizado na cidade de São Paulo que mostrou uma prevalência de 1 a 4% de anti-HCV, em pacientes hemodialisados, variando de acordo com a faixa etária17. Para os pacientes em tratamento dialítico, a exposição a produtos sanguíneos contaminados é um fator epidemiológico importante, que aliadas às técnicas utilizadas durante o procedimento, podem ser consideradas fator de risco em potencial. O VHC pode ser introduzido nas unidades de diálise por pacientes que receberam múltiplas transfusões ou pertenceram a grupo de risco. Estes pacientes podem servir como reservatório e disseminam a infecção entre outros pacientes e a equipe médica. A transmissão nosocomial é o principal meio de disseminação da infecção pelo VHC entre pacientes dialisados18,19. Por outro lado a hepatite B também é uma infecção muito frequente entre usuários nas unidades de diálise. O resultado deste estudo foi semelhante aos resultados encontrados em Santa Catarina (10%)20 entretanto foi inferior aos resultados encontrados em Belo Horizonte (4.4%)21 e na cidade de Goiânia (5,8%)22. Os resultados encontrados neste estudo foram mais elevados do que os encontrados em países desenvolvidos como Suíça (1,6%,) e EUA (1%)23, entretanto os resultados foram menores que os encontrados em países do oriente como a China (37,7%), em pacientes submetidos a hemodiálise de manutenção e infectados pelo vírus da hepatite B7. Entre os pacientes investigados, apenas um apresentou a co-infecção de hepatite B e C, o que pode levar a mais agressiva forma de doença hepática. Estudos sobre a prevalência de co-infecção de VHB e VHC em hemodiálise são mais raros do que em pacientes não hemodialisados24. Estudo realizado por Reddy et al.,15 em uma cidade da Índia com 134 pacientes em hemodiálise encontrou uma prevalência de 3,7% da infecção dupla, que foi maior do que os doentes não hemodialisados, em um grupo de 1.018 pacientes (0,09%). A dupla infecção pelo VHB e VHC, apesar de raro, ocorre com mais frequência em determinados grupos de risco, como os pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) por frequente exposição a transfusões de sangue e de cir- 34 culação extracorpórea durante a hemodiálise. Quando se analisou a relação dos fatores socioeconômicos dos pacientes quanto ao sexo, observouse que o resultado deste estudo foi diferente do estudo realizado em Porto Alegre para avaliar a prevalência da soropositividade do anti-HCV em pacientes em hemodiálise, onde 42,7% eram mulheres, com idade média de 54,3 anos1. Em Fortaleza (CE) estudo semelhante, mostrou que 60,0% eram do sexo masculino e a idade variou de 10 a 86 anos (média de 43,5 anos)25. Em Pequim em 2007, estudo realizado com 88 pacientes em hemodiálise de manutenção, 33 pacientes apresentaram positividade para o VHB, entre o grupo, a maioria era do sexo feminino (52,27%) com a média de idade de 55,46 ± 13,78 (variação 25-76) anos7. Com relação à população em geral, as pessoas do sexo masculino são as mais acometidas. Estudo realizado no Brasil demonstrou que os aproximadamente 29.800 casos de hepatite B confirmados de 1996 a 2000, quase 20.000 ocorreram no sexo masculino o que corresponde a aproximadamente 67% dos casos26. No Inquérito Nacional de Base populacional realizado nas macrorregiões do país e no Distrito Federal, os homens apresentaram maior probabilidade de exposição ao VHB em todas as regiões e no Distrito Federal, exceto na Região Norte11. Considerando os principais riscos de progressão para hepatite crônica B, estes estão relacionados com: sexo masculino, indivíduos imunodeprimidos, renais crônicos em diálise; renais crônicos pós-transplantados, homens portadores de HIV que fazem sexo com homens, crianças portadoras da Síndrome de Down, leucêmicos, variabilidade genética, mutação genética. Do mesmo modo com relação à idade, 58,6% estavam entre a 4ª e 6ª década de vida. No Brasil, de acordo com o Inquérito Nacional de Base populacional realizado nas macrorregiões do País e no Distrito Federal apontaram uma prevalência de anti-HCV corresponde a 1,56% e de HBsAg 0,6% na faixa etária de 20 a 69 anos de idade 11. Relações sexuais desprotegidas configuram como importante fator de risco epidemiológico das hepatites B e C. A contaminação através da relação sexual é o meio mais comum para a transmissão do vírus da hepatite B e até 6% dos casos de contaminação pelo vírus C. Além de outras formas usualmente conhecidas, bem como o uso de drogas intravenosas, manipulação de materiais contaminados por profissionais de saúde e a administração de produtos derivados do sangue que ocorreram antes de 199227. Resultado do Inquérito Nacional de Base populacional realizado nas macrorregiões do país e no Distrito Federal foi detectado que a transmissão sexual foi relevante nas Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul, sendo que, nesta última, a transmissão sanguínea também se destacou11. Neste estudo a maioria era casada, aspecto importante relacionado à exposição por ter parceiro fixo; porém devido a sua condição de usuário dependente do programa de hemodiálise, se configuram como de risco potencial. O tempo em que os indivíduos estão no programa de hemodiálise representa fator que favorece à exposição ao VHB e VHC. Neste estudo mais da metade Rev Pesq Saúde, 12(3): 32-36, set-dez, 2011 CorrêaRGCF, FonsecaLMB, SilvaRA, PatrícioFJB, Lima GO, SilvaALA dos usuários se encontravam há mais de 5 anos em tratamento. Indivíduos em hemodiálise são de alto risco para infecções da hepatite viral devido ao elevado número de transfusões sanguíneas, prolongado acesso vascular e de potencial exposição aos doentes infectados, além de equipamentos contaminados15,28. Pesquisa realizada em 2004 no Ceará com 663 pacientes que realizavam hemodiálise, para determinar a prevalência de anticorpos anti-VHC, identificou a associação univariada de potenciais fatores de risco individuais para manutenção no tratamento, dentre eles o tempo de hemodiálise foi um dos fatores significativamente associadas ao desfecho28. De acordo com Mast et al.29, é possível a associação da soropositividade do VHC com a duração do tratamento representando, portanto uma diferença significativa entre os pacientes em hemodiálise. Outros estudos mostram que a média de tempo de hemodiálise foi maior nos pacientes reagentes para o anti-VHC que estão mais tempo em tratamento dialítico e, portanto, mais sujeitos a acidentes com potencial de contaminação e maior chande de serem transfundidos. Outras investigações têm demonstrado que a duração do tratamento de hemodiálise tem estreita correlação com a positividade da hepatite B e C e a importância da transmissão nosocomial1,20,21. A Insuficiência Renal Crônica (IRC) aparece como diagnóstico principal, dentre as comorbidades; o risco de doença cardiovascular em indivíduos com IRC é maior do que na população geral. Pacientes em hemodiálise de manutenção têm prevalência aproximada de 40% de doença arterial coronariana e de insuficiência cardíaca e 75% de hipertrofia de ventrículo esquerdo. A mortalidade cardiovascular estimada é de 9% ao ano, sendo 10 a 20 vezes maior do que na população geral29. A prevalência de VHC na população de pacientes portadores de insuficiência renal crônica que realizam diálise é considerada elevada no Brasil. Estudo realizado por Gomes e Gigante16 em Porto Alegre (RS) encontrou uma prevalência de 29,1%. A maior prevalência do anti-HCV em pacientes que estavam ou estiveram em tratamento por hemodiálise deve-se ao fato de esta- rem mais sujeitos a acidentes e têm maior potencial de contaminação por falhas de biossegurança. Como diagnóstico secundário, os resultados revelaram que a patologia prevalente foi a glomerulonegrite crônica, seguido de hipertensão arterial e diabetes. Pressão alta não controlada juntamente com a diabetes pode ser causa frequente de lesão renal, que pode levar o indivíduo ao tratamento de hemodiálise. Um número considerável de pacientes com hepatite crônica tipo B ou C em programa de diálise apresentam doenças associadas quando comparados à população geral. Doenças crônicas, como diabetes, frequentemente estão associadas o que pode levar a um controle menos eficaz da doença clínica e, consequentemente, uma morbimortalidade aumentada30. A Hepatite C é ainda a primeira causa de doenças crônicas hepáticas, e uma das razões mais comuns para transplantes de fígado. A viremia persiste em 85% a 90% dos indivíduos infectados e aproximadamente 70% dos quais desenvolvem algum grau de lesão hepática crônica apresentam risco potencial para progredir para cirrose e carcinoma hepatocelular. A infecção pelo VHC tem sido responsável por aproximadamente 70% dos casos de hepatite crônica e 40% dos casos de cirrose nos países industrializados. Projeção da incidência do impacto do hepatocarcinoma em 2008 mostrou que a cirrose ocorreria em torno de 61%, hepatocarcinoma em 68% e necessidade de transplante de 52,8%2. A cronicidade da doença, o potencial evolutivo da hepatite C para cirrose e hepatocarcinoma, assim como o fato de ser a mais frequente etiologia diagnosticada em casos de transplante hepático, faz com que as hepatites virais se constituam grave problema de saúde pública. Neste estudo a frequência para hepatite C nos indivíduos em hemodiálise foi superior que da hepatite B. A maioria era do sexo masculino e estavam em tratamento hemodialítico entre 6 a 10 anos e a patologia associada mais frequente foi a Glomerulonefrite Crônica e Hipertensão Arterial. A presença de comorbidades associadas reflete como provável forma de agravar o quadro de saúde dos pacientes. Referências 1. Ferreira RC, Teles SA, Dias MA, Tavares VR, Silva SA, Gomes SA, Yoshida CFT, Martins RM. Hepatitis B virus infection profile in hemodialysis patients in Central Brazil: prevalence, risk factors, and genotypes. Mem Inst Oswaldo Cruz, 2006; 101(6): 689-692. 5. 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Estudo de prevalência de base populacional das infecções pelos vírus das hepatites A, B e C nas capitais do Brasil. Universidade de Pernambuco, Brasília - DF, 2010; 211 p. 12. Te HS, Jensen DM. Epidemiology of hepatitis Band C viruses: a global overview – Clin Liver Dis. 2010; 14: 1-12. 13. Viana GMC, Diniz Neto JA, Binda Júnior JR, Rabelo EMF, Costa MHA, Sousa JG, Tanaka BN, Silva AR. Marcadores sorológicos de hepatites B e Cem doadores de sangue no Estado do Maranhão, Brasil. Rev Panam Infectol, 2009; 11(2): 20-24. 20. Carrilho FJ, Moraes CR, Pinho JRR et al., Hepatitis B virus infection in Haemodialysis Centres from Santa Catarina State, Southern Brazil. Predictive risk factors for infection and molecular epidemiology. BioMed Central Public Health, 2004; 4(40): 1-11. 21. Busek SU, Babá EH, Tavares Filho HÁ, Pimenta L, Salomão A, Corrêa-Oliveira R, Oliveira GC. Hepatitis C and hepatitis B virus infection in different hemodialysis units in Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil. 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Rev Pesq Saúde, 12(3): 32-36, set-dez, 2011 ISSN-2179-6238 Artigo de Revisão / Review Article MODELOS ASSISTENCIAIS EM SAÚDE BUCAL NO BRASIL: revisão de literatura ASSISTANCE MODELS IN ORAL HEALTH IN BRAZIL: literature review Elza Bernardes Ferreira1, Thalita Queiroz Abreu2 e Ana Emília Figueiredo de Oliveira3 Resumo Introdução: Entende-se por modelo assistencial o modo como são produzidas as ações de saúde e a maneira como os serviços de saúde e o Estado se organizam para produzi-las e distribuí-las. Ao longo dos anos, diversas tentativas aconteceram no intuito de se estabelecer um modelo efetivo de saúde bucal. O conhecimento desses modelos é de suma importância para a construção de uma odontologia pública de qualidade e maior eficácia. Objetivos: Discorrer a respeito dos modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil. Métodos: Realizou-se revisão de literatura com abrangência temporal dos estudos definida entre os anos de 1988 e 2008 e, o idioma, textos em português, utilizando como palavras chaves “Odontologia Comunitária”, “Programas Nacionais de Saúde” e “Saúde Bucal”. Resultados: Foi possível identificar na literatura consultada os seguintes modelos: Sistema Incremental, Odontologia Simplificada e Integral, Programa de Inversão da Atenção, Atenção precoce em Odontologia e Odontologia a partir do Núcleo Familiar. Conclusão: Foi possível observar que todos os modelos assistenciais em saúde bucal, apesar das falhas, tiveram sua importância no processo de construção e reestruturação do Sistema Único de Saúde e que o entendimento a respeito da evolução de tais modelos é primordial para o desenvolvimento de práticas alternativas àquelas que fracassaram ao longo dos anos. Palavras-chave: Odontologia Comunitária. Programas Nacionais de Saúde. Saúde Bucal. Abstract Introduction: Assistance model is the way in which the health actions are produced and how the health services and the state work together to produce and distribute them. Over the years, several attempts were done in order to establish an effective model of oral health. Knowledge about these models is of paramount importance for the construction of a public dental quality and greater efficiency. Objective: Discuss about the assistance models of dental health in Brazil. Methods: We conducted a literature review with the temporal scope of the studies defined between the years 1988 and 2008. We used the texts in Portuguese language, and "Community Dentistry", "National Health Programs" and "Oral Health" as keywords. Results: The following models were identified in the literature: incremental system, simplified comprehensive dentistry, inversion of attention program, early dental attention and nuclear family dentistry. Conclusion: It was possible to observe that all care models of oral health, despite the mistakes, had their importance in the construction and restructuring of the Public Health System. The understanding of the evolution of such models is crucial for the development of alternative practices to those that failed over the years. Keywords: Community Dentistry. National Health Programs. Oral Health. Introdução O Ministério da Saúde define "modelo assistencial" sendo, de maneira geral, o modo como são produzidas as ações de saúde e a maneira como os serviços de saúde e o Estado se organizam para produzí-las e distribuí-las1. A assistência odontológica até os anos 50 era prestada, principalmente, nos centros urbanos por dentistas em prática privada, pagos por desembolso direto. A prática odontológica seguia, de forma bastante similar, os padrões assistenciais da medicina e reproduzia, integralmente, o modelo educacional de prática odontológica da Escola Norte Americana, adotado nas universidades brasileiras, podendo ser caracterizada como cientificista ou flexneriana, na medida em que privilegiava o individualismo, tendo o indivíduo como objeto de prática e responsável pela saúde2. Na década de 50 o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) implementou o primeiro programa de saúde pública no Brasil, conhecido como Sistema Incremental, cujo alvo principal era a população em idade escolar, considerada epidemiologicamente como mais vulnerável e, ao mesmo tempo, mais sensível as intervenções de saúde pública3. A odontologia se viu reduzida aos programas odontológicos a escolares. O Sistema Incremental se tornou ineficaz à medida que foi se transformando em receita, em padrão a ser reproduzido acriticamente, em contextos de precariedade gerencial, falta de recursos e ausência de enfoque epidemiológico dos programas com exclusão da assistência ao restante da população ao acesso e tratamento odontológico4. Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, os modelos assistenciais de abrangência municipal passaram a ter uma expressiva importância, com o início da implantação da municipalização das ações de saúde. A Saúde Bucal Coletiva, enquanto paradigma da programação da Odontologia no Contexto do SUS traz como princípios a universalidade da aten- 1. Professora Substituta do Curso de Odontologia - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Docente do Curso de Odontologia - Instituto Florence - São Luís - MA. 3. Docente do Curso de Odontologia - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Contato: Elza Bernardes Ferreira. E-mail: [email protected] 2. Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011 37 Modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil: revisão de literatura ção, eqüidade, territorialização, integralidade e controle social. Essas diretrizes foram as que puseram em cheque os modelos vigentes e imputaram um desafio muito grande aos municípios que se propuseram a reorganizar os seus modelos assistenciais1. A partir daí surgiram outros modelos que nortearam as ações em odontologia a fim de garantir a universalidade do acesso, como o Programa de Inversão da Atenção, a Atenção Precoce em Odontologia (Odontologia para Bebês) e a Odontologia a partir do Núcleo Familiar (Saúde da Família). Dessa forma, sabendo-se da importância dos modelos assistenciais para a construção de uma odontologia pública de maior eficácia e qualidade, o presente trabalho tem como objetivo observar na literatura relatos de modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil. Metodologia Esta revisão bibliográfica foi dividida em duas etapas: a primeira etapa consistiu na procura dos descritores no site Descritores em Ciências da Saúde (http://decs.bvs.br). Depois foram estabelecidos dois critérios para refinar os resultados: a abrangência temporal dos estudos definida entre os anos de 1988 e 2008 e, o idioma, textos em português. Essa busca foi feita no SCIELO e Lilacs. Os descritores utilizados foram: “Odontologia Comunitária”, “Programas Nacionais de Saúde” e “Saúde Bucal”. Resultados Foram selecionadas 37 referências que atendiam aos critérios de refinamento. Desses, foram excluídos os textos duplicados, o que redundou um quantitativo de 26 trabalhos. Foi possível identificar como principais modelos assistenciais o Sistema Incremental, Odontologia Simplificada, Odontologia Integral, Programa Inversão da Atenção (PIA), Atenção precoce em Odontologia (Odontologia para Bebês e Odontologia a partir do Núcleo Familiar). Discussão Modelo assistencial pode ser definido como “conjunto de ações que, incluindo a assistência individual, não se esgota nela”. Porém, é importante o entendimento de que um modelo assistencial apenas nos dará bases para reorganização da atenção primária enquanto profissionais da odontologia, não sendo uma fórmula mágica para organização dos serviços5. No começo do século passado, a odontologia era caracterizada por atividades fundamentadas no modelo hegemônico, realizada fundamentalmente pelo cirurgião-dentista. Era baseada no paradigma flexneriano, caracterizado por ser mecanicista, biologicista, individualista, especialista e curativista. Somente a partir da década de 50 que a odontologia iniciou um processo interno de questionamento e busca de novas soluções6. Sistema Incremental Historicamente, a assistência odontológica pública no Brasil adquiriu estrutura a partir dos clássicos modelos de assistência a escolares, preconizado 38 pela então Fundação Serviços Especiais de Saúde Pública (FSESP) nos anos 50 e pelo atendimento à livre demanda em unidades de saúde. Nesse período, os modelos gerenciais que orientavam as ações de saúde bucal estavam estabelecidos de forma disseminada entre as várias instituições que prestavam assistência odontológica. Dentre estes modelos gerenciais, o que se estabeleceu como hegemônico foi o Sistema Incremental em escolares que, na maioria dos casos, estava ligado aos programas de Saúde Escolar7. O Sistema Incremental, apesar do grande progresso que representou para a assistência odontológica da época, se mostrou já no início dos anos 70, como um modelo ultrapassado, tanto do ponto de vista de sua eficácia, quanto de sua abrangência e cobertura. No primeiro caso, pelo fato de ter se estabelecido a partir do paradigma curativo-reparador, bem diferente da concepção curativo-preventiva, o que provocou, na melhor das hipóteses, um aumento no número de dentes restaurados, mas sem nenhum impacto sobre os níveis de doença bucal. No que se refere à abrangência, tratava-se de um modelo excludente, na medida em que priorizava (mais no sentido de exclusividade do que de prioridade) os escolares de 7 a 14 anos (com algumas variações), supondo-se ser uma parcela da população de fácil acesso. Pensava-se que, realizando o atendimento daquelas crianças em idade escolar, quando estas chegassem à idade adulta, já não mais apresentariam problemas de saúde bucal. Acontece que, excluindo-se o restante da população do atendimento preventivo-curativo, não houve sucesso quanto a redução do índice CPO-D (Dentes Cariados Perdidos e Obturados). Seus resultados são satisfatórios quanto ao tratamento completado em escolares, porém não houve redução do índice de cárie da população brasileira, como pretendia seu objetivo inicial8,9. Embora tenha sido um modelo programático, ou seja, em tese poderia ser aplicado a qualquer clientela circunscrita, o Sistema Incremental acabou se tornando sinônimo de modelo assistencial em saúde bucal (na realidade, um modelo de assistência a escolares) e se manteve como hegemônico por mais de 40 anos. Esse sistema se tornou ineficaz à medida que foi se transformando em receita, em padrão a ser reproduzido acriticamente, em contextos de precariedade gerencial, falta de recursos e ausência do enfoque epidemiológico dos programas9,10. Apesar das limitações do Sistema Incremental, ele foi adotado na época por grande parte dos municípios brasileiros devido a sua comodidade em realizálo. Devido às práticas preventivas, ainda que incipientes de fluoretação da água de abastecimento naquelas regiões desprovidas de tal elemento químico, bem como a aplicação tópica de flúor na clientela adstrita ao programa, foi um marco para o desenvolvimento da saúde bucal pública no país, tendo em vista a quebra do modelo de livre demanda nos consultórios11. Assim, no período entre os anos 50 e fins dos anos 80, a assistência odontológica pública brasileira tinha como característica possuir um modelo predominante de assistência a escolares (na maioria das vezes, com Sistema Incremental) e, para o restante da população, a assistência se dava de forma disseminada entre as variadas instituições, dentre as quais as convenia- Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011 FerreiraEB, Abreu TQ, Oliveira AEF das com o Sistema Previdenciário (INAMPS), as Secretarias Estaduais de Saúde e entidades filantrópicas9,10. Odontologia Simplificada A expressão odontologia simplificada apareceu no discurso odontológico brasileiro nos anos setenta. A mesma expressão vinha sendo utilizada também em outros países da América Latina. A odontologia simplificada fazia crítica da odontologia científica e se reivindicava alternativa, a partir de outro paradigma11. O sistema simplificado oferecia o aproveitamento racional do tempo do profissional de nível superior pelo surgimento, nesse período, do pessoal auxiliar; o número de consultas necessárias para chegar ao término do tratamento diminuiu ao mesmo tempo em que aumentava o número de usuários atendidos em função do aumento dos tratamentos concluídos. Com todas essas mudanças a odontologia simplificada não comprometia a qualidade dos serviços prestados aos usuários12. Embora essa odontologia discursasse sobre a importância da prevenção, sua prática priorizava o curativo, na medida em que não se transformavam os elementos estruturais da odontologia flexneriana, mas, apenas se lhes racionalizavam11. Odontologia Integral O contexto conflituoso, colocado, principalmente, pelos dilemas da quantidade versus qualidade e da prevenção versus curativo obrigou a uma reflexão mais profunda sobre a prática da odontologia simplificada, dando início a uma outra concepção de odontologia alternativa, que não deveria ser mais uma prática complementar à odontologia científica, mas uma nova forma de pensar e fazer odontologia. Essa prática é a odontologia integral12. Esse modelo enfatizou a mudança dos espaços de trabalho. Tradicionalmente localizados nas escolas, os consultórios foram transferidos para as Unidades Básicas de Saúde, proporcionando uma ação mais integrada com as outras áreas da saúde e gerando uma assistência mais universal. Além disso, foram paulatinamente ampliados estes espaços, aumentando a capacidade do sistema. Suas características principais foram a promoção e prevenção da saúde bucal com ênfase coletiva e educacional; abordagem e participação comunitária; simplificação e racionalização da prática odontológica e desmonopolização do saber com incorporação de pessoal auxiliar7. Porém se baseava ainda no Sistema Incremental com certas alterações9. alguns municípios de Minas Gerais, entre os mais significativos, João Monlevade e Timóteo8,9. Na realidade, o grande valor deste sistema foi o resgate de uma matriz programática sob as novas bases que se apresentavam (em síntese, os princípios do SUS). Conceitualmente, o sistema buscou incorporar os avanços da Odontologia Integral adaptando seu marco teórico a uma estrutura organizativa baseada no SUS. Sua principal característica baseava-se intervir antes e controlar depois. Estabeleceu um modelo centrado em três fases, interrelacionadas e retroalimentadas por um sistema de informação eficaz. A primeira fase, a "estabilização", visava reduzir a incidência e a velocidade de progressão da doença bucal, utilizandose de ações preventivas coletivas e individuais nãoinvasivas, para o controle da doença, e ações individuais de tecnologia invasiva para o controle da lesão. A segunda fase, a "reabilitação", ocorreu o restabelecimento da estética e função perdidas pelas seqüelas da doença. Na terceira fase se dá o "declínio", objetivando o controle da doença e da lesão e supondo trabalhar com a população sobre os fatores condicionantes, com a introdução de noção e métodos de auto-cuidado. Contava, para isto, com ações de controle epidemiológico da doença cárie, uso de tecnologias preventivas modernas (escandinavas), mudança da “cura” para “controle” e ênfase no auto-controle, em ações de caráter preventivo promocional8,13,14,15. Apesar dos avanços apresentados por essa modalidade de atendimento, verifica-se, ainda, a prevalência dos escolares no desenvolvimento das ações programática em saúde. Entretanto, nota-se o desenvolvimento das ações preventivas em detrimento das técnicas exclusivamente curativas e mutiladoras do modelo anterior. Contudo, devido aos fatores já estudados, o modelo não leva em conta as reais necessidades epidemiológicas da população, não havendo, assim, redução significativa do índice CPOD, principalmente naquela faixa etária não atendida pelo programa16. O padrão teórico referencial do PIA em muito se assemelha a outras elaborações teóricas surgidas anteriormente, como a Odontologia Integral, na maneira de que são mantidas as mesmas críticas ao modelo vigente e resgata a necessidade de uma abordagem preventivo-promocional na batalha às doenças bucais. Do ponto de vista da lógica programática, incorpora conceitos do Planejamento Estratégico Situacional (PES), territorialização, busca da universalidade da atenção e trabalha com tecnologias preventivas de alto conteúdo controlador e tecnológico-dependentes, como, por exemplo, a utilização desenfreada de selantes5,8,13. Programa Inversão da Atenção (PIA) Em função de várias críticas ao Sistema Incremental, entre elas o fato de ser um programa excludente, e extremamente curativista, baseado, principalmente no número de tratamentos completados e não no controle e declínio da doença cárie, surgiu no final dos anos 80 e início da década de 90 o Programa Inversão da Atenção (PIA) elaborado pelos professores Loureiro e Oliveira, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), cujo princípio básico é a mudança do enfoque de “cura” da cárie para o “controle”. Esse programa obteve um relevante sucesso em Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011 Atenção precoce em Odontologia (Odontologia para Bebês) A atenção precoce é uma conquista da Odontologia, e representa a incorporação de um novo entendimento da abordagem das doenças bucais fortemente centrada numa perspectiva preventiva-promocional. Iniciada a partir do desenvolvimento da Cariologia, a sua incorporação na prática deveu-se à disseminação da idéia do tratamento da cárie enquanto doença infecciosa, reforçando a importância do controle dessa o mais precocemente possível5,17,18. 39 Modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil: revisão de literatura Devido a prática contínua de se priorizar o grupo dos escolares de 7 a 14 anos, a assistência odontológica a crianças menores de 6 anos sempre se estabeleceu como um problema ao Brasil. Esta exclusão da população abaixo de 6 anos era explicada pelo conhecimento predominante em relação ao desenvolvimento da doença cárie, bem como por critérios operacionais (era mais prático atender somente escolares de primeiro grau). A concepção de que o desenvolvimento da cárie na dentição decídua não trazia nenhuma relação com a dentição permanente trouxe a idéia de que o tratamento para a dentição decídua não era necessário (pelo menos em nível de Saúde Pública). Este fundamento se estruturou em uma norma bastante conhecida de tratar somente os molares permanentes em programas de atenção a escolares19. A partir dos avanços no estudo da cárie e sua inclusão na prática de alguns sistemas de saúde bucal no Brasil, o princípio do tratamento da cárie enquanto doença infecciosa se expandiu, ressaltando a importância de seu controle o mais precocemente possível. A atenção precoce em Odontologia surge com o resgate destes conhecimentos, enfatizando a necessidade de inclusão da clientela de 0 a 5 anos em programas de saúde bucal. A atenção odontológica precoce a partir do nascimento foi iniciativa pioneira da Universidade Estadual de Londrina (PR), com a implantação da BebêClínica pelo professor Luís Reinaldo de Figueiredo Walter, estratégia conhecida como “Odontologia para Bebês”. O resultado desta estratégia comprovou a eficácia de um programa com enfoque totalmente inovador, mostrando diferenças significativas em relação à prevenção da cárie dental em idades mais precoces do início do atendimento. Outros serviços setorizados e consultórios particulares passaram a oferecer este tipo de trabalho, entretanto não é ainda de fácil acesso a população20. A atenção odontológica precoce foi introduzida com o objetivo de manter a saúde bucal, dentro de uma filosofia de tratamento educativo e preventivo, considerando que é consensual entre os estudos que o acometimento precoce das lesões de cárie ocorre na primeira infância e o aumento de sua prevalência e severidade estabelece-se de acordo com a idade21. Entretanto, a implementação dessa prática dentro dos serviços deve obedecer à lógica da integralidade das ações, da universalidade no acesso aos serviços e da eqüidade. A disseminação de uma técnica preventiva apenas, dirigida a uma população restrita, sem se constituir numa estratégia componente de um todo que envolva toda a população a ser assistida, corre o risco de gerar modelos excludentes, pouco resolutivos e ineficientes5,18. De certa maneira, pode-se estabelecer o mesmo raciocínio para a expansão das bebês-clínicas e do PIA. Ambos refletem as deficiências históricas dos municípios em resolver seus problemas de assistência à saúde bucal de "dentro para fora", preferindo modelos prontos e implantados acriticamente5. Odontologia a partir do Núcleo Familiar. O Programa de Saúde da Família (PSF) foi concebido pelo Ministério da Saúde em janeiro de 1994, com o objetivo de proceder à reorganização da prática assis- 40 tencial em novas bases e critérios, em substituição ao modelo tradicional de assistência, orientado pela cura de doenças e para a atenção hospitalar22. Representa, pelo menos, duas novas formas de abordagem da questão da saúde da população: primeiro, busca ser uma estratégia para reverter a forma atual de prestação de assistência à saúde; e uma proposta de reorganização da atenção básica como eixo de reorientação do modelo assistencial, respondendo a uma nova concepção de saúde. Esta concepção não é mais centrada somente na assistência à doença, mas, sobretudo, na promoção da qualidade de vida e intervenção nos fatores que a colocam em risco pela incorporação das ações pragmáticas de uma forma mais abrangente e do desenvolvimento de ações intersetoriais23. A base operacional do programa centraliza-se no atendimento do núcleo familiar, tendo as seguintes diretrizes: caráter substitutivo, integralidade e hierarquização, territorialização, adscrição da clientela e equipe multidisciplinar. Deste modo, há uma sintonia entre as formulações do Programa de Saúde da Família com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), tais como a universalidade, equidade da atenção e integralidade das ações. Estrutura-se, assim, na lógica básica de atenção à saúde, gerando novas práticas e afirmando a indissociabilidade entre os trabalhos clínicos e a promoção da saúde24. A estratégia do PSF propõe uma dinâmica para a estruturação dos serviços de saúde, bem como para a sua relação com a comunidade e entre os diversos níveis e complexidade assistencial. Assume o compromisso de prestar assistência universal, integral, equânime, contínua e, acima de tudo, resolutiva à população, na unidade de saúde e no domicílio, sempre de acordo com as suas reais necessidades, além disso, identifica os fatores de risco aos quais ela está exposta, neles intervindo de forma apropriada24. No ano 2001, ocorreu a inclusão dos profissionais da saúde bucal (cirurgião-dentista, técnico de higiene dental e auxiliar de consultório dentário) ao PSF, pela necessidade de melhorar os índices epidemiológicos de saúde bucal e de ampliar o acesso da população brasileira às ações a ela relacionadas, em termos de promoção ou de proteção e recuperação, impulsionando a decisão de reorientar as práticas de intervenção25. Em 2004, em função da grave situação bucal apresentada pela população brasileira, surgiu a necessidade da elaboração de uma Política Nacional de Saúde Bucal – Brasil Sorridente. Esta política aparece como elemento chave para a ampliação do acesso da população aos serviços odontológicos, principalmente os de maior complexidade com a instalação dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs), que tem como objetivo contribuir para a melhoria dos indicadores epidemiológicos26. No entanto, existem algumas críticas ao PSF como, por exemplo, o acesso integral dos indivíduos aos serviços públicos de saúde que não é assegurado em todas as unidades de saúde da família, já que os serviços de referência e contra-referência muitas vezes não são adquiridos de forma resolutiva, tornando o PSF um programa restrito à atenção básica4. Além disso, o que se vê ao longo dos anos são equipes centradas na figura do médico visto como o Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011 FerreiraEB, Abreu TQ, Oliveira AEF “chefe”, sendo refletida nas melhores condições salariais dessa classe quando comparada aos outros profissionais vinculados à equipe, o que contribui negativamente nos serviços prestados à comunidade, bem como o desenvolvimento de ações curativas centralizadas na figura do Cirurgião-Dentista, que insiste em atender apenas entre quatro paredes, praticando ainda ações semelhantes ao do modelo incremental da década de 5023. Outra crítica pertinente ao PSF é a forma de contratação dos profissionais em alguns municípios que não utilizam concursos públicos. Assim, o ingresso de profissionais realmente capacitados torna-se restrito, suscetível a políticas partidárias e favorecimentos desleais23. Com base nestas considerações, o entendimento a respeito da evolução dos modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil torna-se indispensável para o desenvolvimento de práticas alternativas àquelas que fracassaram no passado. Apesar do fracasso, os avanços desses modelos foram inegáveis para o processo de construção e reestruturação do Sistema Único de Saúde, porém tais avanços ainda estão longe de consolidar esse sistema. Esses modelos caracterizaram-se como excludentes, centralizadores, movidos por uma prática curativista, tecnicista e mutiladora. Desse modo, é pertinente o conhecimento de tais modelos para que se possam programar as ações dentro do Sistema Único de Saúde, elevando, assim, as ações promovidas de forma a se apreciar os princípios do SUS em sua totalidade. Referências 1. Brasil. Ministério da Saúde - Secretaria Geral/SESUS. Modelos assistenciais no Sistema Único de Saúde. Brasília, 1990, 60p. 12. Mendes EV. 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Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação de acompanhamento e avaliação da atenção básica. Saúde Bucal. Informe Atenção Básica n. 7, ano 2, Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 42 26. Garcia DV. A Construção da Política Nacional de Saúde Bucal percorrendo os bastidores do processo de formulação. [Tese]. Instituto de Medicina Social Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006, 105p. Rev Pesq Saúde, 12(3): 37-42, set-dez, 2011 ISSN-2179-6238 Artigo de Revisão / Review Article PROTOCOLO DE ATENDIMENTO DO PACIENTE COM ESTOMATITE PROTÉTICA NA ATENÇÃO BÁSICA PRIMARY CARE FOR PATIENTS WITH DENTURE STOMATITIS Samantha Ariadne Alves de Freitas1, Aretha Lorena Fonseca Cantanhede1, Juliana de Kássia Braga Fernandes2 e Frederico Silva de Freitas Fernandes3 Resumo Introdução: No Brasil, o número de usuários de próteses dentárias é bastante elevado, principalmente entre os idosos. Considerando-se a alta prevalência da estomatite protética nos portadores de próteses removíveis e a alta taxa de mortalidade e morbidade dos pacientes em condição de enfermidade e/ou imunossupressão que apresentam estomatite protética, é importante que o cirurgião-dentista da atenção básica esteja capacitado para diagnosticar, prevenir e tratar essa patologia. Entretanto, as ações desenvolvidas pelo Programa de Saúda da Família (PSF) estão voltadas apenas ao controle da cárie e doença periodontal, ou seja, ao paciente dentado. Em se tratando de um paciente desdentado, este é logo encaminhado a um Centro de Especialidade Odontológica (CEO) para que possa ser atendido por um especialista em prótese, enquanto que, esse encaminhamento só deveria ser realizado após o tratamento da estomatite protética e nos casos em que há necessidade de substituição ou reparo da prótese removível. Objetivo: Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo capacitar o profissional do PSF para o atendimento do paciente com estomatite protética. Conclusão: Considerando-se que a população assistida pelo PSF é de baixa renda, a partir de uma revisão de literatura foi possível estabelecer um protocolo de atendimento que prioriza métodos simples e mais baratos de diagnóstico, prevenção e tratamento da estomatite protética pela atenção básica, mas que têm sua eficácia comprovada por meio de estudos científicos. Palavras-chaves: Saúde da Família. Prótese Total. Estomatite sob Prótese. Abstract Introduction: In Brazil, the number of dental prosthesis users is very high, mainly among the elderly. Considering the high prevalence of denture stomatitis in patients with removable dentures as well as the high mortality and morbidity rate of ill and/or immunocompromised patients, the Family Health Program (FHP) dentists should be able to diagnose, treat and prevent accurately this disease. However, the actions undertaken by these dentists are directed only to patients presenting periodontal disease or to control dental caries, it means, to dentate patient. Edentulous patients presenting oral disease are sent to the Specialized Dental Clinics (SDC) to be treated by the prosthodontist. Thus, denture stomatitis patients should be sent to these clinics only after they treated the denture stomatitis and in the cases when it is necessary to repair or replace the removable denture. Objective: To enable FHP dentists to treat patients with denture stomatitis. Conclusion: Considering that the population assisted by the FHP falls into a low-income category, this literature review developed an attendance protocol for the patients with denture stomatitis to be adopted by the FHP dentist that prioritizes simple and inexpensive methods of diagnosis, prevention, treatment, and which its effectiveness was tested by scientific studies. Keywords: Family Health Program. Complete Denture. Denture Stomatitis. Introdução O Programa Saúde da Família (PSF) surgiu na década de 1990, com uma proposta de mudança do modelo assistencial, a partir de uma reorganização da Atenção Básica1. De acordo com o documento oficial que define as bases do programa, a Estratégia Saúde da Família (ESF) pauta suas ações priorizando a proteção e promoção à saúde dos indivíduos, das famílias e das comunidades de forma integral e contínua2. A necessidade de ampliação do acesso da população brasileira às ações de promoção, prevenção e recuperação da Saúde Bucal; a necessidade de melhorar os índices epidemiológicos da Saúde Bucal da população e a necessidade de incentivar a reorganização da Saúde Bucal na atenção básica foram os motivadores da implantação das ações da Saúde Bucal no PSF em 2000, por meio da Portaria Nº. 1.444 do Ministério da Saúde. Entretanto, ainda hoje, a maioria dos cirurgiões-dentistas se encontra envolvida, basicamente, no atendimento clínico, priorizando ações curativas e técnicas, em detrimento das atividades de promoção e prevenção da saúde estabelecidas para o PSF3. Quando realizadas, as atividades preventivas do PSF são voltadas ao controle da cárie e da doença periodontal, ou seja, ao paciente dentado. Por outro lado, apesar dos altos índices de edentulismo no país, pouca atenção tem sido dada ao controle das doenças que acometem essa parcela da população brasileira.4 Dentre essas, destaca-se a candidose oral, presente em até 65% dos usuários de próteses removíveis,5 sendo considerada a patologia mais frequentemente diagnosticada nesses indivíduos6. Quando associada ao uso de próteses, a candidose é também denominada de estomatite sob prótese ou estomatite protética. Apresenta-se como uma inflamação dos tecidos moles orais, geralmente em contato com superfícies de próteses mal adaptadas e/ou precariamente higienizadas7. A presença da candidose em pacientes em condição de enfermidade e/ou imunos- 1. Curso de Especialização em Saúde da Família - Instituto Florence de Ensino Superior - São Luís-MA Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Docente Substituto da UFMA Contato: Frederico Silva de Freitas Fernandes. E-mail: [email protected] 2. 3. Rev Pesq Saúde, 12(3): 43-48, set-dez, 2011 43 Protocolo de atendimento do paciente com estomatite protética na atenção básica supressão, em especial os idosos, é preocupante, na medida em que essa patologia está relacionada com mortalidade em pacientes debilitados (30-40%), além de ser responsável pelo aumento do tempo de permanência hospitalar desses pacientes8,9. Tendo em vista que, no Brasil, o número de usuários de próteses totais é bastante elevado, chegando a 31,81% dos adultos e 82,75% dos idosos10 e considerando alta prevalência da estomatite protética em usuários de próteses removíveis5, justifica-se a realização dessa revisão da literatura com o objetivo de capacitar o profissional do PSF para o atendimento do paciente com estomatite protética e estabelecer um protocolo de atendimento a ser adotado pelo cirurgião-dentista do PSF, que prioriza métodos de diagnóstico, prevenção e tratamento mais acessíveis, financeiramente, à população assistida por esse programa. Etiologia da candidose Apesar de, a Candida Albicans ser considerada o principal agente etiológico da candidose11,12, hoje é sabido que espécies de Candida não-Albicans (Candida Glabrata, Candida Tropicalis, Candida Dubliniensis, Candida Krusei) podem ser responsáveis por mais de 50% dos casos de infecção13,14. Os motivos dessa mudança ainda não estão completamente esclarecidos, sendo em muitas circunstâncias relacionados a repetidas profilaxias antifúngicas, as quais têm maior efeito sobre as espécies de Candida albicans15. Adicionalmente, é sabido que técnicas mais precisas de identificação celular e molecular tornaram possível a identificação de outras espécies que outrora eram desconhecidas13. Em indivíduos sadios, as espécies de Candida habitam a cavidade oral sob a forma de microrganismos comensais14. Entretanto, a ocorrência de fato-res predisponentes sistêmicos ou locais podem aumentar os níveis orais desses fungos e desencadear o aparecimento da candidose. Os principais fatores sistêmicos são: tratamentos imunossupressores em transplantados e na terapia do câncer, uso indiscriminado de antibióticos, uso de corticoides, pandemia de AIDS, Diabetes Mellitus, deficiências de ferro e vitaminas, dieta rica em carboidratos, estresse físico e emocional, idade avançada e fumo. Dentre os fatores locais, destacam-se: nutrição parenteral, hipossa-livação, higiene oral deficiente e uso de próteses removíveis16,17. Prótese removível x candidose As resinas empregadas para confecção da base das próteses removíveis funcionam como um nicho bastante favorável à proliferação de microrganismos, em especial às espécies de Candida18. Esta afirmação pode ser comprovada em um estudo realizado por Fernandes et al.19, os quais observaram que a instalação de uma prótese removível total ou parcial leva a uma aumento significativo dos níveis orais de Candida e que quanto maior a quantidade de resina presente na base da prótese, maiores os níveis orais desses microrganismos. O processo de colonização da superfície das próteses removíveis se inicia com a adesão das espécies de Candida à base das próteses, a qual é facilitada 44 pela alta hidrofobicidade de superfície celular desses microorganismos17. Uma vez aderidas, a base da prótese removível lhe confere proteção através de suas microporosidades, sulcos e depressões20,21. O pH baixo existente entre a base das próteses removíveis e a mucosa subjacente cria um ambiente bastante favorável à proliferação das células de Candida, dando origem às micro-colônias. O desenvolvimento celular e a maturação dessas colônias levam à formação de uma comunidade microbiológica altamente especializada, denominada biofilme. Esta comunidade encontra-se envolta por uma matriz de polissacarídeos extracelulares que lhe confere sustentação e proteção contra a ação antimicrobiana e física da saliva e de outros agentes químicos22,23. O biofilme de Candida formado sobre a base da prótese é considerado o principal fator etiológico da estomatite protética. E, o acúmulo dessa comunidade microbiológica sobre a prótese pode ser influenciado por fatores como: a rugosidade superficial do material empregado na confecção da prótese removível, a natureza do material e a higienização da prótese removível23-25. Estudos têm mostrado que uma maior rugosidade de superfície do material da base da prótese removível favorece a adesão de microrganismos, na medida em que estes encontram proteção contra forças que tendem a deslocá-los nas fases iniciais da colonização26. Com relação à natureza do material, de Freitas Fernandes et al.,25 ao avaliarem dois dos principais materiais utilizados na confecção de próteses removíveis, observaram que a resina de poliamida ganhou popularidade por sua flexibilidade e natureza altamente elástica27, sendo mais suscetível à formação do biofilme de Candida do que a tradicional resina de PMMA. Este fator é preocupante, na medida em que as resinas de poliamida, por serem mais confortáveis, têm sido bastante utilizadas em pacientes idosos e portadores de necessidades especiais, que por apresentam limitações motoras possuem dificuldades para realizar uma higienização adequada da prótese removível, potencializando o acúmulo de biofilme28. Diagnóstico da estomatite protética A estomatite protética apresenta-se como uma lesão eritematosa, comumente observada sob a área chapeável da prótese. Clinicamente, pode ser classificada em três estágios, de acordo com a severidade da lesão: estagio 1: hiperemia puntiforme; estágio 2: hiperemia difusa, com presença de edema na mucosa confinada sob a base da prótese, sem dor; e estágio 3: hiperplasia nodular e difusa na área recoberta pela prótese, com dor. Os achados clínicos podem ser complementados com exames laboratoriais realizados a partir de amostras coletadas da saliva, mucosa (bochecha, língua e palato) e da base das próteses19,29. Esses exames possibilitam não só a quantificação dos níveis orais de Candida, mas também a identificação das espécies envolvidas na infecção. Saber qual espécie prevalece na infecção é importante, na medida em que a escolha do antimicrobiano pode variar de acordo com a Candida identificada como causadora da estomatite protética. Os exames podem ser realizados pelos laboratórios conveniados com as Unidades Básicas de Saúde (UBS). Rev Pesq Saúde, 12(3): 43-48, set-dez, 2011 FreitasSAA, CantanhedeALF, Fernandes JKB, FernandesFSF Prevenção da estomatite protética Tendo em vista que o biofilme de Candida é considerado o principal fator etiológico da estomatite pro-tética, a prevenção dessa patologia se dá pela remoção e controle da formação dessa comunidade microbiológica sobre a resina da prótese. A fim de controlar o acúmulo de biofilme, o cirurgião-dentista deve obter um excelente acabamento e polimento da resina, o que torna a superfície da prótese menos rugosa e reduz o acúmulo de biofilme14. Outro fator a ser analisado no controle da formação de biofilme é o material utilizado para confecção da prótese removível. A capacidade do paciente realizar uma higienização adequada deve ser considerada na escolha da resina empregada na base da prótese. Sendo assim, para pacientes com limitação motora deve-se optar pela resina de PMMA e evitar o uso da resina de poliamida, a qual favorece mais a formação do biofilme de Candida25. Por outro lado, a remoção diária do biofilme acumulado na base da prótese é a principal forma de prevenção da estomatite protética. Diversos métodos têm sido estudados quanto à sua eficácia em remover o biofilme protético, os quais são classificados em mecânicos ou químicos. Os principais métodos mecânicos são a escovação e o banho ultrassônico. A escovação diária das próteses removíveis é considerada um método de higienização eficaz no controle de biofilme30. Ela pode ser realizada com escovas próprias para higienização de próteses removíveis ou mesmo com escovas para dentados. O importante é não empregar pastas abrasivas na escovação, as quais podem aumentar a rugosidade de superfície da prótese, favorecendo o acúmulo de biofilme. Uma boa alternativa aos pacientes do PSF é a escovação com sabão neutro, tendo em vista ser eficaz, não abrasivo e acessível a esses pacientes31. O banho ultrassônico (15 minutos diários), por sua vez, também é considerado um método eficaz para remoção de biofilme20. Por outro lado, a utilização desse método pelos pacientes atendidos no PSF é dificultada pela necessidade de aquisição do aparelho, que é financeiramente inacessível para a maioria. Apesar da escovação diária das próteses removíveis ser considerada um método de higienização eficaz e acessível à maioria da população, ele exige que o paciente tenha uma boa destreza manual, o que inviabiliza a utilização desse método por pacientes idosos e portadores de necessidades especiais30,32. Para esses pacientes, a higienização da superfície de próteses removíveis deve ser realizada por meio dos métodos químicos. Diversos produtos químicos têm sido empregados para higienização de próteses removíveis, dentre eles destacam-se os limpadores de prótese à base de peróxido e o hipoclorito de sódio. Os limpadores à base de peróxido têm uma boa aceitação pelos pacientes, tendo em vista serem simples de usar e apresentarem odor e sabor agradáveis.33 O produto pode ser apresentado na forma de pó ou tablete, que quando dissolvidos em água (200ml de água morna) geram uma efervescência criada pela liberação de bolhas de oxigênio, que promovem além da limpeza química, uma limpeza mecânica adicional na prótese.34 Esses produtos têm sido considerados Rev Pesq Saúde, 12(3): 43-48, set-dez, 2011 um método eficaz de higienização de próteses removíveis, isso porque estudos prévios mostraram que são capazes não só de interferir no processo de adesão inicial da Candida35, mas também de desorganizar o biofilme formado sobre a base da prótese removível36. Apesar de interferir com a formação do biofilme, os limpadores à base de peróxido não são capazes de eliminar completamente o biofilme de Candida da base da prótese20,25. Esse fator é preocupante, na medida em que um estudo recente34 observou que, ao contrário do que se pensava, esse biofilme residual não tem seu desenvolvimento limitado pelo uso diário do limpador, mas sim continua a se desenvolver, sendo que, agora, as células de Candida são mais virulentas. Freitas Fernandes et al.,25 ao avaliarem o efeito de limpadores químicos à base de peróxido sobre o biofilme misto de Candida, observaram que esses agentes químicos são mais eficazes em remover a C. albicans do que a C. glabrata das resinas, o que pode fazer com que a C. glabrata, após limpezas diárias com os peróxidos alcalinos, venha a ser mais prevalente do que a C. albicans no biofilme residual. Esse fator é preocupante, pois a C. glabrata está forte-mente associada a infecções sistêmicas generalizadas com alta taxa de mortalidade13. O hipoclorito de sódio, por outro lado, não tem uma boa aceitação pelos pacientes, os quais reclamam do odor e sabor desse produto. Somado a isso, estudos prévios observaram que a utilização diária do hipoclorito de sódio causa danos ao material da prótese37,38. Entretanto, esses estudos avaliaram o efeito de altas concentrações do hipoclorito (5,25%), as quais chegam a ser 10 vezes maiores que as concentrações que vêm sendo testadas. Estudos recentes vêm tentando reduzir a concentração desse agente químico, sem comprometer sua atividade antimicrobiana25,35. Os resultados têm sido bastante promissores, na medida em que o hipoclorito de sódio em baixas concentrações tem-se mostrado extremamente eficaz na remoção do biofilme da prótese. Freitas Fernandes et al.,25 observaram que, após a utilização do hipoclorito a 0,5%, não há a presença de biofilme residual e todas as células de Candida foram eliminadas da resina da base da prótese. Tendo em vista o exposto, podemos considerar o uso do hipoclorito de sódio a 0,5% como um método de higienização de próteses removíveis seguro e eficaz, além de ser acessível financeiramente aos pacientes atendidos no PSF. O hipoclorito nessa concentração pode ser adquirido em farmácias de manipulação ou, ainda, preparado em casa pelo paciente, à partir da água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), facilmente adquirida em supermercados e por um preço bastante acessível. O preparo caseiro da solução de hipoclorito de sódio a 0,5% pode ser realizado adicionando-se três colheres das de sopa de água sanitária (aproximadamente 33 ml) em 100 ml de água filtrada. Tratamento da estomatite protética O tratamento da estomatite protética, assim como a prevenção, se dá principalmente, pela eliminação do fator etiológico, que é o biofilme de Candida, através de uma adequada higienização da prótese removível. Em muitos casos, a remoção desse fator etiológico é suficiente para o tratamento da patologia30. 