FUNÇÕES DA LITERATURA E OBJETIVOS DO ENSINO DE LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E SERIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Vanessa Janete Drescher FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A leitura é uma atividade indispensável para a formação do indivíduo, é fonte de informação, de conhecimento e de aprendizado, além de ser uma atividade fundamental na formação cultural das pessoas, de lazer, benéfica à saúde mental e de promoção das descobertas no mundo. Segundo Brasil (1997), a leitura tem como finalidade a formação de leitores competentes, sendo estes capazes de, por iniciativa própria, selecionar dentre vários trechos que circulam socialmente, aqueles que atendam a sua necessidade no momento. O leitor também deve compreender o que lê, sendo capaz de aprender a ler também o que não está escrito e, com isto, identificar elementos implícitos, nos quais estabeleçam relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; ter consciência de que um texto pode ser interpretado de diferentes formas, dependendo da visão e conhecimento que cada indivíduo. O trabalho com a leitura tem a finalidade não só de formar leitores competentes, mas também formar escritores sendo estes capazes de produzir textos com eficácia. Não se trata apenas de extrair da informação escrita, letra por letra ou palavra por palavra, e sim, a compreensão na qual os sentidos começam a ser constituídos antes da leitura propriamente dita. Neste contexto, Brasil (1997, p.53) afirma que “qualquer leitor experiente que consiga analisar sua própria leitura, conseguirá constatar que a decodificação é apenas um dos procedimentos que o leitor utiliza quando lê”. Com isto, a leitura fluente envolve muitas outras estratégias como seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não são possíveis com rapidez e proficiência. A utilização desses procedimentos permite controlar o que vai sendo lido e permite tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, arriscando-se diante do desconhecido, buscando no texto a comprovação das suposições. De acordo com Brasil (1997), para tornar os alunos leitores — para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler requer esforço. Nesta perspectiva, a escola precisa mostrar aos alunos que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que se conquistado plenamente dará autonomia e independência. Formar leitores é algo que requer, portanto, condições favoráveis para a prática de leitura, que não se restrinjam apenas aos recursos materiais, pois, na verdade, o uso que se faz dos livros e demais materiais impressos é o aspecto mais determinante para o desenvolvimento da prática e do gosto pela leitura. A leitura de história é um momento em que as crianças passam a viver, pensar, agir e interpretar o universo de valores e comportamentos com outras culturas. Neste sentido, exige-se dos profissionais que atuam no processo aprendizagem, criticidade, criatividade, reflexão com capacidade de pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em equipe e de se conhecer como indivíduo. Para este desenvolvimento Brasil (1997, p.58) descreve algumas condições: • dispor de uma boa biblioteca na escola; • dispor de um acervo de livros de classe e outros materiais de leitura; • organizar momentos de leitura livre [.....]; • planejar as atividades diárias de leitura [....]; • oportunizar aos alunos a escolha de suas leituras [.....]; • possibilitar aos alunos o empréstimo de livros na escola [.....]; • construir na escola uma política de formação de leitores nos quais todos possam contribuir com sugestões. Brasil (1997) relata-nos que são necessárias propostas didáticas orientadas no sentido de formar leitores, apresentando algumas sugestões para o trabalho com os alunos, que podem servir de referência para a criação de outras propostas. Neste sentido, propõe: leitura diária, leitura colaborativa, projetos de leitura, atividades seqüenciadas de leitura, atividades permanentes de leitura, leitura feita pelo professor. Enfim, “uma prática intensa de leitura na escola é, sobretudo, necessária, porque ler ensina a ler e a escrever” (BRASIL, 1997, p.65). Num primeiro momento cabe limitar o sentido de literatura e, por extensão, de literatura infantil. Sabemos que o termo literatura aplicado para distinguir e classificar textos de escrita imaginativa foi empregado a parti do século XVIII, com sentido semelhante a que atribuímos hoje. 2 As pessoas geralmente entendem literatura como aquilo que esta em livro que tem caráter de historia inventada ou de texto para ser declamado com sons parecidos ao final das linhas (rimas). O objetivo comum é de formar cidadãos críticos e leitores. Uma primeira perspectiva sobre essas funções nasce de