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CEF-CENTRO DE ESTUDOS EM MEDICINA FETAL
CLÍNICA FETUS
UROPATIAS OBSTRUTIVAS:
OBSTRUÇÃO DE JUNÇÃO URETEROPÉLVICA, OBSTRUÇÃO DE
JUNÇÃO URETEROVESICAL, URETEROCELE, REFLUXO
VESICOURETERAL
VIVIAN MELO
SÃO PAULO, FEVEREIRO DE 2011.
CEF-CENTRO DE ESTUDOS EM MEDICINA FETAL
CLÍNICA FETUS
UROPATIAS OBSTRUTIVAS:
OBSTRUÇÃO DE JUNÇÃO URETEROPÉLVICA, OBSTRUÇÃO DE
JUNÇÃO URETEROVESICAL, URETEROCELE, REFLUXO
VESICOURETERAL
VIVIAN MELO
Trabalho de revisão bibliográfica apresentado
como requisito para conclusão do primeiro ano do
“ Curso de Formação e Especialização em Medicina Fetal”
do Centro de estudos em Medicina Fetal
da Clínica Fetus.
SÃO PAULO, FEVEREIRO DE 2011.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................
05
OBSTRUÇÃO DA JUNÇÃO URETEROPÉLVICA .......................................
06
DEFINIÇÃO ..................................................................................................
06
INCIDÊNCIA .................................................................................................
06
ETIOPATOGENIA .........................................................................................
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MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS................................................................
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DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL ........................................................................
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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ....................................................................
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CONDUTA PRÉ-NATAL ...............................................................................
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CONDUTA PÓS-NATAL ...............................................................................
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OBSTRUÇÃO DA JUNÇÃO URETEROVESICAL..........................................
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DEFINIÇÃO ..................................................................................................
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INCIDÊNCIA .................................................................................................
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ETIOPATOGENIA ........................................................................................
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MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS ...............................................................
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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ....................................................................
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DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL.........................................................................
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CONDUTA PRÉ-NATAL ...............................................................................
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CONDUTA PÓS-NATAL ...............................................................................
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URETEROCELE...............................................................................................
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DEFINIÇÃO ..................................................................................................
16
INCIDÊNCIA .................................................................................................
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ETIOPATOGENIA.................................. .......................................................
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MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS ..............................................................
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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL....................................................................
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DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL .......................................................................
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CONDUTA PRÉ-NATAL ...............................................................................
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CONDUTA PÓS-NATAL ..............................................................................
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REFLUXO VESICOURETERAL ......................................................................
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DEFINIÇÃO ..................................................................................................
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INCIDÊNCIA .................................................................................................
20
ETIOPATOGENIA.........................................................................................
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MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS ..............................................................
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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL....................................................................
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DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL .......................................................................
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CONDUTA PRÉ-NATAL ...............................................................................
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CONDUTA PÓS-NATAL ................................................................................
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................
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INTRODUÇÃO
As malformações do trato urinário fetal correspondem a aproximadamente um
terço do total das alterações diagnosticáveis durante o pré – natal. Dentre elas, as
uropatias obstrutivas são as mais freqüentes.
A maioria das anormalidades do trato urinário são diagnosticadas durante o
exame ultrassonográfico detalhado de segundo trimestre de gestação. No entanto,
com a realização rotineira da ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre,
entre 11 e 14 semanas, o diagnóstico dessas malformações tem se tornado mais
precoce e acurado.
Uma vez que a dilatação do sistema coletor tenha sido detectada, a avaliação
subseqüente deve incluir três questões principais: a origem da dilatação, a
coexistência de anomalias associadas e, finalmente, o prognóstico da malformação.
(Callen, 2009)
As obstruções podem estar localizadas na junção ureteropélvica, junção
vesicoureteral e junção vesicouretral.
Os achados ultrassonográficos pré-natais dependerão do nível e gravidade da
obstrução.
O risco global de anomalia cromossômica tem variado de 2% a 33%. Em
geral, quanto mais baixa a obstrução maior o risco de cromossomopatia (Isfer,1996).
6
OBSTRUÇÃO DA JUNÇÃO URETEROPÉLVICA
DEFINIÇÃO
A obstrução da junção ureteropélvica (JUP) é definida como um processo de
restrição ao fluxo urinário da pelve renal para o ureter e, conforme o grau de
obstrução, pode evoluir com perda progressiva da função renal.
Constitui a alteração renal mais diagnosticada intraútero.