45 Protocolo de atendimento do paciente com estomatite protética na atenção básica Entretanto, para alguns pacientes, outras medidas devem ser adotadas simultaneamente, como: a suspensão do uso noturno da prótese e o emprego de agentes antifúngicos. No caso da estomatite protética estar associada a altos níveis de Candida e persistir mesmo com a mudança dos hábitos de higiene da prótese, faz-se necessário o emprego de agentes antifúngicos. Para que se possa selecionar o antifúngico ideal para o tratamento, primeiramente é necessário identificar se a infecção local está associada a uma candidose sistêmica. Também devemos quantificar os níveis orais de Candida e identificar as espécies envolvidas no processo infeccioso39. Fatores predisponentes à infecção por Candida Fatores Sistêmicos Fatores Locais Tratamentos imunossupressores Uso indiscriminado de antibióticos Uso de corticoides AIDS, diabetes Mellitus Deficiências de ferro e vitaminas Dieta rica em carboidratos Estresse físico e emocional Idade avançada Fumo Nutrição parenteral Hipossalivação Higiene oral deficiente Uso de próteses removíveis. Diagnóstico clínico Estágio 1: hiperemia puntiforme; Estágio 2: hiperemia difusa na mucosa confinada sob a base da prótese. Sem dor; Estágio 3: hiperplasia nodular e difusa na área recoberta pela prótese. Com dor. Diagnóstico Laboratorial Amostras coletadas da saliva, mucosa (bochecha língua e palato) e das próteses; Contagem e identificação das espécies de Candida. Prevenção Excelente acabamento e polimento da superfície da prótese; Escolha adequada do material a ser utilizado para confecção da prótese removível; Higienização. Higienização Pacientes sem comprometimento motor: escovação diária com sabão neutro; Pacientes idosos e deficientes: imersão diária em solução de hipoclorito de sódio a 0,5% (3 colheres de sopa de água sanitária em 100 ml de água filtrada). Tratamento Higienização Suspensão do uso noturno da prótese; Caso a infecção não seja controlada com as medidas acima, deve-se prescrever agentes antifúngicos. Antifúngicos Infecções Locais Nistatina 100.000 UI/ml: 5 ml, 4 vezes ao dia, durante 2 semanas, sempre após as refeições e antes de dormir. Obs: Deve ser bochechada e mantida por algum tempo na cavidade oral antes de ser engolida. Infecções Sistêmicas Fluconazol 150mg: 1 cápsula, uma vez ao dia, durante 1 ou 2 semanas. Obs: Não deve ser prescrito para mulheres grávidas e para pacientes com problemas renais e hepáticos. Figura 1 - Atendimento do paciente com estomatite protética. Quando se tratar de uma infecção local, o antifúngico de escolha é a Nistatina (100.000 UI/ml), pois possui largo espectro de ação contra as espécies de Candidae apresenta absorção insignificante no trato gastrointestinal, o que possibilita sua ação tanto na boca, quanto em todo o aparelho digestivo, evitando a disseminação da infecção. A posologia indicada é 5 ml, quatro vezes ao dia, durante 2 semanas, sempre após as refeições e antes de dormir. Esse medicamento deve ser bochechado e mantido por algum tempo na cavidade oral antes de ser engolido39. Quando a estomatite estiver associada a uma candidose sistêmica, o antifúngico de escolha é o Fluconazol (150 mg), pois ele possui excelente absorção no trato gastrointestinal, o que permite atingir as diversas regiões do corpo39. Somado a isso, o Fluconazol apresenta elevada biodisponibilidade, baixa hepatotoxicidade, baixo custo e a possibilidade de ser administrado tanto por via oral, quanto por via endovenosa40. Como desvantagem, há o fato de não possuir ação sobre algumas espécies de Candida, como a C.glabrata e a C. krusei41., A posologia indicada é 1 cápsula, uma vez ao dia, durante 1 a 2 semanas. Este medicamento não deve ser prescrito para mulheres grávidas e para pacientes com problemas renais e hepáticos39. Tanto a Nistatina quanto o Fluconazol são fornecidos pelo Ministério da Saúde às UBS, estando, portanto, ao alcance do cirurgião-dentista do PSF para tratamento da candidose local e sistêmica. Após a remissão dos sinais clínicos da candidose e da redução dos níveis orais de Candida, deve-se avaliar a necessidade de troca da prótese removível, tendo em vista que próteses mal adaptadas e rugosas contribuem para o acúmulo de biofilme e, consequente, retorno do fator etiológico. Os passos a serem seguidos pelo cirurgiãodentista, desde a identificação dos fatores etiológicos até o tratamento propriamente dito da patologia, estão esquematizados na Figura 1. O paciente com estomatite protética atendido no PSF só deve ser encaminhado ao CEO após o tratamento da patologia e quando for capaz de prevenir a recorrência da doença. Nesse momento, ele estará apto para ser reabilitado com uma nova prótese removível, a qual não deve mais servir de nicho para a proliferação de microrganismos. Por meio dessa revisão da literatura, foi possível estabelecer um protocolo de atendimento dos pacientes com estomatite protética, o qual pode ser facilmente adotado pelo cirurgião-dentista da atenção básica. Tal protocolo priorizou métodos de diagnóstico, prevenção e tratamento que estejam ao alcance do profissional do PSF e que sejam financeiramente acessíveis à população carente assistida pelo programa, mas que têm sua eficácia comprovada por meio de estudos científicos. 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Rev Pesq Saúde, 12(3): 43-48, set-dez, 2011 9ª Conferência sobre a Prevenção da Doença Renal em Populações Desfavorecidas na América do Sul e Caribe e do 7º Encontro Brasileiro de Prevenção da Doença Renal Crônica São Luís - MA, novembro de 2011 Resumos / Abstracts ISSN-2179-6238 A importância da enfermagem na prevenção e evolução da doença renal crônica Pereira TCA1, Corrêa JL1, Oliveira PS2 1 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Docente Substituta do Curso de Enfermagem - UFMA 2 Introdução: A insuficiência renal crônica é uma deterioração progressiva e irreversível da função renal que provoca desequilíbrio metabólico e hidroeletrolítico. Os primeiros sintomas que o paciente percebe são fadiga, halitose, inapetência, vômito e diarréia. Os principais fatores de risco para doença renal crônica (DRC) são Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), história familiar de DRC e envelhecimento. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, DM, HA e glomerulonefrites representam as causas da DRC em pacientes em tratamento dialítico. A progressão da doença pode ser avaliada pela análise da taxa de filtração glomerular (TFG) e em todos os estágios pode ser retardada ou prevenida com tratamentos adequados. A meta do tratamento é manter a função renal e a homeostase pelo maior tempo possível. O tratamento conservador da DRC consta de recomendações dietéticas, uso de medicamentos e condutas especiais para que a progressão da DRC seja evitada e postergue o início da Terapia Renal Substitutiva (TRS). Frente à relevância dessa doença, podemos destacar as atribuições e competências do enfermeiro no atendimento aos pacientes por meio da abordagem dos fatores de risco, encaminhamento ao especialista e desenvolvimento de atividades educativas e promoção da saúde. Objetivo: Identificar a importância da enfermagem na prevenção e evolução da DRC. Métodos: O trabalho tem um enfoque descritivo a partir de pesquisa bibliográfica realizada em outubro de 2011 em artigos científicos em português nos bancos de dados da Biblioteca Virtual de Saúde, SCIELO e LILACS. Resultados: A partir da revisão bibliográfica de 9 publicações feitas no período de 2005 a 2010, todos estão em consenso quanto ao fato de que os profissionais de enfermagem são essenciais para a prevenção e o cuidado de pacientes renais. A educação em saúde e a sistematização da assistência de enfermagem são os meios que o enfermeiro dispõe para aplicar seus conhecimentos na assistência ao paciente e caracterizar sua prática profissional. Assim, o papel do enfermeiro é de grande colaboração na tentativa de ajudar o paciente a adaptar-se a um novo estilo de vida. Conclusão: Faz-se necessário realizar uma abordagem educativa envolvendo a equipe multidisciplinar e a sociedade para a prevenção da DRC. Além disso, esclarecer sobre a doença e o tratamento utilizando uma linguagem acessível, levando o indivíduo a entender seu estado de saúde, a fim de contribuir para que este possa ter condições de enfrentar os medos e ansiedades que surgem no decorrer da doença. Por fim, desenvolver estratégias que possibilitem a melhoria da qualidade de vida dos pacientes portadores da DRC. A assistência de enfermagem no enfrentamento da doença renal crônica: revisão bibliográfica Saraiva ALO1, Santos ECS1, Perdigão ELL1, Serra RBR1, Nolêto FB2 1 2 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Enfermeiro - Estratégia Saúde da Família - São Luís - MA Introdução: Segundo Smeltzer e Bare (2009), a insuficiência renal crônica é uma deterioração progressiva e irreversível da função renal, na qual fracassa a capacidade do organismo em manter os equilíbrios metabólico e hidroeletrolítico resultando uremia ou azotemia. Pode ser causada por doenças sistêmicas como diabetes melito, hipertensão arterial, glomerulonefrite crônica entre outras. O tratamento se da através de técnicas de substituição dos rins, tratamento das doenças de base e ainda restrições dietéticas. Quanto ao cuidado de Enfermagem, este deve ser atuante com a equipe multidisciplinar, levando o paciente a encontrar um maior entendimento da doença e capacidade de enfrentamento de sua atual condição. Além de visar a diminuição do impacto da doença renal crônica na vida do indivíduo doente e da sua família (Rezende et al., 2007). Objetivo: Esclarecer quais as dificuldades dos enfermeiros em prestar assistências aos doentes renais crônicos. Métodos: Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica, realizado através de busca nas bases de dados MEDLINE, SCIELO E LILACS, nos anos de 2007, 2008 e 2009; no idioma português; com os descritores: Enfermagem, doença renal crônica e assistência de Enfermagem. Os dados foram coletados levando em consideração o título da obra, local e ano, objetivos, principais resultados e conclusão. Foram analisadas três publicações científicas sob a perspectiva teórica da enfermagem no enfrentamento da doença renal crônica. Resultados: O material selecionado foram um total de três artigos, abrangendo o tema proposto e atendendo aos critérios selecionados, que correspondem nas publicações de 2007, 2008 e Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Resumos / Abstracts 2009, no idioma português. Maldaner et al., (2008) analisa uma das dificuldades na prática clínica: o fato de as experiências de vida de cada indivíduo acabarem influenciando na maneira como este irá vivenciar a sua doença e também na maneira como este indivíduo irá aderir ao tratamento proposto. Por esse motivo, é necessário que o profissional de saúde, principalmente o enfermeiro, disponha de sensibilidade para perceber a subjetividade de cada pessoa e adaptar suas intervenções e planos de cuidados às reais necessidades do doente renal crônico. Além disso, a confiança que o paciente possui em sua equipe multidisciplinar exerce grande influência na adesão ao tratamento. Para estabelecer essa confiança é necessário que os profissionais façam adaptações em suas atitudes como o uso da linguagem e respeito pelas crenças. Falar sobre assuntos relacionados com a morte também é outra dificuldade, tanto de profissionais como de pacientes, nesse momento não se deve agir em silêncio e nem guardar o sentimento da perda. O Enfermeiro deve também proporcional suporte emocional e esclarecimentos acerca da doença do paciente de acordo com a maneira que este encara a doença crônica. Outro desafio encontrado pelo Enfermeiro como afirma o mesmo autor, é o fato de trabalhar com a família desse paciente, devendo estimular a participação e o comprometimento deles no tratamento proposto. Conclusão: Dessa forma, o Enfermeiro deve tentar estabelecer uma relação profissional-paciente-família baseada na confiança e empatia, compreendendo e buscando atender as necessidades do doente renal crônico. Além disso, deve estimular esse paciente a expressar seus sentimentos e enfatizar a presença e participação da família durante todo o processo do tratamento. A importância da atenção básica como instrumento para prevenção da doença renal crônica Moraes EDL1, Silva ECS1, Reis AMM1, Carvalho CLS1, Reis VM1, Chaves RGR2, Franco PAF3 1 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Imperatriz - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Docente do Curso de Enfermagem - Imperatriz - UFMA. Enfermeira 3 Introdução: As ações de promoção e prevenção em todos os níveis da atenção à saúde são fundamentais para o êxito quando se pensa em intervir na história natural da doença renal. A organização de uma linha de cuidados integrais que contemple essas ações e alie as ações de tratamento e recuperação é o objeto do presente plano e busca fundamentalmente inverter o modelo atualmente proposto que se fundamenta na valorização das ações de alto custo como a terapia renal substitutiva. As Doenças Crônicas hoje produzem um impacto muito forte na saúde da população (Rio Grande do Norte, 2005). A Doença Renal Crônica (DRC) tem tido uma prevalência significativa no perfil patológico da população não só do Brasil, como mundial. Destas pessoas agravadas pela DRC e admitidas na Terapia Renal Substitutiva (TRS), o diabetes e a hipertensão arterial são os principais diagnósticos primários (Brasil, 2006). Segundo Romão Jr (2004), a Hipertensão e o diabetes são as duas principais causas da doença renal e normalmente os pacientes portadores dessas patologias são acompanhados por profissionais que atuam na atenção básica à saúde, deste modo é importante que os mesmos sejam capacitados, conscientes e vigilantes para trabalharem na abordagem preventiva da DRC. No intuito de analisar a atuação da atenção básica como um importante instrumento na prevenção e no controle dos fatores de risco para o desenvolvimento da Doença Renal Crônica (DRC). Objetivo: Fazer revisão na literatura pesquisas que confirmam a eficácia das estratégias aplicadas na Atenção Básica como forma prevenir a ocorrência da DRC, abordando sobre a necessidade do controle da Hipertensão Arterial e do Diabetes Mellitus, e refletir sobre o papel dos profissionais da saúde na atenção básica ao lidar com patologias que podem preceder uma doença renal. Métodos: O estudo foi realizado a partir de revisão bibliográfica de artigos, revistas, livros e dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, e do Ministério da Saúde referentes aos temas supracitados. Resultados: De acordo com os achados da pesquisa, observou-se que a Hipertensão Arterial (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM) são os primeiros no ranking das doenças precursoras da DRC, tornando essencial a programação de ações básicas de diagnóstico e controle destas condições, com implementação de ações e medidas que minimizem a evolução progressiva da doença para os agravos. Atualmente, o acompanhamento desses pacientes é realizado pelos profissionais da equipe de saúde nos diferentes níveis de atendimento da rede de Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente no nível primário, que tem como objetivo atender o portador desses fatores de risco orientando e oferecendo informações que os conduza a um novo estilo de vida. (BRASIL, 2002). A prevenção da DRC pode acontecer em diferentes níveis, pode ser realizado exclusivamente pela Estratégia Saúde de Família (ESF) através da identificação dos grupos de risco para a doença e intervenção nos fatores de risco, como, por exemplo, orientação 51 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts antitabagista, diminuição de peso nos obesos, prática de exercícios físicos, uso de bloqueadores do receptor da angiotensina ou inibidores da enzima conversora de angiotensina, como no caso de diabéticos tipo 2 e hipertensos sem nefropatia diabética, entre outros. As ações de educação em saúde de forma conjunta e construtiva com a população são imprescindíveis para que ocorram ações efetivas na progressão da DRC. Os profissionais da saúde na atenção primária possuem um importante papel de cuidador e educador, além do compromisso ético e profissional, que o torna um dos grandes responsáveis por sistematizar e incentivar o autocuidado, desenvolver atividades educativas de promoção de saúde, bem como buscar a melhoria da qualidade de vida. Conclusão: Diante disso, conclui-se que a prevenção da DRC na Atenção Primária à saúde apresenta-se como uma questão séria e importante para a preservação da saúde pública. Vale ressaltar, que é por meio da atenção básica que se começa as primeiras ações de combate ás doenças, e é através dela que os indivíduos terão um contato inicial com profissionais da saúde. Tendo em vista este aspecto, vê-se a importância de uma assistência com compromisso diante das ações de caráter preventivo, apresentando-se frente ao cuidado ético, humanizado e de qualidade. Dessa forma este estudo contribui para a compreensão da importância da Atenção Básica, como um instrumento essencial no combate á doença renal, além de demonstrar a necessidade dos profissionais de saúde ampliar suas ações em relação à prevenção da DRC, nos portadores de HAS e DM, para que seja efetivado o discurso de promoção e prevenção da saúde. fora da consulta regular, o que possibilita a sensação de acolhimento e de não estar só. Resultados: Nestes quatro meses e meio da experiência multiprofissional, a psicologia atendeu de forma individualizada cerca de 10% (14 pessoas) de um total de 143 pacientes do período com desfecho positivo, particularmente nos casos de resitência à confecção da fístula. O ajustamento depende de cada paciente, mas o suporte psicológico permite esta travessia. Os lutos vividos com as perdas, identificadas com a mudança de status no corpo familiar, aposentadoria precoce, mudanças de local de moradia e o temor da morte são ressignificados quando o paciente percebe que não há mais a normalidade que conhecia, mas há a possibilidade de vida com qualidade no adoecimento. A cada nova fase do estagiamento da doença ou no agravamento de comorbidades, reajustes são feitos com o apoio psicológico sempre que solicitado. Para além da fase de apatia e esmorecimento com a própria capacidade de realização, superada esta fase de impacto, os pacientes se encaminham para novos rearranjos e significados pessoais. Conclusão: A psicologia tem contribuído de forma decisiva na melhoria da qualidade de vida dos pacientes e possibilta a realização de um dos princípios fundamentais do SUS, a integralidade, que significa “oferecer ao usuário atenção levando em conta todas as dimensões do processo saúde-doença”. Acompanhamento farmacoterapêutico na doença renal crônica A psicologia no atendimento multidisciplinar de doentes renais em tratamento conservador Alencar E1, Carneiro E1, Bui DSS1, Santos VB2, Salgado Filho N3 1 Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. 2 Residência Multiprofissional em Saúde - HUUFMA. 3Docente do Curso de Medicina - UFMA Introdução: A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 154, de 15 de junho de 2004, é o primeiro documento oficial do sistema de saúde pública a incluir os psicólogos entre os membros das equipes responsáveis pelo tratamento de doentes renais crônicos embora, neste caso, se trate não propriamente de cuidados em prevenção, mas de assistência aos pacientes em hemodiálise. A despeito disso, a entrada do psicólogo neste universo da saúde, permitiu que o seu trabalho se inserisse em outras áreas de cuidados, pois como se constata diariamente desde a fase pré-dialítica, os pacientes enfrentam diversas situações geradoras de estresse, ansiedade e depressão. Além disso, um dos papéis dos psicólogos é promover a educação, o que representa por excelência o serviço de prevenção renal. O adoecer ou a cronificação da doença renal, exige grande capacidade de adaptação e enfrentamento por parte do paciente, quase sempre entre a incerteza do futuro e o medo. A atenção psicológica, nesta fase e nos estágios mais avançados da doença, são fundamentais como meios profiláticos contra transtornos mentais. Objetivo: Cooperar com a execução do modelo multidisciplinar de atuação junto aos pacientes em tratamento renal conservador e dar suporte clínico, caso manifestem neste acompanhamento, durante a consulta, dificuldades adaptativas, resistência ao tratamento, perdas com as quais não consigam lidar. Métodos: Desde junho/2011 os atendimentos aos pacientes em tratamento conservador é realizado por uma equipe composta por médicos, nutricionista, assistente social e psicólogo. No período, 143 pacientes foram atendidos em diversos estágios da doença. A participação da psicologia, como os demais membros não-médicos, ocorre na dinâmica da própria consulta. Antes, porém, cada paciente é apresentado à equipe – por meio dos dados contidos no prontuário – onde se sabe basicamente a situação clínica, número de consultas anteriores e, neste momento, são indicados quais destes apresentam riscos de transtornos psicológicos ou manifestaram dificuldades (ou resistência) com o diagnóstico, a aderência e futuras evoluções no tratamento. O psicólogo participa da consulta onde observa e, conforme o caso, em acordo com o médico que atende (ou por indicação deste), recebe o paciente em atenção individualizada com prosseguimento em outras sessões, caso sejam necessárias. Ao final de cada atendimento, a equipe se reúne para avaliar os pacientes. Neste momento, o psicólogo relata aspectos importantes de suas percepções que serão úteis aos demais membros da equipe e em futuras consultas. O atendimento individual com o psicólogo obedece aos princípios da Terapia Breve onde se concentra nas quaixas apresentas. Acontece da seguinte forma: 1. Realiza-se o contato e é estabelecido o vínculo (rapport); 2. Pede-se que o paciente exponha os temores, dúvidas, a dificuldade com a terapêutica recomendada; 3. Esclarece-se e presta-se informações; 4. Encaminhase o paciente para um movimento de encaixe da condição apresentada vida do paciente; Apresenta-se a disponibilidade do serviço, mesmo 52 Paula RB1, Carminatti M1, Fernandes NMS1, Costa DMN1, Marquito AB1 1 Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF - MG Introdução: Pacientes com doença renal crônica (DRC) utilizam diversas classes de medicamentos, visando retardar a progressão da doença, bem como tratar as comorbidades associadas. Como conseqüência, o risco de problemas relacionados ao uso de medicamentos (PRM), incluindo a interação medicamentosa, é elevado nesta população. Objetivo: Delinear o perfil farmacoterapêutico de pacientes com DRC, de forma a identificar e prevenir interações medicamentosas potenciais. Métodos: Estudo transversal que incluiu 174 indivíduos selecionados em um total de 400 pacientes com DRC atendidos no ambulatório de nefrologia do NIEPEN da UFJF - HIPERDIA, entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011. Foram incluídos indivíduos com idade superior a 18 anos que utilizavam 7 ou mais medicamentos e excluídos portadores de HIV, gestantes, infecções bacterianas ou virais e neoplasias. O potencial interativo dos medicamentos foi traçado tendo como suporte a base de dados Micromedex® (2010), com acesso livre no portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A análise descritiva dos dados foi feita utilizando-se as frequencias no caso das variáveis categóricas e as variáveis quantitativas contínuas foram descritas com base em suas médias. Resultados: Dentre os 174 participantes (43,5%) que preencheram os critérios de inclusão, foi selecionada aleatoriamente uma amostra de 30 prescrições que revelou o uso de 67 princípios ativos diferentes. As drogas mais comumente prescritas foram: furosemida (9,0%), sinvastatina (8,6%), AAS (7,5%), losartan (6,8%), omeprazol (3,8%), alopurinol (3,0%), metformina (2,3%) e levotiroxina (2,3%). Nessa subpopulação, foram identificadas 37 possíveis interações medicamentosas, sendo 2 (6%) de gravidade menor, 26 (70%) de gravidade moderada e 9 (24%) de características graves, com necessidade de intervenção (TAB 1). Conclusão: Pacientes com DRC utilizam elevado número de medicamentos que se associam a alta prevalência de interações medicamentosas potencialmente graves. A importância da terapia nutricional no tratamento conservador da doença renal crônica Santana LC1, Viana BM1, Avelar ARC1, Brito ACD1, Lima DP1, Macedo TEM1, Silva MB1, Calado IL2 1 2 Acadêmicos do Curso de Nutrição - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Docente do Curso de Nutrição - UFMA Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é hoje considerada um problema de saúde pública mundial, sendo observado aumento progressivo da morbidade e mortalidade. Estima-se que existam mais de dois milhões de brasileiros portadores de algum grau de disfunção renal. A DRC consiste na perda progressiva e irreversível da função dos rins (glomerular, tubular e endócrina). A importância da terapêutica nutricional no tratamento de doentes com DRC é reconhecida há várias décadas, visto que, indivíduos acometidos geralmente apresentam Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 síndromes de desnutrição muscular e proteica e estado de inflamação, aspectos estes característicos da patologia. A detecção precoce da doença renal e a intervenção terapêutica adequada promove o retardamento de sua progressão e pode reduzir o sofrimento dos pacientes. Objetivo: Analisar estudos publicados em meio eletrônico recentemente, sobre a conduta nutricional aplicada a indivíduos com DRC em tratamento conservador. Métodos: Buscou-se na literatura científica, a partir de artigos publicados nas bases de dados Scielo e Lilacs, utilizando como descritores: Terapia Nutricional and Doença Renal Crônica, Nutrição and tratamento conservador. Resultados: Estudos clínicos e de meta-análise evidenciam o beneficio da restrição de proteínas na dieta sobre o ritmo de progressão da DRC, e da sintomatologia urêmica. Essa manipulação dietética reduz o risco de morte e prolonga o tempo para entrada em diálise quando comparada a uma dieta não restrita em proteínas. Está bem estabelecido que, em contraste com lipídios e glicídios, a ingestão de proteína influencia, de forma significativa, a hemodinâmica renal. Tanto a ingestão de proteína como a de infusões intravenosas de aminoácidos aumenta o fluxo sanguíneo renal e a Taxa de Filtração Glomerular (TFG), sendo que a proteína animal parece ter efeitos mais pronunciados. Possíveis explicações incluem as diferenças na composição de aminoácidos ou absorção intestinal e liberação para o sistema porta. A ingestão de proteínas também aumenta o volume e peso dos rins, e causa o alargamento glomerular e hipertrofia tubular. Atualmente, grande parte dos estudos ainda aponta que 0,6g/kg/dia de proteína é suficiente para a conservação do estado nutricional e preservação da função renal destes pacientes. Conclusão: A literatura mostra a importância de sensibilizar o paciente quanto à adesão da dieta, objetivando retardar a progressão da DRC e garantir melhor qualidade de vida. Para tanto, é necessário a adoção de plano alimentar que contemple macro e micronutrientes em quantidades adequadas, ratificando o relevante e imperativo controle no consumo proteico e calórico, assegurando balanço nitrogenado, com consequente adequado estado nutricional. Assistência de enfermagem a um paciente portador de insuficiência renal aguda por ureterolitíase à direita Corrêa JL1, Machado IES1, Pereira TCA1, Oliveira PS2 1 Acadêmicos do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão UFMA. 2Professora Substituta do Curso de Enfermagem - UFMA Introdução: A Insuficiência Renal Aguda (IRA) é uma síndrome clínica reversível em que existe uma perda súbita e quase completa da função renal (taxa de filtração glomerular diminuída) durante um período de horas a dias, com falha para excretar os produtos residuais nitrogenados e manter a homeostasia hidroeletrolítica. A IRA manifesta-se como um aumento na creatinina sérica e na ureia. Embora a patogenia exata de IRA e da oligúria (volume urinário menos de 400 ml/dia) nem sempre seja conhecida, muitas vezes existe um problema subjacente especifico. Isso é verídico para as seguintes condições que reduzem o fluxo sanguíneo para o rim e prejudicam a função renal: hipovolemia; hipotensão; insuficiência cardíaca e débito cardíaco diminuído; obstrução do rim ou do trato urinário inferior por tumor, coágulo sanguíneo ou cálculo renal e obstrução bilateral das artérias ou veias renais. Quando essas condições são tratadas e corrigidas antes que os rins sejam permanentemente lesionados, os níveis aumentados de uréia e creatinina, a oligúria e outros sinais associados à IRA podem ser revertidos. O quadro clínico da IRA está relacionado, principalmente, à doença de base do paciente e às alterações metabólicas decorrentes. A litíase ureteral, geralmente, manifesta-se clinicamente através de dor lombar intensa, podendo irradiar-se para flancos, fossas ilíacas, face interna da coxa, testículos, grandes lábios ou uretra. Sintomas urinários baixos e hematúria podem estar presentes. Os objetivos do tratamento da IRA consistem em restaurar o equilíbrio químico normal e evitar as complicações até que a reparação do tecido renal e a restauração da função renal possam acontecer. O tratamento inclui manter o equilíbrio hídrico, evitar os excessos de líquidos ou, possivelmente, realizar a diálise. O tratamento de litíase ureteral inicialmente deve-se direcionar para a crise dolorosa aguda. As medicações mais amplamente utilizadas são os antiespasmódicos, analgésicos não opióides, antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) e os narcóticos. Objetivo: Programar a Sistematização da Assistência de Enfermagem baseada no Processo de Enfermagem de Wanda de Aguiar Horta, a um paciente portador de IRA por ureterolitíase à direita, que foi submetido a tratamento endourológico, para implantação de um cateter ureteral (duplo jota), visando o atendimento das Necessidades Humanas Básicas Afetadas, no período pré e pós-operatório. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, com uma abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso. A coleta de dados foi realizada no período de 06 a 16 de maio de 2011, na Clínica Médica do Hospital Universitário Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Resumos / Abstracts Unidade Presidente Dutra da UFMA (HUUPD/UFMA), durante as atividades práticas da disciplina Saúde do Adulto, do curso de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão. Este estudo baseou-se segundo os passos do Processo de Enfermagem de Wanda de Aguiar Horta, constituído por seis fases: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados ou prescrição de enfermagem, evolução e prognóstico, com o intuito de proporcionar uma assistência integral e adequada às necessidades do paciente. O paciente autorizou a realização do estudo, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: Detectaram-se os seguintes diagnósticos de enfermagem e em seguida, realizaram-se as respectivas intervenções. No período Pré-Operatório: Déficit de Conhecimento Sobre a Patologia - Esclarecer e orientar sobre a patologia e o tratamento 1x/dia; preparar e orientar para exames que serão realizados. Emagrecimento - Orientar e supervisionar ingesta alimentar 2x/dia. Episódios de Pico Hipertensivo - Administrar medicação prescrita quando PA > ou = 170/110; verificar sinais vitais de 6/6h 3x/dia. Ingesta Hídrica e Alimentar Diminuída devido a vômitos - Orientar e supervisionar ingesta hídrica e alimentar 2x/dia. Diarreia - Ajudar, orientar e supervisionar eliminações 1x/dia. Integridade da Pele Prejudicada relacionado ao cateter de hemodiálise - verificar sinais flogísticos no local; manter curativo limpo e seco. Sono Irregular relacionado a soluços noturnos - proporcionar ambiente calmo, limpo e seguro. Ansiedade relacionada ao procedimento cirúrgico - realizar apoio emocional; orientar sobre o procedimento cirúrgico 1x/dia. No período de Pós-Operatório diagnosticado: Hematúria devido ao implante do cateter duplo jota - Realizar monitoração de diurese; Medir e anotar diurese 6/6h; supervisionar volume, cor e consistência; Sono Irregular - Orientar sobre repouso; proporcionar ambiente calmo, limpo e seguro; Verificar SSVV 6/6h 3x/dia. Integridade da Pele Prejudicada relacionado ao cateter de hemodiálise - verificar sinais flogísticos no local; manter curativo limpo e seco. Nervosismo relacionado ao tratamento - Orientar sobre modalidades terapêuticas 1x/dia. Conclusão: O presente estudo objetivou o atendimento das Necessidades Humanas Básicas Afetadas do paciente portador de IRA por litíase à direita. Partindo da elaboração da assistência de enfermagem, utilizando-se o Processo de Enfermagem de Wanda de Aguiar Horta, pôde-se prestar uma assistência integral e adequada às necessidades existentes. Após 10 dias de assistência prestada, o paciente encontra-se em alta hospitalar. Durante o período de assistência, observaram-se respostas regulares das necessidades humanas básicas afetadas, devendo retornar ao serviço de hemodinâmica para realização de hemodiálise em 3 sessões por semana, durante 15 dias. Orientado ao retorno ambulatorial após 15 dias para nova avaliação clínica e realização de novos exames. Orientado pela enfermagem quanto ao aumento e monitorização da ingesta hídrica, controle da alimentação e autocuidado. Adiposidade visceral pode estar associada com redução da filtração glomerular em hipertensos na atenção primária França AKTC1, Santos AM2, Salgado JVL3, Hortegal EV4, Salgado Filho N5 1 Docente do Departamento de Ciências Fisiológicas - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Docente do Departamento de Saúde Pública - UFMA. 3Hospital Universitário - HUUFMA. 4Programa de Saúde Coletiva - UFMA. 5Docente do Departamento de Medicina I - UFMA Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) vem assumindo importância global, em virtude do exponencial aumento dos casos registrados nas últimas décadas. O aumento da taxa de prevalência de doença renal crônica (DRC) tem ocorrido em paralelo com o aumento da prevalência de obesidade. No entanto, o papel da gordura corporal no desenvolvimento da DRC ainda não está claro. Desta forma, o objetivo principal deste estudo foi investigar a associação entre obesidade total, abdominal e visceral com a filtração glomerular (FG) estimada pela cistatina C sérica em indivíduos hipertensos com função renal preservada ou levemente diminuída. Métodos: Estudo transversal desenvolvido com 241 indivíduos hipertensos em tratamento no Programa HiperDia do Ministério da Saúde em uma unidade básica de saúde do Município de São Luís. A função renal foi avaliada por meio de equações para estimar a FG baseada nos níveis séricos de creatinina e cistatina C. Parâmetros antropométricos incluíram índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), e tecido adiposo visceral (VAT). A associação entre indicadores antropométricos e FG estimada foi avaliada através do teste T Student ou Mann Whitney. A normalidade das variáveis quantitativas foi analisada pelo teste Shapiro Wilk. O nível de significância foi de 5%. Resultados: A média de idade foi de 59,6 ± 9,2 anos, sendo 75,9% do sexo feminino. Dos participantes, de acordo com o IMC, 69,7% eram eutróficos e 28,2% obesos. As 53 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts prevalências de obesidade abdominal e visceral avaliadas pela CC e pela VAT foram de 63,9% e 58,5%, respectivamente. A VAT se mostrou como melhor indicador nutricional preditor para redução da filtração glomerular, quando comparado ao IMC e CC. A VAT > 150 cm² apresentou associação estatisticamente significante com menor média de FG estimada pela equação Levey na população estudada. Não houve associação de nenhum dos indicadores nutricionais para avaliar a obesidade geral, central ou visceral (IMC, CC e VAT) com a creatinina sérica e as demais equações para estimar a FG (MDRD, Larsson e Levey). Conclusão: A obesidade visceral pode estar envolvida na gênese da doença renal e apresentou associação com a fórmula de Levey em indivíduos com sobrepeso e obesidade grau I. Aplicação do processo de enfermagem na assistência ao paciente portador de síndrome nefrótica Silva ECS1, Moraes EDL1, Gomes CS1, Lima WG1, Chaves RGR2, Franco PAF3 1 Acadêmicos do Curso de Enfermagem - Imperatriz - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Docente do Curso de Enfermagem - Imperatriz - UFMA. 3 Enfermeira - Especialista em Saúde Pública Introdução: De acordo com Garcia e Nóbrega (2009), o processo de cuidar em enfermagem, ou processo de enfermagem, é entendido como um instrumento metodológico que nos possibilita identificar, compreender, descrever, explicar e/ou predizer como nossa clientela responde aos problemas de saúde ou aos processos vitais, e determinar que aspectos dessas respostas exigem uma intervenção profissional de enfermagem, implica na existência de alguns elementos que lhe são inerentes. O foco do processo de enfermagem é o indivíduo como um todo e não apenas sua doença, o que possibilita uma abordagem ampla, buscando maximizar a autonomia do indivíduo, considerando suas respostas humanas a um determinado problema, além de facilitar a interação enfermeiro-cliente (Rossi, Casagrande, 2001). A síndrome nefrótica é um conjunto de sinais, sintomas e achados laboratoriais que se desenvolvem quando ocorre uma elevação exagerada da permeabilidade dos glomérulos renais às proteínas, ocasionando em proteinúria, podendo também ocorrer em função de doença sistêmica ou pode ser a manifestação de doença primária renal. Secundariamente a proteinúria, se acrescenta hiperlipidemia e lipidúria, aumento dos níveis de gordura no sangue e perda de gordura na urina (Morales, 2006). O paciente portador da síndrome nefrótica torna-se suscetível ao desenvolvimento da doença aterosclerótica, principalmente se já tiver uma hipertensão instalada. Objetivo: Desenvolver um estudo aplicando o processo de enfermagem na assistência ao paciente com síndrome nefrótica, o presente estudo tem por finalidade traçar um plano assistencial no sentido de melhorar as condições de saúde e bem-estar desse paciente, propondo intervenções de enfermagem visando o cuidado integral. Método: Este é um estudo descritivo com uma abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, objetivando identificar os diagnósticos de enfermagem, utilizando-se para isto, a Uniformização da Linguagem dos Diagnósticos de Enfermagem da NANDA (North American Nursing Diagnosis Association), e propor intervenções de enfermagem embasadas na Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC). O mesmo foi realizado em uma enfermaria do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA), na cidade de São Luís MA. A escolha dessa instituição deveu-se ao fato de ser um campo de ensino universitário especializado no atendimento de doenças renais, por ser um hospital de referência do Estado do Maranhão e por apresentar o principal campo de prática e pesquisa para acadêmicos do curso de enfermagem. A amostra foi constituída por um paciente diagnosticado com síndrome nefrótica que aceitou participar do estudo, sendo que os dados foram coletados através de entrevista, exame físico e análise do prontuário. Paciente J. A. S. R, 49 anos, negro, solteiro, católico, natural de São Vicente de Ferrer, motorista, Ens. Médio Completo, residente em São Luís, com queixa principal de “Inchaço nas pernas” há 4 meses. Resultados: Diante dos achados referentes ao histórico de enfermagem foram levantados os seguintes diagnósticos de enfermagem: integridade da pele prejudicada relacionada a fatores mecânicos, evidenciado por edema em MMII; débito cardíaco diminuido relacionado à frequência cardíaca alterada evidenciada ao índice do trabalho sistólico do ventrículo esquerdo; volume de liquido excessivo relacionado a mecanismo regulador comprometido evidenciado por edema; baixa autoestima situacional relacionado ao prejuízo funcional evidenciado pelas expressões de sentimento de inutilidade; e estilo de vida sedentário relacionado à falta de motivação evidenciada pela falta de condicionamento físico. Após a identificação de todos diagnósticos realizou-se o levantamento das suas respectivas intervenções de enfermagem visando principalmente melhorar o quadro clínico do paciente, prevenir complicações, e também minimizar os danos a nível físico, psicológico e emocional. É 54 necessário salientar que o exercício da prática do profissional em enfermagem possui características humanistas, o enfermeiro é responsável por cuidar, informar, orientar e apoiar seu paciente. O paciente portador de sídrome nefrótica necessita de uma assistência específica, sendo indispensável à implementação de ações que resulte na promoção, prevenção e reabilitação dos seus problemas de saúde. Desta forma, pode-se perceber que a utilização do processo de enfermagem proporciona ao paciente um cuidado mais integral, com embasamento científico. Sendo que, os enfermeiros que o aplicam de forma racional e sistemática alcançam um plano de ação claro, eficaz e eficiente, por meio do qual toda a equipe de enfermagem é capaz de conseguir os melhores resultados para o paciente. Conclusão: Conclui-se então que o paciente que é submetido ao plano de cuidados de enfermagem apresenta melhores resultados ao tratamento, uma vez que este é tratado individualmente de acordo com as suas necessidades. Assistência de Enfermagem prestada a um paciente com GNDA no HIDJV: Um relato de experiência Junior GDS1, Queiroga RMA1, Pereira JFG1, Adebal MC1, Sá ES2, Sousa TAV2, Brito SSS2 1 Centro de Diálise de Caxias - MA. 2Enfermeiro Introdução: A glomerulonefrite aguda (GNDA) consiste em uma inflamação dos capilares glomerulares em decorrência da formação de um complexo antígeno – anticorpo ocasionado por um processo infeccioso prévio. Caracterizada clinicamente por proteinúria, hematúria, edema, hipotensão artéria e aumento dos níveis séricos de ureia e creatinina. A meta do cuidado para paciente com quadro de GNDA consiste em estratégias de educação para subsidiar uma maior adesão ao tratamento e consequente qualidade de vida. Com o intuito de oferecer uma assistência de enfermagem de qualidade desenvolveu-se este trabalho com uma criança com quadro de GNDA assistida pelo Hospital Infantil Dr. João Viana no município de Caxias - MA. Objetivo: Oferecer assistência de enfermagem de qualidade e individualizada à criança em tratamento do quadro de GNDA. Métodos: Trata-se de um relato de experiência realizado no Hospital Infantil Dr. João Viana com o menor R.A.S., 13 anos e 7 meses, caxiense, Brasileiro, estudante, internado com quadro de GNDA no referido hospital no dia 25 de março de 2010 apresentando anúria e anasarca a qual foi observada no período de uma semana (28/03/11 a 31/03/11) de acompanhamento sob autorização do responsável. Foram utilizados análise de prontuário e roteiro de anamnese elaborado pela equipe responsável pelo estágio extracurricular da UEMA, NANDA e NOC. Resultados: Com os exames pode-se evidenciar anemia, presença de verminoses, ureia aumentada (43,0 mg/dl) em decorrência da anúria evidenciando ai o quadro de azotemia típico de pacientes com GNDA e presença de hemoglobina na urina. Dessa forma o tratamento foi iniciado com prescrição de Captopril, Dipirona, Furosemida, Bezentacil e Metronidazol. Foi então iniciado o acompanhamento de enfermagem destacando-se: orientações quanto a alimentação do paciente garantindo assim uma dieta hipossódica, administração das medicações conforme prescrição medica, observação dos sinais vitais do paciente conforme rotina da instituição, realização do balanço hídrico diário do paciente, mensuração do peso a fim de identificar algum ganho hídrico inapropriado, controle da ingestão hídrica e orientações quanto ao processo patológico do mesmo. Conclusão: Este trabalho permitiu que fosse oferecida uma assistência de enfermagem individualizada e de qualidade para o menor, estabelecendo também um vínculo profissional- paciente e profissional- cuidador propiciando assim uma melhora significativa no quadro do paciente. O mesmo recebeu alta hospitalar de forma satisfatória, sendo referenciado para acompanhamento de rotina pela equipe de saúde da família atuante no seu domicilio. Atendimento multidisciplinar de pacientes renais no centro de prevenção de doenças renais - percepção dos residentes Bui DSS1, Alencar E1, Hortegal E1, Rodrigues N1, Salgado Filho N2 1 Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. 2Docente do Curso de Medicina - UFMA Introdução: Desde 2010, o Centro de Prevenção de Doenças Renais (CPDR) do Hospital Universitário Presidente Dutra realiza atendimento aos pacientes em tratamento renal conservador. Uma das características marcantes deste atendimento é a composição multiprofissional do serviço, que de acordo com Japiassú (1976), significa a ação simultânea de várias disciplinas em torno de uma temática comum. A Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 multidisciplinaridade não está prevista de maneira obrigatória pelos programas de treinamento e pós-graduação na formação acadêmica e profissional, sendo que a adoção deste modelo de atendimento ambulatorial é vivenciada pelos residentes como experiência inovadora e como instrumento de ensino. Objetivo: Apresentar as percepções das diversas categorias profissionais entre os residentes que realizaram atendimento multidisciplinar na área da prevenção renal e a sua importância na formação profissional e como modelo de atendimento. Métodos: Os residentes foram inseridos no CPDR por um período de 30 dias, atuando no atendimento dos pacientes através de discussões clínicas no modelo de multidisciplinaridade. Ao término deste período, foi respondido um questionário de quatro perguntas, P1, P2, P3 e P4, cada qual com cinco possibilidades de respostas objetivas. Resultados: Foram atendidos 143 pacientes no período de junho a outubro de 2011. Participaram destes atendimentos 24 residentes de especialidades médica, fisioterapia, farmácia, psiquiatria, serviço social, enfermagem, educadores físicos e nutricionistas. Entre os residentes médicos (34%), houve o maior número de variação de respostas em duas perguntas (P2 e P3). A pergunta P2 “ ...Qual a importância do atendimento multidisciplinar para a formação profissional? ...” obteve 87,5% de respostas D (“fundamental” e “importante”). A pergunta P3 questionava o modo de obter os melhores resultados no atendimento, considerando a complexidade da doença renal. Também apresentou variação nas respostas: 12,5% marcaram a opção C (trabalhar a aderência do paciente); 75% das respostas afirmaram que é quando o paciente recebe uma abordagem integral com vários olhares especializados, implicando aquele no tratamento de modo a se obter a melhor qualidade de vida possível (opção D) e 12,5% dos participantes responderam que os melhores resultados são alcançados quando o paciente é atendido por equipe multiprofissional (opção E). Entre os demais profissionais (psicólogos, terapeutas ocupacionais, odontólogos, fisioterapeutas, educadores físicos, nutricionistas, famacêuticas, enfermeiras) que responderam ao mesmo questionário, houve bastante uniformidade nas respostas com predomínio de resposta D para P2 e P3. Conclusão Os resultados revelam que a implantação do atendimento no modelo multidisciplinar é uma prática desejada pelos residentes e aceita como modelo de melhor atendimento no treinamento teórico-prático dos profissionais na Nefrologia Clínica e Preventiva do Hospital Universitário do Maranhão. Atendimento psicológico de pais com filhos nefropatas experiência no centro de prevenção de doenças renais. Alencar E1, Alves J1, Santos VB2, Salgado Filho N3 1 Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. Residência Multiprofissional em Saúde - HUUFMA. 