E D I T O R A WWW.REVISTAWIDE.COM.BR ANO 8 . N 91 . JULHO/AGOSTO 2012 R$ 11,90 Fonte de inspiração para os seus negócios Música digital: entrevista exclusiva com o VP Scott Bagby, da Oi Rdio O Brasil acordou para o design como diferencial competitivo? Saiba como a produção de imagens pode influenciar as vendas Dicas para alcançar o sucesso no e-commerce de moda ESPECIAL Design Rio + 20 com Felipe Taborda Neuro Marketing Entenda os desejos, impulsos e motivações dos consumidores e faça a sua marca vender mais 91 > FRONT | WIDE | 1 2 | WIDE | 91 FRONT 91 > FRONT | WIDE | 1 EDITORIAL Qual o seu trunfo? É fato que o design se popularizou. Lendo o debate sobre o tema, na página 26, recordei-me de uma frase de Robert Hayes, professor de Harvard, que ouvi quando ainda era estudante de Desenho Industrial, na Esdi, e nunca esqueci. Dizia ele: “Quinze anos atrás, as empresas competiam em preço. Hoje em qualidade. Amanhã será no design.” Finalmente podemos dizer que chegamos nesse “amanhã”. O que mais temos lido atualmente é que o Brasil não é mais o país do futuro, é o país do presente. Então, pegando carona no conceito, o design não é mais uma ferramenta do futuro, é a ferramenta do presente. Temos que ser gratos a Steve Jobs, por revelar o quanto o design pode ser o maior trunfo de uma empresa. Enfim, cabe a nós agora catequizar o mercado, mostrar ao empresariado como o design pode contribuir para a geração de valor de uma empresa. Por isso, inclusive, essa revista não é mais de exclusividade dos “profissionais de internet”, ela atende hoje um público maior, de designers, profissionais de marketing, de tecnologia e, principalmente, de empreendedores, que devem sugar da economia criativa os insumos para os seus negócios. Um problema rotineiro hoje no E-commerce, para exemplificar, é o quanto as vendas podem cair se uma imagem não for bem trabalhada, não transmitir um conceito, uma atitude, que espelhe exatamente a marca. Esta edição traz uma reportagem que apresenta justamente a responsabilidade que as imagens têm sobre as vendas. A comunicação via internet requer novos cuidados, e a boa notícia é que eles podem ser medidos e seus resultados comprovados. Por fim, para aprofundarmos no assunto e compreendermos a atual lógica de consumo, espero por vocês aqui no Rio de Janeiro para o WOB 2012 – Wide Open Business Conference. Serão três inesquecíveis dias de inovação, design thinking, neuromarketing, aplicativos, novas mídias, gameficação, tendências e muito networking. Espero que esse congresso inspire-os ainda mais. Ah, vale lembrar que um dos palestrantes, Jürgen Klaric, já nos brindou com uma excelente entrevista para a matéria de capa desta edição. Confira na página 44. FALE CONOSCO Atendimento: [email protected] Redação: [email protected] Publicidade: [email protected] 91 Direção Geral Adriana Melo Direção de Redação Thiago Almeida Projeto Gráfico Tabaruba Design Direção de Criação e Ilustração Camila Oliveira Ilustração (colaboração) Carolina Vigna-Marú Publicidade Luanna Chacon Marketing David Costa Lima Atendimento Isadora Duarte Tecnologia Neilton Silva Financeiro Geraldo Magela Eventos Karina Maury Revista Wide www.revistawide.com.br Versão para eReaders www.revistawide.com.br/ereader Arteccom www.arteccom.com.br CTP, Impressão e Acabamento IBEP Grafica www.ibepgrafica.com.br Produção digital www.kahek.com.br FC Comercial e Distribuidora S.A www.chinaglia.com.br Boa leitura e bons negócios! Adriana Melo [email protected] IMAGEM DA CAPA FOTOLIA br.fotolia.com 2 | WIDE | 91 FRONT A Arteccom, consciente de sua responsabilidade ambiental e social, utiliza papéis com Certificação CERFLOR para impressão desta revista. 91 > FRONT | WIDE | 3 CAPA Neuromarketing Entenda os desejos, impulsos e motivações dos consumidores e faça a sua marca vender mais 44 E-MAILS E TWEETS > 06 Inovação & Negócios > 07 FIQUE POR DENTRO > 08 Notícias, Blogs, Métricas, Agenda, Livros, Direito na web, Internacional, Wide Thinking Design > p. 14 PORTFÓLIOS > 14 Agência: Sirius Interativa, Ilustração: Elisa Carareto REPORTAGEM > 16 A influência da produção das imagens no resultado de suas vendas ENTREVISTA > 22 Luli Radfahrer e sua ‘Enciclopédia da Nuvem’ OPINIÃO > 26 O Brasil acordou para a importância do design como diferencial competitivo? ENTREVISTA INTERNACIONAL > 30 VP do Oi Rdio: Scott Bagby ESPECIAL > 34 Design Rio + 20 com Felipe Taborda COLUNAS > 38 Aqui, ali, em qualquer lugar: Michel Lent, Internacional: Julius Wiedemann, Ilustração: Carolina VignaMarú, Design de interação: Amyris Fernandez, E-Commerce > p. 92 Tecnologia > p. 56 Marketing > p.78 REPORTAGEM > 56 Inteligência Empresarial: uma estratégia indispensável para a sua empresa REPORTAGEM > 78 Pinterest: rede social para criativos REPORTAGEM > 94 Marcas de moda descobrem o potencial do e-commerce ENTREVISTA> 84 O Marketing da FGV e seu líder: Marcos Facó OPINIÃO > 100 Como está e para onde vai o mercado de compras coletivas? ENTREVISTA > 62 AddTech investe em tecnologia, inovação e design thinking OPINIÃO > 66 Front-end: o que mudou de dois anos para cá ESTUDO DE CASO > 70 KidsIn no iPad para as mamães antenadas e conectadas COLUNAS > 74 Segurança: Ivo Machado, Mercado de TI: Paulino Michelazzo, Tableless: Diego Eis CAMPANHA > 88 Universal Channel aposta em redes sociais e colhe ótimos resultados COLUNAS > 104 Web & Business: Roberto Wajnsztok, E-commerce: Mariano Faria COLUNAS > 91 Marketing de conteúdo: Bruno Rodrigues, Web fora da caixa: René de Paula Os links citados nesta edição estão reunidos na página principal do site da revista. Acesse www.revistawide.com.br. A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora. 4 | WIDE | 91 FRONT 91 > FRONT | WIDE | 5 E-mails e Tweets E-MAILS [[email protected]] FACEBOOK Revista recebida e sorriso no rosto. Assim como vocês me ouvem quando é preciso, é sempre válido reconhecer um belo trabalho. A revista está de cara nova. A embalagem é um show. E acredito que a revista tenha ganhado mais conteúdo. Muito bom! Parabéns para todos que fazem parte da equipe! Assim eu vou finalizando meu dia, por sinal muito relax para o corpo, mas a mente continua fervilhando de ideias alimentadas também por minha revista favorita ... A Wide, claro! [facebook.com/arteccom] ERICK DE ALBUQUERQUE WWW.FACEBOOK.COM/ERICKDEALBUQUERQUE RODRIGO MARRONI [email protected] Oi, Rodrigo! A equipe Wide agradece seu feedback e ficamos muito contentes por agradar o nosso leitor. Você acertou, estamos de roupagem nova e queremos levar conteúdos ainda mais interessantes a vocês. W I D E I N D I C A I PORTFÓLIO FREELANCER Erick, que bom que somos fonte de inspiração para novas ideias e futuros trabalhos. Esperamos continuar levando conteúdos inspiradores para você! Ah, e não deixe de nos enviar sugestões pelo email [email protected]. T W E E T S [@arteccom, #revistawide] @luccianomarques #revistawide edição março/abril já percebi que tem muita coisa boa. @crevilaro Fiquei impressionado com a#revistawide da @ arteccom o conteúdo é só fera! @diegooliveira @RevistaWide Gostei muito do novo formato da revista. Parabéns!!! @fredecs Fiquei espantado com a @revistawide nº90, pra mim foi a capa mais bonita até hoje! NOME: LUÍS KONRAD EMAIL: [email protected] SITE: HTTP://WWW.LUISKONRAD.COM @trfraga Sou leitor assíduo da #revistawide Devoro todo o conteúdo para 02 meses em 02 dias. ;) @imagocom Quer ter seu portfólio publicado e indicado pela Wide? Faça como Luís Konrad, que cadastrou seu trabalho no site da revista: Menu/Cadastre seu portfólio. Aguardamos seus bons materiais! Com tanta informação é preciso filtrar o que ler/ver/ouvir para otimizar o tempo! Estou lendo a revista wide da @arteccom. Sugestões dadas por meio dos e-mails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom. 6 | WIDE | 91 FRONT I N OVAÇ ÃO & N EG Ó C I O S Alexandre Cezário Diretor Executivo da TV1.Com Formado em Administração de Empresas com ênfase em Análise de Sistemas, Pós-Graduado em Marketing na ESPM e especializado em Tecnologia da Informação na Fundação Getulio Vargas, Alexandre Cezário é Diretor Executivo da TV1.Com desde julho de 2011. Vindo da Propeg, onde ficou por dois anos ocupando o cargo de Diretor Digital, Cezário já havia trabalhado no Grupo TV1 de 2007 a 2009, como Gerente de Novos Negócios. OS SETE VERBOS PARA A CRIATIVIDADE Um dos maiores desafios para nós, gestores de comunicação, marketing e tecnologia, é lidar com o vício de nossos públicos e clientes por inovação e criatividade nas ações que entregamos. Isso mesmo: estou falando para estes três perfis que eram distintos e agora estão cada vez mais conversando sobre os mesmos temas – tudo isso graças à convergência digital. E é o que tem acontecido na prática, porque o nível de dificuldade do game realmente está aumentando a cada partida que vencemos. Além de nos cobrarem inovação, também buscam retorno, resultados, ROI e muitas outras variáveis sobre cada centavo gasto. Algum tempo atrás era mais simples: criávamos para a grande rede ou elaborávamos algo diferente e inovador para um evento e os patrocinadores já ficavam satisfeitos com o impacto na imprensa, ou até mesmo pelo simples fato de poderem falar “nós fizemos primeiro”. Hoje, para que nossas ações tenham sucesso, é fundamental que a abordagem parta de uma visão de planejamento, analisando tendências, mercados e públicos apoiados pelo viabilizador de tecnologia. Dessa forma, o criativo tem a “bola na marca do pênalti” e pode conceber uma ação inovadora com custo-benefício e retorno apropriados para quem a financiou. Parece difícil, mas não precisa ser. Está cada vez mais claro que precisamos trabalhar com equipes interdisciplinares e, para que isso aconteça, temos que combater o ego exacerbado nos corredores da cultura organizacional. Havendo essa sinergia, é hora de trabalhar! Algum tempo atrás, tive contato com uma excelente ferramenta chamada SCAMPER, um conjunto de sete verbos que possibilitam a exploração de diferentes maneiras de transformar algo. O nome dessa ferramenta vem das iniciais dos sete operadores: Substituir, Combinar, Adaptar, Modificar, Procurar outros usos, Eliminar e Rearrumar. Anote em seu post-it, coloque-o em seu caderno de anotação ou até mesmo cole dessa coluna: vale tudo para você não se esquecer destes verbos divinos. Todos nós acompanhamos a diversidade de dispositivos móveis ou até mesmo os fixos digitais que existem e estão por chegar, como a TV digital, os tablets, os smartphones e os brinquedos wi-fi conectados. Anote todas as possibilidades de plataformas viáveis para o tema de seu projeto e comece o brainstorm provocando seu time com estas palavras. Que tal, por exemplo, combinar o iPhone para controlar o site da sua empresa ou produto no iPad? E por que não propor outro uso para eles em algo que resolva um problema de comunicação do cliente? Se você pautar suas próximas reuniões por esta simples técnica, tenho certeza de que a equipe te ajudará a construir algo inovador e com um ótimo retorno. “Hoje, para que nossas ações tenham sucesso, é fundamental que a abordagem parta de uma visão de planejamento, analisando tendências, mercados e públicos apoiados pelo viabilizador de tecnologia” 91 > FRONT | WIDE | 7 N OT Í C I A S Fique por dentro Brasileiros entram para a lista dos mais criativos do mundo dos negócios Já imaginou como seria o Facebook Phone? Você sabia que o Facebook está com intenção de lançar seu próprio smartphone? Pois alguns designers do mundo já apostam como seria o tal aparelho. E nas redes sociais esse modelo já circula com muito “borburinho”, sobretudo por seu belo design. O projeto seria especialmente desenvolvido para trabalhar em conjunto com a rede social e otimizar suas funções. De acordo com o site "Digitimes", o aparelho deve ser lançado ainda em 2012. De acordo com uma lista publicada pela revista Fast Company, quatro brasileiros — Renato Steinberg e Flávio Pripas, do site Fashion.me; Carla Schmitzberger, da divisão Havaianas da Alpargatas; e Lourenço Bustani, CEO da empresa de marketing Mandalah — estão entre as 100 pessoas mais criativas do mundo dos negócios de 2012. O primeiro lugar geral ficou para Ma Jun, diretor do instituto de políticas públicas e ambientais da China, e você pode conferir a lista com todos os homenageados no site da Fast Company (www.fastcompany.com/ most-creative-people/2012 ). Nintendo Land traz minigames para jogar com amigos Um dos games que acompanhará o Wii U no lançamento do videogame no final de 2012 será o “Nintendo Land”. O título traz 12 minigames que usam o controle-tablet do aparelho, reunindo amigos que usarão o Wii Remote tradicional em desafios divertidos e rápidos. Todos os jogos usam a tela sensível ao toque do controle para apresentar mais informações ou interagir com os elementos da tela. O controle também pode ser girado e sacudido para interagir com os minigames. 50% 6,5 milhões Percentual da população mundial que deverá ter 4G até 2017. A previsão é de um relatório sobre tráfego de dados e mercado móvel realizado pela Ericsson. Mais de 6 milhões de senhas da rede social LinkedIn, voltada para contatos profissionais, foram vazadas por crackers. Em um post no Twitter, a rede social disse que investigaria a informação. Porém, em um post publicado no blog.linkedin.com, o brasileiro e diretor de produto, Vicente Silveira, confirmou que as 6,5 milhões de senhas expostas não foram publicadas com logins de e-mail válidos, o que tranquilizou membros que temiam que suas contas fossem acessadas indevidamente, o que não ocorreu, segundo ele. A rede tem mais de 150 milhões de usuários ao todo. 8 | WIDE | 91 FRONT B LO G S D O M Ê S AveMarketing O blog (www.elciofernando.com.br/blog/) tem o objetivo de propagar informações corretas sobre a área de marketing e também difundir boas práticas de gestão empresarial com uma linguagem atual e pragmática, a partir da visão do autor, Elcio Fernandes, professor universitário e sócio-proprietário do Itam - Instituto de Treinamento e Assessoria em Marketing Ltda. A expressão “Ave” é uma saudação e significa “salve!”. Representa o desejo de vida longa a alguém ou perpetuação de alguma coisa. Um salve e vida longa ao marketing. Ave! Marketing. Mídia8! O blog @midia8 (www.blogmidia8.com) acredita que o compartilhamento é a nova força da economia mundial. Na web 2.0 você é o que você compartilha. Por isso a filosofia do jornalista e blogueiro Cleyton Carlos Torres, editor do Blog Mídia8! crê que desde que divulgada a fonte original, tudo na web deve ser compartilhado, principalmente o conteúdo que é produzido. No mais, qualquer tipo de interação sempre é bemvinda, não importando em qual canal do blog nossos leitores o façam. Conhece algum blog interessante focado em criação, tecnologia, marketing ou e-commerce? Envie sua dica para [email protected] 3.419 2 É o número de peças inscritas pelo Brasil no Festival Internacional de Criatividade de Cannes de 2012, que aconteceu entre os dias 17 e 23 de junho, estabelecendo, com folga, um novo recorde histórico para a participação do país no evento. Com este volume, o Brasil foi o segundo maior concorrente, atrás apenas dos Estados Unidos, com 5.058 inscrições. O recorde brasileiro anterior era de 2001, quando o País foi a Cannes com 2.686 inscrições. Esse o número de horas diárias que o brasileiro passa em frente a um videogame. Conforme o estudo realizado pela empresa de mídia e marketing InsideComm, os jogadores no Brasil, juntos, passam 40 bilhões de horas jogando por ano, em média. A pesquisa realizada entre 30 de março e 31 de maio entrevistou 19.460 pessoas via internet, em todo o país. A pesquisa revelou ainda que 51,59% do universo de brasileiros que jogam videogames têm 19 anos ou mais e são solteiros. Além disso, mais da metade desses jogadores não estão trabalhando, e 30% são estudantes. 91 > FRONT | WIDE | 9 L I V RO S Gerenciamento de Projetos Sem Crise BART GERARDI Novatec Editora www.novatec.com.br AG E N DA 14 e 28/07 18 e 25/08 EDTED E-COMMERCE Locais: Brasília (14), Porto Alegre (28), Curitiba (18) e Salvador (25) www.edted.com.br A Arteccom, atenta às ultimas mudanças do mercado, traz para o EDTED todo o conteúdo do evento FNEC – Fórum Nacional de E-commerce -, que foi um sucesso em suas quatro edições. Para acompanhar a velocidade desse mercado e esclarecer os constantes questionamentos desse público (agências e lojistas), o EDTED E-commerce contará com grandes cases inovadores. Ingressos de R$ 56 a R$ 110. 02/08 LCS FÓRUM 2012 Local: Ribeirão Preto/SP www.lcs.com.br/forum/ A LCS Fórum é uma conferência anual que reúne os principais fabricantes do mundo para expor suas soluções inovadoras, que possam contribuir para o crescimento dos negócios em empresas de médio e grande porte. Em um único dia, os participantes podem conferir as tendências de mercado para 10 | WIDE | 91 FRONT os próximos anos, as prioridades do mercado de TI, soluções corporativas, estratégias de gerenciamento, aprendem como utilizar melhor as soluções já implementadas na empresa, dentre outros assuntos. O evento é voltado para Especialistas Técnicos, Gerentes de TI, Diretores de TI, CIOs. No livro, o autor ensina os métodos e as técnicas utilizadas em seus projetos. Bart Gerardi aponta que os diversos erros cometidos em diferentes projetos podem ser previamente evitados, impedindo uma crise desnecessária. O leitor aprenderá a criar planos de projetos, estabelecer métricas e testar suposições, além de identificar requisitos de clientes e alinhá-los aos seus. O desafio da inovação A revolução do conhecimento nas empresas brasileiras RENATO CRUZ Editora Senac www.editorasenacsp.com.br 04 e 05/08 QCON Local: São Paulo www.qconsp.com A Caelum e o InfoQ organizam pela terceira vez o principal evento de arquitetos e desenvolvedores do mundo. O QCON SP traz, nos dias 4 e 5 de agosto, ícones nacionais e internacionais de diversas áreas, com apresentações de alto nível técnico. Vale lembrar que o QCon aborda não apenas uma única tecnologia ou aspecto: passa por Arquitetura, Linguagens Funcionais, Mobile, Agile, Práticas de Engenharia Ágil e outros. Entre os keynotes deste ano presenças confirmadas de Martin Fowler, chief scientist da ThoughWorks e Zach Holman, arquiteto do GitHub. A tecnologia fascina a sociedade contemporânea, particularmente no que se convencionou chamar de sociedade do conhecimento. Há um apelo forte para se reduzir custos, aumentar receitas e diminuir o impacto ambiental em qualquer setor da atividade humana. Marketing com valor agregado BOB GILBREATH Editora M. Books www.mbooks.com.br Como agregar valor ao marketing praticado pelas empresas, proporcionando aos seus clientes benefícios e satisfações já na recepção e absorção das mensagens. O novo conceito do estrategista de marketing Bob Gilbreath, representa o próximo passo evolutivo após o marketing direto e o marketing de permissão. Smashing WordPress THOR DANIEL HEDENGREN Bookman www.bookman.com.br O livro mostra como utilizar todo o potencial do WordPress, uma das plataformas de publicação na web mais populares do mundo. Atualizada para o WordPress 3.1+, esta edição inclui estruturação e desenvolvimento de temas, anatomia de plug-ins, truques de desenvolvimento e inúmeros outros recursos novos. Com ele você aprenderá os principais conceitos usados para construir tudo o que quiser no WordPress, conseguindo distribuição mais rápida e maior flexibilidade de design. D I R E I TO N A W E B I N T E R N AC I O N A L Gilberto Martins de Almeida é advogado formado na PUC/RJ, com Mestrado na USP e cursos em Harvard e no M.I.T. Ex-Gerente Jurídico da IBM, onde trabalhou por 11 anos, no Brasil e nos EUA. Sócio de Martins de Almeida – Advogados, escritório especializado. SUPEREXPOSIÇÃO NA WEB Oi Gilberto. Em meio a tantas polêmicas de fotos e superexposição na web, o que devo fazer em caso de ter um celular furtado com diversas imagens ou ainda um notebook com fotos pessoais? Como agir em uma situação dessa e como me proteger? MARINA LEMOS Olá Marina, Uma primeira opção de reação – certamente, a menos indicada do ponto de vista de defesa jurídica, porém talvez a mais recomendável sob o ângulo da eficácia social – é, quando as circunstâncias o permitam, deixar que a situação se resolva por si mesma, sem levantar o assunto e despertar ruído. Quando não tenha havido chantagem, ou quando as imagens ainda não tenham proliferado na Internet, talvez seja uma forma de reação difícil de digerir pela vítima, mas que pode frustrar os objetivos do autor. Relembre-se que no affaire da festinha dos estudantes da FGV de São Paulo a única aluna que ficou famosa na Internet foi justamente aquela que reagiu levando o caso à Justiça, e que no caso Cicarelli a procura pelo vídeo se intensificou à medida em que a imprensa noticiava novos lances do processo judicial. Mas, e quando uma reação enérgica é necessária? Nesse caso, a primeira providência é acautelar a prova, isto é, salvar os arquivos correspondentes de uma forma que possa ser utilizada legalmente a qualquer tempo depois. Isto significa, sobretudo, pedir a um cartório que faça uma ata notarial, que é uma escritura que certifica o ato ou fato, com fé pública. Assim, se os autores da conduta ilícita tirarem as imagens do ar, a prova já terá sido antes assegurada. Falando em autoridades, a quem o caso deve ser direcionado? Na esfera policial, para a delegacia especializada em repressão a crimes de informática, que costuma existir nas grandes capitais. Quando inexista, deve ser levado à delegacia cuja missão mais se aproxime da natureza do caso: delegacia de roubos e furtos, delegacia de defraudações, ou outra. O registro da ocorrência é, normalmente, o maior inibidor à continuação da prática delitiva pelo infrator, por isso é sempre uma boa medida quando se está diante de criminosos com maior periculosidade ou potencial ofensivo. A Polícia pode realizar medidas de busca e apreensão, fazer perícias (por meio do Instituto de Criminalística) e tomar depoimentos. Ineditismo entre agências digitais brasileiras e chinesas CHINA Enviado por Janaína Camara, via Twitter, pelo @chinainblog Em Beijing, uma brasileira abriu uma agência de comunicação digital voltada a atender o público brasileiro, garantindo a eles desde assessoria de imprensa tradicional à inserção nas redes sociais chinesas. Em 2011, eles atenderam a um cliente com presença web em um trabalho trilingue - e neste ano fecharam parceria com outra iniciativa, a fim de divulgar o Brasil entre os chineses. O trabalho pode ser conferido em www.radarchina.com Pedestre e viciado em Tecnologia? Nos EUA é sinônimo de multa ESTADOS UNIDOS Enviado por bluebusbr É isso mesmo, nos Estados Unidos pedestres são multados por mexer no celular enquanto caminham pelas ruas. Por acreditar que nem sempre os carros são os principais vilões dos atropelamentos e como forma de conscientizar os pedestres que vivem caminhando com os olhos fixados na telinha do celular enquanto atravessam um cruzamento, por exemplo, é que os policiais da cidade de Fort Lee, em New Jersey, já multam aqueles que são flagrados usando dispositivos móveis enquanto caminham pelas ruas. A taxa é de U$ 85. Somente entre abril e maio último, foram registradas 117 multas. Ou seja, se for caminhar pelas ruas de Fort Lee, é melhor parar quando for enviar aquele SMS. 91 > FRONT | WIDE | 11 WIDE THINKING João Batista Engenheiro Industrial, é titular da J2B Innovation, consultoria Business Branding. É fundador e diretor de Comunicação do RDI – Retail Design Institute – Chapter Brasil, entidade mundial de designers de varejo. Trabalhou na ONU como responsável pela Direção Geral do Fórum Global na Eco 92, no Rio de Janeiro. Com escritórios em São Paulo, a partir de 2001, atuou como Regional Manager para A. Latina da Divine Inc. e da FastComm. A J2B realizou vários eventos no Brasil e no exterior, dentre eles o Brasilshop de 2007 e 2008 para a Alshop, NRF2008 & Luxo em NY, NRF2010 & Design Estratégico para o Varejo e NRF2011 & Varejo 3.0, ambos em NY. A HORA E A VEZ DO QUILOMBO DO BRASIL A pirâmide de orientação está invertida. Basta ver a diferença entre um adulto e um adolescente ao receber um smartphone. A curva de aprendizado mostra rapidamente quem é o mais veloz, e não é por conta de conteúdo histórico, é operacional dos meios de interação, criados por empresas nunca antes imaginadas. Como exemplo, nas escolas de Medicina a curva de aprendizado da habilidade cirúgica com os instrumentos é mais rápida do que antes devido ao controle motor adquirido na prática dos games. E o que isto tem a ver com nosso tema Inovação? No início de minhas reflexões a ficha não caía direito mas, por outro lado, esta lâmpada inquietava sem parar, causando uma sensação de que, como uma atividade de branding consagrada, era a música que fica tocando, tipo aquela que você vai considerar nas top ten de seu Billboard privado. Eureka! Clareou tanto que pareceu um olhar para o céu de brigadeiro na direção do sol. Acontece que, durante toda a minha vida de inquieto, no limite do DDA, venho observando o comportamento em relação aos rituais de passagem que temos vivenciado nas várias reviravoltas que a sociedade humana tem dado nos últimos 50 anos. Na Lua em 1969, na lama de Woodstock no mesmo ano, na Guerra do Golfo, no lançamento do Google, na invasão admirável do Facebook em nossas preservadas vidas até então, e na camisa de sete varas que o sistema capitalista se meteu a partir de 2008. A garotada, até bem recentemente, falsificava a carteira de identidade para entrar nos cinemas e compartilhar o mundo adulto. Acabou tudo isso, em um tempo mais rápido do que trocar de número da camisa ou da cintura da calça. O jovem tem estima lá no alto. É como se tivéssemos uma gigantesca potência interior que estava representada pela interatividade limitada, pela carência de notícias que relatam a vida no cotidiano. Era o desejo delirante de grandes líderes nacionais do século XX ao mobilizar as massas, para o bem ou para o mal. Nos dias de hoje uma cachoeira de situações nos influencia e afetam, e mudam nossa sociedade de guardanapos em um clique em uma imagem. Esta é a Inovação, o fenômeno que amplificou o óbvio, a nossa necessidade de percebermo-nos habitantes de um único planeta, uma macacada só. Em pleno tempo de Rio +20 experimentamos uma sensação de que nossos problemas não são mais atrelados apenas à casa, ao bairro, cidade e nacionalidade. Eles são parecidos com os dos americanos, chineses, irlandeses, espanhóis, somalis e dos guerreiros da Aliança. 12 | WIDE | 91 FRONT Tanto nos serviços quanto nos produtos, sacar a inovação passa pelo olhar atento e na observação de como é percebido o valor atual, e depois prototipar até encontrar uma nova versão de utilidade que alavanca satisfação dos desejos e de mais utilidade. Vendas? Se a tribo gostar, compra. Hoje em dia a gestão da marca, o tal de Branding dos grandes atores empresariais do mercado é científico, muitas das vezes mais eficazes em diagnóstico que grandes complexos hospitalares. Eles estudam comportamentos inconscientes e, ancorados no conhecimento de arquétipos que se manifestam no dia a dia, sejam nas novelas televisivas, na praia ou nos bailes funk, agem certeiros, e encantam. O fato é que tem gente observando tudo o que acontece na vida real e nas interações virtuais. No universo virtual, a Blizzard - maior empresa de games do mundo - explode de vender WOW e Starcraft. As corporações aprendem com os gamers assessorados por um exército de robôs, que monitoram as redes sociais e revelam quais palavras e expressões têm o significado mais relevante e que manifestações de sentimentos, de amor ou ódio às marcas estão prevalecendo. Espiões passeiam pelas noites observando comportamentos e manifestações de grupos e formadores de opinião. Nós, meros mortais das tribos guerrilheiras do Quilombo do Brasil, temos muito o que aprender com eles. Mas uma coisa é certa, a guerra está declarada e as empresas brasileiras, com seus jovens empreendedores geeks, vão encontrar um jeito de infiltrar-se, e um Brasil de Inovação vai se afirmar neste cenário grego que o mundo se meteu. A nossa querida Wide, guerreira, garimpa e divulga conhecimento e tendências do que acontece neste mundão à respeito das tecnologias que estão à serviço deste cirurgiões dos negócios, com seus eventos, workshops, publicações e ... WOB2012! Inovação Já! “Mas uma coisa é certa, a guerra está declarada e as empresas brasileiras, com seus jovens empreendedores geeks, vão encontrar um jeito de infiltrar-se, e um Brasil de Inovação vai se afirmar neste cenário grego que o mundo se meteu” 91 > FRONT | WIDE | 13 PORTFÓLIO Agência Sirius Interativa PORTAL GLOBAL DA ODEBRECHT “Ajudamos nossos clientes a construir experiências interativas efetivas e diferenciadas” A Sirius Interativa é uma agência de Comunicação Digital com 17 anos de mercado e tem como sócios Adriana Menescal e Sergio Carvalho. Sua história teve início no estúdio do músico Roberto Menescal, fato que certamente ajudou a imprimir em seu DNA uma tão necessária sinergia entre tecnologia, criatividade e interatividade. O primeiro projeto foi um piloto de e-book para um livro do Paulo Coelho. Hoje, a Sirius atua no Planejamento, Desenvolvimento, Comunicação e Gestão Estratégica de soluções digitais para algumas das mais importantes empresas e instituições públicas do Brasil como Petrobras, Odebrecht, Johnson&johnson, Souza Cruz, Raízen, Previ, Grupo Caixa Seguros, Hospital Albert Einstein, FGV, PayPal e GSK. “Aprendemos que é preciso, em todo o tempo, temperar o uso de tecnologias maduras que trazem resultados efetivos com pitadas de inovação.” Sergio Carvalho, Diretor Sirius Interativa QUAL A VISÃO DE VOCÊS SOBRE O MERCADO DIGITAL? Este mercado no Brasil ganha cada vez mais relevância e abrangência. Neste sentido, associações como a ABRADi, que congrega as principais agências de comunicação digital do país, têm uma grande importância na disseminação de conhecimento, no estabelecimento de melhores práticas em concorrências e gestão de projetos e finalmente no desenho de legislações que estimulem o crescimento do mercado digital brasileiro. É importante que possamos ajudar a induzir um modelo de crescimento orgânico, consistente e centrado em resultados objetivos. INTRANET DA ODEBRECHT ÓLEO E GÁS QUAIS SÃO OS PLANOS FUTUROS DA AGÊNCIA? Do ponto de vista de presença, queremos fortalecer a nossa atuação nos mercados do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Já do ponto de vista de posicionamento, queremos trabalhar cada vez mais com nossos clientes em uma visão integrada do “Digital footprint” da marca. Com o aumento do número de plataformas e pontos de contato digitais com usuários, acreditamos que o escopo do planejamento da presença digital deve ser suficientemente amplo para não termos perda de consistência na comunicação. Uma das tecnologias que suportam esta estratégia é a de “responsive design”, que já aplicamos em alguns projetos. Se planejada de forma adequada, essa tecnologia possibilita uma experiência unificada e otimizada nas plataformas desktop, tablet, smartphones e TVs HD. SIRIUS INTERATIVA SITE: www.sirius.com.br ANO DE FUNDAÇÃO: 1994 E-MAIL: [email protected] CIDADES SEDE: Rio de Janeiro (RJ) TWITTER: @falasirius 14 | WIDE | 91 > DESIGN PORTFÓLIO Ilustração Elisa Carareto DRAGÃO (2011) Ilustradora profissional, vivendo e trabalhando em São Paulo, Elisa Carareto, sempre que pode, sustenta seus vícios por estampas, aquarela, gifs animados e comida árabe. WIDE Como define seu estilo? ELISA É difícil encontrar um denominador comum nas coisas que faço. Eu sei que gosto de misturar técnicas e também fico muito feliz quando um trabalho que foi planejado parece espontâneo. Como só recentemente comecei a me dedicar mais à ilustração, acho que essa é a melhor época para ter um estilo heterogêneo, por isso tento não me cobrar muito nesse sentido e aproveitar o que vou produzindo no caminho. PAPOULAS (2011) WIDE Onde você busca referências para o seu trabalho? ELISA Tem os clássicos: livros e filmes; e tem os anos 50 e 60, que são demais. Vejo muita coisa na internet, tenho alguns sites de estimação que são ótimos para conhecer o trabalho incrível de um monte de gente. O que procuro mesmo é não automatizar muito a forma como vejo as coisas. Sempre que sinto muita dificuldade para ter ideias procuro cursos. Quando eles são bons, são os melhores pontos de partida. WIDE Cite alguns ilustradores que admira e diga por quais motivos. ELISA Saul Steinberg, que é um dos mestres de fazer o que foi planejado parecer espontâneo e classudo. O J. Carlos, que fazia as ilustrações mais integradas do Brasil. A Mary Blair, ilustradora da Disney responsável por desenhos conceituais de alguns filmes clássicos. E mais recentes o Apak Studio e a Sandra Juto, pelo universo fantástico dos cenários que criam. GALÁXIA (2011 “Gosto de misturar técnicas e também fico muito feliz quando um trabalho que foi planejado parece espontâneo” ELISA CARARETO E-MAIL: [email protected] SITE: www.elisacarareto.com 91 > DESIGN | WIDE | 15 design Ilustração - Carolina Vigna-Marú A influência da produção das imagens no resultado de suas vendas 16 | WIDE | 91 > DESIGN DESIGN “As palavras não têm energia alguma, a não ser que criem ou façam surgir uma imagem. A palavra em si mesma nada possui. Uma das coisas das quais sempre me lembro é: “Quais as palavras que fazem surgir imagens nas pessoas?”Então, as pessoas seguem o sentimento criado pela imagem.