A obstrução de JUP também constitui a causa mais comum de hidronefrose
fetal estando relacionada à esta alteração em 85 a 90% dos casos .
Em geral, o rim esquerdo é mais comumente afetado, mas o envolvimento
bilateral pode ocorrer.
INCIDÊNCIA
A obstrução de JUP acomete 0,3% dos nascidos vivos (Jenkins, 2009).
Os fetos do sexo masculino apresentam uma incidência 2 vezes maior que os
femininos.
A obstrução de JUP é a principal causa de persistência de hidronefrose no
rim fetal, sendo responsável por 60 a 80 % dos casos (Gonzalez, 2005).
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ETIOPATOGENIA
A principal consequência da obstrução de JUP é a hidronefrose. No entanto,
este achado antenatal pode ser fisiológico em 1-5% de todas as gestações. É
importante separar a hidronefrose transitória e funcional das dilatações maiores que
podem levar ao acometimento da função renal pós natal. (Morris, 2008)
A JUP contribui para a formação e propulsão da urina. O ureter é composto
por duas camadas musculares. A primeira em sentido longitudinal e a segunda,
circular.
A principal etiologia da obstrução da JUP parece estar associada a disfunção
decorrente das modificações estruturais nas camadas musculares do ureter.
Outras causas de obstrução de JUP incluem mucosa atípica, duplicação
ureteral e vasos renais ectópicos.
Análises do gene Teashirt 3 (Tshz3) mostram que a presença deste pode
estar relacionada a defeitos na diferenciação e peristaltismo do ureter proximal.
( Jenkins, 2009)
Aventa-se a hipótese de existir uma possível herança genética, devido a
ocorrência de alguns casos na mesma família. Alguns estudos mostram uma
possível herança autossômica dominante ligada ao braço curto do cromossomo 6.
No entanto, em outras famílias a doença não está associada a este braço, sugerindo
genética heterogênea. (Jenkins, 2009)
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MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS
A obstrução de JUP tem sido associada com doença de Hirchsprung,
alaterações cardiovasculares, defeitos de tubo neural, sinostose sagital, hipoplasia
mandibular, atresia de esôfago com fístula traqueoesofágica distal, ânus
imperfurado, sindactilia, luxação congênita de quadril, síndrome adrenogenital e
síndrome de Noonan. A associação com alterações no sistema extra-urinário podem
ser observadas em 19 % dos casos.
Anomalias adjacentes são encontradas em aproximadamente 27 % dos casos
(Pastore, 2010). Quando o acometimento for unilateral, a obstrução de JUP pode
estar associada com rim multicístico, agenesia renal unilateral e graus menores de
refluxo vésicoureteral. Outras anomalias tais como displasia multicística, duplicação
do sistema coletor e rim em ferradura já foram descritas. (Isfer, 1996)
DIAGNÓSTICO PRÉ – NATAL
Como já exposto anteriormente, nos casos de obstrução da JUP, a pelve
renal está dilatada. Este achado é evidenciado no exame ultrassonográfico de rotina
entre 18-24 semanas.
Assim, o limiar da medida no plano transverso do rim é de 7 mm para a
dilatação leve, entre 7 e 15 mm para dilatação moderada, e mais de 15 mm para
dilatação acentuada. (Callen, 2009)
Outros achados ultrassonográficos incluem
- Pielectasia e diminuição da córtex renal;
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- Liquído amniótico usualmente normal, principalmente se há acometimento
unilateral;
- Polidrâmnio pode ser observado em alguns casos devido a incapacidade do
rim acometido concentrar urina adequadamente,
- Associação com outras malformações ou compressão do trato digestório
pela própria hidronefrose.
Quando evidenciado oligoâmnio, deve-se pesquisar o rim contralateral e
bexiga.
Em caso de obstruções graves, a dilatação pélvica pode alterar o contorno
renal, produzindo imagem cística que pode ocupar toda cavidade abdominal.
A obstrução pode levar a perda e extravasamento de urina por ruptura do
cálice renal, com conseqüente formação de urinoma (urina represada entre a
cápsula e o parênquima renal) .
Na ultrassonografia, o urinoma é identificado como uma imagem cística
elíptica, localizada perifericamente ao rim alterado.
A conseqüência da ruptura total renal (parênquima e cápsula) é a ascite
urinosa. Nestes casos, a urina torna-se elemento agressivo as alças intestinais.
