as práticas avaliativas do processo de ensino e aprendizagem e as

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AS PRÁTICAS AVALIATIVAS DO PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM E AS CONCEPÇÕES DOS PROFESSORES
RECHE, Bruna Donato – UEL
[email protected]
MORAES, Dirce Aparecida Foletto de– UEL
[email protected]
Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
Visando reconhecer as concepções docentes sobre os processos avaliativos de três escolas do
ensino básico, o presente texto, oriundo de um trabalho desenvolvido na disciplina de
Didática: Avaliação e Ensino do curso de Pedagogia de uma universidade pública, apresenta
os resultados da análise de questionários, respondidos pelos professores sobre a avaliação da
aprendizagem e suas práticas, os quais influenciam na consolidação do processo de ensino e
aprendizagem. A avaliação está presente em todo o trabalho pedagógico da escola, desde o
planejamento à execução, possibilita o levantamento de dados que ajudam a efetivação dos
objetivos e métodos de ensino, bem como as intervenções didáticas docentes neste processo.
Por isso é necessário refletir sobre como os professores concebem as práticas avaliativas e
como, por meio delas, contribuem para a aprendizagem significativa dos alunos. A
metodologia de pesquisa privilegiou a abordagem de cunho predominantemente qualitativo,
de caráter exploratório-descritivo. Foram coletadas informações, através de um questionário
sobre avaliação da aprendizagem, e o método hermenêutico-dialético (Minayo, 2006) foi
utilizado para a análise dos dados. Os objetivos desta pesquisa, entre outros, eram:
compreender como os docentes concebem os processos avaliativos; conhecer o modo como
avaliam seus alunos e identificar os possíveis recursos ou instrumentos usados no momento
de avaliar. As manifestações expressas pelos professores revelam que, em sua maioria, que
estes usam atividades constantes para avaliar, entretanto não é comum discussões entre os
professores sobre os progressos discentes. Entre os resultados alcançados, estão algumas
reflexões sobre a importância da avaliação no processo de ensino e aprendizagem; o
conhecimento sobre as práticas avaliativas em três escolas da educação básica a partir das
análises dos questionários e contribuições para a área de didática e organização escolar.
Palavras-chave: Avaliação da aprendizagem. Avaliação Formativa. Processo de ensino e
aprendizagem.
Introdução
No âmbito da didática e da organização escolar, é necessário refletir sobre como os
professores concebem as práticas avaliativas e como estas podem contribuir na construção de
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uma aprendizagem significativa dos alunos. Isto porque, a educação entendida a partir da
transmissão e memorização de informações, mesmo ultrapassada nas discussões e propostas
educacionais, ainda se encontra presente no modo de ensinar e também na forma de avaliar
como quantificadora, seletiva e competitiva, a qual pouco auxilia alunos e professores no
processo educativo (HAYDT, 1994). Dessa forma, “[...] se queremos mudar a prática
educativa, é necessário mudar a prática da avaliação [...] mudar sua finalidade e o que e como
se avalia” (JORBA; SANMARTÍ, 2003 p. 23).
Em suas pesquisas, Mediano (1987) demonstra que os professores não apresentam um
entendimento claro sobre o que seja a avaliação da aprendizagem. Para complementar, utilizase das pesquisas de Luckesi (1978 apud MEDIANO, 1987) para demonstrar que as práticas
avaliativas dos professores envolvem a memorização de fatos e informações pelos alunos e
que não são refletidas em conjunto posteriormente. Desta forma, o que se pode perceber é
que, ainda nos dias de hoje, “[...] o exercício pedagógico escolar é atravessado mais por uma
pedagogia do exame que por uma do ensino/aprendizagem” (LUCKESI, 2002, p.18).
Entretanto, como afirma Jorba e Sanmartí (2003), é sobre a avaliação que o trabalho
escolar se desenvolve, pois condiciona os conteúdos a serem ensinados e os ajustes a serem
feitos conforme as necessidades dos alunos. Ela deve ser assumida como um meio de
averiguar como os objetivos propostos para o processo de ensino e aprendizagem estão sendo
construídos (HAYDT, 1994) e como um elemento orientador do processo de ensino e
aprendizagem.
Assim, para contribuir com a apropriação de saberes de maneira significativa, a função
da avaliação vai além de constatar, verificar ou medir, ela “deve se pôr a serviço das
aprendizagens o máximo possível” (HADJI, 2001, p.16), principalmente porque precisa estar
compromissada em auxiliar o aluno a aprender e o professor a ensinar.