“ Dra. Virginia Satir E você, sabe até onde a influência da produção das imagens pode ser crucial para o resultado de suas vendas? Confira nesta reportagem as dicas dadas por especialistas sobre como obter melhores resultados usando e abusando das imagens. N ão é novidade para você, leitor da Wide, a informação de que cores e imagens provocam uma troca de sensações muitas vezes imperceptível, porém de grande influência sobre as decisões de compra e desejos de consumo. Uma imagem bem trabalhada, por exemplo, pode fazer toda a diferença. E faz. Mas até quando a polêmica existente em relação à fotografia gerada em torno dos conceitos de tratamento de imagem é válida e ética? A gerente de design da FARM Rio (@adorofarm) , Tatiana Viana, considera que tudo é válido, desde que com pertinência. “Tratamento ou manipulação, não importa, cada um tem que escolher, caso a caso, o resultado de imagem que transmite melhor aquilo que se quer comunicar. No nosso caso, as imagens com modelos são todas tratadas para uniformizar a cor, tirar pequenas imperfeições, a exemplo de uma sujeira no chão ou uma mancha na pele. Interferimos o mínimo possível. É fundamental que elas continuem reais e naturais. Mas isso, para nossa proposta, para o conceito da FARM”, afirma. Viana explica que quando a loja virtual e-FARM foi criada, a grande aposta foi justamente na produção das fotos, estratégia que, segundo ela, deu muito certo e hoje é impossível dizer como seriam as vendas sem essa produção. “E esse é o grande diferencial da e-FARM. As roupas não são fotografadas em still ou em manequim, são todas fotografadas em modelos, com o perfil da menina da marca. No comércio virtual, a cliente não tem a possibilidade de experimentar a roupa e de contar com uma vendedora para sugerir produções. Ao ver as meninas vestindo os produtos, ela consegue ver o caimento e assimilar a proposta de produção. É a forma de garantir o contato “humano”, explica. Todo o processo de direção de arte da FARM Rio é feito internamente. A empresa conta com um estúdio fotográfico e um departamento de design. No estúdio, uma equipe de produtoras de moda cria todas as produções seguindo a proposta de estilo da coleção e, depois de fotografadas, as imagens vão para o design para serem tratadas. Além disso, o design é responsável por criar todas as “vitrines” editoriais e material de divulgação do e-FARM, que são feitos em cima do conceito definido pelo marketing. Há ainda sessões de fotos duas vezes por semana, além de emails de divulgação. Diariamente há o trabalho de tratamento e deslocamento de fotos de produtos. Para pensar estrategicamente e fazer com que um produto ou modelo se diferencie dos demais e seja alvo de compra pelo que apresenta em termos de design e layout, Tatiana Viana alerta que “o que importa é estar conectado com o mundo da nossa cliente, saber o que ela está com vontade de ver agora. Entendendo isso, podemos usar desde as últimas tendências até o clima para servirem de gancho para pautas de estilo, que são retratadas por meio de imagens conceituais, que não mostram apenas os produtos, mas as colocam em um contexto. Criam uma atmosfera. Pode ser romântico, retrô, praiano etc.” Lojas com tons muito brandos, por exemplo, aparentemente são menos comerciais que outras com tons mais fortes. Na maioria das vezes, o cliente para em frente a vitrines de estabelecimentos coloridos (lembrando, no entanto, que toda regra pode e tem sua exceção). Segundo diversos estudos de especialistas, o vermelho é forte e tem uma mistura de paixão e fixação, ou seja, atrai o público. É uma cor que exerce uma influência na hora da compra. O azul é uma cor de paz e de organização. O laranja é uma cor de alegria, o azul uma cor com poder imenso de cura, traz calma, auxilia o intelecto e a meditação. Já o branco, por exemplo, representa pureza em sua forma extrema e é considerada a cor da paz absoluta. Ao avaliar essa influência da produção das imagens no resultado das vendas, o diretor de arte da Agência Kindle (@agenciakindle), Inácio Luis, explica que o que mais se escuta hoje em dia é que as pessoas não têm muito tempo. Ou seja, o consumidor tem que ser impactado, atraído rapidamente para que não se disperse no concorrido e vasto mundo de informação ao seu redor. “A imagem acaba sendo a primeira forma de atração do consumidor para o produto. Imagens produzidas, criativas ou não, bonitas ou feias e as que causam estranheza chamam a atenção e tentam cumprir o seu papel, que é despertar o interesse. A partir daí, se bem feito e se atingir o público-alvo, leva a compra do produto ou até mesmo de uma ideia. Por isso, temos que ser responsáveis e cuidadosos com o que usamos para atrair o consumidor. Temos que nos colocar no papel de quem vai comprar o produto. Ninguém gosta de ser enganado. Além disso, as informações hoje 91 > DESIGN | WIDE | 17 DESIGN No site da Farm, o lookbook conta com duas imagens com atitudes diferentes do mesmo look reverberam muito mais e o que era interesse pode se transformar em algo negativo”, alerta. Atualmente, a Kindle possui clientes com demandas praticamente em escala diária, conforme explica o diretor. “São clientes com serviços mensais e sazonais. “O importante é sempre estar focado em criar novidades. Nunca deixe de pensar e de sugerir algo novo. O profissional não pode ficar esperando o briefing cair em seu colo”, chama atenção. Para pensar estrategicamente e fazer com que um produto se diferencie dos demais, Inácio acredita que a primeira coisa a ser feita é pensar para quem você que falar. “Como chamar a sua atenção? Comparando com o que existe no mercado, o que o leva a comprar certo produto e não outro? Como funciona no ponto de venda? Quem são os concorrentes? É para um consumidor que procura mais qualidade ou preço? Vamos trabalhando com respostas que nos dão o direcionamento e o caminho de como deve ser este design/layout. Se é simples, complexo ou elegante, não importa a forma, ele tem que despertar o interesse.” Na história, a manipulação de imagens, termo considerado forte pelo fato de significar falta de ética e conduta, temos vários casos conhecidos. O livro “Les commissariat aux archives Les photos qui falsifient l´histoire” (O Comissário para Arquivos Imagens que falsificaram a história), do jornalista e escritor Alain Jaubert, retrata que muitos políticos utilizaram a manipulação fotográfica para omitir dados sobre a realidade social e política do país que governavam e assumirem posição de dominação perante a população. 18 | WIDE | 91 > DESIGN Johnny Santana, responsável pelo webmarketing que atende a Polishop (@polishop), lembra que a expressão “nós comemos com os olhos” merecia ganhar uma adaptação, pois nós também compramos com os olhos. “Vamos ser práticos. Uma simples imagem de um pote de vidro passa a ter muito mais força de venda quando adicionamos uma massa de macarrão dentro porque ativa o aspiracional do consumidor. Nesse momento ele se lembra de todos aqueles alimentos que têm guardado no armário na própria embalagem com a ajuda de um pregador de varal. Você dá função, cria necessidade e um gatilho para a venda. Um pote sem macarrão é só um pote”, compara. Felipe Brasil, diretor de e-commerce na Polishop, lembra que a imagem é uma importante parte do processo de compra. Segundo uma pesquisa da F/Nazca (@fnazca), 70% dos usuários confiam naquilo que veem na rede. “Hoje em dia, só casamento indiano é realizado às cegas. O consumidor quer ver o produto antes de comprar e mais do que isso, ele quer confiar naquela imagem. Uma foto desfocada e sem contraste pode ser decisiva para ditar o fracasso de um produto, e certamente não teríamos o mesmo resultado em vendas se não utilizássemos a produção. Ela nos ajuda a provar ao consumidor que aquele determinado produto é bonito, resistente e confiável. Sempre de maneira transparente e verdadeira”, garante. A PubliK possui uma célula de design, que é responsável pela produção e tratamento de todas as fotos dos produtos vendidos na Polishop. As demandas são enviadas conforme a necessidade, com o surgimento de novos SKUs (quantidade de itens) e ofertas. A vantagem, segundo Johnny, é que eles www.roupasdegestantes.com.br “Tratamento ou manipulação, não importa, cada um tem que escolher, caso a caso, o resultado de imagem que transmite melhor aquilo que se quer comunicar” possuem em casa uma agência que só pensa em Polishop, o que acaba colaborando na unidade da comunicação e na velocidade que alcançam na produção dos jobs. Johnny Santana lembra que na internet o consumidor não pode tocar, tampouco testar o produto. “Então é nossa função aproximá-lo ao máximo da experiência de compra física. Tanto que, para suprimir essa lacuna, inovamos entre os grandes varejistas do Brasil na produção de imagens em 360º dos produtos, para que o consumidor possa realmente ver o produto por todos os ângulos possíveis.” Outro ponto que o profissional destaca é a importância da contextualização do produto, que por si só não se vende bem. “Precisamos inseri-lo dentro de uma situação que o aproxime do consumidor. Temos o desafio de mostrar esse produto em uso para eliminar as dúvidas e, consequentemente, gerar necessidade. Além disso, evitamos muita informação visual no ‘colo’ do consumidor, tirando a atenção do que realmente é importante. Optamos por um site com layout clean, sem elementos gráficos desnecessários, revelando o verdadeiro astro do nosso site, que é o produto”, explica. Em relação à polêmica tratamento versus manipulação da imagem, Felipe Brasil e Johnny Santana compartilham o mesmo ponto de vista. “O tratamento consiste em buscar aquela informação que se perdeu no clique: o brilho, contraste, exatidão das cores, nitidez etc. É praticamente obrigatório, independente do tipo de fotografia. Apesar da maquiavelização da manipulação, ela já faz parte do nosso cotidiano. Está por aí, desde a iluminação do setor de verduras do mercado - que deixa as verduras muito mais verdinhas na prateleira - até a recente febre do Instagram que transforma até a foto mais banal na nova maravilha da oitava arte. O problema real é o uso que fazemos dela. Apoiamos a manipulação saudável, aquela que ajuda o consumidor a entender o produto: o que ele faz e por que devo comprá-lo. Alguns produtos não conseguem se explicar por si só. Quem cozinha sabe que existem facas para os mais diversos tipos de corte: peixes, carnes, legumes etc. Inserir uma tábua de frios do lado da foto de uma faca elimina a dúvida e acelera a compra. Uma garota com cabelo liso ao lado de uma chapinha ajuda a vender a ideia do que o produto faz. A manipulação pode ser uma aliada. Só não pode fugir da realidade e apresentar algo que o produto não entrega.” 91 > DESIGN | WIDE | 19 DESIGN A loja americana Threadless possui uma galeria onde os próprios clientes enviam suas fotos usando o produto. O grande “x” da questão, segundo Johnny, é evitar os erros ao lançar uma loja virtual. Ele explica que muito se investe para levar o consumidor à loja, porém, quando finalmente ele chega, é inconcebível que ainda encontre fotos de produtos pequenas ou em baixa resolução. E com a banda larga cada vez mais acessível no Brasil, não há argumento que justifique. “A manipulação é uma opção para ser usada com cautela. Já vi, por exemplo, fotos em que decidiu ocultar o fio elétrico de um determinado produto por pura estética, o que poderia induzir o consumidor a achar que aquele produto é wireless, gerando problemas de SAC pós-venda”, alerta. A PubliK entende que se a loja só usa fotos dos fornecedores, ela vai ser igual a tantas outras que fazem o mesmo. O bom uso de imagens exclusivas garante um diferencial frente à concorrência e, dependendo da qualidade das fotos, pode ser decisivo no seu sucesso. “Tratando-se de roupas, aconselho o investimento em modelos. O produto se torna muito mais tangível, principalmente para as mulheres, que são mais detalhistas nessa categoria. Roupas esticadas sobre a mesa e sem volume não respondem dúvidas de caimento. Lojas menores e de nicho têm conseguido se destacar usando desse recurso, como é o caso da Be Mammy (www.roupasdegestantes.com.br). É óbvio que nisso entra a questão do maior custo de produção, mas as limitações sempre nos forçam a explorar novas possibilidades. Se o custo é um problema, tome o caso da loja americana Threadless (www. threadless.com) como exemplo. Cada camiseta possui uma galeria onde os próprios clientes enviam suas fotos usando o produto. 20 | WIDE | 91 > DESIGN Ao criar uma simples estratégia de recompensa, você consegue estimular os clientes a preencherem essa galeria com fotos reais a custo quase zero”, finaliza Felipe Brasil. “Temos que nos colocar no papel de quem vai comprar o produto. Ninguém gosta de ser enganado. Além disso, as informações hoje reverberam muito mais e o que era interesse pode se transformar em algo negativo” 91 > DESIGN | WIDE | 21 Luli Radfahrer e sua ‘Enciclopédia da Nuvem’ Resultado de uma grandiosa pesquisa, o PhD em comunicação digital, Luli Radfahrer, lançou recentemente, no Rio de Janeiro, o livro ‘Enciclopédia da Nuvem‘ (Editora Campus-Elsevier) — um importante guia de consulta rápida de produtos e serviços. São 550 ferramentas e serviços online, divididas em 100 áreas de atuação, para empresas de diversos tipos e tamanhos. 22 | WIDE | 91 > DESIGN Uma solução digital é apresentada para cada área, acompanhada de cases, recomendações, cuidados e ferramentas para implementação. O resultado desse trabalho é um cardápio de opções tecnológicas para ajudá-lo a expandir e potencializar seus negócios. E a dica é boa: parte delas é gratuita ou está a um custo bastante acessível. Confira a entrevista com Luli Radfahrer e aproveite as dicas do especialista. WIDE: Uma Enciclopédia da Nuvem, com 550 ferramentas indispensáveis para soluções online. Como e de onde surgiu essa ideia? LULI: Surgiu de um desafio. A Wired tinha acabado de lançar a capa polêmica “The web is dead”, dizendo que a web como a conhecíamos estava morta, mas sem grandes explicações. Para mim foi uma surpresa ver como a antiga web, território livre em que se “surfava” de um site para outro tinha mudado para uma rede mais complexa e abrangente, cheia de propriedades privadas – como Google, LinkedIn e Facebook – em que, uma vez dentro de seus terrenos murados, não havia muita saída. Quando percebi que as ferramentas eram muitas, e que se aplicavam a praticamente todas as áreas estratégicas de empresas, resolvi dividir as ferramentas que encontrava em 10 categorias (Blogs, Micromídia, Redes sociais, Fóruns e Wikis, Mobilidade, Compartilhamento, Jogos, Design e acessibilidade, Narrativas transmídia e Privacidade). Cada uma dessas tecnologias pode ser aplicada em 10 áreas empresariais (RH, Empreendedorismo, Educação continuada, Formação de equipes e gestão de projetos, Fluxo de trabalho e administração de tempo, Inteligência competitiva, Proposta de valor, Criatividade e inovação, Marketing, CRM e Publicidade). O resultado foi uma tabela com 100 propostas, que aborda áreas tão diversas quanto SEO e e-books. Foi um desafio e tanto. WIDE: Qual o tipo de público você pretendeu alcançar com a publicação quando começou a criá-la? E porque? LULI: Quando terminei a tabela, vi que as áreas eram tantas que não daria para fazer um guia completo a respeito de todas. Foi daí que veio a ideia de fazer uma enciclopédia, apresentando cada tópico para quem é novo na área ou nunca desenvolveu uma atividade profissional de porte nela. Cada um dos 100 verbetes apresenta o tema (ex: links patrocinados), dá cinco recomendações e alerta para cinco cuidados que se deve tomar para não perder tempo e dinheiro (ex: ter um tema claro para um blog ou podcast) e lista quatro ferramentas ou serviços adequados para a tarefa, com uma breve descrição de cada um e seu link. No final de cada verbete há ainda três cases, sugestões de uso ou ferramentas adicionais. O resultado é um livro de estratégia de negócios, feito para um público bem amplo. Empreendedores podem usá-lo para transformar seus planos de negócios em pequenos protótipos, baratos e interativos e expor melhor suas ideias a potenciais interessados. CEOs têm nele um potencial de brainstorm e desenvolvimento de novas áreas da empresa, da mesma forma que gestores de departamentos, equipes e forças-tarefa podem usar algumas de suas ferramentas para aumentar a eficiência e o registro de seus projetos. Do lado de fora das empresas, profissionais autônomos e freelancers podem utilizá-lo para 91 > DESIGN | WIDE | 23 reforçar sua presença de marca e amplificar a gama de serviços que oferecem. Como toda enciclopédia, há um pouco de tudo para todos. Uma única restrição, típica da Internet, é ter algum conhecimento da língua inglesa, já que a maioria dos sites (ainda) não tem versão em português. Mas é preciso critério para usar e administrar essas informações, caso contrário as tecnologias se acumularão e se misturarão, gerando uma paralisia por excesso de opções e falta de estratégia. A melhor forma de estabelecer critério é gerir adequadamente as ferramentas à medida que surgem as necessidades, desenvolvendo-as conforme o feedback de seus usuários, em uma relação construtiva. WIDE: Você costuma dizer que a publicidade deixará de ser para criativos e será algo para engenheiros. Esse livro tem alguma correlação com esse pensamento? LULI: Sem dúvida. O negócio da comunicação, como bem prova o e-commerce e segmentos específicos como o de métricas, está deixando de ser uma indústria subjetiva para ter uma abordagem bem mais objetiva, e a web tem tudo a ver com isso. Na TV, rádio e mídia impressa a publicidade interrompia um programa assistido e, como qualquer pessoa que interrompe uma conversa, ela precisava ser “criativa” com o sentido de simpática, charmosa e divertida. A web e seus derivados tornaram a comunicação muito mais objetiva. Quando se busca uma informação no Google ou em um site específico, a relação estabelecida é parecida com a de um atendimento em uma loja. A abordagem “criativa” é agora a de um bom vendedor ou gerente, que entende suas necessidades e busca algo relevante para supri-las. Um vendedor simpático e divertido não é mais tão essencial, e ele perde terreno para o especialista. Essa especialidade hoje está na escolha da mídia e interpretação de métricas, e demanda muito mais Excel do que Photoshop. WIDE: Como a computação em nuvem pode ajudar as pessoas em seus mais diversos âmbitos? LULI: Das mais variadas formas. Skype, Wordpress, Slideshare e YouTube são algumas das mais conhecidas. Mas há serviços para escolha de fornecedores e freelancers, seleção de currículos, gerência de projetos, otimização de tempo, tomada de notas, fluxo de caixa, administração de cenários, listas de tarefas, apresentações gerenciais, criação de material didático, gestão de conhecimento, debates, administração de viagens, pagamentos, criação de aplicativos sob medida, salas virtuais de reunião, geolocalização social, criação de pesquisas customizadas, grupos de trabalho, monitoramento de mídias sociais, wireframes, streaming, seleção de informação, direção da criação, bancos de imagens, linhas do tempo, e-mail marketing, CRM e vendas, redes de nicho, crowdsourcing e landing Pages, entre outras. Cada uma pode ser usada isoladamente ou em combinação com várias outras para criar novas estratégias ou expandir ações já existentes. 24 | WIDE | 91 > DESIGN WIDE: Você acredita que o excesso de opções pode tornar-se um problema para quem precisa tomar decisões sobre qual a melhor ferramenta para seus estudos, o planejamento de sua empresa ou para armazenar seus dados pessoais online? LULI: Sem dúvida. Por isso o planejamento estratégico é mais importante do que nunca. O livro é um grande cardápio de ferramentas, mas ele pode ser inútil ou dispersivo se não há uma clara ideia do que fazer com elas. WIDE: O livro aborda áreas como “empreendedorismo”, “marketing” e “educação continuada”. Nunca se discutiu tanto “negócios” como atualmente. Qual o segredo para conseguir sucesso em temáticas que se conectam como as citadas acima? LULI: Os negócios digitais fragmentaram a visão que se tinha de empresas. Hoje há grande estímulo para o empreendedorismo, dentro e fora delas. Mas o necessário é pensar em uma solução “de dentro para fora”. Pense em como expandir algo que você já sabe, conhece bem e usa, não entre em uma área desconhecida só porque leu em algum lugar que há dinheiro e oportunidades nela, porque as chances de dar certo sem um preparo anterior são bem pequenas. Uma chave de fenda pode parafusar uma mesa ou dar bolhas na mão, tudo depende da prática. WIDE: Qual a grande lição tirada da ‘Enciclopédia da Nuvem’? LULI: A que eu tirei é que a rede é cada vez mais ampla e profissional, e que o limite está nas intenções e estratégias de cada um. As máquinas e bases de dados não fazem sentido nenhum sem alguém para pilotá-las. É um cenário bem estimulante e encorajador. “Os negócios digitais fragmentaram a visão que se tinha de empresas. Hoje há grande estímulo para o empreendedorismo, dentro e fora delas. Mas o necessário é pensar em uma solução de dentro para fora” 91 > DESIGN | WIDE | 25 O Brasil acordou para a importância do design como diferencial competitivo? O design brasileiro, após algumas décadas de mimetismo, sobretudo de modelos provenientes do exterior, já é considerado, sem dúvida, um modelo de referência. Mas, afinal de contas, o design já é considerado a chave para novos e futuros negócios? Ilustração - Carolina Vigna-Marú 26 | WIDE | 91 > DESIGN DESIGN OPINIÃO Gian Franco Rocchiccioli CEO Sart Dreamaker Brand & Design Não é preciso ser um nacionalista para afirmar que hoje, definitivamente,vivemos em um momento econômico favorável. Deixamos para trás a eterna condição de “mercado do futuro” e passamos ao atraente status de “oportunidade presente”, uma situação peculiar, que seduz e inspira o capital estrangeiro a aparecer por aqui. Como empresário do ramo do design há quase 20 anos, tenho motivos de sobra para crer que o Brasil é o Vale do Silício da criatividade. Somos uma nação de gente acostumada a fazer mais com menos. A transformar o “ordinário” em “extraordinário”. Nossa cultura, multifacetada e forjada em ambiente instável, acabou por nos moldar como uma sociedade naturalmente criativa. Criamos nossas próprias lentes para enxergar os problemas e as oportunidades do mundo e, com isso temos, sim, um olhar brasileiro e criativo.E isso ninguém pode negar. Segundo Mariana Barbosa, da Folha de São Paulo, “a terceira maior indústria do mundo, atrás de petróleo e de armamentos, tem como principal insumo a criatividade.” De acordo com estimativa da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, incluindo atividades relacionadas e de apoio, a Economia Criativa movimenta mais de R$ 380 bilhões no Brasil (16,4% do PIB) e gera 7,6 milhões de empregos formais. Recente estudo da Prefeitura de São Paulo mostra que a maior cidade do país já movimenta algo em torno de R$ 40 bi por ano com criatividade, cerca de 10% do PIB do município, despontando como uma das principais economias criativas do mundo. Mas o que temos feito para estimular o crescimento deste mercado no Brasil? Definitivamente nada. O design, como legítimo representante dessa nova Economia Criativa, está no âmago dos sistemas de inovação que promovem a competitividade e, gradativamente tem passado a integrar o planejamento estratégico de empresas e organizações, promovendo uma nova geração de valor ao redor do mundo. Entretanto, programas, ações e iniciativas destinados a estimulá-lo pressupõem uma grande mudança nas instituições e estruturas, bem como em suas atitudes e convicções, em uma velocidade e ritmo que parecem não corresponder à realidade brasileira. E quem é culpado? Julgo que não exista uma causa única. Em minha opinião, a inércia brasileira é fruto de uma conjunção de fatores, formados principalmente pela falta de iniciativa do governo que resiste bravamente. Talvez por não enxergar a oportunidade em tomar medidas mais diretas de incentivo e apoio ao design, dos empresários e executivos de diversos setores da economia, que resistem em se livrar de seus modelos tradicionais de pensamento estratégico e também, da paralisia dos empresários do setor de design (escritórios de design) que resistem em mudar tanto seus modelos de negócio quanto seus discursos, adaptando-os à essa nova realidade. Quando esta situação irá mudar? Espero que logo! “Tenho motivos de sobra para crer que o Brasil é o Vale do Silício da criatividade. Somos uma nação de gente acostumada a fazer mais com menos. A transformar o ordinário em extraordinário” 91 > DESIGN | WIDE | 27 DESIGN Lincoln Seragini Presidente do Grupo Seragini Branding Não há como negar que o Brasil acordou para o design “made aqui”. Estamos vencendo a cultura da cópia e usando cada vez mais o design como diferencial competitivo. Desde 1995 quando foi lançado o PBD (Programa Brasileiro de Design), pela ministra Dorothea Werneck na gestão FHC, iniciou-se um movimento de transformação e conscientização da importância do design como valor estratégico. Só o Sebrae implementou na sequência 90 núcleos de Design e o Senai e Senac começaram a oferecer cursos e programas na área. Nos últimos 15 anos, o Brasil evoluiu e mudou o seu status, tanto no mercado interno como sua imagem no exterior. Desde a primeira escola de design, a legendária ESDI/RJ fundada em 1960, temos hoje cerca de 400 cursos nas diversas áreas com mais de 40.000 alunos matriculados. Apesar de a maioria associar design à criação de produtos industriais, o espectro é muito maior: design de produto, design de moda, design gráfico, web design, design interativo, design de interiores, design de embalagem, design de serviços, design de móveis, design de jóias, design de cerâmica, ecodesign, design urbano, design de games... Em áreas sofisticadas como a moda, automóveis, joias, móveis e design gráfico de marcas, estamos criando a nossa cara e atingindo o padrão de excelência mundial. O design das marcas da Olimpíada e Paraolimpíada são exemplos para o mundo. As semanas de moda de São Paulo e Rio de Janeiro entraram definitivamente no calendário mundial. Muitos designers brasileiros fazem parte da elite de criação do design de automóveis das grandes marcas mundiais, e as multinacionais instaladas aqui estão criando modelos totalmente brasileiros. O Brasil é hoje o maior vencedor dos principais prêmios de criação de joias do mundo. O design brasileiro por meio da ABEDESIGN (Associação Brasileira das Empresas de Design) marca presença desde 2010 no Festival de Cannes, projetando a força do nosso design para o mundo. Desde a última década vencemos diversos prêmios internacionais, notadamente o IF da Alemanha e o IDEA do IDSA (Industrial Design Society of América), que desde 2008, de forma inédita, implementou um capítulo no Brasil. Este ano, em sua quinta edição, teve quase 500 candidatos. O próprio design tem evoluído do projeto para a gestão estratégica e agora como gestão de inovação. Essa evolução começou com o conceito do Design Innovation, onde mais do que dar respostas estéticas e funcionais definidas por quem demandava os projetos, os designers passaram a tomar a iniciativa para propor novas soluções. No degrau seguinte surgiu 28 | WIDE | 91 > DESIGN o Design Thinking, onde o design, ou melhor o “Pensamento do Design”, está liderando o processo de inovação em vários campos, não só o empresarial ou de produtos, mas na educação, na saúde, nos serviços públicos, no abastecimento de água e nos projetos sociais. Com a chegada da Economia Criativa, que vai potencializar o nosso capital criativo, o design, além de ser integrante, desempenhará um papel relevante, uma vez que está presente na maioria de suas áreas. Isso significa que o design não só chegou lá como será cada vez mais um importante protagonista dessa nossa evolução. “Estamos vencendo a cultura da cópia e usando cada vez mais o design como diferencial competitivo. O próprio design tem evoluído do projeto para a gestão estratégica e agora como gestão de inovação” Levi Girardi Sócio Diretor – Questto|Nó www.questtono.com.br Sim, o Brasil respira design. Temos exemplos de sucesso que já são globais, resultado da aplicação profissional do design, como em cosméticos, moda e eletrodomésticos. No entanto, ao falar sobre o Brasil é sempre saudável não generalizar. Em um país continental como o nosso, com diferenças culturais, sociais e econômicas tão grandes, qualquer afirmação que leva em conta o todo precisa ser devidamente analisada, principalmente quando associada ao design, que é algo tão novo por aqui. Desta forma, muitos setores da nossa economia já percebem o design como ferramenta, se não estratégica, pelo menos prática para aumento da competitividade. Sabe-se contratar design, sabe-se fazer design e o mercado já sabe consumir design. Mas a aplicação da lógica é muito mais ampla do que apenas nos setores produtivos e de serviços. Ela é fundamental nas cidades, e é aí por exemplo que o Brasil ainda caminha devagar. Design nada mais é do que fazer algo que tenha significado para alguém (de um automóvel, passando por uma loja até o modo como se vive em uma metrópole), que seja tecnicamente factível dentro das tecnologias disponíveis e economicamente viável, isto é, alguém precisa pagar por aquilo. E o Brasil percebeu que para fazer isso em seus produtos, revistas, serviços entre tantos outros é preciso conhecer profundamente os elementos desta equação. E isso requer planejamento e inteligência, seguidos de um trabalho de síntese, que é justamente o que o design faz. Não adianta ser simplesmente bonito, que é a simplificação comumente atrelada à palavra. Prova disso são os inúmeros exemplos clássicos do bom design, da Braun à Apple, que criam toda uma atmosfera adequada a um produto ou serviço, onde aquilo que elas de fato vendem é uma parte de uma teia de informações organizadas de forma tal que o consumidor se sinta totalmente seduzido. No Brasil há setores da economia que pensam seus produtos com o design totalmente inserido no processo. Áreas maduras não sobrevivem sem um pensamento integrado para criar e lançar seus produtos ou serviços. Mas há áreas onde o design ainda está na sua fase apenas “estética”, muitas vezes sendo empregado sem levar em conta os fatores que influenciam o sucesso de um lançamento e que, por conta de uma competição mais acirrada e competente, tendem a sofrer para permanecer atraentes. E são nesses setores e na própria gestão pública, incluindo aí as cidades, que estão as maiores carências e portanto, as grandes oportunidades. 91 > DESIGN | WIDE | 29 “mudamos a forma de descobrir novas músicas” ENTREVISTA INTERNACIONAL VP do Oi Rdio, Scott Bagby Conseguir juntar 15 milhões de músicas que agradem culturas tão diferentes e, ao mesmo tempo, respeitar os direitos autorais não é fácil. Lançado no Brasil no fim de 2011, em parceria com a operadora Oi, o Rdio é um serviço de streaming que disponibiliza músicas para serem ouvidas por meio do computador, de smartphones ou tablets, de forma on ou offline. E fomos atrás de um dos criadores do Rdio, o VP International, Scott Bagby, que nos revelou o sucesso do serviço que, segundo ele, está revolucionando a forma pela qual conhecemos novas bandas e novos estilos musicais. Confira a entrevista exclusiva. 30 | WIDE | 91 > DESIGN DESIGN WIDE: Como está o desempenho do Rdio nesses primeiros meses de operação e qual tem sido a taxa de conversão? SCOTT BAGBY: Desde o lançamento no Brasil, em novembro de 2011, estamos muito satisfeitos com a aceitação até o momento. Ainda é cedo para liberarmos todos os números, mas temos acompanhado grandes aumentos de tráfego por meio de nossa contínua expansão internacional, além da nossa integração com o Facebook e Twitter, bem como parcerias com as operadoras Oi (Brasil) e Telus (Canadá). WIDE: Em relação à questão de direitos autorais e a toda a discussão que envolve o assunto no tocante ao fim da pirataria, você acredita que o Rdio surgiu em um momento estratégico para reerguer esse mercado? Esse modelo de negócios veio para ficar? SCOTT: Não há dúvida de que streaming e acesso são os caminhos para onde o digital e a música no futuro estão seguindo. Hoje alguém pode imediatamente encontrar um artista que procura. Basta ativar a função e, se ele gosta de um álbum, por exemplo, ele também pode ir a um show, comprar o CD. Coletivamente, as receitas com serviços de streaming de música estão inovando de várias fontes. Quanto mais serviços são lançados em todo o mundo e a medida em que os usuários passam a se conectar, a receita tende a crescer, enquanto a pirataria tende a diminuir ainda mais. WIDE: O suporte do Oi Rdio é outro destaque entre suas funcionalidades. O atendimento rápido e eficaz faz com que os clientes sintam-se satisfeitos e indiquem o serviço a seus amigos. Essa qualidade oferecida pelo suporte faz parte da estratégia da Oi Rdio? SCOTT: O atendimento ao cliente é muito importante para nós. Nós valorizamos nossos usuários, que querem ter a plena certeza de que vão ter fácil e ágil assistência, quando necessário. Além disso, nossos canais de suporte por meio do site e das redes sociais também complementam nosso objetivo. É importante encorajá-los a sempre compartilhar comentários para que possamos continuar melhorando o serviço da Oi Rdio. Ou seja, continuar trabalhando para alcançarmos a melhor maneira de descobrir, reproduzir e compartilhar músicas. 