uma publicação pioneira no Brasil que trata do estimulo à leitura, da obra de Richard Bamberger, cujo pensamento das funções da leitura é: Leitura informativa – a informação merece mais confiança do que a oral. Leitura escapista – necessidade de satisfazer desejos. Leitura literária – uma busca alem da realidade, procura significado interno, o reconhecimento do simbólico nos acontecimentos cotidianos. Leitura cognitiva – anseio do conhecimento e da compreensão de si mesmo, dos outros e do mundo. É possível verificar como essas funções podem ser detectadas em diversos comportamentos docentes e discentes. Não se trata de uma hierarquia de valor, todas essas funções cumprem o papel de formar leitores e de atender à natureza dos textos escritos, com os quais a escola trabalha. Outro modo de tratar essas funções, comentando sua importância no trabalho docente e suas implicações metodológicas. Em principio sintetizamos as funções da literatura em três vertentes: da abrangência, da relação comunicativa e a dos objetivos da formação de leitores. Quanto à abrangência: Individual ou social; Privado ou publico; Quanto à relação entre autor, mensagem e leitor: Informar; Educar; Entreter; Persuadir; Expressar uma opinião ou idéia; Quanto aos objetivos da formação de leitores: Experiências pessoais; A aprendizagem e o conhecimento como fonte de prazer; O prazer da leitura sem compromisso; A construção do leitor critico; 3 Agora explicaremos detalhadamente cada assunto. Quanto à abrangência individual ou social, a literatura infantil, considerada enquanto dialogo entre dois seres, o autor e o leitor, estabelece no primeiro momento um contato geralmente silencioso em solidão. É o momento de encontro do leitor como o livro, em que ele decifra, compreende e interpreta as palavras do autor. A literatura tem uma profunda característica social, a linguagem sempre pressupõe o contato e a interação entre criador e produtor do texto e os receptores, a literatura trata de assuntos e temas humanos, isto é, que tem relação com a vida humana (sentimentos, afetos, temores, desejos, vivencias), mesmo que apresente personagens sob forma de animais ou objetos, pois eles representam sempre a compreensão do ser humano sobre a realidade. A literatura tem caráter privado quando diz respeito ao acesso pessoal, seja na compra, seja na manutenção de acervo, seja na leitura do individuo. É uma etapa importante na valorização e no acesso a esse tipo de arte. Quanto à relação entre autor, texto e leitor, informar seria então comunicar informação nova ou importante com clareza, exatidão e rapidez. A informação pode consistir em fatos, nomes, datas, entre outros. Educar seria ensinar, treinar ou explicar uma técnica simples, seria incrementar de uma maneira ordenada e gradual o conhecimento do leitor com respeito a um tema ou processo complicado. Entreter seria então divertir ou proporcionar prazer, o que seria proveniente da vista, do ouvido, da mente, a mensagem pode ser cômica, trágica, misteriosa, fantástica, musical, dramática. Persuadir seria convencer o leitor para que atue ou reaja de uma determinada maneira, como por exemplo, unir-se a um grupo, comprar um produto, abandonar um hábito, entre outros. Expressar um idéia seria expor as opiniões, as idéias, as descobertas e as emoções do emissor da mensagem. Quanto aos objetivos de formação de leitores, para Vygotsky, é a linguagem que ajuda a criança a direcionar o pensamento, ou seja, uma criança que fala pouco, que não desenha ou utiliza outro tipo de linguagem não tem os pensamentos bem organizados, por isso é importante que ela tenha ajuda para desenvolver esses estímulos. A literatura enquanto forma de conhecimento é aquela que assume um papel informativo e que abre as portas do saber, propicia o acesso ao conhecimento, traz informações, para a vida pratica, num processo sem fim. 4 Jorge Larrosa comenta essa função: “se lemos para adquirir conhecimento, depois da leitura sabemos algo que antes não tínhamos, mas nos somos os mesmos que antes, nada nos modificou. E isso não tem a ver com conhecimento, senão o modo pelo qual o definimos. A literatura com finalidade utilitária constrói no entendimento das crianças a noção de que ler é buscar confirmações do já percebido, é reafirmar, reproduzir sem participar. Atualmente, de acordo com Oliveira (1996), muito se tem discutido sobre a importância da literatura infantil na vida da criança. As crianças começam a formar sua leitura de mundo e despertar para rabiscos, traços e desenhos desde muito cedo, conforme as oportunidades que lhes são oferecidas. O meio no qual a criança vive, ou seja, a oportunidade oferecida tanto pela família como pela escola com os livros de literatura infantil, na idade pré-escolar, muito contribuem