Terapêutica com Hormônios Bioidênticos Tiroxina Bioidêntica

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Atualização em Terapêutica Hormonal
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Terapêutica com
Hormônios Bioidênticos
Tiroxina Bioidêntica
Considerações Iniciais
O hipotireoidismo está relacionado com a deficiente produção de hormônio tireoidiano
pela glândula e pode ser de origem primária (anormalidade da própria glândula da
tireoide) ou de origem secundária/central (como resultado de doença hipotalâmica ou pituitária). O termo
“hipotireoidismo subclínico” é utilizado para definir o grau de hipotireoidismo primário no qual há
elevada concentração de hormônio tireoide-estimulante (TSH) na presença de concentrações normais de
tiroxina sérica livre (T4) e triiodotironina (T3)¹. O hipotireoidismo subclínico pode progredir ao
hipotireoidismo em 2-5% dos casos, anualmente.
Todos os pacientes com hipotireoidismo
desenvolvido ou hipotireoidismo subclínico
com TSH>10mIU/L devem ser tratados.
Há consenso da necessidade de tratar o
hipotireoidismo subclínico de qualquer
magnitude em grávidas e mulheres que
desejam engravidar, com o objetivo de
reduzir as complicações da gravidez e
ainda prevenir falhas no desenvolvimento
cognitivo dos filhos¹.
Pacientes com hipotireoidismo subclínico
apresentam níveis de Proteína C-Reativa de alta
sensibilidade (hs-CRP) relativamente elevados,
além de lipoproteínas A, colesterol total e LDL mais
elevados, quando comparados aos mesmos
parâmetros em grupos controle sem a patologia. O
diagnóstico e o tratamento do hipotireoidismo
subclínico tem diversas vantagens, incluindo
primeiramente a prevenção da progressão do
hipotireoidismo e, em segundo lugar, reduzindo o
risco de mortes oriundas da doença cardiovascular,
uma vez que o tratamento melhora os parâmetros
lipídicos, reduzindo os fatores de risco
eroscleróticos².
As causas mais comuns do
hipotireoidismo são a destruição
autoimune da glândula tireoide,
cirurgia prévia da tireoide ou terapia
com radioiodo. Além disso, vários
tipos de medicamentos
frequentemente induzem o
hipotireoidismo, incluindo amiodarona,
citocinas e o lítio³.
Mais recentemente, pesquisadores identificaram que em pacientes sob hemodiálise com níveis
reduzidos de triiodotironina ou tiroxina há maior risco de mortalidade, especialmente em virtude de
causas vasculares. O TSH não está associado à mortalidade. Por outro lado, pacientes com
concentrações basais baixas e persistentes de triiodotironina durante três meses apresentam maiores
riscos de mortalidade que aqueles com níveis persistentemente elevados4.
Em Janeiro de 2012, em estudo publicado no The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism
apresentou que pacientes com doença celíaca atípica têm necessidades aumentadas para a
administração de T4 e ainda conclui que a má absorção de T4 possa fornecer oportunidade para
detectar a doença celíaca que muitas vezes pode estar “esquecida” pelos clínicos, até que a terapia
com T4 seja introduzida5.
O hipotireoidismo afeta 5-20% das mulheres idosas e 3-8% dos homens
idosos. A ocorrência varia de acordo com a genética e tem elevada
prevalência nos Caucasianos, sendo mais comum em populações com
alta ingestão de iodo.
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Estudos & Atualidades
A terapia recomendada e apropriada para o hipotireoidismo é a levotiroxina sódica,
cuja dose inicial deve ser baixa em caso de suspeita de doença cardíaca3. O T4
permanece como tratamento padrão para o hipotireoidismo primário ou central, cujo tratamento inicial
pode ser utilizado de acordo com a dose padrão para a maioria dos pacientes jovens, e iniciado em doses
mais baixas nos pacientes idosos, além daqueles com doença arterial coronariana e pacientes com
hipotireoidismo severo de longa data¹.
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Estudos realizados há alguns anos
sugeriam que a combinação da
levotiroxina sódica (T4) e liotironina (T3)
poderiam proporcionar melhores
resultados clínicos, entretanto, novos
estudos têm apresentado resultados
contraditórios a esta hipótese³.
Em virtude do tempo de meia-vida da levotiroxina sódica, ajustes pequenos na dose podem ser
realizados através do aumento ou redução da dose, uma ou duas vezes por semana. A
levotiroxina sódica é parcialmente absorvida após a ingestão oral e alimentos, minerais,
medicamentos e até mesmo os excipientes da formulação podem alterar a sua absorção³.
Atualmente, o estresse oxidativo em indivíduos com hipotireoidismo primário em pacientes tratados
com T4 tem sido associado à causa dos efeitos adversos comumente encontrados durante este
tratamento. Pacientes tratados com a dose de 75μg apresentam balanço satisfatório do
hipotireoidismo. Durante o tratamento os pesquisadores observaram aumento da hs-CRP e aumento
de hidroperóxidos. Os efeitos adversos, em sua maioria ausentes até o 15º dia de tratamento,
ocorreram com freqüência nos demais dias, e incluíram os sintomas de sudorese e palpitações.
Nestes pacientes, a terapia com T4 causa estresse oxidativo, causando desconforto nos pacientes,
reduzindo as atividades de trabalho em 1/3 dos dias avaliados 6.