91 > DESIGN | WIDE | 31 DESIGN WIDE: Por conta de sua abrangência mundial, a Rdio pode ser considerada um novo modelo de negócios. Como foi detectada essa inovação? SCOTT: Pela primeira vez na história vi que era realmente possível lançar um serviço como o Rdio. Detectamos que as licenças, as redes sem fio, a ascensão de dispositivos móveis e as aplicações nesses aparelhos, juntamente com a conectividade, estavam disponíveis. Além disso, inúmeros consumidores estão se movendo em busca de serviços em nuvem para outras formas de conteúdo, tais como filmes, televisão e livros. Tínhamos em mente que o grande desafio com o digital era ainda descobrir novas músicas de forma mais fácil. Ora, milhões de músicas e acesso a tanto conteúdo digital de todos os lugares do mundo certamente é um imponente desafio. Concluímos, então, que a forma mais natural de descobrir a música seria por meio das pessoas que você confia (seja um cara da loja de discos, um escritor de música popular ou ainda o seu artista favorito). Assim, quisemos reintroduzir esses tipos de conversa sobre música e levar entretenimento de forma fácil, porém online. Na verdade, alguns dos feedbacks mais frequentes que recebemos são coisas do tipo “eu descobri mais música nova nos últimos dois dias na Rdio do que nas últimas décadas”. Outros depoimentos confessam que “o mundo ainda não tinha visto um serviço de música verdadeiramente global”. A ideia de construir um serviço onde você pode realmente ouvir um catálogo 32 | WIDE | 91 > DESIGN global de música e acompanhar a qualquer momento o que as pessoas estão ouvindo ao redor do mundo é extremamente empolgante para nós. WIDE: O crescimento dos smartphones, acompanhado do sucesso de plataformas como Android, contribuiu para que a ideia se expandisse. Como é o desafio da Rdio em termos de usabilidade e funcionalidade? SCOTT: Liderar em design e experiência do usuário é um grande foco para nós e estamos empenhados em sempre melhorar nosso produto final. Temos realmente um produto para construir, trazendo mais formas de descobrir, ouvir e compartilhar músicas com o mundo. Além de inovações do produto, a nossa contínua expansão no mundo é outro foco que buscamos, ou seja, que todos continuem com a Rdio disponível em outros países da Europa, América Latina e Ásia ao longo de 2012. A interatividade é outro ponto a ser discutido. Quando o usuário conecta a sua conta do Facebook usando Rdio, seus amigos podem ver o que está tocando naquele momento, e também ouvir músicas juntos. Outro exemplo é seguir um DJ e a possibilidade de falar com ele durante o set. WIDE: Na opinião da Rdio, o mercado de música online é realmente um nicho promissor universal ou depende da força da cultura local em torno da música para alcançar bons resultados? “2011 foi o primeiro ano em que as vendas de música digital superaram as vendas de música física nos Estados Unidos” SCOTT: Um relatório recente mostrou que 2011 foi o primeiro ano em que as vendas de música digital superaram as vendas de música física nos Estados Unidos. Há muitos anos temos visto tendências distantes para a acessibilidade em tudo, desde vídeos a automóveis. Acreditamos que os consumidores de música em todo o mundo estão seguindo um caminho semelhante ao de vídeo no mercado dos EUA: o acesso à compra para o conteúdo de streaming ao invés de objetos físicos. Ainda é cedo para garantias plenas, mas as pessoas estão começando a reconhecer os benefícios de acesso às suas coleções de música em qualquer lugar. Embora o futuro da tecnologia digital nos permita criar um serviço de música verdadeiramente global, o conteúdo local é um elemento muito importante. Para isso, estamos focados em cada país apresentando o mais rico catálogo de música local para que os nossos usuários possam desfrutar. 91 > DESIGN | WIDE | 33 Rio 20 O Glob-All Mix foi uma reedição do projeto realizado pelo famoso designer Felipe Taborda, há 20 anos. Durante a Rio 92, ele reuniu 30 grandes designers gráficos do mundo para criar um cartaz que representasse a visão de cada um deles sobre o meio ambiente e o desenvolvimento. 34 | WIDE | 91 > DESIGN ESPECIAL AS OBRAS FORAM EXPOSTAS NO GALPÃO DAS ARTES (RJ) DESIGN Em 2012, o Glob-All Mix abordou o desenvolvimento sustentável, principal tema da Rio+20. Assim como em 1992, a coleção das imagens dos 30 designers foi o presente oficial do Itamaraty aos chefes de Estado e representantes de delegações que participaram da conferência. Além de cinco brasileiros, a mostra apresentou cartazes de designers de países europeus e das Américas, da China, da Índia, do Irã e do Japão. Conversamos com Felipe Taborda, que nos contou os desafios e novidades da exposição, além de falar sobre as diferenças culturais dos designers envolvidos. WIDE Qual a sensação de 20 anos depois - a exemplo do ocorrido durante a conferência Rio 92 das Nações Unidas, e agora com o foco da Rio+20 no tema: “A Economia Verde e a Erradicação da Pobreza” -, coordenar a re-edição do projeto e abordar o tema Desenvolvimento Sustentável, com exposição de 30 novos cartazes feitos por 30 designers gráficos consagrados? FELIPE TABORDA Parece incrível, mas curiosamente as coisas eram mais fáceis há 20 anos. Não tínhamos e-mail, internet, entre outras diversas ferramentas, e tínhamos que tratar tudo com todos por meio de fax, telefonemas ou correio. E funcionava! Tanto que funcionou, e tudo aconteceu como previsto. O que ocorre hoje é que o mundo mudou bastante, e as questões culturais - assim como as questões ambientais e de sustentabilidade - têm uma nova visão e perspectiva atualmente. Todos estão “na moda”, ou seja, são temas conhecidos da maioria dos habitantes do mundo. Portanto tratar disso, e além do mais precisar de financiamento para lidar com esses temas é outra realidade - difícil e 91 > DESIGN | WIDE | 35 AS OBRAS FORAM EXPOSTAS NO GALPÃO DAS ARTES (RJ) DESIGN 36 | WIDE | 91 > DESIGN complicada. Porém, como tudo na vida, temos que nos dispor a fazer aquilo que pretendemos, pois se não somos nós mesmos a tratar de nossos interesses, nada acontece. WIDE Em um planeta tão universal como o nosso, revelar as interpretações de sustentabilidade de tantos artistas gráficos de todo o mundo, utilizando seus dons criativos e ao mesmo tempo buscando deixar um legado, o que pode ser tirado de lição sobre as diferenças culturais, uma vez que as imagens dos 30 designers serão vistas ainda nas 227 representações (Embaixadas, Consulados etc) brasileiras ao redor do mundo? FELIPE TABORDA Aí está o “mistério do design”, pois acredito que uma boa ideia tem apelo a qualquer observador, não importando de que país seja. Evidentemente toda interpretação depende do conhecimento e cultura – seja ela qual for - de cada um. Claro que gostaria de saber como será o resultado desses cartazes ao redor do mundo, e saber de suas diferentes interpretações locais. Mas isso é quase impossível. De toda forma, não há nada como a música para transpor barreiras, mais ainda do que arte ou design. PROGRAME-SE A EXPOSIÇÃO NO RIO DE JANEIRO ACONTECE NO GALPÃO DAS ARTES, NO JARDIM BOTÂNICO, DE 24 DE JUNHO A 15 DE JULHO. 91 > DESIGN | WIDE | 37 DESIGN Aqui, ali, em qualquer lugar Michel Lent Ligue os pontos, de volta para o Desenho Industrial Quando eu tinha 17 anos e estava prestes a entrar na faculdade, gostava de fotografia (fiz mil cursos), vídeo (produzi alguns), era músico semi-profissional (fita demo gravada e prestes a cair na estrada), queria ser cineasta (uma das opções de faculdade), filósofo (outra), físico (mais uma) e dava aulas de informática para me sustentar. Tinha uma certa fixação por comunicação gráfica (desenho de letras e fazer cartazes). Ou seja, era um completo perdido na vida. Produto e Comunicação Visual. Apesar da insistência de meu pai para fazer economia (só fui entender depois de velho), eu resolvi acabar fazendo vestibular para Desenho Industrial (Design Gráfico) porque o currículo reunia aulas de fotografia, vídeo e ‘mexia’ com computador. Passei na prova de habilidade específica (apesar do meu desenho péssimo) e entrei para a PUC-Rio. A Comunicação Visual tratava de projetos gráficos. Posters, cartazes, embalagens, sinalização. Tudo aquilo que cobre as superfícies desenhadas por arquitetos ou designers de produto. Levei quase seis anos para terminar o curso, fazendo alguns projetos gráficos (cartazes, capas de CD, livros) que me deixavam bastante frustrados, pois aquilo que eu fazia na tela (era o começo do Desktop Publishing) não era o que saia no papel. E assim seguia a minha vida profissional e acadêmica, até que um dia tomei conhecimento de uma nova área profissional que estava em formação chamada ‘multimídia’ e para ser bom no assunto, era importante entender de informática, design gráfico, fotografia, vídeo, música e mais um monte de coisa que eu gostava. Me dei conta ao tomar contato com essa área que tudo aquilo que eu havia gostado até então, e que parecia completamente desconexo, era importante para me tornar um bom profissional de multimídia. O Projeto de Produto projetava objetos: cadeiras, ferramentas, carros, tudo o que você consiga imaginar que o homem pode fazer uso e é feito de átomos, tirando casas e prédios, que são responsabilidade de engenheiros e arquitetos. Costumo dizer que designers, engenheiros e arquitetos são primos, pois fazem o mesmo tipo de coisa em escalas diferentes. E na escola de Desenho Industrial, fosse você fazer habilitação em Projeto de Produto ou Comunicação Visual, uma cadeira era obrigatória e se repetia praticamente todo semestre. A cadeira de Projeto, Planejamento e Desenvolvimento (PPD). A metodologia do PPD era bastante direta: encontrar uma situação problemática para o homem e projetar uma solução, fosse ela um objeto ou uma solução gráfica. Apesar de conceitualmente integrado, o que eu fui fazer a partir a partir da minha migração para a ‘multimídia’, pouco tinha a ver com o Desenho Industrial. A vida se resumia a projetar sites. Ou seja, a solução do problema já estava resolvida antecipadamente: era um site. E o que nos restava era desenhar interfaces, tentando solucionar problemas tecnológicos. A imagem pesada demais, obrigar o HTML a fazer o que a gente queria. Dar um jeito no Flash. Torcer o CSS para chegar lá. Agora aceleremos. Vamos adiantar quase 18 anos. Conhecer a multimídia e trabalhar ‘com internet’ mudou a minha vida profissional radicalmente e, graças a ela, consegui seguir uma carreira profissional onde me divirto trabalhando. Acredito fielmente que misturar trabalho e diversão é a chave para a felicidade e o sucesso profissional. A internet mudou. Agora o computador é apenas mais uma tela interativa, junto dos tablets, smartphones, TVs, geladeiras… Quase não navegamos mais em sites. O mundo transborda de aplicativos. As impressoras 3D se tornam cada dia mais baratas e o Arduíno em breve vai ser brincadeira de criança. “OK” você vai dizer. “Que legal. E?”. Calma. Ainda na faculdade de Desenho Industrial. Basicamente o curso se dividia em duas habilitações: Projeto de 38 | WIDE | 91 > DESIGN Como encontrar soluções para estes novos projetos digitais? Como abordar estes problemas? Agora é necessário entender o problema e projetar uma solução. Solução que vai usar sim tecnologia informática, mas está agora completamente livre de Como encontrar soluções para estes novos projetos digitais? Como abordar estes problemas? Agora é necessário entender o problema e projetar uma solução. Solução que vai usar sim tecnologia informática, mas está agora completamente livre de amarras, formatos de tela ou restrição de código. amarras, formatos de tela ou restrição de código. E a metodologia que me veio à cabeça não foi outra senão a boa e velha metodologia aprendida na escola de Desenho Industrial. De volta aos tempos de PPD, pensando nas pessoas e nos problemas, sem ter que me preocupar com a solução tecnológica, porque evoluímos o suficiente nestes 18 anos para não precisarmos mais gastar tanto tempo no problema e dedicar mais tempo na solução. E da mesma forma como lá atrás encontrei na multimídia e na internet algo que fazia ótimo uso dos meus conhecimentos e interesses nos vários meios e ferramentas, agora encontro na internet algo onde meus conhecimentos da escola de Desenho Industrial são igualmente úteis e relevantes, e novamente o ciclo se fecha. Ou como dizia o finado Steve Jobs. Ligue os pontos. Michel Lent Schwartzman Designer gráfico pela PUC-Rio e mestre em Telecomunicações Interativas pela New York University. Em 2002, fundou a 10’Minutos, agência que juntou suas operações com o grupo Ogilvy, em 2009, passando a funcionar sob a bandeira OgilvyInteractive Brazil, empresa da qual Michel foi gerente geral e vice-presidente de criação. Em 2011, assumiu a vice-presidência estratégica do Grupo Pontomobi/RBS, empresa líder em mobile marketing no país. Ao longo de mais de quinze anos de carreira, foi premiado nos principais festivais internacionais, com trabalhos vencedores em Cannes, Clio, Art Directors, One Show, London Festivals, FIAP, El Ojo de Iberoamérica, entre outros. Twitter: @lent E-mail: [email protected] 91 > DESIGN | WIDE | 39 DESIGN Internacional Julius Wiedemann Quando o HTML5 reinar... Já que tanta gente está tentando prever o futuro dos Apps e do HTML5, eu também vou fazer o exercício aqui, mas vou me colocar tanto como usuário como desenvolvedor, ou melhor, provedor de conteúdo. A Wired e o MIT se posicionaram recentemente de maneiras muito diferentes sobre o futuro. O primeiro com um parecer mais positivo para os Apps, e o segundo desenhando um cenário que estaria favorecendo mais o uso de HTML5 como um substituidor dos Apps. Já estou há algum tempo envolvido com a produção de livros digitais, e o que vemos mais uma vez é uma guerra de formatos. Amazon com o seu, iOS da Apple com sua adaptação do EPub, e mais recentemente com a noticia dos investimentos da Microsoft no Nook, deveremos ter mais um formato. Todos na tentativa de condicionar a distribuição com a adoção de uma plataforma. O investimento de converter livros ou produzir Apps para várias plataformas é enorme, e muitas empresas acabam por escolher apenas uma ou duas como foco, se baseando em poder de mercado. Nesse quesito, iOS e Android levam vantagem nos Apps, sendo o iOS praticamente o único sistema onde se pode esperar uma monetização. O sonho de ter todos esses aparelhos conectados em 4G com velocidades de até 1GB de download por segundo é tudo que eu mais queria. Mas essa infraestrutura me parece que ainda vai demorar um pouco a chegar. São poucos os paises que conseguem prover alta velocidade móvel com estabilidade necessária. Mas algumas empresas já estão mirando no futuro e começaram a lançar serviços puramente baseados em HTML5, que funcionam independentemente dos aparelhos. Inkling e OverDrive são duas dessas empresas. Eles com certeza já fizeram o cálculo de investimento e do tempo de adoção, e chegaram a conclusão de que esse é mesmo o futuro, e já começaram a arquitetar novos modelos. Se as empresas estiverem oferecendo seus 40 | WIDE | 91 > DESIGN produtos em uma plataforma de HTML5, elas também vão possivelmente monetizar melhor seus anúncios, já que terão volume multi-plataforma e um conhecimento melhor do que está sendo consumido. Serviços e produtos com venda direta pelos browsers de celular e tablets vão flexibilizar muito como empresas de conteúdo trabalham. Elas vão ficar mais independentes, e os produtores de sistemas vão ter que oferecer mais do que um sistema fechado e um ecossistema de compra. O desafio para os produtores de aparelhos tais como Apple e Samsung será bem maior. O hardware vai se tornar para eles ainda mais importante. Eles vão ter que convencer de que a performance do que produzem suporta o que existe fora do ecossistema. Nesse quesito, a Samsung leva uma pequena vantagem, já que ela não tem o iTunes e poderia se mostrar mais flexível. O preço dos aparelhos também vai começar a ser um grande diferenciador. Até agora, o ecossistema é o que mais contava. Enquanto esperamos, passamos a viver em um mundo de Apps, que nos deixa confortáveis de ter à nossa mão uma série de ferramentas de todos os tipos, de entretenimento à utilidades da vida prática. A pergunta se elas vão sumir pode ser um pouco radical. Talvez tenhamos sempre motivos pra usar Apps, já que eles podem oferecer uma experiência mais bem construída, e com menos volume de dados para serem baixados (a exclusão da interface, que fica no sistema, por exemplo). Mas além disso, Apps são um universo hoje muito grande, que abrange diversos setores. O iOS já é a maior plataforma móvel de games, para citar um exemplo. Enquanto os tablets estão criando uma nova categoria de produto, os celulares são a mina de ouro do momento, com uma penetração de mais de 5 bilhões de aparelhos no mundo. Nos Estados Unidos, mais de 50% dos celulares já são smartphones. O Angry Birds é o primeiro exemplo de um App que vai se transformar em filme. Não faltam bons exemplos de histórias de sucesso e inovação. Mas assim como muitas tendências digitais logo se mostraram fenômenos de curto prazo, isso também pode acontecer com os Apps. O fato de existirem no momento o iOS e o Android como líderes de sistemas, cria uma concentração que no momento facilita as decisão de investimento. Se tivéssemos no momento cinco grandes sistemas, isso tornaria os custos de desenvolvimento insanos para quem paga. Em minha opinião, o HTML5 vai engolir entre 50 e 70% do mercado de Apps, deixando ainda um volume razoável de negócios. A lógica que hoje impera de baixos preços dos Apps deve se manter. Assim como o fato de muitos deles serem produzidos com os budgets de marketing, para promover produtos. O HTML5 pode ser o salvador das editoras, de livros, revistas e jornais. Mas isso ainda está por ser provado. A infraestrutura não é tão fácil de ser montada, existem problemas gigantes de direitos autorais e, finalmente, a monetização ainda parece estar muito distante. Tendo tudo isso diante de nós, o principal no momento é manter um foco no curto e médio prazo, com um olho meio aberto no futuro, e estar preparado para transições. Mais fácil falado do que feito. Por isso eu acordo todos os dias e penso em todas as minhas tarefas, e continuo planejando para o futuro. Julius Wiedemann Diretor de publicações digitais da editora alemã Taschen (www.taschen.com), além de editor-chefe das áreas de design e pop culture. Julius viaja 70% do seu tempo, dividindo residências entre o Rio de Janeiro, Cambridge, no Reino Unido, e Colônia, na Alemanha. E-mail: [email protected] Ilustração Carolina Vigna-Marú Recursos humanos pouco profissionalizados “O objetivo da imagem não é tornar mais próxima de nossa compreensão a significação que ela traz, mas criar uma percepção particular do objeto, criar uma visão e não o seu reconhecimento.” (CHKLÓVSKI, 1973 ) Mais vezes do que seria natural me flagro pensando sobre a construção de imagens e da relação destas imagens com texto. Quando o mundo todo está jogando Angry Birds no metrô eu estou lá com cara de “screensaver” pensando na ilustração estampada na mochila do desgraçado que acabou de pisar no meu pé. Já cheguei a perder a estação por pura distração, após ter ficado hipnotizada com uma camiseta beatlemaníaca à minha frente. O que faz com que uma ilustração “funcione” é matéria para uma especialização inteira em semiótica e obviamente não caberá nesta coluna. Não vou nem tentar, mas posso sugerir alguns pontos iniciais de pesquisa: • CASA - Cadernos de Semiótica Aplicada: seer.fclar.unesp.br/casa • Estudos semióticos (USP): fflch.usp.br/dl/semiotica/es/ • Usabilidoido: usabilidoido.com.br/cat_semiotica.html Algumas questões são tão visíveis que se tornaram senso comum. Uma delas é o equilíbrio. Não necessariamente precisamos de uma composição simétrica para termos equilíbrio. Algo que os designers conhecem bem é o valor do espaço em branco, do vazio. É o uso do espaço que vai determinar o equilíbrio, o ritmo, a tensão e a relação figura-fundo. Vou evitar aqui a análise formal, ou seja, linhas, cores, formas, perspectiva etc. O equilíbrio não precisa ser, tampouco, estável. Podemos criar algo propositalmente instável. Podemos, ainda, pela lei do agrupamento da Gestalt, conseguir interações entre os elementos de forma que a composição seja percebida de uma forma diferente dos elementos individualmente. Aliás, é nesta ideia de que o todo é maior do que a soma das partes que se baseiam as principais teorias visuais. A bíblia neste assunto é a “Sintaxe da Linguagem Visual”, da professora Donis A. Dondis. A questão do que consideramos atraente em termos de imagem permanece. Entra aí uma noção de “belo” que, obviamente, varia de acordo com a cultura, a época, a geografia, a faixa etária etc. Para complicar, temos ainda a análise iconográfica e temática, assunto recorrente desta coluna. E, claro, a técnica. Esta aquarela está bem feita? As sombras estão todas do lado oposto da fonte de luz? E por aí vai. Existe, ainda, a leitura contextualizada. Ou seja, tanto o objetivo quanto a interpretação de uma imagem variam conforme o período, a biografia do artista e a geografia. A cor de luto no Japão é branca. O nosso gesto de “legal”, com o dedão para cima, é interpretado como algo extremamente rude na Grécia. As cores tiveram significados bem diferentes no decorrer da história: o vermelho, por exemplo, já foi sinônimo de riqueza, de amor, de assassinato e já nos protegeu contra doenças (fonte: Pigments through the Ages - webexhibits.org/pigments/intro/colors.html). A construção de uma imagem envolve tantas questões que, mesmo sentindo que volto sempre ao mesmo tema, cada vez que um cliente me diz “é rapidinho, só um desenhinho simples”, me sinto na obrigação de dizer novamente que a ferramenta não faz o artista. Todo mundo parece compreender que ter um martelo em casa não me torna apta a construir um armário. Por que o designer e o ilustrador são vistos de forma diferente? Assim como acontece em qualquer área, o domínio da técnica não faz o ilustrador. Saber usar o Word não faz de ninguém escritor. Usar equações do Excel não transforma ninguém em contador. Ter o Illustrator no computador também não faz brotar ilustradores. Até porque, com todos os recursos que temos disponíveis gratuitamente, seríamos todos Leonardos Da Vinci. A ilustração de livros e revistas tem ainda a questão da sua relação com o texto. Este assunto é bem complicado, mas, a grosso modo, é importante que a relação exista mas sem um competir com o outro. Evitar a redundância é bom e não fornecer uma única leitura possível é importantíssimo. O Brasil tem grandes ilustradores, felizmente. E aí chego, finalmente, à citação inicial. Qual a finalidade da imagem? É necessário ter um objetivo? Em artes visuais talvez não, mas em ilustração é fundamental. A diferença, justamente, é a relação com o texto. Na maioria das vezes (mas nem sempre), o texto vem primeiro. Ou seja, a ilustração “ilustra” o texto, e precisa respeitá-lo. O mesmo serve para o design gráfico, interface, animação... Se existe (novamente, nem sempre existe) um texto inicial, o artista visual/gráfico não pode ignorá-lo. Então, da próxima vez em que percebermos que estamos reclamando (também sofro deste mal) do pouco respeito à nossa profissão, proponho que coloquemos um pouco a mão na consciência: será que não “atropelamos” uns tantos outros por aí também? Carolina Vigna-Marú é designer e ilustradora das antigas, do tipo que raspou fotolito com gilette e fez separação de cores no papel vegetal, mas que não é saudosista e acha tecnologia o máximo. Trabalhou com multimídia e foi SysOp de BBS. Desenvolve sites desde 1996, especializando-se em CMS e em SEO com tableless e CSS. Começou em uma editora pequena em 1982 e nunca mais parou. Gosta muito de ilustração vetorial, mas não dispensa um bom papel e lápis. Fotógrafa amadora e apaixonada por tudo o que é gráfico. Estuda Artes Visuais no Centro Universitário Belas Artes SP E-mail: [email protected] 91 > DESIGN | WIDE | 41 DESIGN Design de interação Amyris Fernandez Interação Humano-Computador (IHC) e Comunicação: discutindo o que há em comum A área de conhecimento de Interação Humano-Computador tem se dedicado a entender como seres humanos, as máquinas e os softwares interagem uns com os outros, considerando as limitações de todos eles. Dentro dessa área de conhecimento, uma metodologia de observação cd usuários tem sido utilizada: a usabilidade tem sido utilizada para olhar a interação pelo seu aspecto de execução de tarefas. O que fica evidente é que muito mais que uma interação mecânica entre as partes, o que há é uma troca de mensagens. Há comunicação entre as partes envolvidas no processo: entre as empresas que criam e oferecem meios digitais onde pessoas podem ler e ver conteúdos, comprar e sentir o espírito de uma marca, entre as pessoas que conversam umas com as outras usando os softwares disponíveis, emails ou chats, sendo que tudo acontece em cima de plataformas como PCs ou celulares e softwares que exibem esse diálogo. Pensando nessa complexidade, fomos procurar modelos que explicassem essa troca processamento e apreciação das mensagens. OS MODELOS Um dos mais conhecidos modelos de comunicação foi desenvolvido por Shannon e Weaver (1963), cuja representação incluiu um elemento conhecido como ruído - um estímulo adicional e indesejado dentro do processo. No modelo, o ruído sempre acompanha a mensagem. O ruído pode ser de origem física, como excesso de barulho no ambiente, interferindo na viabilidade de ouvir o que outra pessoa diz, ou de ordem psicológica, quando o diálogo interno interfere na atenção prestada ao interlocutor ou na compreensão da mensagem. Este modelo é 42 | WIDE | 91 > DESIGN fundamentalmente linear e tem como principais limitações para o entendimento das trocas entre praticantes de jogos digitais em meios eletrônicos: 1) o fato de considerar o processo em apenas uma direção, ou seja, da fonte ao receptor, 2) não considera o ambiente onde estas trocas ocorrem e 3) não especifica os atributos da fonte, mensagem, receptor, canal e receptor. O modelo proposto por David Berlo (2003) resolve o problema do modelo anterior, por dar ênfase aos quatro elementos: fonte, mensagem, canal e receptor, e existe um processo de codificação e decodificação da mensagem. Neste modelo a fonte é o criador da mensagem, podendo ser uma pessoa ou um grupo. Por que a fonte tem uma intenção ao criar a mensagem são realizadas escolhas de elementos para compor a mesma. Estas escolhas codificam a mensagem. O interessante é que, neste modelo, é possível separar o codificador da fonte, demonstrando, assim, que existe um processo de produção da mensagem que está além da fonte. O mecanismo de decodificação opera da mesma maneira. Sendo assim, os elementos que interferem na mensagem, tanto do lado do emissor como do receptor, podem ser: habilidades, atitudes, conhecimento, sistemas sociais e ambiente cultural. Entretanto, as críticas ao modelo recaem sobre os mesmos pontos que sobre o modelo de Weaver e Shannon apresentado anteriormente, em que os efeitos da resposta são pouco observados. A análise do processo de diálogo entre homens e interfaces digitais indica que há um desdobramento desses papéis no espaço digital, pois este é composto por um hardware e um software, e ambos oferecem ao usuário uma interface de interação, sendo uma delas teclado e mouse e outra composta pelos elementos apresentados na tela. Por essas razões, o diálogo entre seres humanos e máquinas desdobra-se em passos que exigem mais em termos cognitivos e operacionais do que é exigido para ouvir rádio ou assistir televisão, por exemplo. O usuário terá que conversar com o hardware para conseguir agir sobre o software, o que significa dois diálogos, um com o PC, TV interativa, ou aparelhos celulares e outro com a interface dos mesmos. É possível pensar que o hardware ocupa o lugar de codificador da mensagem, uma vez que ele traduz a mensagem para o sistema, a fim de obter uma resposta - a execução de um comando. Porém, como tanto a mensagem de erro na tela, como a execução de comando tem o poder de manter o usuário agindo no sistema, podemos considerar que existe um diálogo que ocorre em paralelo entre usuário, hardware e software. Afinal, o usuário usa o hardware para falar com o software. O que esta discussão demonstra é que, para entendermos a apreciação da interação dentro de ambientes digitais, é preciso descobrir quais são os elementos envolvidos e como se relacionam, uma vez que o processo envolve maior complexidade do que um processo de comunicação usual. O software, por sua vez, traduz os comandos do usuário no hardware e responde com mudanças de estado que são visíveis na interface. Logo, o usuário, ao perceber a mudança de estado na tela, responde com novas ações sobre ela, através dos comandos de software que irão agir sobre o hardware. Isto significa que tanto o modelo de Berlo como o de Shannon e Weaver são capazes de explicar o diálogo entre homens e máquinas, porém, dada a complexidade do mesmo, é preciso indicar qual o papel do hardware, qual o do software, e como isso ocorre em paralelo durante um evento sob o comando do usuário. Portanto, no momento em que ocorre a interação com um hardware, existe uma intenção, a de agir sobre o software, que, por sua vez, responde para o usuário, que reinicia o ciclo de comunicação, a partir daí. O que esta discussão demonstra é que, para entendermos a apreciação da interação dentro de ambientes digitais, é preciso descobrir quais são os elementos envolvidos e como se relacionam, uma vez que o processo envolve maior complexidade do que um processo de comunicação usual. No caso de mensagens publicitárias em meios digitais, o usuário/consumidor e o meio realizam trocas contínuas de ordem mecânica e simbólica, onde a emissão de mensagens e respostas ora está a cargo do usuário, ora da interface da peça publicitária. Assumindo como verdadeira a premissa de trocas mecânicas e simbólicas contínuas, pode-se considerar que as mensagens emitidas pelo consumidor durante uma interação com a peça publicitária sejam a execução de comandos sobre o teclado e que as mensagens da peça publicitária sejam mudanças de estado da própria peça. O sucesso da interação depende fundamentalmente da qualidade da interface. Com o surgimento da Internet, o termo usabilidade tornou-se sinônimo de interfaces simples ou de fácil uso por usuários comuns. Ao longo dos anos seguintes, o significado de usabilidade transformou-se mais uma vez, pois a ciência passou a entender mais as experiências das pessoas com os computadores. Por isso a discussão passou para o entendimento do papel do prazer em usar produtos (LOGAN, 1994) e da diversão através de interfaces (BLYTHE; HASSENZAHL, 2004a) Mark Hassenzahl propôs um modelo em 2004 que define os elementos-chave da experiência do usuário e a relação funcional entre os elementos do modelo, distingue os atributos em duas categorias: (1) pragmáticos, referindo-se à manipulação e capacidade de atingir os objetivos comportamentais de cada indivíduo, e (2) hedônicos, referindo-se aos atributos que estimulam e têm alguma forma de identificação com os indivíduos, provocando memórias nos mesmos e enfatizam o bem estar psicológico dos indivíduos. O modelo deste pesquisador tem como méritos abordar: a) a natureza subjetiva da experiência em si, b) a percepção do produto, c) as respostas emocionais aos produtos em d) diversas situações. O trabalho deste autor também contribui ao reconhecer que existe uma intenção por parte do designer e uma expectativa por parte do usuário, mas que não existe nenhuma garantia de que o usuário irá: compreender, perceber e apreciar o produto da forma como o designer desejaria. O modelo também tem como mérito o fato de estruturar os elementos que compõem a experiência do usuário, pois a proposta de Hassenzahl indica que a interação com produtos e a experiência que esta gera é uma estrutura cognitiva complexa, capaz de evocar memórias e valores simbólicos, pois somente quando os usuários começam a usar um produto, diz o autor, inicia-se um processo de construção de opinião sobre o produto, baseado na combinação da apreciação das características dos produtos, critérios pessoais e expectativas, algumas vezes baseada em experiências anteriores, e numa determinada situação de uso. Dependendo dessa situação, as consequências emocionais e comportamentais são completamente diferentes. Ao longo da pesquisa foi possível constatar que essa área de conhecimento desenvolveu modelos e formas de observar os consumidores diante das mensagens de comunicação integrando conhecimentos vindos da psicologia, com ênfase em emoções e motivação, pois buscava entender como os consumidores processavam as mensagens publicitárias e formavam sua apreciação sobre elas e seus conteúdos. Essa abordagem é um contraponto à abordagem vinda da Usabilidade, mais voltada para aspectos mecânicos da interação. Amyris Fernandez é consultora em Design de Interação, membro do IxDA (Interaction Design Association) e ministra aulas de Usabilidade e Design de Interação. É doutora em comunicação pela Universidade Metodista, com “bolsa sanduíche” na Universidade de Koenhagen, Dinamarca, e mestre em Comércio Eletrônico, pelo Rochester Institute of Technology, EUA. E-mail: [email protected] 91 > DESIGN | WIDE | 43 44 | WIDE | 90 > CAPA Neuro Marketing Com técnicas variadas, especialistas tentam decifrar a mente de seus consumidores e buscam alcançar a tão sonhada satisfação do cliente. O tema, que já ganhou adeptos de peso, como Coca-Cola, Harley-Davidson, Yahoo!, entre outras, é a Capa desta edição da Wide, que você confere a partir de agora Para falar sobre o assunto e dar valiosas dicas de como utilizar o neuromarketing em sua empresa, convidamos a diretora de Marketing da Coca-Cola, Luciana Féres, e o gerente de Marketing, Produto e Relações Públicas da Harley-Davidson do Brasil, Júlio Vitti. Eles falaram sobre a importância de adaptação às necessidades dos clientes, boa convivência, estilo de vida, contato direto com os consumidores, qualidade nos serviços prestados, entre outros assuntos. Entender os desejos, impulsos e motivações do seu consumidor e fazer sua marca vender mais. A tarefa pode não parecer das mais fáceis, porém com a ajuda do neuromarketing, especialistas em todo o mundo vêm apostando nessa técnica que estuda o comportamento do consumidor por meio da neurociência. No Brasil, algumas multinacionais já utilizam a aplicação do conceito. Porém a força se comprova mesmo é no mercado estrangeiro. Jürgen Klaric, CEO da Mindcode International Inc. EUA, é conhecido por ajudar CEOs de multinacionais de todo o mundo a inovar e a reavaliar a forma como apresentam seus produtos ao mercado. Em sua carteira de clientes atendidos constam grandes contas como Nestlé, Danone, Bacardi, Pepsico, entre outros. Para ele, ao longo do tempo, essas grandes marcas vêm conquistando acertos, mas também erros que precisam ser pensados. Ele acredita que é necessário ir além do simples objetivo de realizar o desejo do consumidor. “O curioso é que sempre se fala mais dos êxitos do que dos fracassos. Já eu gosto de falar dos fracassos, sem deixar de reconhecer os acertos, obviamente. Muitas empresas fazem todos os esforços para lançar seus produtos e mantê-los no mercado da melhor maneira possível, porém, em muitos casos, não con- seguem realmente entender o que seus consumidores querem. Precisamos ter em mente que por trás desse consumidor está um ser humano, e que para entendê-lo não basta apenas fazer o que ele quer ou o que você gosta, é preciso ir além disso, é necessário analisá-lo a partir de perspectivas diferentes, com o auxílio de diversas ferramentas e baseado em ciências como Antropologia, Sociologia, Semiótica, Biologia e a Neurociência.” O especialista em Neuromarketing, Alex Born, concorda com Jürgen quando cita que as empresas pensam apresentar seus produtos da melhor maneira, porém não o fazem como deveriam. Born acredita que elas tentam “adivinhar” o que se passa na cabeça de seus clientes criando suposições e, com isso, procuram se antecipar com ações pensadas a partir de seus próprios pontos de vista, em pesquisas de mercado que muitas vezes não configuram a verdade e com base em uma necessidade apenas aparente. Com isso, as campanhas são bem feitas, mas atingem apenas uma parte desses consumidores, com uma força pífia e com falhas que podem prejudicar suas imagens e fazer com que os objetivos não sejam plenamente atingidos. Mas para ele, muito pode ser melhorado. 