para seu desenvolvimento. Uma criança que desde cedo escuta estórias contadas por seus pais, certamente, será um adulto leitor acostumado ao hábito de leitura, terá prazer em ler, sua imaginação e criatividade são estimuladas a expressar idéias. Cabe ressaltar que a literatura infantil oportuniza situações, nas quais as crianças possam interagir em seu processo de construção do conhecimento possibilitando, assim, o seu desenvolvimento e aprendizagem. O universo da leitura não deve ser compreendido somente como recurso à alfabetização, mas, também, como um instrumento que permite a interpretação, a compreensão daquilo que se lê. Sendo assim, torna-se necessário oferecer às crianças, oportunidades de leitura de forma convidativa e prazerosa. E é nesse sentido, que a literatura infantil desempenha um importante papel: o de conduzir as crianças não só à aprendizagem contribuindo para uma escrita sistematizada (como é o caso das fábulas), mas, também oportunizar o desenvolvimento da reflexão e criticidade no aluno, além de permitir que se realize a leitura com fruição, isto é que se sinta prazer ao estar lendo. A literatura infantil possibilita, ainda, que as crianças consigam redigir melhor desenvolvendo sua criatividade, pois, o ato de ler e o ato de escrever estão intimamente ligados. Nesse sentido, a literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e real, os ideais, e sua possível/impossível realização (COELHO, 1986, p. 27). Portanto, percebe-se, pelas palavras do autor que, a literatura infantil desenvolve não só a imaginação das crianças como, também, permite que elas ajam como personagens das histórias de fábulas e dos contos de fada, além de facilitar a expressão de idéias. Segundo Coelho (1986, p. 12): 5 Nas transformações que são comuns nos contos de fadas (a do Patinho Feio em Cisne; do Sapo ou da Fera em Príncipe, etc.) estão patentes as transformações pelas quais todo ser humano precisa passar (da infância à maturidade) para se realizar em plenitude quando persegue um ideal de vida. É muito importante para as crianças situações de interação, contato e manuseio de materiais escritos para sua evolução e aprendizagem da leitura e da escrita. Mais enriquecedor ainda, se este contato e manuseio for com histórias de literatura infantil, nas quais os desenhos, artisticamente elaborados, proporcionam interesse e prazer. As fantásticas histórias de príncipes, princesas e bruxas, de uma forma discreta, ensinam as crianças que o bem sempre vence o mal, ensinam a aceitar o medo, a perdoar, a conhecer o amor e valorizar a amizade. Os personagens que aparecem nos contos de fadas, geralmente, oferecem alguma lição. Através das histórias que acontecem sempre num mundo de fantasia, as crianças viajam e se devolvem e se emocionam; muitas vezes, demonstram interesse por uma determinada história e acabam pedindo para repeti-la sempre. Assim, por meio dessas histórias elas vão trabalhando seus próprios conflitos, realizando comparações para busca de soluções, no que os professores têm um papel de fundamental importância, auxiliando na dissolução desses conflitos e ansiedades. A criança se envolve tanto com os contos de fadas que acaba vivenciando a história, imaginando ser uma Cinderela, ter uma carruagem ou ser um Peter Pan e viver na Terra do Nunca. Todo esse processo faz parte da imaginação, da fantasia vivida durante a contação de história. A literatura nas séries iniciais é importante, primeiramente por inserir a criança no mundo simbólico, onde muitas vezes ela se coloca no lugar das personagens e com eles vivencia diversas situações e sentimentos; segundo, porque essa criança vai adquirindo aos poucos o conhecimento por uma diversidade de textos. Oliveira (1996, p. 27) afirma que, A literatura infantil deveria estar presente na vida da criança como está o leite em sua mamadeira. Ambos contribuem para o seu desenvolvimento. Um, para o desenvolvimento biológico e o outro, para o desenvolvimento psicológico, nas suas dimensões afetivas e intelectuais. Com o avanço da tecnologia e a distância, cada vez maior, entre a sociedade e os livros, ler histórias passou a ser outro grande desafio que os educadores devem assumir, para que essa tradição permaneça viva entre nós. Segundo Cunha (1998, p. 70), “A obra literária para crianças é essencialmente a mesma obra de arte para o adulto. Difere desta apenas na complexidade de concepção: A obra para crianças será mais simples em seus recursos, mas não menos valiosa”. Percebe-se, nas palavras do autor, a valorização da literatura infantil como fenômeno significativo e de amplo alcance na formação das mentes infantis e juvenis, bem como dentro da vida cultural das sociedades. 