A ressonância magnética fetal, vem aos poucos, ganhando campo na
contribuição do diagnóstico de uropatias obstrutivas, principalmente nos casos em
que há oligoâmnio e a avaliação ultrassonográfica torna-se limitada.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O principal diagnóstico diferencial de obstrução de JUP é o rim multicístico
displásico e obstrução da junção ureterovesical. Os diagnósticos diferenciais mais
raros são a megacaliose devido a hipoplasia medular e a estenose infundibular.
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CONDUTA PRÉ – NATAL
A investigação do feto inicia-se com um minucioso exame ultrassonográfico,
que deve determinar o grau de dilatação, diagnósticos diferenciais e investigar
outras anomalias associadas. As anomalias associadas podem estar presentes em
aproximadamente 17 % a 30% dos fetos com uropatia obstrutiva. (Quintero, 2005)
Além disso, a identificação do sexo fetal é de suma importância, já que diferentes
doenças são mais freqüentes em determinado sexo. O oligoâmnio pode dificultar
esta avaliação.
A incidência de anormalidades no cariótipo dos fetos com achados
ultrassonográficos sugestivos de uropatias obstrutivas é de 8% a 23%. A análise do
cariótipo fetal faz parte da abordagem básica nestes fetos. Se há presença de
megabexiga com oligoâmnio, pode ser mais fácil obter urina fetal que líquido
amniótico ou sangue fetal.
Pacientes são considerados candidatos para terapia intra-útero quando os
parâmetros urinários fetais estão abaixo dos níveis considerados para displasia
renal. Se os valores estiverem acima destes níveis, a terapia não deve ser oferecida
(Tabela 1). ( Quintero, 2005)
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Sódio < 100 mg/dL
Osmolaridade < 200mOsm/L
Cálcio < 8 mEq/L
B2 microglobulina < 4 mg/L
Proteínas totais < 20 mg/ dL
TABELA 1 - Valores usados como ponto de corte de eletrólitos
na urina fetal para investigação de displasia renal
O tratamento da obstrução urinária fetal com a derivação vesicoamniótica tem
como objetivo a prevenção da hipoplasia pulmonar quando o oligoâmnio presente e
a manutenção da função renal. Este tratamento deve ser oferecido para os
pacientes que não apresentam evidências ultrassonográficas ou bioquímicas de
displasia renal, com cariótipo normal e ausência de malformações associadas. O
resultado da derivação vesicoamniótica é controverso. Embora a técnica seja
relativamente fácil, os resultados a longo prazo não têm sido convincentes.
Fetos com obstrução de JUP unilateral não são tipicamente considerados
candidatos para terapia intrauterina. Não há consenso para quais fetos com
obstrução bilateral de JUP, o tratamento com derivação deveria ser oferecido.
(Quintero, 2005)
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CONDUTA PÓS – NATAL
A história natural dos neonatos com hidronefrose assintomática tem se
mostrado como uma condição benigna, com preservação renal e com resolução
espontânea em 50 % dos casos de hidronefrose antenatal (Hachul, 2006). No
entanto, a maioria das crianças com diagnóstico de obstrução de JUP deve ser
acompanhada clinicamente. (Hachul, 2006)
Os critérios para indicação do tratamento clínico ou cirúrgico abrangem :
_ Hidronefrose leve (diâmetro renal antero posterior menor ou igual a 15 mm):
tratamento conservador com antibioticoterapia por 6 meses. (Hachul, 2006)
_ Hidronefrose grave com boa função renal (diâmetro renal AP maior que 15
mm, função renal maior que 40 %): tratamento conservador com antibioticoterapia
profilática. (Hachul, 2006)
- Hidronefrose grave com função deprimida (diâmetro AP maior que 15 mm,
função renal menor que 40 %): tratamento conservador com antibioticoterapia
profilática na maioria dos casos. Indicação cirúrgica deve ser individualizada.