90 > CAPA | WIDE | 45 “Precisamos ter em mente que por trás desse consumidor está um ser humano, e que para entendê-lo não basta apenas fazer o que ele quer ou o que você gosta, é preciso ir além disso” “O primeiro passo é pensarmos em nossos clientes a partir de necessidades que eles ainda não perceberam. É preciso um algo mais e não dar “mais do mesmo”. Inovação é uma palavra que está sendo intensamente repetida, mas inovar significa mostrar resultados para satisfazer os anseios dos contratantes ou gerar soluções que, além de atender às bases das necessidades, ainda tragam novas possibilidades de mercado? É preciso uma análise completa, caso contrário inovação passa a ser mais uma nomenclatura do que um conceito prático. É preciso um “chá de realidade e eficiência” em tudo o que se faz e, principalmente, respeito aos clientes e empresas, que esperam resultados reais e sempre lucrativos.” Jürgen Klaric revela que estudar o consumidor desde sua base, de onde vem e para onde vai são as respostas para seus produtos e serviços. Ele lembra que nos últimos anos o neuromarketing tornou-se a ferramenta mais poderosa para conseguir isso, pois quando você conhece o que acontece na mente do seu consumidor diante de um estímulo, obviamente você vai atrai-lo com estratégias mais direcionadas. Ou seja, quando você sabe que as respostas fisiológicas são geradas no consumidor, há a possibilidade de analisar e obter medidas de forma a instigá-lo a consumir. Nos Estados Unidos, o especialista tem uma infraestrutura que dispensa comentários, exclusivamente voltada para a aplicação do conceito. A Mindcode International, maior empresa envolvida no desenvolvimento de processos de inovação, possui vários laboratórios de neuromarketing espalhados por toda a América 46 | WIDE | 90 > CAPA Latina. “Temos uma equipe formada por psicólogos, neurocientistas, antropólogos, semiólogos e profissionais de marketing, que estão sempre em pesquisa e trabalham em conjunto para encontrar informações e conhecimentos profundos sobre determinantes inovações de consumo. Temos laboratórios de EEG (eletroencefalograma), resposta galvânica da pele, rastreadores oculares e softwares-arte que permitem uma leitura clara e precisa das respostas das mais diversas sensações”, diz. Alex Born conta que no início pensou como poderia aplicar o conceito nas campanhas, à comunicação das empresas e aos resultados que as ações de marketing proporcionariam. “Hoje sei que esse desafio aumentou ainda mais, pois devido à força que o tema vem ganhando, muitos profissionais se auto-intitulam especialistas, sem ao menos buscarem informações científicas, estudos aprofundados e parcerias com grupos sérios. O neuromarketing pode e deve ser utilizado por empresas de pequeno a grande porte, mas é preciso saber que as pesquisas e os recursos que ele disponibiliza não são tão acessíveis, pois têm um custo elevado e com tempo de maturação para acontecer. Atualmente, as empresas já podem contar e utilizar alguns recursos e dados disponíveis para consolidar suas campanhas publicitárias e suas ações de comunicação junto aos clientes, porém, é preciso ressaltar que não existe “consultoria de neuromarketing”, o que há são ações que transmitem mais segurança aos investimentos das empresas”, garante o especialista. Born defende a ideia de que empresas oferecem soluções por um determinado preço, enquanto clientes compram segurança. Ou seja, cliente busca por segurança em qualquer procura, seja por produtos ou serviços. Ele pode ser movido pela inovação, novas perspectivas, consumismo desenfreado, mas no fundo, todos querem ter segurança que conseguirão se satisfazer com o objeto final de sua aquisição. Para ele, independentemente do que uma empresa vende, é preciso buscar a fidelização e criar uma carteira de clientes defensores de sua marca e isso só acontece de duas maneiras: a primeira e menos provável é quando uma marca ou um produto cai nas graças da coletividade e se torna ícone; e a segunda e mais trabalhosa, porém, natural, é trabalhar as fases dos impulsos que levam os clientes a consumir. “Um processo de fidelização acontece após uma empresa repetidamente cumprir com o que promete e atender às reais necessidades de seus clientes, feito isso ela conquista a confiança desse consumidor e, se souber criar elementos que consolidem essa vantagem, em pouco tempo construirá a credibilidade necessária para que os clientes, além de a colocarem em primeiro lugar em seus pensamentos quando precisarem daquele determinado produto, ainda a indicarão e a defenderão como fiéis escudeiros. A comunicação é o eixo central de tudo, mas o que é comunicação senão a reação a um ou vários estímulos? Existem áreas no cérebro que reagem em relação a determinadas ações da comunicação e o neuromarketing auxilia as empresas a entenderem mais sobre isso e a trabalharem melhor suas campanhas. Então, se uma empresa quer consolidar suas marcas, precisa aprender a estimular para gerar reações que denotarão linhas de comunicação, ora negativa, ora neutra e ora positiva.” À WIDE, O CEO DA MINDCODE INTERNATIONAL, JÜRGEN KLARIC, REVELOU O QUE CHAMA DE 10 NEURO-INSIGHTS, DESCOBERTOS AO LONGO DO TEMPO POR MEIO DE TODOS OS ESTUDOS REALIZADOS ATÉ HOJE: 1 – O cerébro gosta de sentidos simples e é conduzido por formas básicas. A complexidade cria confusão e muitas vezes rejeição. Os elementos em excesso levam à frustração. 2- Danos reversíveis. Conexões neurais emocionais são ativadas quando o produto é algo que te incomoda, mas reversível. 3 - Mostre momentos antes de a ação ser concluída, ou seja, conecte a mente de seu consumidor com antecedência. A construção de tempo ou emoção é fundamental. Em publicidade, por exemplo, mostrar o momento anterior dos alimentos, no qual a pessoa vai experimentar o produto, é tiro e queda. 4 - Formas orgânicas são sempre bem-vindas. Nosso cérebro recebe mais formas em curvas e arredondadas. publicidade. Para os homens o ideal são composições simples, com poucos elementos e arrumado. No caso das mulheres pode se usar muitos elementos e ‘brincar’ mais com a ordem e a distribuição de forma diferente no espaço. 7 – O cérebro guarda tudo e te leva a um simbolismo metafórico. Ele aprende, captura e armazena a informação quando ela é entregue por meio de um símbolo. Por isso é importante considerar como transmitir a mensagem que você deseja enviar ao cérebro. 8 – O cérebro aprecia o bom humor, que faz com que as pessoas se lembrem e memorizem mais eficazmente as mensagens expostas na publicidade. 5- O cérebro procura e aprecia o tangível. O homem possui instinto biológico de tocar. 9 – Os olhos são tudo. Por meio da análise que o público assiste, você pode descobrir quais os elementos ou objetos gerados por estímulos em relação aos processos de consumo cognitivos, tais como atenção e memória. Isso é possível graças à tecnologia de rastreamento ocular. 6 – Homens elementos. Os homens têm visão de túnel, enquanto as mulheres têm visão periférica. E isso vem desde os tempos da pré-história, quando os homens deviam ter esse tipo de visão para a caça e as mulheres para encontrar as frutas. É importante considerar este princípio na distribuição e ordem dos elementos em 10 – Ler um papel é muito mais conectivo devido à experiência sensorial de olhar e ter a possibilidade de tocar, a exemplo de páginas de um livro ou de uma revista. Estas sensações não acontecem no mundo virtual, onde não se pode tocar tampouco sentir, razão pela qual a experiência não seja tão conectiva. Para entender a lógica do neuromarketing, ele surgiu a partir de estudos das reações cerebrais em relação às reações aos estímulos proporcionados pela comunicação e como elas influenciam o consumidor nas tomadas de decisões. Atualmente, uma parafernália de pesquisas que utilizam recursos das neurociências são feitas para mostrar as vantagens do neuromarketing e muitas dessas análises são excelentes e feitas por empresas sérias, porém, mais uma vez é preciso salientar que o futuro do neuromarketing depende de como as pessoas e empresas receberão as informações e atuarão em cima delas. Preocupado com a seriedade do tema, Alex Born reeditou o primeiro livro “Neuromarketing - O Genoma do Marketing”, em conjunto com diversos profissionais e o apoio do Grupo Brasileiro de Estudos do Comportamento Humano. Born comenta ainda que vê uma certa “brincadeira séria e inteligente” por parte das empresas que estudam profunda- mente o mercado consumidor, seu público e região de atuação, gerando provocações salutares e levando o público a repensar inconscientemente o que está se passando e, com isso, a marca penetra ainda mais a mente dos consumidores e com ótimos resultados. “Se analisarmos a história do marketing veremos que gênios da publicidade já faziam campanhas que penetravam a mente dos consumidores sem nunca pensar que um dia haveria algo chamado neuromarketing. Ora, basta lembrarmos de campanhas como Bombril, Valisere, Balas Kids, Cotonetes, Parmalat, Faber Castell, entre outras. Como na música dos Titãs, desde os primórdios até hoje em dia o homem ainda faz o que “outros homens” faziam, o que mudou foi que atualmente temos mais recursos e a tecnologia trabalha a nosso favor. Soma-se a isso a força das requisições dos clientes e suas reais necessidades, a moeda passa a ser mais valorizada.” 90 > CAPA | WIDE | 47 “Se analisarmos a história do marketing veremos que gênios da publicidade já faziam campanhas que penetravam a mente dos consumidores sem nunca pensar que um dia haveria algo chamado neuromarketing” DICAS DE ALEX BORN 1. Informe-se sobre autênticos profissionais; 2. Não acredite em tudo que ouve; 3. Pesquise e aí sim... 4. Melhore suas pesquisas... 5. Para então saber quais as REAIS NECESSIDADES de seus clientes; 6. Com isso, suas campanhas serão muito melhor direcionadas; 7. Faça investimentos inteligentes, pensando muito mais nos resultados verdadeiros do que no show de suas mensagens; 8. Trabalhe o emocional de seus clientes, emocione-os, estimule-os, faça-os reagir e a se comunicarem a seu favor; 9. Não saia da ZONA DE CONFORTO, pois ela lhe dá segurança, porém evolua dentro dela, crie meios para o crescimento e desenvolvimento de suas potencialidades e aí sim, busque novos portos seguros para continuar evoluindo e isso se tornará uma constante em sua vida e na vida de suas empresas; 10. E mais uma vez, procure profissionais sérios. 48 | WIDE | 90 > CAPA GRANDES EMPRESAS APOSTAM NO NEUROMARKETING A diretora de Marketing da Coca-Cola, Luciana Féres, acredita que a apresentação dos produtos ou marcas ao consumidor sempre pode ser melhorada, porém alerta que é necessário acompanhar as mudanças do consumidor em sua maneira de pensar, de se conectar e de se comportar. E, segundo ela, isso acontece muito rápido. “No caso da Coca-Cola, procuramos a cada dia nos adaptar aos novos tempos, mas sem perder de vista nossa essência de levar felicidade em tudo o que fazemos. Por exemplo: se antes, bastavam três ou quatro tamanhos diferentes de embalagem de Coca-Cola para atender as necessidades de todas as famílias, hoje precisamos de mais de 20 tamanhos e formatos distintos para atender as novas estruturas familiares e ocasiões de consumo. A embalagem 250 ml pet, por exemplo, nasceu recentemente para atender ao crescente consumo das pessoas em deslocamento”, revela. Um conceito bastante conhecido no marketing é o Trademarks, que se refere à identidade de marcas. A Coca-Cola realiza desde sua fundação um trabalho cauteloso de marca, tornando-a protegida e seguida por seus clientes. Porém a diretora da multinacional conta que não há um segredo ou uma estratégia desenhada para conquistar tantos ‘apaixonados’ em todo o mundo. Luciana Féres acredita que quando se trabalha com paixão, o sucesso vem logo. “Somos apaixonados trabalhando para apaixonados e por isso investimos há 125 anos de maneira contínua no relacionamento com nossos consumidores. Não existe uma única fórmula secreta para o sucesso deste casamento. São inúmeros fatores que vão desde a parceria que temos com nossos clientes e com os engarrafadores de nosso sistema até a maneira que sempre reinventamos a forma de entregar nossa promessa de felicidade na comunicação e ações de marketing.” Quando questionada como entender os desejos, impulsos e motivações dos consumidores e fazer a marca vender mais, ela aposta no diálogo e na boa convivência sempre. “Ora, vender mais é uma das consequências de um relacionamento bem construído. Nos dedicamos muito para ser parte da vida das pessoas promovendo momentos de felicidade que sempre estarão na memória de nossos consumidores. E garanto que a melhor maneira de entendê-los é conversando com eles. É mais ouvir do que falar. Por isso na Coca-Cola temos ferramentas de contato contínuo com nossos consumidores e usamos e abusamos de pesquisas para poder ouvi-los e nos adaptarmos”, garante. A história de sucesso da Coca pode ser contada por meio dos grandes acontecimentos culturais do mundo. Na década de 40, por exemplo, a marca destacou o novo papel da mulher na sociedade; nos anos 50, evocou o otimismo no pós-guerra; nas décadas de 60 e 80, contra o racismo; nos anos 70, celebrando a união das pessoas, no auge da guerra fria; já nos anos 90, sobre a importância da família, simbolizada pelos ursos polares e, nos anos 2000, contra a violência. Ao mesmo tempo, valores positivos como a esperança, a união e a família são muito fortes, a exemplo das campanhas anuais de Natal. 90 > CAPA | WIDE | 49 “Um conceito bastante conhecido no marketing é o Trademarks, que se refere à identidade de marcas. A Coca-Cola realiza desde sua fundação um trabalho cauteloso de marca, tornando-a protegida e seguida por seus clientes” 50 | WIDE | 90 > CAPA COCA-COLA: PRINCIPAIS E RECENTES MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS DA COMPANHIA EM 125 ANOS DE HISTÓRIA • As expressões visuais da empresa se renovam constantemente, por isso a marca é considerada um ícone de relevância cultural mundial; • A presença consistente do repertório visual - como a cor vermelha, a garrafa Contour – além do logotipo propriamente dito, é fundamental para garantir a associação dos fãs com as mensagens. • A empresa acredita que mais importante do que a escolha da cor, das formas ou da tipografia, são os padrões da identidade visual da marca que há tantos anos contribuem para o sucesso da identidade da Coca-Cola; • Todo o processo de mudanças não é tarefa fácil. É muito comum, inclusive que uma marca buscando se renovar, acabe confundindo o seu consumidor. Para que isto não aconteça, a Coca-Cola realiza, periodicamente, uma auditoria mundial para avaliar a consistência desses padrões na prática; • Em 2009, como consequência de uma dessas auditorias, a empresa atualizou sua identidade em busca de mais clareza e simplicidade. Você sabia? Um estudo feito para descobrir quais são as marcas que os brasileiros mais amam apontou a Coca-Cola em primeiro lugar. Em segundo e terceiro, Nestlé e Nike, respectivamente. A pesquisa foi feita pela Shopper Experience entre março e abril deste ano. Foram entrevistadas 1,5 mil pessoas em diversas capitais. Os consumidores tinham de responder quais marcas conheciam e quanto as amavam. Nas demais posições, ficaram Brastemp, Sadia e Natura. A Brains@work, empresa especializada em posicionar Negócios na Internet, aplica entre seus clientes os conceitos do neuromarketing. Segundo Miguel Gouveia, sócio da empresa, atualmente está em execução um projeto de Personal Wellness, capitaneado por um grupo renomado de profissionais de saúde, que será lançado em breve. Gouveia conta que foi com base em concei- tos de neuromarketing que a empresa definiu os programas a serem ofertados no portal de nutrição e bem-estar pessoal. “As comunidades, sobretudo no Facebook, em torno dos nomes do pessoal de saúde envolvidos estão sendo energizadas para darem feedback sobre os programas. Ou seja, incorporamos as pessoas que fazem parte dessas comunidades no design dos programas. Quando lançarmos o portal, os serviços serão aqueles que essas comunidades definiram como importantes”, explica. Miguel Gouveia chama atenção para o modelo de gestão das organizações. Ele acredita que as empresas utilizam técnicas de marketing ultrapassadas, que se baseiam em comunicação unilateral aos potenciais consumidores, seguida de um feedback demorado com base em vendas realizadas. “Hoje em dia, os consumidores estão estabelecendo relacionamentos entre si e falando, criticando ou elogiando, produtos, serviços e marcas nas redes sociais em tempo real e como uma intensidade jamais observada. As organizações precisam aprender a lidar com isso para aperfeiçoarem seus produtos e serviços e posicionarem suas marcas no mercado. Os produtos e serviços são tão bons quanto os clientes afirmam que são – e vice-versa. As empresas precisam escutar, comunicar, energizar, dar suporte e incorporar seus clientes em seus processos internos de pesquisa e desenvolvimento de produtos e serviços. Isso é novo e tem a ver com a perda de controle da disseminação da marca.” Para quem deseja se aprofundar no assunto, o empresário indica a leitura de “Groundswell”, de Charlene Li e Josh Bernoff, da editora Harvard Business Review Press. Em relação às mudanças no marketing, Gouveia destacou um trecho da obra que revela justamente como a superexposição da marca pode ser decisiva (positiva ou negativa) na vida de uma empresa: “As teorias de marketing (incluindo o digital) não estão mudando – elas morreram há uns cinco anos. Não existe mais comunicação apenas de cima para baixo, em meios de disseminação off-line (anúncios em jornais e TV, por exemplo; grupos de foco; pesquisas de satisfação etc.). Hoje em dia, neste exato momento, existem pessoas interagindo – negativa ou positivamente – sobre o que a sua empresa faz e como faz. A incorporação em tempo real de clientes nos processos internos das empresas, assim como o incentivo de seus funcionários ao uso de tecnologias sociais, é fundamental à competitividade moderna. Nenhuma empresa conseguirá sobreviver sem estar imersa nesta nova maneira de pensar que tem por base a perda do controle da disseminação da informação. O problema reside no seguinte: quanto tempo a sua empresa levará para entender isso? Quando entender? O que vai fazer? Como?” EMPRESA OU RELIGIÃO? O dinamarquês Martin Lindstrom, uma das maiores autoridades mundiais em branding e neuromarketing, revelou, em sua última visita ao Brasil, um dado que explica bem a força do neuromarketing. Lindstrom expôs que na realidade, algumas empresas exercem sobre o consumidor o mesmo poder 90 > CAPA | WIDE | 51 “Para se diferenciar da concorrência, a Harley foca na qualidade dos serviços oferecidos aos clientes. Além de um produto com tecnologia de ponta e alta qualidade de acabamento e produção, eles exigem um atendimento rápido e atencioso quando precisam retornar à concessionária” 52 | WIDE | 90 > CAPA de uma religião. Essa conclusão foi feita a partir de estudos realizados com técnicas de neuromarketing, onde se aplica a ressonância magnética funcional para mapear o cérebro dos indivíduos e compreender melhor o comportamento dos consumidores. Por meio desses exames, Lindstrom constatou que a zona cerebral ativada nas pessoas quando pensam em suas marcas preferidas são as mesmas quando se trata da religião. Com marcas comuns, a área do cérebro acionada é diferente. Para detalhar as características dessa conexão entre religião e marcas, o especialista em neuromarketing entrevistou líderes de diversas crenças, como a católica, islâmica, budista e protestante. A ideia dele era entender os pilares sobre os quais se baseiam a religião, e a descoberta é que são os mesmos em todas: apelo aos sentidos, histórias envolventes, visão forte e poderosa, rituais e inimigo definido. Com isso, o consultor concluiu que esses elementos que compõem uma religião são os mesmos presentes na composição de grandes marcas. Outro ponto observado é que tanto a religião quanto as grandes marcas conservam em sua natureza a questão da fidelidade, ou seja, as pessoas escolhem o que irão seguir, tomam uma decisão, começam a fazer parte de um grupo e essa inserção faz com que se sintam bem. OS CLIENTES EVANGELIZADORES Muitas marcas não utilizam apenas estímulos visuais, mas também auditivos, olfativos e táteis. Por meio disso e por estarem constantemente presentes no nosso dia a dia, essas marcas conseguem afetar mais rapidamente o lado emocional. Especialistas acreditam ainda que uma boa experiência com uma marca gera respostas emocionais positivas, que podem ser registradas no cérebro por meio de algo motivacionalmente apetitivo. Por outro lado, uma experiência ruim nos predispõe a comportamentos aversivos. Esses estímulos acabam por gerar motivações defensivas que nos fazem afastar dos produtos. Aí está a importância de uma construção de marca positiva, estimulante e satisfatória. Com estratégias de relacionamento e programas de marketing direcionados para atrair e envolver pessoas, algumas empresas conseguiram até mais do que a construção de uma marca positiva. A Coca-Cola, Disney, McDonald´s, Nike e Harley-Davidson, por exemplo, não apenas fidelizaram seus clientes, mas os transformaram em porta-vozes de sua marca. Esses programas produziram legiões de fãs e “vendedores não-oficiais”, os quais, por meio de depoimentos interpessoais espontâneos, transformaram-se em uma força de marketing tão poderosa quanto os próprios produtos. A americana Harley-Davidson, que vai completar 110 anos em 2013, exemplifica muito bem este cenário de clientes ‘evangelizados’. O gerente de Marketing, Produto e Relações Públicas da Harley-Davidson do Brasil, Júlio Vitti, explica que as motos Harley são cultuadas há várias gerações e existe toda uma fama por trás do nome. No Brasil, esse valores são reforçados de diversas maneiras. “Costumamos dizer que Harley-Davidson é mais do que uma moto, do que um meio de locomoção; Harley-Davidson é um estilo de vida, uma paixão que povoa os corações de muitos motociclistas no Brasil e mundo afora. Por isso, promovemos muitas ações de relacionamento, principalmente por meio de eventos do H.O.G., o Harley Owners Group, nosso clube exclusivo, que tem como principal objetivo proporcionar aos nossos clientes e às suas famílias a oportunidade de desfrutar do espírito Harley-Davidson. Aos finais de semana, todas as concessionárias Harley-Davidson do Brasil organizam cafés da manhã seguidos de passeios com seus clientes, o 90 > CAPA | WIDE | 53 que ajuda a promover a integração entre eles. Além disso, realizamos em 2011, pela primeira vez no Brasil, o Rio Harley Days, evento internacional da marca que já acontece em algumas partes do mundo. Durante três dias, quase 30.000 pessoas se reuniram na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, para um evento ao melhor estilo Harley-Davidson. A segunda edição deste evento está confirmada para setembro deste ano e, em novembro, realizaremos o National HOG, evento exclusivo para os membros do HOG, em Florianópolis. Além disso, a Harley-Davidson possui uma linha extensa de roupas, acessórios e outros diferentes objetos que oferecemos aos clientes e fãs da marca que curtem se vestir e utilizar os objetos da Harley”, explica. Júlio Vitti acredita que para entender os desejos, impulsos e motivações dos consumidores é necessário estar em contato direto com eles. “Nós trabalhamos o marketing de experiência e vivenciamos o dia a dia dos nossos clientes para entender seus desejos e impulsos. Um dos exemplos é a ação de cafés da manhã que oferecemos aos clientes em todas as nossas concessionárias todos os sábados. Ali eles (e nós também) nos reunimos para confraternizar, conversar e depois sair para os passeios organizados pelas concessionárias. Esses momentos são importantes para colher informações importantes que levamos para todas as áreas da empresa.” Em relação às redes sociais, o gerente da Harley-Davidson do Brasil acredita que a internet reproduz as condições da vida real, porém, em uma escala muito maior. “Se uma empresa respeita seu consumidor, é socialmente responsável, possui boas práticas de negócios, seus produtos e serviços são confiáveis, dificilmente uma superexposição na internet será negativa para a empresa. Apesar disso, acredito que hoje não é mais possível ignorar as mídias sociais, por isso, a Harley-Davidson possui um perfil oficial no Facebook, o mais famoso e relevante dentre todos os sites de relacionamento existentes atualmente, para interagir e oferecer mais informações aos nossos clientes.” Para se diferenciar da concorrência, a Harley foca na qualidade dos serviços oferecidos aos clientes. Além de um produto com tecnologia de ponta e alta qualidade de acabamento e produção, eles exigem um atendimento rápido e atencioso quando precisam retornar à concessionária. A famosa concessionária possui um extenso portfólio no Brasil composto por 19 modelos que são divididos por famílias, o que comprova sua preocupação em apresentar seus produtos da melhor maneira possível a seus clientes. A divisão é técnica, baseada nas características das motocicletas. “Temos desde a família Sportster, composta por motocicletas ágeis e menores, até a linha Touring, com motos grandes e confortáveis, ideais para a estrada. Com isso, o cliente tem mais condições na hora de escolher sua motocicleta, levando em consideração atributos como ergonomia, prazer ao pilotar e segurança. Dentro disso, nós ainda classificamos algumas motocicletas dentro da linha Dark Custom, que são motos que transmitem as sensações de simplicidade, minimalismo e rebeldia, e a linha Performance, composta por motos com apelo mais esportivo, que atraem muitos 54 | WIDE | 90 > CAPA “Nós trabalhamos o marketing de experiência e vivenciamos o dia a dia dos nossos clientes para entender seus desejos e impulsos.” jovens para nossa marca. Além disso, as concessionárias Harley-Davidson são cuidadosamente ambientadas para que os clientes, ao entrarem, ‘sintam-se em casa’ e inspirem-se pelo espírito de liberdade característico da marca. Todas seguem os padrões mundiais da Harley-Davidson. E como é necessário buscar novas formas de interação com os clientes, nós lançamos no começo deste ano o primeiro aplicativo para iPad da Harley-Davidson em todo o mundo contendo o catálogo 2012 interativo. Com ele, consumidores, concessionárias e fãs da marca têm a possibilidade de conhecer melhor as motocicletas e toda a linha de produtos Harley-Davidson disponíveis no Brasil.” No livro “Buzz Marketing: Criando Clientes Evangelistas”, os autores Ben McConnell e Jackie Huba explicam que as regras tradicionais de marketing estão mudando, perdendo sua eficácia, e as recomendações feitas por clientes se tornaram a nova moeda de valor no sucesso de uma empresa. Quando os clientes ficam realmente impressionados com seu produto ou serviço, tornam-se “evangelistas” sinceros da empresa. “Podemos dizer que a Harley-Davidson faz isso há mais de 100 anos. A empresa leva muito a sério sua relação com os clientes e sempre teve uma proximidade muito grande com eles. Os clientes Harley-Davidson buscam diferenciação e compartilham os principais atributos da marca, que são a liberdade, independência, atitude e irmandade. Todos eles são traduzidos na customização das motocicletas, onde cada cliente faz de sua motocicleta a personificação de seu estilo, e da já comentada extensa linha de roupas e acessórios que os motociclistas fazem questão de utilizar”, finaliza. Por fim, é válido ressaltar que o neuromarketing não surgiu para substituir o marketing, e sim para complementá-lo e dotá-lo de ferramentas capazes de efetuar estudos e pesquisas de mercado realmente fidedignas e válidas e, posteriormente, utilizar esses dados para orientar as estratégias e campanhas de marketing para a eficácia, sucesso e assim, atingir os objetivos propostos. As empresas citadas nesta reportagem e que já utilizam as técnicas comprovam com resultados satisfatórios o que o neuromarketing se propõe a realizar: permitir às organizações uma visão muito mais real e detalhada dos seus consumidores, reduzindo o risco da incerteza e do fracasso a zero e, consequentemente, aumentar a probabilidade de sucesso das suas decisões, ações e estratégias de comunicação e marketing. 