3Docente do Curso de Medicina da UFMA 2 Introdução: O serviço de nefropediatria – que funciona no Centro de Prevenção de Doenças Renais, em parceria com o serviço de psicologia da Nefrologia do Hospital Universitário Presidente Dutra – iniciou atendimento aos pais de crianças acometidas por doenças renais em 28/09/2010. O atendimento piloto durou nove meses (até 18/06/2011) e assistiu 196 pessoas, das quais 187 eram mães e apenas 9 pais. Deste total, 37% era do interior do estado e 63% de São Luís. A experiência de ter um filho com uma doença crônica mobiliza diversas áreas da vida e, não raro, promove a desorganização do núcleo familiar. Os pais são forçados a conviver com as dificuldades advindas do tratamento, internações e com a própria educação do filho que ganha contornos especiais. A realização desta atividade foi demandada pela percepção de que os pais demonstravam alto nível de ansiedade durante a consulta médica, com repercussões durante o próprio atendimento ambulatorial e sobre o acompanhamento do tratamento dos filhos. Objetivo: Atender pais e mães de crianças nefropatas através da escuta e acolhimento de seu sofrimento demonstrado em forma de ansiedade e estresse, mediante a oferta de informações práticas sobre a doença renal, cuidados com a criança, educação infantil e a abordagem de temas que eram trazidos pelos próprios pais. Metodologia: O atendimento era realizado antes da consulta médica, momento em que os pais eram estimulados a falar sobre a experiência de cuidar de uma criança com doença renal. Na abordagem utilizou-se técnicas de Psicoterapia Breve de Apoio em que o objetivo principal é dar ao indivíduo atendido suporte ante o processo do adoecer e, neste caso, dar a oportunidade de expor suas inquietações. O processo ocorre através de passos adotados pelo psicólogo, a saber: 1. Interrogar sobre a queixa principal; 2. Dar informações; 3. Retificar ou confirmar compreensões do paciente; 4. Reformular o relato do paciente (clarificar); 5. Resumir os pontos essenciais (recapitular); 6. Relacionar informações, emoções, comportamentos expostos pelos paciente (assimilar); 7. Interpretar os Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Resumos / Abstracts conteúdos tratados; 8. Sugerir atitudes novas; 9. Indicar ações. A relação de pais e filhos era observada pela verbalização dos pais e durante o encontro da seguinte maneira: aos filhos se disponibilizavam brinquedos e entretenimento, o que, em boa parte das vezes, se revelava fonte valiosa de informações da relação entre pais e filhos, momento em que se tinha a oportunidade de intervenção. Resultados: Ao final do encontro era feita a seguinte pergunta: qual a importância do encontro com os pais antes da consulta com a nefropediatra? A maioria absoluta dos pais que participaram – cerca de 95% – aprovaram o atendimento em grupo, inclusive referindo que funcionou, naquele momento, como forma de descompressão de emoções que a tensão da consulta representava. Pergunta semelhante foi apresenta à nefropediatra que revelou perceber os pais se mostravam mais relaxados, participativos de forma assertiva e compreensivos durante a consulta. Entre as manifestações de ordem psicoemocionais observadas estão: estresse, ansiedade, depressão, culpa, medo e insegurança com o futuro do filho. O atendimento dos pais gerou demandas de atendimento psicológico clínico de vários destes pais, que viram no primeiro serviço uma porta de entrada para se permitirem algum cuidado pessoal quando se sentiam desamparados. Conclusão: Ainda que, neste trabalho, não haja um instrumento específico de avaliação, conclui-se que a técnica do encontro com pais e filhos utilizando princípios da Terapia Breve de Apoio, revelou-se útil em criar um ambiente mais acolhedor aos pais e filhos e resultou na diminuição considerável do comportamento ansiogênico entre os participantes, o que revela que o pré-atendimento psicológico é de gande valia nas condições em que foi prestado. Atuação do enfermeiro na prevenção da doença renal crônica Saraiva ALO1, Farias AMC1, Nolêto FB2 1 2 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Estratégia Saúde da Família - São Luís - MA Introdução: Hoje as doenças renais ocupam um espaço importante no perfil epidemiológico das doenças que acometem nossa população. Hipertensão arterial, Diabete Mellitus, hipercolesterotemia, obesidade e tabagismo são fatores de risco conhecidos para nossa saúde e estão intimamente ligados à doença renal crônica, seja com causas ou fatores que aceleram, ainda mais, a perda da função renal (Brasil, 20006). A partir dos exames específicos, o profissional de Enfermagem tem uma grande importância na atuação do cuidado à prevenção das doenças renais crônicas podendo adotar algumas estratégias de prevenção, que devem ter como metas: Mudança de estilo de vida; que inclui uma alimentação balanceada e saudável, exercícios físicos regulares e suspensão do fumo. Controle glicêmico e metabolismo rigoroso assim como da pressão arterial, visando pressão sistólica < 130 mnHg e pressão diadolica < 80 mnHg. Avaliação rotineira dos níveis de creatinina, exame de urina e pesquisa de microalbuminúria e proteinúria (albumina e proteína na urina) (Travagimi, 2009). Objetivo: Identificar a atuação do enfermeiro e de seus conhecimentos acerca da prevenção da doença renal crônica. Métodos: Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica, realizado através de busca nas bases de dados MEDLINE, SCIELO E LILACS, nos anos de 2007, 2008 e 2009; no idioma português; com os descritores: Enfermagem, doença renal crônica e assistência de Enfermagem. Os dados foram coletados levando em consideração o título da obra, local e ano, objetivos, principais resultados e conclusão. Foram analisadas três publicações científicas sob a perspectiva da atuação do enfermeiro à prevenção de doenças renais crônicas. Resultados: A atuação do enfermeiro na prevenção e progressão da DRC se dá a partir das necessidades reais da clientela. É preciso detectar os grupos de risco, bem como os pacientes com a doença instalada, nos quais a avaliação da função renal é imprescindível. A redução da função renal de forma progressiva e irreversível é classificada em cinco estágios (Travagimi, 2009). O enfermeiro, além de conhecer o estadiamento da DRC, deve intervir junto aos pacientes. A atividade educativa pode ser realizada desde a atenção primária até o nível terciário de saúde. As ações de educação em saúde de forma conjunta e construtiva com a população são imprescindíveis para que ocorram ações efetivas na progressão da doença. O enfermeiro possui importante papel de cuidador e educador, além do compromisso ético e profissional, que o torna um dos grandes responsáveis por sistematizar e incentivar o autocuidado, desenvolver atividades educativas de promoção de saúde, reduzir a incidência da DRC, bem como buscar a melhoria da qualidade de vida (Bastos, 2007). Conclusão: Assim, para que o Enfermeiro interfira de forma positiva na história natural da doença renal e dessa forma reduzindo as repercussões sociais, psicológicas e econômicas dessa doença é fundamental a sistematização das ações de caráter preventivo e educativo em vários níveis de atenção à saúde, alterando este panorama preocupante. 55 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts Automedicação em idosos hipertensos acompanhados pelo programa de hipertensão em uma unidade básica de saúde. Martins ROS1, Lima ML2 1 Aluno curso de Especialização em Saúde da Família - Instituto Laboro - São LuísMA. 2Docente do Curso de Enfermagem - Faculdade Santa Terezinha - CEST - São Luís-MA Introdução: Hipertensão Arterial (HA) é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo. Segundo o Ministério da Saúde (2002), a HA é responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular encefálico, 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o diabetes, 50% dos casos de insuficiência renal terminal. No Brasil, cerca de 65% dos idosos são hipertensos e entre mulheres, maiores de 75 anos, a prevalência pode chegar a 80%. A população idosa apresenta peculiaridades em relação ao uso de medicamentos, exemplo, diminuição das taxas de excreção renal, do metabolismo hepático e outros. Com isso, fica explícita a importância do acompanhamento do uso da medicação pela população idosa, pois uma vez não orientada, esse hábito pode gerar complicações irreversíveis e extremamente danosas para esses indivíduos, principalmente se esse uso for feito partindo de uma automedicação. Objetivo: Este trabalho objetivou identificar o perfil sócio-econômico dos pacientes idosos, acompanhados no programa de hipertensão, que fazem uso da automedicação, em uma unidade de saúde. Métodos: Através de um estudo quantitativo e descritivo, com um caráter prospectivo e exploratório de campo, desenvolveu-se uma pesquisa no Centro de Saúde do Bairro de Fátima em São Luís-MA. A amostra obtida contou com 120 hipertensos atendidos naquele centro. Resultados: Analisando os dados obtidos, observou-se a prevalência do sexo feminino (n= 69; 58%) em relação ao sexo masculino (n= 51, 42%), tendo a população entrevistada predomínio de idade entre 60 e 65 anos (n=45; 38%), renda familiar média entre 2 e 3 salários mínimos (n= 55; 46%) e tendo o ensino fundamental incompleto como o nível de escolaridade predominante (n= 66; 55%). Perguntados se faziam uso de medicamentos, que não os prescritos pelo médico, 75 entrevistados responderam que sim (62,5%), destes, 54% (n=40) são do sexo feminino, com idade média entre 60 e 65 anos (n=31; 41%), o ensino fundamental incompleto, o nível de escolaridade dominante (n=38; 51%), e 01 a 02 salários míninos a renda familiar prevalente (n= 39; 52%). Quanto a quem fez a indicação desses medicamentos aos entrevistados, os 'parentes/familiares' representaram os maiores incentivadores da automedicação (n=45; 60%) e o motivo que os levaram a se automedicar mais presente foi a 'dor de cabeça' (n=27; 36%). Questionados sobre os riscos da automedicação, 76% dos entrevistados (n=57) afirmaram desconhecer os riscos desse processo e 45% relacionaram os problemas do coração como a principal complicação trazida pelo processo da automedicação. Conclusão: De acordo com o encontrado na pesquisa, os resultados obtidos condizem com a maioria das outras publicações sobre essa temática e evidencia que o uso de medicamentos, sem a devida orientação profissional, é uma realidade bastante presente entre os idosos do nosso país, além do mais, partindo da fragilidade da saúde dessa população, fica explícita a necessidade de um acompanhamento mais fidedigno desse processo, com maior ênfase nas orientações sobre os riscos que a automedicação trás para o indivíduo. Os portadores de disfunção renal leve apresentam quase sempre evolução progressiva, insidiosa e assintomática, dificultando o diagnóstico precoce da disfunção renal. Assim, a capacitação, a conscientização e vigilância na atenção básica à saúde são essenciais para o diagnóstico e encaminhamento precoce ao nefrologista, prevenindo complicações e modificando comorbidades. As duas principais causas de insuficiência renal crônica são a hipertensão arterial e o diabetes mellitus. Além destes, outros fatores estão relacionados à perda de função renal, como glomerulopatias, doença renal policística, doenças autoimunes, infecções sistêmicas, infecções urinárias de repetição, litíase urinária, uropatias obstrutivas, neoplasias e a presença de dislipidemia, obesidade e tabagismo aceleram a progressão da doença renal. A atuação da enfermagem inicia-se com a capacitação dos auxiliares de enfermagem e dos agentes comunitários de saúde. Deve também realizar consultas de enfermagem abordando fatores de risco, tratamento não medicamentoso, adesão e possíveis intercorrências ao tratamento. Desenvolver atividades educativas na comunidade visando a promoção de saúde, desenvolver atividades educativas individuais ou em grupo com os pacientes hipertensos e diabéticos. Solicitar, durante a consulta de enfermagem, os exames mínimos. Repetir a medicação de indivíduos controlados e sem intercorrências; Encaminhar o paciente a consultas médicas para avaliação periódica da função renal. O enfermeiro deve, a partir do histórico de enfermagem, avaliar o cliente e identificar fatores de risco associados a doenças renais, orientá-lo quanto aos riscos das doenças renais, mudança de hábitos de vida e medidas de prevenção. O enfermeiro possui importante função como educador, além do compromisso ético e profissional. Por isso é um dos grandes responsáveis por incentivar o autocuidado à saúde visto que desenvolve a atuação mais próxima aos pacientes. Auxiliar na promoção da saúde coletiva por meio de divulgação das medidas preventivas para doenças renais, sendo de grande relevância o conhecimento e adoção dessas medidas pela população, de forma que se possa reduzir gradativamente a incidência dessas afecções. Objetivos: Contribuir para a conscientização das pessoas acerca das medidas preventivas para as doenças renais. Métodos: Estudo descritivo bibliográfico. Como técnica compreende a leitura, seleção, fichamento e arquivo dos tópicos de interesse para a pesquisa em pauta, com vistas a conhecer as contribuições científicas que se efetuaram sobre determinado assunto já constituído principalmente livros e artigos científicos5. Resultados: O profissional de enfermagem deve atuar na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação em saúde. Na doença renal a atuação da enfermagem se dá por meio das práticas educativas, acompanhamento de pacientes diabéticos e hipertensos, rastreamento dos fatores de risco, orientações quanto à mudança dos hábitos de vida e acompanhamento e avaliação periódica do cliente. Conclusão: A partir dessas perspectivas pode-se afirmar que o enfermeiro possui papel imprescindível nas ações de educação em saúde que visam à precaução das afecções renais através da orientação e divulgação de medidas preventivas, realizadas principalmente na atenção primária, onde o enfermeiro deve atuar, sobretudo, de forma humanizada, contribuindo para a diminuição em longo prazo da incidência dessas morbidades, gerando uma redução do custo social e econômico do indivíduo. Atividade educativa do enfermeiro na assistência ao paciente com doença renal crônica Atuação do enfermeiro na prevenção de doenças renais Perdigão ELL1, Saraiva ALO1, Farias AMC1, Santos ECS1, Noleto FB2 1 Almeida JPS1, Costa RS1, Oliveira PS2 2 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Enfermeiro 1 2 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Professora Substituta do Curso de Enfermagem - UFMA Introdução: A mortalidade e a morbidade das doenças renais constituem problemas relevantes de saúde pública, porém de baixa incidência. No entanto, o custo social das doenças renais é desproporcional à sua incidência e tem sido crescente, especialmente no seu aspecto econômico, o que justifica discutir o assunto prevenção. Para introduzir os tipos de prevenção possíveis, pode-se classificá-la em primária, secundária e terciária. Prevenção primária é constituída pelas intervenções que visam a impedir o surgimento de doenças renais, a secundária é caracterizada pelas medidas usadas para rastrear e diagnosticar indivíduos com doenças renais e também para impedir que estas doenças progridam ao ponto de levar à insuficiência renal, e a prevenção terciária é aplicada quando o diagnóstico é definido, e consiste em medidas de tratamento da doença para que não evolua com complicações, sequelas ou óbito. A detecção precoce da doença renal e condutas terapêuticas apropriadas para o retardamento de sua progressão pode reduzir o sofrimento dos pacientes e os custos financeiros associados à doença renal crônica. 56 Introdução: A insuficiência Renal Crônica provoca uma série de situação para o paciente com doença renal crônica, que compromete o aspecto não só físico, como psicológico, com repercussão pessoal, familiar e social. Na convivência com estes pacientes, ficou clara a importância da intervenção de enfermagem em busca de amenizar as limitações consequentes da doença, sendo necessário reaprender a viver. As mudanças causadas pela doença renal crônica geram estresse e desencadeiam sentimentos de revolta e conflitos nessas pessoas, os quais interferem na adesão à sua terapia. Entende-se, então, a importância de orientar e educar o paciente para que tenha consciência de sua doença renal, do autocuidado e escolha de terapia de substituição renal quando ainda se encontra na fase inicial da doença. Nesse contexto, a prática educativa do enfermeiro necessita, além de fundamentação científica e da competência técnica, conhecimento dos aspectos que levam e consideração os sentimentos, as necessidades e os desejos dos pacientes sob sua orientação. O desempenho do enfermeiro no papel de educador e como membro da equipe multidisciplinar, deve visar à identificação dos problemas de saúde do paciente com doença renal crônica e tentar resolvê-los, junto Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 com ele, mediante uma assistência de enfermagem que proporcione a esta pessoa uma melhor qualidade de vida. Objetivos: Levantar produções bibliográficas sobre o papel educativo do enfermeiro na assistência ao paciente com doença renal crônica buscando identificar a natureza do conhecimento produzido. Métodos: Esse estudo se caracteriza como uma pesquisa bibliográfica. Os dados foram coletados através do levantamento de publicações bibliográficas nas bases de dados LILACS, SCIELO E MEDLINEA nos anos de 2006, 2007 e 2008; no idioma português; com os descritores: Enfermagem, doença renal crônica e educação. Os dados foram coletados levando em consideração o título da obra, local e ano, objetivos, principais resultados e conclusão. Foram analisadas quatro publicações científicas sob a perspectiva do papel educativo da enfermagem no enfrentamento da doença renal crônica. Resultados: A discussão entre profissional e paciente sobre Insuficiência Renal Crônica, o impacto da doença e do tratamento é importante, pois através de informações oferecidas, questionamentos e esclarecimentos o paciente consegue compreender a doença. Ao se utilizar uma metodologia conscientizadora é possível facilitar a intervenção do profissional de maneira adequada porque considera conhecimento, as percepções e as dúvidas e as necessidades dos pacientes. Constatouse que os pacientes sabem que as principais causas de doença renal crônica consistem no descontrole da hipertensão e diabetes. Além disso, a maioria tem conhecimento sobre funcionamento renal e ocorrência da doença renal crônica. Hábitos de vida saudáveis e a prática de exercícios físicos são citados pelos pacientes como importantes para a saúde e melhor qualidade de vida. A inclusão da família nesse processo de discussão funciona como forma de conscientização e sensibilização e possibilita o compartilhamento de experiências e emoções. Verificou-se que após experiências educativas o paciente começa a “desvelar” a situação; ocorrendo, portanto, mudanças eu alteram suas atividades e seus comportamentos. Conclusão: Na procura da excelência da assistência de enfermagem ao paciente renal crônico, é necessário que o enfermeiro tenha, além de fundamentação científica e de competência técnica, também o conhecimento dos aspectos que levam em consideração os sentimentos e necessidades de tais pacientes. Nesse contexto o enfermeiro deve estabelecer diálogo com o paciente além de levantar previamente os conhecimentos e as experiências com o paciente renal crônico. As ações educativas desenvolvidas pelos enfermeiros proporcionam compreensão dos elementos básicos da realidade da doença e inclui o paciente como sujeito ativo no seu tratamento. O conhecimento do paciente renal crônico sobre seus próprios limites na escolha e adesão das terapêuticas médicas, nutricional e de enfermagem leva à reflexão sobre o imperativo de se buscar entender o cotidiano do cliente e seus modos de viver a vida e sobreviver coma doença renal crônica. Avaliação clínica de paciente com diagnóstico de síndrome nefrítica Rocha Neta AP1, Cardoso KC1, Santos ERS1, Sousa EP1, Mendes GS1 1 Resumos / Abstracts como exemplo, a melhora em edema, perfusão periférica, orientado quanto tempo e espaço, melhora na hidratação da pele. Paciente permaneceu no hospital para tratamento. Conclusões: A utilização do processo de enfermagem de Wanda Horta na sistematização da assistência de enfermagem voltada para o paciente com Síndrome Nefrítica mostrou-se bastante eficiente, analisando os problemas de enfermagem, as necessidades humanas afetadas e o grau de dependência favorecendo o cuidado ao paciente. Avaliação da eficácia do tratamento interdisciplinar em pacientes com doença renal crônica pré-dialítica Pontes VRA1, Maia TR1, Lacerda AFS1, Resende AC1, Machado ACMR1, Pinto PS1 1 Programa de Promoção da Saúde - UNIMED Betim - MG Introdução: Pesquisas recentes têm demonstrado que o diagnóstico precoce da disfunção renal e a concomitante introdução de cuidados que tratam e previnem as complicações clínicas decorrentes da perda de função renal podem retardar a evolução da doença. Objetivo: Avaliar a evolução da Doença Renal Crônica (DRC) e controle de suas complicações após 6 meses de tratamento interdisciplinar. Métodos: Foram inseridos, em programa de atendimento interdisciplinar, 41 pacientes portadores de DRC em tratamento conservador, com taxa de filtração glomerular < 60 ml/min. Três foram excluídos desta análise por terem iniciado terapia de substituição renal após 3 meses de inclusão no programa. Dez pacientes completaram 6 meses de acompanhamento até o presente momento e foram avaliados. A equipe é composta por médico nefrologista, enfermeira, nutricionista, assistente social e psicóloga. Todos os pacientes são assistidos por sistema de saúde suplementar e reside na região metropolitana de Belo Horizonte - MG. Os dados foram coletados durante a primeira consulta do paciente no programa e após 6 meses de tratamento e foram analisados através do programa estatístico SPSS 16. Resultados: Dos dez pacientes avaliados, 5 eram do sexo masculino, 80% eram brancos, tinham média de idade de 67,2 +/- 10,2 anos (mínima 50 e máxima 85anos). A nefropatia diabética foi a causa da disfunção renal em 40% dos casos, glomerulonefrite crônica em 20%, nefropatia isquêmica em 20%, nefropatia hipertensiva em 10%. Um paciente não teve a etiologia definida. Sete pacientes estavam no estagio 3 da DRC ao iniciarem no programa, dois no estagio 4 e 1 no estágio 5. HAS e dislipidemia estavam presentes em 90% dos casos e DM2 em 50%. Após 6 meses de acompanhamento no programa, observamos uma melhora significativa da função renal, melhor controle glicêmico, queda nos níveis de potássio, aumento no HDL colesterol e hemoglobina, conforme mostra a tabela 1 abaixo. Não observamos diferença nos níveis de pressão arterial, porém os pacientes já se encontravam com esses níveis controlados ao ingressarem no programa. Conclusão: Existem múltiplos fatores que influenciam a doença renal crônica e o atendimento interdisciplinar contribui para o controle das comorbidades e complicações e para a diminuição da progressão da doença renal crônica. Academica do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: A síndrome nefrítica é o correlato clínico da inflamação glomerular aguda. Esta "inflamação" dos glomérulos pode ocorrer de forma idiopática, como doença primária dos rins, ou ser secundária a alguma doença sistêmica, como infecções e colagenoses1. Tem inicio súbito, nos casos mais graves, manifesta-se por oligúria, edema, hipertensão arterial, hematúria com cilindros hemáticos, proteinuria discreta ou moderada e retenção variável, às vezes ausente, de escórias nitrogenadas (azotemia) no início ou durante sua evolução, podem faltar alguns desses elementos ou sugerir certas complicações: IRA, encefalopatia hipertensiva, edema pulmonar, etc. Objetivos: Este trabalho tem como objetivo identificar as Necessidades Humanas Básicas (NHB) afetadas em um paciente com Síndrome Nefrítica, além de elaborar e programar a assistência de enfermagem, com a observação e avaliação da evolução do paciente aos cuidados prestados. Métodos: Trata-se de um estudo qualitativo descritivo, realizado na clinica medica feminina do Hospital Universitário Presidente Dutra, no período 17 de setembro a 1º de outubro de 2010, utilizando o processo de enfermagem de Wanda Horta. Resultados: Durante o período de avaliação clinica da participante, foram observadas algumas NHB afetadas, dentre elas estão: regulação vascular, integridade cutaneomucosa, regulação vascular, hidratação, locomoção, percepção sensorial dolorosa, eliminação. Algumas das ações desenvolvidas no plano de cuidados envolviam: avaliação dos sinais vitais diárias, balanço hídrico diário, estimular o paciente para o autocuidado, informações sobre ingestão hídrica e alimentação, encorajar atividade alternada com repouso, orientação e hidratação da pele. Após 13 dias de acompanhamento, o paciente apresentou evolução favorável para os sinais e sintomas que afetavam suas NHB, Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Avaliação da função renal em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 atendidos em ambulatório Moraes YAC1, Oliveira GEA1, Dias ICC1, Pontes CEA1, Costa JCB1, Aquino LFS1, Reis FM1, Lima ARLR1, Paixão TM1, Furtado Neto JFR2 1 2 Acadêmico do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Hospital Universitário - HUUFMA Introdução: O diabetes mellitus tipo 2 constitui-se num dos principais problemas de saúde pública em razão de sua elevada prevalência, complicações crônicas incapacitantes e aumento da mortalidade dos indivíduos afetados. Os indivíduos diabéticos tipo 2 apresentam elevado risco de desenvolver insuficiência renal crônica (IRC), quando comparados à população geral. Objetivo: Avaliar a função renal de pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2), atendidos em ambulatório de diabetes mellitus do setor de Endocrinologia do Hospital Universitário Unidade Presidente Dutra da Universidade Federal do Maranhão, em São Luís, MA, Brasil. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, observacional e retrospectivo, realizado a partir da análise dos prontuários de 141 pacientes com diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2, atendidos entre os meses de maio e agosto de 2009. A função renal foi avaliada por meio da taxa de filtração glomerular, FG (ml/ min.), calculada a partir da equação de CockcroftGault. Para tal cálculo, utilizaram-se as variáveis como gênero, idade, peso e creatinina sérica, colhidas na última consulta médica registrada nos prontuários. Obedeceram-se os critérios de classificação da função renal utilizados pelas Diretrizes Brasileiras de Doença Renal 57 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts Crônica, publicadas em 2004 pela Sociedade Brasileira de Nefrologia. A construção do banco de dados e a análise estatística foram realizadas no Excel 8.0 e Epi Info 2002. Resultados: Foram analisados 100 pacientes, sendo 31 homens e 69 mulheres. Desses pacientes, 29% (n = 29) apresentaram função renal normal, 47% (n = 47), insuficiência renal leve, 21% (n = 21), insuficiência renal moderada, 3% (n = 3) apresentaram insuficiência renal severa e nenhum paciente apresentou insuficiência renal terminal. Entre os homens, a prevalência de função renal normal foi 19,4%, a de IR leve foi 51,6%, a de IR moderada foi 22,6% e a prevalência de IR severa foi 6,4%. Entre as mulheres, a prevalência de função renal normal foi 33,3%, a de IR leve foi 44,9%, a de IR moderada foi 20,3% e a de IR severa foi 1,5%. Conclusão: Observou-se que não houve casos de insuficiência renal terminal entre os pacientes analisados. Porém, a elevada prevalência de IR leve nesses pacientes, especialmente entre os homens, desperta para a necessidade da realização de medidas educativas indispensáveis à prevenção e ao tratamento da disfunção no grupo, considerando as complicações associadas a esse quadro. Avaliação da satisfação com o atendimento ambulatorial em uma liga de hipertensão na perspectiva da aceitabilidade do usuário Caldeira EAC1, Paula RB2, Costa DMN2, Bastos MG2 1 Programa de Pós-Graduação em Saúde - Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF-MG. 2Docente - UFJF-MG Intrudução: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) constitui um importante problema de saúde pública e as Doenças Cardiovasculares (DCV) tem sido principal causa de morte. O tratamento não farmacológico e farmacológico, a mudança no estilo de vida é atualmente, a melhor opção terapêutica para o paciente com HAS, tanto do ponto de vista médico, quanto social ou econômico. Uma questão considerada importante está relacionada à adesão do paciente ao tratamento proposto. Acredita-se que outros fatores como gestão do modelo da assistência, integração da equipe de saúde e a satisfação do usuário também possam interferir na adesão. Para proporcionar maior segurança terapêutica e controle das complicações clínicas existem estratégias que são fundamentais. Dentre estas está à avaliação da satisfação do usuário em relação à sua aceitabilidade em relação ao serviço que lhe é prestado, o que possibilitará compreender as expectativas dos pacientes quanto ao atendimento e tratamento possibilitando desenvolver metodologias para o processo de planejamento, viabilizando novas diretrizes. Contudo ainda é escassa a produção científica publicada voltada à satisfação dos usuários com atendimento e tratamento da HAS. Objetivo: Avaliar a aceitabilidade dos pacientes hipertensos atendidos no ambulatório da Liga de Hipertensão do serviço de Nefrologia da Faculdade de Medicina do HU/CAS da Universidade Federal de Juiz de Fora relacionado aos serviços que lhe são prestados, onde serão pesquisados alguns dos fatores determinantes e predisponentes da satisfação/insatisfação do usuário. Método: Trata-se de um estudo de caráter exploratóriodescritivo centrando-se numa abordagem quantitativa e qualitativa, onde serão analisados 80 pacientes hipertensos em acompanhamento ambulatorial na Liga de Hipertensão. Os dados serão coletados através de entrevista semiestruturada. Empregaremos como dimensões analíticas: infraestrutura, acessibilidade, relação usuário-equipe de saúde e o item resolutividade, sendo utilizada a seguinte escala: excelente, bom, regular, ruim, péssimo e não sei. Posteriormente a cada questão fechada haverá uma questão aberta com questões norteadoras no qual se trata cada dimensão em estudo. Para análise dos dados quantitativos utilizaremos o software SAEG® versão 9.1 e para os dados qualitativos usaremos análise de conteúdo segundo a vertente temática abordada nas entrevistas. Resultados: A análise dos resultados possibilitou identificar que 72,5% da amostra eram compostas pelo sexo feminino, a faixa etária de 36% estava entre 51 a 60 anos, 81% dos sujeitos não possuíam plano de saúde e 77,5% afirmaram como motivo para procura do serviço as suas queixas e em relação à satisfação do usuário com o atendimento, foi possível identificar que 48% referem como bom a infraestrutura, 42% relatou como bom a acessibilidade ao serviço e a relação usuário equipe de saúde. Quando analisada todas as dimensões juntas percebe-se uma grande aceitabilidade por parte do usuário em relação ao serviço, onde 44% afirmaram como bom e 36% como excelente. Conclusão: Esperase com esse estudo fornecer dados científicos confiáveis sobre a satisfação e expectativa do paciente em relação à qualidade do serviço que lhe é oferecido, assim como disponibilizar resultados que poderão ser utilizados pelos profissionais para o planejamento, organização da assistência e aderência dos pacientes com doenças crônicas atendidos em programas de atenção à saúde a nível primário e secundário. 58 Avaliação do bloqueio da aldosterona sobre parâmetros metabólicos e renais na síndrome metabólica Ezequiel DAG1, Lovisi JCM1, Costa MB1, Paula RB1, Bastos MB1, Bicalho TC2, Barros FC2, Souza Junior SF2 1 Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa em Nefrologia - Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF - MG. 2Acadêmicos do Curso de Medicina - UFJF - MG Introdução: Nos últimos anos, a aldosterona tem sido implicada na fisiopatologia da síndrome metabólica (SM), bem como da hipertensão arterial a ela associada, entretanto, o impacto do uso de antagonistas da aldosterona neste grupo de indivíduos ainda não foi avaliado. Objetivo: Avaliar os efeitos do bloqueio da aldosterona sobre a pressão arterial, parâmetros metabólicos e renais, em portadores de SM. Métodos: Foram avaliados 19 indivíduos não diabéticos com SM através de exame clínico e exames laboratoriais (teste oral de tolerância à glicose, insulina basal, perfil lipídico, ácido úrico, creatinina, potássio, aldosterona plasmática e atividade plasmática da renina, além de avaliação da hemodinâmica renal pela dosagem da microalbuminúria e da depuração da creatinina. O comportamento pressórico foi avaliado pela monitorizarão ambulatorial da pressão arterial. Todos os pacientes receberam espironolactona, na dose de 25 a 100mg/dia e, após um período de 16 semanas, foram reavaliados. Resultados: A média de idade foi de 44,7 ± 10,23 anos e do índice de massa corporal de 35,4 ± 4.72 kg/m2. Após a administração de espironolactona, a pressão arterial sistólica e a pressão arterial diastólica de consultório reduziram de 136,9 ± 10,60 mmHg para 120,8 ± 5,74 mmHg (p = 0,001) e de 89,0 ± 11,40 para 79,2 ± 4,79 mmHg (p = 0,005), respectivamente. Após o uso de espironolactona, observou-se elevação dos níveis plasmáticos de aldosterona de 6,6 ± 4,31 ng/dL para 25,7 ± 13,19 ng/dL (p = 0,000) e de colesterol HDL de 41,5 ± 10,46 mg/dL para 46,3 ± 6,87 (p = 0,01). Os níveis plasmáticos de triglicérides, bem como da glicemia de jejum antes e após o bloqueio da aldosterona foram semelhantes. Além disso, a depuração da creatinina variou de 124,9 ± 33,16 para 118,4 ± 27,82 (p=0,37 e a excreção urinária de albumina reduziu de de 28,1 ± 45,67 mg/24 horas para 18,7 ± 34,23 mg/24 horas (p=0,05) , após o uso de espironolactona. Conclusão: o bloqueio da aldosterona em pacientes com SM atenuou a hiperfiltração glomerular, reduziu a pressão arterial e apresentou impacto positivo sobre parâmetros metabólicos. Avaliação das características da hipertensão arterial em pacientes atendidos em um ambulatório de nefrologia Rodrigues Neto ÁMS1, Silva FC1, Oliveira ACCM1, Reis FM1, Ribeiro JVF1, Siqueira TMA1, Lages JS2, Bui DSS2, Salgado Filho N3 1 Acadêmico do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Hospital Universitário - HUUFMA. 3Docente do Curso de Medicina - UFMA 2 Introdução: Conceitua-se hipertensão arterial sistêmica (HAS) como uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial. Desde 1835, quando Richard Bright descreveu uma doença na qual a necropsia mostrava pacientes com rins contraídos e coração hipertrofiado, o aumento do nível pressórico tem sido ligado à doença renal. Estudos têm demonstrado que a hipertensão arterial e a função renal estão intimamente relacionadas, podendo a hipertensão ser tanto a causa como a consequência de uma doença renal. Além disso, o controle adequado da pressão arterial retarda a progressão da doença renal crônica. Nesse sentido, o controle rigoroso da pressão arterial é da maior importância para minimizar a progressão da disfunção renal, uma vez que o grau de agressão renal secundária à hipertensão é proporcional ao nível pressórico do paciente, além de diminuir o risco de doença cardiovascular frequentemente associada. Objetivos: Avaliar as características da HAS em pacientes atendidos em um ambulatório de Nefrologia. Métodos: Este estudo retrospectivo e transversal analisou o primeiro atendimento de 105 pacientes no Centro de Prevenção de Doenças Renais do Hospital Universitário Presidente Dutra, ocorrido no período de novembro de 2009 a setembro de 2011. Os prontuários desses pacientes foram revistos e os dados clínicos transcritos em ficha padronizada. O diagnóstico de HAS foi considerado na presença de tratamento prévio para esta patologia ou de níveis pressóricos ≥ 140/90 mmHg. A pressão arterial foi classificada de acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão e a taxa de filtração glomerular (TFG) dos pacientes foi calculada pela fórmula validada no estudo MDRD (Modification of Diet in Renal Disease). Foi considerado com disfunção renal o paciente que apresentou TFG menor que 60 ml/min/1,73m2. A análise estatística foi realizada no programa SPSS® versão 17.0. Os dados foram apresentados na forma de média e desvio padrão ou mediana e variação máxima e mínima. Foi empregado o teste t de Student para amostras independentes e o teste do qui-quadrado para comparação entre grupos. O nível de Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 significância foi definido como p < 0,05. Resultados: Foram avaliados 105 pacientes, com média de idade de 52,6 ± 15,8 anos (17-84 anos), sendo 50,5% do sexo masculino. Do total de pacientes, 37,2% eram diabéticos, 16,9% eram tabagistas e 35,7% eram etilistas. Oitenta e três pacientes (79%) apresentaram diagnóstico de HAS, sendo que 26,5% destes desconheciam esta condição. Dentre os pacientes hipertensos, observou-se que 47,2% pertenciam ao grupo de hipertensão em estágio 3 (pressão arterial sistólica ≥180 mmHg e/ou pressão arterial diastólica ≥ 110mmHg). Os pacientes com diagnóstico de HAS apresentaram menor média de idade que os pacientes sem este diagnóstico 55 ± 14,8 anos vs. 43,4 ± 16,5 anos (p=0,002). Os pacientes com hipertensão também apresentaram maior prevalência de diabetes mellitus, com 42,1% vs.16,7% (p=0,045), e de disfunção renal, com 59% vs. 36,4% (p=0,049). Não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos de pacientes diagnosticados com HAS e os não diagnosticados quando se avaliou as variáveis do sexo, etilismo e tabagismo. Do total de pacientes, 33,3% apresentavam hipertensão em estágio 3 e 23,8%, uma combinação de hipertensão em estágio 3 e disfunção renal (p=0,005). Conclusão: Os achados do estudo demonstram que a maioria dos pacientes atendidos no serviço apresentava HAS. A associação entre hipertensão em estágio 3 e disfunção renal foi observada em quase 25% dos pacientes, o que ressalta a maior propensão do estágio mais avançado de hipertensão ao desenvolvimento de doença renal. Esse dado, associado ao alto índice de desconhecimento do diagnóstico de hipertensão, nos chama a atenção para a importância de um diagnóstico precoce da hipertensão arterial e do intensivo controle da mesma como forma de prevenir o estabelecimento e/ou a progressão de uma disfunção renal nesses pacientes. Avaliação do conhecimento de uma população quanto à presença de fatores de risco para doença renal crônica Bonfim TCC1, Pádua Netto LC2, Costa EN3, Pádua Netto MV3, Lima HV4 Acadêmico de Medicina - Faculdade de Medicina de Araguari - MG. 2Docente da Faculdade de Medicina - Araguari - MG. 3Universidade Federal de Uberlândia - UFUMG. 4Instituto Nefrológico de Araguari - MG Resumos / Abstracts em pacientes com diferentes patologias renais pode ser retardada ou até interrompida com o controle nefrológico adequado. Objetivo: Avaliar as características clínicas e epidemiológicas dos pacientes portadores de doença renal crônica ao iniciarem tratamento conservador em programa com atendimento interdisciplinar. Métodos: Foram avaliados 41pacientes, portadores de doença renal crônica, ao iniciarem tratamento conservador em programa de atendimento interdisciplinar. Todos os pacientes tiveram pelo menos uma consulta com o nefrologista antes de iniciarem no programa. Todos os pacientes são assistidos por sistema de saúde suplementar e reside na região metropolitana de Belo Horizonte - MG. Os dados foram coletados durante a primeira consulta do paciente no programa e analisados através do programa estatístico SPSS 16. Resultados: Dos 41 pacientes avaliados, 23 (56%) eram do sexo masculino, 68,3% eram brancos e tinham média de idade de 63,7anos (mínimo 26 e máximo 86). Ensino fundamental incompleto é o nível de escolaridade de 73,2% dos pacientes, sendo que apenas 1 paciente tem ensino superior completo. A maioria dos pacientes encontravam-se no estágio 3 da DRC (68,3%), 17,1% estavam no estágio 4 e 5 pacientes (12,2%) já entraram no programa no estágio 5 da DRC. Sessenta e um por cento dos pacientes são aposentados e somente 10 pacientes (24,4%) ainda são parte da população economicamente ativa do país. Nefropatia diabética foi a causa mais frequente da doença renal crônica (36,6%), seguida por glomerulonefrite crônica em 19,5% dos casos. Três ou mais comorbidades estavam presentes em 75,6% dos pacientes, sendo que 87,8% eram hipertensos, 53,7% diabéticos, 63,4% tinham dislipidemia, 31,7% eram cardiopatas. Hepatite B foi diagnosticada em 5 pacientes (12,2%). Cinquenta e oito por cento dos pacientes já haviam sido vacinados para hepatite B ou tinham iniciado esquema de vacinação. A pressão arterial estava controlada em 73,2% dos casos e a hemoglobina glicosilada era menor que 7% em 48,7% dos diabéticos. Anemia foi encontrada em 24,4% da população estudada. Conclusão: Pacientes portadores de DRC apresentam múltiplas comorbidades e necessitam de acompanhamento multidisciplinar para manter um controle adequado e retardar a progressão da doença. 1 Introdução: Algumas doenças renais podem permanecer silenciosas por meses ou anos, e diante do grande aumento do número de pacientes portadores de Doença Renal Crônica (DRC) no mundo, faz-se necessário a detecção precoce de fatores de risco como a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus entre a população. Como essas patologias podem estar ligadas a fatores hereditários, é importante que se conheça o histórico familiar para essas doenças, com finalidade na prevenção e na detecção precoce da DRC. Objetivo: Avaliar o conhecimento da população sobre as principais patologias associadas à DRC e o histórico familiar das mesmas, com a finalidade de alertar sobre a importância de se conhecer os riscos dessas doenças que normalmente se apresentam de forma assintomática antes de atingir estágios mais avançados. Por isso, é importante que as pessoas com grupo familiar de risco procurem assistência médica, a fim de evitar o surgimento da DRC. Métodos: Durante o Dia Mundial do Rim do ano de 2010, foi realizada uma entrevista com pacientes atendidos no ambulatório de clínica médica a respeito do conhecimento de patologias associadas à DRC. A entrevista foi realizada através do preenchimento de questionário da campanha Previna-se da Sociedade Brasileira de Nefrologia. Resultados: Foram entrevistadas 179 pessoas, sendo 155 do sexo feminino e 24 do sexo masculino, destes se declararam como brancos 88, como pardos 60, como negros 18 e como amarelos 13. Sobre o conhecimento de ser portador ou não das principais patologias associadas à Doença Renal Crônica, 84% dos entrevistados afirmaram não ser diabéticos, 66% afirmaram não ser hipertensos e 75% afirmaram não possuir doença renal; quanto ao histórico familiar, 53% afirmaram possuir parente diabético, 69% afirmaram possuir parente hipertenso e 34% afirmaram possuir parente com doença renal. Conclusão: A amostra de dados coletada permitiu concluir que é necessário despertar a atenção da população para a importância de prevenir e tratar a DRC nas suas fases iniciais, já que é grande o número de pessoas com fator de risco predisponente a mesma. Características epidemiológicas dos pacientes participantes de programa interdisciplinar de tratamento conservador de Doença Renal Crônica Maia TR1, Resende AC1, Pontes VRA1, Lacerda AFS1, Machado ACMR1, Pinto PS1 1 Programa de Promoção da Saúde - UNIMED Betim - MG Introdução: Sabe-se que a progressão da Doença Renal Crônica (DRC) Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Cateterismo vesical no tratamento de bexiga neurogênica - ações de enfermagem Albuquerque IC1, Cacau MP1, Macedo DC1, Andrade BC1, Menezez CDS2, Alves SMA3 1 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Residência de Enfermagem - Hospital Univesitário - HUUFMA. 3Residência Multiprofissional - Hospital Universitário - HUUFMA 2 Introdução: Bexiga neurogênica é uma expressão habitualmente utilizada para designar disfunção vesico-esfincteriana decorrente de lesão do sistema nervoso. Como complicação pode ocorrer infecção urinária a mais comum, urolitíase pela desmineralização óssea por causa de repouso prolongado no leito e até deterioração renal que resultam da estase urinária com aumento da pressão vesical para as vias urinárias superiores. O cateterismo vesical intermitente tem sido recomendado como método de escolha para promover o esvaziamento e reeducação vesical de pacientes de bexiga neurogênica. Devido à sua alta incidência e significância, medidas preventivas devem ser adotadas com o objetivo de reduzir complicações e custos subsequentes, uma vez que, as atuais políticas administrativas visam à obtenção da melhor qualidade na assistência com a maior redução dos gastos na prestação dos serviços. Objetivo: Demonstrar as ações de enfermagem na realização do cateterismo vesical de demora no tratamento de bexiga neurogênica. Métodos: O trabalho tem enfoque descritivo a partir de pesquisa bibliográfica em artigos do banco de dados eletrônicos LILACS, IBECS, MEDLINE e SCIELO, compreendendo a publicação de 2002 a 2010. Foram encontrados 14 artigos. O período de pesquisa foi de 10 de junho a 15 de outubro de 2011. Resultados: Os estudos demostram que a bexiga neurogênica resulta em uma micção frequente e relativamente descontrolada. Esta condição se origina de lesão parcial da medula espinhal ou tronco cerebral que interrompe a maior parte dos sinais inibitórios. Portanto, os impulsos facilitadores que continuam passando à medula mantêm os centros sacrais tão excitáveis que até mesmo uma pequena quantidade de urina origina um reflexo da micção incontrolável, desta forma promovendo micções frequentes. Pode ser classificada como de origem congênita ou adquirida, sendo esta última por causa de problemas orgânicos ou traumáticos. O tratamento visa a manutenção da função renal, além da adequação social do paciente, em função da adaptação à eliminação de urina e ausência de infecções urinárias sintomáticas. Dentre as alternativas para tratamento há a sondagem vesical, pois proporciona um esvaziamento vesical completo, resultando em menor ocorrência de lesão renal, chegando a alguns casos a proporcionar a continência urinária do paciente. O cateterismo vesical consiste na introdução de um tubo plástico (sonda) ou de borracha, através da uretra dentro da 59 Resumos / Abstracts bexiga para drenar a urina. A equipe de enfermagem tem um papel fundamental na prevenção de infecção do trato urinário, pois é ela que instala, mantém e retira a sonda vesical, além da colaboração do paciente em cuidar para que esses cuidados tenham sucesso. Muito embora o uso de cateteres uretrais tenha trazido grandes benefícios para inúmeros pacientes, a prática desta cateterização trouxe, também, problemas e riscos potenciais relacionados ao manuseio do trato urinário. O prognóstico de pacientes com bexiga neurogênica está relacionado com a precocidade do diagnóstico e adequado tratamento para reduzir infecções urinárias e preservar o trato genitourinário superior. A ampliação do conhecimento sobre as alterações na eliminação urinária que ocorrem nos pacientes portadores de bexiga neurogênica baseado num julgamento clínico e tomada de decisão permite ao enfermeiro buscar as melhores alternativas de tratamento e cuidados de enfermagem para reabilitação e manutenção da saúde destes pacientes. Conclusão: Por se tratar de uma afecção crônica, o cuidado correto é imperativo para minimizar as sequelas, principalmente a lesão renal, além de fornecer estratégias para uma qualidade de vida melhor. Estes fatos parecem indicar a necessidade de um investimento anterior à prática profissional, na formação acadêmica, que tem se mostrado deficiente quanto ao ensino e a prática do controle de infecção. Construindo saberes em nefrologia: a produção de conhecimento sobre doença renal crônica Santos RC1, Faria de NV1, Moraes EDL1, Costa AIS2, Batista TS2, Bezerra MLR2, Sousa AA2, Ribeiro PRS3 ISSN-2179-6238 hemodiálise eu morro” P89. No que diz respeito às dúvidas sobre a mesma, predominaram aquelas relacionadas às possibilidades de cura pelo transplante renal e à etiologia da doença exemplificada pelas seguintes falas: “a hemodiálise estraga ainda mais os rins?” P56, “existe cura sem transplante?” P23, “porque que os meus rins murcharam?” P07. Desse modo, as atividades educativas desenvolvidas neste trabalho concentraram-se em palestras e discussões sobre anatomia e fisiologia do sistema renal humano, sobre os mecanismos que causam a DRC e as possíveis formas de tratamento. Dessa forma, foi possível fornecer aos pacientes informações que possam permitir melhor conhecimento da sua doença e assim contribuir para uma melhor qualidade de vida dos mesmos. Observou-se que, durante as palestras, o interesse e a vontade dos pacientes em compreenderem melhor o seu processo patológico, assim como também percebemos a boa aceitação das atividades através das falas proferidas: “gostei muito dessa explicação e agora entendo melhor como adoeci” P32. Conclusão: A partir da realização deste trabalho percebeu-se a necessidade de maior atenção aos pacientes com DRC em tratamento hemodialítico, por parte das equipes multidisciplinares que acompanham estes pacientes, principalmente com aqueles pacientes com idade acima de 60 anos (idosos) e detentores de menor grau de escolaridade. Assim, será possível permitir que eles possam conhecer melhor sua doença, tendo em vista que o grau de conhecimento da patologia por parte do paciente pode contribuir para a melhor adesão ao tratamento e assim colaborar para a melhoria da sua qualidade de vida. Além disso, através da articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão realizada neste trabalho, foi possível a promoção de mudanças significativas nos processos de construção do conhecimento, melhorando a formação dos acadêmicos e colaborando também com os serviços de saúde desenvolvidos na sociedade. 1 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Imperatriz - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Enfermeira. Docente da UFMA - Imperatriz Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é conceituada como uma síndrome irreversível e progressiva das funções glomerular, tubular e endócrina dos rins (National Kidney Foundation, 2002). Os rins tornam-se, portanto, incapazes de manter o equilíbrio metabólico e hidroeletrolítico do corpo resultando em uremia (Smeltzer et al., 2008). Os principais sinais e sintomas da sintomatologia urêmica são: fraqueza, fadiga, confusão mental, cefaléia, prurido, edema, hálito de amônia, náusea, vômito, anorexia, constipação, diarréia, anemia, infertilidade, cãibras musculares, osteodistrofia renal, entre outros (Smeltzer et al., 2008). As doenças mais comuns que podem causar a DRC são: diabetes, hipertensão arterial, glomerulonefrite e rins policísticos (Draibe e Ajzen, 2005). O tratamento da DRC condiciona o paciente a realizar Terapia Renal Substitutiva (TRS) disponível na forma de Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (DPAC), Diálise Peritoneal Automatizada (DPA), Diálise Peritoneal Intermitente (DPI), Hemodiálise (HD) e o transplante renal. A hemodiálise é um dos tipos de diálise amplamente utilizada no tratamento de clientes com DRC, e consiste na depuração do sangue através de uma membrana semipermeável, utilizando, para tanto, a ultrafiltração e o princípio de difusão e pressão osmótica, a média de sessões semanais é de três, por um período de três a quatro horas por sessão (Smeltzer et al., 2008). Segundo Teixeira e Lefèvre (2001) verificar o grau de conhecimento de pacientes sobre sua patologia pode proporcionar medidas efetivas para melhorar o benefício da terapêutica. Nesse contexto, a educação em saúde é relevante para o êxito no tratamento de pacientes e da prevenção de suas complicações. Deste modo, o objetivo do presente estudo foi realizar atividades de educação em saúde que colaborem para o acréscimo de informações sobre a DRC aos pacientes em tratamento hemodialítico por serem portadores desta patologia. Métodos: Para tanto, inicialmente foram realizadas entrevistas através de um roteiro previamente estruturado com 179 pacientes portadores de DRC atendidos na Clínica de Doenças Renais (CDR) localizada no Município de Imperatriz - MA. Estas informações foram utilizadas para subsidiar o planejamento das atividades educativas desenvolvidas nesta clínica. Posteriormente, foram realizadas palestras, com duração média de quarenta minutos e, em seguida, foi realizado um debate sobre a temática discutida, de modo a esclarecer as dúvidas dos pacientes que participaram das palestras. Para a realização das mesmas os pacientes foram divididos em grupos, de 4 a 8 pacientes, totalizando 29 grupos. Logo foram ministradas 29 palestras para um total de 179 pacientes, no período de janeiro a abril de 2011. Resultados: A partir da análise dos dados resultantes das entrevistas, observou-se que a população em estudo foi composta em sua maioria por indivíduos do sexo masculino (70,3%); com faixa etária entre 51 a 55 anos (18,7%) e detentores do ensino médio incompleto (44,0%). Quando indagados sobre a DRC, 75% dos pacientes demonstraram apresentar algum entendimento a respeito da patologia e 25% alegaram não conhecer informações sobre a DRC, confirmadas pelas falas: “é uma doença muito perigosa, que prejudica o corpo todo, é somente isso que sei” P4, “só sei que se não fizer 60 Comparação entre as fórmulas Cockcroft-Gault, MDRR e CKD-EPI para estimativa da função renal Siqueira TMA1, Matias KSM1, Rodrigues Neto AMS1, Azevedo FS1, Silva FC1, Brito DJA2, Lages JS2, Bui DSS2, Salgado Filho N3 1 Acadêmico de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Hospital Universitário - HUUFMA. 