Bovinos_ - MODELO

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/ Suplementação /
A
utilização de misturas
minerais na bovinocultura de corte nacional
teve grande incremento
nos últimos 15 anos,
sendo parte desse aumento devido a projetos de pesquisa e extensão, que mostram
a necessidade da suplementação mineral
de bovinos criados em pastagens. Atualmente, o uso de suplementos minerais é
considerado ferramenta indispensável em
sistemas de produção de carne, porém,
ao confrontarmos os números de produção da indústria com o rebanho total, percebemos que ainda existe grande parte do
rebanho bovino brasileiro sendo criado
sem a utilização de suplementos minerais. Por outro lado, grande parte dos
produtores que utilizavam somente a suplementação mineral passou a utilizar as
chamadas “misturas múltiplas”, que possuem fontes energéticas e protéicas além
dos minerais.
Existem várias maneiras de se fazer a
suplementação mineral de bovinos, sendo que diferentes métodos proporcionam
diferentes ingestões da mistura mineral
e, conseqüentemente, do suprimento das
exigências minerais de cada categoria animal. Os minerais podem ser fornecidos
através de água, blocos mineralizados,
misturas múltiplas, “bollus” intra-ruminal e injeções subcutâneas. Nas condições
brasileiras, a forma mais comumente adotada é a de ingestão à vontade dos suplementos minerais no cocho, sendo que essa
Nas condições
brasileiras, a
forma mais
comumente
adotada é a de
ingestão à
vontade dos
suplementos
minerais no
cocho
escolha normalmente é tomada, devido
ao baixo custo e maior facilidade de manejo desse método.
A suplementação mineral através
da ingestão voluntária foi desenvolvida com o pensamento errôneo de que
os animais seriam capazes de controlar o consumo de acordo com as suas
necessidades. Esse pensamento foi desenvolvido devido a evidências observadas no comportamento dos animais,
como, por exemplo, o fato de bovinos
com dietas deficientes em fósforo comerem ossos, alimento rico nesse mineral. Becker et al. (1933) observaram
que vacas suplementadas com farinha
de carne e osso diminuíam a ingestão
desse suplemento, quando eram aumen-
A suplementação mineral no cocho pode ser a mais barata e fácil de manejar,
mas nem sempre proporciona os melhores resultados, existem alternativas
para maximizar os ganhos fazendo essa operação adequadamente
Ingestão adequada
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tados os níveis de fósforo na dieta. Os
bovinos preferem dietas mais palatáveis, mesmo que pobres em nutrientes,
em detrimento de dietas menos palatáveis e mais nutritivas.
Coppock et al. (1976) observaram
que vacas de leite com dietas deficientes em cálcio e fósforo não consomem,
por livre escolha, quantidades suficientes de fosfato bicálcico para suprir
suas exigências. Outros experimentos
foram realizados com bovinos na forma de “cafeteria”, em que eram disponibilizados ao animal diferentes minerais separados dentro do cocho, avaliando a habilidade do animal em selecionar os minerais de que estariam deficientes. Os pesquisadores concluíram
que os animais têm maior capacidade
de selecionar os alimentos em relação
às qualidades sensoriais do que ao aspecto nutritivo dos mesmos. Acreditase que a capacidade dos bovinos em
selecionar alimentos mais nutritivos tenha se perdido com a sua domesticação.
Os fatos descritos acima nos mostram que animais a pasto, recebendo
“misturas múltiplas”, apresentam maiores chances de estarem recebendo
quantidades adequadas de minerais
devido à maior palatabilidade da mistura e ao melhor controle das quantidades ingeridas. O controle do consumo da mistura mineral é de extrema
importância na avaliação de deficiências minerais em bovinos de corte. Vale
lembrar que o consumo tem grande variação individual, com animais consumindo até o dobro da quantidade mé-
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O controle do
consumo de
misturas
minerais na
bovinocultura de
corte é tão
importante como
o fornecimento
do mesmo
dia observada no lote. Outros fatores
como espaço de cocho disponível por
animal, condições da mistura e matéria-prima utilizada também têm grande influência nesse consumo.
Tait et al. (1992), utilizando equipamentos eletrônicos para controle de
consumo da mistura mineral de novilhos em pastejo, observaram grande variação individual de consumo entre os
animais. Foram utilizados novilhos
com peso médio de 350 kg em uma área
de três hectares. O consumo da mistura mineral variou entre 60 e 330 gramas por animal/dia, com 65% dos animais consumindo entre 100-250 gramas
por dia. O número médio de visitas ao
cocho por animal foi de 3 vezes ao dia,
sendo a maioria das vezes entre as 20h
e 23h. O controle do consumo de misturas minerais na bovinocultura de
corte é tão importante como o fornecimento do mesmo. A inclusão de ingredientes palatáveis, como farelos de
cereais, promoverá aumento do consumo da mistura mineral, sendo o contrário observado com a inclusão de
sódio (sal branco). Deve-se ajustar o
consumo às quantidades necessárias de
minerais, para suprir as exigências de
cada categoria animal.