90 > CAPA | WIDE | 55 tecnologia INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL UMA ESTRATÉGIA INDISPENSÁVEL PARA A SUA EMPRESA: TRANSFORME INFORMAÇÃO EM OPORTUNIDADES O conceito de Inteligência Empresarial ou Business Intelligence (BI) surgiu na década de 1980 e descreve as habilidades das empresas para revelar dados e explorar informações valiosas, analisando-as e desenvolvendo percepções e entendimentos a seu respeito, o que lhes permite incrementar e a tornar mais pautada em subsídios para a tomada de decisão. V ocê sabe o que é Inteligência Empresarial? É quando as empresas, ao recolherem informações de seus colaboradores com a finalidade de avaliar o ambiente organizacional, completam esses dados com pesquisas de marketing e de mercado, além de análises competitivas e gerenciamento de crises. Grandes organizações já utilizam a inteligência, tais como Bradesco, Carrefour, CVC Viagens, TV Globo, Unilever, Petrobras, P&G, entre muitas outras. Porém muitas organizações falham e não conseguem transformar informação em oportunidades. Para o consultor e pesquisador do mundo 2.0, Carlos Nepomuceno, ao falar sobre inteligência empresarial, a primeira coisa que lhe vem à mente é a capacidade que uma organização tem de geração de valor. Só que hoje, segundo ele, em função de um longo período de decadência das empresas, temos o entendimento de “geração de valor exclusivamente como geração de lucro”. Além disso, hoje existe uma tendência muito forte para gerar lucros tangíveis e intangíveis. Nepomuceno explica que resultados tangíveis são as vendas, os lucros originados, e os intangíveis dizem respeito ao meio ambiente, aos stakeholders, princípios que deveriam nortear as organizações. O pesquisador acredita que todos esses fatores são bastante influenciados por conta dessa revolução cultural que atravessamos. “Ora, com a chegada da mídia mais aberta a uma oxigenação da sociedade, essa nova forma de fazer controle nos obriga a revisar o conceito de geração de valor e de inteligência empresarial, que é focada no resultado. Quem dá lucro é inteligência empresarial.” Ao ilustrar que a sociedade possui uma espécie de asfixia de novas ideias, Carlos Nepomuceno revela que nos últimos dois séculos vivemos consolidando o controle da informação, fato que gerou uma taxa cada vez menor de compartilhamento e colaboração. “Entramos em uma etapa virtuosa de inteligência empresarial de geração de valor, onde é necessário manter-se competitivo no mercado que você escolhe. Além disso, passamos também por uma nova etapa da civilização, em que a inteligência empresarial 2.0 é a cultura da colaboração para melhorar seu desempenho”, explica. CENÁRIO MUTANTE Algumas empresas estão se destacando nesse sentido e já implementam a inteligência empresarial de forma excelente, como é o caso da IBM Brasil - Indústria, Máquinas e Serviços. O consultor afirma que a empresa percebeu em sua estratégia de futuro a necessidade de abrir redes internas com os próprios parentes dos funcionários para gerar novas ideias, encontros para discussão e implementação de novos mecanismos, a exemplo de ferramentas virtuais (Facebook, Twitter etc). Outra empresa que caminha no mesmo sentido é o Google, que com frequência tenta introduzir novos modelos de gestão, onde o funcionário tem 30% do seu tempo para inovar, pensar e discutir. Ele acredita que essas organizações estão se preparando para trabalhar em um mundo cada vez mais rápido de inovação. Ele aconselha que devemos deixar de lado o modelo empresarial piramidal e passar para modelos mais parecidos com dinâmicas de colmeias. PIRÂMIDE – Tempo de decisão vai passando pelas hierarquias e você perde tempo na hora de tomar as decisões; COLMEIAS – Novas tecnologias de interação e compartilhamento, redes internas e externas conseguem trabalhar de forma mais dinâmica. Pense no enxame, as abelhas individualmente não tomam muitas decisões sozinhas, mas coletivamente elas conseguem. Esse tipo de dinâmica, de modelo enxame, é a inteligência coletiva empresarial, onde um cidadão não mais determina, e sim uma rede, algoritmos, robôs informacionais que vão conhecendo e se adaptando. “A maior parte de ações na Bolsa de Valores são robôs que vão comprando e vendendo rápido e fazem essas operações em escala. Estamos caminhando para a substituição da inteligência humana pela era da robótica dos negócios.” Para a especialista em Inteligência Empresarial, Daniela Ramos Teixeira, a capacidade de uma empresa capturar, selecionar, analisar e gerenciar as informações relevantes para a gestão do negócio é a aplicação da Inteligência Empresarial. “Está na hora das empresas repensarem a ‘inteligência’ e enxergarem o processo e a implementação com uma visão mais macro. Nesse sentido, há diversas células inseridas dentro das companhias, tais como: Produtos, Canais e Parcerias, Clientes, Compras e Recursos Humanos. Por exemplo, há profissionais que trabalham com Inteligência de Produtos e são responsáveis por criar oportunidades de negócios e desenvolver uma linha de produtos. Há outros cujo principal foco é identificar, selecionar e manter clientes para a empresa. Para cada uma dessas áreas, podemos desenvolver um trabalho de Inteligência Empresarial periódico e com resultados mensurados utilizando indicadores de performance (KPIs, em inglês Key Performance Indicator). Nesse caso, o software de Business Intelligence ajuda, mas não é peça fundamental na construção da Inteligência Empresarial.” PARA A IMPLANTAÇÃO DA INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL, A ESPECIALISTA DÁ TRÊS IMPORTANTES DICAS: 1. Um sponsor (patrocinador) é essencial para a área de Inteligência deslanchar e receber o apoio necessário na 91> TECNOLOGIA | WIDE | 57 TECNOLOGIA UM DOS GRANDES DESAFIOS NAS ORGANIZAÇÕES É ENCONTRAR KPIS QUE AJUDEM OS PROFISSIONAIS A DIRECIONAR AS AÇÕES TÁTICAS E ESTRATÉGICAS E A PREVER O FUTURO DA ORGANIZAÇÃO COM BASE NAS OPERAÇÕES DA EMPRESA, NOS DADOS E INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS NA PRÓPRIA EMPRESA E NO MERCADO implantação e gestão da área. Pode ser uma diretoria que enxergou a necessidade de criação da área ou até mesmo um gerente sênior com poder de decisão na empresa. 2. A formação da equipe também é tarefa árdua. Prefiro trabalhar com equipes multidisciplinares, mesclando conhecimento de profissionais do mercado com colaboradores da empresa; profissionais técnicos com expertise em softwares de BI com outros que tenham visão macro estratégica do negócio. 3. O planejamento é importante, nem que seja apenas uma visão geral das ações, das ferramentas de BI e Inteligência Competitiva e das técnicas que serão implementadas em curto, médio e longo prazos; quais os objetivos com a implantação e os resultados esperados. Daniela Ramos costuma afirmar que Inteligência Empresarial não é mais tendência. É realidade no ambiente corporativo, porém ela adianta que temos um longo caminho de melhorias pela frente. “Com a evolução da Inteligência Empresarial no Brasil, há uma necessidade latente por processos, padrões, metodologias e indicadores para mensurar e informar os resultados. Um dos grandes desafios nas organizações é encontrar KPIs que ajudem os profissionais a direcionar as ações táticas e estratégicas e a prever o futuro da organização com base nas operações da empresa, nos dados e informações disponíveis na própria empresa e no mercado”, afirma. INTELIGÊNCIA INTEGRADA Você deve estar se perguntando se o BI se adapta às pequenas e médias empresas (PMEs). A resposta é sim. Daniela assegura que existem soluções de inteligência para as PMEs no mercado brasileiro com custos mais acessíveis. “Toda empresa pode construir sua base de inteligência, independente do porte. Um dos principais desafios para alcançar resultados em Inteligência Empresarial é a integração dos dados/informações operacionais, gerenciais e estratégicas. Nesse sentido, um software de BI pode contribuir com as empresas de todos os portes, mas principalmente com as grandes e médias empresas. Como há várias soluções no mercado, é importante fazer um estudo criterioso analisando a relação custo x benefício e, posteriormente, avaliar qual é a solução dos fornecedores para os desafios de integração dos dados de cada empresa. Cada setor tem as suas particularidades, sendo essencial o envolvimento da área de negócios; não apenas dos profissionais de tecnologia da empresa.” Profissionais de Design, Tecnologia, Marketing e E-commerce podem trabalhar integrados de modo a produzir Inteligência para seus clientes. A especialista Daniela Ramos compara trabalhar o conceito como montar um quebra-cabeça, ou seja, as partes têm que encaixar. Nesse sentido, é essencial construir redes de inteligência com a contribuição de profissionais de diversas áreas ‘alimentando’ essa rede. Dependendo do tipo de entrega solicitada e do setor de atuação da empresa, podem-se acionar esses profissionais perguntando formal ou informalmente, 58 | WIDE | 91 > TECNOLOGIA estabelecendo processos de entrega para um grupo selecionado de modo que sua rede de inteligência possa contribuir periodicamente. Hoje em dia com a proliferação da web 2.0, das redes sociais e do e-business, é importante também integrar as redes sociais ao trabalho de Inteligência Empresarial e, se possível, mensurar os resultados. COMO SABER AS HABILIDADES E COMPETÊNCIAS QUE UM PROFISSIONAL DE INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL PRECISA TER PARA ATUAR NA ÁREA? 1. Visão macro do negócio; 2. Poder de negociação; 3. Capacidade de cruzar conhecimento do setor de atuação da empresa com as técnicas, métodos e ferramentas aplicáveis à Inteligência Empresarial. ATRIBUTOS PESSOAIS DE UM BOM COLABORADOR: 1. Bom relacionamento interpessoal para interagir com as áreas demandantes e profissionais do mercado; 2. Capacidade de memória e organização para lidar com um grande volume de dados e informações e entregas diversas com prazos estipulados. O CEO da Plugar – Consultoria e Tecnologia para Inteligência, Eduardo Lapa, ao citar o livro “Executivo do Século”, diz que existe uma passagem onde Jack Welch define a inteligência como a capacidade que uma organização tem de aniquilar seus concorrentes e torná-los irrelevantes. “Ou seja, há várias maneiras de implantar inteligência. Depois de anos à frente de projetos desta natureza creio que não há o melhor, mas o que mais se adequa à maneira como uma companhia opera. Uma das formas de implantar inteligência é construindo um processo de inteligência. Isso nasce na identificação, junto aos gestores e executivos, das necessidades de Inteligência de uma empresa, geram-se tópicos de inteligência e questões a serem respondidas, trata-se a coleta, definem-se modelos analíticos e geram-se análises. A partir daí acontece a disseminação dos produtos de inteligência e análises, seguidas por uma avaliação por parte dos usuários do produto de inteligência.” Eduardo Lapa acredita que como toda prática de gestão e administração empresarial, a Inteligência Competitiva também necessita de evolução. Há ainda baixa percepção das empresas e de alguns setores sobre como a inteligência pode apoiar uma companhia, por exemplo. Revela ainda que em setores menos competidos, empresas do governo, setores mais regulados, ainda há questionamento sobre a importância de inteligência. “Este é um ponto a melhorar: a percepção mais apurada sobre onde a inteligência pode ajudar. Associado a estes fator vem a necessidade de educação nesta área. Inteligência é uma área, um campo, multidisciplinar por natureza. Desta maneira, deve haver um esforço colegiado entre empresas e instituições educacionais no sentido de aprimorar e disseminar o estudo sobre inteligência.” A SEGUIR, 11 DICAS PARA OS LEITORES DA WIDE DE COMO TRABALHAR COM INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL: 1. Capacite-se em métodos de inteligência e em suas práticas; 2. Entenda profundamente do mercado no qual você quer atuar; 3. Compreenda métodos analíticos. Eles vão ajudar no momento de traçar algum panorama ou fazer algumas análises mais robustas; 4. Compreenda as tecnologias de informação e comunicação existentes para gerir um processo de inteligência; 5. Mantenha interlocução com as lideranças e executivos das empresas, uma vez que precisará entender suas necessidades; 6. Tenha uma formação multidisciplinar, estude marketing, um pouco de finanças, um pouco de estratégia, um pouco de comercialização; 7. Estruture logo no início as métricas de apuração de resultados de um trabalho de inteligência. O que não se mede não se gerencia, logo, defina indicadores; 8. Monte uma rede de colaboração. Uma área de inteligência não conseguirá nunca ter maior capacidade do que uma rede de inteligência formada por especialistas nos temas, tanto colaboradores, quanto membros externos; 9. Busque insumo informacional para montar seu radar de inteligência; 10. Busque gerar impactos mais robustos na organização, através da geração de produtos de inteligência realmente úteis; 11. Não gere relatórios desnecessários. Não monte uma área geradora de relatórios. Fonte: Eduardo Lapa ALGUNS CURSOS DE INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL ALGUNS CURSOS DE INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL NO PAÍS: - FGV - www.mebbrasil.com.br/fgv -FAMETRO - Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza – (www.fametro.com.br) -WPos – Pós-graduação a Distância / Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Inteligência Estratégica – (www.wpos.com.br) -Universidade Metodista de São Paulo – Inovação e Inteligência Empresarial - (www.metodista.br) - FESP – Faculdade de Educação Superior do Paraná - PósMBA Inteligência Empresarial – (www.fesppr.br) 91> TECNOLOGIA | WIDE | 59 Prepare-se para a primeira edição do WOB 2012, congresso internacional sobre inovação com foco em Design, Tecnologia e Novas Mídias WOB CONFERENCE 2012 Rio de Janeiro 20, 21 e 22/09 Confira alguns temas: Criando Serviços Inovadores por meio do Design Thinking Blind to consumers: neuromarketing Aproveitando a melhor década da história Inovação e crowdsourcing Consumer Experience Design O poder da inovação aberta O Design na era da economia criativa Design Thinking para Startups E-commerce, Gameficação e tendências ADDTECH: TECNOLOGIA + INOVAÇÃO + DESIGN THINKING Há 15 anos no mercado de TI, A AddTech proporciona aos seus clientes soluções inovadoras com o diferencial de ter em sua Fábrica de Softwares uma das maiores produtoras web do Rio de Janeiro. Para falar sobre o novo momento da empresa, bem como as mudanças e tendências de mercado, convidamos o CEO e diretor de Tecnologia da AddTech, Aldo Pires. O empresário contou as novidades da organização, falou sobre infraestrutura em TI para os grandes eventos esportivos no Brasil, estratégias de políticas online, entre outros assuntos. Confira. 62 | WIDE | 91 > TECNOLOGIA TECNOLOGIA WIDE: Em 2012, a AddTech entrou em uma nova fase, se preparando para comemorar 15 anos de experiência no mercado de TI e Web. Algumas das novidades foram a mudança da marca, novas estratégias para a presença na rede, além da reformulação total do site. Como você avalia este momento para a AddTech? ALDO: A grande novidade em 2012, nos preparando para os próximos 15 anos, é a aquisição do Service Design & Innovation. Os núcleos de competência em Service Design e em Service Innovation constituem o principal ativo da ISG (Innovation Service Group), pois são desenvolvidas ferramentas segundo a metodologia e fundamentação teórica aplicada, testada em vários anos de experiência. Por meio de “quick wins” (conquistas rápidas ou coisas rápidas de se implementar, que vão ajudar a empresa de certa forma), percebe-se resultados esperados, como os seguintes exemplos: - Prioridade de esforços e recursos aplicados; - Melhoria no serviço de atendimento ao cliente; - Combinação de atividades e/ou aumento do poder dos executores; - Análise as atividades-chave para a geração de valor; - Considerar sourcing em escala; - Uso intensivo de tecnologia para se comunicar. WIDE: Na edição 87 da revista Wide, você foi um dos especialistas de tecnologia a contribuir com previsões sobre o mercado para 2012. Entre as tendências, você citou: aumento de usuários de internet vindos da Classe C; desenvolvedores “camaleões”; convergência de mídias; localização geográfica por aplicativos e integração entre os ENTREVISTA diferentes tipos de sistemas. Em quais questões você considera que obteve mais êxito? ALDO: Entendo que o aumento de usuários da Classe C, e até D e E foi o grande destaque, em que tivemos o ingresso de milhões de novos consumidores e usuários, gerando uma nova massa ávida pelo consumo de bens e serviços. As outras questões técnicas também têm se mostrado gradativamente presentes, a exemplo da convergência de mídia e a integração, que posso considerar como as duas seguintes no ranking de sucesso. WIDE: O ano de 2014 será de muitos desafios tecnológicos para o Brasil. Temos tecnologia da informação suficiente para receber os grandes eventos esportivos? ALDO: Esta questão é bastante delicada, pois grande parte desta necessidade precisa ser suprida por grandes investimentos em infraestrutura, que por sua vez depende da atenção e de investimentos públicos. Porém, nem todos esses recursos proporcionam visibilidade aos gestores, ocasionando pouca chance de destaque. Assim, problemas comuns como dificuldade a acesso a redes wi-fi, serviços de transmissão de dados móveis lentos e insuficientes, além da falta de maturidade dos nossos processos de recepção e atendimento à turistas, me preocupam efetivamente. WIDE: Em ano eleitoral como o de 2012, a criação de estratégias políticas online torna-se imprescindível para candidatos que querem repercutir suas futuras ações. Como a AddTech trabalha com a prestação de serviços online em ano eleitoral? ALDO: Nós montamos, desde as últimas eleições, um pacote de soluções voltadas ao apoio às campanhas de candidatos e partidos, integrando mídias sociais às soluções mobile e SEM. Além 91> TECNOLOGIA | WIDE | 63 TECNOLOGIA disso, destaque para a possibilidade de utilização do georreferenciamento como instrumento de inteligência na gestão de campanhas. WIDE: É inquestionável a febre do mercado da internet pelo celular. Qual a importância das empresas planejarem de forma estratégica sua presença no universo mobile, seja por meio de um site, aplicativos ou campanhas utilizando essa mídia? ALDO: Esta questão pode ser colocada sobre a ótica do cliente. Por que o usuário web deve se preocupar se o seu fornecedor só pode dar uma informação em um desktop e não a disponibiliza para o seu celular? Logo, as empresas devem entender que a web é mais uma plataforma de contato com o cliente, ou seja, acessar uma aplicação pela web significa ter acesso por meio de um notebook, de um desktop ou de um dispositivo móvel. WIDE: Como a AddTech faz para entender o negócio do cliente e oferecer ideias que serão alavancadas para o sucesso e resultados positivos? ALDO: A chave para o sucesso é pensar nas soluções com o cliente, e para isto a Add trouxe para a organização a capacidade de equacionar o problema adotando o Design Thinking para sempre melhorarmos conforme as necessidades dos clientes. WIDE: Redes sociais, software livre, desenvolvimento ágil e modelos de qualidade. Quais as novidades em cada uma dessas áreas? ALDO: Estes quatro tópicos são complementares e cada um teve um momento de ápice. Podemos dizer que software livre já é uma realidade na indústria de software com soluções desde infraestrutura como sistemas operacionais, bancos de dados, ambientes de desenvolvimento e de monitoramento - todas estabilizadas e com um ótimo TCO. Os modelos de qualidade como CMMI, MPSBr também têm amadurecido, porém com uma taxa de crescimento 64 | WIDE | 91 > TECNOLOGIA no mercado não muito alta. Mas além dele, começa a ser mais comentado o conceito do eSCM, que cuida de como se deve fazer um modelo de outsourcing adequado. O desenvolvimento ágil cresceu muito nos últimos anos e continua se desenvolvendo e ganhando espaço, em especial o SCRUM. Mas sem dúvida, a grande vedete são as Redes Sociais. Estas passaram a tomar conta de ações de marketing das organizações, sendo cada vez mais fatores críticos de sucesso nos projetos de sites e portais. “As empresas devem entender que a web é mais uma plataforma de contato com o cliente, ou seja, acessar uma aplicação pela web significa ter acesso por meio de um notebook, de um desktop ou de um dispositivo móvel” 91> TECNOLOGIA | WIDE | 65 FRONT-END MADE IN BRASIL Há dois anos as empresas brasileiras não demonstravam muito interesse por esse profissional, enquanto já existia uma forte demanda no exterior. Isso mudou? 66 | WIDE | 91 > TECNOLOGIA TECNOLOGIA Davidson Fellipe @davidsonfellipe Desenvolvedor Front-end na Globo.com. Graduado em Engenharia da Computação pela UPE e Técnico em Eletrônica pelo IFPE. Fundador e moderador dos grupos riojs e pernambucojs. “Na Globo.com, por exemplo, Python é um grande diferencial, assim como PHP é para o Yahoo e Facebook, e Ruby para o Twitter” Há um tempo estavam de um lado profissionais de front-end que se limitavam a escrever HTML e CSS, e do outro lado, gestores de projetos que desconheciam ou davam pouca importância ao profissional de front-end em sua equipe. Mas, nos últimos dois anos, essa profissão se desenvolveu bastante no Brasil, e o grau de exigência para esse profissional também. Para se candidatar a vagas em grandes empresas, é fundamental conhecimento em engenharia de software, empregada ao desenvolvimento front-end. Isso inclui ter boa noção de organização de código-fonte, modelagem, testes automatizados, refatoração, versionamento e garantia de qualidade. Além disso, é importante ter conhecimento de outras áreas, tais como: interação humano-computador, performance client-side, segurança e acessibilidade. Quem busca se destacar nessa profissão, tem que ter um ótimo nível de conhecimento em JavaScript, pois ele é cada vez mais importante, além de ser item obrigatório na maioria das seleções a vagas, tanto no Brasil, quanto no exterior. Essa linguagem foi umas das que mais cresceram nos últimos anos, motivado pela necessidade de desenvolvimento de produtos mais complexos e de interação com as novas APIs do HTML5. Além disso, procure estudar ao menos uma linguagem server-side, pois é um diferencial em muitas empresas. Na Globo.com, por exemplo, Python é um grande diferencial, assim como PHP é para o Yahoo e Facebook, e Ruby para o Twitter. Tenha sempre em mente que você terá que dominar algumas peculiaridades que o desenvolvedor server-side, em geral, não domina, tais como: performance no Javascript ou no CESS, APIs do browser, problemas cross-browser, layouts responsivos e redução da quantidade de HTML. Felizmente, o mercado brasileiro está olhando para os desenvolvedores front-end de uma forma melhor, e diversas organizações já os remuneram com a mesma faixa salarial dos desenvolvedores back-end. Mas a média da remuneração ainda é abaixo do exterior. Lá esse perfil também é muito valorizado e demandado. Vale salientar que muitos não migram apenas pelo fator remuneração, mas também pela busca de melhores condições de vida. E isso não é raro, visto que infelizmente continuamos perdendo grandes profissionais para o exterior. 91> TECNOLOGIA | WIDE | 67 TECNOLOGIA Érick de Albuquerque Idealizador da Primeira Pós-Graduação em Front-End Engineering do Brasil e Diretor Executivo da A&C Holding Group, CEO na CakeRoll Tecnologia e Coordenador do FEEC Brazil. www.erickdealbuquerque.com As empresas brasileiras demonstraram não somente um interesse maior pelos profissionais de “front-end” como também conseguem definir melhor o papel desses profissionais no processo produtivo de seus projetos. Embora o mercado ainda tente encontrar uma definição para classificar esses profissionais, a necessidade é crescente e requer atenção, principalmente acerca do reconhecimento e valorização dos “front-ends”. Observei centenas de profissionais “front-end” ao longo de quatro anos trabalhando com formação nessa área e, considerando as mudanças ocorridas no processo de desenvolvimento para internet nesse período, posso sugerir que muitos conceitos foram sendo aplicados em Html, Css e Javascript. Esses mesmos mecanismos, que antes eram usados apenas em “back-end”, tem se intensificado bastante ultimamente e eu apostaria que a tendência futura é a manutenção dessa intensidade. Na medida em que a forma de desenvolver foi mudando, os profissionais buscaram mais qualificação e especializações que agregaram valor aos produtos desenvolvidos, no entanto, as empresas não acompanharam esse processo na mesma velocidade e se depararam com a necessidade de ter um front-end muito mais robusto do que estavam acostumadas. Ora, muitos de vocês sabem que um profissional front antes necessitava saber apenas Html e Css, e foi com esse profissional que as empresas, principalmente as menores, desenvolveram projetos importantes de seus portfólios, mas atualmente percebem que precisam de muito mais do que isso. Diria que para ter mais valor aos olhos dos executivos, contratantes na área, o “Frontend” precisa ir além do Html e Css, ele precisa dominar muito bem o Javascript, entender sobre outros aspectos como acessibilidade, usabilidade e padrões, conhecer um pouco da linguagem utilizada pelo back-end de 68 | WIDE | 91 > TECNOLOGIA sua equipe, ter o mínimo de conhecimento sobre Http Response, utilizar bem os consoles de depuração dos browsers, entre outras especificações do tipo. As aplicações para internet ficaram muito mais avançadas e possuem mais complexidade, muitos recursos são utilizados para criar interfaces mais interativas e ricas visando projetos mais leves e rápidos, e isso requer profissionais mais completos. No Brasil existem inúmeros profissionais passando por uma verdadeira transição, buscando atingir altos níveis de produtividade, ou seja, eles procuram ir além do código fonte de suas aplicações, contribuindo em todas as fases do projeto, promovendo integração de toda equipe e conhecendo bem o cliente final. Acredito que características assim aumentam bastante o interesse das empresas por “front-ends” que chamo de mais habilidosos e completos. Vale a refelxão sobre o assunto! “Diria que para ter mais valor aos olhos dos executivos, contratantes na área, o ‘Front-end’ precisa ir além do Html e Css, ele precisa dominar muito bem o Javascript e entender sobre outros aspectos como acessibilidade, usabilidade e padrões” Felipe Silva @felipe_silva Senior Javascript Engineer The New York Times Dois anos no calendário “tech” é muita coisa. O mercado mudou muito de lá para cá. As empresas nacionais já reconhecem o quão importante é ter um profissional com amplo domínio nas especialidades de front-end. E hoje, enfrentam outro problema: como contratar desenvolvedores com este perfil? Para felicidade da nação, a comunidade de desenvolvedores front-end tem se organizado e feito um excelente trabalho. O número de meetups de Javascript/ HTML5 é crescente. Eventos abordando o tema ocorrem em diversos estados e atraem profissionais e palestrantes de todos os cantos. Ambos contam com o apoio de grandes empresas de tecnologia. E, sem dúvida, tem sido um excelente canal para profissionais e empresas se conhecerem melhor. Engenheiros de fato. Além de responsabilidades já conhecidas (performance, SEO, compatibilidade “cross-browser” e “cross-plataform”), parte ou todas as regras de negócio de uma aplicação podem ser implementadas no front-end, o que exige sólidos conhecimentos em engenharia de software. Um bom desenvolvedor front-end além de manter sua excelência nos quesitos que envolvem sua especialidade, deve ser capaz de criar uma aplicação do zero. Estar confortável ao se enveredar por outras especialidades, tais como infraestrutura, banco de dados e back-end. A procura por esse profissional aumentou. Os novos navegadores estão mais poderosos, viabilizando criar interfaces ainda mais complexas. Outros disposi- tivos como celulares, videogames e TVs já contam com plataformas que permitem desenvolver aplicações usando apenas HTML5 e Javascript. E os salários também estão mais atrativos. Javascript é hoje a “menina dos olhos” dos desenvolvedores, não é à toa que se tornou a linguagem mais popular no Github. Como estou nos Estados Unidos, visualizo que as empresas daqui já contratam desenvolvedores com outro rótulo: Javascript Engineer. Isso porque com o advento do Node.JS é possível usar a linguagem também no back-end. Especialistas ou não na área devem estar antenados, e ter HTML5 e Javascript como melhores amigos. Não sei onde estaremos daqui a dois anos, mas estou certo que vamos continuar precisando deles. Bruno Dulcetti Gerente de Projetos na Videolog.tv Graduado em Gestão e Criação de Ambientes Internet na Unesa e Pós-Graduado em Interface, Internet e Multimídia pela UFF Sim, mudou e muito. Mas não diria que por motivos das empresas terem ou não interesse por esse profissional, pois há dois anos eu acredito que esse profissional tinha muito mais valor do que há cinco anos. Mas ainda assim a caminhada é longa e lenta para a valorização do profissional Client. E você deve perguntar: mas então o que levou as empresas a terem interesse nesses profissionais? Eu apostaria na tecnologia. A demanda por aplicati- vos completamente interativos, adaptáveis e acessíveis fez com que esse profissional ficasse valorizado. Hoje temos o acesso mobile que cresce absurdamente junto com a venda dos próprios celulares e tablets da vida. E tende a crescer ainda mais, pois ainda existe uma grande parte da população que ainda não se conecta por meio mobile. Mas um fator que abriu os olhos das empresas foi o surgimento e revolução do HTML 5. O profissional que trabalha com client e não tem, pelo menos, noções de HTML 5, está perdendo oportunidades no mercado. Hoje podemos fazer coisas que eram amplamente complexas com client ligado a uma linguagem de programação. E hoje podemos ter aplicações offline, comunicação em tempo real, acesso ao computador, trabalhar com áudio e vídeo sem flash, entre outras maravilhas que antigamente não desfrutávamos. As aplicações evoluíram, o front-end evoluiu junto. E como as empresas precisam evoluir também, elas necessitam de profissionais que dominem as “novas tecnologias”. Flash teve sua época, hoje perde cada vez mais força com a ajuda da Apple, que bloqueou o uso em seus aparelhos mobiles. Se antes aplicações mais rápidas, mais dinâmicas, funcionando em qualquer lugar e em qualquer hora, sem precisar desenvolver diversos modelos de aplicações para funcionar em diversos dispositivos era a grande estratégia, hoje não precisamos mais disso com o HTML 5 ganhando força. 91> TECNOLOGIA | WIDE | 69 Kids In no iPad mamãe, eu quero! Para as mamães antenadas e conectadas no mundo virtual, a dica é boa: a revista Kids In não para de apresentar novidades para toda a família. Além da publicação impressa, a revista inaugurou a versão para iPad, com todo o conteúdo disponibilizado de forma gratuita, e ainda com extras que só o tablet traz para você em um simples deslizar de dedos. Moda, Decoração, Beleza, Arte e Cultura, Estilo de Vida, Diário de Bordo e Saúde. Mergulhe no universo infinito de temas materno-infantis apresentados sob o ponto de vista de quem entende do assunto. Conheça agora Bruno Lemgruber e Luciana Junqueira, da Tabaruba Design, idealizadores do Kids In no iPad. WIDE: Fale um pouco sobre a revista de iPad Kids In. TABARUBA: A revista Kids In em sua versão para iPad é uma evolução natural do processo de re-branding que a Tabaruba está desenvolvendo há mais de um ano para a marca Kids In, quando a mesma entrou em um processo de expansão para novos mercados (saiu do foco unicamente na cidade do Rio de Janeiro para uma atuação nacional) e investiu em novos produtos e serviços. 