Para reverter o estresse oxidativo provocado pela
administração de levotiroxina em pacientes
sofrendo hipotireoidismo primário pesquisas
recomendam a utilização de proantocianidinas –
conhecidas por suas
propriedades antioxidantes.
Em um grupo de 66 pacientes randomizados a receber entre bioflavonoides, proantocianidinas e
placebo, concomitantemente ao uso do T4 (75μg/dia), o grupo tratado com as proantocianidinas
apresentou incidência de efeitos adversos e números de dias com desconforto significativamente
menores que os demais grupos (Anova P<0,05)7. O ácido alfa-lipoico também tem apresentado
resultados positivos neste pacientes, melhorando a função endotelial através da redução de
radicais livres derivados do oxigênio8.
Um estudo avaliou o efeito do hipotireoidismo, hipertireoidismo e seus tratamentos sobre os
parâmetros do estresse oxidativo e status antioxidante e apresenta que os hormônios
tireoidianos têm forte impacto sobre o estresse oxidativo e sistema antioxidante.
Estudos & Atualidades
Após dois meses de tratamento com vitamina E, os níveis desta apresentaram-se
reduzidos ao nível do controle não tratado, justificando o desequilíbrio antioxidante e a possível necessidade de suplementação9. Além desta, a vitamina A e vitamina C
encontram-se reduzidas nos pacientes com hipotireoidismo. A vitamina A é um potente antioxidante
e atua como varredor de radicais livres e atua independentemente ou como parte do sistema
enzimático. Sua deficiência tem múltiplos efeitos na função tireoidiana, conforme demonstrado em
animais10.
Proantocianidinas7, ácido alfalipoico8, além das vitaminas A10 e
E9 podem ser utilizados como
suplementos com o objetivo de
reduzir o estresse oxidativo
provocado pela administração de
tiroxina no tratamento do
hipotireoidismo, reduzindo, desta
maneira, os efeitos adversos deste
desequilíbrio antioxidante.
Segundo o Projeto Diretrizes11, são apresentadas as seguintes recomendações para o
tratamento e acompanhamento do hipotireoidismo:
● Em pacientes com hipotireoidismo primário, o nível do TSH deve ser diminuído para o meio do limite
de normalidade. A dose média de levotiroxina requerida para adultos é aproximadamente de 1,0 a
1,7μg/kg11.
● A etiologia do hipotireoidismo pode influenciar a dose necessária de tiroxina. Pacientes cujo
hipotireoidismo é resultante de tireoidectomia total ou tireoidite crônica autoimunepodem necessitar de
doses mais altas de levotiroxina.A dose de levotiroxina final requerida está associada à concentração
de TSH inicial. A dose inicial de levotiroxina varia desde 12,5μg até a dose total baseada na idade,
peso,função cardíaca do paciente, gravidade e duração dohipotireoidismo. O TSH sérico deve ser
avaliado após seissemanas para indicar necessidade de ajuste de dose comincrementos de 25-50μg.
Idosos requerem doses menores11.
● Em pacientes com cardiopatia isquêmica, a dose inicial recomendada é de 25μg/dia, com
incrementos de 25μg/mês. No tratamento do hipotireoidismo central, o objetivo é atingir uma
concentração normal de T4 livre. Após atingir a dose ideal, os hormônios tireoidianos devem ser
solicitados a cada seis ou 12 meses. A cada retorno do paciente, realizar um apropriado exame físico,
além da solicitação da dosagem hormonal11.
● A levotiroxina deve ser administrada em jejum, com pelo menos quatro horas de diferença entre a
tomada de outras medicações ou vitaminas. A absorção da levotiroxina pode ser afetada por doença
de má absorção, pela idade do paciente e por algumas drogas, como colestiraminas, sulfato ferroso,
cálcio, e alguns antiácidos que contêm hidróxido de alumínio. Drogas como anticonvulsivantes e a
rifampicina e sertralina podem acelerar o metabolismo da levotiroxina e, nesse caso, a dose de
levotiroxina precisa ser aumentada11.
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Estudos & Atualidades
Estudos têm mostrado que existe um interesse atual na possibilidade de benefício do
tratamento do hipotireoidismo com combinações de T4 e T3 e com preparações de
extratos de tireóide. O tratamento com a combinação de T4/ T3 não produz melhora no bem-estar, na
função cognitiva ou na qualidade de vida, quando comparado ao tratamento só com T411, 12, 13.
SUGESTÕES DE FÓRMULAS
SUGESTÕES DE FÓRMULAS
Cápsulas de Tiroxina (T4)
Tiroxina (sal)......................... 50-200μg
Equivalente à dose diária.
Cápsulas com Vitamina E + Vitamina C
Vitamina C....................................60mg
Vitamina E...................................50mg
Administrar duas a três cápsulas diariamente.
Cápsulas com Proantocianidinas
Grape Seed Extract...................200mg
Equivalente à dose diária.
Corresponde ao extrato seco padronizado com
95% de proantocianidinas.
Cápsulas com Vitamina A
Vitamina A..................................1000UI
Equivalente à dose diária.
Indicações:

 Hipotireoidismo;
 Hipotireoidismo subclínico;
Síndrome de Insuficiência Tireoidiana.
Dose Posológica Proposta:
Tiroxina – 50-200μg/dia.
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