(Hachul, 2006)
_ Hidronefrose grave com função renal diminuída (diâmetro renal AP maior
que 20 mm, função renal menor que 40 %): tratamento cirúrgico na maioria dos
casos. (Hachul, 2006)
_ Hidronefrose bilateral: em geral, o seguimento é similar a hidronefrose
unilateral, porém, nos casos de hidronefrose grave bilateral, a indicação de cirurgia é
mais aceita. (Hachul, 2006)
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OBSTRUÇÃO DA JUNÇÃO URETEROVESICAL
DEFINIÇÃO
A obstrução da junção ureterovesical (JUV) consiste na obstrução terminal do
ureter dentro da porção justa e/ou intravesical, decorrente da duplicação do sistema
coletor. (Isfer, 1996)
O diagnóstico da obstrução da JUV tem como base a demonstração de um
ureter dilatado. As ondas peristálticas modificam o calibre do ureter. A dilatação
pode aumentar intraútero, porém em geral diminui após o nascimento. (Callen, 2009)
Esta doença é relatada como a segunda causa mais comum de hidronefrose,
ocorrendo em 23% dos casos. (Pastore, 2010)
INCIDÊNCIA
A obstrução de JUV é relatada em 8 % das obstruções do trato urinário.
(Pastore, 2010)
Esta alteração predomina no sexo masculino.
ETIOPATOGENIA
As anormalidades de JUV são identificadas na ultrassonografia pela presença
de megaureter na ausência de megabexiga.
Existe uma dilatação maior na região ureteral distal que no sistema coletor
superior.
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O megaureter parece ser devido ao refluxo urinário decorrente da disfunção
vesical, obstrução ou ainda a alguma estrutura anômala do segmento distal do
ureter causada por estenose, fibrose ou duplicação do sistema coletor. (KuoJen,
2003)
Este tipo de obstrução parece se tratar de fenômeno esporádico, entretanto,
existem alguns casos familiares que sugerem herança autossômica recessiva. (Isfer,
1996)
MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS
Em 16 % dos casos de obstrução de JUV estão presentes outras alterações
como estenose de junção ureteropélvica, rins multicísticos displásicos, rim pélvico,
agenesia renal e refluxo vésicoureteral. (Consonni, 2003)
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O principal diagnóstico diferencial de obstrução de JUV é o refluxo
vesicoureteral. A diferenciação entre as duas patologias, na maioria das vezes, é
feita no período pós-natal. (Consonni, 2003)
DIAGNÓSTICO PRÉ NATAL
O diagnóstico pré natal da obstrução de JUV está associado a determinados
achados ultrassonográficos como: hidronefrose, dilatação do ureter proximal
assemelhando-se a uma estrutura cística anecogênica serpiginosa que ocupa o
espaço retrovesical e o abdome fetal. (Pastore, 2010)
15
CONDUTA PRÉ-NATAL
Assim como nas outras obstruções do trato urinário, deve-se realizar
avaliação criteriosa a fim investigar malformações associadas. Além disso, o
cariótipo fetal também está indicado nestes casos. (Isfer,1996)
Se a ultrassonografia evidencia adequado volume de líquido amniótico e
bexiga presente, provavelmente a função renal está preservada e a conduta é
realizar seguimento ultrassonográfico quinzenal. Raramente, o aumento do volume
abdominal é tão importante que necessite a realização de esvaziamento por punção.
CONDUTA PÓS -NATAL
No período pós-natal, a função renal deverá ser monitorada, juntamente com
a realização de exames ultrassonográficos seriados. (Morris, 2008)
A reconstrução cirúrgica do ureter depende da presença de complicações.
Da mesma forma que nas outras alterações obstrutivas, deve-se atentar para a
presença de infecção urinária de repetição e nefrocalculose. (Isfer,1996)
16
URETEROCELE
DEFINIÇÃO
Consiste na dilatação cística do ureter terminal devido ao seu posicionamento
anômalo. (Isfer,1996)
Ericsson, em 1954, foi quem primeiramente classificou a ureterocele. Ele
dividiu a patolgia em simples e ectópica, a primeira estando completamente contida
na bexiga, enquanto a segunda termina em posição anômala. (Merlini, 2004)
Em 1984, o Comitê de Terminologia Urológica da Academia Americana de
Pediatria propôs a seguinte classificação: ureteroceles contidas inteiramente dentro
da bexiga seriam denominadas como ortotópicas e as ureteroceles que estão
predominantemente fora da bexiga seriam classificadas como ectópicas. (Jaiman,
2010)
Em 1992, Brueziere descreveu quatro tipos de ureteroceles:
1) Ureteroceles com ureter único (10%);
2) Ureterocele com duplicação total e desenvolvimento intravesical (10%);
3) Ureterocele com duplicação total e desenvolvimento extravesical (62%) e
4) Ureterocele como ureter ectópico (3%). (Jaiman, 2010)
INCIDÊNCIA
A incidência da ureterocele é discutida. Campbell reportou incidência de 1 em
4000 autópsias estudadas por ele. Porém, em estudo cuidadoso de autópsias, Uson
17
observou incidência muito maior de 1 em 500 casos, sugerindo que os estudos
prévios teriam excluído algumas ureteroceles menores. A malformação é observada
quase que exclusivamente em caucasianos e o sexo feminino é afetado 4 vezes
mais que o masculino. (Merlini, 2004)
ETIOPATOGENIA
A causa desta alteração é especulativa. Cwalla, em 1927, sugeriu que a
ureterocele tenha uma etiologia obstrutiva devido a reabsorção incompleta da
membrana que separa o ramo ureteral do ducto mesonéfrico na embriologia (Merlini,
2004). Ainda existe a hipótese do atraso do desenvolvimento muscular da porção
terminal do ureter. (Isfer, 1996)
MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS
As ureteroceles são bilaterais em aproximadamente 15% dos casos. (Jaiman,
2010)
Alterações do trato urinário e displasias renais estão fortemente relacionadas,
sugerindo que obstrução do trato urinário e refluxo podem causar displasia renal.