70 | WIDE | 91 > TECNOLOGIA O trabalho que desenvolvemos foi fundamental para que a própria marca entendesse melhor o potencial de seus produtos, como se posicionar e como atender as diferentes e novas demandas do seu público em expansão. A meta do projeto de Identidade Total™— que incluiu o projeto da versão para iPad da revista Kids In — foi o de trazer na apresentação de todos os seus produtos as qualidades que os sócios-criadores da marca Kids In procuravam quando iniciaram um site caseiro para compartilhar com outros pais suas dicas de programas e produtos para crianças. A ideia, então, era levar informação que iria além da essencial, sempre atento a apresentar ideias, programas e produtos com um olhar crítico de qualidade e frescor. WIDE: Finalmente o mercado editorial brasileiro começou a direcionar as atenções para o iPad. Como foi a ideia de lançar uma publicação exclusivamente para o tablet? TABARUBA: A Tabaruba viu o potencial revolucionário do iPad desde seu pré-anúncio e encomendamos nosso tablet no seu lançamento, para que estivéssemos prontos para trabalhar e testar nossos trabalhos nessa nova plataforma. A revista Wide foi quem acreditou na ideia e, no início de 2010, nos encomendou um projeto para lançar sua versão para iPad o mais rápido possível. Nessa época, as possibilidades eram mais limitadas e uma série de questões paralelas ao projeto gráfico, relacionadas à distribuição e venda de produtos para essa nova mídia, eram importantíssimas e tinham um grande peso no processo de decisão sobre qual tecnologia/fornecedor adotar. Algumas dessas questões na época acabaram tendo uma influência muito grande no projeto da Wide para iPad, que foi um dos primeiros projetos de revista para iPad no Brasil. TECNOLOGIA WIDE: Quanto ao layout, a edição digital da Kids In segue a mesma diagramação da edição impressa? Quais são as especificidades do aplicativo? TABARUBA: A Kids In na sua versão para iPad é uma “evolução” da versão impressa. De uma maneira geral ambas seguem o mesmo projeto gráfico e diagramação, mas traz todo o potencial tecnológico e as novas formas de interagir com o conteúdo trazido pelo iPad. As diferenças começam por existir de fato duas versões (horizontal e vertical) completas e distintas da Kids In em sua versão iPad. Com isso, algumas matérias podem ser trabalhadas de forma diferente mesmo entre as versões para tablet, o que naturalmente exige que sejam feitas três diagramações completas da revista. Incluímos na versão digital recursos de informações adicionais, a possibilidade de zoom e ângulos alternativos para fotos, e a inclusão de vídeos e hyperlinks que enriquecem as matérias. WIDE: Para o produto final ter credibilidade, a empresa realizou brainstorm e reuniões de planejamento estratégico que envolveram, inclusive, muita tecnologia. Que sistemas e plataformas vocês ESTUDO DE CASO contrataram ou desenvolveram? TABARUBA: A adaptação do projeto impresso para o projeto iPad da Kids In, apesar de previsto desde o redesign da versão impressa (feito pouco antes por nós), exigiu um tempo de planejamento e estratégia tão longo quanto o projeto gráfico da versão original. Para garantir que o projeto pudesse tirar o maior proveito da tecnologia e ao mesmo tempo não alienar os leitores (alguns projetos mais experimentais para iPad, apesar de interessantes como exploração em design, acabam alienando o público geral) tivemos um enorme cuidado em testar todos os recursos e estudar a melhor forma de “traduzir” o conteúdo estático impresso para os recursos de navegação dinâmicos do iPad. Por exemplo, como lidamos com uma revista para iPad que realmente tem versões otimizadas para a posição vertical e para a horizontal, tivemos a preocupação de garantir que, independente do tipo de página ou recurso de interatividade em uso, caso o leitor mude a orientação do iPad, os pontos de leitura fossem mantidos (algo que ainda é raro nas publicações para iPad). Apesar da integração crescente da plataforma Adobe CS com a 91> TECNOLOGIA | WIDE | 71 TECNOLOGIA O maior desafio é sempre o de atingir um balanço ideal nas doses de design, inovação e usabilidade criação e geração de conteúdo para tablet, contamos desde o início com a parceria da RLVP (programação) para estudarmos os recursos e “ipadizar” o projeto da Tabaruba. WIDE: Quantos profissionais da equipe da Tabaruba fizeram parte desse planejamento e desenvolvimento e em quais funções? TABARUBA: A Tabaruba tem uma estrutura diferente de muitos escritórios porque somos “pequenos”, mas costumamos lidar com projetos grandes e complexos. Por isso é comum que tenhamos poucos projetos simultâneos para nos dedicar por completo a cada um deles. No projeto da Kids In para o iPad, a Tabaruba envolveu cinco profissionais, assumindo funções múltiplas de direção de criação, direção de arte, definição de recursos de tecnologia, design e interface com a RLVP, direção de projeto e produção, design e finalização e debugging. WIDE: Como a KIDS In está conectada às redes sociais (Facebook, Twitter, Vídeos e Mobile)? 72 | WIDE | 91 > TECNOLOGIA TABARUBA: A revista Kids In é somente um dos vários produtos da Kids In (antiga Kids In Rio) e todos eles são não só interligados como estão conectados à maioria das redes sociais. O leque de produtos da Kids In — todos desenvolvidos pela Tabaruba, em diferentes etapas de desenvolvimento e finalização —, além do portal www.kidsin.com.br e dos canais de Facebook, Twitter e Youtube, incluirá a Kids In Store (e-commerce), a Kids In TV (canal de vídeos próprios) e o(s) Kids In “Guia de Cidades” com versões impressa e para iPad. O objetivo é da integração completa de produtos e mídias oferecendo uma experiência única para o público. WIDE: Em sua opinião, qual foi o maior desafio no desenvolvimento da revista para iPad? TABARUBA: O maior desafio é sempre o de atingir um balanço ideal nas doses de design, inovação e usabilidade. Apesar de tentadora, a incorporação de recursos gráficos e de tecnologia precisa ser muito bem dosada, uma vez que o overload de informação pode facilmente ocorrer, principalmente quando lidamos com um público não-especializado. WIDE: Comente as principais diferenças entre a versão impressa e a versão para iPad. TABARUBA: A versão vertical para iPad, apesar de mais próxima do formato original da revista, ainda exige que haja uma rediagramação total do conteúdo para maximizar tanto sua ergonomia visual (legibilidade e inteligibilidade) como para tirarmos proveito da liberdade de “espaço”, nos permitindo explorar mais uma abertura de matéria ou foto, e também trazer recursos de navegação e interface que nos permite integrar melhor diversos produtos que, na revista impressa, são obrigados a ficar divididos em várias páginas. Já a versão horizontal traz uma base completamente diferente que exige uma nova proposta de design e nos dá a chance de muitas vezes utilizar layouts que exigiriam um grande número de páginas duplas na revista impressa. Assim como na versão vertical, recursos de navegação e interatividade nos permitem unificar em páginas longas um conjunto de produtos ou informações que estão separados na versão impressa. WIDE: Como está a divulgação da revista? TABARUBA: O projeto Kids In foi iniciado na Tabaruba com o rebranding total da antiga Kids in Rio em uma marca mais profissional e des-regionalizada para começar a atingir novos mercados regionais. Em seguida, fizemos o redesign total do portal, da nova arquitetura de informação ao novo projeto gráfico, prevendo sua expansão de um “catálogo” para um guia completo, com informações, matérias, catálogos regionalizados, e uma integração com todos os produtos da marca Kids In (revista impressa, versões iPad, canal de TV, newsletters direcionados, loja/e-commerce, guias de cidades, clubes de assinantes). O processo de distribuição da revista, que era somente em lojas e parceiros em um modelo “pegue a sua cópia” gratuita, passou a contar com um sistema de assinatura tanto impressa como para versão iPad, e também com a opção de venda em bancas em nível nacional. Esse processo de expansão da revista, junto com a entrada da marca Kids In de uma maneira geral em novos mercados, tem sido divulgada fortemente com o apoio das mídias sociais, do uso de anúncios institucionais dos diversos produtos e um apoio constante das suas diversas linhas de newsletters e de mala-direta. WIDE: Quais são os novos projetos da Tabaruba Design? TABARUBA: O projeto com a marca Kids In continua no processo de finalização e de expansão de seus produtos. Além desta linha de projetos, estamos trabalhando em outros processos de Identidade Total™ para duas marcas de moda e para um novo veículo de comunicação que, além do Branding e todas as aplicações naturais de identidade visual, desde a criação de produtos (físicos), incluirão o desenvolvimento de sites, loja e-commerce, catálogos impressos e digitais que devem prever suas versões “app” para iPad/iPhone. Temos também duas linhas de embalagens em desenvolvimento e a revitalização e expansão de dois portais e de seus veículos de comunicação impresso e digital. Temos alguns novos projetos ainda em processo de negociação, mas esperamos que alguns novos produtos editoriais (livros e revistas) ainda entrem no mix deste ano e a expectativa natural é que hoje eles devam prever uma versão digital, provavelmente com foco no IOS/plataforma iPad e possivelmente prevendo a plataforma Android. Identidade Total™, termo cunhado pela Tabaruba Design, foi criado para denominar um projeto de Design Gráfico com foco em Identidade Visual, Brand Image e Brand Experience, no qual existe uma preocupação com a coerência entre todos os aspectos visuais e não-visuais entre as diversas mídias envolvidas no projeto. Da marca à ambientação, dos impressos aos PDVs,do material institucional ao site, uma série de componentes, regras e variáveis visuais e não-visuais compõem um sistema de Identidade Total™, prevendo uma experiência sensorial única, ao mesmo tempo que permite ampla variedade de resultados. 91> TECNOLOGIA | WIDE | 73 TECNOLOGIA Segurança Ivo Machado PROTEGENDO SEU CÓDIGO JAVA USANDO BYTECODE A engenharia-reversa de aplicações proprietárias seja por concorrentes quanto por hackers pode resultar na exposição de forma não desejada de seus algoritimos e ideias, formatos de dados proprietários, licenciamento de software e mecanismos de segurança, e o mais importante e crítico: dados de seus clientes e usuários. O Java é uma linguagem de desenvolvimento onde o codígo fonte é bastante intuitivo em sua leitura. Em muitos casos, o bytecode compilado pode ser revertido (ou descompilado) trazendo a tona o código fonte original de sua aplicação. Este artigo irá prover uma introdução a alguns mecanismos básicos que podem ser utilizados a fim de proteger suas aplicaçãos em Java através do ByteCode Obfuscation. How to recover Source Code from Bytecode? Existe uma infinidade de ferramentas disponibilizadas de forma gratuita com a funcionalidade de Java Decompilers que permitiram verificar toda a funcionalidade do código incluindo: • Recuperar o código fonte a partir do Java Bytecode, • Conseguir o nome de variaveis locais e parametros, • Conseguir comentários no código e JavaDoc Como previnir que seu código Java seja revertido ? Existem diversas ações que podem ser tomadas a fim de aumentar a segurança do seu código, e torna-lo mais seguro previnindo a engenharia reversa: • Code Obfuscation. Isto é feito geralmente através da renomeação das variáveis. (No paragrafo abaixo teremos mais informações) • Supressão do End Of Line Character. Isto torna o codigo dificil de ser parseado. • Uso de classes anonimas para controlar eventos. Aparentemente este tipo de ação faz com que a grande maioria dos Descompiladores não consiga mais trabalhar, porém o JAD consegue lidar com esse tipo de situação muito bem. • Criptografia do arquivo de Class. Isto implica diretamente na performance de sua aplicação, pois é necessario efetuar a descripgrafia durante o runtime. Existem várias ferramentas disponiveis para esta finalidade. 74 | WIDE | 91 > TECNOLOGIA • Substituição dos nomes dos métodos por certos caracteres como por exemplo ‘/’ ou ‘.’ no header da classe faz com que alguns descompiladores como o JAD “cuspam” o código fonte de forma não-compreensivel (não é possivel determinar o control flow no código fonte). A maior vantagem em utilizar o ProGuard em comparação com outros Java Obfuscator é sua configuração utilizando templates compactos. Com poucos comandos intuitivos ou utilizando uma interface gráfica amigável o desenvolvedor consegue navegar através das opções do aplicativo, selecionando o que for mais interessante para sua aplicação Java. Code e Data Flow Obfuscation A grande maioria dos obfuscators substituem as intruções produzidas pelo compilador Java por gotos e outras instruções que não serão descompiladas em código fonte valido Java. Um descompilador convencional esperando por Javac output pode tanto falhar ou exibir um pseudocodigo com muitos labels e instruções goto. Entretanto, nem todos os descompiladores são tão faceis de enganar. Finalmente, algoritmos sofisticados também podem ser protegidos utilizando transformações matematicas. O código transformado irá computar os mesmos resultados usando diferentes tipos de dados. Entretanto, este tipo de ferramenta para produzir este resultado é muito mais cara e em muitas vezes vendida apenas como parte de um conjunto para Risk Management Solution. Outro ponto é que este tipo de transformação pode fazer com o que o tempo de processamento do seu código seja aumentado muito, fazendo com que a performance seja gravemente comprometida. Tela inicial do ProGuard. Ferramentas para Obfuscation Open Source. Uma ferramenta muito interessante para obfuscar seu código java é o PROGuard. Os principais benefícios do PROGuard são: • Torna o código do seu Java mais compacto, fazendo com que seja carregado de forma mais rapida e com menores footprints de memória • Torna os programas e as libraries mais dificeis de serem descompiladas • Lista pedaços de “código morto” que podem ser removidos do seu código fonte Ivo Machado Diretor de operações da In2Sec – Intelligence to Security, formado em Análise de Sistemas com MBA em Gestão de Riscos, tendo já atuado em diversas empresas nacionais e multinacionais, no Brasil e no exterior. Especialista em Gestão de Riscos e Segurança da Informação, é responsável pelas operações das Américas da Certificadora TrustSign e das consultorias de segurança e-Horus e A. E-mail: [email protected] 91> TECNOLOGIA | WIDE | 75 TECNOLOGIA Mercado de TI Paulino Michelazzo SOLUÇÕES CASEIRAS A área de TI é muitas vezes jocosamente conhecida como a área que mais cria problemas que não existem, seja por softwares mal feitos, por processos equivocados ou mesmo por projetos que nunca acabam. Parece que não conhecemos (ou aplicamos) a regra do “menos é melhor” e deixamos nos levar por complexidades que não são necessárias ou criamos soluções que realmente não são demandadas, valendo isso para o desenvolvimento de um software, para a implantação de um conjunto de hardware ou ainda para o conjunto desses dois pontos (e muitos outros que estão inerentemente conectados). Por diversas vezes é necessário abrir mão da tecnologia e criar “soluções caseiras” , métodos simples, práticos, rápidos e porque não pouco custosos, para solucionar um problema, seja qual for, podendo esses métodos serem usados para a criação de um simples sistema de agenda ou até a gestão de processos em um ERP, muitas vezes extrapolando a tecnologia para a solução do dito problema. O sistema aeronáutico é de uma delicadeza ímpar e realmente desconheço algo tão complicado quanto ele. Gerenciar passageiros, malas, comida, rotas, manutenções de aeronaves, segurança, pousos e decolagens de forma harmoniosa, são tarefas das mais difíceis e para isso sistemas computacionais entram em ação a fim de garantir que a pessoa saia da sua origem e chegue ao seu destino, preferencialmente viva. No intuito de garantir a segurança de todos e uma viagem tranquila, o macro-processo de uma viagem traz desafios que por vezes não estão somente na tecnologia, mas sim em ideias criativas. Como exemplo, vi no aeroporto de Doha, no Qatar, algo interessante. Na contramão da maioria dos aeroportos onde o passageiro que está fazendo uma conexão é jogado em um terminal genérico e lá deve se virar para encontrar onde está seu próximo voo, muitas vezes utilizando painéis informativos que não entende ou que não consegue ler, este aeroporto inventou uma forma simples e prática de resolver este problema: cores, simplesmente cores. Quando você compra uma passagem com destino ao Qatar ou que irá fazer uma conexão nesse país, recebe seus bilhetes num pequeno envelope colorido, cuja cor identifica e informa de 76 | WIDE | 91 > TECNOLOGIA forma simples e rápida o que você vai fazer e em qual terminal deve ser deixado para seguir sua viagem. Então envelopes amarelos são para passageiros em conexão, azuis para passageiros que tem como destino final o Qatar, marrons para os passageiros com conexão de curta duração e assim por diante. Nada mais simples que este universal sistema. Todas as pessoas conseguem identificar cores (até mesmo daltônicas) sem a necessidade de conhecer qualquer idioma; a cor azul é azul em todo o planeta, não importando se o nome da cor está escrito em árabe, espanhol, grego ou japonês. Resumindo: um sistema que chuta a tecnologia para longe e usa formas simples para a solução do problema. Nós, profissionais de tecnologia, temos a obrigação de criar sistemas e processos que, da mesma forma que no aeroporto de Doha, resolvam problemas complexos com soluções simples ou “caseiras”. Se esmerar na criação de uma função não é o mesmo de torná-la eficiente. Eric Raymond, um dos grandes expoentes do mundo Open Source popularizou a filosofia do release early, release often, que é a melhoria de um software ou solução baseando-se nos feedbacks dos usuários. Ao contrário do que se possa imaginar, essa filosofia é usada por quase todas as empresas de software mundiais com as chamadas versões beta e baseia-se no conceito de que a solução deve atender as necessidades de seus usuários e não criar mais problemas para eles. Decerto que em algumas áreas não é possível usá-la constantemente. Os sistemas de aviônica não permitem erros, pois qualquer pequeno bug pode acarretar um acidente de enormes proporções. Mas, na maioria daquilo que desenvolvemos diariamente, ela cai como uma luva e realmente devemos usá-la se queremos ser profissionais mais completos em nossa área, pois ser profissional de tecnologia não é somente fazer código, crimpar cabo ou ativar serviços. É também responder à altura as necessidades de nossos usuários, seja da forma que for, e ter em mente que muitas vezes não é somente a tecnologia que resolve um problema, simples cores podem fazê-lo. Paulino Michelazzo Possui quinze anos de experiência em internet e atua como consultor web em todo o mundo. Palestrante costumeiro de eventos de tecnologia, é coautor de três livros na área de internet e software livre e escreve regularmente sobre empreendedorismo e desenvolvimento em seu site: www.michelazzo.com.br E-mail: [email protected] Twitter: @pmichelazzo Tableless Diego Eis O DESIGNER QUE SE PREOCUPA Eu estou tentando me aproximar de programadores e designers de uns tempos para cá. Quero entender mais como o front-end pode melhorar seus trabalhos e facilitar o caminho entre o design e a forma com que as funcionalidades são feitas. Eu não tenho afinidade nenhuma com programação. Sério! Sempre que tento programar algo, invariavelmente escolho a solução mais complicada. Programar também precisa de talento. Talvez seja por isso que eu esteja me aproximando mais das necessidades dos designers. Sou um metido à besta. Não faço coisas maravilhosamente bonitas, mas com certeza meus designs são melhores que meus scripts. A experiência do usuário pode ser afetada por “N” motivos, não somente por causa do alinhamento e a foto bonitinha. Assim como não é possível escrever uma linha de código sem saber os porquês da importância do código semântico e acessível, não é possível desenhar um website sem ter a plena certeza de que qualquer usuário terá uma experiência envolvente e agradável. Não estou dizendo aqui que o designer precisa ser o cara que vai resolver isso tudo, pelo contrário. Esse trabalho é do front-end. O que eu quero dizer é que o designer para web precisa ter mais apreço por esses detalhes. Além do mais, é a arte dele que fará contato com o cliente. Bem como o programador, o designer para web tem uma visão estranha do front-end. Ele acha que o que escrevemos é programação, e não é. Na verdade não tem nada a ver. O CSS que escrevemos está mais próximo do design dele do que da GEM que o programador desenvolve. É por isso que eu sou daqueles que acham que os designers para web, invariavelmente, precisam aprender a escrever HTML e CSS. Os designers que fazem peças para impressão se preocupam com detalhes da experiência do seu leitor. Por isso eles podem passar dias escolhendo o tipo certo de papel para a capa e para as páginas, além da gramatura desse papel. Se haverá e qual será o tamanho das orelhas do livro ou se a capa será dura. Isso faz parte do design do livro. A web, como o livro, é um meio de comunicação. Ela precisa ser usada de forma que a informação chegue intacta para o consumidor. O designer comunica enquanto entretém. Eles organizam a informação de forma, pensam dentidades e criam experiências. Isso é assim em qualquer lugar, inclusive na web. O designer para web precisa sim se preocupar em como seu projeto será entregue ao cliente. Você pode achar que o designer para web precisa se preocupar mais com os alinhamentos, com as fotos e a tipografia. Mas do que adianta se toda essa beleza demorar para carregar? E quando carregar, precisa ter a preocupação de degradar bem em cada versão do browser. Diego Eis Criador do site Tableless (www.tableless.com.br), palestra sobre padrões web e jogador compulsivo de XBOX. E-mail: [email protected] Twitter: @diegoeis 91> TECNOLOGIA | WIDE | 77 marketing REDE SOCIAL PARA CRIATIVOS Criada em março de 2010 nos Estados Unidos pelo americano Ben Silbermann, a rede social Pinterest é muito elogiada por brasileiros MARKETING REPORTAGEM O As imagens são as grandes estrelas do Pinterest, por isso elas têm que ser lindas! O pensamento do Pinterest é aspiracional, as imagens e produtos que remetem ao desejo de ter ou ser daquela forma. Por isso, explore a emoção com imagens encantadoras. Pinterest (www.pinterest.com) espécie de mural virtual, onde seus usuários adicionam e compartilham imagens, referências e dicas sobre os mais diversos assuntos, é um sucesso. Lançada em 2010, a rede social vem ganhando milhões de usuários, a ponto de já ter ultrapassado em números de acesso os grandes: LinkedIn, Google+ e Tumblr. Entre suas principais funcionalidades relatadas por seguidores em todo o mundo, destaque para a facilidade de usar a interação. Ou seja, tudo que chame a atenção pelo visual está lá. Ao começar a mexer no Pinterest, certamente o usuário vai perceber que o site é uma mistura de outras redes sociais já conhecidas. Com uma audiência formada majoritariamente pelo público feminino (segundo o New York Times, estima-se em 80% o número de usuários do sexo feminino), o Pinterest permite o upload de uma foto a partir da URL e oferece a opção de instalar o botão “Pin-it” no navegador, que facilita o upload de qualquer imagem da internet. O nome vem da união de duas palavras: “Pin” (alfinete), e “interest” (interesse). Com o perfil no Pinterest, é possível guardar imagens e também seguir pessoas com interesses comuns. Os álbuns são divididos por categoria. Nas imagens publicadas, existe a opção de comentar, compartilhar e curtir. Como os murais são abertos, as postagens ficam visíveis a qualquer perfil da rede. Isso significa que a ferramenta também é útil para lojas virtuais, visto que muitas empresas já possuem murais, onde postam produtos com o preço e link para a página de venda. Algumas empresas, inclusive, se adaptaram tão bem ao site, que o adotaram como um dos principais meios de comunicação entre seus clientes. É o caso da agência australiana Holler (pinterest.com/weareholler), que inovou ao transformar as páginas de seu antigo site em boards na rede, ou seja, agora a empresa utiliza o Pinterest como site oficial. Hector Souza, Mídias Digitais & Redes Sociais da Elancers (elancers.net), é um criativo nato. O jovem, que utiliza múltiplos estímulos para criar, trabalha ouvindo música e está sempre conectado ao Pinterest, onde segundo ele, tudo traz algo novo. O jovem considera válida a ideia da agência australiana Holler, porém arriscada. “É interessante no sentido de a empresa usar a rede mais comentada do momento para comunicação visual e se estabelecer por lá. Por outro lado considero arriscado jogar seu trabalho na rede, em uma plataforma que pode ou não permanecer aí por um bom tempo. A Procter&Gamble e a Philips, por exemplo, investiram pesado em 2006 e 2007 quando o auge da internet era o Second Life. A P&G investiu R$ 100 mil para organizar uma balada virtual nesta rede e dizem ter contabilizado R$ 400 mil em mídia espontânea, e com muita sabedoria de um de seus diretores já tinha consciência que ‘O Second Life não era um canal de compra, mas podia impactar na decisão de compra’. É muito legal ver uma empresa passeando entre as plataformas, mas legar a uma delas a missão de ser seu canal oficial, excluindo 91 > MARKETING | WIDE | 79 MARKETING um domínio.com, considero arriscado. Se o Pinterest morrer, como todas aquelas pessoas que tinham contato com a ‘marca’ darão continuidade a essa experiência?”, questiona. Inquieto, Hector é daqueles internautas de redes sociais que vasculham tudo, cada board, cada pin. Ele conta como o Pinterest é útil em sua carreira. “Um traço diferente me chama atenção para uma ideia nova, uma fonte diferente, uma proposta não muito comum. Aliás, uma das coisas que mais vem me chamando atenção é como novos designers estão recriando grandes marcas a partir de suas impressões. Sempre vejo novas artes para cartazes de filmes consagrados, marcas importantes e é tudo produzido por gente que tem paixão por essas marcas e filmes e que põe mãos à obra de forma gratuita, talvez até com a intenção de divulgar seus trabalhos e que por consequência inspiram outros. Já tirei várias ideias lá do Pinterest e o mais bacana é que algumas coisas eu posto no Facebook e como tenho visto a rede criada por Mark Zuckerberg como um ‘museu de grandes novidades’, ou seja, os mesmos memes, as mesmas piadinhas, as mesmas tiradas, quando trago algo novo do Pinterest para lá, sempre gera um buzz, um share, um like, e já recebi feedback de outras pessoas que simplesmente me cobram a postagem dessas imagens ‘diferentes’, como eles dizem. Eu os convido para o Pinterest, mas como sou 100% internet e nem todos são assim, algumas pessoas preferem a comodidade de verem o que eu publico a irem atrás das informações. Hoje o Pinterest é uma parte importante do meu trabalho, na empresa e fora dela. Eu escrevo contos e crônicas e algumas imagens do Pinterest têm me inspirado a escrever mais – fora que todos sabem que uma imagem vende muito mais. Até o Facebook sabia disso quando criou a Edge Rank”, avalia. PINTEREST PARA NEGÓCIOS Para Fernanda Galindo, sócia da Bistrô de Ideias (bistrodeideias. com.br), ao Pinterest é uma excelente oportunidade para negócios. “Principalmente por permitir a criação de links em suas imagens, os ‘repins’ que se espalham pela rede, são uma forma 80 | WIDE | 91 > MARKETING viral de divulgação do site de origem. Um estudo divulgado pelo Shareaholic, serviço de compartilhamento de links, mostrou que o Pinterest gerou 3,6% de tráfego para outros sites (em janeiro), e se mostrou mais eficiente que YouTube, Google+ e LinkedIn juntos para enviar pessoas ao site das empresas”, afirma. Porém, a diretora alerta que a exemplo das demais redes sociais, relevância é uma palavra-chave. Segundo ela, a divulgação das imagens é voluntária, e para que tenha muitos “repins” e “likes” tem que ser relevante para os usuários, ou seja, a imagem precisa chamar atenção. “Um produto que realmente interesse as pessoas pode ser compartilhado entre os usuários, e os interessados conseguem acessar o site de sua marca ao clicar na imagem, gerando maior tráfego para o site e divulgação para o produto/marca.” Ela conta que conheceu o Pinterest por meio de indicação de amigos e acabou se cadastrando para conhecer mais. Por ser designer, as imagens já fazem parte do seu dia a dia. Ela conta, inclusive, que já tinha o hábito de salvar imagens como inspiração para o trabalho de produtos interessantes ou boas referências para decoração de casa, uma área de interesse pessoal. “E é exatamente isto que me encantou no Pinterest. Ele permite que este processo de manter ideias visuais organizadas seja mais prático e divertido, e ainda conecta pessoas por meio de seus interesses, sejam ideias, eventos (como o planejamento de um casamento), estilo etc. O pensamento é bem aspiracional. Como as imagens são as grandes estrelas desta rede social elas precisam ser lindas, bem fotografadas e com boa resolução. Além disso, os ‘pins’ podem manter o link com sua origem, permitindo, por exemplo, encontrar o fabricante de um produto ao clicar sobre sua imagem.” Ao comentar sobre a decisão da agência australiana, Fernanda Galindo considera uma decisão interessante, “pois a Holler aproveitou o sucesso do Pinterest para ganhar visibilidade. Porém, ao migrar para esta rede social, a agência teve que se adaptar às suas limitações de estrutura, navegação e seguir o princípio da rede de se comunicar por meio de imagens bem impactantes. Com isso a agência perdeu a flexibilidade de um site externo.” “Nada pior do que entrar no Pinterest de uma empresa ou revista que você admira e ver que ele não é atualizado ou que as imagens que utiliza não são legais” NA OPORTUNIDADE, A DIRETORA DA BISTRÔ DE IDEIAS DEU 5 DICAS DE COMO USAR O PINTEREST DE MANEIRA MAIS ESTRATÉGICA, CONFIRA: 1. Seja Visual! As imagens são as grandes estrelas do Pinterest, por isso elas têm que ser lindas! O pensamento do Pinterest é aspiracional, as imagens e produtos que remetem ao desejo de ter ou ser daquela forma. Por isso, explore a emoção com imagens encantadoras. 2. Tenha bons modos. Respeite a opinião e imagens de outros usuários e sempre mantenha os créditos de seus pins. Um dos pontos positivos do Pinterest é conseguir saber mais sobre uma imagem que te interessou, seja por meio do site de seu fabricante, empresa de viagens, organizador de eventos etc. 3. Organize seus boards. O Pinterest funciona como um grande organizador visual, ou seja, ordenar seus boards por temas o ajudará a acessar suas referências e também a ter seguidores em áreas específicas. 4. Planeje seus objetivos. Como hoje existem muitas redes sociais, as empresas que quiserem entrar neste mundo devem ter atenção e planejamento. Nada pior do que entrar no Pinterest de uma empresa ou revista que você admira e ver que ele não é atualizado ou que as imagens que utiliza não são legais. 5. Entre no estilo Pinterest. Evite a autopromoção excessiva, busque promover ideias relevantes que envolvam emoção e não apenas produtos. O Pinterest ainda não tem um modelo de negócio definido, então é interessante estar atento e testar o modelo mais adequado à sua empresa. A redatora de Mídias Sociais da Wunderman (wunderman.com), Núbia Tavares, comenta tirar proveito profissional com o crescimento da rede. É que ela, inspirada na própria Holler, está querendo criar um board em seu pinterest com seu portfólio de trabalho. “Acho super bacana porque se você quer vender que é uma agência criativa, nada como ser criativo em sua apresentação. E o Pinterest permite isso, a união de texto e imagem de uma forma divertida e lúdica. Mas, claro, a execução é tudo. Se você não executa essa transformação do site em um board com imagens, pode ser um tiro no pé – o que não foi o caso da Holler, que fez isso de uma maneira muito bacana”, acredita. Na Wunderman, Núbia conta que atende um cliente de social media global que utiliza o Pinterest para postar imagens que podem ser usadas pelos analistas da marca ao redor do mundo. “Uso muito para buscar referências e material para produzir o conteúdo do cliente. Como trabalho diretamente com mídias sociais, fiquei sabendo ao mexer. Li pela primeira vez no Mashable (maior blog americano sobre Tecnologia, Social Media e afins). Ingressei porque achei que poderia ser interessante ter um local para guardar imagens bacanas e diferentes. Gosto de fotografia e imagens bonitas e vi que era uma maneira diferenciada de armazenar minhas próprias imagens na nuvem. Como tenho que pensar muito em como transformar conteúdo em algo chamativo para usar nas redes sociais dos meus clientes, também é uma maneira de me inspirar, de buscar referências legais para o meu trabalho.” DIREITOS AUTORAIS DE IMAGENS TÊM GERADO DISCUSSÃO Um ponto do Pinterest que tem sido muito discutido nos Estados Unidos refere-se ao direito de imagens de fotos que tem sido divulgadas e compartilhadas na rede. Ao contrário do Facebook, o foco do Pinterest é postar coisas que você encontra em outros sites, ou seja, de outras pessoas. Por isso, a probabilidade de se compartilhar conteúdo sem direitos autorais, ou permissão para isso, torna-se significativamente maior. Para evitar esse problema, o site tem uma ferramenta automática que garante que seja citada a fonte original de uma imagem capturada pelo botão “pin it” (“pendure esta imagem”). Porém, o mecanismo não foi o suficiente para evitar que fotógrafos e blogueiros passassem a evitar a rede social, pois seus trabalhos protegidos por direitos autorais (copyright) estavam sendo compartilhados sem autorização. Fique atento: se uma empresa tem uma imagem que pertence a outra pessoa em seu mural do Pinterest, ela pode receber uma carta do proprietário dos direitos autorais, acusando a empresa de violar seus direitos. E essas cartas podem levar a processos judiciais. Assim como em toda nova rede social, surgem diariamente diversos usos para a rede. Você certamente pode (e deve!) se apropriar de alguns deles para uso pessoal ou profissional. Separamos cinco formas de como você pode usar o Pinterest: 91 > MARKETING | WIDE | 81 MARKETING 1 – PINTEREST COMO SITE OFICIAL Foi o que fez agência australiana Holler, que transformou as páginas de seu site em boards na rede. 2 – PINTEREST COMO CANAL DE VENDAS Empresas podem utilizar seus boards no Pinterest para anunciar produtos e serviços, transformando o site em uma verdadeira vitrine social. O mais legal é que provavelmente alguns usuários irão dar repin em seus posts, o que fará seu produto se espalhar pela rede. 3 – PINTEREST COMO PORTFÓLIO É um dos usos mais claros da rede, especialmente para profissionais como fotógrafos, designers, ilustradores e infografistas. Os boards servem muito bem como catálogos virtuais para profissionais que trabalham com imagens. 