m 12 jornalmarcoedição325novembro2016 SAÚDE Usar anticoncepcionais traz vantagens e riscos Médicos aconselham mulheres a consultar um ginecologista antes de usar algum método contraceptivo Bruna Leão 3º Período Os anticoncepcionais hormonais estão sendo alvo de críticas e questionamentos nas redes sociais, sob o alerta de gerarem efeitos colaterais, como o desencadeamento de doenças, mesmo quando usados sob prescrição médica. Indicados geralmente como método fácil para evitar filhos, os anticoncepcionais hormonais também podem ser prescritos com as finalidades de reduzir cólica menstrual, diminuir o fluxo menstrual, reduzir a perda do sangue menstrual, tratar a TPM (Tensão Pré Menstrual), regularizar ciclos menstruais e até paramelhorar a pele. Mas eles podem apresentar riscos e desvantagens, como a ocorrência de Ana Clara Carvalho trombose. O dr. Agnaldo Lopes, médico ginecologista e obstetra, presidente da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), explica que o uso de anticoncepcional (pílula) combinado com dois hormônios, o estrógeno e a progesterona, pode contribuir para a trombose. Mas observa que é uma complicação rara, embora potencialmente grave. “O risco de uma mulher jovem não usuária de anticoncepcional ter uma trombose é de cinco a cada 10.000 mulheres. Entre as que tomam pílulas, o risco é de dez a cada 10.000 e pós parto ou durante a gravidez é de 30 a cada 10.000 mulheres”. ALERTA Devido ao uso dos rémedios, Maria teve embolia pulmonar A página no Facebook, ‘Um veneno chamado anticoncepcional’, criada pela gaúcha Daniela Ayub, formada em direito, ajuda vítimas e propõe lei para prevenir doenças decorrentes disso. A ideia surgiu depois de ser diagnosticada com trombose venosa e embolia pulmonar devido ao uso de anticoncepcional. Daniela defende a aprovação de uma lei que obrigue a realização de exames prévios de trombofilia e doenças autoimunes, ao ser prescrito o método contraceptivo hormonal. Para ela, a medida é necessaria pois existem casos de morte entre mulheres que não sabiam ser propensas a esse tipo de doença. De acordo com dr. Agnaldo Lopes, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda a realização de testes genéticos para o uso de anticoncepcional hormonal, já que isso pode ser feito através da avaliação aprofundada do histórico da paciente. O médico pode verificar e explicar os melhores métodos para a paciente e quais as vantagens e desvantagens de cada um. A deputada federal Jô Moraes (PCdoB) afirma que o método contraceptivo é um direito universal e fundamental das mulheres, mas é necessario o conhecimento e o acesso à infor- mação para que seja feita uma escolha com autonomia. Segundo ela, “há um desconhecimento, a falta de acesso aos métodos contraceptivos, falta de políticas públicas e até mesmo de legislação”. Ela acredita que deputados federais podem apresentar um projeto de lei determinando que a prescrição de anticoncepcional seja feita por ginecologista e antecedida de exames. ADVERSIDADES Maria Luisa Carvalho, mora em Contagem e sofreu embolia pulmonar; uma amiga teve trombose na perna. Ela utilizou o Dianne 35 por seis meses e não pode mais tomar o u tro contraceptivo hormonal. No caso dela, o risco é de morte. O objetivo era regularizar seu ciclo menstrual e melhorar a pele. Ela não sabe se há um exame anterior ao uso do anticoncepcional capaz de prevenir efeitos colaterais, já que cada mulher pode apresentar reações diferentes e em tempos diferentes. Métodos Alternativos Existem outras formas de contracepção fora as diferentes pílulas hormonais, mas a escolha do melhor método, para cada mulher, deve ser feita sob orientação médica, após a discussão e avaliação das suas necessidades e preferencias. A camisinha, por exemplo, é um método contraceptivo, também eficiente na proteção contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), acessível, e para o qual não há contraindicação. O dispositivo intrauterino (DIU) feito de cobre, fica dentro do útero e pode proteger a mulher de cinco a dez anos; é um método também reversível. Ligadura de trompas ou laqueadura é uma cirurgia para a esterilização que pode ser realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Somente são indicadas mulheres acima de 25 anos, que já tenham, ao menos, dois filhos vivos, já que não é reversível. Já o diafragma é um anel flexível envolvido por uma borracha