3Docente do Curso de Medicina - UFMA Introdução: A avaliação acurada da função renal através da medida da Taxa de Filtração Glomerular (TFG) é fundamental na rotina clínica, pois é parte decisiva do diagnóstico e da terapêutica da Doença Renal Crônica (DRC). A avaliação da filtração glomerular tem como padrãoouro o clearance de inulina, mas na prática clínica é feita utilizando-se a creatinina plasmática como marcador fisiológico e o clearance de creatinina pela coleta de urina de 24 horas (ClCRU24h). A creatinina plasmática não se constitui num marcador de filtração adequado, pois sofre interferências metodológicas de dosagem laboratorial, apresenta excreção tubular e varia com o peso e a idade. Na tentativa de corrigir os erros de medida da avaliação da filtração glomerular através da creatinina, algumas fórmulas foram desenvolvidas e estão sendo avaliadas nos diferentes grupos populacionais, dentre estas, pode-se citar as fórmulas de Cockcroft-Gault (CG), do Modification of Diet in Renal Disease (MDRD) e da Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI). No entanto, a fórmula de CG superestima a função renal nos extremos de idade e peso e o MDRD correlaciona-se melhor com pacientes para pacientes com depuração maior que 60 mL/min e com diabetes melitus. A CKD-EPI é uma fórmula proposta Levey et al. em 2009, derivada do MDRD, com a característica de apresentar melhor correlação com o ClCRU24h. A CKDEPI foi criada no intuito de substituir o ClCRU24h, o CG e o MDRD na prática clínica. Objetivo: Comparar a estimativa da TFG obtida pelo ClCRU24h com as obtidas pelas equações de CG, MDRD e CKD- EPI nos pacientes atendidos em um ambulatório de Nefrologia. Métodos: Estudo transversal, retrospectivo e quantitativo, no qual foram incluídos 60 pacientes atendidos no Centro de Prevenção de Doenças Renais do Hospital Universitário Presidente Dutra, no período de novembro de 2009 a setembro de 2011. Foram analisados os valores do ClCRU24h e calculadas as TFG em ml/min/1,73m2 pelas fórmulas de CG, MDRD com quatro variáveis (idade, raça, sexo e creatinina sérica) e CKD-EPI. Esses dados foram obtidos do primeiro atendimento dos pacientes a partir da revisão de prontuários. Na análise estatística utilizou-se o programa SPSS 17.0®. Os dados foram apresentados na forma de média e desvio padrão ou mediana e variação máxima e mínima. As correlações entre a TFG estimada pelo ClCRU24h e a calculada pelas fórmulas CG, MDRD e CKD-EPI foram analisadas pelo teste de regressão linear, e foram apresentados os coeficientes de correlação de Pearson. Para avaliar a concordância entre a TFG estimada pelo ClCRU24h e a calculada pelas fórmulas, aplicou-se o gráfico de Bland e Altman. O nível de significância foi definido como p < 0,05. Resultados: Foram avaliados 60 pacientes, com média de Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 idade de 52,87 ± 15,21 anos (18 a 84 anos), sendo 31 mulheres (51,7%). A mediana de creatinina foi de 1,96 mg/dL (0,4-8,8 mg/dL). A mediana do ClCRU24h foi de 59,21 mL/min/1,73m2 (7,5-170); a do CG, de 50,59 mL/min/1,73m 2 (9,27-248,21); a do MDRD, de 51,24 mL/min/1,73m2 (4,75-196,1) e a do CKD-EPI, de 53,07 mL/min/1,73m2 (4,72-146,25). Houve uma correlação positiva forte e significante entre os valores da TFG estimados pelo ClCRU24h e pelas fórmulas de CG (r=0,814; p<0,001), MDRD (r=0,89; p<0,001) e CKDEPI (r=0,884; p<0,001). A média de diferença entre o ClCRU24h e o CG foi de –3,6 mL/min/1,73m2; com limite de concordância (LC) de -63,2 a 56,1 mL/min/1,73m2; a média de diferença entre o ClCRU24h e o MDRD foi de 4,7 mL/min/1,73m2; com LC de -34,2 a 43,6 mL/min/1,73m2; enquanto a média de diferença entre o ClCRU24h e o CKD-EPI foi de 4,9 mL/min/1,73m2; com LC de -34 a 43,7 mL/min/1,73m2. Conclusão: As TFG estimadas pelas fórmulas de CG, MDRD e CKD-EPI estão correlacionadas com a TFG estimada pelo ClCRU24h. Porém, as fórmulas MDRD e CKD-EPI mostraram maior concordância com o ClCRU24h nesta população. Conhecimento nutricional de pacientes dialíticos sobre fósforo e potássio na cidade de Imperatriz - MA Costa EGL1, Silva VAC1, Rodrigues TS1, Silva EHS1, Aquino LFS1, Nunes SFL2 1 2 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Docente da UFMA Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é uma lesão com perda progressiva e irreversível da função dos rins. Na fase mais avançada dessa patologia os rins não conseguem mais manter a homeostase funcional no paciente, e devido a ela a prevalência de indivíduos mantidos em programa crônico de diálise mais que dobrou nos últimos oito anos, tornando assim a DRC um importante problema de saúde pública. Os pacientes renais crônicos apresentam uma diminuição na filtração glomerular e na sua capacidade de eliminação do fósforo, e a hemodiálise em seu processo funcional não se faz eficaz na remoção desse mineral, podendo assim ocorrer a hiperfosfatemia (fósforo sérico acima de 5,5 a 6,0 mg/dl). Para conservar níveis reduzidos de fósforo sérico deve-se ocorrer uma restrição na ingestão dietética dos pacientes dialíticos. Portanto o controle da ingestão de fósforo se torna importante para o combate da hiperfosfatemia, tendo em vista que ela é um dos possíveis fatores de mortalidade em pacientes dialíticos. É importante salientar, que a DRC também pode levar ao quadro de hipercalemia devido a diminuição da Taxa de Filtração Glomerular (TFG), ocasionando assim o acúmulo de potássio no organismo que pode provocar graves disfunções cardíacas. O aconselhamento nutricional é rotineiramente utilizado para educar os pacientes com relação à quantidade de fósforo e potássio nos alimentos, e a vigilância constante na alimentação dos pacientes dialíticos deve ser monitorada primordialmente pelos profissionais da saúde da devida área que devem acompanhá-los e orientá-los em caráter permanente. Objetivos: Caracterizar o conhecimento dos pacientes quanto aos alimentos ricos em fósforo e potássio. Métodos: As bases metodológicas foram caracterizadas por sua natureza como descritiva e a aplicação quanto ao problema foi quantitativa. Utilizouse como instrumento um questionário semiestruturado composto de perguntas fechadas e diretas, aplicados por alunos do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão, onde foram viabilizados 52 questionários aos pacientes, no período de agosto a outubro de 2011, que compreenderam os grupos dos dias de terça, quinta e sábado. Resultados: Os resultados obtidos apontam que 63,46% (33) responderam que desconhecem tais alimentos, 26,92% (14) disseram que são conscientes dessa questão nutricional e 9,6% (5) não responderam. Diante dos resultados expostos observou-se um déficit de empoderamento na população dialítica sobre a questão nutricional dos minerais: fósforo e potássio, pois a maioria desconhece sobre as implicações desses minerais em seu organismo, ao passo que quando comparado aos estudos anteriores evidencia-se uma realidade oposta a encontrada no atual estudo. Conclusão: Em virtude desse fato, sente-se uma necessidade de reverter esse quadro de déficit de conhecimento nutricional. A pesquisa proporcionou maior conhecimento da realidade desses pacientes, contribuindo para possíveis implementações de ações mais eficientes para a solução do problema identificado. Essas ações em parceria com as Universidades podem ser desenvolvidas através de atividade lúdicas complementares aos pacientes, objetivando a orientação sobre aos conhecimentos científicos de forma prática, acessível e dinâmica. Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Resumos / Abstracts Doença contemporânea: desafios e controle da hipertensão arterial no bairro da aurora, São Luís - MA Santos RS1 1 Acadêmico - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: Para se analisar os desafios do controle da Hipertensão Arterial no bairro da Aurora e adjacentes, São Luís - MA, tem que se levar em conta que, o frenético ritmo de vida experimentado pela sociedade contemporânea, sobretudo após a Revolução Industrial, tem determinado mudanças significativas nos padrões comportamentais, esse fenômeno pode ser observado claramente nos grandes centros urbanos onde a população se torna escrava da ditadura do relógio, não tem tempo para a prática de esportes, para uma alimentação saudável, é obrigada a substituir as principais refeições por lanches rápidos na rua, na maioria dos casos, esses alimentos, são enlatados de origem industrial, contém alto teor calórico, gorduras saturadas e uma elevada concentração de sódio, devido aos conservantes, fato esse, que tem desencadeado uma série de doenças silenciosas, dentre elas destaca-se a hipertensão arterial. Objetivo: O presente projeto de pesquisa justifica-se à medida que tem por objetivos principais, analisar os fatores que desencadeiam a hipertensão arterial, identificar as dificuldades encontradas para o controle da hipertensão arterial e caracterizar que mudanças de hábito que a pessoa com hipertensão arterial deve incorporar ao seu cotidiano. Métodos: O estudo foi embasado nas normas de uma pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, com base nas palavras de Rudio (2001), descrever é narrar o que acontece e, desta forma, a pesquisa descritiva está interessada em descobrir o que acontece; conhecer o fenômeno, procurando interpretá-lo, interessarse pelo cotidiano, situar-se num contexto de descobrimento, importarse mais com os significados do que com a frequência dos fatos e deve buscar o específico e o local para encontrar padrões, não estando atado ao modelo teórico. Resultados: Os dados, para serem interpretados e observados de forma plena em características específicas do estilo de vida, tiveram que ser quantificados inicialmente para que depois se processasse a análise de conteúdo que, “em sua história mais recente, isto é, enquanto técnica de tratamento dos dados considerada cientificamente é caudatária das metodologias quantitativas, buscando sua lógica na interpretação cifrada do material de caráter qualitativo.” (Minayo, 2000, p.202), procedeu-se à análise com dados numéricos; mas que, no geral, formaram características mais amplas que são os hábitos e costumes, quando somados indicaram um padrão e estilos, para que em seguida fossem agrupados e caracterizados, para a coleta de dados foi utilizado o questionário que constou de três quadros divididos por assuntos, o quadro I indagou sobre o histórico familiar e se era portador de HAS, quadro II abordou os fatores de risco e quadro III é referente às medidas do corpo e hábitos alimentares, ao final, há uma lacuna para inserir os valores pressóricos mensurados, este último item foi coletado duas vezes em semanas diferentes, seguindo as normas de aferição da pressão arterial (PA) segundo o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (CBHA) (Brasil, 2001), os sujeitos da pesquisa foram 30 pacientes portadores de Hipertensão Arterial maiores de 60 anos residentes no bairro da Aurora, São Luis Maranhão, pois se objetivou conhecer o estilo de vida do grupo, destacando os fatores de risco para hipertensão arterial, estabeleceram-se critérios de que os pacientes que poderiam participar da amostragem, elegeu-se um grupo heterogêneo porque, desta forma, conseguiu-se visualizar as diversidades e as similaridades existentes entre indivíduos que estão inseridos em uma rotina de vida em seu trabalho. Conclusão: Identificar as dificuldades encontradas para o controle da hipertensão arterial e o paciente se adaptarem e incorporar as mudanças de hábito ao seu cotidiano não é uma tarefa fácil, diante da realidade assinalada é necessário aumentar o grau de conhecimento dos moradores do bairro da Aurora sobre a importância da prevenção e controle da hipertensão arterial, nessa perspectiva, o primeiro passo é a educação em saúde na tentativa de desenvolver e estimular o processo de mudança de hábitos e transformação no modo de viver desta comunidade, essa atividade deve ser realizada de forma contínua por meio de ações individualizadas, elaboradas para atender às necessidades específicas de cada paciente, de modo a serem mantidas periodicamente ou mensalmente, essas ações educativas devem ser desenvolvidas com os pacientes, seus familiares e a comunidade por meio de recursos que vão desde o contato individual até a utilização de fontes de informação coletiva, como folhetos, reuniões, palestras, simpósios, peças teatrais, vídeos e músicas educativas com ajuda dos poder público municipal. 61 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts Doença renal crônica: caracterização da produção científica da enfermagem brasileira Barbosa YC1, Lima LS1, Costa NRCD1, Aguiar MJFL2, Rolim ILTP2 1 2 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Docente da UFMA Introdução: A doença renal crônica consiste em lesão, perda progressiva e irreversível da função dos rins. As pessoas com doença renal crônica têm sua qualidade de vida alterada, principalmente nos aspectos físicos, emocionais e vitalidade. A assistência de enfermagem no processo de cuidado a pessoa com doença renal crônica, deve ser de modo holístico, para isso, necessita-se da elaboração de pesquisas científicas. A caracterização dos tipos de trabalhos publicados permite conhecer as temáticas de maior interesse e aquelas que não têm despertado tanta atenção, e assim estimular a realização de estudos que supram as necessidades existentes. Considerando a importância da enfermagem nessa área e a escassez de estudos que indiquem a produção científica no Brasil, surgiu o interesse para a realização deste estudo. Objetivo: identificar e caracterizar as produções científicas nacionais de enfermagem em doença renal crônica. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura. Realizou-se uma busca nas bases de dados LILACS e BDENF com as palavras-chave: "enfermagem e doença renal crônica". Têm-se como critérios de inclusão: publicações nacionais, com texto completo, do período de 2001 a 2011, primeiro autor sendo profissional de enfermagem. Os artigos incluídos nesta pesquisa foram organizados em uma planilha do MSExcel®, com as seguintes informações: ano de publicação, titulação do primeiro autor, Estado da federação, abordagem metodológica, e sujeito do estudo. Resultados: Foram encontrados 79 artigos nas bases de dados analisadas. Destes somente 40 enquadraram-se aos critérios de inclusão. Estes foram analisados sob diversos aspectos, obtendo-se como resultados principais: a maioria das publicações (65%) foram publicadas de 2008 à 2011, sendo que os anos de 2008 e 2010 obtiveram uma maior número de publicações com cada um correspondendo à 17,5%; originaram-se do Sudeste (57,5%), tiveram abordagem qualitativa (50%), foram da autoria de enfermeiros docentes (32,5%), seguidos pelos Discente (pós-graduação) e Enfermeiros assistenciais com 25% cada; sendo o sujeito do estudo somente o cliente com doença renal crônica (67,5%).Conclusão: Este estudo serve de subsídio para que o enfermeiro e sua equipe de saúde percebam a necessidade de estudos e publicações científicas, que abordem o cuidado de enfermagem e a pessoa com doença renal crônica, sobre os diversos aspectos da assistência holística ao cliente com doença renal crônica. Estado nutricional e qualidade de vida em hipertensos de uma unidade básica de saúde Soares NB1, França AKTC2, Cavalcante MCV1, Hortegal EV1, Dias RSC1, Lages JS2, Salgado Filho N2 1 Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA, 2Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial. Pode ser definida como pressão arterial sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação antihipertensiva. Quanto à associação da HAS com o estado nutricional (EN), um estudo no Hospital Universitário em Recife (PE), constatou que 73,1% dos pacientes apresentavam algum grau de excesso de peso e que este, de um modo geral, associou-se positivamente com o nível de PA. Em São Luís (MA) também se observou aumento da prevalência de hipertensão com o excesso de peso corporal. Alguns estudos também têm demonstrado que a HAS tem impacto na qualidade de vida (QV) de seus portadores, principalmente pelas complicações que a doença pode desenvolver, pelos efeitos adversos dos medicamentos anti-hipertensivos e ainda pela alta prevalência de excesso de peso nessa população. A QV é conceituada como a percepção do indivíduo acerca da sua posição na vida de acordo com o contexto cultural e o sistema de valores com os quais convive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Entre os instrumentos utilizados para avaliar a QV, destaca-se o questionário Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF36) que é um instrumento de avaliação genérica, comumente utilizado na área da saúde. Os estudos que avaliam a associação entre EN e QV em hipertensos são escassos. Considerando o contexto da doença e a carência de pesquisas, torna-se importante estudar a correlação entre EN e QV de hipertensos. Objetivo: Analisar o estado nutricional (EN) e a qualidade de vida (QV) de hipertensos atendidos em uma unidade básica de saúde (UBS). Métodos: Estudo transversal realizado com 92 pacientes hipertensos em UBS, na cidade de São Luís (MA) no período de fevereiro a agosto de 2010. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (Parecer Consubstanciado nº 312/09). Os indicadores nutricionais avaliados foram: índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), razão 62 cintura-quadril (RCQ), percentual de gordura corporal (%GC), além das dosagens séricas de triglicerídeos, colesterol total (CT) e frações. Utilizouse o questionário Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36) para avaliar a QV. A correlação entre EN e QV foi calculada pelo coeficiente de correlação de Pearson ou de Spearman. O nível de significância adotado foi de 5% e os dados foram analisados no STATA® 10.0. Resultados: A média de idade foi de 62,9±12,8 anos e 79,4% eram mulheres. A frequência de sobrepeso e obesidade foi de 41,3% e 26,1%, respectivamente, por meio do IMC e de pré-obesidade/obesidade de 98,9%, segundo o %GC. A CC estava alterada em 54,4% e a RCQ em 71,7% dos pacientes, sendo as mulheres as mais atingidas pela obesidade centrípeta (63,0% vs 21,0% e 80,8% vs 36,8%, respectivamente). Os níveis séricos de CT e o LDL-colesterol estavam alterados em 65,2% e 85,9%, respectivamente. Em relação à QV, os domínios mais comprometidos foram: vitalidade (50,0), aspectos sociais (55,0), estado geral de saúde (55,0), saúde mental (56,0) e dor (57,5). A avaliação entre EN e a QV revelou correlação significante entre CC e “aspectos sociais” (r= 0,23; p= 0,028) e entre %GC e “capacidade funcional” (r= -0,24; p= 0,024). Conclusão: Houve elevado percentual de indivíduos com excesso de peso e obesidade centrípeta, sendo as mulheres as mais atingidas. Apenas os domínios “aspectos sociais” e “capacidade funcional” tiveram correlação com indicadores nutricionais. Educação em saúde: a promoção do uso racional de medicamentos em pacientes com doença renal crônica Araújo RIMV1, Vieira JC1, Moraes EDL1, Faria NV1, Santos RC1, Ribeiro PRS1 1 Universidade Federal do Maranhão - Imperatriz - MA Intrudução: A doença renal crônica (DRC) é uma patologia definida pela perda lenta e irreversível da função renal, ou seja, os rins se tornam incapazes de manter o equilíbrio hídrico, eletrolítico e ácido-básico ocasionando um acúmulo de excretas de produtos da degradação metabólica, considerando essa doença um problema de saúde pública no Brasil (Timby e Smith, 2005; Romão Júnior, 2004). Pacientes com DRC podem apresentar quadros clínicos com múltiplas doenças crônicas, como hipertensão e diabetes mellitus, o que ocasiona o uso de várias drogas para o tratamento das mesmas. Considerando que cada doença gera, quando tratada, a prescrição de pelo menos uma droga, podemos prever número cada vez maior de indivíduos tomando múltiplos medicamentos, ou seja, uma escalada polimedicação. Diversos fatores contribuem para diminuir o conhecimento do paciente com DRC quanto ao seu tratamento medicamentoso (Leite e Vasconcellos, 2003). Isso inclui, entre outras causas, a falta de aconselhamento individualizado, a falta de informação escrita personalizada, reforço das instruções orais e a inabilidade para recordar as informações previamente apresentadas (Katzung, 1998). Objetivo: Assim, este trabalho teve como objetivo a educação em saúde para a promoção do uso racional de medicamentos por pacientes com DRC assistidos pela Clínica de Doenças Renais do Município de Imperatriz - MA por meio de atividades educativas. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, de campo, e com abordagem quantitativa. Para tanto, foi realizado uma capacitação inicial com a participação dos acadêmicos bolsistas, acadêmicos voluntários e o orientador deste trabalho sobre o Uso Racional de Medicamentos. Posteriormente, houve a busca, seleção e análise de fontes de informação científica; delineamento de informações clínicas e leitura crítica de artigos científicos; processo de tomada de decisão terapêutica: seleção de grupos farmacológicos, medicamentos e tratamento para uma dada situação clínica e análise das prescrições medicamentosas. Após esta capacitação, foi realizada uma pesquisa através da aplicação de um roteiro de entrevista semi-estruturado junto ao público-alvo, durante as sessões de hemodiálise. Para tanto, foram entrevistados 118 pacientes com DRC em tratamento hemodialítico atendidos na Clínica de Doenças Renais (CDR) localizada no Município de Imperatriz - MA, no período de novembro de 2009 a abril de 2010. Com base nos resultados destas entrevistas, palestras educativas sobre uso racional de medicamentos foram elaboradas e realizadas junto ao público alvo deste trabalho. Resultado: Observou-se que a maioria dos pacientes é do sexo masculino (70,3%), possuem idade acima de 50 anos (55,1%) e possuidores do ensino fundamental incompleto (44%). Quando indagados sobre o uso de medicamentos, 71% responderam que usam medicamentos prescritos e 30,4% dos pacientes fazem uso de medicamentos não prescritos, dentre eles destaca-se o uso de AINES por 49,1% dos entrevistados. Além disso, 33,9% declararam que já chegaram a abandonar a terapia medicamentosa sem consentimento médico, principalmente por apresentarem reações adversas. Observou-se que a maioria dos entrevistados tem baixo índice de escolaridade e conhecimentos insuficientes para o uso seguro e eficaz dos medicamentos. Sendo assim, por meio da análise dos dados obtidos, foram levantados os temas para a formulação das palestras que procuram explorar o uso racional de medicamentos por pacientes com DRC em tratamento hemodialítico como: importância da posologia, riscos dos medicamentos naturais no controle hídrico, sobrecarga renal e ação dos principais medicamentos utilizados neste tratamento. Durante as sessões de Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 hemodiálise, os 118 pacientes são distribuídos em diferentes salas e turnos, assim, para a melhor organização das ações de enfermagem, cada uma das palestras foi ministrada em 30 sessões. Com o intuito de alcançar os familiares estas palestras serão reformuladas para serem ministradas na sala de espera da clínica onde os familiares ficam por quatro horas aguardando o término das sessões de hemodiálise. No decorrer das palestras poucos pacientes se manifestaram a respeito das perguntas realizadas sobre os medicamentos mais utilizados durante a sessão de hemodiálise como o Heparez®, Hemax®, Calcitriol®, Renagel® dentre outros, e a maioria não tinham conhecimento do porque utilizar aqueles medicamentos durante a sessão. Conclusão: Assim, as estratégias utilizadas neste estudo permitiram melhorias quanto ao uso racional de medicamentos pelos pacientes submetidos à hemodiálise, o que permitiu também a conscientização dos mesmos quanto à importância e a necessidade deste uso, bem como conhecer suas possibilidades e seus limites, tendo em vista uma ação transformadora da sua realidade. Sendo assim, foi muito relevante esta iniciativa no intuito de fornecer informações sobre o uso correto de medicamentos por esses pacientes. Resumos / Abstracts da realidade dos participantes. Para Cesarino e Casagrande (1998), uma equipe disposta a perceber as necessidades do paciente com DRC e orientálos, fornecia base indispensável na busca por uma melhor qualidade de vida. Assim, as estratégias utilizadas neste estudo permitiram melhorias no processo de adaptação e enfrentamento dos pacientes submetidos à hemodiálise, o que permitiu também a conscientização dos mesmos quanto à importância e a necessidade do tratamento, bem como conhecer suas possibilidades e seus limites, tendo em vista uma ação transformadora da sua realidade. Sendo assim, foi muito relevante esta iniciativa no intuito de fornecer informações sobre a hemodiálise para esses pacientes. Espironolactona melhora a vasodilatação fluxo mediada em indivíduos com síndrome metabólica Lovisi JCM1, Ezequiel DAG1, Costa MB1, Bicalho TC2, Barros FC2, Souza Jr SF2, Paula RB1, Bastos Mb1 1 2 Educação em saúde na doença renal crônica: promoção da adesão ao tratamento hemodialítico Moraes EDL1, Araújo RMV1, Vieira JC1, Faria NV1, Santos RC1, Ribeiro PRS1 1 Universidade Federal do Maranhão - Imperatriz - MA Introdução: De acordo com Draibe (2002), a Doença Renal Crônica (DRC) é conceituada como síndrome complexa consequente à perda, geralmente lenta e progressiva, da capacidade excretória renal, nela ocorre perda gradativa dos néfrons, diminuindo a capacidade de filtração dos rins, sendo que a hemodiálise é a terapia mais empregada para o tratamento dos pacientes com DRC. Esta terapia é uma forma de apoio à função renal, consiste na remoção de substâncias tóxicas e excesso de líquido por uma máquina de diálise, em um procedimento cuja duração leva entre duas e quatro horas, exigindo que o paciente se desloque para a unidade de tratamento numa frequência de duas a quatro vezes por semana (Thomas e Alchieri, 2005). Objetivo: Este trabalho objetivou a promoção do conhecimento sobre o tratamento hemodialítico entre os pacientes com DRC atendidos na Clínica de Doenças Renais (CDR) localizada no Município de Imperatriz - MA. Métodos: Para tanto, estes pacientes foram previamente indagados quanto ao nível de conhecimento sobre a hemodiálise. Posteriormente, estas informações foram analisadas para o direcionamento das atividades educativas que foram realizadas através de palestras, no período de janeiro a março de 2011. Resultados: Fizeram parte deste estudo 179 pacientes, distribuídos em 28 sessões de hemodiálise, nos turnos da manhã, tarde e noite. Quando questionados sobre o que sabiam acerca do tratamento hemodialítico, a minoria (21%) dos pacientes manifestaram algum conhecimento, sendo que estes demonstraram ser detentores de informações errôneas e/ou distorcidas com relação à hemodiálise, tais como “é para limpar o meu sangue”, “esse tratamento é para eu não morrer”, “é para retirar líquido do meu corpo”, “sei que meus rins não funcionam, e esse tratamento tira a sujeira do meu sangue”. De acordo com as informações obtidas notou-se a carência de conhecimento por parte dos pacientes a respeito do tratamento hemodialítico, e para muitos deles a realidade da necessidade de depender da hemodiálise é tida como uma experiência difícil e negativa, principalmente por ser muito complicado aderir a algo que não se entende. Além disso, os pacientes em tratamento hemodialítico, mostraram-se desmotivados, devido ao tratamento cansativo e doloroso a que são expostos. Conclusão: Assim, os pacientes com DRC necessitam compreender mais sobre o tratamento hemodialítico como forma de contribuir para a adesão a este tratamento e para uma melhor adaptação a sua nova condição de vida. A partir destas observações, foram elaboradas e implementadas atividades educativas baseadas em palestras. Estas foram divididas em dois momentos, no primeiro momento foi ministrada uma palestra sobre a DRC onde foram abordados conceito, causas e consequências. No segundo momento, foram abordados os tipos de tratamento desta patologia e, dentre eles, a hemodiálise, com ênfase em orientações quanto à importância da adesão à mesma. A partir da realização destas ações observou-se que houve uma melhora no entendimento e compreensão dos pacientes em relação à DRC e ao tratamento hemodialítico, e pode-se perceber que muitas dúvidas foram sanadas. Outras manifestações verbais dos pacientes refletem a eficácia da palestra ministrada, os mesmos passaram a fazer questionamentos sobre o funcionamento da máquina de hemodiálise, as intercorrências durante e após as sessões e muitos expressavam sua satisfação ao final da palestra. Esse trabalho teve como propósito, contribuir para o desenvolvimento da assistência ao paciente com DRC em tratamento hemodialítico e de oferecer subsídios para o ensino, à prática e pesquisas relacionadas a esse público e, sobretudo, para proporcionar a tais pacientes não uma prática de orientação prescritiva, autoritária, mas uma educação libertadora, dentro Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Núcleo Interdisciplinar de Estudo e Pesquisa em Nefrologia - Juiz de Fora - MG, Universidade Federal de Juiz de Fora - MG Introdução: A epidemia de obesidade observada nas últimas décadas se acompanhou de incremento na prevalência da SM e de suas complicações, destacadamente das doenças cardiovasculares. O tecido adiposo abdominal produz mediadores inflamatórios que interferem na estrutura e na função vascular. O reconhecimento do papel da aldosterona na SM e, a possível participação do tecido adiposo disfuncional na estimulação na secreção de aldosterona em pacientes com sobrepeso trouxe elementos novos para o entendimento da fisiopatogenia da lesão vascular associada à SM. Nos últimos anos os efeitos deletérios da aldosterona sobre o endotélio vascular têm sido sugeridos em humanos. É descrito que o bloqueio mineralocorticóide se associa a melhora da vasodilatação dependente do endotélio podendo reduzir a progressão da doença aterosclerótica em populações de alto risco cardiovascular. Estudos prévios demonstraram a propriedade da aldosterona de induzir disfunção endotelial e causar uma vasculopatia específica, como observado em pacientes com hiperaldosteronismo primário que tratados cirurgicamente apresentaram melhora significativa da VDFM. Em estudo piloto realizado por nosso grupo foi demonstrado pela primeira vez em pacientes com SM, que o bloqueio da aldosterona melhorou a função endotelial e reduziu PA, sugerindo a associação entre aldosterona e disfunção endotelial na SM. Todavia, o impacto do uso de um antagonista da aldosterona sobre a pressão arterial e a função endotelial em indivíduos com SM ainda não foi bem avaliado. Objetivo: Avaliar a resposta da pressão arterial e da função endotelial através da vasodilatação fluxo mediada em pacientes portadores de SM sob tratamento com bloqueadores da aldosterona. Métodos: Em estudo prospectivo foram avaliados portadores de SM segundo os critérios modificados do NCEP-ATPIII. Foram incluídos indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 18 e 60 anos; hipertensão arterial estágio I, índice de massa corporal (IMC) entre 25 kg/m2 e 40 kg/m2 e potássio sérico entre 3,5mEq/L e 5,0 mEq/L. O protocolo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da UFJF. Após assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido, os indivíduos foram submetidos à avaliação clínica e à realização dos seguintes exames complementares: cálculo dos índices HOMA (homeostasis model assessment) of insulin resistance (HOMA-IR) e beta-cell function (HOMA-ß), perfil lipídico, creatinina, potássio, aldosterona e atividade plasmática da renina. Além destes, foram avaliadas em duplicata, a depuração da creatinina e a microalbumina em urina de 24 horas. Foram ainda realizados a MAPA e a VDFM conforme preconizado pela American College of Cardiology. Nesta técnica, coloca-se um manguito no braço não dominante e insufla-se até um nível de 50 mmHg acima da pressão arterial (PA) sistólica, mantendo-se durante cinco minutos. Em seguida, libera-se o manguito para indução de hiperemia reativa, medindo-se o calibre da artéria braquial. Para cálculo da VDFM, adota-se a diferença percentual do calibre da artéria antes e após sua oclusão. Após a realização dos exames no período basal, os indivíduos foram tratados com espironolactona, na dose de 50 mg/dia, por um período de 16 semanas (tratamento), após o qual, todos os parâmetros clínicos e exames complementares foram reavaliados. Os dados foram analisados através do programa SPSS 15.0 for Windows e os valores expressos em média e desvio padrão. Foram comparados aos valores das variáveis antes e depois do tratamento com espirolactona. Para tanto, foram utilizados os teste t pareado, paramétricos e o teste de Wilcoxon, para dados não paramétricos, sendo aceito como significante um valor de p<0,05. Resultados: Foram incluídos 19 indivíduos com média de idade igual a 46,3±9,80 anos. A média do IMC foi 33,9±3,79 kg/m2 e da circunferência abdominal, 109,0±8,73cm, valores que não sofreram modificação com o tratamento. Após o uso da espirolactona houve aumento da VDFM com redução discreta e não significante da PA sistólica e diastólica. Observou-se ainda aumento dos níveis de colesterol HDL enquanto a glicemia, o HOMA-IR, o HOMA- e a depuração da creatinina não se alteraram de modo significante. A excreção urinária de albumina apresentou tendência à redução após o uso da 63 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts espirolactona. Conclusão: O bloqueio da aldosterona em pacientes com SM se associou a aumento da VDFM e a redução da microalbuminúria, sugerindo melhora da função endotelial. de atuar na prevenção da deterioração de um parênquima renal. Para que esse objetivo possa ser alcançado, não se devem negligenciar pequenas dilatações da pelve renal fetal, de tal forma que a ecografia do trato urinário e a cistouretrografia miccional devem ser realizadas em todos os neonatos com história de hidronefrose fetal, após a instituição da quimioprofilaxia de infecções urinárias. Estratégias de prevençâo das possíveis complicações em hidronefrose fetal: abordagem pós-natal Oliveira ARM1, Pires ARP1, Rodrigues TL1, Almeida DM1 1 Experiência do serviço social em sala de espera no centro de prevenção de doenças renais Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: Hidronefrose tem por definição uma dilatação da pelve e cálices renais, é a mais frequente alteração encontrada no trato urinário fetal pela ecografia obstétrica. Estudos em populações não selecionadas demonstram um achado de hidronefrose fetal para cada 500 a 700 avaliações ecográficas na gestação. Antes da década de 80 a grande maioria dos casos era diagnosticada em crianças maiores geralmente sintomáticas, com dor abdominal e infecção urinária. Atualmente, a maioria dos casos de aparente obstrução da junção ureteropélvica é detectada na investigação de hidronefrose fetal em lactentes quase sempre assintomáticos. Considera-se a obstrução da junção ureteropélvica a mais frequente causa de hidronefrose detectada através da ultra-sonografia fetal. Em virtude do uso cada vez mais freqüente do ultra-som em obstetrícia, ao avanço tecnológico dos equipamentos de ecografia e a uma melhor compreensão e interesse dos examinadores em avaliar a anatomia fetal, houve um crescimento significativo de malformações congênitas estruturais diagnosticadas intra-útero, sendo as do trato urinário uma das mais prevalentes. Estudos recentes demonstram que a ultra-sonografia no prénatal tem uma sensibilidade de 83 a 100% no diagnóstico das anomalias congênitas do trato urinário. Objetivo: Devido à maior frequência no diagnóstico de hidronefrose e a melhoria dos equipamentos ecográficos. Neste presente estudo, enfatiza-se a importância do seguimento no acompanhamento médico do neonato com hidronefrose fetal por um período adequado, como forma de prevenção de lesões renais severas tais como infecções renais, insuficiência renal, hipertensão arterial e óbito. Métodos: Análise e revisão da literatura médica obtida por pesquisa através da Bireme, Google acadêmico e por pesquisa direta utilizando os termos hidronefrose fetal, anomalias do trato urinário no feto. Resultados: Os neonatos suspeitos de apresentarem anomalia do trato urinário pelo ultrasom realizado na gestação devem ser avaliados com o objetivo de identificar as uropatias prevalentes em nosso meio, acompanhar a evolução e avaliar os fatores associados ao mau prognóstico. Após o nascimento, inicia-se a profilaxia com cefalosporina e associada propedêutica seriada: ultrasom, uretrocistografia miccional, cintilografia renal, bacteriologia da urina e avaliação da função renal. Estudos demonstraram que a prevalência de hidronefrose é maior no sexo masculino. A obstrução da junção ureteropélvica é um achado freqüentemente associado a esta anomalia seguido de rim multicístico. A presença de oligo-hidrâmnio na ecografia materna e obstrução infra-vesical no pós-natal são indicativos de mau prognóstico com associação de falência renal. O exame físico, em relação ao trato urinário das crianças, é um dos importantes fatores de prognóstico sendo que a palpação da unidade renal aumentada de volume é relativamente intrínseca à hidronefrose. Confirmado o diagnóstico, as ultra-sonografias devem ser realizadas de 2 a 3 dias após o nascimento, no 1°, 3°, 6° e 12º meses de vida e depois anualmente.A Hidronefrose foi classificada de acordo com a Sociedade de Urologia Fetal (SFU) em grau I, II e III.Essa classificação baseia-se no grau de dilatação calicial e tamanho da pelve escala de grignol. Baseado em estudos estima-se que o tempo previsto de melhora completa da hidronefrose em graus 1, 2 e 3 é 22, 31 e 50 meses, respectivamente. Há casos que evoluem com mal prognostico sendo necessário haver intervenção cirúrgica, essa é indicada em casos sugestivos de hipolasia pulmonar e deterioração da função renal. A assiduidade ao consultório médico bem como a quimioprofilaxia são fatores determinantes para um bom acompanhamento. Conclusão: A abordagem terapêutica no pós-natal em neonatos com hidronefrose com intuito de maior acurácea acontece de três formas: Abordagem conservadora, apenas com seguimento clínico-laboratorial; Abordagem com uso de quimioprofilaxia; E abordagem cirúrgica. O procedimento adequado é estabelecido de acordo com o quadro clínico de cada paciente. No quadro clínico de crianças portadoras de hidronefrose fetal podemos observar que a quimioprofilaxia adotada continua sendo padrão-ouro na prevenção da infecção urinária. Sendo também extremamente necessária uma avaliação médica rigorosa da dosagem, intervalo de doses e tempo de administração do medicamento. Não há consenso na literatura do grau de hidronefrose indicativo de uma uropatia significativa. Em séries publicadas, é relatado que apenas uma pelve renal com o diâmetro ântero-posterior maior que 10mm seria preditiva de anomalia significativa do trato urinário. Estudo recente, com uma avaliação pós-natal mais adequado, tem demonstrado que mesmo mínimas dilatações da pelve, variando de 4 a 8 mm, podem ser significativas. A maior conquista obtida com o diagnóstico pré-natal é a possibilidade 64 Rodrigues N1, Pereira G1, Pereira R1, Viegas D1, Alencar E1, Duarte A1, Carneiro E1, Salgado Filho N2 1 Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA, 2Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: O presente trabalho é um relato da experiência do Serviço Social na realização de atividade socioeducativa em sala de espera no ambulatório do Centro de Prevenção de Doenças Renais (CPDR) do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA). O Projeto Sala de Espera vem sendo realizado pelo Serviço Social desde o mês de agosto/2011. Foi proposto como atividade prática do projeto de atuação profissional para o Centro de Prevenção e consiste na abordagem coletiva aos pacientes e acompanhantes em sala de espera; é uma proposta de aproveitamento do tempo ocioso em que os mesmos aguardam por atendimento, a fim de tornar a sala de espera um espaço socioeducativo. Tal atividade insere-se no conjunto das ações socioeducativas do Serviço Social. No ambulatório de Prevenção às Doenças Renais, cabe ao Assistente Social, como profissional integrado ao processo de prevenção da Doença Renal Crônica (DRC), desenvolver suas ações no sentido de contribuir para o alcance destes objetivos. Seu papel pedagógico deve colaborar para alertar os usuários quanto aos fatores de risco para a doença e orientar os pacientes quantos aos seus direitos e deveres, bem como quanto à rede social de apoio e seguridade disponível, além de encaminhá-los aos recursos existentes. Objetivo: Relatar a experiência do Serviço Social com atividade sócioeducativa em sala de espera no Centro de Prevenção de Doenças Renais do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão e ressaltar a importância do papel pedagógico exercido pelo Assistente Social na Prevenção às Doenças Renais. Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo, de tipo descritivo, com abordagem qualitativa e quantitativa, de natureza não experimental que analisou uma amostra de 378 indivíduos atendidos na sala de espera do CPDR do HUUFMA, no período compreendido entre agosto e outubro de 2011. Resultados: No período de agosto a outubro de 2011 foram realizadas 23 atividades socioeducativas em sala de espera; 04 delas em parceria com a Psicologia e 01 com a Enfermagem. Foram abordados os temas: Doença Renal Crônica: conceito, causas, sinais e sintomas e opções de tratamento; Direitos dos Usuários do Sistema Único de Saúde (SUS); Auxílio Doença; Benefício de Prestação Continuada (BPC); Tratamento Fora do Domicílio (TFD); e Passe Livre: Municipal e Interestadual. Participaram das atividades 378 usuários, sendo 234 pacientes e 144 acompanhantes. Conclusão: A atuação do assistente social no âmbito da prevenção da Doença Renal deve pautar-se no enfrentamento das expressões da questão social nela expressa e na defesa da saúde como “direito de todos e dever do Estado”, conforme preconiza o Artigo 196 da Constituição Federal de 1998. De acordo com a Lei de Regulamentação da Profissão é competência do assistente social, dentre outras, “orientar indivíduos e grupos de diferentes seguimentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos”. Ressalta-se, portanto, o perfil pedagógico que este profissional exerce junto aos usuários, devendo direcioná-los às ações que visem à promoção, proteção e recuperação da saúde. A inserção do Serviço Social no CPDR situa-se no âmbito das atividades sócioeducativas, que devem contribuir para a promoção da saúde, através de ações de prevenção da DRC, de sua progressão para níveis dialíticos, e do encaminhamento de usuários aos serviços e recursos disponíveis na rede social de apoio. Nesta perspectiva, a atividade em sala de espera representa uma das estratégias de atuação deste profissional no processo de prevenção da DRC, assim como no preparo dos pacientes para ingresso em Terapia Renal Substitutiva. Extravasamento renal espontâneo durante urografia venosa Barbalho OG1, Silva PSC1, Moreira SJL1, Guerra EM2 1 Centro Universitário do Maranhão - CEUMA, 2Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí - NOVAFAPI Introdução: O extravasamento renal espontâneo de urina descrito por Albarrán em 1895 é considerado um achado radiológico pouco frequênte. Schwartz (1966), o definiu como a descoberta de urina fora da via excretora Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 na ausência de episódio traumático ou prévia instrumentação cirúrgica recente. Eggerath e Friedrichs (1985) consideram o termo extravasamento renal espontâneo como o adequado para caracterizar a demonstração radiológica de meio de contraste situado fora do sistema coletor, sem prévio traumatismo, instrumentação urinária, cirurgia renal ou da região e sem compressão durante a realização de urografia venosa. Revisaram 1300 urografias venosas e encontraram 13 casos que satisfizeram os critérios acima. É importante que se diferencie o extravasamento devido a pequenas rupturas dos fórnices calicinais por aumento da pressão da pelve renal daqueles de maior volume e persistentes, que poderão requerer reparo cirúrgico. O caso apresentado é de um paciente do sexo masculino, 50 anos de idade, sem antecedentes de litíase urinária que se apresentou à unidade de emergência com história de cólica ureteral esquerda há 48 horas. Analiticamente demonstrava um hemograma de 12 g/L de hemoglobina 10,900 leucócitos, com um diferencial de 80 polimorfonucleares, 18 linfócitos e 2 monócitos. O sumário da urina destacou 8 leucócitos por campo e 2 hemácias; uréia (48); creatinina (0,6). Administrou-se butilescopolamina associada a dipirona sódica, antiinflamatório não-esteroidal e tramadol, sem melhora do quadro doloroso. Evoluiu com sinais de irritação peritoneal e piora da dor. Realizado ecografia renal que revelou dilatação calico-pieloureteral esquerda e coleção líquida perirenal homolateral, sem evidência de fator obstrutivo. Em seguida, realizado urografia venosa que revelou extravasamento de contraste perirenal esquerdo e cálculo de 5 mm do ureter terminal do mesmo lado. Estabeleceu-se o diagnóstico de extravasamento renal espontâneo. Objetivo: Relatar um caso de extravasamento renal espontâneo de um paciente atendido no setor de emergência no Hospital UDI, em São Luís-MA. Métodos: A pesquisa foi do tipo estudo de caso, sendo recrutado um paciente do sexo masculino, de 50 anos de idade, com extravasamento renal espontâneo, que foi atendido no setor de emergência do Hospital UDI, onde foram analisados dados relacionados a queixa principal, exames laboratoriais e exames de imagem anexados ao prontuário, conduta e evolução clínica e cirúrgica. Resultado: Após tratamento cirúrgico instituído, através de ureteroscopia esquerda com extração do cálculo, deixou-se cateter ureteral duplo J e instituiu-se antibioticoterapia. O paciente evoluiu favoravelmente e obteve alta hospitalar no 3º dia de pósoperatório. Conclusão: O caso deste paciente, que evoluiu sem complicações, reitera que no extravasamento renal espontâneo por obstrução aguda das vias excretoras por cálculos urinários, situação rara, medidas de suporte clínico e remoção dos cálculos são suficientes. Fatores de prevenção em insuficiência renal aguda Oliveira ARM1, Pires ARP1, Rodrigues TL1, Almeida DM1 1 Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: A Insuficiência Renal Aguda (IRA) é uma síndrome caracterizada pelo rápido declínio da função renal (horas ou semanas) com consequente retenção sérica de produtos nitrogenados, tais como uréia e creatinina, tendo caráter potencialmente reversível após controle do fator desencadeante. Ocorre em aproximadamente 5% dos pacientes internados em hospitais terciários e em até 30% em pacientes de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), dependendo do quadro, pode haver alta taxa de mortalidade. Objetivo: Conhecer os métodos de prevenção em insuficiência renal aguda existente na literatura, a fim de contribuir com o conhecimento científico e disseminar o mesmo. Métodos: Análise e revisão da literatura médica obtida por pesquisa através da Bireme, Google acadêmico, pubmed e por pesquisa direta utilizando os termos, prevenção em insuficiência aguda renal, utilizando os artigos mais relevantes de cada subcategoria para realização desta revisão de literatura. Resultados: Deve-se evitar a combinação de vários fatores potencialmente agressivos em duas ou mais combinações como: agentes de radiocontraste, desidratação, icterícia, aminoglicosídeos, mioglobinúria e hemoglobinúria (New York, p. 207-229, 1993). A alteração da função renal pelo aciclovir pode ser evitada. A infusão lenta de aciclovir, em pelo menos duas horas, e a sua maior diluição, parecem ser suficientes para evitar a IRA. Recomenda-se que a droga seja diluída em uma proporção de 500mg em 100 ml ou 1g em 200 ml de soro glicosado 5%, soro fisiológico 0,9% ou 0,45%. Além disso, a manutenção de um fluxo de diurese em torno de 100 a 150 ml/hora, previamente à administração da droga, pode ter um efeito benéfico. Portanto, em alguns casos, a prescrição de diuréticos pode propiciar altos fluxos urinários desde que seja realizada hidratação adequada além da monitorização dos eletrólitos séricos (AM J Med Sci 2003; 325:349-62). A administração de contrastes para exames radiológicos constituem importante causa reversível e prevenível de IRA, esta pode iniciar logo após a administração do contraste. Existem contrastes iônicos, não iônicos de baixa osmolaridade e não iônicos com isoosmolaridade (N Engl J Med 1989; 320:143-8). O tipo de contraste iodado é um fator importante na possibilidade de desenvolvimento de IRA. Hidratação é a principal ferramenta de prevenção, porém ainda não está bem estabelecida qual é a melhor solução, se salina isotônica ou bicarbonato de sódio. Salina isotônica mostrou-se melhor que salina 0,45%, e o principal benefício foi visto em diabéticos e Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Resumos / Abstracts naqueles que receberam mais de 250 ml de contraste. Uso de bicarbonato de sódio tem sido estudado desde a demonstração que a alcalinização da urina pode proteger contra os radicais livres. O uso de 3 ml/kg/hora uma hora antes do uso do contraste seguido de 1ml/kg nas próximas seis horas mostrou-se benéfico na prevenção da IRA. Acetilcisteína é considerada com propriedades antioxidantes e vasodilatadoras. Considerando ser bem tolerada, o baixo custo pode ser usado em pacientes de alto risco, sempre acompanhada de outras medidas preventivas. A dose a ser usada é questionável atualmente, recomenda se uso de 600-1200mg via oral, duas vezes ao dia no dia anterior e no dia do exame, o uso intravenoso não costuma ser recomendado (N Engl J Med 2006; 354:379-86). A revisão de literatura sugere fortemente que o uso de bicarbonato de sódio está associado à prevenção de nefropatia do contraste tão ou mais eficientemente do que o uso de solução salina isolada ou associada a N-acetilcisteína. Essa forma de prevenção pode ser particularmente útil em pacientes com limitação para infusão de volumes maiores de solução salina ou em pacientes que não possam receber a solução salina com 12 horas de antecedência em relação ao uso de contraste. (J. Bras. Nefrol. vol.32 no. 3 São Paulo July/Sept. 2010). Conclusão: A insuficiência renal aguda é consequência de lesões isquêmicas, nefrotoxinas incluindo reações de hipersensibilidade, doenças glomerulosas e de pequenos vasos, doenças de grandes vasos, nefrite intersticial associada com infecções, nefrites causadas por drogas. Portanto a melhor medida de prevenção é diagnosticar as doenças que causam insuficiência renal e tratá-las. Para isso é preciso tomar algumas medidas na atenção básica antes que aconteçam complicações, como repor as carências hídricas, normalizar a pressão arterial, retirar substâncias tóxicas da circulação sanguínea. Também conhecimento médico sobre o devido uso de fármacos nefrotóxicos e prevenção de toxidade pelo uso do contraste. Fragilidade na doença renal crônica: prevalência e fatores de risco associados Mansur HN1, Bastos Mg2 1 Universidade Salgado de Oliveira Juiz de Fora - MG, 2Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF-MG Introdução: A fragilidade é um estado de alta vulnerabilidade e efeitos adversos à saúde, incluindo dependência física, instabilidade, quedas e mortalidade, sendo os marcadores mais comuns, a perda de massa magra, de força e resistência muscular, de equilíbrio e baixo desempenho na caminhada. Na Doença Renal Crônica (DRC), a prevalência e os fatores preditores de fragilidade entre pacientes em Terapia Renal Substitutiva para determinar o grau em que a fragilidade foi associada à morte e à hospitalização. Independente da faixa etária, o estudo revelou que 67,7% dos pacientes eram frágeis, estando claro que a idade nos pacientes com DRC também é fortemente associada à fragilidade. Alguns estudos encontraram também que a raça negra e o sexo feminino aumentam a predisposição à fragilidade e à instabilidade, pois a prevalência de mulheres negras frágeis com DRC foi de 34%. Além disso, demonstrou que, na população dialítica, a incidência de fragilidade não esteve associada somente à idade. Dos pacientes avaliados, 67,7% apresentavam fenótipo de fragilidade. Destes, 44,4 % com idade menor que 40 anos. Objetivo: Verificar a prevalência de Fragilidade numa amostra de pacientes com DRC em tratamento conservador e verificar os fatores de risco associados à Fragilidade nessa população. Métodos: A amostra foi composta de 55 pacientes com DRC, estágios 3, 4 e 5 em tratamento conservador. Para avaliar a Fragilidade utilizamos o protocolo proposto por Johansen (2007). Para tal, utilizamos o questionário de Qualidade de Vida SF-36 e avaliação do prontuário do paciente, além de um questioná-lo sobre a prática de atividade física. Dos 5 pontos possíveis, o paciente que apresentasse 3 ou mais é classificado como Frágil (F), 1 ou 2 pontos, pré-frágil (PF) e sem nenhuma pontuação, não frágil (NF). Para análise dos fatores associados, realizamos Vasodilatação Fluxo Mediada, Densitometria Óssea, Teste de Caminhada de 6 minutos, Teste de Força Muscular (Hand Grip) além de avaliação laboratorial. Resultados: A prevalência de Fragilidade na população estudada foi de 33,9% e a de PréFrágeis foi de 48,2%. Quando comparamos as médias dos grupos, encontramos significância quando comparamos os grupos quanto a Exaustão (NF x F= 0,01; PF x F= 0,01), Fraqueza (NF x F= 0,000; PF x F= 0,000), Reatividade Vascular (NF x F= 0,02) e Frequência da Atividade Física (NF x F= 0,000; PF x F= 0,000). Quando correlacionamos as variáveis do estudo e Fragilidade, encontramos diferença significante nos seguintes resultados: Exaustão (p= 0,000; r= 0,50), Fraqueza (p= 0,000; r= -0,85), Reatividade Vascular (p= 0,01; r= -0,33), Frequência de Atividade Física (p= 0,001; r= -0,41), Teste de Caminhada de 6 minutos (p= 0,02; r= -0,30), PTHi (p= 0,02; r= 0,30), Ferro Venoso (p= 0,03; r= -0,29). Conclusão: A população apresentou alta prevalência de Fragilidade e inúmeras variáveis apresentam relação com a mesma. Dentre elas, destacamos a Reatividade Vascular e as avaliações físicas por testes específicos ou por questionário. 