4 – PINTEREST PARA TENTAR ARRUMAR NAMORADA Esse é mais para dar uma relaxada no “post”. Nos Estados Unidos, um jovem solteiro resolveu pedir a uma amiga para dar Pin em uma foto sua com telefone e email, tentando assim arrumar uma companheira pela rede, já que a maioria dos usuários é do sexo feminino. Porém, pelo visto, ele não conseguiu. Mas quem sabe você não consiga? 5 – PINTEREST COMO PLATAFORMA DE APRENDIZADO Você pode até se perguntar: “Como aprender algo em uma rede social de imagens?” Mas a verdade é que tem muito conteúdo de primeira sendo publicado no Pinterest. Principalmente para profissionais que trabalham com internet e em forma de infográficos. Basta fazer uma busca por “infographic”, por exemplo, para ter centenas de infográficos cheios de informação mastigada em sua tela. Claro que quase sempre você vai encontrar material duplicado, triplicado e replicados a mil na sua tela, mas é assim mesmo, conteúdo bom a galera dá repin. Afinal de contas, o repin é o “compartilhar” da rede. 82 | WIDE | 91 > MARKETING “Se você quer vender que é uma agência criativa, nada como ser criativo em sua apresentação. E o Pinterest permite isso, a união de texto e imagem de uma forma divertida e lúdica” NOVIDADES PARA O PINTEREST Após anunciar uma nova função que compartilha conteúdo também no Flickr, o Pinterest anunciou que em breve o site será traduzido para o português e outros idiomas. Para começar, a rede social vai se concentrar em cinco línguas: francês, alemão, japonês, espanhol (já disponível) e português. A companhia, que não divulgou datas para o lançamento das traduções, disse também que pretende criar versões em holandês, grego, italiano, coreano, malaio, russo, chinês simplificado, sueco e turco. De acordo com o Pinterest, assim como fez o Twitter, o projeto de tradução irá contar com a ajuda dos usuários. Um post no blog diz: “Se você falar uma (ou mais) dessas línguas e estiver interessado em nos ajudar a traduzir o Pinterest, entre em contato e avisaremos quando estivermos prontos.” Outra informação relevante para o mundo do Pinterest e que interessa donos de lojas virtuais, é que a rede social tem recebido novos investidores e pode ganhar um toque de social commerce. Segundo o The Next Web, por chamar atenção de quem trabalha com lojas online por conta, principalmente, do alto tráfego gerado pelo site, um dos investidores estratégicos em negociação é uma empresa da área de social commerce. Espera-se com isso que o site ganhe aquele “empurrãozinho” para trabalhar melhor com e-commerce, uma vez que diversas marcas já demonstram interesse em utilizá-lo como forma de alavancar as vendas. 91 > MARKETING | WIDE | 83 O MARKETING DA FGV E SEU LÍDER: MARCOS FACÓ As estratégias de marketing sempre foram imprescindíveis para o sucesso de uma campanha, ação e para alcançar resultados efetivos dentro de uma empresa. Marcos Henrique Facó, Superintendente de Comunicação e Marketing da FGV (Fundação Getúlio Vargas), é um conhecedor do assunto. À frente de uma das maiores instituições do país, reconhecida internacionalmente, Facó comenta com detalhe suas estratégias de marketing voltadas para a web, os resultados e o que está sendo planejado para os próximos meses. E os números são de impressionar: somente na Campanha Vestibular 2012 foram mais de 1 milhão de cliques, 2 milhões de pageviews e 265 milhões de impressões. As visitas ao site aumentaram 130% e contribuíram efetivamente para elevar em 19% o número de candidatos ao vestibular. Confira como as redes sociais alinhadas a um forte marketing acadêmico podem proporcionar excelentes resultados à sua trajetória. 84 | WIDE | 91 > MARKETING MARKETING WIDE: Como Superintendente de Marketing da FGV há nove anos e em contato direto com um público ávido por novidades, como aproveitar as oportunidades geradas pela velocidade das mudanças que o atual mercado atravessa? FACÓ: Temos diversos desafios por conta dessa velocidade tecnológica que atravessamos. E a nossa tarefa deve ser sistemática, pois precisamos usar a plataforma que o público da FGV utiliza, sobretudo o de graduação, que hoje transita nas redes sociais por muito tempo, seja via mobile ou via desktop. Entre todos os desafios, destaco quatro, que são fundamentais para alcançar esse público que busca novidades. 1) A DIVULGAÇÃO DO NOSSO VESTIBULAR E NOSSOS CURSOS. Estamos trabalhando para criar ações efetivas de comunicação, em nível nacional e internacional (cursos à distância). 2) RELACIONAMENTO. Uma vez aluno, a plataforma está ali para manter contato, para criarmos esse vínculo, que antigamente era por carta e telefone. Hoje o Facebook é o carro-chefe para gerarmos essa relação de troca entre nós e os alunos. Antes o FGVmail era divulgado por comunicados, notas, financeiro, secretaria, mas agora tudo será pelo Facebook. Inclusive, ao fazer a matrícula, já solicitamos a conta da rede social do aluno, pois o relacionamento será todo via Facebook. 3) COMO UTILIZAR ESSAS PLATAFORMAS ACADEMICAMENTE? A questão é como aproveitar esse “boom” e utilizar as redes sociais dentro dos cursos. Algumas escolas já usam o Ning (plataforma online que permite a criação de redes sociais individualizadas) como meio de comunicação entre os alunos, bem como para troca de informações e trabalhos. Porém há paradigmas a serem quebrados, uma vez que nem todos os professores estão inseridos nesse meio. É uma nova maneira de se readaptar, e por isso um grande desafio fazê-los entender e aproveitar os benefícios dessas redes. Ora, temos no mercado diversas tecnologias disponíveis (Apple, plataformas da iTunes, Google Docs, Microsoft) e a pergunta é: qual adotar? 4) EX-ALUNO. O LinkedIn é a nossa cartada. Por se tratar de uma plataforma voltada exclusivamente para o profissional, já temos grupos formados por ex-alunos da graduação, do MBA, e além disso a ferramenta te informa onde seu ex-aluno trabalha, seu atual cargo etc. E os números são interessantes: FGV Oficial 2.092 membros e MBA FGV 23.812 membros. Ou seja, no Linkedin os cadastros são atualizados, há credibilidade, e além disso posso ver quantos ex-alunos estão morando fora e seus respectivos cargos. Para se ter ideia, 127.946 perfis mencionam FGV à sua formação. São 1.937 ex-alunos que hoje moram nos Estados Unidos e, desses, a maior parte trabalha na Microsoft e em área financeira de grandes empresas. “MUITAS EMPRESAS FALHAM EM NÃO CONTINUAR SE RELACIONANDO COM O CLIENTE MESMO SEM O OBJETIVO DE RECOMPRA” WIDE: Há peculiaridades no marketing voltado para o setor de educação? Baseado nesse cenário, quais são os principais desafios do marketing no ambiente acadêmico? FACÓ: Sim, há peculiaridades na forma de pensar e fazer marketing no ambiente acadêmico. A nossa grande preocupação é manter a presença constante da instituição para um público que ao mesmo tempo que é diverso, é altamente qualificado (classe A/B). E isso de certa forma dificulta o nosso desafio, pois temos um público heavy user, considerado consumidores potenciais, que estão por dentro de tudo que envolve tecnologia. O desafio, então, é como continuar falando com o aluno durante quatro, cinco anos? Ora, diferentemente de outras empresas, que você só liga ou se manifesta quando há problemas no produto, na FGV os alunos se relacionam todos os dias, mas é óbvio ressaltar que surgirão ruídos. Para isso, temos uma equipe especializada e preparada somente para realizar monitoramento constante, identificando tendências. Temos um profissional full time responsável por esta demanda. Nosso objetivo é fazer com que o ex-aluno FGV carregue a marca com ele, que tenha orgulho de ter sido nosso aluno. E essa nossa estratégia dá certo, pois muitos retornam. Muitas empresas falham nesse sentido, em não continuar se relacionando com o cliente mesmo sem o objetivo de recompra. WIDE: A primeira edição da newsletter FGV News, direcionada ao público internacional, é uma novidade. Como foi a ideia de lançar esta publicação e em diversas plataformas? FACÓ: A partir do momento que visualizamos que as redes sociais gratuitas no Brasil começavam a dar sinais de sucesso, pensamos além, em ir mais longe ao estabelecer parcerias com empresas, agências e até com o governo no exterior. Identificamos essa necessidade de estarmos presentes em outro idioma. E por isso pensamos no Facebook e no LinkedIn em inglês. Para atender exclusivamente a esta demanda, a FGV contratou uma jornalista que nasceu na Inglaterra, filha de pais brasileiros e que agora está de volta ao Brasil para trabalhar. Ela vai assumir o conteúdo em inglês nas redes sociais da FGV. E recentemente, lançamos a primeira edição da newsletter, onde a pessoa se cadastra e passa a receber o conteúdo todo em inglês. 91 > MARKETING | WIDE | 85 MARKETING Vamos, inclusive, aderir a um formato de blog, onde o usuário poderá interagir, curtir e compartilhar. A sistemática já é semanal, porém até o fim do ano será diária. Queremos essa interação e aproximação total com nosso público. WIDE: A presença nas mídias sociais (Facebook, Twitter, Youtube, LinkedIn) é um dos carros-chefe da FGV. A prova disso é que hoje a Fundação já destina 70% de sua verba publicitária para as mídias online. Quais são as principais ações dentro das redes? FACÓ: Hoje destinamos 50% para verba online e 50% para verba offline. Já na Campanha do Vestibular FGV o índice sobe para 70% no online. No geral, temos um dos percentuais mais elevados do Brasil. E temos mesmo que continuar investindo e acreditando nesse investimento, pois nosso público está na internet, e ainda contamos com um plano de marketing bem elaborado e alinhado. Mas fica uma dúvida: porque as empresas não investem mais no online? Talvez por comodismo. As grandes agências de comunicação preferem e é muito mais fácil trabalhar dentro de uma verba com anúncios em revistas e televisão, do que trabalhar no universo online, que demanda mais trabalho, mais acompanhamento, visto que são inúmeras plataformas e ferramentas de mensuração. Penso que o profissional de mídia precisa aprender a utilizar mais essas ferramentas como um todo, ou seja, ele tem que encarar este desafio da constante atualização como parte da vida profissional dele. WIDE: Para monitorar os resultados das iniciativas de comunicação e marketing de forma mais eficaz e ter mais agilidade nas decisões, foi montada uma área de inteligência dentro do marketing da FGV. Como é estruturado esse departamento? FACÓ: A Superintendência de Comunicação e Marketing da FGV conta atualmente com 22 profissionais divididos entre Rio de Janeiro e São Paulo. Temos áreas de inteligência de mercado, análise de mercado, retorno das campanhas, pesquisa, monitoramento da concorrência e análise das ações. Além disso, temos uma equipe de marketing digital (coordenador, redes sociais, SEO, suporte, elaboração de relatórios). WIDE: O “Desafio FGV” tem parceria com 13 grandes empresas atuantes no país. Como a Fundação avalia a importância de manter parceiros estratégicos e ao mesmo tempo integrar os alunos, futuros profissionais que levarão o nome da Fundação para as mais diversas empresas e indústrias do país? FACÓ: A nossa ideia não era simplesmente divulgar o vestibular da FGV, e sim possibilitar e aprimorar o relacionamento entre os alunos e empresas. Pensamos em não somente oferecer essa plataforma para realização desse contato, bem como tomamos a responsabilidade de preparar esse jovem para ser um empresário ou executivo nessas grandes empresas. A verdade é que temos dois clientes: o jovem, que quer ser preparado; e a empresa, que tem interesse em contratar o aluno FGV. Nesse sentido, as organizações colocam-se dispostas a participar, oferecer estímulos para que o aluno também crie, pois acreditamos 86 | WIDE | 91 > MARKETING que esse jovem é um potencial gerador de conteúdo. A empresa escolhe a melhor ideia e premia o aluno com brindes, cursos, viagens e estágios. WIDE: Quais são os principais resultados já alcançados pela Superintendência de Comunicação e Marketing da Instituição este ano e o que está sendo planejado? FACÓ: Temos um resultado excelente. O número de candidatos é 20% maior, se comparado ao ano passado, e conquistamos aumento de 130% de visitação no hotsite do vestibular. Este ano ainda queremos aprimorar este tipo de ação e levar o sucesso dela para outras áreas, tais como MBA, Educação à Distância, cursos de extensão etc. WIDE: A FGV vem inovando em suas diversas ações de marketing voltadas para a web. Nesse sentido, a inteligência coletiva e as ideias de todos aqueles que integram o departamento são fundamentais para alcançar o êxito nas inúmeras ações que a FGV vem realizando? Como funciona o processo de fomento à inovação na Instituição? FACÓ: Temos uma preocupação constante com a inovação, no sentido de buscá-la e realizá-la. Essa busca por uma matricialidade no sentido de inovar tem a ver com o “olhar para fora”. Queremos nos posicionar como um gateway (porta de entrada) entre Brasil e exterior e vice-versa. Toda sexta-feira realizamos encontros com pessoas de diversas áreas, o nosso brainstorn. Na oportunidade, esses colaboradores trazem opiniões de fora, e muitas ideias são geradas nesses momentos. A nossa meta é também fazer este encontro online. Acreditamos muito no potencial desses colaboradores, baseado em culturas e gerações distintas. “MAS FICA UMA DÚVIDA: PORQUE AS EMPRESAS NÃO INVESTEM MAIS NO ONLINE? TALVEZ POR COMODISMO” 91 > MARKETING | WIDE | 87 SUAS EMOÇÕES EM SÉRIES UNIVERSAL CHANNEL APOSTA EM REDES SOCIAIS E COLHE ÓTIMOS RESULTADOS 88 | WIDE | 91 > MARKETING MARKETING Uma ação totalmente voltada para a interação e que ao mesmo tempo fizesse o receptor refletir sobre assuntos de forte impacto. Esse é o case desenvolvido pela Publicidade Interativa (publicidadeinterativa.com) para o lançamento da nova marca do Universal Channel (www. facebook.com/universalchannelbrasil). O canal precisava de uma campanha para aumentar o conhecimento de suas principais séries: House, The Good Wife e Brothers & Sisters. Para isso, a campanha fez uso de uma das redes sociais mais populares do mundo, o Facebook. Perguntas instigantes e vídeos compuseram esta ação de grande resultado CAMPANHA “As pessoas foram impactadas por questionamentos e assuntos relacionados a cada série, com o objetivo de facilitar a associação da série com o seu tema. Perguntas com bastante impacto, como por exemplo, ‘Você abriria mão da sua carreira por alguém? ’ criavam a interação do canal com a audiência. Tanto em formatos de publicidade diferenciados como em posts na fanpage, o retorno do internauta foi bem alto, atingindo números de comentários até então não experimentados pelo canal e muito acima da média dos concorrentes”, afirma o sócio da Publicidade Interativa, Bruno Dreux. A Fanpage da Universal Channel Brasil é comprovadamente um sucesso. Nela, o dinamismo e a participação dos fãs é marcada por seus números. Quase 274.000 pessoas curtem e mais de 13.000 estão falando sobre o assunto. Ao comentar esse feedback, Bruno Dreux lembra que a marca Universal Channel é muito forte. “Ela é um repositório de fortes emoções despertadas pelos grandes personagens de suas séries. O público brasileiro tem se mostrado cada vez mais ‘série-maníaco’. Esse sucesso que atingimos nada mais é que o reflexo de uma grande marca e ações relevantes criadas pela agência para suporte, como os posts de oportunidade. “Feliz Dia do Mau Humor” é um grande exemplo que atingiu a marca de mais de 1600 compartilhamentos quando ainda possuía um volume menor de fãs.” 91 > MARKETING | WIDE | 89 MARKETING Ao todo, foram mais de 10 pessoas envolvidas, entre planejamento, criação, mídia e atendimento. Desde o planejamento estratégico até a criação da campanha, houve desenvolvimento das ações online, que por sua vez se desdobraram em campanhas de mídia e ações específicas dentro do Facebook. “Fomos chamados para demonstrar como o novo conceito do canal ‘Emoções em Séries’ poderia ser desdobrado no meio digital. Depois disso, o acompanhamento e métricas de como estava tudo caminhando para garantir e superar o resultado esperado foi o nosso cheque-mate.” “ESSE SUCESSO QUE ATINGIMOS NADA MAIS É QUE O REFLEXO DE UMA GRANDE MARCA E AÇÕES RELEVANTES CRIADAS PELA AGÊNCIA PARA SUPORTE, COMO OS POSTS DE OPORTUNIDADE” SOBRE O UNIVERSAL CHANNEL O Universal Channel no Brasil é a associação entre a NBC Universal e a Globosat, maior programadora de TV por assinatura da América Latina. O canal está presente em 24 países na América Latina, com um total de 24 milhões de assinantes. No Brasil, o Universal Channel está em cerca de 7,3 milhões de domicílios assinantes, representando um potencial de cerca de 24,9 milhões de telespectadores 90 | WIDE | 91 > MARKETING Marketing de conteúdo Bruno Rodrigues A utilidade do conteúdo Para fazer um conteúdo valer, ele precisa ser útil – e utilidade não é um conceito tão simples de construir. Utilidade está ligada à necessidade. Para entender os anseios de informação de um público, não basta imaginá-lo indo às compras em um mercado, por exemplo. É uma visão simplista que na maioria das vezes nos faz dar com os burros n’água. ‘Eu preciso, procuro, acho e pronto’ – não é assim. Necessidade de informação é o encaixe perfeito entre quem a anseia, por que a informação é procurada e o que com ela se deseja fazer. Entender esta combinação nos permite dar um passo adiante na gestão de conteúdo: produzo com conhecimento de causa e acerto no alvo com pouca margem de erro. VAMOS ESTUDAR, ENTÃO, CADA PEÇA DO QUEBRA-CABEÇA: . Quem quer a informação Vá além de recortes habituais como idade, sexo e formação acadêmica. Na necessidade da informação, o foco essencial deve ser a profundidade com que o visitante de um site deseja uma informação. Há o superficial, o que deseja a informação básica e o que quer o ‘pacote’ completo, com todo o detalhamento possível. O pulo do gato não é conseguir atender todos estes, mas suar para conseguir entender qual entre os três é o mais constante. Se você descobrir que o perfil ‘pesquisador’ é o mais usual, então o conceito de utilidade de conteúdo em seu site deve se sofisticar. Neste caso, informação útil é informação com todos os ‘opcionais’ possíveis. A necessidade de informação é superficial? Então entenda que seu visitante deseja mais ‘pílulas’ de informação que conteúdo aprofundado. Mais assuntos, temas variados, uso de outros formatos que não texto são ferramentas que devem ser utilizadas para tornar seu conteúdo mais útil. . Porque a informação é desejada Prazer ou obrigação? Urgência ou todo o tempo do mundo? Conhecer o porquê de seu visitante querer uma informação muda a estratégia que você irá desenvolver para trabalhá-la. Se boa parte do público vai ao seu portal em busca de conteúdo que irá apoiá-lo no trabalho, objetividade deve ser o conceito ‘âncora’ a guiar o trabalho de utilidade da informação. Como não há tempo para o consumo, então o sucesso está em dar exatamente o que se quer. Se não há tensão envolvida no acesso ao seu conteúdo, então a persuasão é seu instrumento. Aproveite que o visitante está aberto a receber mais informações do que ele mesmo se propôs a consumir quando entrou no portal e envolva-o com outras informações. . Para que é a informação Seu visitante pode precisar de apenas uma informação e nada mais – e, neste caso, não adianta apresentar detalhamento ou informações semelhantes. Ele começará e terminará a visita pelo que está procurando. Por isso, pense em cada informação como se em seu site só houvesse ela. Você iria elaborá-la com um capricho que, naturalmente, não iria despender em um site com milhares de páginas, não é? Pois cada vez mais teremos este desafio: visitantes que acessam, via buscadores, um conteúdo específico. Seu site, para ele, é aquela informação. Sua marca cada vez mais será cada página separadamente. Um desafio e tanto. Contudo, um usuário pode ter o objetivo de juntar a informação que procura a outras para construir conhecimento. Neste caso, você deve servir de ‘agulha’, ajudando o visitante a criar uma ‘tapeçaria’ com informações que ele deseja costurar para criar algo mais consistente. Neste caso, informação é alimento para criar conhecimento. Quanto mais, melhor. Criar e gerir conteúdo depende muito de conhecer quem está do outro lado. Trabalhar por intuição é gasto de tempo e dinheiro. Será que seguimos esta lógica à risca? Bruno Rodrigues Consultor de Informação e Comunicação Digital, autor do primeiro livro brasileiro e terceiro no mundo sobre conteúdo online, Webwriting – Pensando o texto para a mídia digital (2000), de sua continuação, Webwriting – Redação & informação para a web (2006), e de Padrões Brasil e-Gov: Cartilha de Redação Web (2010), padrão brasileiro de redação web. Já ministrou treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação para mais de trinta empresas do Brasil e do exterior. Site: www.bruno-rodrigues.blog.br E-mail: [email protected] Twitter: @brunorodrigues 91 > MARKETING | WIDE | 91 MARKETING Web fora da caixa René de Paula Jr. Que tal um bom botox? Eu falo demais. É mais forte do que eu. Quando dou por mim, já era. A questão nem é tanto tagarelar o tempo todo, nesse sentido até que sou comportadinho. Na coreografia cotidiana de conversas casuais até que eu danço conforme a música e não piso tanto no pé do parceiro. O problema parece ser restrito a uma situação específica: debates. Well, acho que palestras também. E reuniões. E eventos. Se tiver um microfone, então, céus, é um massacre! Eu sugo todo o ar da sala. 92 | WIDE | 91 > MARKETING É bem feio isso, não é assim que se faz, mas volta e meia eu me empolgo e pronto, quando vou ver estou roubando a cena. Por sorte a plateia até que aparentemente se diverte (ou entra em choque, talvez), o que só piora a história pra quem queria falar e eu não deixei. A todos que enlouqueci, interrompi, interpelei, questionei ou atrapalhei, peço desculpas. É um vício horroroso e estou tentando melhorar :) Estou me sentindo especialmente culpado porque acabei de #occupy um evento bacana, o Varejo 2.0. Céus, como falei! Até gravei minha palestra para publicá-la online mais tarde, mas o vídeo era impublicável. Eu me empolguei demais e falei mais do que devia. Como diria um amigo engraçado, eu não cabia “em si”. No dia seguinte, mais calminho, porém ainda inspirado pelo tema, gravei um videocast insano (dirigindo, pasme... eu falo até no trânsito) e o publiquei com um título mais ou menos assim: o digital ficou coxinha, e os clientes hoje é que pensam fora da caixa. Well, não é para menos que meus videocasts sejam até hoje um fiasco de audiência :) Como se não bastasse obrigar o ouvinte a me acompanhar pelas ruas de Sampa, eu ainda cismo de pisar em todos os calos imagináveis. Que bom que não vivo de ibope, senão estaria frito. Para minha surpresa até que o vídeo fez sucesso. Vou fazer um resuminho aqui para te poupar de me assistir viajando na maionese em plena Marginal Pinheiros. A questão é simples e meio dolorosa: agências e profissionais de digital viraram “O problema - ou a salvação - é que alguns clientes acordaram para a importância da inovação e começaram a querer fazer coisas realmente fora da caixa, coisas que levassem seus negócios para um outro patamar” burocratas, business-as-usual, viraram coxinhas. O digital, que era tão revolucionário e disruptivo, ficou prisioneiro das especialidades: ou você faz social, ou você faz sites, ou SEO, ou link patrocinado, ou banners, ou... Um monte de gente se bitolando em caixinhas pequeninas e isoladas. O QUE HOUVE? As pessoas foram se acomodando e broxando? Ou... cada especialista desses na verdade se especializou em um jeito de fazer dinheiro? A minha tese é essa: como sempre foi um drama fazer dinheiro com digital, cada um foi se ajeitando num jeito X de pagar as contas. Quem conseguiu entrar no esquemão de campanhas de mídia e BV, não quer outra vida. Quem conseguiu ser pago para blogar, idem, e cada um foi se pendurando como pode nos bolsos dos clientes e veículos. Resultado: cada um ficou dependente de apenas um modelo de receita e vai sair por aí vendendo o que consegue faturar em cima. Por algum tempo esse arranjo serviu bem aos clientes, e garantiu que o arroz com feijão do digital fosse resolvido a preços módicos. O problema - ou a salvação - é que alguns clientes acordaram para a importância da inovação e começaram a querer fazer coisas realmente fora da caixa, coisas que levassem seus negócios para um outro patamar. (Espero ter contribuído de alguma forma, aliás, para esse despertar das grandes empresas. A hora que eu vi que agências só queriam fazer mais do mesmo eu fui cantar em outras freguesias: grandes marcas, startups... Esses caras sim queriam mudança) QUANDO UMA EMPRESONA QUER INOVAR PARA VALER ela procura quem? Gurus digitais? Sorry, mas esses caras estão com o mesmo papo há três anos, e se achar moderninho por falar em Digital é tão velho quanto falar em “TV a cores”. Agências disso ou daquilo? Vão puxar a brasa para sua sardinha. (Quer uma comparação? Digamos que eu entre numa crise de meia-idade e saia por aí pedindo conselhos. Se eu for a um cirurgião plástico, o cara vai me indicar uma lipo e botox. Se eu for a uma loja da Harley, vão me empurrar uma máquina reluzente e inexplicavelmente barulhenta. Se eu for a um astrólogo, personal trainer, pai de santo, cafetão... cada um vai me vender - e bem caro - o seu peixe. Ninguém vai me recomendar o óbvio, que é amar e viver, pois isso eles não vendem. Em digital é igual: pergunte a uma agência de social qual a melhor coisa a fazer. Duvido que te recomendem fazer um comercial de TV). Se as empresas não acham quem as ajude no mercado, como elas fazem? Criam um time interno com gente boa e pronto, o filé mignon da inovação não vai para agência alguma e elas que se contentem com o papai-e-mamãe. No Varejo 2.0 as melhores histórias eram de... clientes. Magazine Luiza, Netshoes, Bradesco... tudo feito in house. As melhores histórias de UX eu vi de perto na Locaweb, Bovespa... tudo feito por profissionais envolvidos no negócio, sem o rabo-preso que teriam 99% dos fornecedores bitolados por aí. Well, acho que já falei demais. O recado é simples: a inovação de verdade não é mais privilégio dos digeratti, esse papo já era. Esses caras sim já falaram demais. René de Paula Jr. É profissional de internet desde 1996 e passou pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, AgênciaClick, Banco Real ABN AMRO, Microsoft Brasil. É criador da “Usina.com”, portal focado no mundo online, e do “Radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área. Atualmente, trabalha na CUBOCC como diretor de new business. E-mail: [email protected] 91 > MARKETING | WIDE | 93 e-commerce VESTIDOS DE VICTORIA BECKHAM NO NET-A-PORTER. FONTE: NET-A-PORTER.COM Marcas de moda DESCOBREM O POTENCIAL DO E-COMMERCE Você sabia que no Brasil a categoria moda já é a quarta em número de vendas, a segunda em número de visitas e a primeira em browsing? A venda on-line de vestuário tornou-se uma verdadeira “febre” depois que as marcas de moda descobriram o potencial do e-commerce. A prova disso é a aparição de serviços especializados e investimentos no setor. Mas a grande questão é: Como aumentar ainda mais as vendas e alcançar o sucesso no e-commerce de moda no Brasil? É isso que você confere a partir de agora. E-COMMERCE D ados de uma pesquisa da WebShoppers, realizada pela consultoria e-Bit, mostram que o comércio de moda brasileira pela internet subiu do 26º lugar em 2007 para a quarta posição entre os segmentos que mais vendem em todo varejo eletrônico brasileiro no último ano. A pesquisa, que traz informações atualizadas sobre o perfil dos compradores online, mostra a mudança do comportamento dos internautas brasileiros. Já os especialistas apostam que a presença das grandes marcas varejistas na área de vestuário na internet incentivou outras marcas a entrarem na rede e o consumidor começou a comprar com mais segurança, ou seja, quebrando barreiras. Mas o perfil do consumidor brasileiro também colabora para atrair investidores – e multinacionais. No Brasil, o público se identifica com uma marca e é fiel ao canal de vendas. De acordo com uma pesquisa do Instituto de Estudos e Marketing Industrial, 96,4% dos consumidores que usam a rede para adquirir roupas dizem estar satisfeitos com as compras. Percentual quase igual diz que recomendaria o site para um amigo. Natan Sztamfater, CEO da Cookie Web, agência de marketing digital especializada em atendimento para lojas virtuais de pequeno e médio porte, lembra que muitas das empresas que estão crescendo no segmento moda online são têxteis, além de especialistas em internet, e que acabam concentrando suas marcas dentro dos shoppings. O resultado é esse “boom”, a exemplo das já consolidadas lojas virtuais da FARM (farmrio.com.br) e Shoulder (shoulder.com.br). “É fundamental ter um bom catálogo de produtos online, pois até mesmo o cliente que vai à loja física busca o online. Mas também temos aquela cliente que realiza a busca diretamente no site da Sholders, por exemplo, que possui um catálogo online de produtos totalmente voltado à conversão, e propicia uma experiência de compra positiva e satisfatória.” E a febre não é só no Brasil. Estilistas brasileiros de luxo como Amir Slama, Alexandre Herchcovitch e Emanuelle Junqueira, já apostam fortemente na venda on-line. Outras marcas nacionais, a exemplos de Hering, Rosa Chá, UMA, Folic, Ferracini e Piccadily integram o time de grandes marcas apostando no e-commerce de moda. A atriz Victoria Beckham é outra empresária que lançou sua coleção via e-commerce. Os vestidos mais vendidos das coleções de verão e inverno 2011 da estilista estão disponíveis no Net-a-Porter. Todos foram renovados para a venda especial. O e-commerce também oferece acessórios, óculos e outros modelos assinados por Victoria. Outra dica do fundador da Cookie Web, é fazer com que a experiência do cliente virtual seja parecida com a da loja. “Ou seja, ele tem que se sentir comprando naquela esfera que conhece, deve ter produtos similares, com os mesmos nomes, tamanhos, enfim, a grade de oferta de produtos deve ser a mais próxima possível (plataformas, ambientação etc.) Já para a loja online, gerar fluxo no site é um dos principais desafios, que pode ser realizado pelos buscadores mais específicos e pelos sites verticais, banners que teoricamente falam com seu público.” Uma estratégia que muitos esquecem de utilizar e que vem sido bastante aprimorada ultimamente, segundo Natan Sztamfater, é o Behavioral Retargeting, tendência de mídia atual, que consiste em trazer potenciais compradores de volta ao seu site. O Retargeting vem do inglês ‘target’ (alvo) e significa “mirar” novamente em um alvo que já foi anteriormente apontado. Pelo fato de o cliente interessado em comprar já ter navegado em sua loja, ficará mais fácil ele ser impactado com ferramentas (ex. banners) relacionadas com o assunto de interesse. NA PRÁTICA O usuário entra em uma loja virtual de roupas, entra na página de uma marca conhecida e por alguma razão sai do website. Ao continuar sua navegação este mesmo possível comprador poderá ser impactado por um banner da mesma loja, com aquela mesma blusa ou vestido. Isso representa um aumento de 500% em suas chances de conversão (se comparado à exibição do banner para um usuário não ‘tageado’). Manter-se líder e reconhecido diante de tanta concorrência é tarefa árdua. Segundo o CEO da Cookieweb, o cenário atual certamente é positivo para o cliente, mas para o lojista há inúmeros desafios. “A tendência é que as empresas mais fortes consigam sobreviver bem por conta do volume, investimento e tecnologia. O que nunca vai deixar de ter valor é o diferencial, independentemente do e-commerce. Você sempre terá resultados positivos se focar no co-bussiness. A Shoulder entrega moda, qualidade, tendência, mas não se esquece do seu valor de shopping, a exemplo da Rakuten e Dafiti.” Papel e caneta na mão e muita atenção às dicas que o especialista Natan Sztamfater deu aos leitores da Wide sobre como fazer o e-commerce de moda com sucesso: 1º PASSO: Fale sempre a verdade. Informação está muito fácil hoje em dia. Portanto nada de falar mentiras. Se precisar mentir para vender, melhor nem começar; 2º PASSO: Utilize as redes sociais. Não tenha medo delas, pois são elas que ajudam a potencializar sua marca. A indicação de um amigo, por exemplo, é uma grande conquista; 3º PASSO: Não economize tecnologia. Ao contrário do que muitos pensam, tecnologia é investimento e não custo; 4º PASSO: Terceirize serviços. Para garantir uma entrega espe- cial, se a empresa não está bem preparada – ou não tem um porte razoável –, uma saída é terceirizar os serviços, desde a plataforma utilizada até a distribuição; 91 > E-COMMERCE | WIDE | 95 E-COMMERCE 5º PASSO: Mídia. Acreditar que um site vai funcionar sem inves- LOJAS RENNER INVESTE EM DIFERENCIAIS timento em mídia é o fim. Ora, é preciso ter alto fluxo de pessoas para que o faturamento justifique. Nesse sentido, são imprescindíveis uma boa descrição de produtos, organização das sessões, definição de custos etc. Desde outubro de 2010, a Lojas Renner apresenta uma plataforma de negócios que permite ampliar a comunicação e o relacionamento com os clientes. Com investimento divulgado de R$ 5 milhões, o site www.lojasrenner.com.br integra itens de vestuário, acessórios e calçados no atual mix composto por moda íntima, relógios e perfumaria. A partir de um estudo capitaneado pela Lumens Consultoria, a Lojas Renner detectou o que os clientes buscavam quando compram pela internet: segurança, navegabilidade e facilidade de uso. Com foco nessas premissas, a empresa desenvolveu seu e-commerce, com sinergia com as lojas físicas para construir uma relação ainda mais estreita com os clientes. Grandes marcas apostam no e-commerce de moda O gerente de e-commerce da C&A, Elio França e Silva, garante que a moda tem crescido muito no Brasil. Segundo ele, hoje ocupamos uma posição de destaque, inclusive mundialmente. “Sempre fomos conhecidos por nossa criatividade, aliada à qualidade e competitividade. Os eventos de moda se propagam por todo o país, os cursos e faculdades de moda ganharam força, e a moda hoje é respeitada e importante dentro do mercado”, afirma. França e Silva destaca ainda a veia fashionista do brasileiro, que se manifesta de várias formas, desde as manifestações culturais regionais que tem um código próprio até o lançamento de um grande número de marcas desenvolvidas por pequenos empresários. Ele defende que moda pede criatividade e ousadia e o brasileiro tem estas características. A C&A, que hoje possui uma série de canais de comunicação com o público (Blog, Twitter e até um brand channel no YouTube), busca no ambiente digital fazer mais do que apenas publicidade, há um investimento grande em conteúdo, conforme explica o gerente de e-commerce da empresa. “A diferença é que ampliamos o leque apostando em um canal inédito e independente no Brasil, que propõe traduzir tendências e novidades do universo fashion para o público interessado.” 