6 A literatura infantil tem uma magia e um encantamento capazes de despertar no leitor todo um potencial criativo. É uma força capaz de transformar a realidade quando trabalhada adequadamente com o aluno. Nesse sentido, Oliveira (1996) identifica os aspectos prazerosos que a literatura infantil propicia, denominando-a de, Leitura-prazer, em se tratando de obra literária para crianças, é aquela capaz de provocar riso, emoção e simpatia com a história, fazendo o leitor voltar mais vezes ao texto para sentir as mesmas emoções. É aquela leitura que permite ao leitor viajar no mundo do sonho, da fantasia e da imaginação e até propiciar a experiência do desgosto, uma vez que esta é também um envolvimento afetivo provocador de busca de superação (OLIVEIRA, 1996, p. 28). Uma literatura de qualidade é aquela capaz de fascinar o leitor e torná-lo cativo. É uma literatura carregada de sentido e de expressão, grávida do novo, geradora de vida e capaz de impulsionar o ato criador de leitor. A criança que, desde muito cedo, entra em contato com a obra literária escrita para ela, terá uma compreensão maior de si e do outro; terá a oportunidade de desenvolver seu potencial criativo e alargar seus horizontes da cultura e do conhecimento; terá, ainda, uma visão melhor do mundo e da realidade que a cerca. Por relacionarmos os problemas enfrentados pelo Ensino de Literatura às questões que envolvem a “crise da leitura” é que chamamos para pauta a análise de Políticas Públicas direcionadas a atenuar a flagrante falta de compromisso com a leitura por parte de pais, da escola, dos alunos e de autoridades políticas. Vale lembrar que entendemos por Políticas Públicas as ações, programas e projetos de governo (e parcerias privadas), previstos em orçamentos que visam a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Para a proposta desse texto, interessa as direcionadas à educação, mais especificamente, às ações que objetivam promover práticas de leituras. Trabalhamos com a premissa de que é preciso somar a esses esforços, dentre outras ações, uma transformação socioeconômica (direcionada à construção de uma sociedade menos desigual) e uma maior motivação ao professor (desmotivados, dentre outros motivos por: baixos salários, a maioria dos professores do ensino fundamental são mulheres, chefes de família que têm até 3 jornadas de trabalho, o stress a que estão sujeitos cotidianamente, a violência, etc.). É preciso que o professor não seja obrigado a trabalhar com a leitura, ele precisa acreditar na importância desse trabalho, na função humanizadora da Literatura. Como afirma Bordini, para que a leitura da obra literária ocorra, é preciso, dentre outros elementos citados pela autora, que exista o “professor leitor com boa fundamentação teórica e metodológica”, pois é ele quem vai selecionar a grande quantidade de obras oferecidas pelos mercados editoriais. A presente comunicação abordará, portanto, a importância do professor leitor para o trabalho de formação de leitores. O intuito é de pensar formas para que a leitura literária esteja efetivamente presente em sala de aula. Ao enfocarmos a importância do professor para a formação de leitores literários, não desejamos atribuir somente a ele a responsabilidade por 7 despertar nos educandos o prazer à leitura literária. Sabemos que essa é uma questão, no Brasil, comprometida pela desigualdade social, pelo preço dos livros, etc. Consequentemente, a maioria dos alunos de escolas públicas terá os primeiros contatos com livros na escola, o que torna significativo o papel desse mediador. Da mesma forma que constatamos essa realidade, percebemos, nos cursos de formação continuada, experiência que nos acompanha há seis anos, o pouco contato do professor com o livro. Raramente, o professor de Língua Portuguesa e de Literatura lembra-se do último livro literário que leu na íntegra. Essa constatação surge quando iniciamos o curso de formação continuada e indagamos, no intuito de conhecer o público com quem iremos dialogar, o que é Literatura para eles, como selecionam o texto a ser discutido, como acontecem suas aulas de Literatura, qual o último livro que leram ou que estão lendo. A literatura, que tem o imaginário e a ficcionalização como elementos constituintes de sua identidade, transformam a realidade em linguagem. A literatura é a arte da palavra e, como tal, tem na linguagem verbal sua matéria – prima. Os efeitos causados pelos textos, literários, tal como emoções, informação, reflexões e percepções em geral, só podem tornar-se acessíveis aos leitores por intermédio das palavras escritas ou orais. A literatura está constituída por três componentes indissociáveis: o autor, a obra e o leitor. A atualidade apresenta para as crianças uma variedade de discursos formulados em linguagens verbais e não verbais, como a publicidade, o