65 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts Hiperdia: perfil dos usuários acompanhados pelo programa em uma unidade básica de saúde Hipotireoidismo e insuficiência renal: associação subdiagnosticada Alves SMA1, Marinho RC1, Câmara JT2, Mendes EFA2, Fontenele AMM3, Santos EA3, Costa JSL4 Campos Fg1, Emídio RAS1, Ferreira DP1, Souza AG2, Barros MEC2 1 1 2 Residência Multiprofissional em Saúde - Hospital Universitário - UFMA, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, 3Universidade Federal do Maranhão - UFMA, 4Faculdade Santa Teresinha - CEST-MA Introdução: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes mellitus (DM) apresentam atualmente um importante problema de saúde pública, que na ausência de sua identificação precoce, tratamento e auto-cuidado adequado, podem deixar seqüelas irreversíveis, necessitando assim de cuidados profissionais. Segundo Bosi et al. (2007), a avaliação dos serviços de saúde permite a análise numérica da produção e do desempenho de práticas em saúde, além de permitir vislumbrar os resultados de um programa frente aos objetivos desejados, contribuindo para a tomada de decisões, definição de estratégias e estabelecimento de metas factíveis. O Programa Nacional de Atenção à Hipertensão e Diabetes (PNAHD) estabelece diretrizes e metas para a reorganização no Sistema Único de Saúde (SUS), através de ações que possibilitem o diagnóstico de hipertensão e diabetes e ações de evitar complicações e promoção de saúde. Essas ações consistem em investimentos e atualização dos profissionais da rede básica, vinculação dos pacientes diagnosticados às unidades de saúde para tratamento e acompanhamento oferecendo maior qualidade de vida para os portadores dessas condições (Brasil, 2001). Programas como esse oferecem prevenção aos agravos de ambas as patologias como insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular encefálico, insuficiência renal aguda ou crônica. Cerca de 70% dos indivíduos em programa de hemodiálise possuem lesão renal causada por hipertensão arterial não-tratada ou DM (Brasil, 2001). No ano de 2002 foi criado também o Fluxo de Alimentação da Base Nacional do Hiperdia, obrigatório para todos os municípios que adotaram o Programa, visando um acompanhamento e tratamento específico para HAS e o DM, no intuito de reduzir as complicações e a morbimortalidade associada a estas patologias. As informações captadas são armazenadas em um banco de dados de Sistema de informação do HIPERDIA, desde a sua criação (BRASIL, 2002). Objetivo: Identificar o perfil dos usuários cadastrados no PNAHADM de uma Unidade Saúde da Família (USF) no Município de Caxias - MA. Métodos: Pesquisa do tipo descritiva quantitativa, a coleta de dados foi realizada na zona urbana do município de Caxias - MA, escolheu-se usuários cadastrados e acompanhados pela USF Piquizeiro, foi aplicado aos mesmos um formulário com perguntas fechadas, foram entrevistados 35% dos 576 cadastrados USF que corresponde a 200 pacientes. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa NOVAFAPI com o número de folha de rosto FR – 312464 e processo CAAE nº. 0011.0.043.000-10. Resultados: O alto custo da atenção à saúde, de acordo com Caprara (2004) exige dos gestores decisões que beneficiem maior número de usuários e que atinjam resultados mais equitativos com os mesmos recursos disponíveis, satisfazendo a todos. O estudo da satisfação do usuário de um determinado programa permite analisar os impactos das ações na saúde da população e os aspectos positivos e negativos dos serviços, ou seja, se as metas e os objetivos estão sendo, de fato alcançados. Os cuidados primários à saúde são essenciais para o diagnóstico e encaminhamento precoce ao tratamento de alta complexidade e a instituição de diretrizes apropriadas para retardar a progressão da Doença Renal Crônica sendo uma das complicações, sendo ideal prevenir suas complicações, modificarem comorbidades presentes e preparo adequado a uma terapia medicamentosa. Como complicações decorrentes da HAS e DM. Entretanto, 22,5% são portadores de coronariopatias, 16% possuem sequelas de acidentes vasculares encefálicos, 9% são portadores de doença renal crônica e 0,5% apresentam pé diabético, evidenciado a necessidade de intensificação do cuidado dispensado a estes pacientes pela equipe de Saúde da Família, pois na presença de DM e HAS essas lesões são precoces e mais intensas. É notória que é de fundamental importância ações de saúde preventivas para cuidados com doenças relacionadas ao aparelho circulatório como: Acidente Vascular Encefálico, Infarto agudo do miocárdio e Doenças Renais como: Insuficiência Renal Aguda e Crônica. A maioria (25%) dos pacientes não sabe ler e apenas 15,5% possuem o Ensino Médio completo o que dificulta a adesão ao tratamento e à educação em saúde influindo no acesso aos serviços de saúde. Quanto ao perfil sociocultural à faixa etária de maior prevalência de HAS e DM foram encontradas entre os pacientes na faixa etária entre 61 a 80 anos (45%). Predomina o sexo Feminino com 60,5% dos cadastrados, 39,5% realizam consulta médica regularmente pelo menos uma vez ao ano e 48,5% realizava exames médicos periódicos. Conclusão: O resultado obtido através dessa pesquisa mostrou que 40,5% dos entrevistados demonstraram maior satisfação com a equipe em geral. Observou-se que a equipe de saúde necessita desenvolver estratégias factíveis, que resgate os indivíduos, com atividades na comunidade como Palestras educacionais, reuniões em grupo principalmente com os de baixa adesão à terapêutica. Esses dados demonstram que a UBS deve intensificar o trabalho de prevenção e promoção da saúde, levando em conta que os entrevistados não dedicam atenção à saúde podendo dificultar um resultado satisfatório no tratamento e prevenção de complicações das respectivas patologias. 66 Hospital Regional de Sobradinho - SES/DF, 2Escola Superior de Ciências da Saúde ESCS/FEPECS Introdução: O hipotireoidismo é uma síndrome clínica resultante da síntese e secreção insuficiente dos hormônios tireoidianos ou da ação inapropriada destes. Apresenta como consequência redução do metabolismo basal. Essa alteração tireoidiana pode contribuir para a insuficiência renal por meio de vários mecanismos, dentre eles alterações hemodinâmicas. Objetivo: Relatar caso de paciente com insuficiência renal crônica e hipotireoidismo que necessitou de terapia de substituição renal devido à descompensação da tireoidopatia. Métodos: Masculino, 71 anos, aposentado, procedente de Sobradinho DF, encaminhado ao serviço de nefrologia devido à astenia, anúria e dor abdominal. História prévia de hipertensão arterial sistêmica (HAS) em tratamento irregular, sem acompanhamento com nefrologista. Apresentava-se afebril, eupneico, estável hemodinamicamente, com dor à palpação em hipogástrio, punho percussão negativa hipocorado e edema de membros inferiores 2+/4+. Exames laboratoriais: creatinina de 3,2 mg/dl e uréia de 38 mg/dl, hematócrito 27%, potássio 5,0 mEq/L. Durante a internação houve elevação das escórias nitrogenadas com necessidade de hemodiálise. Após a investigação da etiologia da insuficiência renal, que incluiu mielograma e biópsia renal, diagnosticou-se hipotireoidismo como causa da doença renal. A avaliação da função tireoidiana (realizada em laboratório privado por falta de reagente em nosso serviço): TSH de 196,30 μU/mL, T4 livre de 0,20 ng/dL, anticorpos antiperoxidase maior que 1.300.00U/mL; anticorpos anti-tireoglobulinas maior que 2.500 UI/ml, anticorpos anti-receptor de TSH 3%. Iniciado tratamento para o hipotireoidismo paciente cursou com melhora da insuficiência renal, mudança de classe (estágio V para III) e interrupção da hemodiálise. Discussão: A deterioração renal secundária ao hipotireoidismo relaciona-se com alterações hemodinâmicas devido a: efeito inotrópico negativo sobre o coração, redução do volume intravascular circulante e aumento da resistência vascular periférica por vasoconstricção. Este efeito produz a diminuição do fluxo sanguíneo renal (IRA pré-renal), e, consequentemente, da taxa de filtração glomerular. O hipotireoidismo pode ser acompanhado de alterações histológicas, como o aumento da espessura da membrana basal tubular e glomerular e acúmulo de vários tipos de inclusões citoplasmáticas. Ao se refazer a biópsia após o uso de levotiroxina demonstra-se melhora das lesões histológicas renais. Alterações na tireoide também podem ser observadas em indivíduos com nefropatia sugerindo que a uremia possa ter efeitos morfofuncionais na tireóide. Assim, o tratamento concomitante do hipotireoidismo pode diminuir a progressão da insuficiência renal, retardar a necessidade de terapia substitutiva renal mesmo em pacientes com insuficiência renal crônica preexistente e possibilitar a interrupação da terapia de substituição renal devido à mudança de classe de IRC, nos pacientes que evoluíram com necessidade de hemodiálise por hipotireoidismo não tratado. Os hormônios tireoidianos influenciam o desenvolvimento, a estrutura e a hemodinâmica renal, podem alterar a taxa de filtração glomerular, a função de muitos sistemas de transporte ao longo do néfron, transporte de sódio e homeostase da água. Estes efeitos do hormônio da tireóide devem-se ao direcionamento de ações renais e, em parte, seus efeitos cardiovasculares e hemodinâmicos sistêmicos que influenciam a função renal. Como consequência, o hipotireoidismo pode associar-se com alterações renais importantes e seu adequado controle tem relevância no melhoramente da função renal. Distúrbios da tireóide também têm sido associados ao desenvolvimento de lesão glomerular imunomediadas. Hormônios tireoidianos são importantes reguladores da função renal, cardíaca e vascular. Respondem ainda pela manipulação renal de sódio, e, portanto, da pressão arterial envolvendo, desta forma, o sistema reninaangiotensina-aldosterona. Assim, a pesquisa de disfunção tireoidiana é mandatória na prevenção e evolução da nefropatia. Conclusão: A associação de insuficiência renal e hipotireoidismo existem e são subdiagnosticadas. As etiologias são múltiplas. O tratamento consiste em administrar hormônio tireoidiano e, ao adequar a função da tireóide, possibilitar a melhora da função renal minimizando a progressão da doença renal e a necessidade de terapia renal substitutiva. Hiperuricemia em pacientes hipertensos: um fator de risco para doença renal? Santos EJF1, Portela LLC2, Santos AM3, Salgado Filho N3 1 Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA, 2Curso de Farmácia Bioquímica da UFMA, 3Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: Estudos epidemiológicos recentes e evidências experimentais sugerem um papel para ácido úrico, não apenas como um marcador de Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 redução da função renal e independente fator de risco cardiovascular, mas também como um fator de risco causal para o desenvolvimento e progressão de insuficiência renal (Obermayr, 2008). A ocorrência de hiperuricemia, geralmente decorrente da diminuição da excreção fracional do ácido úrico pelos rins ao longo dos anos, gera um aumento da quantidade de ácido úrico no organismo, favorecendo a deposição de urato não só nas articulações, mas também em outros tecidos, principalmente nos rins, e no endotélio vascular (Bastos, 2009). Em humanos, a hiperuricemia tem sido associada com hipertensão e, recentemente, com iniciação e progressão da doença renal em não-diabéticos (Hovind, 2009). A relação entre ácido úrico e microalbuminúria tem sido observada anteriormente em hipertensos e pré-hipertensos, na sua maioria relacionada com os valores da pressão arterial (Rodilla, 2009). A microalbuminúria representa uma disfunção generalizada do endotélio vascular com aumento da sua permeabilidade, permitindo o vazamento de albumina através da membrana glomerular (Stamm, 2007). Evidências atuais têm sugerido que o diagnóstico e a implementação de medidas nefroprotetoras precoces podem interromper ou retardar a progressão da DRC (Bastos, 2009). Objetivo: Avaliar a relação da microalbuminúria - excreção urinária de albumina ≥ 30 mg/24h – com as características sociodemográficas, clínicas e laboratoriais de pacientes hipertensos. Métodos: Trata-se de estudo analítico, transversal com 226 pacientes cadastrados no HiperDia, nãodiabéticos, avaliando-se dados demográficos, socioeconômicos e história clínica. Na Unidade de Saúde, foi realizada avaliação da pressão arterial, avaliação antropométrica e clínico-laboratorial. Para verificar a associação dos demais fatores com o a presença de microalbuminúria, foi utilizado um modelo de regressão logística com nível de significância pré-estabelecido em 5%. O Projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob Parecer nº. 312/2009. Resultados: Na amostra estudada, houve predomínio do sexo feminino (75.8%), com média de idade 61.20 ± 12.1 anos; 55.7% pertenciam às classes B e C; (57.7%) tinham mais de 8 anos de estudo; (17.2%) referiram-se brancos; (68.2%) eram não fumantes; (62.24) não consumiam bebida alcoólica e (75,5%) eram sedentários. Na análise univariada, o ácido úrico alterado foi associado à presença de microalbuminúria. Na análise multivariada, utilizando-se o Stepwise, confirmou-se o ácido úrico alterado como fator de risco (OR=9,24; IC=2,05-41,56) e a pressão arterial diastólica acima de 90 mmHgtambém foi identificada como fator de risco (OR=3,36; IC=1,48-7,61). Conclusão: Os níveis pressóricos devem ser observados de perto em pacientes hipertensos, assim como a dosagem do ácido úrico deve ser pensada, visto que as associações demonstradas podem ser usadas no rastreio da doença renal nesse grupo de risco. Infecção urinária em gestantes atendidas em PSFs do município de Santa Helena - MA Araújo AHB1, Silva LRMS2 1 Programa Saúde da Família - Santa Helena-MA, 2Residência Multiprofissional em Saúde HUUFMA Introdução: Prevenir consiste em atuar antecipadamente, impedindo situações indesejadas, como o adoecimento, a invalidez, a cronicidade de uma doença ou morte. Os níveis de prevenção podem ser três: prevenção primária, relacionada a ações que possam evitar que determinada doença se instale; prevenção secundária, voltada para impedir a evolução e complicações da doença e prevenção terciária, que consiste em ações voltadas para a limitação do dano e a reabilitação do indivíduo. O acompanhamento pré-natal corresponde a uma das ações de proteção específica, relacionada à prevenção primária, pois inclui medidas voltadas para o combate de doenças que possam vir a causar danos irreversíveis. Nesse contexto, foi criado o PAISM (Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher), o qual tem como um dos principais objetivos, melhorar a qualidade da assistência ao parto e implantar ou ampliar as atividades de identificação de patologias de maior prevalência. As Infecções do Trato Urinário (ITU) são comuns em mulheres jovens e representam a complicação clínica mais frequênte na gestação. Durante a gestação, os hormônios provocam inúmeras modificações no organismo da mulher, tornando a urina mais rica em açúcar e aminoácidos, favorecendo o crescimento bacteriano e as infecções. Além disso, do ponto de vista renal, ocorre um aumento do volume do glomérulo, associado a uma vasodilatação que acomoda uma maior quantidade de sangue. Esta favorece a estase urinária e aumenta a probabilidade de mulheres grávidas que têm infecção urinária (assintomática ou sintomática) desenvolverem pielonefrite. Desta forma, a incidência da infecção urinária não é maior na grávida do que na não grávida sexualmente ativa, mas a propensão a desenvolver complicações é significativamente maior. Há quatro tipos de infecção: bacteriúria assintomática, infecção urinária baixa (cistite), pielonefrite aguda e pielonefrite crônica. A bacteriúria assintomática, diagnosticada através da urocultura positiva, pode causar complicações como trabalho de parto prematuro (TPP), anemia e restrição do crescimento intra-uterino (RCIU). Por outro lado, a pielonefrite é uma das complicações mais comuns e mais sérias durante a gestação, acomete os rins e evidenciam-se pela febre alta, calafrios e dor na Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Resumos / Abstracts loja renal, além da referência pregressa de sintomas de infecção urinária baixa. Esta última, caracterizada pela cistite, a qual acomete a bexiga, fica evidenciada na análise do sedimento urinário, geralmente leucocitúria e hematúria, além do grande número de bactérias e sintomas como disúria, polaciúria e/ou urgência urinária. O sedimento urinário pode ser analisado através do EAS (exame de urina de rotina). Por ter baixo custo e ser facilmente disponibilizado, além de não ser um método invasivo, é realizado rotineiramente e, apesar de ser considerado um exame simples, fornece uma grande quantidade de informações úteis no diagnóstico e seguimento das doenças não apenas renais, mas também do trato gênito-urinário. Embora haja controvérsias quanto aos limites de normalidade da presença de hemácias na urina, a maioria dos laboratórios consideram no máximo 5 hemácias por campo como parâmetro de normalidade. Em relação à presença de leucócitos, considera-se leucocitúria quando há um número acima de 10 leucócitos por campo na amostra urinária. Objetivos: Identificar gestantes com possível infecção urinária e infecção urinária pregressa. Métodos: Estudo descritivo, realizado com gestantes acompanhadas de abril a outubro de 2011, nos PSFs José Leite e Olho d´água, no município de Santa Helena - MA, submetidas ao exame de urina para avaliação do sedimento urinário. Resultados: De um total de 53 gestantes, 1,88% (1) tem idades que correspondem a 21, 24, 28, 29, 30, 33, 34 e 35 anos, 3,78% (2) têm idades que correspondem a 14, 15, 22 e 25 anos; 5,66% (3) têm idades que correspondem a 26 e 27 anos, 7,55% (4) têm idades que correspondem a 16, 17, 18 e 23 anos, 11,33% (6) têm idade correspondente a 19 anos e 16,99% (9) têm idade correspondente a 20 anos. Em relação ao estado civil, 32,07% (17) relataram ser solteiras, 22,64% (12), casadas e 45,29% (24), em união estável. No que diz respeito ao número de gestações, 49,06% (26) relataram ser esta a primeira gestação, 26,42% (14), a segunda, 15,09% (8), a terceira gestação, 5,66% (3), a quarta e 3,77% (2) relataram mais de quatro gestações com esta. Em relação às ITU, 16,99% (9) referiram infecção urinária como antecedentes pessoais. De acordo com exames de urina analisados, puderam-se observar os seguintes resultados: 22,64% (12) apresentaram 0-2 leucócitos por campo (p/c), 18,87% (10) apresentaram 3-5 p/c, 24,53% (13) apresentaram 10-12 p/c, 9,43% (5) apresentaram 12-15 p/c e 24,53% (13) apresentaram acima de 15 leucócitos por campo. Em relação à presença de hemácias na urina, foram encontrados os seguintes resultados: 5,66% (3) apresentando 1-2 hemácias p/c, 3,77% (2), 2-3 p/c, 5,66% (3), 5-6 p/c e 7,48% (4) apresentando 7-9 p/c. É importante ressaltar que das 13 gestantes com presença de leucócitos acima de 15 p/c, 30,77% (4) apresentaram 25-30 p/c, 7,69% (1) apresentou 50 p/c e 15,38% (2) apresentaram campos incontáveis. Das gestantes que apresentaram um número de leucócitos acima de 10 p/c, o qual totaliza 23 gestantes, 34,78% (8) relataram já ter tido infecção urinária anteriormente. Além disso, 30 (56,60%) das 53 gestantes relataram presença de pelo menos dois dos sintomas relacionados à cistite e/ou pielonefrite. Conclusão: De acordo com os resultados encontrados, pode-se observar que a maioria das gestantes apresentou um número elevado de leucócitos no sedimento urinário, além de um número considerável que já teve infecção urinária anteriormente. É importante ressaltar que todos os casos de infecção urinária podem causar danos aos rins que, em longo prazo, prejudicam o funcionamento dos mesmos. Desta forma, o mais importante é prevenir com orientações e ações que ajudem a diminuir a proliferação das bactérias na urina, como por exemplo, ingesta hídrica aumentada e asseios, pois as ITUs quando recorrentes, tornam-se um fator importante para patologias renais com complicações. Inserção do assistente social no centro de prevenção de doenças renais de um hospital universitário Rodrigues N1, Pereira G1, Carneiro E1, Pereira R2, Viegas D2, Salgado Filho N3 1 3 Hospital Universitário da UFMA, 2Residência Multiprofissional em Saúde - HUUFMA, Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é uma síndrome clínica caracterizada pela perda lenta e irreversível da função renal. Segundo o National Kidney Foundation / Clinical Practices Guidelines for Chronic Kidney Disease (NKF/DOQI), a DRC caracteriza-se pela presença de dano renal ou redução da função renal por um período igual ou superior a três meses, independente de sua etiologia. Por ser uma doença complexa e multifatorial requer uma abordagem multiprofissional, posto que, segundo Bastos et al. a doença renal “... cursa assintomática até seus estágios mais avançados e quando o paciente procura atenção médica já apresenta uma ou mais complicação e/ou co-morbidade da doença” (Bastos et al. 2008: 283). Nesse contexto o Serviço de Nefrologia do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA) foi credenciado pelo Ministério da Saúde como Centro de Referência em Nefrologia para o Estado do Maranhão. Visando a melhor organização dos serviços foi estruturado o Centro de Prevenção de Doenças Renais (CPDR), como parte do Serviço de Nefrologia. O foco de atendimento do Centro são ações em torno do diagnóstico precoce da DRC, no tratamento conservador da função renal, conseqüente postergação 67 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts do ingresso dos pacientes em níveis dialíticos e preparação de pacientes para ingresso em Terapia Renal Substitutiva. A atuação do Assistente Social na Política de Saúde é referendada pela Resolução Nº 383/99 do Conselho Federal de Serviço Social, a qual em seu artigo 1º caracteriza “o assistente social como profissional de saúde” ao considerar que “o assistente social atua no âmbito das políticas sociais [...]”. (CEFSS, 2009). A inserção do assistente social no Centro de Prevenção de Doenças Renais do HUUFMA data de dezembro de 2010. O assistente social atua na perspectiva de uma ação que objetiva a construção da cultura de informação e participação social. Os usuários são estimulados a buscar formas de participação e controle social na Política de Saúde. Outras ações do serviço social no CPDR estão relacionadas à função pedagógica que segundo o projeto que orienta a atuação profissional no setor deve colaborar para orientar os pacientes quantos aos direitos e deveres que os assistem, bem como quanto à rede social de apoio e seguridade disponível, além de encaminhá-los aos recursos existentes. Objetivo: Relatar a inserção e prática do Serviço Social no Centro de Prevenção de Doenças Renais do HUUFMA. Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo, do tipo descritivo com abordagem qualitativa e quantitativa. Resultados: No período de dezembro de 2010 a outubro de 2011, foram inscritos no Cadastro do Serviço Social 402 usuários. Além destes foram realizadas, no período de agosto a outubro de 2011, 21 atividades socioeducativas em sala de espera, 04 em parceria com a Psicologia e 01 com a Enfermagem, onde participaram 378 usuários. As ações do Serviço Social têm se pautado em uma prática pedagógica, na orientação sobre direitos e benefícios sociais, encaminhamento aos recursos e serviços disponíveis, além da interlocução com os demais membros da equipe, possibilitando a troca de saberes, visando o atendimento integral aos usuários. Conclusão: O conceito de saúde defendido pelo SUS para o atendimento integral requer equipes de saúde ampliadas para um atendimento que considere e desvende a realidade dos usuários atendidos. Nesse sentido a inserção do Serviço Social no Ambulatório do CPDR é uma conquista tanto para o serviço quanto para os usuários e insere-se no âmbito das atividades socioeducativas. Infecção urinária: fator complicador durante a gestação Andrade BC1, Sousa FC1, Melo LPL1, Albuquerque IC1, Andrade DC2 1 Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, 2Centro Universitário do Maranhão - CEUMA Introdução: Vários fatores tornam a infecção do trato urinário uma relevante complicação do período gestacional, como: as alterações anatômicas e funcionais do trato urinário produzidas pelo estado gravídico modificam de maneira significante o curso da bacteriúria. Junto a essas alterações fisiológicas, que deixam a gestante mais suscetível à proliferação e ascensão de bactérias ao trato urinário superior, somam-se as repercussões da gestação no sistema imunológico da mulher, favorecendo a progressão para quadros infecciosos mais intensos. O sistema coletor renal e, sobretudo, os ureteres se mostram dilatados durante o período gestacional, o que pode ser explicado pela diminuição da capacidade de peristalse ureteral sob influência da progesterona, mas, principalmente, pela compressão ureteral pelo útero gravídico. Da mesma forma, o relaxamento muscular induzido pela progesterona, que altera a capacidade de peristalse ureteral, também altera a capacidade contrátil da bexiga, que se torna um reservatório com capacidade aumentada.Já que à proporção que a investigação e tratamento adequados são realizados de maneira antecipada, menores são as complicações. O rastreamento precoce da bacteriúria na gestação, mesmo que sem apresentar quadro sintomatológico, tem benefícios, já que a infecção do trato urinário na gestação é fonte de complicações maternas e perinatais. Objetivo: mostrar, a partir das literaturas pesquisadas, o quanto que a infecção urinária durante o período gestacional pode vir a ser fator complicador no desenvolvimento do bebê e fator de risco também para saúde e integridade da mãe. Métodos: O trabalho apresenta um enfoque descritivo a partir de pesquisa bibliográfica em artigos do banco de dados eletrônicos LILACS, compreendendo a publicação de 2005 a 2010. Foram encontrados 5 artigos. O período de pesquisa foi de 19 de agosto a 25 de outubro de 2011. Resultados: A partir da análise dos textos pesquisados não há dúvidas que a infecção urinária representa relevante fonte de complicações à gestante, seja desde obstrução urinária a trabalho de parto pré-termo, anemia, préeclâmpsia, ou mais ainda: falência de múltiplos órgãos e óbito, além de prejudicar o desenvolvimento do feto dentro dos padrões de normalidade anatomofisiológicos. Podendo assim, desencadear prematuridade, infecção generalizada, aborto e natimorto. O que nos leva, como profissional de saúde, acompanhar mais de perto esses casos, pois é a partir da realização de práticas preventivas (dentro do acompanhamento realizado no pré-natal) que agravos maiores e/ou irreversíveis conseguem ser evitados. Conclusão: A infecção urinária é uma complicação comum na gestação. Escherichia coli, dentre alguns outros uropatógenos mais comuns podem ser responsáveis por complicações como prematuridade, baixo peso ao nascer e morte fetal, bem como desenvolvimento de desarranjo fisiológico no organismo da gestante. Por isso, torna-se importante discutir a importância de um pré-natal bem 68 feito, com todas as consultas realizadas rotineiramente a fim de efetuar a prática preventiva para uma boa gestação. Insuficiência renal no Maranhão (1997-2007) Santos MJC1, Silva NS1, Borges KGPS1, Araújo RLTM1, Menezes CDS1, Silva ACO2 1 Residência de Enfermagem em Clínico-Cirúrgica - UFMA, 2Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: A insuficiência renal é um diagnóstico que expressa uma perda maior ou menor de qualquer uma das funções do rim. Pode ser dividida em duas categorias principais: 1) a insuficiência renal aguda, na qual os rins subitamente param de funcionar de modo total ou parcial, mas que podem em um período futuro recuperar o funcionamento quase normal, e 2) insuficiência renal crônica, na qual ocorre perda progressiva da função de um número crescente de néfrons, que de modo gradual, vão diminuindo a função geral dos rins. Estão entre as causas mais importantes de óbito e de incapacidade em diversos países em todo o mundo. A mortalidade por insuficiência renal é 10 a 20 vezes maior que a da população geral, mesmo quando ajustada por idade, sexo, raça e presença de diabetes mellitus, sendo que a doença cardiovascular é a causa mais comum de óbito. No Brasil, a doença atinge 2 milhões de pessoas, sendo que 60% desconhecem o diagnóstico. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), em 2010, foram 92.091 pacientes dialíticos, como fontes pagadoras 85,8% pelo SUS e 14,2% por outros convênios. No país são 682 unidades renais cadastradas na SBN e apenas 8 no Maranhão. Objetivo: Identificar a prevalência de insuficiência renal no Estado do Maranhão. Métodos: Trata-se de estudo epidemiológico, descritivo, transversal, com abordagem quantitativa, que visa identificar a prevalência de morbidade por insuficiência renal no Maranhão no período de 1997 a 2007. Os dados foram obtidos por meio do Data-SUS do Ministério da Saúde, foram reunidos e analisados e serão apresentados em forma de gráficos e tabelas distribuídos em coeficientes e índices. Resultados: No Estado do Maranhão, no período de 1997 a 2007, o coeficiente geral de morbidade específico para insuficiência renal foi de 16 por 10 mil hab. O índice de morbidade proporcional de insuficiência renal para o sexo masculino foi de 53,9% e de 46,1% para o feminino. Menores de um ano apresentaram índice de 0,88%, crianças de 1 a 4 anos, 3,3%, de 5 a 19 anos apresentaram 12, 2%, de 20 a 49 anos, 40,7% e acima de 50 apresentaram índice proporcional de morbidade por insuficiência renal de 43%. Em 1998, o Maranhão apresentou um coeficiente de morbidade por 10 mil habitantes de 1,2. Nos anos de 1999, 2000 e 2001 apresentou 1,1. Em 2002 e 2003, apresentou um coeficiente de 2 por 10 mil habitantes. Em 2004 e 2005, de 1,8. Em 2006, apresentou 1,9 e em 2007 apresentou um coeficiente de morbidade específico para insuficiência renal de 1,6 por 10 mil habitantes. Conclusão: Os dados revelam a subnotificação de pacientes portadores de insuficiência renal no Maranhão, demonstrando a necessidade de maior rastreamento desses indivíduos por parte dos ambulatórios e ainda devido a existência de apenas 8 centros de diálise que suprem as necessidades de uma parcela dessa população. Entretanto, não se devem subestimar esses valores, visto que apesar da subnotificação é uma doença que repercute nas bases de dados dos censos especializados devido à sua alta morbimortalidade. Implicações nutricionais durante a gestação sobre a saúde renal do concepto Viana BV1, Teixeira AF1, Santana LC1, Santos SJL1, Castro LS1, Nunes GS2 1 Curso de Nutrição da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, 2Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: A doença renal crônica (DRC) atualmente atinge proporções epidêmicas, constituindo-se em um problema de saúde pública. Estudos têm demonstrado que o risco de complicações renai na idade adulta pode ser afetado pelo ambiente uterino, nesse sentido, a nutrição materna pode gerar mudanças estruturais em tecidos complexos, refletindo no desenvolvimento do rim fetal. A gestação representa uma experiência humana que envolve uma dimensão social, na qual há a influência de diversos fatores externos, e outra biológica, em que é necessário o equilíbrio entre as condições fisiológicas para o desenvolvimento do feto. Objetivos: O presente estudo teve por objetivo buscar na literatura atual, artigos sobre as implicações nutricionais da gestação sobre a saúde renal do concepto. Métodos: Realizou-se levantamento bibliográfico em artigos indexados nas bases de dados Bireme, Lilacs e Scielo, utilizando-se os descritores – doença renal e nutrição; doença renal e gestação. Resultados: Os estudos apresentam dados obtidos principalmente, a partir de experimentos realizados em modelos experimentais com ratos e ovelhas. As pesquisas demonstraram que um dos principais órgãos afetados por um ambiente desfavorável durante o pré-natal é o rim. Alguns trabalhos Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 apontam a vitamina A insuficiente, desnutrição calórica e protéica, exposição a glicocorticóides em excesso e alterações no sistema reninaangiotensina como principais fatores que podem afetar o desenvolvimento renal fetal. Em estudos utilizando modelos de desnutrição materna, exposição a glicocorticóides e insuficiência útero-placentária observaramse prole com número reduzido de néfrons e disfunção renal na vida adulta, independente do peso ao nascer. No que concerne ao baixo peso ao nascer, trabalhos destacam que este gera risco aumentado para doença renal crônica. Em estudos onde se realizou a combinação de redução na nutrição fetal e obesidade, obteve-se de forma independente que a obesidade induziu a uma resposta inflamatória crônica comprometendo a saúde renal em longo prazo. Pesquisas revelaram que a nutrição materna pode influenciar no peso ao nascer, sendo um indicador importante não só pela capacidade que apresenta para predizer risco elevado de morte infantil entre as crianças nascidas com baixo peso. Também reflete a exposição a outros fatores de risco como condições socioeconômicas desfavoráveis, má nutrição e doenças maternas, entre outras. Conclusão: Uma melhor compreensão da nutrição materna e do ambiente uterino é impressindível, pois pode oferecer estratégias para a detecção precoce da doença renal e condutas terapêuticas apropriadas que visam reduzir a carga de doença renal na vida adulta, reduzindo o sofrimento de pacientes e os custos financeiros associados à DRC. Intervenções de enfermagem no enfrentamento da doença renal crônica na gravidez Pires KS1, Lima CDA1 1 Residência Multiprofissional em Saúde da Universidade Federal do Maranhão UFMA Introdução: A insuficiência renal crônica apresenta-se como doença de etiologia variada, acometendo praticamente todas as faixas etárias, possibilitando assim a sua ocorrência também em mulheres na fase reprodutiva. Além disso, possui como característica particular, instalação insidiosa, o que o torna difícil seu diagnóstico em fases precoces e faz com que, em muitos casos, só seja realizado durante a gestação. Há alguns anos, a doença renal era sinônimo de interrupção da gravidez, previsto em lei por risco de vida materna, em nossos dias mulheres com doenças renais crônicas tem conseguido mesmo com certa dificuldade, chegar ao término de gestações bem sucedidas, hoje observa-se pacientes transplantadas renais com uma sobrevida cada vez maior relacionada a um aumento de fertilidade. Neste sentido, fazse necessário um acompanhamento de um pré-natal especializado por uma equipe multidisciplinar, onde a enfermagem desempenhará um papel de suma importância na educação em saúde. A gravidez em paciente com doença renal prévia ou aquela que se instala na gravidez são condições usualmente preocupantes diante das implicações que têm sobre a saúde materna e fetal, particularmente quando se observa perda da função renal. Objetivo: Descrever a intervenção da enfermagem no cuidado à gestante portadora de Doença Renal Crônica. Métodos: Trata-se de uma revisão literária realizada através de pesquisa bibliográfica e busca nas bases de dados do Scielo e LILACS, entre os meses de setembro e outubro, no idioma de português, com os descritores: Enfermagem, Insuficiência renal crônica, Cuidados de enfermagem e Gravidez. Resultados: Existem vários estudos que procuram determinar o impacto da gestação sobre a progressão da doença renal. Sabe-se que em uma gestante com a função renal preservada ocorre o aumento da taxa de filtração glomerular (TFG) e do fluxo plasmático renal, logo no início da gestação, e como consequência observa-se o aumento da depuração da creatinina (110-150 ml/min) e diminuição da creatinina (0,5-0,8 mg/dl) e da uréia (9-12 mg/dl) no soro. No caso de doença renal crônica, especialmente aquela com insuficiência renal moderada/grave, frequentemente esta condição está associada a préeclâmpsia, deterioração da função renal, parto pré-termo, anemia, hipertensão crônica e cesariana. Sendo a hipertensão e a proteinúria indicadores do mau prognóstico, o manejo da mulher grávida com a doença renal crônica deve envolver supervisão periódica, pronto tratamento de qualquer momento infeccioso e rigoroso controle da pressão arterial. Nesse contexto, o cuidado de enfermagem a essa gestante deve ser direcionado no sentido de evitar as complicações decorrentes da redução da função renal e auxiliar no enfrentamento da ansiedade de lidar com a doença durante a gravidez e do estresse diante de uma situação de risco. Desta forma, os cuidados devem ser voltados para avaliação do estado hídrico e identificação das fontes potenciais de desequilíbrio, proporcionar um programa nutricional adequado para assegurar a ingesta nutricional adequada, promover a sensações positivas por encorajar o autocuidado diminuindo o grau de dependência, além de fornecer explicações e informações à gestante e sua família em relação ao seu quadro clínico e obstétrico, opções de tratamentos e possíveis complicações. Uma grande parcela de apoio Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Resumos / Abstracts emocional é necessária devido a dupla condição de alterações vivenciadas por esta mulher grávida. Conclusão: Diante do exposto, conclui-se que as literaturas consultadas são enfáticas com relação a importância da enfermagem no cuidado à gestante portadora de insuficiência renal crônica, por este profissional se destacar como o membro da equipe multiprofissional que atua de modo mais constante e próximo da paciente. Observa-se o crescente bom prognostico de gestantes com essa patologia, tendo como facilitadores do cuidado a participação de uma equipe multidisciplinar que atuará juntamente com a enfermagem, para a melhoria da qualidade de vida e em todo período gestacional. Laser de baixa intensidade como opção terapêutica para fibrose intersticial da doença renal crônica Oliveira FM1, Fortes RSM1, Bastos MG1, Moraes AP2, Paiva ACM2, Schinzel V2, Costa M3, Semedo P3, Castoldi A3, Cenedeze M3, Câmara NO3, Sanders-Pinheiro H3, Fortes RSM4 1 Núcleo Interdisciplinar de Estudo e Pesquisa em Nefrologia - Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF-MG, 2Curso de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF-MG, 3Laboratório de Imunologia de Transplante - Universidade de São Paulo - USP, 4Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Animais de Laboratório - Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF-MG, Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) tem uma fisiopatologia complexa, que envolve fenômenos inflamatórios e que ainda não dispõe de terapêutica específica. Um dos aspectos observados á morfologia é a fibrose generalizada e progressiva do interstício renal, atrofia tubular e a disfunção renal. Objetivo: investigar os efeitos da Terapia Laser de Baixa Intensidade (LLLT – em inglês: Low-level laser therapy) sobre a fibrose intersticial renal da DRC. Métodos: Utilizamos o modelo de Obstrução Unilateral do Ureter (OUU) e estudamos 3 grupos: grupo OUU, Grupo OUU+LLLT e grupo LLLT. O rim obstruído do grupo OUU+LLLT, recebeu dose única intra-operatória do laser com as seguintes características: AlGaAs laser, 780 nm, 22,5 J/cm ², 30 mW, 30 segundos em cada um dos nove pontos. Após 14 dias, a fibrose renal foi avaliada pela coloração por picrosírius e medição da área transversal sob luz polarizada. Análise imunohistoquímica quantificou células do tecido renal que expressam marcadores de fibroblastos (FSP-1) e miofibroblastos (α-SMA). RT-PCR foi realizada para determinar a expressão de mRNA de genes chaves relacionados com a fibrose: TGF-β1, Smad3 e mediadores inflamatórios IL-6 e MCP-1. Resultados: No grupo submetido à OUU e tratado pelo LLLT os animais apresentaram menos fibrose renal do que os animais obstruídos (OUU), 98,5x10-3+17,3% vs. 184x10-3+23,8%, p<0,01. A expressão de α-SMA, TGF-β1, Smad3 e dos mediaores inflamatórios IL-6 e MCP-1 estava aumentada no interstício renal dos animais do grupo OUU. A LLLT reduziu a expressão de todas essas moléculas. Após a LLLT, não observamos efeito significativo na expressão do número de fibroblastos FSP-1, que também foram induzidos por OUU. Conclusão: Pela primeira vez, mostramos que LLLT tem um efeito protetor em relação à fibrose intersticial renal. Os resultados sugerem que, atenuando a inflamação, a laserterapia pode impedir a ativação tubular e transdiferenciação, que são os dois processos principal que formam a fibrose renal no modelo OUU. Nefrolitíase: o cuidado na ingestão de frutos de morinda citrifolia linn Castro VAS1, Chaves FL1, Lima RLR1, Costa EGL1, Nunes SEA2 1 2 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA Introdução: Os rins humanos são órgãos pares em forma de feijão, localizados no espaço retroperitoneal, possuem função importante na hemostasia corpórea, ao mesmo tempo em que remove substâncias desnecessárias ao organismo. Os cálculos renais são formados por depósitos de cristais. Conforme Hruska (2001) a formação de cálculos renais se dá em três etapas 1 - formação inicial de cristais (nucleação), 2 - efeitos reduzidos dos constituintes urinários normais que inibem o crescimento e agregação de cristais; e 3 - presença de substâncias que favorecem o crescimento e 4 - processo que determinam a fixação de cristais à superfície de células papilares renais. Campos e Schor (1998) comentam que embora ainda não se disponha de dados objetivos que comprovem a relação existente entre cristais de oxalato de cálcio e cálculos renais, tudo leva a crer que a adesão dos cristais de CaOx à superfície epitelial tubular é realmente necessária para posteriormente originar os, cálculos propriamente ditos. Após estudo de Castro (2010), que traçou um perfil de consumidores de frutos de Morinda citrifolia Linn. no município de Imperatriz - MA, mostrando que 66,66% 69 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts procuraram o noni devido ao histórico de doença. Objetivo: Realizar uma investigação histológica do fruto, de modo a identificar os componentes morfológicos e constatar sua nefrotoxidade. Método: Estudo Laboratorial, caracterizado por natureza descritiva e aplicado. A coleta de dados ocorreu de fevereiro a julho de 2011. A partir do material coletado foram feitos cortes anatômicos transversais do fruto, com o auxílio de lâminas de bisturi de aço. Para a coloração dos tecidos mais internos foi utilizado azul de metileno e para as secções mais externas, foi utilizado a hematoxilina, as secções permaneceram na solução durante 10 minutos, logo após foram lavados em água abundante. A visualização foi feita em microscópio de luz (Axiophoto, ZEISS). Resultado: Foi encontrada nos cortes histológicos do fruto, a presença de ráfides, que são cristais de oxalato de cálcio que se depositam no protoplasma vegetal, sendo considerada por muitos autores, uma defesa contra herbívoros, as quais também são encontradas na espécie Dieffenbachia seguine Linn. (Comigoninguém-pode) que ao ser ingerido em grandes quantidades podem causar micro lesões na mucosa. Conclusão: A utilização das plantas medicinais no cuidado de afecções vem atingindo um público cada vez maior, recebendo incentivo da própria Organização Mundial da Saúde OMS, a qual recomenda pesquisas visando o uso da flora como propósito terapêutico. É possível evitar a maioria dos cálculos de cálcio dando uma cuidadosa atenção para a dieta, a nefrolitiase está associada a excesso dietético e predisposição genética. Um estudo dessa interação pode fornecer resultados promissores na prevenção e tratamento da litíase urinária. Nível de conhecimento dos agentes comunitários de saúde sobre os fatores de riscos para DRC Nunes SFL1, Santos JLS2, Silva WS2, Sousa KR2, Sousa MJS2 1 Docente - Universidade Federal do Maranhão - UFMA - Imperatriz. 2Acadêmico do Curso de Enfermagem - Imperatriz - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) no Brasil tem crescido alarmantemente, e isso representa um grande impacto na saúde pública, pois onera altos custos frente à realização de diálise e de transplantes, além da perda da atividade laboral do indivíduo que é acometido por essa patologia. Medidas preventivas podem ser realizadas para a identificação precoce da disfunção renal e a detecção e correção de causas reversíveis da doença renal. A DRC tem como os principais fatores de risco, história familiar de DRC, a hipertensão arterial sistêmica (HAS), o diabetes mellitus (DM), entre outros. A DRC consiste em uma lesão, perda progressiva e irreversível da função renal. O diagnóstico se baseia na identificação de grupos de risco, e esse desafio é, sobretudo, da Atenção Básica, visto que seu o processo de trabalho pressupõe vinculo com comunidade e a clientela adscrita. Desta forma, a Estratégia Saúde Família (ESF) deve realizar o monitoramento principalmente dos pacientes que fazem parte do Programa Hiperdia com fatores de risco para DRC, e os Agentes Comunitários de Saúde têm papel fundamental uma vez que ocupam o lugar de articulador entre a comunidade e a equipe de saúde, ampliando o poder de atuação junto à população. Objetivo: Avaliar o nível de conhecimento dos Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) que atuam nas ESFs do Parque Anhanguera e São Salvador, acerca do reconhecimento dos fatores de risco para a Doença Renal Crônica. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem qualiquantitativa, realizado na Unidade Básica de Saúde do Parque Anhanguera, onde funcionam as ESFs do Parque Anhanguera e São Salvador, no município de Imperatriz - MA. O estudo foi realizado no período de setembro a outubro de 2011, concomitante as aulas práticas da disciplina de Atenção Básica II, do Curso de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão, Campus II. A amostra da pesquisa foi de 12 participantes dos 13 existentes lotados na Unidade referida. A pesquisa foi dividida em dois momentos diferentes, o primeiro (M1) antes da capacitação e o segundo (M2) após a mesma. Para a realização da coleta de dados foi aplicado um questionário composto por 11 perguntas objetivas e subjetivas, realizada somente após explicação sobre a pesquisa e aceitação, por escrito, dos participantes, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde se avaliou o conhecimento das ACSs acerca dos fatores de risco para o desenvolvimento da DRC, comparando posteriormente suas respostas nos dois momentos (M1, M2). Dessas 13, apenas uma foi excluída da pesquisa por não ter respondido o questionário no M1. Antes das participantes assinarem o termo, foram explicados os objetivos da pesquisa e a preservação do anonimato. Logo após o preenchimento do questionário no M1, deu-se início a capacitação sobre DRC e seus fatores de risco. Em seguida, aplicou-se o mesmo questionário no M2. Os questionários dos dois momentos foram analisados a fim de identificar se houve alguma melhora no nível de conhecimento das ACSs à respeito do assunto. As respostas 70 objetivas foram tabuladas e transformadas em porcentagem e as respostas subjetivas que se assemelharam foram agrupadas. Resultados: De acordo com os dados coletados, das 12 participantes entrevistadas na pesquisa, 100% eram do sexo feminino. Com relação ao grau de escolaridade, todas (100%) possuíam ensino médio completo, quanto ao tempo de serviço na UBS, 100% das agentes responderam trabalhar há mais de três anos. Quando questionadas sobre o conhecimento acerca dos fatores de risco que levam a DRC, 91,66% informaram no M1 que conhecem os fatores de risco, e 100% das entrevistadas souberam informar no M2. Em 7 casos (58.33%) no M1 consideraram a HAS como possível causador de DRC, e 10 (83,33%) responderam que o DM, e no M2 100% informaram que ambas doenças podem causar uma DRC. Quando questionadas se estas consideram a DRC como um problema de saúde grave 100% das entrevistadas responderam “SIM” nos dois momentos (M1 e M2). Em 10 casos (83.33%) não souberam identificar os sinais, nem os sintomas clínicos de um paciente com DRC no M1, ao passo que no M2, 11 (91.67%) dos ACSs souberam informar, cujos sinais e sintomas principalmente relatados foram: urina escura ou avermelhada, edema. Logo em seguida, quanto ao proceder diante de um paciente com DRC, 75% responderam saber no M1 e 25% não sabiam como proceder, por outro lado 100% dos ACSs no M2, 12 (100%) sabiam como proceder, sendo que as principais respostas foram: encaminhar o paciente para a UBS; fazer exames para possível diagnóstico e tratamento, ou encaminhar para um serviço especializado. Conclusão: Constatamos ao final deste estudo que é importante realizar atividades como a realizada de capacitação aos agentes comunitários de saúde para potencializar ou elevar o nível de conhecimento destes sobre a DRC e seus riscos potenciais, visto que, estes profissionais são essenciais na buscativa de casos. Observamos que o grupo após a capacitação demonstrou claramente saber identificar os fatores de risco para a DRC, e medidas de prevenção para o combate da mesma. Diante do exposto, verificouse a necessidade de instaurar ações para fortalecimento da educação permanente em saúde beneficiando assim a comunidade assistida pela Estratégia Saúde da Família. O papel da grelina na doença renal crônica Guimarães AD1, Pires BRF1, Calado IL2 1 2 Acadêmica do Curso de Nutrição - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Docente - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: Pacientes com doença renal crônica (DRC) muitas vezes apresentam sintomas de anorexia, perda de massa magra e aumento do gasto energético. Os sintomas de caquexia em portadores de doença renal crônica estão associados a uma diminuição na qualidade de vida e um aumento na mortalidade. Dessa forma, possibilidades de intervenção terapêuticas são necessárias na tentativa de reduzir os sintomas da caquexia em portadores de DRC, entre elas destaca-se a administração da grelina. A grelina é um hormônio orexígeno produzido predominantemente pelo estômago e sintetizado em menores quantidades no sistema nervoso central, rins, placenta e coração. Este hormônio está envolvido na regulação do balanço energético, aumentando a ingestão alimentar e diminuindo o gasto energético. Objetivo: Realizar revisão sobre os efeitos terapêuticos da grelina no tratamento da anorexia e caquexia em pacientes com doença renal crônica. Métodos: Este trabalho consiste em um levantamento bibliográfico dos últimos sete anos (2005 - 2011), tendo sido consultados artigos nas bases Scielo e Pubmed, utilizando como palavras-chave: grelina e doença renal crônica Resultados: Níveis de grelina estão elevados em pacientes com caquexia associada à DRC, entretanto o consumo energético da dieta é reduzido. Possíveis explicações seriam: a resistência dos centros hipotalâmicos na presença de grelina em elevadas concentrações; o fato da grelina não ser o único hormônio que regula o apetite, pois outros hormônios estão elevados em pacientes com DRC, como a leptina; efeito anorexígeno das citocinas inflamatórias e toxinas urêmicas; dentre outros motivos. Estudos observaram que a infusão intravenosa de doses de grelina estimulou o apetite em indivíduos saudáveis, aumentou a ingestão alimentar em pacientes com câncer, com insuficiência cardíaca e em diálise peritoneal. Outros estudos realizados em animais induzidos á DRC, demonstraram que a infusão venosa de grelina aumentou a ingestão alimentar, promoveu retenção de massa magra, diminuiu o catabolismo muscular, além de exercer ação anti-inflamatória, devido a redução de citocinas inflamatórias. Conclusão: Os estudos evidenciam que a terapia com grelina melhora a ingestão alimentar em pacientes com doença renal crônica. Contudo, mais estudos são necessários neste grupo de pacientes para estabelecer a eficácia da administração de grelina na melhora de parâmetros nutricionais, proporcionando desta forma, possibilidade de intervenção terapêutica prática que poderá ser realizada em conjunto com a hemodiálise ou outros tratamentos. Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 O uso indiscriminado de anti-inflamatórios nãoesteroides (aines) como preditores para doença renal crônica Sousa DF1, Chaves FL1, Santos MRJ1, Santos JLS1, Nunes SFL2 1 Acadêmica do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Imperatriz. Docente - Universidade Federal do Maranhão - UFMA - Imperatriz Introdução: O uso de substâncias químicas para melhorar a dor e a inflamação é uma das necessidades mais antigas da humanidade. Desde o isolamento da salicilina e a demonstração dos seus efeitos antipiréticos em 1829 por Leraux, um longo caminho de pesquisa vem sendo trilhado. A prática indiscriminada dos anti-inflamatórios não hormonais (AINES) pela população mundial tem ocorrido com muita frequência, haja vista, o desconhecimento da mesma em relação aos efeitos colaterais do fármaco e a facilidade de adquiri-los no comércio formal e informal. Fatores como a disponibilidade, a facilidade de aquisição de medicamentos em diversos segmentos comerciais sem indicação médica tem facilitado sua difusão. Dentre os efeitos adversos dos AINES incluem falência renal aguda, nefrite tubo intersticial, lesão glomerular, redução de sódio e água, hipercalemia e hipertensão. Considerando o rim o segundo órgão mais afetado por efeito adverso durante o tratamento com AINES o uso crônico desse tipo de medicamento pode vim a desencadear a Doença Renal Crônica (DRC). Objetivo: Avaliar o uso indiscriminado dos anti-inflamatórios não-esteroides (AINES) em estudantes da Universidade Federal do Maranhão, Campus II, Imperatriz - MA. Métodos: Estudo descritivo, com abordagem quantitativa, desenvolvida no período de setembro a outubro de 2011, com acadêmicos do curso de Comunicação SocialHabilitação em jornalismo da Universidade Federal do Maranhão, campus II. O curso é constituído em média de 300 alunos, dos quais 48 participaram da pesquisa, sendo escolhidos aleatoriamente. Para coleta de dados, foi utilizado um questionário do tipo fechado contendo 11 questões de múltiplas escolhas, auto-preenchíveis. O questionário foi elaborado mediante leitura de artigos relacionados com a temática e com base nos fármacos mais utilizados pela população em geral segundo levantamento bibliográfico. Resultados: O estudo foi constituído com a participação de 48 estudantes, em que destes 21, (43,75%) eram homens, e 27 (56,25%) eram mulheres. A faixa etária de 15 a 20 anos foi constituída de 8 (16,67%), de 21 a 25 anos,33 (68,75%) e de igual ou a maior que 25 (14,58%).Quanto ao uso de tabaco 10 (20,83%) fazem o uso de fumo e 38 (79,17%) não fazem uso. Quanto à ingestão de álcool: 31 (64,58%) fazem uso e 17 (35,42%) negam fazer uso do mesmo. Quanto ao uso de medicamentos nos últimos 30 dias: 26 (54,17%) referem ter usado ou estar usando algum tipo de medicamento e 22 (45,83%) disse que não. Em questão ao uso de anti-inflamatórios 25 (52,08%) referiram usar nimesulida e 13 (27,09%) usar diclofenaco de sódio/potássio e 10 (20,83%) referiram fazer uso de outros anti-inflamatórios. Dentre os motivos que levaram os mesmos a adquirir os AINES estão dor de dente, dor de garganta, dores nas articulações dor de cabeça, febre, inflamação e cólica menstrual. Quanto ao conhecimento de uso irregular de AINES como preceptores a doença renal crônica 8 (16,7%) conheciam tal risco, e 40 (83,3%) referiram que desconheciam tal causa. Quantos aos sinais e sintomas de doença renal 28 (58,33%) que conhecem e 20 (41,67%) não sabem referir nenhum sintoma ou sinal, em que entre os sintomas mais citados estão dor e sangue na urina. Quanto ao histórico familiar: 12 (25%) disseram que tem algum doente renal na família, e 36 (75%) referiram que não. Quanto o conhecimento aos riscos e os agravos relacionados ao uso indiscriminados de AINES: 22 (45,83%) disseram que sim e 26 (54,17%) referiram não conhecer. Conclusão: A partir dos resultados obtidos foi evidenciada a falta de informação e desconhecimento a respeito das reações adversas e dos riscos relacionado à Insuficiência Renal Crônica pelo uso indiscriminado de AINES. Portanto se faz necessário o desenvolvimento de ações educativas a fim de torná-los conhecidos de tais riscos e agravos, visto que o indivíduo esta sujeito a riscos potenciais de se desenvolver uma doença renal crônica. Osteodistrofia renal: a importância de conhecer principais parâmetros fisiológicos que indicam o desenvolvimento da doença Pestana EA1, Passos PRC2, Ribeiro SS2, Diniz IKF2, Sousa ALS2 1 Docente - Curso de Farmacologia e Patologia - Faculdade São Luís - MA. 2Acadêmico do Curso de Farmacologia e Patologia - Faculdade São Luís - MA Introdução: A Osteodistrofia Renal é preconizada com a calcificação vascular associada ao distúrbio metabólico, mineral e ósseo, decorrente de fatores ainda não elucidados, mas correlacionados a Doença Renal Crônica (DRC). Deste modo a osteodistrofia relaciona-se diretamente com a morbidade e mortalidade em pacientes com Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Resumos / Abstracts comprometimento renal, principalmente pelo aumento do risco cardiovascular. Níveis de cálcio sérico, fósforo e fosfatase alcalina têm sido usados como base para o desenvolvimento de possíveis tratamentos enquanto a grande variação níveis plasmáticos de hormônio paratireoidiano tem sido considerado principal indicador da osteodistrofia. Diversos estudos foram realizados acerca do problema e já esteve em pauta em importantes conferências como a realizada pela “Kidney Disease: Improving Global Outcomes”, no objetivo de firmarem-se parâmetros de aspectos fisiológicos que permitissem indicar o curso da patogenia e estabelecer um sistema classificativo facilitador da prática clínica. Independente da etiologia, do tempo de doença renal, da modalidade dialítica, os pacientes com DRC sempre apresentam algum grau de alteração óssea. Objetivo: Realizar levantamento de produção científica publicadas nas bases de dados nacionais e internacionais, com intuito de reunir informações que sirvam de base para definição das principais implicações e parâmetros da patologia e a importância de se conhecer as alterações fisiológicas logo no início da doença. Métodos: Pesquisa bibliográfica com caráter descritivo. Não se restringiram data de busca, sendo incluídos artigos até dias atuais. Resultados: O termo osteodistrofia tem sido reservado para descrição histológica das alterações ósseas secundárias às alterações metabólicas, sendo uma das possíveis manifestações da doença renal crônica. Embora na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) ainda conste a expressão osteodistrofia renal, hoje existe uma portaria, a Portaria SAS/MS nº 69, de 11 de fevereiro de 2010, que aborda um protocolo clínico, e diretrizes terapêuticas onde a osteodistrofia será empregada como sinônimo de doença do metabolismo ósseo associada à insuficiência renal crônica, caracterizando todo o espectro da doença e não somente o achado histológico. Observaram-se nas produções científicas nacionais poucos estudos. No Brasil, a partir dos dados dos Sistemas de Informações do SUS, estima-se que, em 2008 e 2009, respectivamente, 72.730 e 75.822 pacientes realizaram tratamento dialítico; destes, cerca de 90% submeteram-se a hemodiálise. Um estudo de corte com 101 pacientes em hemodiálise publicado na revista Kidney International por Levey (2005), diz que a maioria são assintomáticos submetidos à biopsia óssea e mostrou que somente 2 deles apresentavam tecido ósseo normal, demonstrando o grau de alteração óssea que ocorre em mais de 90% dos pacientes. Além disso, nesses pacientes houve o desenvolvimento de calcificações vasculares e do hiperparatireoidismo secundário, através do estímulo à produção de PTH e da redução da produção de calcitriol. A hiperfosfatemia é uma consequência importante e inevitável da DRC avançada, uma vez que o balanço de fósforo é permanentemente positivo nos pacientes em estágios. A presença dessa alteração está relacionada com maior mortalidade e risco elevado de doenças cardiovasculares tanto na população normal quanto nos pacientes com DRC como demonstrado em publicações. Conclusão: A osteodistrofia pode apresentar como uma complicação da doença renal crônica e pode desencadear uma série de outras patologias sendo assim um foco importante para a nefrologia e de grande relevância reconhecer todas as alterações decorrentes da DRC, atrelado a mais estudos detalhados ocorridos logo no início dessas manifestações. Ocorrência de litíase renal em usuários do restaurante universitário da universidade federal do maranhão Avelar ARC1, Brito ACD1, Lima DP1, Macedo TEM1, Santana LC1, Silva MB1, França AKTC2 1 Acadêmica do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Docente - Universidade Federal do Maranhão - UFMA 2 Introdução: A litíase renal ou nefrolitíase, cálculo urinário ou pedra no rim, como é comumente conhecida, é uma desordem causada por uma estrutura cristalina que se forma em várias partes do trato urinário. Essas pedras começam bem pequenas e vão crescendo. O desenvolvimento, o formato e a velocidade de crescimento dessas estruturas dependem da concentração das diferentes substâncias químicas presentes na urina. É uma doença de desenvolvimento complexo e multifatorial onde não existe uma causa precisa na maioria dos casos. Circunstâncias como o sexo, idade, fatores metabólicos, hereditários, ambientais e nutricionais como obesidade, dieta hiperprotéica, dieta hipersódica e baixo consumo hídrico destacam-se como os principais fatores de risco. É um distúrbio que acomete significantemente a população geral e chega a afetar 5% e 10% da população dos países industrializados. Aproximadamente 1 em cada 200 pessoas desenvolvem pedra no rim. A litíase renal ou nefrolitíase é considerada uma patologia freqüente, a 3º mais comum do aparelho geniturinário. A prevalência dessa doença também se mostra duas vezes maior na 71 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts população de sexo masculino do que no sexo feminino sendo o risco duas vezes maior também nos casos de histórico familiar da doença e seu pico de incidência ocorre entre os 20 e 40 anos de idade. A desidratação, muito importante nos lugares de clima quente, também é um importante fator de risco para a formação dos cálculos renais. Objetivo: Verificar a ocorrência de litíase renal entre frequentadores de Restaurante Universitário da Universidade Federal do Maranhão (RU-UFMA). Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, cujos dados foram coletados no mês de setembro do ano de 2011. A amostra foi composta por 239 usuários do RU-UFMA. Os candidatos foram abordados no período de almoço e convidados a responder um questionário constituído de perguntas fechadas com perguntas sobre sexo, idade e acontecimento ou não de episódios de litíase renal. Foi utilizado o programa Microsoft Excel para analise dos dados. Resultados: Na população em estudo, 54,4% (130) eram mulheres e 45,6% (109) homens, com uma média de idade de 28,9 ± 9,59 anos, dentre todos, a prevalência de pessoas que já apresentaram litíase foi de 5,85% (14).Quando avaliado por sexo o percentual entre o sexo feminino foi 35,7% (5) e de 64,3% (9) do sexo masculino. Conclusão: A discriminação das informações coletadas a partir dos questionários aplicados e conforme o resultado, conclui-se que a maior ocorrência de litíase renal entre os usuários do RU-UFMA com idade entre 20 e 40, está associada ao sexo masculino. Percepção da qualidade de vida de pessoas com doença renal crônica a partir do adoecimento Costa JM1, Cruz MA1, Cavalcante MCV2, Pereira GS2, Lamy ZC3 1 Acadêmico de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. 3Programa de PósGraduação em Saúde Coletiva - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: Qualidade de vida é um conceito com a marca da relatividade cultural e que deve ser visto sob um enfoque multidimensional. Em diversas doenças sua integralidade é comprometida, como na Doença Renal Crônica (DRC), um problema de saúde pública mundial cujas formas de tratamento geram grande repercussão no cotidiano dos pacientes. A avaliação da QV é baseada na percepção do indivíduo sobre o seu estado de saúde, a qual também é influenciada pelo contexto cultural em que este indivíduo está inserido. Inúmeros fatores podem influenciar a percepção do paciente renal crônico sobre sua QV, pois a Hemodiálise (HD) provoca grandes mudanças e limitações em sua vida. Muitos pacientes passam a viver em função do tratamento e se abstêm de uma vida ativa e funcional. Na maioria das vezes, a rotina do portador de DRC se restringe a consultas médicas, sessões de HD, dietas e execução de atividades pouco significativas. Objetivo: Conhecer percepções sobre aspectos relacionados à qualidade de vida a partir do adoecimento de pessoas com DRC. Métodos: Estudo descritivo e analítico, exploratório, qualitativo com portadores de Doença Renal Crônica. Foram entrevistados sete pacientes de ambos os sexos, com idades entre 20 e 59 anos em programa de hemodiálise, e diálise peritoneal ambulatorial contínua, no Hospital Universitário, Unidade Presidente Dutra da Universidade Federal do Maranhão. Os instrumentos de coleta foram questionário para caracterização socioeconômica e entrevista semiestruturada. O número de entrevistas obedeceu ao critério de saturação e estas foram transcritas e analisadas utilizando-se a Análise de Conteúdo em sua modalidade de análise temática. Resultados: A maioria dos pacientes era procedente do interior do estado, do sexo feminino, casado, com filhos e chegou ao ensino fundamental. Todos os entrevistados se encontravam em fase de vida produtiva, entre 20 e 59 anos, sendo que dois pacientes tinham menos de 30 anos. A maioria estava sem exercer algum tipo de trabalho, recebia auxílio-doença e um paciente havia se adaptado a uma nova função no trabalho. Após análises das entrevistas, alguns aspectos foram evidentes: desconhecimento prévio em relação à DRC e dificuldade no entendimento da doença e seu desenrolar; sentimento de frustração ao saberem da necessidade de fazer hemodiálise tanto pela questão da dependência, quanto pela carga horária semanal dessa medida terapêutica; sensação de impotência diante do afastamento e adequação do trabalho, tanto enquanto chefes de família, quanto pela impressão de tornar-se um peso na família; perspectiva de futuro oscilando entre grande esperança e extrema descrença, sendo este tópico, com influência de questões subjetivas, tais como religiosidade, rede de apoio social e até mesmo nível educacional. A fala dos entrevistados sugere que essas mudanças refletiram, no geral, na piora da qualidade de vida desses indivíduos. Conclusão: A percepção sobre o processo saúde-doença é muito particular e modulada por diversos fatores. No cotidiano de pessoas com DRC inúmeras mudanças impactam em sua qualidade de vida. Considerando a associação entre piores níveis de qualidade de 72 vida e maior índice de depressão, ansiedade e menor adesão ao tratamento são verificadas a importância do acompanhamento multiprofissional a estes pacientes envolvendo terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, dentre outros, além de médicos e enfermeiros, tradicionalmente responsáveis pela condução do tratamento destes indivíduos. Papel da enfermagem para controle de pressão arterial em pacientes com insuficiência renal crônica Farias ÁMC1, Santos ECS1, Perdigão ELL1, Serra RBR1, Coimbra LC2 1 2 Acadêmica do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Docente - Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: A insuficiência renal crônica consiste em uma deterioração progressiva e irreversível da função renal, com fracasso da capacidade do organismo de manter os equilíbrios metabólicos e hidroeletrolítico. A hipertensão arterial é uma das principais causas de insuficiência renal crônica e a associação dessas duas situações clínicas aumenta consideravelmente o risco cardiovascular. Os principais mecanismos da hipertensão arterial na insuficiência renal crônica são sobrecarga salina e de volume, além de aumento de atividade do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) e disfunção endotelial. Os obje-tivos do tratamento da hipertensão arterial em pacientes com insuficiência renal são diminuir a progressão da doença renal nos estágios mais precoces e reduzir o risco cardiovascular em todos os estágios da doença. As metas de controle da pressão arterial em pacientes com insuficiência renal são mais baixas e, para serem atingidas, são necessárias mudanças de hábitos de vida, incluindo adaptações da dieta e terapêutica medicamentosa. Objetivo: Identificar as ações de Enfermagem voltadas para o controle da pressão arterial desenvolvidas na assistência ao portador de insuficiência renal. Métodos: Estudo descritivo, baseado em revisão de literatura. Resultados: Conforme os princípios preconizados pelo Ministério da Saúde, as principais estratégias não farmacológicas para o controle da pressão arterial compreendem perda de peso, hábitos alimentares saudáveis, redução do consumo de bebidas alcoólicas, abandono do tabagismo e prática regular de atividade física, sendo neste sentido o enfermeiro responsável pelas orientações pertinentes. Quanto às alternativas farmacológicas caberá à Enfermagem a administração e orientações sobre princípios e uso correto do medicamento. Além destes, o plano de cuidados de Enfermagem para o paciente com insuficiência renal crônica compreende a avaliação da pressão arterial, avaliação do estado hídrico (pesagem diária, balanço hídrico, turgor e edema, distensão de veias do pescoço), limitação de ingesta hídrica, avaliação nutricional e de fatores que contribuam para sua alteração (náuseas, estomatites, depressão, por exemplo), avaliar a compreensão do paciente e família sobre a patologia e padrões de enfrentamento, avaliar fatores que contribuem para intolerância à atividade, dentre outros. Conclusão: O Ministério da Saúde vêm adotando várias estratégias e ações para reduzir o ônus das doenças cardiovasculares na população brasileira, como programas especializados em Hipertensão e ao Diabetes notadamente na rede básica. A adoção da estratégia Saúde da Família como política prioritária de atenção primária, por sua conformação e processo de trabalho, compreende as condições mais favoráveis para a abordagem das doenças crônicas não transmissíveis que sendo bem executadas previnem complicações como a Insuficiência Renal. Perfil dos pacientes cadastrados pelo programa hiperdia no município de Caxias - MA, de 2009 a 2010. Oliveira ACS1, Halvantzis DHC1, Coutinho MC1, Neto HPC1 1 Acadêmicos do Curso de Medicina - Universidade Estadual do Maranhão - UEMA Introdução: A hipertensão arterial e o diabetes são os responsáveis pela primeira causa de mortalidade, além de hospitalizações, de amputações de membros inferiores, acidente vascular encefálico, infarto do miocárdio, e representam a maioria dos diagnósticos primários em pacientes com insuficiência renal crônica, submetidos à diálise, diante disso o Governo Federal criou o HIPERDIA (http://hiperdia.datasus.gov.br/), que é um Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos captados no Plano Nacional de Reorganização da Atenção à hipertensão arterial e ao Diabetes Mellitus. No Maranhão, foram cadastrados, no Hiperdia, 85.544 pessoas entre janeiro de 2009 e janeiro de 2011, destes 2.705 foram cadastrados no município de Caxias - MA. Objetivos: Traçar o perfil da população de Caxias cadastrada no programa Hiperdia quanto: número de diabéticos, tipo I e tipo II, Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 número de hipertensos, número de hipertensos e diabéticos, sexo e faixa etária de diabéticos e hipertensos e o total de medicamentos utilizados pelos usuários. Divulgar os conhecimentos obtidos nesta pesquisa como forma de melhorar as estratégias traçadas nessa área da saúde pública no município. Métodos: Foram avaliados 2.705 cadastros do Hiperdia no período de janeiro de 2009 a janeiro de 2011 em Caxias - MA pelo Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (SISHIPERDIA). Os dados foram analisados graficamente usando o programa Microsoft Excel 2010. Resultados: A análise dos 2.705 cadastros revelou que 54% (55) dos diabéticos são mulheres, sendo 4% (4) tipo I e 50% (51) tipo II e 47% (47) são homens, sendo 5,8% (6) tipo I e 40,2% (41) tipo II. Ao considerarem-se somente hipertensos 61,75% (914) são do sexo feminino e 38,3% (566) do sexo masculino, já hipertensos+ diabéticos 61,3% (688) são mulheres e 38,7% (435) são homens. Em relação a faixa etária de hipertensos+ diabéticos do sexo feminino, 18,6% (94) estavam entre 60-64 anos, 17,8% (90) 55-59 anos, 15% (76) 50-54 anos, 14,4% (73) 65-69 anos, 14% (71) 45-49 anos, 8,1% (41) 40-44 anos, 6% (30) 35-39 anos, 2,5% (13) 25-29 anos, 2,2% (11) 30-34 anos, 0,8% (4) 20-24 anos, 0,4% (2) até 14 anos e 0,2% (1) 15-19 anos, já em relação ao sexo masculino 20% (61) 60-64 anos, 19% (58) 65-69 anos, 16,6% (51) 45-49 anos, 15% (46) 55-59 anos, 11,4% (35) 50-54 anos, 8% (24) 40-44 anos, 5% (15) 35-39 anos, 2% (6) 30-34 anos, 1,6% (5) 25-29 anos, 0,7% (4) 15-24 anos e 0% (0) até os 14 anos. Quanto aos medicamentos utilizados, captopril representa 42,5% (1.398), hidroclorotiaziada 30%(964), glibenclamida 11%(358), propanolol 10,5% (345) e metformina com 6% (203). Conclusão: Concluímos que o HIPERDIA permite o acompanhamento dos pacientes cadastrados, gerando informação para aquisição e distribuição dos medicamentos prescritos de forma regular e sistemática, além de contribuir para que no futuro haja estratégias de saúde pública que possam levar a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas e a redução do custo social implicado na negligência ao tratamento destas patologias. Percepções e conhecimentos dos aspectos nutricionais de pacientes com insuficiência renal crônica em tratamento hemodialítico Aquino LFS1, Santos EKO1, Medeiros DDG1, Silva EHS1, Rodrigues TS1, Moraes YAC2, Nunes SFL3 1 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Imperatriz. 2Acadêmico do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 3Docente - Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão UFMA - Imperatriz Introdução: A Insuficiência Renal Crônica (IRC) é uma síndrome irreversível e progressiva das funções glomerular, tubular e endócrina dos rins. No Brasil a incidência da doença no período de 2000 é maior nos homens que entre as mulheres. Aumentando com a idade, embora nas mulheres o pico proporcional ocorra na faixa etária de 65 a 74 anos. Os coeficientes de incidência foram mais elevados nas Regiões Sul e Sudeste 143,6/1.000.000/ano e 141,1/1.000.000/ano, respectivamente e mais baixos nas Regiões Norte e Nordeste 66,3/1.000.000/ano e 92,3/1.000.000/ano, respectivamente. Como o tratamento realizado por portadores de IRC, a hemodiálise consiste em um processo de filtragem e depuração do sangue de substâncias indesejáveis que necessitam serem eliminadas da corrente sanguínea humana e que devido à deficiência no mecanismo de filtragem nos pacientes portadores de IRC, impõe que esta seja realizada através de máquinas de diálise. As alterações na vida dos pacientes são, particularmente, incômodas, contínuas para eles, uma vez que podem se sentir diferentes e excluídos por possuírem restrições de alguns alimentos. Apesar dos benefícios dessa terapêutica, que permite prolongar a vida dos pacientes com IRC, as condições impostas pela doença e pelo próprio tratamento dialítico resultam em uma série de alterações sistêmicas, metabólicas e hormonais que podem afetar adversamente a condição nutricional desses pacientes. De fato, a desnutrição energético-protéica é uma condição frequente e apresenta estreita relação com a morbidade e a mortalidade nos pacientes com IRC. Além da importância clínica do déficit energético protéico, nos pacientes em hemodiálise, a adequação da água e dos micronutrientes ingeridos pelos pacientes em hemodiálise são de extrema importância, principalmente em relação ao cálcio, ferro, sódio, potássio e fósforo, nutrientes mais relacionados a complicações, uma vez que o rim não consegue mais manter o controle do meio interno do organismo. O controle dietético assume, então, o papel de prevenir ou melhorar a toxicidade urêmica, os distúrbios metabólicos associados, o ganho de peso interdialítico, a elevação da pressão arterial e a progressão da anemia e da osteodistrofia renal. Os pacientes necessitam de remédios continuamente e são submetidos ao tratamento dialítico para a manutenção de suas vidas, pois à adoção Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Resumos / Abstracts do tratamento medicamentoso, tem ação controladora dos sintomas causados pelas doenças associadas à IRC, como a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, entre outras. Desta forma as intervenções adequadas e precoces podem retardar sua progressão. Objetivo: Caracterizar os pacientes renais crônicos e suas percepções e conhecimentos em relação aos aspectos nutricionais da IRC durante o tratamento de hemodiálise. Métodos: O referencial metodológico baseou-se em um estudo transversal caracterizado por sua natureza como descritiva e abordagem quantitativa. A coleta de dados ocorreu no período de Julho a Agosto de 2011 numa clínica de referência em tratamento de doenças renais do município de Imperatriz - Maranhão. Foram incluídos no estudo usuários maiores de 18 anos de idade, de ambos os sexos, em programa de hemodiálise independente da causa da patologia, vale ressaltar que a iniciativa do estudo faz parte do projeto de extensão da Universidade Federal do Maranhão (UFMA CCSST) que aborda a atenção nutricional à pacientes renais crônicos dialíticos. No total de 45 pacientes entrevistados, onde 29 (64,4%) eram homens e 16 (35,6%) mulheres, com idade média de 49,22 anos. Dentre as comorbidades, destaca-se o elevado número de hipertensos (55,5%) e diabéticos (13%), verificou-se a escolaridade dos pacientes em que (33.3%) são analfabetos, (26,6%) com ensino fundamental incompleto, (22,2) com ensino fundamental completo, (15,5%) com ensino médio completo e (2,2%) com ensino superior. Resultados: Os valores encontrados refletiram na percepção a respeito da descrição dos alimentos ricos em potássio e fósforos em que as faixas de escolaridade analfabeta e fundamental incompleto apresentaram ambas (20%) em relação a não saberem descrever tais alimentos. Durante as entrevistas surgiram questões sobre os conhecimentos dos aspectos nutricionais no que se diz respeito à definição dos alimentos que causam mal a sua saúde devido à exposição ao tratamento de hemodiálise, a definição dos nutrientes que devem ser consumidos em moderação e a relação das comorbidades com a IRC. No estudo (13,3%) dos pacientes afirmam desconhecer os alimentos que não devem ser ingeridos por causas dos nutrientes prejudiciais ao tratamento e (53,3 %) dos pacientes em tratamento de hemodiálise possuem informações limitadas a respeito da descrição dos alimentos ricos em fósforo e potássio, o que pode interferir na adesão e, consequentemente, acelerar a progressão da doença. Verificou-se que (13,3%) e (42,2%) dos pacientes não consideram que as comorbidades, hipertensão e diabetes, respectivamente, estejam relacionadas com a IRC como causa. Conclusão: Nesta perspectiva, torna-se necessário realizar terapêutica contínua, incluindo atividades sócio-educativas com esses pacientes para que eles tenham maior conhecimento sobre dos aspectos nutricionais da IRC e seu tratamento, para que adquiram segurança e maiores subsídios para o autocuidado e, assim, tenham melhor adesão ao tratamento. Desta forma programas de ensino aprendizagem para mudança comportamental e adesão às medidas dietéticas e farmacológicas em pacientes com IRC em hemodiálise possivelmente devem ter caráter permanente, para ser efetivos. Pressão arterial de crianças e adolescentes: conhecer para intervir Santos ECS1, Andrade NF2, Meneses MRR3, Nogueira ALA4, Barbosa DC4, Silva DCM5, Silva ACO6 1 Acadêmica do Curso de Enfermagem - niversidade Estadual do Maranhão - UEMA. Docente do Curso de Enfermagem do Pitágoras - São Luís - MA. 3Enfermeira do Hospital da Criança - São Luís - MA. 4Mestranda em Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 5Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA . 6Docente do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA 2 Introdução: A idade escolar tanto para a criança quanto para o adolescente representa a fase em que o organismo tem uma série de condições favoráveis para o seu desenvolvimento. Entretanto nestas fases da vida muitos estudos epidemiológicos são realizados com vistas a identificar fatores que possam desencadear elevação da pressão arterial, bem como contribuir para problemas cardiovasculares e renais no futuro. É importante reforçar que a hipertensão arterial não é exclusiva do adulto, as crianças também são vítimas da doença que atinge cerca de 1% da população infantil do país. Estudos longitudinais demonstram que a criança com níveis de pressão arterial mais elevado, mesmo que dentro de limites considerados normais, tende a evoluir ao longo da vida, mantendo uma pressão arterial mais elevada que as demais e apresentando maior probabilidade de se tornar um adulto hipertenso. Assim, na perspectiva de identificar a realidade epidemiológica de crianças e adolescentes escolares referentes aos níveis de pressão arterial e fatores de risco referentes a carga hereditária é que realizamos este estudo. Objetivo: Identificar os valores pressóricos e fatores de risco hereditários para hipertensão arterial em crianças e adolescentes escolares com vistas a prevenção de fatores de risco para 73 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts doenças cardiovasculares e renais. Métodos: Este estudo faz parte do Projeto de pesquisa vinculado ao Grupo de Estudo e Pesquisa na Saúde da Família, da Criança e Adolescente (GEPSFCA), sendo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Maranhão, com protocolo de número 23115006408/2010- 78. Foi realizado em uma escola pública de Ensino Fundamental, localizada na cidade de São Luís – Maranhão. A amostra do estudo foi composta por 139 escolares, na faixa etária de 10 a 15 anos, regularmente matriculados na referida escola. Os dados foram coletados nos meses de abril a julho de 2011. As crianças e adolescentes participaram da pesquisa após prévia autorização de seus pais ou responsáveis por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo respeitadas as recomendações da Resolução no. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Foi aplicado um questionário adaptado do Modelo Campo Saúde (Lalonde, 1974) do qual extraímos os dados relativos a fatores hereditários. Para a aferição da pressão arterial foi utilizado o método palpatório e auscultatório e utilizou-se esfigmomanômetros com manômetros aneróides, da marca Premium®, devidamente testados e calibrados, e estetoscópios duplos da mesma marca. Utilizaram-se manguitos com larguras variáveis mantendo a relação recomendada de largura correspondente a 40% da circunferência do braço do indivíduo e o seu comprimento envolver pelo menos 80% do mesmo. Após a explicação do procedimento da medida da pressão arterial, realizada para minimizar a ansiedade e o medo, certificou-se que o estudante havia evitado a ingestão de bebida alcoólica, café, alimentos, ou fumo até 30 minutos antes; apresentava bexiga esvaziada e ausência de exercícios físicos há, pelo menos, 60 minutos. As medidas da pressão arterial foram realizadas em ambiente tranquilo e silencioso, com o participante sentado, relaxado, com as costas apoiadas, pés pousados no chão, pernas descruzadas e com os braços apoiados sobre uma mesa e à altura do precórdio. A aferição da pressão arterial foi realizada nos braços direito e esquerdo conforme solicitado pelas diretrizes. Resultados: Dos estudantes investigados a idade variou de 10 a 15 anos, sendo a maioria do sexo feminino, correspondendo a 70%. Aproximadamente 62% referiram nunca ter aferido a pressão arterial durante as consultas de rotina ou em outra situação. Após a avaliação da pressão arterial o maior percentual foi identificado no intervalo da pressão arterial sistólica direita com 56,9% para os valores de 90 a 109 mmHg e os valores encontrados para a pressão arterial diastólica direita em torno de 74,1% no intervalo entre 60 a 79 mmHg. Com relação aos fatores que podem representar risco para o desenvolvimento de pressão arterial elevada com consequentes problemas cardiovasculares e renais, identificamos que aproximadamente 76,9% dos alunos entrevistados tem história familiar de hipertensão na família; 30,2% referiram história de doenças cardíacas em seus familiares; 51,0% dos seus familiares apresentaram diabetes e em torno de 19,4% possuem algum familiar com doença renal. Conclusão: Este estudo demonstrou um padrão até o momento, de normalidade da pressão arterial das crianças e adolescentes avaliados, mas também apontou um componente hereditário significativo que em associação com fatores ambientais pode desencadear eventos cardiovasculares e/ou renais. É importante enfatizar que a monitorização da pressão arterial rotineira de crianças e adolescentes é uma medida indispensável para o seu crescimento e desenvolvimento saudáveis. afetadas e o grau de dependência da paciente à enfermagem no período de internação hospitalar. Elaborar e implementar o plano assistencial e de cuidados de enfermagem para coordenar a ação da equipe de enfermagem nos cuidados adequados ao atendimento das necessidades básicas e especificas da cliente. Métodos: Trata-se de um relato de experiência, de caráter descritivo e qualitativo, realizado na Clínica Médica do Hospital Universitário Unidade Presidente Dutra (HUUPD) no período de 08 à 13 de junho de 2011. Foi realizado o histórico de enfermagem conforme o modelo padronizado pelo HUUPD, onde, através da entrevista e exame físico, foi possível a realização dos Diagnósticos de Enfermagem, levantando os problemas de enfermagem, as Necessidades Humanas Básicas afetadas e o grau de dependência do paciente em relação à enfermagem. Em seguida, elaborou-se o plano assistencial para determinar a assistência global que o cliente deveria receber o plano de cuidados diário e realizadas cinco evoluções de Enfermagem. Por fim elaboramos o prognóstico de enfermagem estabelecendo uma estimativa da capacidade do paciente em atender suas necessidades afetadas após a implementação do plano assistencial. Resultados: Paciente feminino, 73 anos, de cor branca, casada, dona de casa, católica, ensino fundamental completo, residente e domiciliada em Vitória do Mearim–MA. Referiu disúria, submetida a exames laboratoriais e de imagem, diagnosticada com pielonefrite aguda. Durante internação foram estabelecidos 14 diagnósticos de enfermagem, eliminação vesical e intestinal prejudicada, diminuição do apetite, mastigação inadequada, insônia, ausência de atividade física, hiperemia da região sacra, hipertermia, deambulação prejudicada, uso medicamentoso, elevação da pressão arterial, alteração dos níveis glicêmicos, ansiedade e angustia déficit no autocuidado. Observou-se uma evolução na característica da eliminação vesical, sendo inicialmente de cor amarela escuro, com débito de 300 ml/dia, seguida de cor alaranjada com presença de flocos e coágulos, com débito de 1500 ml/dia. Foram implementados os cuidados de enfermagem adequados ao atendimento das necessidades humanas básicas afetadas da cliente, foi observada uma evolução no quadro clínico, sendo prestadas as devidas orientações sobre auto-cuidado, recomendandose, também, uma mudança de hábitos de vida, adequação de sua dieta e uso regular da medicação. Conclusão: O atendimento a cliente objetivou a aplicação do Processo de Enfermagem de Wanda Aguiar Horta, para identificação e atendimento das suas Necessidades Humanas Básicas afetadas, prestando-se uma assistência integral, adequada e específica. Para isso, foram realizados o histórico de enfermagem, o diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados, evolução e prognóstico. A cliente não tinha um entendimento prévio sobre a patologia, então houve uma compreensão significativa com relação às orientações dadas pela enfermagem. Sendo assim, foi realizado um trabalho de orientação a respeito da implementação do seu auto cuidado. Prevalência de anemia e fatores clínicos associados em pacientes atendidos em um ambulatório de nefrologia Oliveira ACCM1, Reis FM1, Azevedo FS1, Ribeiro JVF1, Matias KSM1, Brito DJA2, Lages JS3, Bui DSS4, Salgado Filho N5 1 Acadêmico do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Residente em Nefrologia - Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. 3Enfermeira - Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. 4Coodenadora da Residência Médica em Nefrologia Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. 5Docente do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA 2 Pielonefrite aguda: relato de experiência Oliveira OS1, Amorim RT2, Queiroz LB2, Reis BJC2, Rodrigues DS2, Santos LBC2, Vieira CFC3 1 Docente - Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 3 Acadêmico do Curso de Medicina - Universidade Federal do Piauí - UFP 2 Introdução: A pielonefrite é uma infecção bacteriana da pelve renal, túbulos e tecido intersticial de um ou de ambos os rins. Sua causa pode envolver a disseminação ascendente de bactérias da bexiga ou a disseminação de fontes sistêmicas, alcançando o rim através da corrente sanguínea. Os agentes etiológicos responsáveis pela maioria dos casos de infecção do sistema urinário são os bacilos Grannegativos que habitam a flora do sistema intestinal, sendo a mais comum Escherichia coli, seguida por Proteus, Klebsiella e Enterobacter. O tratamento adequado baseia-se no uso de antibióticos eficazes para o microorganismo infectante. Quando não for possível identificar o agente etiológico, o tratamento geralmente consiste em um antibiótico de espectro amplo. A partir do processo de Enfermagem de Wanda Aguiar Horta, baseado na Teoria das Necessidades Humanas Básicas foi possível elaborar e implementar a Assistência de Enfermagem garantindo um cuidado planejado e eficaz para a recuperação/reabilitação do paciente. Objetivo: Identificar os problemas de enfermagem, as necessidades humanas básicas 74 Introdução: A anemia é uma complicação associada à Doença Renal Crônica (DRC) e está relacionada com a progressão da perda de filtração glomerular, sendo mais frequentemente encontrada a partir dos estágios 3 e 4 da DRC. Existem evidências acerca de uma gênese multifatorial para a anemia da DRC, mas o mecanismo preponderante para o seu aparecimento e manutenção é a eritropoiese diminuída, fundamentalmente relacionada à deficiência de ferro e à diminuição da produção de eritropoietina pelo rim. A presença de anemia acelera a perda da filtração glomerular e a progressão da doença renal. O diagnóstico e tratamento precoces da anemia da DRC constituem-se em um dos instrumentos de prevenção da DRC e de morbimortalidade cardiovascular. Objetivo: Avaliar a prevalência de anemia e a sua associação com diferentes estágios da DRC em pacientes atendidos em um ambulatório de Nefrologia. Métodos: Trata-se de um estudo transversal e retrospectivo, em que foi analisado o primeiro atendimento de 98 pacientes no Centro de Prevenção de Doenças Renais do Hospital Universitário Presidente Dutra, ocorrido no período de novembro de 2009 a setembro de 2011. Os prontuários desses pacientes foram revistos e os dados clínicos transcritos em ficha padronizada. Considerou-se o diagnóstico de anemia na presença de hemoglobina (Hb) <12 g/dL para homens e <13 g/dL para mulheres, Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts seguindo os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS). Para a classificação de gravidade da anemia, também foi adotado o critério da OMS (Hb <7g/dl – anemia grave, Hb entre 7 e 9,9g/dl – anemia moderada, Hb >10g/dl – anemia leve). A taxa de filtração glomerular (TFG) foi calculada pela fórmula validada no estudo MDRD (Modification of Diet in Renal Disease). A análise estatística foi realizada no SPSS versão 17.0®. Os dados foram apresentados na forma de média e desvio padrão ou mediana e variação máxima e mínima. Foi empregado o teste t de Student para amostras independentes e o teste do quiquadrado para comparação entre grupos. O nível de significância foi definido como p < 0,05. Resultados: Foram avaliados 98 pacientes, com uma média de idade de 51,2 ± 17 anos (14 - 84 anos), sendo 51% do sexo feminino. A média de Hb na população em estudo foi de 12,6 ± 2,3 md/dL (7,5 – 19,3 mg/dL) e 45,9% do total de pacientes apresentava anemia. A média de Hb entre os pacientes com diagnóstico de anemia foi de 10,6 ± 1,5 mg/dL, variando de 7,5 a 12,9 mg/dL, enquanto a média de Ht foi 31,4 ± 4,4%, variando de 24 a 42%. Em relação à classificação de gravidade da anemia, 66,7% dos pacientes com este diagnóstico apresentava anemia leve e 33,3%, anemia moderada. Dentre os pacientes anêmicos, 66,7% eram do sexo feminino (p=0,004), 69,8% eram hipertensos (p=0,035) e 47,6% eram diabéticos (p=0,024). Os pacientes com anemia apresentaram uma média de TFG de 41,46 ± 29,48ml/min/1,73m2, enquanto os pacientes sem anemia: apresentaram uma média de 75,87 ± 33,42 mL/min/1,73m2 (p < 0,001). Dentre os pacientes anêmicos, 38,1% dos pacientes encontravam-se no estágio 3 da DRC, 19%, no estágio 4 e 23,8%, no estágio 5 (p < 0,001). Não houve diferença estatisticamente significativa em relação à classificação de gravidade da anemia em nenhum dos estágios da DRC. Conclusão: Neste estudo foi encontrada uma alta prevalência de anemia, sendo a maioria dos casos classificada como anemia leve. Sexo feminino, presença de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, além da TFG, representaram fatores significativamente associados à anemia. Dentre os anêmicos, também se observou uma elevada proporção de pacientes no estágio 3 da DRC. Dessa forma, devido à sua elevada prevalência e ao impacto causado em pacientes com DRC, a presença de anemia deverá ser investigada em todo paciente com TFG menor que 60 ml/min/1,73m2. Classificação Brasileira de Ocupação (CBO), o médico urologista foi o profissional que mais realizou o diagnóstico, com 64,12% (n=6.858), seguido do radiologista 16,01% (n=1.712) e médico em medicina nuclear com 8,99% (n=961). Dentre os tipos de estabelecimento, o Hospital Geral com 43,48% (n=4.712), Clínica Especializada com 34,61% (n=3.751) e Unidade de Serviço de Apoio de Diagnose e Terapia (SADT) com 17,8% (n=1.929) foram os que mais diagnosticaram calculose renal em usuários do SUS. Já entre o tipo de prestador, os estabelecimentos privados com fins lucrativos apresentaram 52,29% (n=5.667), seguido do público Federal (Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão) com 35,05% (n=3.798) e do municipal com 10,58% (n=1.147). Sobre o diagnóstico, o mais utilizado foi através da Tomografia Computadorizada (TC) de Abdômen Superior com 10,12% (n=1.097) dos casos. Já para tratamento intervencionista realizados, a Litotripsia Extracorpórea (LECO) (onda de choque parcial/completa em 1 região renal) foi o mais apresentando 56,82% (n=6.158). Conclusão: A capital São Luis obteve a maior notificação e cadastro de calculose no rim prevalecendo mulheres com faixa etária acima de 50 anos, diferente dos homens que apresentaram idade menor que 30. Foram observados subnotificações dessa enfermidade sobre raça/cor da pele. O médico urologista foi o principal profissional que relata o diagnóstico de cálculo do rim. O tipo de estabelecimento hospital geral, destinado a atender pacientes portadores de doenças das várias especialidades médicas, apresentou o local mais diagnosticado dessa complicação renal. Existe a necessidade de prestadores privados dentro do SUS para diagnóstico de calculose renal, sendo insuficientes os serviços oferecidos pelo setor público para atender às necessidades da população. A TC do abdômen superior foi o método mais usado no diagnóstico, sendo mais sensível que a Urografia Excretora na detecção de cálculos ureterais obstrutivos ou não. A LECO foi o meio de tratamento mais indicado, apesar dos riscos de efeitos colaterais pelo efeito mecânico direto das ondas, podendo provocar outras doenças. Prevalência de calculose renal em usuários do SUS no Estado do Maranhão 1 Acadêmicos da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Universidade Federal do Maranhão - UFMA Costa JHA1, Costa MJA2, Araújo JM3, Campos DC4, Castro ACM5 Introdução: O excesso de peso tem sido documentado como importante fator risco para o desenvolvimento de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2). O risco de DM2 é três vezes maior na população com sobrepeso ou obesidade quando comparada à população eutrófica (com peso normal). Objetivos: Avaliar a prevalência de DM2 em pacientes com excesso de peso atendidos em Mutirão de Prevenção de Doença Renal Crônica (DRC), em São Luís - MA. Métodos: Durante o Mutirão de Prevenção da Doença Renal Crônica (DRC), foram avaliados 146 pacientes. Através dos dados de peso e estatura dos mesmos, obteve-se a classificação do Estado Nutricional (EN), considerando o Índice de Massa Corporal (IMC) proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998). Nesse trabalho, o excesso de peso foi definido como a presença de sobrepeso ou obesidade. Foi analisada, por sua vez, a presença de DM2 nesses indivíduos. A variável DM2 foi relatada pelos pacientes. A construção do banco de dados e a análise estatística foram realizadas no Excel 8.0 e Epi Info 2002. Resultados: De acordo com a classificação do IMC, 88 pacientes (60,27%) apresentaram excesso de peso e, 51 pacientes (34,93%), mostraram-se eutróficos. Constatou-se DM2 em 1 paciente eutrófico (1,96%) e em 11 (12,5%) pacientes com excesso de peso. Conclusão: De acordo com os dados obtidos, maiores Índices de Massa Corporal associaram-se com o aumento da prevalência de Diabetes Mellitus tipo 2, ratificando os resultados da maioria dos estudos realizados com estas variáveis. A prevalência de DM2 na população estudada foi cerca de seis vezes maior no grupo com excesso de peso quando comparada ao grupo eutrófico. Prevalência de DM2 em pacientes com excesso de peso atendidos em um mutirão de DRC Moraes YAC1, Reis FM1, Brito DJA1, Matias MM1, Santos FA1, Salgado Filho N2 1 Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Secretaria Municipal de Saúde - São Luís - MA. 3Centro Universitário do Maranhão - UNICEUMA. Secretaria Municipal de Saúde - Raposa MA. Secretaria Municipal de Saúde - São João Batista - MA Introdução: A calculose urinária ou litíase é uma afecção de elevado impacto social e de alto custo, tendo em vista que acomete 5% a 15% dos indivíduos em algum momento da vida e apresenta também elevadas taxas de recorrência (Porena et al., 2007). A litíase do trato urinário apresenta distribuição mundial, sendo mais freqüente em países de clima quente. O risco de formação de cálculos urinários é de 6% para mulheres e 12% para homens, incluindo os pacientes com diagnóstico incidental (Stamatelou et al., 2003). A prevalência está aumentando e varia de acordo com a idade, raça e região estudada; entre homens negros é cerca de 1% e entre brancos 10% (Hiatt et al., 1982). A incidência em crianças é baixa (cerca de 3% de todos os casos) (Cameron et al., 2005) começa a aumentar entre os homens a partir dos 20 anos de idade e atinge o pico entre 40 e 60 anos; entre as mulheres atinge pico por volta dos 30 anos de idade e decai após os 50 anos (Curham et al., 2004). Objetivo: Identificar a prevalência de Calculose Renal diagnosticados em usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado do Maranhão (MA) e suas correlações no que diz respeito ao seu atendimento, diagnóstico e tratamento. Métodos: Trata-se de um estudo do tipo observacional de caráter retrospectivo com variáveis quantitativas, no período entre 2008 a Agosto de 2011, em usuários que foram atendidos em estabelecimentos públicos, contratados ou conveniados com o SUS. Foi utilizado para coleta de informações o banco de dados do programa executável de tabulação tabwin32.exe do Ministério da Saúde (MS). Resultados: Ao longo do período em estudo, foram observados que os municípios do Maranhão que apresentaram maiores casos registrados de Calculose Renal pelo SUS foram São Luis, com 80,63% (n=8.738), Tutóia 5,98% (n=648), Imperatriz 5,38% (n=583) e Caxias 3,43% (n=372) em 10.837 casos diagnosticados. As mulheres tiveram o maior índice com 52,29% (n=5.667) e 7,68% (n=435) usuárias possuíam 53 anos, enquanto 3,14% (n=178) tinham 41 anos. Entre os homens, 5,01% (n=259) possuem 25 anos, enquanto 2,86% (n=148) possuem 29 anos de idade. Dentre raça/cor da pele, 90,54% (n=9.812) não possuem informações, enquanto 9,3% (n=1.008) são pardas. De acordo com a Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 2 Docente - Prevalência de HAS em pacientes com DM2 sem Nefropatia atendidos em ambulatório Moraes YAC1, Oliveira GEA1, Dias ICC1, Pontes CEA1, Costa, JCB1, Aquino LFS1, Reis FM1, Lima ARLR1, Paixão TM1, Furtado Neto JFR2 1 Acadêmicos da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: Os portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) frequentemente apresentam outras doenças associadas. Dentre tais doenças, a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma das mais prevalentes. Sua presença implica num aumento substancial do risco 75 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts cardiovascular e pode despertar ou acelerar as complicações micro e macrovasculares decorrentes da DM2. A Nefropatia Diabética representa uma dessas complicações, quadro que pode ser agravado na presença de HAS e, mais ainda, de outras comorbidades típicas, o que é chamado por muitos pesquisadores/ clínicos de Síndorme Metabólica. Objetivos: Avaliar a prevalência de HAS em pacientes diabéticos tipo 2 sem nefropatia, atendidos em um ambulatório de Diabetes Mellitus do setor de Endocrinologia do Hospital Universitário Unidade Presidente Dutra da Universidade Federal do Maranhão, em São Luís, MA, Brasil. Queremos com este trabalho mostrar até que ponto a nefropatia pode interferir na HAS, ou seja, delimitar mais claramente quando esta é causa ou conseqüência. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, observacional e retrospectivo, realizado a partir da análise dos prontuários de 141 pacientes com diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 2, atendidos entre os meses de maio e agosto de 2009. Foram selecionados os pacientes com registro negativo de nefropatia, no prontuário, e avaliada a existência ou não de HAS. Obteve-se ainda o gênero dos pacientes. A construção do banco de dados e a análise estatística foram realizadas no Excel 8.0 e Epi Info 2002. Resultados: Do total de 141 pacientes analisados, 115 não possuíam nefropatia. Destes, 26% (n=30) eram homens e 74% (n=85) eram mulheres. A prevalência de HAS nos pacientes sem nefropatia foi de 54,8 % (n=63) e em 11,3% (n=13) não foi possível afirmar ou descartar a presença de HAS. Dentre os pacientes hipertensos sem nefropatia, 79,4% (n=50) eram mulheres e 20,6% (n=13) eram homens. Conclusão: Neste estudo observou-se uma prevalência elevada da HAS nos pacientes portadores de DM2 sem nefropatia, atingindo pouco mais da metade dos pacientes. Embora a maioria dos hipertensos sejam mulheres, esse dado não é significativo, uma vez que estas constituem a maioria da amostra. Como a DM2 associada à HAS representa risco elevado para doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, nefropatia e retinopatia, o controle da pressão arterial deve ser enfatizado nos pacientes com tal associação. Prevalência de doenças cardiovasculares em pacientes renais crônicos Abrahão BP1, Peralva FL1, Souza Filho SF1, Oliveira CA1, Paula RB1. 1 Núcleo Interdisciplinar de Estudos Pesquisas e Tratamento em Nefrologia (NIEPEN) - Universidade Federal de Juiz de Fora - Juiz de Fora - MG Introdução: Portadores de Doença Renal Crônica (DRC) apresentam fatores de risco para doenças cardiovascular. Objetivos: Avaliar a prevalência de doença cardiovascular (DCV) em pacientes com Doença Renal Crônica (DRC). Métodos: Foram avaliados 80 pacientes com DRC em tratamento conservador e em terapia renal substitutiva, encaminhados para avaliação cardiológica. Todos os pacientes foram submetidos a exame clínico, a exames laboratoriais e a eletrocardiograma (ECG), ecocardiograma (ECO), teste ergométrico, cintilografia miocárdica e estudo hemodinâmico de acordo com a indicação. Resultados: Dos 80 pacientes atendidos, 48(60%) eram homens e 32(40%) mulheres; a média de idade foi de 59 anos; 34% eram brancos, 10% pardos, 27% negros e em 29% dos casos não havia informação no prontuário. Vinte e sete pacientes (33%) tinham como causa da DRC nefropatia hipertensiva, 14(18%), glomeluronefrite crônica, 13(16%) nefropatia diabética e em 27 casos (33%) a DRC era secundária a outras causas ou indeterminada. Quatorze pacientes (18%) foram classificados no estágio 1 da DRC, 8(10%) no estágio 2, 16 (20%) no estágio 3, 16 (20%) no estágio 4 e 26 (32%) no estágio 5. Setenta e oito (99%) tinham hipertensão arterial sistêmica (HAS) e 24 (30%) tinham HVE. Do total de pacientes estudados, 50 (63%) apresentavam DCV, das quais 27 (54%) eram doença arterial coronariana (DAC), 12 (24%) insuficiência cardíaca congestiva (ICC), 6 (12%) fibrilação atrial crônica e 4 (8%) outras causas. Conclusão: Pacientes com DRC apresentaram elevada prevalência de DCV, em especial doença coronariana o que reforça a importância da avaliação cardiológica de rotina nessa população. Prevenção da doença renal - a bíblia como estratégia de abordagem Fontenele AMM1, Alencar E1, Bui DSS1, Salgado Filho N2 1 2 Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: Todas as culturas do mundo tem um traço comum: apresentam alguma forma de manifestação religiosa. Por conseguinte, este traço da busca humana pelo transcendente se constitui um canal de comunicação com linguagem própria e aspectos sócio-culturais 76 particulares. Desta forma, utilizar o conhecimento religioso que está dado numa comunidade específica, pode ser útil para difundir novos conhecimentos, especialmente no que tange à saúde já que, também, o conhecimento religioso inclui todo um vasto saber sobre saúde. No caso do rim, o livro sagrado dos cristãos identifica como a sede das emoções e afetos como, por exemplo, na seguinte passagem: “Examina-me, Senhor, e prova-me; esquadrinha os meus rins e o meu coração” (Salmos 26.2 – Versão Almeida Corrigida Fiel, 1753 - 1995). Coração, neste caso, é identificado com o intelecto. A manifestação da doença renal e suas consequências no corpo e na vida podem ser retardadas quando cuidados preventivos são precocemente praticados, especialmente nos grupos de risco. Neste sentido se diz que a Doença Renal Crônica (DRC) é considerada a nova epidemia do século XXI. Os tratamentos disponíveis para o manejo da DRC são: tratamento conservador, terapia renal substitutiva (TRS) - hemodiálise, diálise peritoneal cíclica e intermitente e o transplante renal. O presente trabalho reflete um projeto que tem o foco na população frequentadora regular de cultos/missas das igrejas em São Luís – Maranhão. Objetivo: Promover a educação para cuidados precoces com as doenças renais de uma população que frequenta igrejas em bairros centrais ou periféricos de São Luís, Maranhão, a fim de que estes ouvintes, estimulados pela informação, adotem uma mudança de hábitos e cuidados com sua saúde física, observando a necessidade de consultas médicas anuais. Métodos: O projeto é baseado numa exposição denominada “Rins: Por que falar deles?” utilizando-se equipamento audiovisual em MS Power Point®. Textos bíblicos servem como ponto de partida, posto que se constitui material familiar a este público. São selecionados os versículos onde este órgão (rim) é mencionado, embora, neste contexto, referindo-se de forma metafórica aos sentimentos dos personagens. Os temas abordados são os seguintes: funções e controle dos rins; doenças de base; tratamentos da doença renal; prevenção da doença. Destacam-se, neste caso: aspectos nutricionais; automedicação, com ênfase na utilização de chás, prática corrente na população em geral; e a realização de exames laboratoriais periódicos (especialmente de sangue e urina). Resultados: Seis palestras foram realizadas nas seguintes igrejas: Presbiteriana (1); Adventista (2); Batista (2); Católica (1). Em duas oportunidades, o tema foi tratado em eventos de Ação Social (Dia Nacional de Prevenção da Doença Renal – 2009 e 2010), além de reuniões que aconteceram em grupos menores em casas dos interessados (3). Como forma de medir o nível de aprendizado e satisfação do público, ao final de cada exposição é perguntado aos participantes: Do ponto de vista dos cuidados com sua saúde, você considera que as informações expostas foram: a) Importantes b) desnecessárias c) úteis d) fundamentais e) não necessárias. Entre os que participaram 85% consideraram “fundamentais”; 10% marcaram a opção “importante” e apenas 5% afirmaram serem “úteis”. Identificouse ainda que, após a exposição, cinco participantes procuraram serviços de saúde, uma igreja modificou o lanche que era servido às crianças e sete outros afirmaram a disposição de mudarem seus hábitos de vida. Conclusão: Concluímos que direcionar informações adequando meio e público, há um impacto favorável na aceitação e, consequentemente, em maior probabilidade de adoção de uma postura diferenciada em relação aos cuidados com os riscos de desenvolvimento da doença renal. Prevenção da doença renal crônica entre portadores de hipertensão e diabetes Correia ADN1, Silva NJ1, Silva Júnior R1, Sousa KJQ1, Silva MBS2, Sardinha AHL3 1 Acadêmico do Curso Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Enfermeiro - Saúde da Família. 