(Jaiman, 2010)
Destaca-se a associação de ureterocele com ectopia cruzada e rins
displásicos. Anomalias testiculares e cardíacas também podem estar associadas.
(Isfer, 1996)
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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
È necessário realizar a diferenciação com a dilatação ureteral simples e
hidronefrose.
DIAGNÓSTICO PRÉ – NATAL
É cada vez mais freqüente o diagnóstico pela ultrassonografia obstétrica que,
com técnicas de alta resolução, pode evidenciar a ureterocele no período pré-natal,
permitindo o tratamento precoce antes mesmo da instalação da infecção e/ou
deterioração da função renal. (Jaiman, 2010)
A ureterocele pode ser diagnosticada como causa de uma dilatação ureteral.
Esta aparece como uma imagem arredondada delimitada por uma borda fina e
localizada dentro da bexiga. (Rodeck, 2005)
CONDUTA PRÉ-NATAL
O controle ultrassonográfico deve ser realizado a cada duas semanas. Em
geral, o prognóstico é satisfatório. A punção renal para avaliação de bioquímica só
está indicada em lesões bilaterais e na suspeita de comprometimento renal. (Isfer,
1996)
19
CONDUTA PÓS NATAL
A urografia excretora diagnostica 90% dos casos, demonstrando falha de
enchimento correspondente à parede ureteral, de forma arredondada ou “cabeça de
serpente”. (Jesus, 2003)
Outros exames são uretrocistografia miccional, medicina nuclear, tomografia e
uretrocistoscopia. De modo geral, todos os exames de imagem são necessários
para evidenciar a ureterocele e verificar a sua repercussão ipsi e contralateral.
(Jesus, 2003)
Os efeitos desta anomalia no restante do trato urinário são muito importantes,
uma vez que o fenômeno obstrutivo, de acordo com o tamanho da ureterocele, pode
repercutir sobre os demais sistemas. Não é rara a hidronefrose e/ou refluxo para a
unidade inferior ou o trato contralateral. (Upadhyay, 2002)
O Tratamento é cirúrgico, quando envolve não somente a ureterocele, como
também a unidade renal comprometida.
Atualmente, a opção preferencial é por procedimentos simples. Crianças
agudamente infectadas exigem drenagem do segmento envolvido (ureteropionefrose) em caráter de urgência. Posteriormente, o estudo do trato urinário
superior ditará o procedimento subseqüente, de forma eletiva e em idade maior.