A justificativa para uma pesquisa desta natureza na educação básica é aprofundar os
conhecimentos sobre avaliação da aprendizagem e conhecer as concepções docentes sobre
este processo; entender como os professores usam a avaliação no ensino e no cotidiano
escolar; refletir sobre o aperfeiçoamento das práticas escolares para um efetivo processo de
ensino e aprendizagem.
Este estudo amparou-se em um trabalho desenvolvido na disciplina de Didática:
Avaliação e Ensino do curso de Pedagogia de uma universidade pública, que tinha o intuito de
refletir sobre aspectos relativos à avaliação e sua prática.
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Na tentativa de consolidar o estudo a opção foi por trabalhar com a abordagem
qualitativa, pois esta “[...] parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o
mundo real e o sujeito” (CHIZZOTTI, 1991, p.79), permitindo uma compreensão mais ampla
e clara sobre o objeto de investigação.
Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário com questões
relativas às concepções dos professores sobre a avaliação, aos processos avaliativos
utilizados, a importância dada à nota, as decisões ou procedimentos tomados o levantamento
de informações sobre a aprendizagem e ainda se havia sistematização dos processos
avaliativos na escola.
Richardson (1999) expressa que os questionários permitem a obtenção de informações
de um número variado de pessoas e são de fácil tabulação dos dados em pouco tempo. Para a
interpretação das informações deste estudo qualitativo, a proposta escolhida teve amparo na
estratégia de triangulação de Minayo, Assis e Souza (2006), ou seja, análise se deu a partir da
interpretação das autoras, da literatura especializada e dos dados da realidade investigada.
A avaliação formativa como meio de conceber as aprendizagens
A escola é um espaço social em que convivem diferentes pessoas advindas de
diferentes contextos, que tem a responsabilidade de “significar, de dar sentido, de produzir
conhecimentos, valores e competências fundamentais para a formação humana dos que
ensinam e dos que aprendem” (SILVA, 2003 p.9).
Jorba e Sanmartí (2003) afirmam que para este trabalho de formação humana, a
avaliação é o instrumento principal, pois esta permeia todo o trabalho pedagógico da escola,
desde o planejamento à execução, possibilitando dados que ajudam a efetivação dos objetivos,
a escolha dos métodos de ensino, bem como as intervenções didáticas docentes neste processo
(SILVA, 2003) de superação das dificuldades identificadas.
Sendo assim, o ensino não pode restringir-se à transmissão e memorização dos
conteúdos (SILVA, 2003), mas deve privilegiar o trabalho de forma significativa e
contextualizada, em que os conhecimentos possam ser construídos e reconstruídos. Em
relação à aprendizagem, esta precisa ser compreendida e exercitada como construção, pois o
conhecimento se processa pela “[...] interação radical entre o sujeito e o objeto, entre
indivíduo e sociedade, entre organismo e meio” (BECKER, 2001, p.36). E a avaliação, devido
a sua importância, não pode ser entendida como uma atividade limitada ao final do processo
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(JORBA; SANMARTÍ, 2003), mas como uma forma de acompanhar toda a trajetória,
tornando-se uma ferramenta formativa no processo.
A avaliação formativa é a mais próxima de um ensino democrático, diversificado e
inclusivo (SILVA, 2003). Jorba e Sanmartí (2003), compartilham da ideia e explicam que
esse tipo de avaliação refere-se aos procedimentos frequentes usados pelo professor para
adaptar seu método de ensino de acordo com as características dos alunos. Com ela, o
professor detecta os pontos frágeis da aprendizagem ao evidenciar o raciocínio elaborado pelo
estudante. O aluno aprende conforme executa tarefas que exigem todo seu conhecimento.
Nesta perspectiva, a avaliação colabora para a construção de uma concepção
pedagógica que visa romper com o ensino que classifica, exclui e seleciona (SILVA, 2003),
na medida em inclui todos os envolvidos do processo como contribuintes para a formação
cognitiva, social e humana. Ao se sentir parte de sua própria aprendizagem, o aluno consegue
planejar meios para aperfeiçoar seu desempenho.