A suplementação mineral apresen- 8
Walter Ney Ribeiro
Fotos André Alves de Souza
A suplementação mineral responde por cerca de 20% dos custos totais
da propriedade e, portanto, influi diretamente no custo da arroba
Estudo mostra que fósforo fornecido via suplemento proporciona maior
ganho de peso por animal e adubação traz maiores ganhos por área
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um custo elevado, podendo chegar
a 20% dos custos totais da propriedade, e, portanto, influir diretamente no
custo da arroba produzida e no lucro
final da atividade. O fósforo é o ingrediente de maior valor na formulação
do suplemento mineral, correspondendo a 60-70% do custo total do suplemento (Schunke, 2001).
A adubação de pastagens é uma
tecnologia muito pouco utilizada nos
sistemas de produção da bovinocultura de corte brasileira. Segundo Costa et al. (1982), citados por Schunke
(2001), bovinos Nelore sobreano pastejando colonião implantado em solos de alta fertilidade e adubado com
100 kg/ha de P 2O5, o melhor retorno
econômico foi observado com o fornecimento de sal comum, superando
suplementos com fósforo e micronutrientes. Diante dessa situação, é de
extrema importância avaliarmos as interações entre a adubação de pastagens
e o fornecimento de suplementos minerais a bovinos de corte, para maximizarmos os lucros da atividade. A
adubação de pastagens e o fornecimento de suplementos fosfatados são
duas formas de se introduzir o fósforo no sistema solo-planta-animal, com
a diferença de que na adubação o elemento mineral passará pelo solo e
planta antes de ser utilizado pelo animal. Já no caso da suplementação, o
animal é a única parte do sistema que
poderá fazer a utilização do mineral,
podendo não haver consumo homogêneo entre os animais.
Schunke (1991) avaliou os efeitos
da suplementação fosfatada e do fornecimento de suplementos sobre o desempenho de bovinos Nelore, em pastagens de Brachiaria decumbens, implantadas em solo areia de quartizosa
distrófica. O autor verificou que, independente da forma de aplicação, o
fósforo aumentou o desempenho animal, porém, quando o mineral foi fornecido via suplemento, houve maior
ganho de peso por animal, enquanto
que a adubação proporciona maiores
ganhos por área (Tabela 1). Os animais mantidos em pastagens sem adubação responderam à suplementação
fosfatada, enquanto os mantidos em
pastagens adubadas apresentaram res-
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posta menor ou [nenhuma resposta]
à suplementação.
A depressão no consumo de alimentos é um dos sinais da deficiência de fósforo em bovinos. Schunke
(2001) observou em avaliações, durante três anos de experimento que os
animais testemunha ganharam menos
peso e que, a partir do segundo ano
experimental, houve aumento da disponibilidade de forragem, resultante
da baixa extração do sistema pelo animal e da alta taxa de material morto
da pastagem.
Quando foi aplicado o fertilizante, a disponibilidade de pasto aumentou, mesmo com maior carga animal e
suplementação com fósforo. A adubação levou a aumento das concentrações
de nitrogênio nos tecidos novos das
A depressão no
consumo de
alimentos é um
dos sinais da
deficiência de
fósforo em
bovinos
plantas, porém não alterou as concentrações de fósforo, sugerindo que os
efeitos desse manejo estão no aumento da disponibilidade de matéria seca,
concentração de nitrogênio e do consumo voluntário do animal.
A avaliação econômica do efeito residual da adubação apresentou um valor
presente líquido maior queo da suplementação nas condições em que foi realizado
o trabalho (Tabela 2).
Nas condições atuais, de baixa lucratividade da atividade pecuária, as interações
entre as diversas tecnologias aplicadas aos
sistemas deverão ser cuidadosamente avaliadas para minimização dos custos e conseqüente incremento na lucratividade.
André Alves de Souza,
Unesp - Botucatu
Tabela 1. Ganho de peso de bovinos Nelore submetidos a diferentes formas
de suplementação com fósforo, em pastagens de Brachiaria decumbens
TRATAMENTOS
Testemunha (1,5 UA)
Adubação (1,5 UA)
Suplementação (1,5 UA)
Adubação (2,13)
Adubação e suplementação (1,5 UA)
Adubação e suplementação (2,13 UA)
GANHO DE PESO (KG/
ANIMAL/ANO)*
Seca
Águas Total
30a
52c
82d
a
ab
47
73
120c
a
a
53
81
134a
48a
68b
116c
50a
77a
127ab
49a
74ab
123bc
CONSUMO MÉDIO DE
MINERAIS (G/ANIMAL/DIA)
44,6
44,1
55,3
36,7
51,8
41,1
*média de 3 anos
valores seguidos de letras diferentes apresentam diferenças significativa entre si (Duncan 1%)
Fonte: adaptado de Schunke , 1991
Tabela 2. Custos e benefícios adicionais (U$$/ha/ano) da
utilização de fósforo no sal mineral e na adubação
Ano
Indicador financeiro
Suplementação
Adubação
1
Custo adicional
Benefício adicional
Benefício líquido adicional
11,77
71,18
59,41
83,30
103,5
19,74
2
Custo adicional
Benefício adicional
Benefício líquido adicional
11,77
71,18
59,41
103,05
103,05
3
Custo adicional
Benefício adicional
Benefício líquido adicional
11,77
71,18
59,41
103,05
103,05
177,06
208,69
VPL*
VPL – Valor presente líquido dos benefícios adicionais, considerando uma taxa de desconto de 6% ao ano.
Fonte: adaptado de Schunke , 2001
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