cinema, a televisão. Entre as linguagens não verbais sobressai a imagem, considerada inseparável do texto em palavras no livro de literatura infantil. O trabalho com a literatura infantil na escola deve levar em conta, os diferentes gêneros de textos escritos pelas crianças, porque o modo como se configuram requer um trabalho diferenciado. As narrativas apresentam uma variedade de tipos cuja construção especifica deve ser do conhecimento do professor, para que as propostas de atividades e de avaliações possam estar adequadas à concepção do discurso literário escolhido. Em relação à estrutura organizacional dos textos literários, encontramos na obra Era uma vez... Na escola uma apresentação dos gêneros textuais identificados na literatura infanto-juvenil, quais sejam: mito, lenda, fabula apólogo, conto e novela. A eles acrescentamos a crônica como texto literário de uso freqüente na escola, e as narrativas mistas, que aproveitam elementos dos demais gêneros. 8 A literatura oferecida às crianças se apóia nessa tipologia de textos, seja pata trabalhar com obras tradicionais, seja para fazê-lo com livros recentes. A estrutura das narrativas propõe leitura diferenciada, porque se apresenta de modos diferentes ao leitor. Podemos exemplificar a relação entre a literatura infantil tradicional e a contemporânea: a retomada do conto tradicional Chapeuzinho Vermelho na obra Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque de Hollanda. Ao comparas os dois textos, verificamos o quanto houve de alteração na concepção da protagonista Chapeuzinho. A seguir uma descrição das diferentes estruturas textuais. Mito – na literatura para crianças, o mito, esta mais intensamente relacionado com a característica de uma narrativa atemporal que procura explicar a gênese, a origem de seres e coisas, de forma não racional. Lenda – é um fato pertencente a um acontecimento ou pessoa d eum tempo histórico determinado, que aparece transformado, de maneira idealizada e exagerada. A lenda é de descrição coletiva do povo, teve, em conseqüência, um desenvolvimento oral e aparece com muitas versões próximas, mas diferentes, é o caso da lenda do Negrinho do Pastoreio. O fator idealização é essencial para a transformação da historia em lenda. Fabula - é o mais conhecido dos textos na escola. São textos curtos, os personagens, na maioria falantes, os personagens dialogam ao longo do texto, a moral explicita às vezes implícita, o que facilita a compreensão do que foi lido. Apólogo – é parecido com a fabula, porque tem personagens não humanos, dramatização no dialogo, a diferença é que os personagens são inanimados, como plantas, pedras, rios, objetos como, relógio, agulhas... Conto – é uma narrativa curta e sintética que contem uma única ação, isto é, trata de apenas um conjunto restrito de personagens, em tempo e espaço reduzidos, que vivem poucos acontecimentos. É uma forma literária que atende à capacidade de atenção, experiência de vida, as expectativas e a visão de mundo das crianças, entendidas como leitores em formação. Crônica – texto narrativo curto, que trata de assuntos do cotidiano, traz para o leitor uma proposta de identificação, emocionalidade e poesia. É marcada pelo presente, portanto provoca adesão imediata com o leitor. Novela – é um texto organizado pelo principio da multiplicidade, apresenta possibilidade de varias ações simultâneas. Prevalece um caráter de repetição e previsibilidade na sequencia dos acontecimentos. As narrativas também se distinguem também pela temática, que podemos sintetizar em: cotidiano, aventura, sentimentos infantis, relações 9 familiares, questões históricas e sociais, questões ambientais, ficção cientifica, policial e religiosidade. Não há limite para a temática das narrativas infantis, que acolhe todos os assuntos. O que dará a característica de literatura para crianças é a maneira como esses assuntos são tratados. A temática não deve sofrer restrições de ordem moral, religiosa ou ideológica, pois pode haver limitação à experiência de vida e da realidade através do texto literário, bem como a impossibilidade de acesso a textos mais complexos, que trabalham com a contraditoriedade e a diversidade de perspectivas. O professor ao selecionar um texto literários para a leitura de seus alunos deve considerar os interesses de seu alunos, deve considerar os interesses doa leitores per este ou aquele tema, os objetivos que pretende atingir com a leitura proposta e os meios de alcançá-los. Quando falamos de literatura não podemos esquecer-nos de destacar o seu caráter lúdico-estetico. É gratuita, pois não possui vinculação imediata com uma necessidade pratica material, útil a vida do sujeito. A comunicação do objeto artístico conosco se faz, principalmente por meio “da