3Docente - Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA 2 Introdução: A doença renal crônica (DRC), definida como a presença de lesão renal (proteinúria persistente), associada ou não à diminuição da filtração glomerular (FG) < 6 0 m L / m i n /1,73 m² por um período ≥ 3 meses, é um problema de saúde mundial. No curso da DRC, particularmente quando o FG diminui a valores < 60 ml/mim/1,73m², é comum o aparecimento de complicações próprias da perda funcional, tais como anemia, doença óssea, desnutrição e acidose metabólica, e a ocorrência das complicações cardiovasculares. A diabetes mellitus (DM) e hipertensão arterial (HA) geram condições que afetam a função renal de forma lenta e progressiva, e o aumento do número de pessoas portadoras dessas patologias têm elevado também o surgimento de casos de DRC. A disfunção renal relacionada aos metabólicos e hemodinâmicos, que, atuando em conjunto, promovem o enfraquecimento da membrana basal glomerular, a expansão da matriz mesangial, a diminuição do número de podócitos, glomeruloesclerose e fibrose tubulointersticial. A hipertensão arterial contribuiria aumentando a pressão hidrostática intraluminal. Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 Objetivos: Avaliar a associação entre Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial frente aos portadores de Doença Renal Crônica com ênfase na investigação de medidas preventivas. Métodos: Trata-se de um estudo cuja trajetória metodológica apóia-se em leituras exploratórias, bem como em sua revisão integrativa, contribuindo para o processo de síntese e análise dos resultados de vários estudos, criando um corpo de literatura compreensível. O levantamento bibliográfico foi realizado através do LILACS, SCIELO, MEDLINE, utilizando-se publicações feitas entre 2000 e 2010. Os descritores que orientaram a pesquisa foram: Insuficiência Renal Crônica, Hipertensão e Diabetes Mellitus. Resultados: Verificou-se que medidas simples podem prevenir o aparecimento de doenças renais como o a prática regular de exercícios físicos, não fumar, o controle da dieta, pressão arterial e glicemia. Além disso, é importante evitar remédios agressivos aos rins e verificar periodicamente os níveis de proteinúria e creatinina no sangue. Metas agressivas de controle pressórico são recomendadas tanto para o controle da proteinúria quanto da pressão arterial, em pacientes com doença renal crônica estabelecida. A hipertensão arterial é reconhecidamente o fator de risco mais importante sobre a progressão da lesão renal, em populações diabéticas ou não. O impacto dos níveis pressóricos descontrolados sobre a hemodinâmica glomerular terá ainda repercussão direta sobre a geração de outros fatores perpetuadores da lesão renal, como a ativação do sistema renina-angiotensina e o aparecimento da proteinúria; portanto, o controle desses últimos prescinde de ajuste pressórico adequado. A terapêutica anti-hipertensiva visa tanto a proteção renal quanto a cardiovascular, uma vez que a insuficiência renal crônica (IRC) e o DM estão independentemente associados com aumento importante na mortalidade por causas cardiovasculares. A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) recomenda que todas as pessoas com risco elevado de DRC devem realizar exames de proteinúria e dosagem de creatinina no sangue, pelo menos uma vez por ano, mesmo sem apresentar qualquer sintoma. O interesse é encorajar a triagem, principalmente dos pacientes com diabetes e hipertensão para detecção de alterações renais e evitar que o paciente evolua até a DRC. O Ministério da Saúde preconiza que os trabalhadores vinculados à atenção primária à saúde devem promover ações que possibilitem prestar atenção à saúde, intervir nos fatores de risco, estabelecer parcerias e considerar o espaço social e o meio ambiente da família como núcleo básico de abordagem no atendimento à saúde. Conclusão: Concluindo, medidas como estas esclarecem mais a população sobre a DRC, já que, além da ausência de sintomas nos estágios iniciais da doença, a falta de informação dos pacientes também leva a um diagnóstico tardio, na maioria dos casos. Prevalência de HAS em pacientes diabéticos e não diabéticos em mutirão de doença renal crônica Moraes YAC1, Reis FM1, Brito DJA1, Matias MM1, Santos FA1, Salgado Filho N2 1 Acadêmico da Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Docente - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: A ocorrência de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM) multiplicam os fatores de risco para doenças micro e macrovasculares, como nefropatia e Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), resultando em elevada morbimortalidade. Complicações macrovasculares contribuem para a maioria das mortes em pacientes diabéticos e a ausência de hipertensão está associada com aumento da sobrevida. Muitos autores nacionais defendem que a prevalência de HAS em indivíduos diabéticos é duas vezes maior que numa população de não-diabéticos, como podemos conferir em um dos artigos citados nas nossas referências bibliográficas. Objetivo: Conhecer a prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) em pacientes diabéticos e não diabéticos atendidos no Mutirão de Prevenção de Doença Renal Crônica (DRC), realizado no Hospital Universitário Unidade Presidente Dutra (HUPD) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e estimar se esta corrobora a prevalência disto em São Luís, no Maranhão, no Nordeste e no Brasil. Queremos saber, mais claramente, até que ponto o Diabetes Mellitus pode interferir como fator de risco para HAS e se podemos dizer que as estimativas nacionais são válidas também em território maranhense. Metodologia: Foram avaliados 165 pacientes atendidos durante o Mutirão de Prevenção da Doença Renal Crônica (DRC), ocorrido em 2008. Analisou-se a presença de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) em pacientes diabéticos e não diabéticos, levando-se em consideração o relato dos pacientes em fichas utilizadas no mutirão. A construção do banco de dados e a análise estatística foram realizadas no Excel 8.0 e Epi Info 2002. Resultados: Dos 165 pacientes atendidos, 18 (10,9%) relataram ser diabéticos e 147 (89,1%) não diabéticos. Entre os pacientes diabéticos, 9 relataram ser hipertensos, o que corresponde a 50% do total. Dos pacientes não diabéticos, 34 eram hipertensos, Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Resumos / Abstracts correspondendo a 23,13% do total. Conclusão: Nesta casuística de pacientes diabéticos e não diabéticos, a prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) se mostrou diferente nessas duas populações. Os pacientes diabéticos apresentaram prevalência cerca de duas vezes maior de HAS quando comparados aos não diabéticos, tendo assim um maior risco de eventos cardiovasculares e, portanto, maior morbimortalidade, corroborando as estimativas nacionais de muitos especialistas no tema, quando analisada parte da população maranhense. Programas de exercício fisco auxiliando no combate às Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Doenças Renais Crônicas Miranda AKP1, Morais RA1, Carvalho AG1 1 Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: A prevalência das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), e Doença Renal Crônica (DRC) têm se configurado nas últimas décadas como as doenças que mais incapacitam ou levam a óbito, não só no cenário nacional, mas também a nível mundial, além de exigirem dos cofres públicos grandes investimentos financeiros para realização de seus tratamentos. Embora os fatores genéticos sejam de fundamental importância, são os fatores comportamentais, os principais desencadeadores para manifestação do conjunto de doenças relacionadas a estas. Fatores como ausência da prática regular de exercícios físicos ocasionadas pelo sedentarismo e pouca atividade física, aumento da obesidade em consequência da alimentação rica em gorduras e açúcar, tabagismo, consumo de álcool possibilitam o surgimento de Hipertensão Arterial, Diabetes Melittus, doenças cardiovasculares e neoplasias. Objetivo: Apontar a importância de Políticas Públicas voltadas ao controle dessas doenças através de programas de atividade física associados à alimentação saudável. Métodos: Constitui-se num estudo bibliográfico que destaca os benefícios dos exercícios físicos auxiliados por programas de controle ao tabagismo e orientação alimentar, bem como levantamento dos principais programas no cenário nacional objetivando combater o avanço dessas doenças. Resultados: Com relação aos exercícios físicos destacam-se vários benefícios que estes promovem àqueles que os realizam de forma adequada. Dentre os aspectos positivos: melhoram os níveis do colesterol bom, diminuem os triglicerídeos e LDL, fatores relacionados as doenças cardiovasculares, melhoram a sensibilidade à insulina em indivíduos saudáveis, promove a redução da pressão arterial. Conclusão: Como conclusão aponta-se que programas dessa natureza são importantes por possibilitar aos usuários acometidos pelas DCNT e DRC, maior controle dos fatores desencadeantes dessas doenças. São importantes também por possibilitar aos usuários saudáveis, uma forma de prevenção para os fatores causadores destas, além de representar menos gastos aos cofres públicos, sendo que práticas preventivas em oposição a ações de tratamento apresentam menores gastos. Prevenção da doença renal crônica no hiperdia sob o olhar da enfermagem Cunha AP1, Lima PM1, Mendes GG1, Theodoro OJN1, Santos RM1, Sousa FD1 1 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: Com o aumento da expectativa de vida da população mundial, a doença renal Crônica tem alcançado dimensão maior, esta por sua vez consiste em uma condição progressiva e supostamente irreversível da perda da estrutura em disfunção bioquímica e fisiológica do organismo (Rodrigues et al., 2008). Em decorrência do agravo da DRC dados epidemiológicos sugerem que um milhão de pessoas portadoras da doença se submete ao tratamento de hemodiálise ou transfusão renal. Dessa forma representa um problema de saúde pública mundial onde a incidência e a prevalência contribui para os altos custos na saúde. No Brasil percebe-se esta mesma tendência onde as atenções estão mais voltadas para o tratamento em estágio avançado do que para as ações preventivas (Hafez; Abdellatif; Elkhatib, 2006). Para Breckmam (2004) os fatores de risco de maiores destaques são a hipertensão arterial e o diabetes mellitus. Levando em conta estes fatores despertou-se o interesse para a realização desse estudo, motivadas, pelas observações cotidianas durante as consultas de enfermagem aos pacientes do Hiperdia. Objetivo: Prevenir o desenvolvimento da Doença Renal Crônica - DRC, em pacientes aderidos ao programa Hiperdia da Unidade de Saúde Dr. Clésio Fonseca de Imperatriz - MA por meio de orientações educativas. Metodos: Trata-se de um relato de experiên- 77 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts cia vivenciada pelas docentes da disciplina Estágio Curricular Supervisionado I, do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão em Imperatriz, campus II. A população em estudo consistiu em hipertensos e diabéticos na faixa etária de 40 a 70 anos que participam do programa Hiperdia da Unidade de Saúde Dr. Clésio Fonseca de Imperatriz - MA. A experiência ocorreu durante a realização das consultas de enfermagem. Resultados: Durante o desenvolvimento das consultas de enfermagem foi possível observar um número significativo de hipertensos e diabéticos que não seguem a risca o tratamento terapêutico, estes relataram esquecimento dos horários da medicação, a falta de conscientização da gravidade da doença e estímulo familiar. Além disso, a grande maioria não possui o hábito de uma alimentação saudável (hipossódica e hipolipídica), somam-se a isso os efeitos deletérios aos rins devido ao uso da medicação em longo prazo, neste aspecto, verifica-se o risco a que estes estão expostos para o desenvolvimento da doença renal crônica. Paralelo a isto houve orientações a respeito da importância da adesão ao tratamento, de uma dieta adequada, exercícios físico para o controle da hipertensão, diabetes e a prevenção do surgimento de uma doença renal crônica. Os pacientes foram alertados sobre os riscos da doença renal e o seu árduo tratamento como consequência do não controle da hipertensão e diabetes. Dessa forma foi possível sensibilizar os usuários do programa Hiperdia a mudanças de hábitos não saudáveis. Conclusão: Frente ao exposto vê-se a importância do desenvolvimento de orientações educativas para prevenção da doença renal crônica em hipertensos e diabéticos, sendo estes um grupo de alto risco devido a complicações da doença. A enfermagem tem suas ações centradas no cuidado e para isto é significativo detectar os grupos de maior suscetibilidade a problemas de saúde e agir de forma a promover a resolução ou minimização dos impactos da doença sobre a vida cotidiana do paciente. A doença renal crônica traz como consequência a dependência, alterações na imagem corporal mediante as fistulas, restrições severas quanto à ingesta alimentar e hídrica, requer extrema dedicação ao tratamento, orientar os pacientes do Hiperdia quanto a estes problemas é fundamental para que estes venham a evitar o desenvolvimento de problemas renais através do controle adequado da hipertensão e diabetes. Psicologia na sala de espera do paciente renal em tratamento conservador 1 1 1 1 Alencar E , Pereira G , Rodrigues N , Mendes AT , Salgado Filho N 1 2 2 Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. Docente da Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: O atendimento a pacientes em variados estágios da doença renal exige uma diversidade de abordagens, a depender do grau de desenvolvimento dessa doença. Mesmo depois de instalada, ainda há que se falar em prevenção no sentido de minimizar a progressão da doença e preparar o paciente para uma futuro Tratamento Renal Substitutivo (TRS). Além da necessidade básica do acompanhamento médico, é imperativa a presença de outros profissionais para auxiliar na adaptação que a perda da função renal exige, seja num longo processo evolutivo ou, por variadas circunstâncias, quando ocorre de forma abrupta. Essas mudanças vão produzir consequências devastadoras no âmbito psico-emocional, normalmente resultantes do deslocamento do lugar na família, nas perdas relativas à própria autoimagem e na produtividade laboral. A Sala de Espera foi iniciada em primeiro de agosto de 2011 e atendeu até a metade de outubro, 44 pessoas, das quais 27 pacientes e 17 acompanhantes. Objetivo: Oferecer cuidados mediante informação educativa e atendimentos individuais que visem o aumento da aderência aos tratamentos e a melhora nas condições da autonomia, o que inclui o bem-estar social, emocional e psíquico dos pacientes. Métodos: A Sala de Espera é realizada uma vez por semana, no dia do atendimento aos pacientes em tratamento renal conservador. A atividade se inicia com informação acerca dos serviços clínicos oferecidos – o que inclui o atendimento multidisciplinar – e explicação sobre medidas práticas que precisam ser tomadas, como por exemplo a habilitação para receber o benefício do auxílio doença. O Serviço Social e a Psicologia desenvolveram folderes informativos que tratam de variados temas. Este material é distribuído entre os pacientes, além de ser realizada uma fala por cada um dos profissionais com o intuito de esclarecer assuntos que são escolhidos previamente. Durante as falas, os pacientes podem participar com perguntas ou serem encaminhados para atendimentos individualizados. Ao final de cada uma das falas, pede-se que os pacientes manifestem a compreensão sobre o tema ministrado e sobre a necessidade de se continuar com esta atividade mediante a resposta das perguntas a seguir: 1. Como você avalia a Sala de Espera? Para esta pergunta há quatro respostas: ótimo, bom, regular, ruim e; 2. Você considera as informações 78 recebidas: fundamentais, úteis, desnecessárias. Resultados: A interação alcançada com os pacientes mediante a disponibilidade de mais um canal de informação e o aumento da procura dos serviços (Serviço Social e Psicologia) tem sido resultados perceptíveis com a prática da Sala de Espera. A participação ativa dos pacientes com perguntas, estimuladas ou não pela equipe, possibilita o emponderamento que se traduz em menor manifestação de aspectos ansiogênicos e melhor exercício dos direitos sociais para pacientes nesta condição. Em relação à pergunta 1 os participantes avaliaram do seguinte modo: 76% apontou como “fundamentais”; 24% afirmaram que são “úteis”. Conclusão: A sala de espera é, comprovadamente, uma excelente ferramenta de comunicação com pacientes. No caso do Centro de Prevenção de Doenças Renais se constata que à medida que as informações são repassadas, há um incremento no atendimento e, pode-se afirmar, na participação mais ativa do paciente no processo de seu adoecer/tratamento, tornando-o um agente ativo na relação com profissionais e a instituição. Ritmo de filtração glomerular em pacientes atendidos em um ambulatório de hipertensão Velozo BR1, Castro AA1, Silva DC1, Branco Neto DRC1, Silva EMC1, Nascimento FSMS1, Andrade MFB1, Custódio JBPT1, Carneiro ECRL1, Salgado Filho N2 1 Acadêmicos do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Docente do Curso de Medicina - Universidade Federal do Maranhão - UFMA 2 Introdução: O papel da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) na progressão da Doença Renal Crônica (DRC) já foi extensamente revisado. Essa associação entre HAS e DRC tem prevalência bastante elevada, situando-se em 60% a 100%, de acordo com o tipo de população estudada. Nesse contexto, a DRC torna-se um problema de saúde pública mundial, com aumento progressivo de sua incidência e prevalência, e comumente subdiagnosticada e subtratada. Mas, se por um lado, a detecção precoce da doença renal e condutas terapêuticas apropriadas para o retardamento de sua progressão podem reduzir o sofrimento dos pacientes e os custos financeiros associados, por outro, os portadores de disfunção renal leve apresentam quase sempre evolução progressiva, insidiosa e assintomática, dificultando esse diagnóstico. Por isso, evidências atuais recomendam investigação precoce de DRC em pacientes de risco, como hipertensos, cuja associação tem prevalência situando-se entre 60% a 100%, de acordo com o tipo de população estudada. E essa investigação é feita através da análise do Ritmo de Filtração Glomerular (RFG). Objetivo: Investigar baixo ritmo de filtração glomerular em grupo de risco (hipertensos), a nível primário, com enfoque na prevenção e encaminhamento precoce destes pacientes ao nefrologista. Métodos: Estudo transversal. Foram analisados prontuários de 149 pacientes hipertensos, atendidos no ambulatório de uma liga de hipertensão, no período de novembro de 2010 a maio de 2011. Foi aplicada a fórmula de Cockcroft-Gault para estimar o RFG a partir da creatinina sérica. Os dados foram submetidos ao programa Epi Info versão 3.5.3. Resultados: Dos 149 pacientes hipertensos estudados, 51 (34,2%) apresentaram RFG ≥90 mL/min/1,73m²; 70 (47%), RFG entre 60 e 89 mL/min/1,73m²; e, 28 (18,8%), RFG entre 30 e 59 mL/min/1,73m² (Insuficiência Renal Crônica). Os pacientes com RFG <90 mL/min/1,73m² foram encaminhados para consulta com nefrologista em ambulatório. Conclusão: É elevada a prevalência de baixo ritmo de filtração glomerular em pacientes hipertensos. Dessa forma, fica evidenciada a importância do rastreamento de DRC nesse grupo de pacientes, já que o reconhecimento e o manejo precoce da DRC no sentido de retardar a sua progressão, prevenir suas complicações e modificar as comorbidades presentes são fatores determinantes para o sucesso do seu tratamento. Síndrome nefrótica associada à glomeruloesclerose segmentar e focal: um relato de experiência 1 1 1 2 2 Macedo DC , Albuquerque IC , Bogéa RLN , Alves SMA , Bezerra AS , Santos EA 3 1 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Residência Multiprofissional em Saúde - Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. 3Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente - Universidade Federal do Maranhão - UFMA 2 Introdução: A Síndrome nefrótica é um das formas de apresentação clínica das glomerulopatias caracterizada pela presença de proteinúria maciça, edema, hipoproteinemia e dislipidemia. Acomete tanto adultos quanto crianças, sendo causada por doenças primariamente renais ou por diversas outras doenças. O diagnóstico de síndrome nefrótica é feito por critérios clínicos, laboratoriais e por exame histopatológico de material de biópsia renal. O tratamento consiste de medidas gerais (restrição de sal, uso judicioso de diuréticos para Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 tratamento do edema, de inibidores da enzima conversora da angiotensina para redução da proteinúria, de estatinas para tratamento da dislipidemia e anticoagulação no caso de fenômenos tromboembólicos) e de medidas específicas, selecionadas de acordo com o tipo de doença primária renal. Os fármacos utilizados são prednisona, ciclofosfamida e ciclosporina. Dentre as doenças renais que causam síndrome nefrótica primária, temos a Glomeruloesclerose Segmentar e Focal (GESF). O termo GESF é utilizado para descrever uma lesão histopatológica de glomerulose à microscopia óptica. O termo focal significa que apenas alguns glomérulos na biópsia estão envolvidos, enquanto segmentar se refere ao envolvimento de apenas alguns lóbulos de alguns glomérulos. A GESF é uma importante causa de síndrome nefrótica corticorresistente e Insuficiência Renal Crônica (IRC) na infância. Usualmente é uma doença progressiva, com perda da função renal, atingindo IRC terminal em 25-30% dos casos em cinco anos e 30-40% após 10 anos de evolução. A implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem proporciona cuidados individualizados, assim como norteia o processo decisório do enfermeiro nas situações de gerenciamento da equipe de enfermagem. A prática da assistência de enfermagem é instrumentalizada por um referencial próprio, criado e construído pelos profissionais de enfermagem, o qual possibilita a união da teoria à prática. Objetivo: Relatar a experiência da assistência de Enfermagem a uma paciente do sexo feminino internada na Clínica Médica Feminina de um Hospital Universitário portadora de GESF. Métodos: Trata-se de um relato experiência realizado com uma paciente internada na Clínica Médica feminina de um Hospital Universitário. O período de coleta de dados foi de 29/08 a 24/10 de 2011. Para coleta de dados foram utilizados: prontuário da paciente com suas respectivas evoluções e cuidados de Enfermagem. Resultados: Paciente lavradora, natural e residente de Itapecuru - MA, católica, cor parda, 1º grau incompleto, casada, procedente da sua residência sendo admitida na instituição no dia 22/08/11. A paciente relata que há três anos é nefropata e que apresentou quadro de edema em MMII e face, evoluindo para astenia, anorexia, náuseas, vômitos e tontura, procurando o serviço de saúde. Na admissão, ao exame físico, apresentou-se com 71,7 Kg, normotensa, normotérmica, eupnéia, normocardia, acianótica, anictérica, hipocorada (3+/4+), com face renal, edema de MMII (2+/4+), lesões hipercrômicas em MMSS, abdome globoso, doloroso à palpação superficial e profunda, e demais sistemas sem alterações. As evoluções obtidas pela paciete foram: dia 22/08 (1º DIH): lúcida, orientada no tempo e espaço, pele e mucosas normocoradas, anictéricas, acianóticas, edema em MMII e face, albumina 1,4 g/dL, creatinina 3,1 mg/dL, uréia 140 mg/dL; No dia 27/09 (28º DIH): Segue com discreto aumento de edema de face, albumina 1,4 g/dL, colesterol total 382 mg/dL, creatinina 2,1 mg/dL; Foram realizadas 53 evoluções: dia 30/08 (1º DIH) referindo náuseas e vômitos; eliminações urinaria e intestinal espontâneas; ao exame físico: paciente orientada, acianótica, anictérica, hipocorada(3+/4+), face renal, normotensa, normotérmica, eupnéia, edema em MMII (2+/4+), abdome globoso e doloroso à palpação em região epigástrica, e demais sistemas sem alterações. Dia 03/10 (32º DIH) refere algia em abdome e náusea persistente; não aceitou bem a dieta oferecida; eliminações vesicais e urinárias espontâneas; ao exame físico: peso 65 Kg, estado geral regular, orientada, normotensa, normotérmica, eupnéia, normocardia, hipocorada (3+/4+), edema de face (+/4+) e de MMII (+/4+), abdome distendido, flácido, dolorosa à palpação na região epigástrica, e demais sistemas sem alterações. Dia 21/10 (50º DIH) em tratamento com cefalotina D7, prednisona, furosemida, sinvastatina, ondasetrona, heparina, ácido fólico, sulfato ferroso, vitamina B12, refere cefaleia acompanhada de vômito após refeição, dor em hemitórax D irradiando para região lombar e oligúria; eliminações vesicais e intestinais espontâneas; aceitou parcialmente a dieta oferecida; ao exame físico: peso 65,7 kg, estado geral regular, orientada, acianótica, anictérica, hipocorada (+/4+), normotensa, normotérmica, normocardia, edema de MMII (+/4+), demais sistemas sem alterações. Paciente segue internada na instituição com persistência do quadro clínico. Em tratamento com Hemodiálise em um serviço de nível terciário de assistência à saúde desde o dia 14/10/011 onde após 10 dias iniciou-se processo flogístico na inserção do cateter de shilley. A paciente encontra-se internada há dois meses. É acompanhada por uma equipe multiprofissional especializada que proporciona cuidado Médico, de Enfermagem, Nutricional, Fisioterapêutico e Apoio Psicológico. Diante dessas considerações, a enfermagem deve privilegiar suas ações específicas junto ao cliente e atuar com parceira aos demais profissionais. Conclusão: Este estudo possibilitou identificar a importância da abordagem multiprofissional, visando à reabilitação da paciente, com melhora do quadro clinico, diminuindo os riscos de desenvolver complicações como a insuficiência renal crônica ou doença arterial coronariana. Foi possível observar que a interação da equipe de saúde pode beneficiar a reabilitação mesmo que discreta da paciente com condutas factíveis que beneficiaram a mesma. Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Resumos / Abstracts Sistematização da assistência de enfermagem ao paciente acometido por insuficiência renal crônica 1 1 1 1 1 Saraiva ALO , Santos ECS , Macedo Junior BF , Perdigão ELL , Serra RBR , Nolêto FB 2 1 Acadêmicos do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão UFMA. 2Enfermeiro Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) consiste em lesão renal e geralmente perda progressiva e irreversível da função dos rins. Atualmente ela é definida pela presença de algum tipo de lesão renal mantida há pelo menos 3 meses com ou sem redução da função de filtração. A doença renal crônica terminal é considerada como um acontecimento traumático e de consequências psíquicas significativas que impactam a vivência de cada cliente. Nesse contexto, o cliente requer o cuidado de enfermagem experiente para evitar as complicações d função renal reduzida e os estresses e ansiedades de lidar com uma doença que o põe em risco de vida. Sendo assim, um indivíduo com diagnóstico de insuficiência renal crônica apresenta necessidades que precisam ser supridas. Partindo desse pressuposto, o enfermeiro presta cuidados integrais e contínuos ao indivíduo, desde seu estado mais estável ao mais crítico, julga-se relevante a utilização de um método que lhe permita dispensar assistência mais qualificada e organizar suas ações. Este método, conhecido como Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), é utilizado através do Processo de Enfermagem (PE). A Taxonomia de diagnósticos da North American Nursing Diagnosis Association - NANDA (Associação Norte-Americano de Diagnóstico de Enfermagem), traz fundamentadas as principais necessidades humanas básicas afetadas, para a aplicação das intervenções de Enfermagem no paciente. Objetivo: Aplicar a sistematização da assistência de enfermagem ao paciente acometido de insuficiência renal crônica. Métodos: Estudo descritivo do tipo Relato de Experiência, realizado no período de 30 de junho a 10 de julho de 2010, em um Hospital Universitário, utilizando a taxonomia da NANDA. Resultados: Diante das necessidades humanas básicas apresentadas pelo indivíduo, foram encontrados os seguintes diagnósticos de enfermagem: excesso de volume de líquidos relacionado com o débito urinário diminuído; excessos na dieta e retenção de sódio e água; nutrição alterada, menor que as demandas corporais relacionada com a anorexia, náuseas, vômitos, restrições nutricionais e mucosas orais alteradas; déficit de conhecimento relacionado com a condição e tratamento; eliminação urinária prejudicada caracterizada por disúria; intolerância relacionada com a fadiga, anemia, retenção de produtos residuais e procedimento de diálise; risco de baixa autoestima situacional relacionada com a dependência, alterações de função, alteração na imagem corporal e alteração na função sexual. Conclusão: O cuidado de Enfermagem é direcionado no sentido de avaliar o estado hídrico e identificar as fontes potenciais de desequilíbrio, implementar um programa nutricional para garantir a ingesta nutricional apropriada dentro dos limites do regime de tratamento e promover os sentimentos positivos incentivado o autocuidado e a maior independência. É extremamente importante fornecer as explicações e informações para o paciente e família em relação à doença, opções de tratamento e complicações potenciais. Dessa forma a Sistematização da Assistência de Enfermagem com a ajuda da taxonomia da NANDA facilita a administração e execução dos cuidados de enfermagem. Sistematização da assistência de enfermagem prestada a um paciente acometido de insuficiência renal crônica e síndrome nefrótica Reis BJC1, Costa AJS1, Guimarães TA1, Morais CDM1, Oliveira ED2 1 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2 Estratégia Saúde da Família - Secretaria Municipal da Saúde / São Benedito do Rio Preto - MA Introdução: Em geral, a insuficiência renal crônica (IRC) é o resultado final da destruição tissular e perda da função renal gradual (Santos e Jacobson, 2005). Pode ser causada por doenças sistêmicas, como o diabetes mellitus, hipertensão; glomerulonefrite crônica; pielonefrite; obstrução do trato urinário; lesões hereditárias; distúrbios vasculares; infecções; medicamentos ou agentes tóxicos (Brunner, Suddarth, 2005). A meta do tratamento é manter a função renal e a hemostasia pelo maior intervalo de tempo possível. O tratamento é realizado principalmente com medicamentos e terapia com dieta, embora a diálise também possa ser necessária para diminuir o nível dos produtos residuais urêmicos no sangue ou ainda a remoção cirúrgica do rim não funcionante (Brunner, Suddarth, 2005). A Síndrome Nefrótica (SN) é caracterizada como sendo um conjunto de sinais e sintomas que decorre geralmente de doença renal intrínseca ou doença sistêmica que afete o glomérulo. Estudos epidemiológicos sugerem que tal 79 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts síndrome afeta, em média, 2 em cada 10.000 indivíduos (Neves, 2009). Objetvos: O estudo tem como objetivo relatar a experiência de alunas curso de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) no cuidado prestado a um paciente com Insuficiência Renal Crônica e Síndrome Nefrótica. Métodos: Trata-se de um relato de experiência do cuidado de enfermagem prestado a um paciente internado no Hospital Universitário Presidente Dutra (HUPD) para tratamento das patologias no mês de maio de 2011. A sistematização da assistência de enfermagem baseou-se em algumas etapas do processo de enfermagem de Wanda de Aguiar Horta (histórico, evolução e prognósticos), nos diagnósticos de enfermagem da NANDA e nas intervenções de enfermagem segundo NIC. Resultados: Após submeter o paciente ao histórico de enfermagem e exame físico, estabeleceu-se um total de 12 diagnósticos de enfermagem relacionados às alterações psicobiológicas e sociais do indivíduo. Dentre estes, pode-se destacar: privação de sono, constipação, deambulação prejudicada, dor aguda, perfusão tisular ineficaz - renal e risco de infecção. As intervenções realizadas para a melhora do sono foram adaptar o ciclo regular de sono/estado de alerta do paciente ao plano de cuidados; monitorar/registrar o padrão de sono do paciente e as quantidades de horas dormidas; observar os distúrbios físicos que interrompem o sono; adaptar o ambiente para promover o sono; auxiliar o paciente a limitar o sono diurno, providenciando atividades que promovam estado de alerta; iniciar/programar medidas de conforto como massagem, posicionamento e toque afetivo. Para melhorar o quadro de constipação, observaram-se as eliminações intestinais, incluindo frequência, consistência, formato, volume e cor apropriados, informando ao médico sobre a diminuição dos ruídos hidroaéreos, o que possibilitou de acordo com a prescrição médica a lavagem gastrointestinal, assim como a realização do procedimento com técnica adequada preservando a privacidade do paciente. As intervenções relacionadas à deambulação prejudicada foram monitorar os membros inferiores e examinar a pele quanto à cor, temperatura, hidratação, textura, fissuras ou lesão e edema, além de oferecer aos familiares informações sobre serviços de cuidados especializados. Para melhora da dor aguda avaliou-se o local, as características, a qualidade e a intensidade da dor antes de medicar o paciente e em seguida foram realizadas as administrações de acordo com a prescrição médica, de modo a satisfazer as necessidades de conforto e proporcionar atividades que auxiliem no relaxamento. Para controle da dor: observar indicadores não verbais e desconfortos; investigar com o paciente, fatores que aliviam e pioram a dor e avaliar, com o paciente e a equipe de cuidados de saúde a eficácia de medidas de controle da dor que tem sido utilizada. Para avaliar perfusão tissular ineficaz foi necessário pesar a fralda quando adequado; manter um registro preciso da ingestão e da eliminação; monitorar o estado de hidratação, monitorar os resultados laboratoriais relevantes à retenção de líquido; monitorar alimentos/líquidos ingeridos; administrar os diuréticos prescritos e administrar reposição nasoenteral, além disso, monitorar níveis anormais de eletrólitos séricos. Para controle de infecção foi necessário limpar adequadamente o ambiente; trocar o equipamento para o cuidado do paciente; trocar acessos endovenosos periféricos a cada 48horientar familiares sobre sinais e sintomas de infecção e sobre o momento de relatá-los e promover a conservação e o preparo seguro dos alimentos. É importante monitorar a pressão sanguínea, o pulso, a temperatura e o padrão respiratório; monitorar cor, temperatura e umidade da pele e identificar as possíveis causas de mudanças nos sinais vitais. Conclusão: Mediante o trabalho realizado comprovou-se a importância da sistematização da assistência de enfermagem como uma medida indispensável e essencial para um melhor cuidado ao paciente. Tarefa essa que exige seriedade, compromisso e disponibilidade por parte da equipe de enfermagem. Além disso, o acompanhamento prestado a paciente e a realização do estudo de caso, possibilitou a ampliação do conhecimento sobre a patologia, por meio de uma revisão de literatura e do aprofundamento do conhecimento científico. A evolução para óbito da paciente possibilitou o entendimento da enfermagem nas diversas fases do indivíduo o nascer, o viver, e o morrer. Comprovando assim, a importância oferecer uma assistência de qualidade. Síndrome de alport: importância dos achados clínicos Pestana EA1, Passos PRC2, Ribeiro SS2, Diniz IKF2, Sousa ALS2 1 2 Docente do Curso de Farmacologia e Patologia - Faculdade São Luís - MA. Acadêmicos do Curso de Biomedicina - Faculdade São Luís - MA Introdução: A Síndrome de Alport (SA) constitui a nefrite hereditária mais conhecida. Quando completa, a síndrome é caracterizada por surdez, manifestações oculares (catarata, deslocamento do cristalino, distrofia corneana, anormalidades maculares) e lesões renais progressivas. Há uma predominância maior em homens de forma mais 80 grave e precoce em comparação as mulheres que são portadoras e a doença fica restrita à hematúria. São descritas formas dominantes ligadas ao X, devidas às mutações no lócus COL4A5 e uma forma autossômica recessiva resultando de mutações no lócus COL4A3 ou COL4A4. Ainda foi sugerido um tipo autossômico dominante de SA. A doença decorre de alterações nas cadeias de colágeno tipo IV e os sintomas refletem o comprometimento da membrana basal de vários órgãos. Objetivo: Realizar um levantamento de variados tipos de publicações que relacionam a importância dos achados clínicos para o diagnóstico da SA. Métodos: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com abordagem descritiva, disponíveis nos bancos de dados MEDLINE, SciELO, LILACS. Resultados: Na SA os sintomas aparecem na primeira ou segunda década da vida, com hematúria macro ou microscópica e cilindros hemáticos. Há proteinúria variável, raramente com síndrome nefrótica. A surdez está presente em 40 – 60% dos casos e nos homens na infância já apresentam quadro de hematúria, perda da audição nos anos escolares e falência renal no inicio dos 20 anos. As manifestações oftalmológicas na síndrome de Alport podem envolver a córnea, a retina ou o cristalino. O lenticone anterior é uma rara anormalidade do cristalino que resulta em visão subnormal progressiva e incapacitante, cujo tratamento cirúrgico requer especial atenção devido à fragilidade do saco capsular. Todas as referências citadas foram encontradas nas produções científicas publicadas nos bancos de dados e os resultados obtidos foram pacientes acometidos do quadro completo da manifestação clínica e histopatológica. Conclusão: A importância da história familiar torna-se um dos fatores primordiais para o inicio da investigação e chama a atenção para a heterogeneidade das manifestações clínicas e para a importância da microscopia eletrônica na confirmação do diagnóstico da alteração da membrana basal glomerular e na contribuição para o entendimento da sua patogênese logo no início da vida do paciente. Ainda há poucas publicações de relatos de casos no assunto, apesar da doença ser conhecida. Taxa de morbidade da insuficiência renal no Maranhão (1997-2007) 1 1 1 1 1 1 Santos MJC , Silva NS , Borges KGPS , Araújo RLTM , Menezes CDS , Pires C , Silva 2 ACO 1 Residência em Enfermagem Clínico-Cirúrgica - Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. 2Docente do Curso de Enfermagem Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: A Insuficiência Renal é um diagnóstico que expressa uma perda maior ou menor de qualquer uma das funções do rim. Pode ser dividida em duas categorias principais: a Insuficiência Renal Aguda, na qual os rins subitamente param de funcionar de modo total ou parcial, mas que podem em um período futuro recuperar o funcionamento quase normal, e a Insuficiência Renal Crônica, na qual ocorre perda progressiva da função de um número crescente de néfrons, que de modo gradual, vão diminuindo a função geral dos rins. Estão entre as causas mais importantes de óbito e de incapacidade em diversos países, com uma mortalidade de 10 a 20 vezes maior que a da população geral, mesmo quando ajustada por idade, sexo, raça e presença de diabetes mellitus, sendo que a doença cardiovascular é a causa mais comum de óbito. No Brasil, a doença atinge 2 milhões de pessoas, sendo que 60% desconhecem o diagnóstico. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), em 2010, foram 92.091 pacientes submetidos a tratamento dialítico no país, destes, 85,8% foram financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 14,2% por outros convênios. Entretanto, apenas 682 unidades renais são cadastradas na SBN e apenas oito no Estado do Maranhão, o que dificulta a inclusão de inúmeros pacientes nessa modalidade de tratamento. O gasto com o programa de diálise e transplante renal no Brasil situa-se ao redor de 1,4 bilhões de reais ao ano. Detecção precoce da doença e condutas terapêuticas apropriadas para o retardamento de sua progressão podem reduzir o sofrimento dos pacientes e os custos financeiros associados à insuficiência renal. Como as duas principais causas do acometimento são a hipertensão arterial e o diabetes mellitus, os profissionais que atuam na área de atenção básica à saúde que cuidam destes pacientes devem ficar atentos aos sinais e sintomas de disfunção renal leve, visto que apresenta quase sempre evolução progressiva, insidiosa e assintomática, dificultando o diagnóstico precoce. Por isso, a capacitação, a conscientização e vigilância de médicos e enfermeiros de cuidados primários à saúde são essenciais para a prevenção, diagnósticos e encaminhamento precoce ao nefrologista para a instituição de diretrizes apropriadas, a fim de retardar a progressão da Doença Renal Crônica, prevenir suas complicações, modificar comorbidades presentes e preparo adequado a uma terapia de substituição renal. Objetivo: Identificar a taxa de morbidade de insuficiência renal aguda e crônica por internação hospitalar notificadas no Estado do Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts Maranhão, no período de 1997 a 2007. Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, transversal, com abordagem quantitativa. Para a coleta de dados utilizou-se a base do DATASUS do Ministério da Saúde do Brasil. Posteriormente, foram calculados os coeficientes específicos de morbidade para insuficiência renal, relacionados aos aspectos de frequência, duração e gravidade. Para medir a frequência, utilizou-se a taxa de prevalência, resultante da divisão do número de casos de doença observados no período de janeiro de 1997 a janeiro de 2007 pela média população desse período. A duração média por caso, que é o número médio de dias de internação hospitalar. A taxa de mortalidade, representativa da proporção de casos fatais para o total de casos verificados. Calculouse também a distribuição da morbidade por internação hospitalar por sexo e faixa etária. Resultados: No Estado do Maranhão, no período de 1997 a 2007, foram notificadas 9001 internações de pessoas com Insuficiência renal aguda ou crônica, o que corresponde a um coeficiente geral de morbidade específico para insuficiência renal de 16 pessoas por 10 mil habitantes. Em 1998, o Maranhão apresentou um coeficiente de morbidade de 1,2 por 10 mil habitantes. Nos anos de 1999, 2000 e 2001 apresentou 1,1 por 10 mil habitantes. Em 2002 e 2003, apresentou um coeficiente de 02 por 10 mil habitantes. Em 2004 e 2005, de 1,8 por 10 mil habitantes. Em 2006, apresentou 1,9 por 10 mil habitantes e em 2007 apresentou um coeficiente de morbidade específico para insuficiência renal de 1,6 por 10 mil habitantes. A média de permanência hospitalar foi de oito dias. Foram notificados 689 óbitos por esta causa, o que determina uma taxa de mortalidade de 7,65%.O índice de morbidade proporcional de insuficiência renal para o sexo masculino foi de 53,9% e de 46,1% para o feminino. Menores de um ano apresentaram índice de 0,88%, crianças de 1 a 4 anos, 3,3%, pessoas de 5 a 19 anos apresentaram 12, 2%, de 20 a 49 anos, 40,7% e acima de 50 apresentaram índice proporcional de morbidade por insuficiência renal de 43%. Conclusão: Os dados revelam que apesar dos números expressivos, esses dados podem estar subestimados, uma vez que os pacientes com doenças renais mais graves podem ter migrado para cidades maiores onde são realizados os procedimentos médicos mais complexos, ou morrido devido à falta de diagnóstico. Isso evidencia a necessidade de implementação de políticas de saúde voltadas para a vigilância, prevenção, tratamento e controle desta enfermidade, tendo como estratégia-chave a sensibilização, a conscientização e a disseminação do conhecimento sobre a DOENÇA RENAL CRÔNICA, que pode e deve ser prevenida em virtude das consequências humanas, sociais e econômicas devastadoras. A expectativa de vida é reduzida, os riscos de doença cardiovascular e acidente vascular cerebral são aumentados e o ônus recai não somente sobre o Estado, mas sobre o portador, seus familiares e amigos. Terapias renais substitutivas na gestação 1 1 1 Albuquerque IC , Macedo DC , Andrade BC , Alves SMA 2 1 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Residência Multiprofissional em Saúde - Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA 2 Introdução: Supõe-se que haja aproximadamente 35.000 pacientes com insuficiência renal crônica atualmente no Brasil, mantidos em programas de diálise, sendo mulheres em idade fértil a maioria deles.Os ciclos anovulatórios são a regra em mulheres urémicas, porém, a gravidez é possível em mulheres em terapia substitutiva da função renal.Os avanços obtidos nas técnicas de diálise e o melhor controle clínico por parte de equipe multidisciplinar têm refletido nos resultados perinatais observados entre as gestantes sob tratamento. Objetivo: Demonstrar as terapias renais substitutivas na gestação. Métodos: O trabalho tem enfoque descritivo a partir de pesquisa bibliográfica em artigos do banco de dados eletrônicos LILACS, IBECS, MEDLINE e SCIELO, compreendendo a publicação de 2000 a 2010. Foram encontrados 10 artigos. O período de pesquisa foi de 11 de maio a 13 de setembro de 2011. Resultados: Os estudos relatam que apesar do progresso do tratamento substitutivo, as mulheres urêmicas apresentam capacidade reprodutiva baixa, quando comparadas com as normais, tendo ocorrência de aborto espontâneo em 50% dos casos. Esta diferença decorre principalmente da presença de anormalidades comuns nestas pacientes, tais como: alterações hormonais, transtornos menstruais e de ovulação, função sexual diminuída e fertilidade reduzida. O diagnóstico de gravidez em doente com IRC é dificultado pelo fato de, intrinsecamente, se registarem valores elevados de gonadotrofina coriónica beta humana (betahCG). Consequentemente a ecografia ginecológica deverá ser realizada nas mulheres com beta-hCG sérica elevada, verificando a presença de um feto viável e a idade gestacional. As complicações maternas mais frequentemente identificadas são a hipertensão arterial, anemia e Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 alterações imunológicas e as fetais relata-se a prematuridade, problemas físicos e de desenvolvimento e anomalias congênitas. Estas condições culminam em uma não-indicação da gravidez, e consequentemente uma gravidez é considerada um risco materno-fetal importante. O aconselhamento sobre o uso de métodos contraceptivos para estas pacientes parece insuficiente ou inadequado, resultando em muitos casos da gravidez durante o tratamento de hemodiálise. Indicado a diálise quando a creatinina está acima de 3mg/dL e não há indícios de melhora a curto prazo. O tratamento dialítico deve ser particularmente mais precoce quando indicado durante a gestação. O tipo de diálise pode ser peritoneal intermitente ou diálise peritoneal do tipo ambulatorial contínuo. A hemodiálise pode ser também realizada, de preferência sem uso de heparina, com uso de banhos de bicarbonato de sódio, para prevenção de fenômenos hipotensivos, com cuidados na prevenção de distúrbios eletrolíticos. O tratamento dialítico será suspenso quando a creatinina plasmática estabilizar. Durante a gestação, o pré-natal convencional deve ser realizado e os parâmetros renais devem ser monitorizados. Conclusão: Por isso, podemos concluir que a gestação sob essas condições é possível, apesar das adversidades. Para que haja sucesso se faz necessário cuidados redobrados durante o pré-natal e realização da terapia substitutiva corretamente. The influence of race on survival of peritoneal dialysis patients in Brazil: results from the BRAZPD study Fernandes N1, Bastos MG1, Beukel TOVD2, Hoekstra T2, Dekker FW2, Tirapani L3, Bastos K4, Pecoits Filho R5, Qureshi AR6, Divino Filho JC6 1 Universidade Federal de Juiz de Fora - Brazil. 2Leiden University Medical Center - Leiden University - Leiden - Nederland. 3Instituto Mineiro de Estudo Pesquisa em Nefrologia - IMEPEN - Juiz de Fora - Brazil. 4Universidade Federal de Sergipe Brazil. 5Pontífica Universidade Católica do Paraná - Brazil. 