Isso significa que na medida em que vai detectando as fragilidades da aprendizagem,
professor e alunos devem empenhar-se em superar para que estas não se acumulem e caminhe
rumo ao fracasso. Para tanto, “quanto maior for a amostragem, mais perfeita é a avaliação,
todos os recursos disponíveis de avaliação devem ser usados na obtenção de dados”
(HAYDT, 1997 p. 55). Por isso a variabilidade de instrumentos adequados aos objetivos
propostos contribui para uma avaliação mais próxima da realidade e vai colaborar com o a
obtenção do maior número de dados sobre a aprendizagem.
O nível de aprendizagem do aluno pode ser melhor se a postura do professor voltar-se
para o entendimento de como os diversos fatores que influenciam na sala de aula podem
contribuir com um ensino mais efetivo e uma aprendizagem mais significativa.
As percepções dos Docentes da Educação Básica sobre Avaliação da Aprendizagem
As reflexões sobre a avaliação e ensino dão condições para interpretar os dados
coletados referentes à opinião dos professores da educação básica no que se refere a
importância da avaliação no processo de ensino e como ela contribui para aprendizagem dos
alunos.
Durante muito tempo e ainda hoje, é possível que em muitas escolas a avaliação
carrega um caráter exclusivamente classificatório atrelado ao exame. Haydt (1994) a
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denomina como arcaica e tradicional que impede a construção do conhecimento e se restringe
em testar e medir a quantidade de informações retidas pelo aluno.
A maneira como são utilizados os instrumentos avaliativos, reforça-se a prática de um
ensino descontextualizado, estático e de uma aprendizagem que privilegia a memorização e a
reprodução, desprezando o exercício do pensamento. Ao ser “realizada sem critérios, sem
articulação entre os objetivos, os conteúdos e as estratégias de ensino [...] resulta em um ato
terminal e, portanto, sem continuidade após a constatação dos seus resultados” (MORAES,
2008, p. 73).
Sob a luz desse contexto e dessas reflexões, foi entregue a três instituições da
educação básica questionários a fim de se estudar a concepção de avaliação dos professores e
possibilitar caminhos que viabilizem uma avaliação formativa de construção do
conhecimento.
Das três instituições apenas quatro professoras responderam o questionário. Tal fato
dificultou, mas não impediu a análise da pesquisa, pois permitiram elucidar as propostas do
trabalho. Aliás, trata-se de mais um elemento a ser discutido conforme já indicado por
Minayo, Assis e Souza (2006), pois oferece núcleos contraditórios dos fatos e dados da
realidade investigada.
Quanto à forma de avaliar, duas concepções foram mencionadas como práticas
escolares usuais. A visão tradicional da avaliação que só mede a quantidade de informações
retidas pelo aluno pode ser percebida na declaração da professora 1 ao dizer que avaliar “é dar
uma determinada nota ou conceito ao conhecimento que o indivíduo recebeu. Reconhecer e
sondar a aquisição do conhecimento do aluno”.
Tal depoimento revela “uma ideia ainda parcial e fragmentada sobre o sentido e o
significado da avaliação [...] e restringem-na à evidenciação, pelo aluno, dos conhecimentos
adquiridos para aferição de conceitos determinantes de sua aprovação ou reprovação”
(MORAES, 2008, p.43).
A prática avaliativa que foca-se somente na classificação, traz consigo a concepção de
dizer o quanto vale o trabalho do outro sem que este possa manifestar-se sobre o processo
vivido em relação a sua aprendizagem. Além de contribuir para a ideia de que avaliar se limita
a práticas repetidas de exames “que geram medidas, que viram notas que se transformas em
signos que se distribuem em mapas que permitem comparar, selecionar e, eventualmente,
excluir pessoas/instituições” (SORDI E LUDKE, 2009 p.315).
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Em contraposição, a professora 2 manifestou uma compreensão diferente sobre o
significado da avaliação da aprendizagem em seu cotidiano de trabalho. Sem restringir-se ao
mero constatar de aprendizagens, entende que “avaliar é acompanhar o processo de ensino e
aprendizagem do aluno, percebendo seus avanços e suas necessidades específicas, criando
estratégias de ensino para o desenvolvimento desse processo”.
Quando perguntado às professoras, se a avaliação é importante no processo de ensino
e aprendizagem, as quatro professoras concordaram. Disseram que a avaliação mostra o
quanto os alunos aprendem, além de contribuir para a elaboração de meios possíveis para a
efetiva aprendizagem. De maneira geral entende-se que a avaliação “é um item importante
quando bem usado, é um instrumento que nos mostra o que devemos mudar na didática das
aulas e como cada aluno absorve ou constrói seu conhecimento” (PROFESSORA 1).
