Q1 A profundidade da água em repouso atrás de um dique é H = 15 m. Um tubo horizontal de diâmetro d = 4, 0 cm passa através do dique, a uma profundidade h = 6, 0 m abaixo da superfı́cie da água, como mostra a Figura. Um tampão fecha a abertura do tubo. a) (1,0) Determine a força de atrito entre o tampão e as paredes do tubo (admita que a pressão em cada uma das extremidades do tampão é constante ao longo da sua respectiva área). b) (1,5) O tampão é removido. Determine o volume de água que flui através do tubo em um tempo ∆t = 3, 0 horas (admita que a variação do nı́vel de água no reservatório durante este intervalo de tempo possa ser desprezada). SOLUÇÃO Q1 a) As forças agindo sobre a rolha são: Fp1 → força de pressão interna, dirigida p/ fora Fp2 → força de pressão externa, dirigida p/ dentro (|Fp2 | < |Fp1 |) Fat → força de atrito, dirigida p/ dentro. Com a área da seção reta da rolha a = πd2 /4, o equilı́brio corresponde a: Fp1 = Fat + Fp2 =⇒ (p0 + ρagua gh)a = Fat + p0 a (p0 =pressão atmosférica; h =6,0 m) Fat = ρagua gha = Fat = π 3, 14 ρagua ghd2 = × 1, 00 × 103 kg/m3 × (9, 8m/s2 ) × (6, 0m) × (4, 0 × 10−2 m)2 4 4 73, 9 N. √ b) Da Eq. de Bernoulli, v = 2gh será a velocidade com que a água sairá (admitindo que o nı́vel do reservatório praticamente não se modifique por efeito do vazamento). O volume total escoado será: V = avt = p πd2 p 3, 14 2ght = × (4, 0 × 10−2 m)2 × 2 × (9, 8m/s2 ) × (6, 0 m) × 3 × 60 × 60 s ≈ 147 m3 4 4 Q2 (2,5) O ar escoa sobre a parte superior da asa delgada de um avião cuja área de seção transversal é A com velocidade de magnitude vs e sob a parte inferior da asa com velocidade de magnitude vi . Aplique a equação de Bernoulli a esse sistema e encontre o vetor força de sustentação F~ aplicada sobre o avião pelo ar de densidade ρ. Indique claramente todas as suas hipóteses e convenções de coordenadas. SOLUÇÃO Q2 Tome um tudo de corrente para o escoamento do ar e 3 pontos tais que um deles (B) está logo acima da asa onde a velocidade de escoamento é vs , outro (C) está logo abaixo da asa onde a velocidade de escoamento é vi e o terceiro (A) é um ponto distante da asa, de modo que o campo de velocidades de escoamento pode ser tomado como não perturbado pela asa. Vemos que a aplicação direta da equação de Bernoulli entre os pontos A e B e A e C, levam a 1 2 1 2 1 2 = PA + ρgyA + ρvA = PC + ρgyC + ρvC PB + ρgyB + ρvB 2 2 2 Como a asa é delgada, podemos desprezar as variações de altura entre os pontos B e C (ρgyB ≈ ρgyC ). Logo, a diferença de pressão dinâmica entre a parte inferior e superior da asa é ∆P = PC − PB = 1 ρ(vs2 − vi2 ), 2 de modo que adotando o eixo z como vertical, a força de sustentação aplicada pelo ar sobre a asa pode ser escrita como 1 F~ = PC Ak̂ − PB Ak̂ = ∆P Ak̂ = ρ(vs2 − vi2 )Ak̂ 2 Q3 Uma barra homogênea de comprimento b e massa m está pendurada por uma das suas extremidades em um eixo horizontal de tal forma que ela pode oscilar livremente no plano vertical. A barra está presa a uma parede vertical por uma mola com constante elástica k que está ligada a sua outra extremidade. O atrito entre a barra e o eixo é desprezı́vel. O momento de inércia da barra em relação ao seu centro de massa é ICM = mb2 /12. a) (0,5) Isole a barra e coloque todas as forças que atuam sobre ela; b) (1,0) Demonstre que quando a barra oscila com pequenas amplitudes, o deslocamento x da sua extremidade inferior satisfaz a equação de um oscilador harmônico simples c) (0,5) Calcule a frequência angular de oscilação da barra para pequenas amplitudes. d) (0,5) Sabendo que para pequenas oscilações o deslocamento