fina, que impede a entrada dos espermatozoides no útero. Vasectomia é uma pequena cirurgia, no homem, de esterilização definitiva. Por isso, ele deve ter certeza de que nunca mais quer ter filhos. Vicio em remédios pode ser um passo para dependência Ana Laura Alcântara Laís Politi 2° Período Considerada uma doença urbana, a dependência de remédios está se tornando cada vez mais comum entre pessoas acostumadas ao uso indisciplinado da medicação para fins específicos. Classifica-se como dependente de medicamentos quem sofre grave desconforto em abstinência, ou seja, quando não toma determinado remédio, vê cair sua qualidade de vida. A sensação de bem-estar leva muitas pessoas a tomar, assiduamente, medicamentos que causam vício e sérios danos à saúde. Os benzodiazepínicos, drogas hipnóticas e ansiolíticas, conhecidas popularmente como Benzepan ou Rivotril, são os principais da lista. Eles têm o intuito de ajudar a dormir e ainda proporcionar relaxamento físico. O diagnóstico da dependência medicamentosa é difícil e só é possível perceber suas reações adversas quando o paciente suspende as dosagens. A doutora em farmacologia, Virgínia Vidigal, afirma: “Quando o paciente é farmacodependente, ao suspender a droga, ele tem a síndrome de abstinência que gera irritabilidade, insônia, estresse e mal-estar. Essa síndrome é um dos principais sintomas”. TRATAMENTO “O tratamento depende de cada paciente e do tipo do medicamento e se dá através de substituições e/ou retiradas graduais. O paciente deve consultar seu médico e pedir a diminuição das dosagens ou um fármaco mais fraco até seu organismo se adaptar à falta da droga”, explica a dra. Virgínia. É comum equiparar-se o hipocondríaco ao “viciado em remédio”, porém há distinção entre eles. A hipocondria é simplesmente a mania de tomar remédios em qualquer situação. “Sempre que tenho um principio de dor de cabeça já tomo algum analgésico. É inevitável, tenho essa mania em todas as situações independente do problema”, relata a estudante L.S.P., de 19 anos. Quando se trata do dependente, a situação é bem mais delicada. A dependência é um estado total de subordinação e o sujeito tem sérias complicações desde o diagnóstico até o tratamento. A aluna L.A., de 20 anos, relata que era dependente da Paroxetina, um antidepressivo inibidor seletivo da recaptação da serotonina. “Por muito tempo a medicação me fez bem. Eu só me dei conta de que estava dependente quando o remédio acabou pela primeira vez. Aí começaram as tonturas, o enjoo, a sensação de mudança de temperatura brusca, os pensamentos ruins, pesadelos e ansiedade. Até comprar outra cartela, já sentia como se meu corpo não conseguisse funcionar sem aquilo”, relata a aluna. Ela diz que há duas semanas iniciou o tratamento com seu médico e, desde então, não tomou mais o remédio. “Atualmente me considero livre. O remédio já não tinha mais efeito. Meu médico já tinha reduzido a dosagem máxima para a mínima. Eu tomava a dose máxima de 80mg, Marianne Fonseca As drogas hipnóticas e ansiolíticas são as que mais causam dependência e danos à saúde por volta de 4 comprimidos,” informa a estudante. ALTERNATIVAS Consideradas como sistema medicinal alternativo, a fitoterapia e a homeopatia são dois métodos naturais considerados semelhantes. Porém, se diferenciam pelas técnicas terapêuticas e os elementos utilizados. A fitoterapia foi desenvolvida com o uso de plantas para tratar ou curar doenças. Já a homeopatia possibilita o equilíbrio das energias reguladoras da saúde do paciente, através de substâncias diluídas e do uso de elementos de origem mineral ou animal. Entretanto, a homeopatia busca tratar o doente e não a doença, modificando-o de dentro para fora. Já o tratamento fitoterápico se baseia nos princípios contrários, buscando suprimir os sintomas das doenças com substancias naturais que atuem contra eles. No entanto, a grande diferença entre os dois é a dependência. Como os medicamentos utilizados na fitoterapia podem ser manipulados ou encontrados em farmácias, podem viciar o paciente dependendo da frequência e quantidade ingerida enquanto o tratamento homeopático, com fármacos fracos, tem risco de vício menor. Apesar de ter origem natural, os medicamentos homeopáticos e fitoterápicos podem ter efeitos colaterais, se consumidos em excesso. Portanto, é aconselhável consultar um profissional antes de se automedicar.