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REFLUXO VESICO URETERAL
DEFINIÇÃO
Refluxo vesicoureteral (RVU) é um defeito congênito do trato urinário causado
pela inserção anormal do ureter na parede da bexiga. Isto leva a uma anomalia da
junção ureterovesical com conseqüente fluxo retrógrado de urina da bexiga para os
rins. (Murawski, 2008)
INCIDÊNCIA
RVU acomete aproximadamente 1% da população em geral (Murawski,
2008). Também é responsável por 10% a 15% das anomalias do trato urinário que
estão associadas a dilatação renal. (Dias, 2009)
Relata-se que o RVU assintomático chega a atingir cerca de 26 a 34% dos
familiares dos pacientes. (Isfer, 1996)
ETIOPATOGENIA
A maioria dos casos parece tratar-se de fenômeno esporádico, entretanto,
alguns autores relatam a possibilidade de herança AD e herança ligada ao sexo em
algumas famílias. (Isfer, 1996)
O estudo do genoma mostra que o cromossomo 13 q 33-34 pode estar
associado ao RVU. (Vats, 2006)
21
Durante o desenvolvimento embriológico, o botão ureteral pode surgir mais
caudalmente que o normal. Esta alteração resulta em precursor do trígono vesical
mais curto. Devido a isto, o ducto pode ser absorvido mais precocemente resultando
em período de migração mais longo. Estas modificações resultam na anomalia de
posição de ducto. (Isfer, 1996)
MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS
Esta alteração é frequentemente associada com outras anomalias renais,
como duplicação ureteral, ureterocele e obstrução de junção vesicoureteral. (Vats,
2006)
Além disto, o rim oposto pode também estar comprometido. Pode-se observar
casos de agenesia renal e rim multicístico. (Isfer, 1996)
No
neonato,
pode-se
observar
infecções
urinárias
de
repetição
e
malformações renais. O acometimento renal pelo RVU é a quarta causa mais
comum de insuficiência renal na criança. (Murawski, 2008)
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O principal diagnóstico diferencial do RVU é a obstrução de JUV, podendo as
duas alterações estarem associadas. (Anderson, 2004)
Para fornecer uma hipótese diagnóstica mais precisa de qual patologia se
trata, recomenda-se que se obtenha um corte ultrassonográfico que visualiza o rim e
bexiga simultaneamente. No transcorrer deste ato, caso a anomalia esteja associada
ao RVU, deve-se observar um discreto aumento da dilatação pielocalicial ao mesmo
22
tempo em que ocorre o esvaziamento vesical, podendo ou não vir associado a
contração ureteral. Por outro lado, quando se trata de obstrução de JUV não se
observa qualquer alteração ao nível da pelve renal por ocasião da micção fetal, nem
mesmo a nível ureteral. (Isfer, 1996)
DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL
Vários sinais podem ser observados no exame ultrassonográfico na presença
de RVU.
Estes sinais incluem parede ureteral delgada, dilatação calicial ou ureteral,
dilatação pélvica, ausência da diferenciação corticomedular, hiperecogenicidade do
córtex renal ou presença de cistos renais. (Anderson, 2004)
CONDUTA PRÉ-NATAL
Tal como nas outras anomalias renais, um exame ultrassonográfico minucioso
deve ser realizado para investigação de outras malformações associadas. Estas,
podem ser indicação para análise cromossômica ou representar a possibilidade de
síndromes polimalformativas que conferem pior prognóstico ao quadro. (Callen,
2009)
Sinais de prognóstico ruim incluem diagnóstico precoce, dilatação bilateral
acentuada, oligoâmnio e hipoplasia pulmonar secundária. (Callen, 2009)
Hothi et al. publicaram uma meta-análise mostrando as conseqüências para o
feto com dilatações renais. Pacientes com dilatação renal maior que 12 mm com 20
23
semanas de gestação, ou 14 mm com 34 semanas de gestação, possuem risco
estimado de 15% de apresentarem RVU. Já o risco de RVU em pacientes com
dilatação renal entre 6 a 8 mm durante o segundo ou terceiro trimestre é estimado
apenas em 5 % . (Dias, 2009)
CONDUTA PÓS – NATAL
O grande desafio nos quadros de RVU é identificar as crianças que
apresentam maior risco de dano renal, para instituir a correta terapia. Ao mesmo
tempo é importante minimizar a morbidade das crianças que não apresentam risco
para dano renal. (Anderson, 2004)
Estrada et al., recentemente publicaram relatos de caso demonstrando que a
administração de antibioticoprofilaxia em neonatos que persistem com RVU, diminui
significamente o risco de infecção do trato urinário. (Dias, 2009)
Um importante exame a ser realizado em pacientes com suspeita de RVU é a
uretrocistografia miccional (UCGM), que estabelece os casos que necessitarão de
seguimento prolongado e necessidade de profilaxia persistente. (Callen, 2009)
Com a avaliação pela UCGM, também serão demonstradas anomalias da
uretra e extremidades ureterais potencialmente anormais. O estudo de seguimento
inclui ultrassonografia (a cada 6 meses por um período de 2 anos) com o objetivo de
verificar o crescimento renal, UCGM a cada ano para monitorar o refluxo e estudos
com isótopos MAG3 no intuito de acompanhar a função renal.(Callen, 2009)
24
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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