A pesquisa também apontou informações relevantes sobre o que é importante na
avaliação. Das professoras participantes, três afirmaram considerar importante o conteúdo que
os alunos assimilaram. Essa concepção é relatada no relato da professora 3 ao expressar:
“considero importante aquilo que o aluno assimilou daquilo que você passou”.
Somente uma professora cita que o mais importante na avaliação é, além de ressaltar
os acertos dos alunos, rever a prática do professor no processo de ensino ao relatar:
“considero importante reconhecer e valorizar os pontos positivos de cada aluno e também
reconhecer as falhas ou faltas da sua própria didática como professor (PROFESSORA 1).
Verificar se os alunos estão atingindo os objetivos previstos e possibilitar ao professor
a identificação das deficiências de ensino e reformulações em seu trabalho, é o que propõem a
avaliação formativa, defendida neste trabalho. Ela “orienta tanto o estudo do aluno como o
trabalho do professor” (HAYDT, 1997 p.18). Por isso, tão importante quanto a compreensão
a avaliação, são os critérios e os objetivos e a escolha dos melhores instrumentos que
possibilitarão a melhor coleta de informações sobre a aprendizagem dos seus alunos.
Neste sentido foi perguntado às professoras como elas avaliam seus alunos e que
recursos usam no momento da avaliação. Em geral, as quatro professoras disseram usar
atividades em sala de aula como uma prática avaliativa, além da prova. A fala de uma das
professoras elucida essa questão: “avalio a partir de atividades em sala e os recursos que uso
são trabalhos, pesquisas, exposição dos trabalhos feitos em grupo” (PROFESSORA 3).
A avaliação serve para construir a trajetória do desenvolvimento escolar do aluno. Por
isso, os mais variados instrumentos devem ser usados para verificar as aprendizagens dos
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alunos (LUCKESI, 2005). Além do mais, Haydt (1997) explica que avaliações periódicas
fornecem várias amostras das aprendizagens dos alunos e os estimulam a estudar sempre e
não somente nas vésperas de provas e conclui que a avaliação não tem um fim, mas é um
meio de aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem para os alunos e para o professor.
Outro elemento que merece destaque nesta pesquisa refere-se à relevância da nota.
Para elas, a aprendizagem é mais importante que a nota. Uma professora acredita que a nota é
somente uma formalidade e em geral, nem sempre ela mostra verdadeiramente o processo de
formação do aluno. A professora 1 expressa que:
A nota é um reconhecimento, um valor dado ao desempenho do aluno em
uma determinada atividade, em algumas vezes ou com alguns alunos, a nota
é condizente com o conteúdo que foi adquirido, em outros momentos não:
depende muito de cada aluno e de como consegue expressar o seu
pensamento e conhecimento.
A nota apresenta uma contribuição importante para a aprendizagem escolar, afinal ela
auxilia “o educando no seu desenvolvimento pessoal, a partir do processo de ensinoaprendizagem, e responder à sociedade pela qualidade do trabalho educativo realizado”
(LUCKESI, 2002 p. 174). Mas a ênfase da avaliação deve ser a aprendizagem efetiva dos
alunos, por isso ela não pode acontecer somente no final do processo e sim constantemente,
de forma a possibilitar aos alunos a elaboração de conhecimentos nas atividades propostas
pelo professor, e que este, atente-se ao controle de suas práticas educativas a fim da
aprendizagem por todos os alunos.
Bloom, Hasting e Madaus (1983) enfatizam as notas podem ser utilizadas no sentido
de orientar na tomada de decisões e nos encaminhamentos necessários, mas para isso é
preciso saber usá-las, pois se não servir para repensar a prática pedagógica ou os caminhos
que devem ser percorridos para a superação das dificuldades de aprendizagem, nem mesmo
para ajudar no desenvolvimento da autonomia e de um pensamento mais crítico, apenas.
Essa pesquisa também levantou dados sobre os momentos coletivos de discussão a
respeito da avaliação e do ensino e se são feitos os registros destas discussões. As professoras
da primeira escola, em geral, disseram que há poucas discussões em torno das avaliações
aplicadas e não há registros, mas que semanalmente ocorrem encontros entre os funcionários
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da escola: “Há momentos de conversas do professor com as coordenadoras e posteriormente
há reunião de pais para esclarecimento de dúvidas” (PROFESSORA 2).