da extremidade inferior da barra é dado por x(t) = A cos(ωt + φ), obtenha os valores de A e φ para as condições iniciais x(0) = 0 e vx (0) = v0 (v0 > 0). SOLUÇÃO Q3 a) As forças que atuam na barra são o seu peso, a força da mola e a força que o eixo exerce sobre ela. b) Pela dinâmica de rotação em torno de um eixo fixo temos que: IA d2 θ b = −mgsenθ − kxb dt2 2 (1) O momento de inércia da barra em relação ao ponto A é mb2 IA = +m 12 Para pequenas oscilações temos que senθ ≈ θ ≈ mb2 d2 x xb = −mg − kxb 3 dt2 b b2 x b 2 b mb2 = 2 3 (2) .Logo a equação da barra se reduz a: =⇒ d2 x +3 dt2 g k + 2b m x=0 (3) c) Pela equação anterior temos que: s g k ω= 3 + 2b m (4) d) A velocidade da extremidade inferior da barra é: vx (t) = −ωAsen(ωt + φ) Logo, temos que x(0) = A cos φ = 0 vx (0) = v0 = −Aω sin φ > 0 =⇒ A= =⇒ v0 , ω π 2 π φ=− 2 φ= (5) ou =⇒ − π 2 x(t) = (6) v0 π cos ωt − ω 2 (7) Q4 Um bloco cúbico de 10 cm de aresta e densidade 8 g/cm3 está suspenso do teto por uma mola de constante elástica 8 N/m e comprimento relaxado de 0,5 m, e mergulhado dentro de um fluido viscoso de densidade 2,0 g/cm3 . Na situação considerada, a resistência do fluido é proporcional à velocidade com coeficiente de proporcionalidade b = 16Ns/m. Inicialmente em equilı́brio, o bloco é deslocado de 1 cm para baixo e solto a partir do repouso. Adote a origem no teto e o eixo z vertical orientado para baixo. a) (1,5) Escreva a equação diferencial para a coordenada z(t) da extremidade superior do bloco e determine a sua solução z(t) em função do tempo; b) (1,0) Determine a velocidade vz (t) do bloco na direção vertical. Discuta o comportamento de vz (t) no limite de tempos grandes, isto é, t >> 2π/ω0 , onde ω0 é a frequência natural do sistema massa+mola. SOLUÇÃO Q4 a) As forças que agem sobre o bloco são a força peso, o empuxo do fluido, a força restauradora da mola e a força viscosa do fluido. Dessa forma, a segunda lei de Newton para o movimento ao longo do eixo z se escreve: d2 z dz ρa3 2 = ρa3 g − ρf a3 g − k(z − z0 ) − b , dt dt onde ρf é a densidade do fluido, k é a constante elástica da mola e z0 o seu comprimento relaxado. Logo, com as definições de γ = b/m e ω02 = k/m, podemos escrever dz ρf d2 z 2 2 +γ + ω0 z − ω0 z0 − g 1 − =0 dt2 dt ρ h i ρ e em termos de uma variável z 0 = z − z0 + ωg2 1 − ρf 0 2 0 d z dz 0 + γ + ω02 z 0 = 0 dt2 dt De acordo com os dados do problema γ= 16Ns/m b = = 2rad/s2 m (8000kg/m3 ) × (10−3 m3 ) e a frequência natural do sistema ω02 = k 8N/m = = 1rad/s2 . m (8000kg/m3 ) × (10−3 m3 ) Como γ = 2ω02 , estamos na condição de amortecimento crı́tico e a solução para z 0 (t) é então: g ρf + (a + bt)e−γt/2 z 0 (t) = (a + bt)e−γt/2 =⇒ z(t) = z0 + 2 1 − ω0 ρ As condições iniciais são tais que z 0 (t = 0) = a = 10−2 m e h γ i γ ż 0 (t = 0) = − z 0 (t) + be−γt/2 = b − a = 0 =⇒ b = 10−2 m/s2 , 2 2 t=0 de modo que substituindo os valores numéricos, temos z(t) = 7, 85 + 0, 01 × (1 + t)e−t com t em segundos e z em metros. b) Do item anterior vemos que a velocidade vz (t) é dada por γ vz (t) = ż(t) = − z 0 (t) + be−γt/2 , 2 ou seja vz (t) = −0, 01 × (1 + t)e−t + 0, 01e−t = −0, 01te−t , que tende a zero no limite de tempos grandes devido à dissipação de energia mecânica introduzida pela força de atrito viscoso. FORMULÁRIO patm = 1, 0 × 105 N/m2 , g = 9, 8m/s2 , ρágua = 1g/cm3 P + ρgy + 12 ρv 2 =cte ao longo de uma linha de corrente. x(t) = Ae−γt/2 cos(ωt + φ) (amortecimento sub-crı́tico), ω = q ω02 − γ 2 2 q x(t) = ae−(γ/2−β)t + be−(γ/2+β)t (amortecimento super-crı́tico), com β = x(t) = (a + bt)e−γt/2 (amortecimento crı́tico) γ 2 2 − ω02