6Researcher of the Karolinska Institut - Stockolm - Sweden Introduction: Non-White dialysis patients are reported to have better survival rates compared to White dialysis patients. There are no available epidemiological studies about the influence of ethnicity/race on outcomes of dialysis patients in South America. Objective: The aim of this study is to assess the influence of ethnicity on mortality of incident peritoneal dialysis (PD) patients in Brazil. Methods: We analyzed data of the BRAZPD study, a prospective observational cohort study of peritoneal dialysis (PD) patients enrolled from December 2004 to October 2007 in 114 dialysis centers throughout Brazil. Patients were included when they had either PD as initial treatment modality, or were transferred from hemodialysis (HD) to PD. Patients were excluded when data on race and age were lacking. Race was self-reported using the classification defined by the Brazilian Institute of Geography and Statistics: White, Brown, Black, Indigenous and Yellow (Asian). Demographic, socioeconomic, clinical, and laboratory data were collected at baseline. The multivariate Cox proportional hazards model was used to adjust for gradually more potential explanatory variables for all patients, for elderly and non elderly and competing risk models were constructed to examine death in patients on PD. Results: Death in Black and Brown vs White patients. Of 2159 patients were included, 1370 patients were White, 516 were Brown and 273 were Black. The White patients were older, had more predialytic care, more diabetes and more congestive heart failure. Black and Brown patients had lower family income and were more illiterate. Black patients had more vascular peripheral disease and hypertensive nephropathy and White patients more diabetes renal disease. Laboratorial data show higher creatinine, phosphate levels and lower hemoglobin levels in Black and Brown patients. Cox proportional hazards analysis showed a crude hazard ratio (HR) for mortality, the White was the reference, the HR of 0.77 (95% CI 0.56 to1.05) for Black patients, and a HR of 0.74 (95% CI 0.59 to 0.94) for Brown patients. After including aspects demographic, socioeconomic, clinical, quality of life, and laboratory variables in the model as potential explanatory factors, the HR were 0.63 (95% 0.41 to 0.98 CI), and 0.62 (95%0.43 to 0.90 CI), respectively for Black and Brown patients. The same analysis was done in elderly and non elderly patients. For elderly Black patients the 81 ISSN-2179-6238 Resumos / Abstracts unadjusted HR was 0.98 (95% 0.68 to 1.43), for Brown patients HR was 0.78 (95% 0.58 to 1.06 CI). After adjusted, for elderly Black patients the HR was 0.73 (95% 0.43 to 1.25 CI) and for Brown the HR was 0.64 (95% 0.44 to 0.99 CI). For non elderly Black patients the unadjusted HR was 0.65 (95% 0.36 to 1.17 CI) and for Brown patients the HR was 0.92 (95% 0.63 to 1.35). After adjusted, the HR for non elderly Black patients was 0.59 (95% 0.23 t0 1.32 CI) and for Brown patients was 0.71 (95% 0.36 t0 1.41 CI). The competing risk model shows higher mortality in White patients when compare with Black and Brown patients. Conclusion: Black and Brown Brazilian PD patients have a lower mortality risk compared to White patients. Even after adjusting, Black and Brown patients remain with a lower mortality risk, the protection was more evident in elderly than in non elderly patients. Studies which looking at factors beyond the phenotype are important for a better understanding of these results. Valor da equação Cockcroft-gault na triagem de função renal reduzida na hipertensão arterial sistêmica 1 2 2 3 4 5 Santos EM , França AKTC , Calado IL , Salgado JVL , Brito DJA , Santos AM , Salgado Filho N6 1 Docente do Curso de Enfermagem - Imperatriz - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 2Docente do Departamento de Ciências Fisiológicas - UFMA. 3 4 5 Hospital Universitário - HUUFMA. Residente em Nefrologia do HUUFMA. Docente 6 do Departamento de Saúde Pública - UFMA. Docente do Departamento de Medicina I - UFMA Introdução: A hipertensão arterial é um problema de saúde pública mundial e um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da Doença Renal Crônica. A Doença renal crônica apresenta-se como um grande problema de saúde pública que vem assumindo importância global, em virtude do exponencial aumento dos casos registrados nas últimas décadas. O National Kidney Foundation (NKF, 2007) aponta a necessidade urgente de políticas públicas voltadas para a prevenção, diagnóstico precoce e intervenção desa doença, por ser comum, nociva e tratável. É uma doença multifatorial caracterizada por níveis tensionais elevados, associados a alterações metabólicas, hormonais e a fenômenos tróficos (hipertrofias cardíacas e vascular). Métodos: Com a finalidade de avaliar o desempenho da equação Cockcroft-Gault (C-G) na triagem de pacientes com função renal reduzida em relação a outros marcadores tradicionais, realizou-se um estudo transversal com 198 hipertensos de uma unidade básica de saúde. Foram analisados dados demográficos, nutricionais e clínicolaboratoriais. A função renal foi analisada pela creatinina sérica e pelo clearance de creatinina (ClCr) em urina de 24 horas. A taxa de filtração glomerular (TFG) foi também estimada segundo a equação C-G. Resultados: Os pacientes apresentaram idade média de 60,6±11,6 anos e 73,7% eram do sexo feminino. A prevalência de creatinina sérica >1,2 mg/dl foi de 7,6% e da TFG <60ml/min foi de 24,2% quando avaliado pelo ClCr e equação C-G. A FG reduzida foi observada em homens mais velhos, com menor índice de massa corporal, valores normais de glicemia de jejum, e maiores níveis de ácido úrico e pressão arterial sistólica. Conclusão: A prevalência de função renal reduzida entre hipertensos varia consideravelmente dependendo da abordagem laboratorial utilizada. O clearance de creatinina, principalmente quando estimado pela equação de Cockcroft-Gault, mostrou ser um marcador mais acurado que a creatinina sérica na avaliação da TFG. A equação Cockcroft-Gault apresentou maior concordância com o clearance de creatinina, provando ser um confiável teste de triagem para o diagnóstico precoce e manejo de hipertensos com função renal reduzida na atenção básica. cloretos. Logo, os efeitos colaterais durante a hemodiálise ocorrem e podem ser causados por rápidas mudanças do volume de líquido e no equilíbrio químico de seu organismo. São realizadas três vezes na semana durante 4 horas. As cãibras musculares e a hipotensão são dois efeitos colaterais comuns, sendo a hipotensão, sem duvida, a principal complicação, ocorrendo em até 20% das sessões de hemodiálise. Tal intercorrência é ocasionada por uma queda abrupta da pressão arterial, podendo causar astenia, vertigem, náuseas e vômitos. Conforme Manuel (2001), a fisiopatologia envolve a taxa de filtração, a queda da osmolaridade, a temperatura do paciente e a biocompatibilidade da membrana de diálise, introdução de endotoxinas na circulação e o uso de acetato como tampão. Esses eventos podem levar a redução do volume intravascular, o aumento da liberação de substâncias vasodilatadora e redução nas vasoconstrictoras além da ativação do complemento e liberação de citoquinas. Por sua vez, esses mecanismos conduzem a redução do debito cardíaco e da resistência vascular periférica, com consequência redução da pressão arterial. De acordo com Bortolotto (2008), Outra consequência da hemodiálise é a hipertensão arterial, no qual está intimamente relacionada à função renal, podendo ser tanto a causa como a consequência da doença renal. Em alguns pacientes, observam-se elevação nas catecolaminas e, em outros pacientes, ativação do sistema renina-angiotensina secundaria a depleção de volume. A orientação para suspender a medicação anti-hipertensiva no período pré-dialitíco também contribui para elevação da pressão arterial durante a diálise. Objetivo: analisar a variação da pressão arterial de pacientes durante a hemodiálise em um centro de tratamento de diálise em Imperatriz - MA. Métodos: trata-se de um estudo transversal, descritivo com abordagem quantitativa. O local do estudo foi um centro de tratamento especializado em hemodiálise da cidade de Imperatriz - MA, no período de agosto e setembro de 2011. A amostragem foi intencional, sendo avaliados 27 pacientes com o acompanhamento durante as 4 horas de hemodiálise sendo coletados os valores da pressão arterial e dados sócio-demográficos. A pesquisa contou ainda com o acompanhamento dos pacientes em uma sessão de hemodiálise para a coleta de PA na 1hora, 2 horas, 3 horas e póshemodiálise. Os resultados foram tabulados e organizados em tabelas, frequência absoluta e relativa. A análise dos dados forma realizados a partir da literatura pertinente. Resultados: identificamos 20 pacientes do sexo masculino e sete femininos. A faixa etária predominante foi de 40 a 60 anos. Quanto aos hábitos de vida como o consumo de bebida alcóolica e tabagismo foram descartados pelos próprios pacientes. A pratica de esporte também foi descartada por todos os pacientes, alegando eles a dificuldade para mais esforços físicos. O histórico familiar de doenças crônicas também teve grande relevância, uma vez que, 40,74% dos pacientes revelaram possuir histórico de hipertensão e outros 22,22% diabetes mellitus em seus antecedentes familiares. Dentre os pacientes entrevistados foram registrado 70,37% hipertensos e 29,62% diabéticos. Diante da analise da variação da pressão arterial na 1 hora 77,77% dos pacientes iniciaram a hemodiálise com valores pressóricos acima de 120X80 mmHg, indicando quadro hipertensivo. Já na 2 hora 37,03% tiveram a PA reduzida, quando comparada aos valores iniciais. Analisando os valores identificados na primeira medição, observamos uma redução da PA em 70,83% dos sujeitos, sendo a média da queda da PA de 18,23mmHg. Somente quatro indivíduos permaneceram com o mesmo valor da PA e três apresentaram elevação da PA de 10 mmHg após a hemodiálise. Conclusão: Diante dos resultados pode se comprova a literatura aos dados coletados na pesquisa, demostrando a hipotensão como principal complicação ao tratamento hemodialítico, embora a queda da PA não tenha afetado o tratamento do paciente no momento da hemodiálise. Os fatores genéticos das doenças crônicas herdadas à saúde dos pacientes foram fortemente evidenciados com a confirmação da hipertensão e Diabetes mellitus em seus antecedentes pessoais. Variabilidade da hemoglobina em pacientes renais crônicos em hemodiálise Variação da pressão arterial durante a hemodiálise em um centro de diálise de Imperatriz - MA Pestana RMC1, Moraes DN1, Gomes AFM1, Santos EJF2, Lages JS2, Santos AM3, Salgado Filho N4 1 Acadêmico do Curso de Enfermagem - Imperatriz - Universidade Federal do 2 Maranhão - UFMA. Docente do Curso de Enfermagem - Imperatriz - UFMA Acadêmicos do Curso de Farmácia - Universidade Federal do Maranhão - UFMA. 3 Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - HUUFMA. Docente 4 do Departamento de Saúde Pública - UFMA. Docente do Departamento de Medicina I - UFMA Introdução: Segundo Wander et al. (2003), a hemodiálise é um procedimento artificial que serve para retirar, por filtração, todas as substâncias indesejáveis acumuladas pela insuficiência renal crônica, também controla a pressão arterial e ajuda seu corpo a manter o equilíbrio de substâncias químicas como o sódio, o potássio, e Introdução: A Doença Renal Crônica (DRC) é definida como sendo uma síndrome progressiva e consequente à perda irreversível de parte da função renal (glomerular tubular e endócrina). A DRC caracteriza-se pela presença de lesão renal associada ou não à diminuição da filtração glomerular inferior a 60 mL/min/1,73m2 por um período igual ou Brito RS1, Oliveira AV1, Araújo TM2 1 82 2 Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 ISSN-2179-6238 superior a 3 meses (NKF – K/DOQI, 2002)..A variabilidade dos níveis de hemoglobina tem sido associada com maior risco de mortalidade em pacientes Renais Crônicos. O recomendado é que esses níveis não estejam abaixo de 11,0 g/dL em qualquer estágio da doença. Oscilações repetidas e frequentes nos níveis de hemoglobina podem resultar em interrupção do transporte de oxigênio para os tecidos e leva a um aumento no risco de hospitalizações. Alterações nas doses de eritropoetina e mudanças no uso de ferro são os fatores mais frequentemente associados à ocorrência das oscilações nos níveis de hemoglobina, além desses, também fatores relacionados ao paciente (como idade, hospitalizações e outras intercorrências). Objetivos: Avaliar a variabilidade do nível de hemoglobina em pacientes renais crônicos em hemodiálise. Identificar os fatores clínicos e laboratoriais que propiciam o nível de hemoglobina ficar fora da faixa alvo. Métodos: Trata-se de um estudo longitudinal. Foram analisados 141 pacientes com DRC em hemodiálise em São Luís – MA (de janeiro a junho de 2009). O nível de hemoglobina alvo a ser considerado neste estudo é aquele entre 11,0 e 12,5 g/dL (Sociedade Brasileira de Nefrologia). Para identificação dos fatores associados com os níveis de Hb foi utilizado modelo linear longitudinal com efeitos mistos, tendo como variável dependente o nível de hemoglobina mensal para cada paciente. As variáveis independentes que apresentaram valor de p menor do que 0,20 na análise de regressão longitudinal univariada foram consideradas no modelo de regressão linear multivariado, as que apresentaram valores de p inferiores a 0,05 foram mantidas no modelo final com o objetivo de controlar o confundimento residual. Resultados: Características da amostra: idade média de 47,40 13,65 anos, prevalência do sexo masculino (51,06%) e cor parda (54,61%) e 41,84% estão inseridos na classe D. A hipertensão arterial foi a doença de base prevalente (41,30%) sendo também a principal comorbidade (91,49% dos pacientes). Os pacientes apresentaram níveis medianos de Hb acima de 10 g/dL. Pela análise univariada estiveram estatisticamente associadas ao nível de hemoglobina nível de Pcr (p<0,0001), Hcm (p<0,0001), Ht (p<0,0001), Ferro (p<0,0001), Contagem de Hemácias (p<0,0001) e de Reticulócitos (p=0,008), o Índice de Massa Corpórea (p=0,006). Na análise ajustada permaneceram estatisticamente associadas ao nível de Hb as variáveis: Hematócrito (p<0,001), Hemácias (p=0,005), IMC (p=0,003) e Saturação de Transferrina (p=0,23). Conclusão: A manutenção dos níveis de hemoglobina na faixa alvo é primordial para a manutenção da qualidade de vida desses pacientes. Para isso, é primordial o conhecimento dos fatores que fazem com que haja uma variabilidade desses níveis, os fatores estatisticamente significantes encontrados durante o estudo foram: Hematócrito, Contagem de Hemácias, Índice de Massa Corpórea e Saturação de Transferrina. Rev Pesq Saúde, 12(1): 57-89, jan-abril, 2011 Resumos / Abstracts Validação da dosagem da creatinina em papel filtro para diagnóstico de doença renal crônica Silva ACA1, Graciano M1, Bencomo JF2 1 Universidade Federal Fluminense - UFF-RJ. Instituto Vital Brasil - RJ Introdução: As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são a principal causa de morte no mundo. Foram responsáveis por 63% dos 57 milhões de óbitos que ocorridos em 2008. A maioria desses óbitos – 36 milhões – foi devido às doenças do aparelho circulatório, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas. Mais de 9 milhões destas mortes ocorreram em pessoas abaixo de 60 anos. Esses óbitos considerados precoces ocorrem mais nos países de baixa e média renda como o Brasil. A Doença Renal Crônica (DRC) ainda não faz parte do grupo principal das DCNT por ser considerada pela Organização Mundial de Saúde uma complicação das Doenças Cardiovasculares (DCV) e do diabetes. Entretanto, a elevada prevalência da DRC tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, a sua capacidade de aumentar o risco cardiovascular, diálise e morte, torna a DRC um problema mundial de saúde. Ações custo-efetivas de prevenção e intervenção, como a melhoria da atenção à saúde, combatem os fatores de risco reversíveis e diagnóstico precoce, permitem reduzir o impacto das DCNT. Objetivo: Comparar os dois métodos em 100 pacientes com um ou mais fatores de risco para doença cardiovascular como hipertensão arterial, diabetes mellitus, sobrepeso ou obesidade e idade acima de 50 anos. Métodos: Visando facilitar diagnóstico, JF Bencomo desenvolveu uma técnica inovadora para dosagem da creatinina que utiliza uma gota de sangue coletada em papel filtro. Resultados: Três triagens populacionais já foram realizadas em grupos de 177, 688 e 113 pessoas. Os achados de creatininas elevadas por este teste foram respectivamente de 2,25, 3,05 e 11,5%. Um estudo piloto de validação comparando este teste com o método tradicional ainda não foi realizado. Conclusão: O benefício esperado é avaliar se este teste de baixíssimo custo e fácil realização pode substituir a coleta de sangue por punção venosa para o rastreamento da DRC em populações de risco nos ambulatórios de médico de família, escolas, empresas e em campanhas educativas. 83 NOTAS REDATORIAIS / NOTES TO AUTHORS A Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research, órgão oficial do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - UFMA é publicada quadrimestralmente, com o objetivo de promover e disseminar a produção de conhecimentos e a socialização de experiências acadêmicas na área de saúde, assim como possibilitar o intercâmbio científico com programas de Pós-Graduação e Instituições de pesquisas nacionais e internacionais. The Journal of Health Research is an official organ of the University Hospital of the Federal University of Maranhão UFMA. Our Journal publishes every four months and has as an aim to promote and disseminate the development of knowledge and the socialization of academic experiences concerning to health, as well as the possibility of creating the scientific exchange among postgraduate programs and national and international research institutions. Recomendamos aos autores a leitura atenta das instruções abaixo antes de submeterem seus artigos à Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research: We strongly advise all authors to read the instructions below carefully before submitting manuscripts to the Journal of Health Research. a. Os trabalhos deverão vir acompanhados de carta de apresentação assinada por seu(s) autor(es), autorizando publicação do artigo e transferindo os direitos autorais à Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research. a. The manuscripts must be accompanied by a cover letter that must be signed by each author(s) authorizing the article to be published and transferring the copyright to the Journal of Health Research. b. Na seleção de artigos para publicação, avaliar-se-á o mérito científico do trabalho, sua adequação às normas e à política editorial adotada pela revista. Nos trabalhos de pesquisa envolvendo seres humanos deverá ser informado o nº do parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição onde o mesmo foi aprovado. b. In the selection of articles for publication, the scientific merit of the research, adaptation to the standards and editorial policy adopted by the Journal will be evaluated. When reporting experiments on human subjects, the protocol number of the Institution’s Research Ethics Committee where the research was approved must be informed. c. Os manuscritos, submetidos com vistas à publicação na Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research, são avaliados inicialmente pela secretaria quanto à adequação das normas. Em seguida, serão encaminhados no mínimo para 02 (dois) revisores (membro do Conselho Editorial ou consultor ad hoc) para avaliação e emissão de parecer fundamentado, os quais serão utilizados pelos editores para decidir sobre a aceitação, ou não, do mesmo. Em caso de divergência de opinião entre os avaliadores, o manuscrito será enviado a um terceiro relator para fundamentar a decisão final. Será assegurado o anonimato do(s) autor (es) nesse processo. O Conselho Editorial se reserva o direito de recusar o texto recebido e/ou sugerir modificações na estrutura e conteúdo a fim de adequar aos padrões da revista. Os autores dos manuscritos não aceitos para publicação serão notificados por carta e/ou e-mail. Somente após aprovação final, os trabalhos serão encaminhados para publicação. c. The manuscripts submitted for publication in the Journal of Health Research are firstly assessed by the editorial office for adaptation to the standards. Afterwards, the manuscripts will be addressed to a minimum of two reviewers (Member of the Editorial Board or ad hoc consultant) that will evaluate and issue a reasoned opinion to be used by the editor for deciding whether the article is accepted or not. In case of opinion divergence between the reviewers, the manuscript will be sent to a third reviewer for reasoning the final decision. The author(s) anonymity will be guaranteed in this process. The editorial board reserves the rights of refusing the received text and/or suggesting changes in the style and content in order to follow the journal standards. The authors of manuscripts not accepted for publication will be informed through letter and/or email. Only after acceptance the articles will be published. d. A Revista de Pesquisa em Saúde/Journal of Health Research não remunera o(s) autor(es) que tenham seus artigos nela editados, porém lhes enviará 02 (dois) exemplares da edição onde seu(s) texto(s) for(em) publicado(s). d. The Journal of Health Research does not pay theauthor(s) of article(s) edited by it, however, the journal will send two issues where his/her/their text(s) was/were published. e. Não serão publicados artigos que atentem contra a ética profissional, que contenham termos ou idéias preconceituosas ou que exprimam pontos de vista incompatíveis com a filosofia de trabalho do Conselho Editorial e da política da revista. f. Os conceitos, opiniões e demais informações contidos nos textos, e publicados na Revista de Pesquisa em Saúde/ Journal of Health Research, são de inteira responsabilidade do(s) autor (es). 1. Categorias das seções Para fins de publicação, a Revista de Pesquisa em Saúde/ Journal of Health Research, publica nas seguintes seções: editorial, artigos originais, artigos de revisão e atualização, relatos de caso, relatos de experiência, comunicações breves e relatórios técnicos elaborados por profissionais da área da saúde e afins, redigidos em português ou inglês. Em cada número, se aceitará a submissão de, no máximo, dois manuscritos por autor. 1.1 Editorial: de responsabilidade do corpo editorial da revista, que poderá convidar autoridade para redigi-lo. 1.2 Artigos originais: devem relatar pesquisas originais que não tenham sido publicadas ou consideradas para publicação em outros periódicos. Produção resultante de pesquisa de natureza empírica, experimental, documental ou conceitual com resultados que agreguem valores ao campo científico e e. The articles that do not follow the professional ethics, as well as those that show prejudice ideas or express incompatible viewpoints with the journal’s policy and editorial board philosophy towards work, will not be published. f. The concepts, opinions and other information within the texts, and published in the Journal of Heath Research are of entire responsibility of author(s). 1.Categories of sections For publication purposes, the Journal of Health Research publishes in the following sections: original, review and update articles, case and experience reports, editorial, short communications and technical reports. The manuscripts must be written in portuguese or english and elaborated by professionals of health or related areas. In each issue number the Journal will accept up to two manuscripts for submission by each author. 1.1 Editorial: the Journal editorial body is responsible by this type of submission. The Journal may invite an expert to prepare it. 1.2 Original article: should report original research that has not been previously published or considered for publication in other journals. It is a manuscript that was resulted of empirical, experimental, documental or conceptual research and which may add values to the science field and practice of many health areas. It should contain in its structure: resumo, 85 prático das diversas áreas da saúde. Deve conter na estrutura: resumo, abstract, introdução, métodos, resultados, discussão e referências (máximo de 6.000 palavras e cinco ilustrações). 1.3 Artigos de Revisão e Atualização: destinados a apresentação de conhecimentos disponíveis baseados numa avaliação crítica, científica, sistemática e pertinente de um determinado tema (resumo estruturado de até 250 palavras, máximo de 5.000 palavras, cinco ilustrações), e não apenas revisão de literatura, e até três autores. Mesma formatação do artigo original. 1.4 Relatos de Casos: devem ser relatos breves de casos relevantes para divulgação científica com extensão máxima de 1.500 palavras, com máximo de 3 ilustrações (tabelas e figuras), até quinze referências. Colocar no corpo do manuscrito os tópicos: introdução, relato de caso, discussão e referências. Permitido-se máximo três autores. abstract, introduction, methods, results, discussion, conclusion and references (up to 6,000 words and five illustrations). 1.3 Review and update articles: have as an aim the presentation of available knowledge based on critical, scientific, systematic and relevant assessment of a particular subject (abstract of up to 250 words, maximum of 5,000 words, five illustrations), they should not only be a literature review and should be conducted of up to three authors. Same format of the original article. 1.4 Case reports: relevant brief reports that should be important to scientific publishing, with maximum of 1,500 words and three illustrations (tables and figures), up to ten references. Devide your manuscript into sections: introduction, case report, discussion and references. It is allowed up to three authors. 1.5 Comunicações Breves: devem ser relatos sobre novos resultados, interessante dentro da área de abrangência da revista. Observação clínica original, ou descrição de inovações técnicas, apresentadas de maneira breve, não excedendo a 1.700 palavras. Não colocar no corpo do manuscrito os tópicos: introdução, métodos, resultados, discussão e conclusões. Máximo três ilustrações e até quinze referências. 1.5 Short communications: should be reports about new results and interesting for the knowledge area of the journal. Original clinical observation or description of technical innovations which should be presented briefly without exceeding 1,700 words. Do not include in the body of the manuscript the items: introduction, methods, results, discussion and conclusions. Maximum of three illustrations and up to fifteen references. 1.6 Relato de Experiência: descrição de experiências acadêmicas, assistenciais e de extensão. A relevância de um relato de experiência está na pertinência e importância dos problemas que nele se expõem, assim como o nível de generalização na aplicação de procedimentos ou de resultados da intervenção em outras situações similares, ou seja, serve como uma colaboração à práxis metodológica. Formato de artigos originais. 1.6 Experience Report: description of academic, assistance, and extension experiences. The relevance of an experience report is the relation and importance of problems that are shown by it, as well as the level of generalization in the procedures application and results of interventions in other similar situations, in other words, it serves as collaboration to the methodological praxis. Format of original articles. 1.7 Relatórios Técnicos: devem ser precisos e relatar os resultados e recomendações de uma reunião de experts. Será considerado no formato de um editorial. 2. Forma e Estilo 2.1 Os artigos devem ser concisos e redigidos em português ou Inglês. As abreviações devem ser limitadas aos termos mencionados repetitivamente, desde que não alterem o entendimento do texto, e devem ser definidas a partir da sua primeira utilização. Cada parte do artigo deve ser impressa em páginas separadas na seguinte ordem: 1) Página de Títulos; 2) Resumo e Palavras-chave; 3) Abstract e Keywords; 4) Texto; 5) Referências; 6) E-mail, para a correspondência; 7) Ilustrações e legendas; 8) Tabelas; 9) Outras informações. 2.2 Os manuscritos dever ter as referências elaboradas de acordo com as orientações do International Committee of Medical Journal Editors Vancouver Group (www.icmje.org), e do International Committee of Medical Journal Editors Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: sample references (http://www.nlm.nih.gov/bsd/ uniform_requirements.html. 2.3 O manuscrito deve ser preparado usando software padrão de processamento de texto e deve ser impresso (fonte arial, tamanho 12) com espaço duplo em todo o texto, legendas para as figuras e referências, margens com pelo menos três cm. Abreviações devem ser usadas com moderação. 1.7 Technical Reports: should be accurate and report results and recommendations of an assembly of experts. It will be considered in an editorial format. 2 Format and Style 2.1 The articles should be concise and written in Portuguese or English. Abbreviations should be limited to the terms mentioned repeatedly. The spelled-out abbreviation followed by the abbreviation in parenthesis should be used on first mention. The abbreviation should be used unless it will not alter the text comprehension. Each part of the article should be printed on separate pages in the following order: 1) Titles Page, 2) Resumo and Descritores, 3) Abstract and Keywords; 4) Text, 5) References, 6) e-mail for correspondence, 7) Illustrations and captions, 8) Tables, 9) Other information. 2.2 The references of manuscripts should follow the norms established by the International Committee of Medical Journal Editors Vancouver Group (www.icmje.org) and the International Committee of Medical Journal Editors Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: sample references (http://www.nlm.nih.gov/bsd/ uniform_requirements.html). 2.3 The manuscript should be prepared using standard word processing software and should be printed (arial, font size 12) double-spaced throughout the text, figures captions, and references, with margins of at least 3cm. Abbreviations should be used sparingly. 3. Organização dos manuscritos 3. Manuscripts structure 3.1 Página de Título: página não numerada, contendo o título do artigo em português (digitada em caixa alta e em negrito com no máximo 15 palavras), inglês (somente em caixa alta). Nome completo dos autores digitados em espaço duplo na margem direita da página indicando em nota de rodapé a titulação do (s) autor (es) e instituição (es) de vinculo (s) e endereço para correspondência: nome do autor responsável e e-mail. 86 3.1 Title Page: not numbered, containing the title of the article in Portuguese (typed in capital letters and boldface with a maximum of 15 words), English (only with capital letters), authors’ full name typed in double-spaced on the right margin of the page, and a footnote indicating the title of author (s) and institution(s) to which they are affiliated and his/her/their correspondence address (es): name of the corresponding author and email. 3.2 Resumo: deve conter no máximo 250 palavras, em caso de Artigo Original e Atualização, e 100 para Relatos de Casos, Comunicações Breves e Relato de Experiência. Devem ser estruturados, contendo introdução, objetivo(s), métodos, resultado(s) e conclusão (es). 3.3 As palavras-chaves: e seus respectivos Key Words devem ser descritores existentes no DeCS-Bireme (http:// decs.bvs.br). 3.4 Introdução: deve indicar o objetivo do trabalho e a hipótese formulada. Informações que situem o problema na literatura e suscitem o interesse do leitor podem ser mencionadas. Devem-se evitar extensas revisões bibliográficas, histórico, bases anatômicas e excesso de nomes de autores. 3.5 Ética: toda pesquisa que envolve seres humanos e animais deve ter aprovação prévia da Comissão de Ética em Pesquisa, de acordo com as recomendações da Declaração de Helsinki e as Normas Internacionais de Proteção aos Animais e a resolução nº 196/96 do Ministério da Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos. O artigo deve ser encaminhado juntamente com o parecer do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). 3.2 Abstract: should not exceed two hundred words for original or update article, and a hundred for Case reports, Short communications and Experience report. It should be structured with the objective, material and methods, results and the conclusions. Note: when the article is written in English the abstract must come before the resumo. 3.3 Keywords: should be used descriptors from the DeCSBIREME (http://decs.bvs.br). 3.4 Introduction: should provide the objective of the study and a formatted hypothesis. Information which indentifies the problem in the literature and draws the reader's interest may be mentioned. Detailed literature reviews, natural history, anatomical basis and excessive number of authors should be avoided. 3.5 Ethics: any research involving experiments on humans and animals must have a prior approval from the Research Ethics Committee, according to the Helsinki Declaration, International Animal Protection and Resolution n°196/96 of the Ministry of Health about research involving humans. The article should be addressed along with the opinion of the Committee of Ethics in Research (CEP). 3.6 Métodos: o texto deve ser preciso, mas breve, evitando-se extensas descrições de procedimentos usuais. É necessário identificar precisamente todas as drogas, aparelhos, fios, substâncias químicas, métodos de dosagem, etc., mas não se deve utilizar nomes comerciais, nomes ou iniciais de pacientes, nem seus números de registro no Hospital. A descrição do método deve possibilitar a reprodução dos mesmos por outros autores. Técnicas-padrões precisam apenas ser citadas. 3.6 Methods: the text should be accurate although brief, avoiding extensive descriptions of usual procedures. It is necessary to precisely identify all drugs, devices, wires, chemicals, methods of measurement and so on. Do not use trade names, patient initials or names, or their hospital registration numbers. The method description should enable its reproduction by others. Standard techniques need only be cited. 3.7 Resultados: devem ser apresentados em sequência lógica no texto, e exclusivamente neste item, de maneira concisa, fazendo, quando necessário, referências apropriadas a tabelas que sintetizem achados experimentais ou figuras que ilustrem pontos importantes. O relato da informação deve ser conciso e impessoal. Não fazer comentários nesta sessão, reservandoos para o capitulo Discussão. 3.7 Results: should be presented in logical sequence in the text. Only in this item, when necessary, and in a concise manner, appropriate references should be done to tables that summarize experimental findings or figures that illustrate important points. The information report must be concise and impersonal. Do not make comments on this section. All comments must be reserved for the Discussion chapter. 3.8 Discussão: deve incluir os principais achados, a validade e o significado do trabalho, correlacionando-o com outras publicações sobre o assunto. Deve ser clara e sucinta evitandose extensa revisão da literatura, bem como hipóteses e generalizações sem suporte nos dados obtidos no trabalho. Neste item devem ser incluída(s) a(s) conclusão(es) do trabalho. 3.8 Discussion: should include main findings, the validity and meaning of the work, correlating it with other publications about the subject. It should be clear and concise by avoiding detailed literature review as well as hypothesis and generalizations without support from data obtained in the study. In this item should be included the conclusions. 3.9 Referências: devem ser numeradas consecutivamente, na medida em que aparecem no texto. Listar todos os autores quando houver até seis. Para sete ou mais, listar os seis primeiros, seguido por “et al”. Digitar a lista de referência com espaçamento duplo em folha separada. Citações no texto devem ser feitas pelo respectivo número das referências, acima da palavra correspondente, separado por vírgula (Ex.: inteligência 2, 3, 4,.). As referências citadas deverão ser listadas ao final do artigo, em ordem numérica, seguindo as normas gerais dos Requisitos Uniformes para Manuscritos Apresentados a Periódicos Biomédicos (http://www.hlm.nih. gov/citingmedicine/). Os títulos dos periódicos devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no “Index medicus” (Consulte: http://ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?db=journal& TabCmd=limits). 3.9 References: should be numbered consecutively according to the order in which they are mentioned in the text. All authors should be mentioned when up to six. When there are more than six authors, you should list all the six authors followed by “et al”. The list of references should be typed double-spaced and on a separate page. Citations in the text should be made by the respective number of references, above the corresponding word and separated by comma (e.g.: Knowledge 2, 3, 4,). All cited references should be listed at the end of the article in numerical order, following the general rules of the Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals (http://www.nlm.nih.gov/citingmedicine /). The titles of journals should be abbreviated according to the style used in "Index medicus" (http://ncbi.nlm.nih.gov/ sites/entrez?= journal&db=TabCmd=limits). - Todas as referências devem ser apresentadas de modo correto e completo. A veracidade das informações contidas na lista de referências é de responsabilidade do(s) autor(es). - All references must be presented in a correct and complete manner. The veracity of the information contained in the list of references is of author(s)’s responsibility. - No caso de usar algum software de gerenciamento de referências bibliográficas (Ex. EndNote®), o(s) autor(es) deverá(ão) converter as referências para texto. - When using a reference management software (e.g. EndNote®), the author(s) must convert the references to text. 4. Fontes de financiamento 4. Funding sources 87 4.1 Os autores devem declarar todas as fontes de financiamento ou suporte, institucional ou privado, para a realização do estudo. 4.2 Fornecedores de materiais ou equipamentos, gratuitos ou com descontos também devem ser descritos como fontes de financiamento, incluindo a origem (cidade, estado e país). 4.3 No caso de estudos realizados sem recursos financeiros institucionais e/ou privados, os autores devem declarar que a pesquisa não recebeu financiamento para a sua realização. 4.1 The authors must declare all sources of funding or support, institutional or private, used to perform the study. 4.2 Suppliers of materials or equipments free or with discount, must also be described as sources of funding, including the origin (city, state and country). 4.3 Authors with studies without institutional or private financial resources must state that the research did not receive funding for its implementation. 5. Conflict of interest 5. Conflito de interesses 5.1 Os autores devem informar qualquer potencial conflito de interesse, incluindo interesses políticos e/ou financeiros associados a patentes ou propriedade, provisão de materiais e/ou insumos e equipamentos utilizados no estudo pelos fabricantes. 6.Colaboradores 6.1 Devem ser especificadas quais foram as contribuições individuais de cada autor na elaboração do artigo. 6.2 Lembramos que os critérios de autoria devem basearse nas deliberações do Internacional Commitee of Medical Journal Editors, que determina o seguinte: o reconhecimento da autoria deve estar baseado em contribuição substancial relacionada aos seguintes aspectos: 1.Concepção e projeto ou análise e interpretação dos dados; 2. Redação do artigo ou revisão crítica relevante do conteúdo intelectual; 3. Aprovação final da versão a ser publicada. Essas três condições devem ser integralmente atendidas. 7.Agradecimentos 7.1 Possíveis menções em agradecimentos incluem instituições que de alguma forma possibilitaram a realização da pesquisa e/ou pessoas que colaboraram com o estudo, mas que não preencheram os critérios para serem co-autores. 8. Envio e submissão Os artigos deverão ser entregues em cópia impressa e um CD na Diretoria Adjunta de Ensino, Pesquisa e Extensão, localizada no 4º andar da Unidade Presidente Dutra (HUUPD) - Rua Barão de Itapary, 227 - Centro. CEP.: 65020-070, São Luís-MA. Brasil. Telefone para contato: (98) 2109-1242, ou encaminhados por meio do e-mail: [email protected]. 5.1 Authors are requested to disclose any potential conflict of interest, including political and/or financial interests associated with patents or property, materials and / or supplies provision and equipments used in the study by manufacturers. 6. Collaborators 6.1 It should be specified the individual contributions of each author in the preparation of the article. 6.2 We remind you that the criteria for authorship should be based on the deliberations of the International Committee of Medical Journal Editors that states the following: recognition of authorship should be based on substantial contributions to: 1. Conception and design or analysis and interpretation of data, 2. Article preparation or critical review of intellectual content; 3. Final approval of the version to be published. These three conditions must be fully met. 7. Acknowledgments 7.1 Possible acknowledgments include institutions that somehow provided help for the research and / or people who collaborated with the study, but that did not meet the criteria for co-authors. 8. Sending the submission Articles should be delivered as an impressed copy and on a CD in the Adjunct Directory of Teaching, Research and Extention, located on the 4th floor of the President Dutra Unit (HUUPD) - Rua Barão de Itapary, 227 - Centro. CEP.: 65020070, São Luís, MA. Brazil. Phone: +55 (98) 2109-1242, or it may be sent via e-mail: [email protected]. 9. Examples of reference styles: 9. Exemplos de formas de referências: 9.1 Em Revista: Autor. Título do artigo. Título da Revista (itálico). Ano; volume (número): páginas. Jordan PH, Thonrby J. Twenty years after parietall cell vagotomy antrectomy for treatment of duodenal ulcer. Ann Surg, 1994; 220(3): 283-296. 9.2 Em Livro: Autor. Título (itálico). Edição. Local de Publicação: Editora; ano da publicação. Bogossian L. Choque séptico: recentes avanços de fisiopatologia e do tratamento. 2 ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 1992. 9.3 Em Capitulo de Livro: Autor do capítulo. Título do capítulo (Itálico). In: Autor do livro. Título do livro. Edição. Local de publicação: Editora; ano de publicação; páginas. Barroso FL, Souza JAG. Perfurações pépticas gástricas e duodenais. In Barroso FL, Vieira OM, editores. Abdome agudo não traumático: Novas propostas. 2. Ed. Rio de Janeiro: Robe; 1995. p. 201- 220. 9.4 Em Monografia/Dissertação/Tese. Autor. Título (Itálico) [Dissertação]. Local (Estado): Universidade; Ano; Páginas. Chinelli A. Colecistectomia laparoscópica: estudo de 35 casos. [Dissertação]. Niterói (RJ): Universidade Federal Fluminense; 1992. 71 p. 88 9.1 Journal: Author. Article title. Journal title (italics). year; volume (number): pages. Jordan PH, Thonrby J. Twenty years after vagotomy antrectomy parietall cell for treatment of duodenal ulcer. Ann Surg, 1994; 220 (3): 283-296. 9.2 Book: Author. Title (italics). Edition. Place of Publication: Publisher; year of publication. Bogossian L. Choque séptico: recentes avanços de fisiopatologia e do tratamento. 2 ed. Rio de Janeiro: Atheneu; 1992. 9.3 Chapter in Book: Author of the chapter. Chapter title (italics). In: Author of the book. Title of book. Edition. Place of publication: Publisher; year of publication; pages. Barroso FL, Souza JAG. Perfurações pépticas gástricas e duodenais. In Barroso FL, Vieira OM, editors. Abdome agudo não traumático: Novas propostas. 2. ed. Rio de Janeiro: Robe; 1995. p. 201-220. 9.4 Monograph/Dissertation / Thesis. Author. Title (italic) [Dissertation]. Place (State): University; Year; pages. Chinelli A. Colecistectomia laparoscópica: estudo de 35 casos. [Dissertation]. Niterói (RJ): Universidade Federal Fluminense; 1992. 71 p. 9.5 Em Material eletrônico: 9.5 Electronic Material: I. Artigo: Autor. Título do artigo. Título do periódico [Tipo de material] Ano Mês [capturado ano mês dia]; volume (número); [número de telas] Disponível em: endereço eletrônico. Morse SS. Factors in the emergence of Infectious Diseases. Emerg I infect diseases [serial online] 1995 Jan/mar [capturado 1996 jun 5]; 2 (2): [24 telas] Disponível em: http://www.cdc.gov/ ncidod/EID/eid.htm. I. Article: Author. Article title. Journal Title [Type of material] year month [cited year month day]; volume (number); [number of screens] Available from: electronic address. Morse SS. Factors in the emergence of Infectious Diseases. I Emerg infect diseases [serial online] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5]; 2 (2): [24 screens] Available at: http://www.cdc.gov/ncidod/ EID/eid.htm. II. Arquivo de Computador: Título [tipo de arquivo]. Versão. Local (Estado) Editora; ano. Descrição Física da mídia. Hemodynamics III: The ups and downs of hemodynamics [computer program]. Version 2.2 Orlando (FL): Computerezid Educational Systems; 1993. II. Computer File: Title [File Type]. Version. Place (State) Publisher; year. Descrição Física da mídia. Hemodynamics III: The ups and downs of hemodynamics [computer program]. Version 2.2 Orlando (FL): Computerezid Educational Systems; 1993. III. Monografia em formato eletrônico: Título [tipo de material], Responsável. Editor. Edição. Versão. Local: Editora; ano: CDI, Clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM]. Reeves JTR, Mailbach H. CMEA Multimedia Group, producers. 2nd ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1965. Notas: Todas as notas do título, dos autores ou do texto devem ser indicadas por algarismos arábicos, e ser impressas em páginas separadas, espaço simples. III. Monograph in electronic format: Title [type of material], Responsible. Editor. Edition. Version. Place: Publisher; year: CDI, Clinical dermatology illustrated [monograph on CD-ROM]. Reeves JTR, Mailbach H. CMEA Multimedia Group, producers. 2nd ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1965. IV. CD-Rom, DVD: Autor(es). Título [tipo do material]. Cidade de publicação: produtora; ano. Anderson SC, Poulsen KB. Anderson's electronic atlas of hematology [CD-ROM]. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2002. 9.6 Em Anais de Congresso: Autor(es) do trabalho. Título do trabalho (itálico). Título do evento; data do evento; local e cidade do evento; editora; ano de publicação. Christensen S, Oppacher F. An analysis of Koza's computational effort statistic for genetic programming. In: Foster JA, Lutton E, Miller J, Ryan C, Tettamanzi AG, editores. Genetic programming. EuroGP 2002: Proceedings of the 5th European Conference on Genetic Programming; 2002 Apr 3-5; Kinsdale, Ireland. Berlin: Springer; 2002. p. 182-91. 9.7 Em Artigo de Jornal: Autor do artigo. Título do artigo (itálico). Nome do jornal. Data; Seção: página (coluna). Tynan T. Medical improvements lower homicide rate: study sees drop in assault rate. The Washington Post. 2002 Aug 12; Sect. A: 2 (col. 4). 10 Tabelas Devem ser numeradas com algarismos arábicos encabeçadas por suas legendas e explicações dos símbolos no rodapé e digitadas separadamente, uma por página. Cite as tabelas no texto em ordem numérica incluindo apenas dados necessários à compreensão de pontos importantes do texto. Os dados apresentados em tabelas não devem ser repetidos em gráficos. A montagem das tabelas deve seguir as Normas de Apresentação Tabular, estabelecidas pelo Conselho Nacional de Estatísticas (Rev. Bras. Est., 24: 42-60, 1963. As tabelas deverão ser elaboradas no programa Microsoft Word). 11 Ilustrações São fotografias (boa resolução mínimo de 300 dpi, no formato TIFF), mapas e ilustrações (devem ser vetorizadas ou seja desenhada utilizando os sotwares CorelDraw ou Ilustrator em alta resolução, e suas dimensões não devem ter mais que 21,5x28,0cm) gráficos, desenhos, etc., que não devem ser escaneadas e de preferência em preto e branco, medindo 127mm x 178mm. As ilustrações, em branco e preto serão reproduzidas sem ônus para o(s) autor(es), mas lembramos que devido o seu alto custo para a Revista, devem ser limitadas a 5 (cinco) entre tabelas e figuras para artigos originais e 3 (três) para relatos de casos, e utilizadas quando estritamente necessárias. Todas as figuras devem ser referidas no texto, sendo numeradas consecutivamente por algarismo arábico. Cada figura deve ser acompanhada de uma legenda que a IV. CD-Rom, DVD: Author (s). Title [type of material]. City of publication: producer; year. Anderson SC, Poulsen KB. Anderson's electronic atlas of hematology [CD-ROM]. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2002. 9.6 Proceedings of Congresses: Author (s) of the work. Title of the work (italics). Title of event; event date; venue and city of event; publisher; year of publication. Christensen S, Oppacher F. An analysis of Koza's computational effort statistic for genetic programming. In: Foster JA, Lutton E, Miller J, Ryan C, Tettamanzi AG, editors. Genetic programming. EuroGP 2002: Proceedings of the 5th European Conference on Genetic Programming; 2002 Apr 3-5; Kinsdale, Ireland. Berlin: Springer; 2002. p. 182-91. 9.7 Journal article: Author of the article. Article title (italics). Name of the newspaper. Date; Section: Page (column). Tynan T. Medical improvements lower homicide rate: study sections drop in assault rate. The Washington Post. 2002 Aug 12; Sect. A: 2 (col. 4). 10 Tables They should be numbered with Arabic numerals, explained by captions, with explanations of symbols in the footnote and prepared separately, one per page. Cite the tables in the text in numerical order including only data needed to understand important points. The data presented in tables should not be repeated in graphs. The preparation of tables should follow the Tabular Presentation Guidelines established by the National Statistics Council (Rev. Bras. Est., 24: 42-60, 1963. The tables should be prepared in Microsoft Word software). 11 Illustrations They are photographs (good minimum resolution of 300 dpi, in TIFF format), maps and illustrations (vector illustrations, in other words, to be drawn using Illustrator or CorelDraw sotwares at high resolution, in black and white, and the dimensions must be no more than 21.5 x28. 0cm), graphics, drawings, and so on. They should not be scanned and should be preferably in black and white, measuring 127mm x 178mm. The illustrations in black and white will be reproduced at no charge for the author (s). Remember that because of the high cost for the Journal it should be provided up to five (5) illustrations between tables and figures for original articles and 3 (three) for case reports, using only when strictly necessary. All figures must be mentioned in the text, numbered consecutively in Arabic numerals. Each figure must be accompanied by a caption that makes it clear without reference to the text. The illustrations must be identified on 89 torne inteligível sem referencia ao texto. Deve ser identificada no verso, por meio de uma etiqueta, com o nome do autor e numeração para orientação. Os desenhos e gráficos podem ser feitos em papel vegetal com tinta nanquim, sendo as letras desenhadas com normógrafo ou sob forma de letra “set” montadas, ou ainda, utilizando impressora jato de tinta ou laser, com boa qualidade, e nunca manuscritas. Obs: Todas as notas do título, dos autores ou do texto devem ser indicadas por algarismos arábicos, e ser impressa em páginas separadas. 90 the back using a label, with the author's name, and numbered for better identification. The drawings and graphs may be made on tracing paper with nankeen ink, with the letters being drawn with a stencil or letter template set, or still, using inkjet or laser printer, with good quality, and not handwritten. Please Note: All notes of the title, author or text should be indicated by Arabic numerals, and printed on separate pages. © 1995 Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research v.12 n.3 set-dez/2011 ISSN 2179-6238 EDITORIAL 9 Contribuição da Revista de Pesquisa em Saúde / Journal of Health Research do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, no cenário científico Arlene de Jesus Mendes Caldas ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE 11 Perfil sistêmico de pacientes periodontais: estudo retrospectivo 2006 a 2009 Systemic conditions in patients with periodontal disease: a retrospective study 2006-2009 José Cláudio Freire Junior, Fernanda Ferreira Lopes, Antônio Luiz Amaral Pereira, Cláudia Maria Coelho Alves e Adriana de Fátima Vasconcelos Pereira 16 Perfil sociodemográfico e nutricional de servidores em período de pré-aposentadoria Sociodemographic and nutritional profile of public servants in the pre-retirement period Alessandra Gaspar Sousa, Carolina Abreu de Carvalho, Poliana Cristina de Almeida Fonsêca e Soraia Pinheiro Machado 22 Comunicação em saúde: conhecimento de risco relacionado ao procedimento de diagnóstico por imagem Health communication: knowledge about the risks related to the procedure of diagnostic imaging Pedro Germano Nobre Neto e Gisela Maria Santos Ferreira de Sousa 28 Caracterização térmica de compósitos dentais e sua importância nas propriedades mecânicas Thermal characterization of dental composites and its importance in the mechanical properties Ivone Lima Santana, Danilo Augusto Paiva Pacheco, Felipe Leonardo Gomes Leite de Carvalho, Carolina Carramilo Raposo e Aluísio Alves Cabral Júnior 32 Características de portadores de hepatites B e C em tratamento hemodialítico e comorbidades associadas Characteristics of patients with hepatitis B and C in hemodialysis and comorbidities Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa, Lena Maria Barros Fonseca, Rubenice Amaral da Silva, Fernando José Brito Patrício, Glaucia Oliveira Lima e Ana Lúcia Abreu Silva ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW ARTICLE 37 Modelos assistenciais em saúde bucal no Brasil: revisão de literatura Assistance models in oral health in Brazil: Literature review Elza Bernardes Ferreira, Thalita Queiroz Abreu e Ana Emília Figueiredo de Oliveira 43 Protocolo de atendimento do paciente com estomatite protética na atenção básica Primary care for patients with denture stomatitis Samantha Ariadne Alves de Freitas, Aretha Lorena Fonseca Cantanhede, Juliana de Kássia Braga Fernandes e Frederico Silva de Freitas Fernandes RESUMOS / ABSTRACTS 49 9ª Conferência sobre a Prevenção da Doença Renal em Populações Desfavorecidas na América do Sul e Caribe e do 7º Encontro Brasileiro de Prevenção da Doença Renal Crônica - novembro de 2011, São Luís - MA NOTAS REDATORIAIS / NOTES TO AUTHORS