Uma professora da segunda escola, explicou que as reuniões acontecem no início dos
bimestres e na semana pedagógica. Somente a professora da terceira escola afirma que, além
das reuniões de professores, as discussões sobre avaliação ocorrem nos Conselhos de Classe,
no fim dos bimestres e nos momentos de elaboração das provas e todas as reuniões são
registradas em atas.
Percebe-se então, que reuniões entre os professores para a discussão do desempenho
dos alunos nas atividades escolares não acontecem com frequência nas escolas, o que
contribui para que práticas docentes se perpetuem muitas vezes de maneira isolada, quando
poderiam ajudar na ampliação do conhecimento teórico, fornecendo elementos subsidiários e
mais segurança para o professor tomar suas decisões.
Sordi e Ludke (2009) atentam para este fato explicando que a autonomia docente não
pode se confundir com “autonomização” (p. 316), ou seja, não se podem homogeneizar as
características dos alunos, quando são sujeitos com processos particulares de aprendizagem.
Colocar a avaliação no centro das discussões escolares é fazer dela um instrumento positivo
no desempenho escolar de cada aluno, “[...] ajudar os alunos a estudar e compreender bem
suas limitações e potencialidades ou, muito simplesmente, desinteressá-los (FERNANDES,
2009, p. 40).
Por fim, foi perguntado às professoras se há sistematização do processo avaliativo no
Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola ou se os professores são livres para avaliar.
Quanto à primeira escola, as professoras explicaram que a partir das orientações
vindas da coordenação e que estão no PPP, é que elas avaliam seus alunos. Estas justificativas
podem ser percebidas na seguinte fala: “as avaliações são feitas pelos professores dentro de
um padrão estabelecido pela escola. A coordenação aprova ou não, sugerindo mudanças nas
atividades/provas avaliativas (PROFESSORA 1).
Na segunda escola, a professora disse também haver uma sistematização dos processos
avaliativos, mas que os professores são independentes para avaliar seus alunos: “[...], para nós
é dado certo espaço, não nos podam individualmente” (PROFESSORA 3). Já a professora da
terceira escola, disse haver sistematização do processo avaliativo, mas não explicitou como.
Para Silva (2003), a principal maneira de consolidar a avaliação formativa na escola é
pelo registro dos objetivos e critérios de avaliação no PPP. Só assim é que o planejamento e
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as práticas de ensino desenvolvidos pelos docentes têm respaldos fundamentados no conjunto
das ações escolares.
É muito importante que haja espaços de discussão sobre as avaliações, tanto com os
estudantes, considerando como um momento a mais de aprendizagem, quanto com os outros
professores, para entender os processos globais de aprendizagem dos alunos. É mais do
examinar notas, é discutir sobre as práticas pedagógicas que mediaram estes resultados e
considerar outros fatores intra e extra-escolares que influenciaram na aprendizagem dos
alunos (SORDI E LUDKE, 2009).
Considerações Finais
A avaliação é o instrumento central de todo o processo de ensino e aprendizagem,
porque ela auxilia na apropriação dos conteúdos importantes e na superação dos obstáculos
que impedem o avanço do processo. Por ela constrói-se práticas docentes que rompem com a
concepção quantificadora e classificatória a fim de possibilitar ao aluno o controle de seu
aprendizado significativo.
A pesquisa realizada revelou que as professoras têm conhecimentos sobre a
importância da avaliação no processo de ensino e aprendizagem, mas falta o espaço escolar
para a discussão e reflexão em conjunto, bem como orientações aos profissionais sobre como
avaliar e encaminhar ações para que os alunos “ultrapassem eventuais dificuldades e
aprendam com mais gosto e com mais autonomia. Ações que os ajudem a desenvolver
processos de autoavalição e de autorregulação relativamente ao que é suposto aprenderem.
(FERNANDES, 2009, p. 21).
Estas discussões, quando bem encaminhadas, podem efetivar o significado da
avaliação democrática, contribuindo para a disseminação dos ideais contrários a uma prática
classificatória e excludente e que considera todas as formas de ajudar os alunos a construírem
suas aprendizagens, de modo a ponderar os conhecimentos e capacidades que já possuem, as
que estão em desenvolvimento e as que ainda precisam ser construídas.
Para tanto, é necessária a aproximação entre a teoria e a prática para orientar o
trabalho do professor no sentido de uma avaliação formativa, que contribui na regulação do
processo de ensino e aprendizagem, e minimiza o paradigma do exame.
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REFERÊNCIAS
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