emoção, do espanto, da intuição, das associações, das evocações, das seduções”. A literatura enquanto atividade artística caracteriza-se, portanto, por essa mesma capacidade de proporcionar prazer lúdico- estético ao seu leitor. Considerando que é por meio da fantasia, da imaginação, da emoção e do ludismo que a criança aprende a sua realidade, atribuindo-lhe um significado, veremos que o mundo da arte é o que mais se aproxima do universo infantil, à medida que ambos falam a mesma linguagem simbólica e criativa. O mundo para ambos é do tamanho da fantasia e alcança ate onde vai a imaginação criadora da criança e do artista. As fábulas (do latim fari- falar e do grego – phao – contar algo) é uma narrativa alegórica de uma situação vivida por animais, que referencia uma situação humana e tem por objetivo transmitir moralidade. Há o uso constante da natureza e dos animais para a alegorização da existência humana aproximando o publico das moralidades. Apólogo (do grego apo- sobre e logos – discurso) é a narrativa breve de uma situação vivida por seres inanimados, isto é, sem vida animal ou humana, que ali, adquirem vida e que aludem a uma situação exemplar para os homens. Parábola( comparação, similitude), é a narrativa breve de uma situação vivida por seres humanos da qual se deduz, por comparação, um ensinamento moral. A parábola foi muito utilizada pelos povos semitas, sendo a Bíblia uma de suas fontes mais ricas. Os contos de fada de origem celta e por lidarem com conteúdos da sabedoria popular, com conteúdos essenciais da condição humana, é que esses contos de fadas são importantes, perpetuando-se ate hoje. Nele 10 encontramos o amor, os medos, as dificuldades de serem criança, as carências, as auto-descobertas, as perdas, as buscas, a solidão e o encontro. Os contos d fadas caracterizam-se pela presença do elemento “fada”. Etimologicamente, a palavra fada vem do latim fatum( destino, fatalidade, oráculo). Tornaram-se conhecidas como seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, que se apresentavam sob forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes sobrenaturais, interferem na vida dos homens, para auxilia-los em situações-limite, quando já nenhuma solução natural seria possível. Podem, ainda, encarnar o mal e apresentarem-se como o avesso da imagem anterior, isto é, como bruxas. Alguns exemplos de práticas com a leitura para fazer com que a leitura seja vista como mais prazerosa pelo aluno: Contação de historias com fantoches; Contação de histórias por meio do varal, onde conta-se a história e vai c pendurando no varal a sequencia dos fatos; Contação de histórias com mascaras; Contação de histórias com um avental, aonde vai grudando as cenas das historias; Contação de histórias no quadro, vai contando e vai desenhando o desenrolar da história; Contação de histórias por meio de uma TV, feita de papelão, coloca-se as cenas enroladas num pau, conforme gira a cena aparece; Contação de histórias com fantasia, isso encanta os alunos; Contação com objetos, onde você cria a história com eles, cada aluno com seu objeto vão dando forma a história; Outro fato que chama a atenção dos alunos e cativa os alunos é o “Cantinho da Leitura”, onde ficam os livros e eles sentam nas almofadas e lêem; Também tem o baú da leitura, onde ficam todos os livros dentro; Metodologia O desenvolvimento do projeto foi concretizado e utilizada de natureza qualitativa fundamentada em pesquisa bibliográficas, tendo como tema a literatura infanto juvenil ,interpretado a partir de leituras e análise de livros e 11 artigos de revistas que falam sobre leitura na Educação Infantil. Também foram consultadas fontes na internet. A metodologia foi realizada em cima dos objetivos de como possibilitar a compreensão das funções da literatura, ter conhecimento das estratégias de formação do leitor, após reflexões foram enfocadas experiências vivenciadas durante as praticas pedagógicas, e a influencia que a literatura tem na educação, de como trabalhar de forma correta a literatura com os alunos. Os livros e as literaturas acerca do tema foram de grande importância para o trabalho, pois esclareceram muitas dúvidas e abriram caminhos para a realização da pesquisa deste TCC como um todo 12 Referências Pereira, Maria Suely. /a importância da literatura infantil nas series iniciais. WWW.escolacurtbrandes.com.br /p=8162. Acessado em 19 de maio de 19 de maio de 2014. Costa, Marta Morais de./metodologia do ensino da literatura infantil/ Marta Morais de Costa. – Curitiba: Ibpex, 2007. Pinheiro, Alexandra Santos./literatura e ensino:o papel do professor leitor na formação de leitores literários./alb.com.br/ arquivo-morto/ediçõesanteriores/anais17/txtcompletos/sem04/COLE-3129.pdf. Acessado em 20 de maio de 2014. 13