FILOSOFIA MORAL FICHAMENTO DE FILOSOFIA COLÉGIO CLARETIANO DOM CABRAL 3 1 3º ANO CONCEPÇÕES ÉTICAS ÉTICAS Prof.: Antônio Soares IDADE MODERNA: ÉTICA ANTROPOCÊNTRICA Com o final da Idade Média, marcado pelo Renascimento, há uma retomada do humanismo. No terreno da reflexão ética, esse fato orientou uma nova comcepção moral, centrada na autonomia humana. No Iluminismo, essa orientação fica mais evidente, pois os filósofos passam a defender que a moral deve ser fundamentada não mais em valores religiosos, mas em valores oriundos da compreensão acerca do que seja a natureza humana. A concepção mais expressiva do período moderno a respeito da natureza humana é a de uma natureza racional, que encontra em Kant a sua formulação mais bem-acabada. A ÉTICA DO DEVER DE KANT Em seus textos Crítica da razão prática e Fundamentação da metafísica dos costumes, Kant (1724-1804) aponta a razão humana como uma razão legisladora, capaz de elaborar normas universais dos homens. As normas morais teriam, portanto, a sua origem na razão. Embora, em Kant, as normas morais devam ser obedecidas como deveres, a noção kantiana de dever se confunde com a própria noção de liberdade, porque, em seu pensamento, o indivíduo que obedece a uma norma moral atende à liberdade da razão, isto é, àquilo que a razão, no uso de sua liberdade, determinou como correto. Dessa forma, a sujeição à norma moral é o reconhecimento de sua legalidade, conferida pelos próprios indivíduos racionais. Kant reforça essa ideia ao dizer que só pode ser considerado um ato moral aquele ato praticado de forma autônoma, consciente, e por dever. Com isso, ele acentua o reconhecimento do dever como uma expressão da racionalidade humana, única fonte legítima da moralidade. A clareza dessa ideia kantiana é expressa da seguinte forma: “Age apenas segundo uma máxima (um princípio) tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.” , Essa exigência é denominada por Kant imperativo categórico, ou seja, é uma determinação imperativa, que deve ser observada sempre, em toda e qualquer decisão ou ato moral que venhamos a praticar. Em outras palavras, o que Kant quer dizer é que a nossa ação deve ser tal que possa ser universalizada, ou seja, que possa ser realizada por todos os outros indivíduos sem prejuízo para a humanidade. Se não puder ser universalizada, essa ação não será moralmente correta e só poderá ser realizada como exceção, nunca como regra. Vejamos como Kant se expressa a esse respeito: “Se prestarmos atenção ao que se passa em nós mesmos sempre que transgredirmos qualquer dever, descobriremos que, na realidade, não queremos que a nossa máxima se torne lei universal, porque isso nos é impossível; o contrário dela é que deve universalmente continuar a ser lei; nós tomamos apenas a liberdade de abrir nela uma exceção para nós”. E por que nós realizamos atos contrários ao dever e, portanto, contrários à razão? Kant dirá que é porque a nossa vontade é também afetada pelas inclinações, que são os desejos, as paixões, os medos, e não apenas pela razão. Por isso ele afirma que devemos educar a vontade para alcançar a boa vontade, que seria a vontade guiada unicamente pela razão. Em resumo, a ética kantiana é uma ética formal ou formalista, porque postula o dever como norma universal, sem se preocupar com a condição individual na qual cada um se encontra diante desse dever. Em outras palavras, Kant nos dá a forma geral da ação moralmente correta (o imperativo categórico), mas não diz nada acerca do seu conteúdo, não nos diz o que devemos fazer em cada situação concreta. GILBERTO COTRIM Fundamentos da Filosofia