96 | WIDE | 91 > E-COMMERCE ESTRATÉGIAS A navegação com filtros por características específicas de cada produto - marca, preço, cor e tamanho - permite que o consumidor encontre o item com mais comodidade. O cliente conta ainda com um álbum com sugestão de looks completos para comprar as peças em um único clique. Um estúdio fotográfico foi montado exclusivamente para atender o novo canal e garantir a troca frequente da composição de looks sugeridos, além de maior detalhamento dos produtos por meio da variedade de fotos. O site utiliza tecnologias de web 2.0, como busca inteligente, Search Engine Optimization e Q&A semântico, permitindo uma melhor experiência e agilidade na localização de produtos e dúvidas dos clientes. O portal possui efetiva sinergia com as diversas lojas físicas, que são pontos de trocas de mercadorias. Para facilitar a compra, 91 > E-COMMERCE | WIDE | 97 E-COMMERCE o e-commerce da Lojas Renner oferece pagamento em até 12 vezes sem juros no Cartão Renner. A Lojas Renner também possibilita a troca/devolução de mercadorias em até 30 dias após a compra, estendendo o prazo de sete dias que a legislação regulamenta. Para atender a demanda, um centro de distribuição terceirizado com capacidade de armazenagem de até 250 mil itens foi contratado, em Embu (SP), especialmente para as vendas online. CANTÃO APOSTA EM DEMANDAS ESPECÍFICAS Já para Ana Claudia Freitas, Gerente do Canal E-commerce da Cantão, o maior desafio do e-commerce de moda e vestuário é proporcionar uma experiência de compra agradável e surpreendente dentro das especificidades desse canal. “Temos que comunicar a marca e os produtos com uma grande riqueza de detalhes e com uma navegabilidade ‘friendly’ que faça a cliente se encantar mesmo sem experimentar as peças. Para isso, fotos detalhadas, vídeos, sugestões de looks, informações de medidas são fundamentais. Se estes itens vierem acompanhados de uma boa política de troca ou devolução as chances de sucesso aumentam ainda mais”, acredita. Ao avaliar o cenário do comércio eletrônico na atualidade, Ana Claudia lembra que hoje é comum a loja virtual figurar entre as que mais vendem em suas respectivas redes e esse, aposta ela, é um caminho sem volta. “Atualmente existem diversos softwares abertos de e-commerce com recursos que podem ser adaptados para o universo da moda - independente do DNA de marca. Nesse sentido, existe um desejo de buscarmos um formato de e-commerce que, assim como uma loja física (com seu projeto de arquitetura, visual merchandising, vendedoras etc) traduzam o universo do Cantão. O acesso via dispositivos móveis também está cada dia maior e a compra por meio deles já é uma realidade muito presente.” As estratégias do e-commerce de moda da Cantão são planejadas de acordo com demandas específicas. Na loja online as clientes têm acesso a um mix de produto muito semelhante ao das lojas físicas. E como a sua capacidade de exposição de produtos é infinita, ela tornou-se um ótimo canal de venda de peças de coleções anteriores. “Além disso, este ano passamos a utilizar vídeos em todos os produtos do site, para melhorar a exibição de atributos que a imagem não é capaz de comunicar tão bem, como o caimento do tecido, por exemplo. Recursos como estes nos ajudam a melhorar cada vez mais o nosso resultado. O grande segredo para ser reconhecido diante de tamanha concorrência é por meio da inovação constante focada na felicidade dos clientes, da preocupação com a experiência de compra online e do desenvolvimento de conteúdo, que ao mesmo tempo vende e promove o engajamento da marca”, diz. A gerente do Canal E-commerce da Cantão revela que a empresa divulga promoções e novidades diariamente. As redes sociais também são um excelente meio de divulgação dos lookbooks e vídeos. “Mas acima de tudo, é por meio das redes sociais que construímos um relacionamento com as nossas clientes. Nosso e-commerce entrega para todo Brasil o mesmo sortimento disponível em nossas lojas físicas e também peças de coleções anteriores com preços promocionais.” 98 | WIDE | 91 > E-COMMERCE Ana Claudia Freitas, da Cantão, deu 5 dicas importantes sobre o e-commerce de moda: 1- Foco na experiência do usuário; 2- Atenção constante aos indicadores de performance, que podem ser retirados do Google Analytics, por exemplo; 3- Boa política de trocas e devolução; 4- Conteúdo bem elaborado: fotos, vídeos, descrição dos produtos; 5- Pontualidade nas entregas. LOOKS VIRTUAIS O Fashion.me é um rede social que está redefinindo a maneira como as pessoas interagem, descobrem, compartilham, recomendam e consomem moda na Internet. Inclusive, recentemente, a modelo e apresentadora Ana Hickmann, fechou parceria com a rede para ser a sua modelo virtual oficial. Com isso, apaixonados pelo mundo da moda podem criar looks e vestir a top model para conferir o caimento das roupas mais desejadas do mercado. A criação de looks em Modelos Virtuais possibilita que marcas disponibilizem produtos e coleções para que os usuários componham visuais em formato mais interativo, trazendo mais realidade e imagens fiéis aos looks. Dessa forma, a criação em Modelo Virtual oferece aos amantes do mundo da moda a oportunidade de conferir o caimento dos lançamentos e marcas mais desejadas pelos consumidores. “Quando conheci o projeto Fashion.me me apaixonei! Os empreendedores idealizadores do Fashion.me conseguiram revolucionar o mundo da moda nas redes sociais. Eu vejo moda e internet de várias formas: revistas, TV, minha própria marca, minha loja virtual, Twitter, Facebook e Flickr. E fazer parte desse mundo é algo maravilhoso e uma grande oportunidade!”, afirma Ana Hickmann. Outra inovação que o Fashion.me traz com a opção de criação em modelos virtuais é o social commerce, onde ao criar o look e ver o caimento, os produtos tem um link diretamente para a loja virtual da marca. A loja virtual da Ana Hickmann já está integrada com a rede social. Os internautas também podem montar os looks do Fashion.me diretamente na loja virtual da modelo. 91 > E-COMMERCE | WIDE | 99 Como está e para onde vai o mercado de compras coletivas? Com a ascensão das compras coletivas, o brasileiro está reaprendendo a comprar e até conseguindo realizar alguns desejos antes considerados praticamente impossíveis. Tudo isso graças aos descontos oferecidos quando o coletivo compra um produto ou adquire um serviço. E já são inúmeras as notícias e novidades a respeito das compras coletivas, porém, qual o futuro dessa modalidade de compra tão fascinante? Para falar sobre o assunto, convidamos os porta-vozes dos principais sites de compras coletivas do Brasil, que proporcionaram um rico debate de como está e para onde vai esse mercado. Confira. 100 | WIDE | 91 > E-COMMERCE E-COMMERCE OPINIÃO Julio Vasconcellos Presidente e cofundador do Peixe Urbano No último mês só se falou disso: IPO do Facebook. Para os que gostam de versões pueris, a história contada no filme “A Rede Social” é suficiente. Para os que querem entender o fenômeno com todas as suas matrizes, o livro “O Efeito Facebook” se aproxima mais à história como ela de fato aconteceu. Assim como nas redes sociais, que começaram partindo de um modelo único e depois tomaram caminhos distintos, o mesmo ocorre no mercado de compras coletivas: no início, “uma lista de e-mails” e “uma ideia na cabeça”; hoje, além de um claro processo de consolidação, estratégias diferentes são adotadas pelas principais empresas do setor. Muitas experiências estão sendo realizadas neste segmento no mundo inteiro. Enquanto alguns players investem na expansão geográfica de um modelo já bastante estruturado, chegando a dezenas de países quase simultaneamente, outros têm investido na implementação de modelos complementares com foco em uma única região. Assim como Facebook e Google não se veem apenas como uma rede social e uma empresa de busca - o último sendo conhecido também por projetos como Google Glass (óculos de realidade aumentada) e DriverlessCar (carro autônomo), o futuro das compras coletivas não é necessariamente o negócio principal de hoje: as ofertas diárias com descontos agressivos que incentivam o usuário a experimentar novos produtos, serviços e atividades em sua cidade. No Brasil, em apenas dois anos, vimos este segmento evoluir com uma velocidade difícil de imaginar antes do lançamento. Iniciamos a empresa com um modelo extremamente simples: uma oferta diária por cidade, e acredito que esta simplicidade tenha sido essencial naquele momento, quando o conceito ainda não existia no país. Poucas semanas depois, já observando a alta aceitação por parte dos consumidores e das empresas, além de expandir o número de cidades e de ofertas, começamos a explorar novos tipos de promoções. Foi assim que Viagens & Turismo se transformou em uma de nossas principais categorias. Passamos a ajudar os nossos usuários a explorar não apenas a sua própria cidade, mas também o melhor de outras cidades mundo afora. Hoje, as ofertas diárias são apenas o começo do que enxergamos como possibilidades no horizonte do comércio eletrônico para serviços locais. Reservas online e delivery para restaurantes são dois exemplos de novas áreas que, como as compras coletivas, também ajudam as pessoas a conhecerem novos estabelecimentos em diferentes cidades. Em algumas regiões do mundo esses serviços já estão bastante estabelecidos, e na maioria dos casos, evoluíram de forma independente das compras coletivas. Nos Estados Unidos, por exemplo, cada um desses segmentos já conta com um forte player e, por consequência, as inovações nesse âmbito têm ocorrido dentro dessas grandes vertentes. Como no Brasil esse mercado ainda é incipiente, existe um grande espaço para inovação, seja vertical ou horizontal, e para um crescente descolamento de estratégias de empresas no exterior. O importante será continuar tendo agilidade e adaptabilidade para poder aproveitar o enorme potencial que existe hoje em nosso país e na América Latina. Lembrando que não existe o “plano perfeito”, e sim o constante aprendizado. “Mercado de compras coletivas: no início, ‘uma lista de e-mails’ e ‘uma ideia na cabeça’; hoje, além de um claro processo de consolidação, estratégias diferentes são adotadas pelas principais empresas do setor” 91 > E-COMMERCE | WIDE | 101 E-COMMERCE Guilherme Ribenboim CEO do ClickOn De R$ 0 a R$ 2 bi em dois anos: que outro mercado tem esse desempenho? Não há dúvidas de que o mercado de compras coletivas é um fenômeno na história da internet. Afinal de contas, em apenas dois anos, o setor alcançou um faturamento de quase R$ 2 bilhões e abocanhou, aproximadamente, 10% do market share do e-commerce. Mas e agora? Para onde vamos? Acredito que, agora, com o mercado em amadurecimento, vamos continuar a ver os principais players em ação, buscando maior qualidade nas ofertas e ações diferenciadas. Algo que possa agregar valor em uma oferta além dos descontos. Queremos também melhorar a experiência de compra do usuário. Consequentemente, isto nos traz uma preocupação ainda maior quanto à qualidade dos parceiros de produtos e serviços. No começo, enquanto novidade, o mais importante eram os descontos em serviços como estética e restaurantes, o quanto o consumidor iria economizar. Agora, a diferenciação está na qualidade das ofertas de serviços, de produtos e de viagens, ou seja, esse diferencial tornou-se fator crítico para o sucesso do negócio. Além disso, trabalhamos a verticalização do site, com canais específicos para produtos, viagens, tecnologia etc. Tudo isso facilita nosso conhecimento sobre os interesses do consumidor, de forma a criar uma ampla base de informações sobre esse potencial comprador, com o objetivo final de oferecer sempre aquilo que realmente o interessa. Esses são alguns pontos principais, que vão impulsionar os próximos anos do mercado. Se as empresas conseguirem se encaixar nessa nova tendência, não tenho dúvidas de que o mercado continuará crescendo em ritmo acelerado. Michiel Kerbert Presidente Imperdível O mercado de compras coletivas atende clientes que buscam pela melhor prestação de serviços com economia e oportunidades, e é nesse caminho que o mercado deverá se direcionar cada vez mais: proporcionar as melhores parcerias com fornecedores de qualidade para oferecer aos seus clientes. Acredito que precisamos nos reinventar continuamente para que possamos atender as expectativas e desejos dos consumidores. Como portal de vendas, precisamos perguntar a nós mesmos o que podemos fazer de melhor, como podemos atrair clientes novos e fidelizar ainda mais os que já possuímos? O mercado de “Compras Coletivas” faz uma intermediação de comodidade e oportunidade entre o consumidor e o fornecedor, e a chave do sucesso é criar valor para os dois. Quando as 102 | WIDE | 91 > E-COMMERCE necessidades e desejos mudam, é preciso nos adaptarmos rapidamente com as novas tendências e condições e, claro, se conseguirmos antecipar essas necessidades e desejos será ainda melhor para todos. Com o aumento das vendas pela internet, a variedade de produtos e serviços a serem ofertados deve seguir uma tendência de incremento significativo. Se não vai ao encontro do desejo pessoal dos clientes, não basta ter um parceiro com uma boa oferta. Os consumidores estão cada vez mais exigentes e a cada dia há mais formas e locais para que o usuário expresse isso na internet. Logo, o mercado precisa se adaptar e estudar a melhor forma de lidar com esse público. Todos nós gostamos de nos sentir bem, valorizados, entendidos e tratados com carinho e respeito. O consumidor é que vai definir com quem vai interagir, e a escolha será sempre aquele que oferecer melhores condições para ele realizar seus desejos e vontades. Assine e ganhe um catálogo exclusivo Assine a Revista Wide e ganhe um exemplar do Catálogo “Agências Interativas & Criativos do Brasil”, uma publicação exclusiva da Arteccom, em português e inglês, que traz uma compilação dos melhores e mais bem sucedidos cases desenvolvidos no Brasil! Esse catálogo é uma excelente forma de conhecer o trabalho de diversos profissionais criativos e agências, além de ser uma rica fonte de inspiração. ESCOLHA O PLANO DA ASSINATURA E PARTICIPE DESSA PROMOÇÃO! Assinatura versão impressa: 3 x de 39,67 Renovação da assinatura versão impressa: 3 x de 35,67 Assinatura versão online: 3 x de 31,67 Aquisição do catálogo avulso: 19,90 para assinantes Wide ou 29,90 para não assinantes (enviar email para [email protected] solicitando o catálogo avulso) Obs1: o parcelamento é feito somente no cartão de crédito Obs2: a assinatura é válida por 2 anos e dá direito a 12 exemplares, que serão distribuídos bimestralmente w w w. r e v i s t a w i d e . c o m . b r 91 > E-COMMERCE | WIDE | 103 Web & business Rafael Esberard É tudo FREE! Em 1980 Raul Seixas lançava seu álbum de título “Abra-te Sésamo”, e uma de suas faixas era uma música chamada “Aluga-se”, o qual provavelmente você já deve ter ouvido seu refrão em que começa assim: “Nós não vamos pagar nada, nós não vamos pagar nada! É tudo free! Tá na hora agora é free!” e por aí seguia toda uma crítica bastante criativa para a época sobre a entrada do capital estrangeiro no Brasil e como poderíamos simplesmente alugar nosso país para os “gringos”, vivendo de renda a partir de então. O cenário mudou muito nos últimos 30 anos, e nosso Raul Seixas mesmo no ápice de sua genialidade não teria imaginado a revolução digital e todos seus impactos que ela está tendo na sociedade que, a cada dia que passa, fica mais alternativa, porém nesta música seu tiro raspou o alvo, que explicarei abaixo. 104 | WIDE | 91 > E-COMMERCE Em 2010 estive na Web 2.0 Expo em Nova York e lá, pela primeira vez, fiquei impactado com a ideia de que os valores das coisas na verdade estão mudando para uma nova forma de ser pensada, era a palestra de Douglas Rushkoff, explicando a inspiração e tema de seu livro que estava sendo lançado chamado “Life Inc.”. Comprei e li, e em resumo o tema central de seu livro gira em torno de como gastamos nossa mais preciosa moeda, a vida, sobre o que fazemos com ela e de como todas as corporações estão querendo comprar de você exatamente isso, sua vida, ou melhor, seu tempo. Sei que pode parecer loucura à primeira vista, mas é isso realmente o que acontece e tem acontecido nos levando até uma máxima que eu particularmente adoro: Se você não está pagando por algo, talvez você não seja o consumidor, provavelmente você está sendo o produto. Bem, com esse primeiro cenário posso voltar um pouco no nosso amigo Raul Seixas e realmente justificar o motivo pelo qual raspou no alvo, na verdade não estamos alugando o Brasil, estamos alugando os Brasileiros, e na verdade pessoas do mundo inteiro, nosso tempo, ou seja, nossa vida diariamente usando serviços “de graça” de empresas como Google, Facebook, Twitter, Zynga, e muitas outras, onde gastamos horas e horas de vida na web sem gastar financeiramente nada. Ok, neste momento sei que meu leitor pode estar se sentindo um pouco desconfortável, mas não fique, não tem porque virar um radical ou se revoltar contra as empresas que estão há anos coletando e capitalizando tudo o que você deu a eles sem perceber, afinal está existindo uma troca aqui, pior se não houvesse, e tenha certeza que no Brasil existem coisas muito mais caras que nos cobram e não temos nenhum tipo de retorno, então aceite essa troca que acontece na internet, é uma das novas regras do mundo que está surgindo no novo capitalismo da era digital. Porém, o mais importante neste artigo é entendermos como isso é um importante fator da inversão econômica desta relação que tem acontecido, onde uma das principais chaves para entendermos nossa atualidade em que muito se repete é: “o cliente agora está no poder” e as empresas estão extremamente preocupadas em entender o que esses clientes querem. Bom, eles esperam que todas as empresas e/ou marcas estejam oferecendo produtos ou serviços, sejam bastante gratas pelos clientes estarem ali gastando um minuto de sua vida com elas, e que por isso sejam rápidas, agradáveis e eficientes. Nos próximos anos, as empresas que não entenderem isso estarão mortas. Bem, concluindo este artigo espero ter trazido à tona a ideia de que em toda relação comercial que está a nossa frente nos dias de hoje, pode não estar sendo apenas negociado o valor monetário direto, pois muitas empresas estão aprendendo como monetarizar outros valores envolvidos em uma relação. Então, se você tem participado desta revolução digital nos últimos anos, com certeza você percebeu que muita coisa está cada vez mais simples de serem experimentadas e adquiridas, digo isso em praticamente todos os sentidos, de produtos a serviços. Portanto, pare e pense: nunca foi tão fácil comer pela metade do preço em um restaurante ou se hospedar em um hotel; nunca foi visto tantos e-commerces oferecendo fretes grátis na web; nunca consumimos tanta informação, entretenimento e cultura na história da humanidade pagando tão pouco ou nada. Nunca. Afinal, pare e pense: se paro por cinco minutos para ouvir a música de um cantor e fico maravilhado com sua arte, será que apenas ele está fazendo algo por mim e eu não estou ou estarei fazendo nada mais por ele? Nos dias de hoje, com tudo que temos a nossa volta... Vale a reflexão. MAGÊ-MALIEN CRIANÇAS QUE BRILHAM Este projeto destina-se a buscar, através da prática da capoeira, a realização de sonhos, ideias e expressões do indivíduo. É destinado aos grupos menos favorecidos: população carente, jovens de rua, infratores, abandonados, entre outros. COORDENAÇÃO Jorge Marinho (Mestre Bode) PATROCINADORES Rafael Esberard Trabalha há 15 anos com internet, é consultor de novos negócios para grandes e médias empresas com foco na estratégia de novos empreendimentos no mundo digital, em específico e-commerces. Fundou a AWM Interactive há 10 anos, empresa especializada em desenvolvimento de e-commerce, e, em 2010, fundou a Hubee, empresa de consultoria com foco no preparo, ROI e melhoria de empreendimentos de e-commerces. Possui graduações e pós nas áreas de Gestão da TI, é palestrante e professor de pós-graduações nas áreas de negócios e estratégias na web. E-MAIL: [email protected] TWITTER: @rafaelesberard PARA AJUDAR ENTRE EM CONTATO: [email protected] 89 > E-COMMERCE | WIDE | 105 www.arteccom.com.br/ong www.arteccom.com.br/org 106 | WIDE | 91 > E-COMMERCE 91 > E-COMMERCE | WIDE | 107 Web & business Roberto Wajnsztok Eu também quero ganhar dinheiro na Web! Por que estão pipocando startups na web? Por que muitas existentes estão recebendo injeção de investimento, com grandes investidores por trás, private equities, conglomerados nacionais e multinacionais? Os empreendedores brasileiros, e profissionais desse mercado (como vocês leitores!) nunca tiveram tantos motivos para comemorar. São Tigers, Carlyles, Amazons, Rockets, Partners, Rakutens, Facebooks, Eikes etc, investindo de um lado, e do outro, os recentes sites de compras coletivas, as redes sociais de forte engajamento e potencial para social commerce, os shoppings online e os ecommerces. Tem dinheiro para todos os lados, e o potencial é inegável em um mercado que cresce a dois ou três dígitos, dependendo do segmento. Estamos prestes a enfrentar uma nova “bolha”, ou estamos simplesmente redefinindo nosso mercado consumidor, e essas empresas e esses investimentos são apenas os veículos dessa grande odisséia da nova sociedade de consumo? Melhor do que ter as respostas para essas perguntas, é mergulharmos no “por que?”, assim entenderemos os movimentos e tiraremos o melhor proveito disso tudo: eu também quero ganhar dinheiro na Web! 108 | WIDE | 91 > E-COMMERCE O momento Brasil versus o momento fora do país favorece o movimento dos investidores, pois quem tem dinheiro em mãos logicamente optará por investir em mercados que crescem 5-10-15%, do que em mercados, mesmo locais e conhecidos, que crescem 1-23%, ou negativos. Aliados à recente estabilidade econômica brasileira, e outros assuntos mais técnicos que não cabem em um artigo como o nosso... chegamos a esse promissor momento Brasil. Quando alguém decide investir... seja o padeiro em um novo forno para sua padaria, ou o Facebook comprando o “simples” Instagram por 1 bilhão de dólares... o pensamento é o mesmo: meu investimento tem que voltar! Seja em 10 meses (para o impaciente português dono da padaria) ou 10 anos (para uma empresa que investe bilhão em um negócio). Nesse ponto que começa o nosso mergulho sobre esse assunto. Não importa o seu papel nessa dinâmica toda, o fato é que estamos todos lutando para que nossos negócios alcancem a lucratividade necessária para compor os investimentos dos donos ou acionistas e para pagar com bônus abundantes aos seus funcionários. De forma que cada movimento do seu negócio na web tem que vir acompanhado da pergunta clássica: isso dará lucro e retorno no prazo que preciso? A resposta, ou a falta dela, ou pior, a imprecisão dessa resposta, pode dizer muito sobre o quão claro está o atual cenário de internet que você está enxergando. Lembre-se que dos grandes negócios web que se aventuraram na Nasdaq nos últimos dois anos, somente os papéis do LinkedIn se valorizaram... Longe de querer desanimar os leitores da Revista Wide, quero torná-los profissionais mais completos e com visões mais claras do mercado que participam ou desejam participar. Poderia ficar páginas e páginas falando de cases de empresas que estão ganhando muito na internet, e outras que estão perdendo muito, então não há máxima radical nesse caso, o mais importante é saber por que e como. Essa análise começa com ninguém menos do que o PRÓPRIO CONSUMIDOR dos seus produtos e serviços. No caso de um novo produto ou serviço, significa um novo mercado, por consequência, um novo tipo de consumo, o que requer ainda mais precisão, pois da mesma forma como a onda foi para um lado, ela pode virar para outro. Mas o mesmo não vale para mercados já existentes, pois o dinamismo da atual internet é surpreendente. Então a mesma análise que embasou a definição de trabalhar nesse mercado, tem que ser revista com certa frequência, dependendo das características de cada negócio. O mais importante é que as tomadas de decisões de investimento venham após essa análise, do contrário, sua empresa pode estar tomando decisões erradas, que podem repercutir no curto, médio ou longo prazo, mas repercutirão. Não que eu queira dificultar ainda mais o processo, mas quando nos referimos ao consumidor, é no sentido amplo da palavra: o que, onde, quando e como consome, e como será daqui pra frente. Essa visão 360º é fundamental para entender se o investimento que estou fazendo no meu ecommerce de um segmento específico é do tamanho do potencial do mercado desse segmento, no prazo que me determinei a retornar o investimento. É igualmente fundamental para entender se o investimento que estou fazendo em minha agência, por exemplo, para atender esse segmento, é proporcional ao real tamanho que esse mercado terá nos próximos anos. Nunca calcule pela alta ou pela baixa, mas pela média do momento atual até onde você quer chegar. Difícil, não?! Você não é o único, nem está sozinho nesse desafio... Quer uma dica? Pergunte ao seu cliente real ou potencial! Seja uma grande empresa, um pai de família, ou uma garota tentando estilizar uma foto tirada na balada ontem, para enviar a alguns amigos via seu novo smartphone... Pode ter 1 bilhão de oportunidades nessa resposta! Lembre-se: a diversão só está começando... Roberto Wajnsztok Graduado em Publicidade e Propaganda pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso - RJ, e MBA em Gestão pela ESPM - RJ. Professor de Marketing das Faculdades Integradas Hélio Alonso, Universidade Gama Filho, ESPM - SP, Curso Internet Innovation, Faculdade Impacta de Tecnologia. Gerente de Internet no Shoptime.com, Comprafacil.com, e atualmente Diretor de Marketing e Business Development do Walmart Brasil. Especialista em Consumidor, Marketing Estratégico e Ebusiness. 91 > E-COMMERCE | WIDE | 109 E-COMMERCE E-commerce Mariano Faria O futuro do e-commerce no Brasil A epidemia do comodismo O Brasil representa 61% do comércio eletrônico da América Latina. O Brasil cresceu a taxas médias de 35% nos últimos oito anos. Um sucesso, né?! Então, este retrato do passado é razão de muito orgulho. E o futuro também será? A conjuntura global da economia (EUA de lado, UE na sua maior prova e Ásia em desaceleração) atrelada ao incremento orgânico que a marca Brasil ganhou devido às Olimpíadas e a Copa do Mundo fez com que o nosso país se tornasse o cavalinho da vez. Muitos dos que estão lendo viveram a época do nosso famoso Bozo (para os leitores que nasceram após 1983 procurem no Google e surpreendam-se como nós idosos de 35 anos nos divertíamos aos 12 anos), onde sempre o cavalo malhadinho ganhava as corridas. Era aposta certa. O Brasil é o cavalo malhadinho do Bozo. É uma aposta certa. No entanto, este quadro gera um comodismo perigosíssimo. Os executivos não precisam se esforçar 110 | WIDE | 91 > E-COMMERCE para bater as metas. Com a era do “vamos às compras” dos fundos de investimento no Brasil, os empreendedores esqueceram-se de focar suas energias em construir empresas globalmente competitivas. Atualmente 10 entre 10 empresas do setor estão sendo abordadas por estrangeiros para avaliação de compra. Isso é um cenário muito perigoso. Executivos acomodados e empreendedores desfocados. Rogo para que uma nova era Collor atinja o coração dos empresários brasileiros de e-commerce. A abertura do mercado brasileiro à competitividade global não é somente necessária como iminente. Se nós brasileiros quisermos ser competitivos globalmente (e não há alternativa para a sobrevivência) temos que nos mexer. O mundo está girando em uma velocidade maior que o Brasil. E nós estamos nos sentindo o cavalo malhadinho. Isso é temeroso. A Espanha, bola da vez da crise econômica que assola o mundo há quatro anos, possui praticamente 25% de desempregados. Em todas as crises a humanidade se supera. E não é diferente no velho continente. Por incrível que possa parecer, todos os parâmetros do e-commerce da Espanha são melhores que os do Brasil. Enquanto o Brasil possui um mercado de e-commerce de 7,8 bilhões de euros, a Espanha (territorialmente apenas um Estado do Brasil) possui 9,5 bilhões. Enquanto o Brasil cresceu 18% em 2011, a Espanha cresceu 28%. O que devemos fazer quando um cavalinho concorrente cresce mais do que nós? Entrarmos no mercado deles, correto? Não é assim que os executivos e empresários brasileiros do e-commerce pensam. Há uma “epidemia” de comodismo entre todos os gestores. Estamos vendo uma quantidade enorme de empresas estrangeiras, com o sentimento de sobrevivência entrar no Brasil. Isso ou fará com que nossa indústria acabe nas mãos de estrangeiros ou fará com que os brasileiros acordem para um mundo que gira mais rápido. Nos dois cenários o futuro será muito movimentado. Parece propaganda de guerra. Enquanto os gringos nos iludem dizendo a todos que o Brasil é o “cara” da vez, eles estão fazendo a lição de casa e se armando para um cenário de competitividade global. No setor de e-commerce a competitividade global é uma realidade mais evidente que em demais setores da economia. A barreira de entrada é praticamente nula. Um exemplo de que não estamos nem de perto jogando o mesmo jogo é que a Dafiti (empresa do admirável grupo Rocket) ao ver o apagão dos recursos humanos no Brasil buscou na Alemanha mais de 30 profissionais para tocar sua expansão no Brasil. Enquanto isso os brasileiros de outras empresas ficam tristes porque não conseguem preencher quadros e contratar. Ficam reclamando que o mercado está sem gente e que os profissionais estão caros. E aí?? Os outros se movimentam e reagem. Nós reclamamos. #DOCTOR WEB - PRÁTICAS COMPROVADAS PARA AUMENTO DE CONVERSÃO 1) Recuperação de carrinho – algumas empresas possuem mais de 10% de seu faturamento oriundo de ferramentas de recuperação de carrinho. Existem algumas empresas brasileira oferecendo ferramentas para recuperação o de carrinho. Isso é uma aposta certa. AO NOS SENTIRMOS COMO O CAVALO MALHADINHO DO BOZO GLOSAMOS A NECESSIDADE DE AGIR. AO SER ILUDIDO COM A CERTEZA DA VITÓRIA, O CAVALO MALHADINHO CERTAMENTE NÃO “PERFORMA” O QUE PODE. 2) Simplifique seu Checkout. Elimine a necessidade de senha de sua loja. Pense: por que os usuários precisam de senhas para comprar? 40% dos usuários não lembram de suas senhas. Estamos em um mundo de autenticação social. Não exija de seus usuários que lembrem de suas senhas. Eles podem não ser tão teimosos a ponto de esperar um email de lembrar senha para então seguir com a compra. Resultado observado pela Loja Online Nokia é de um aumento de mais de 80% de conversão. COM AS ENTRADAS DA AMAZON E DO E-BAY (DOIS GIGANTES DO E-COMMERCE MUNDIAL QUE AINDA NÃO ESTÃO ENTRE NÓS) O E-COMMERCE BRASILEIRO VAI SENTIR UM BAQUE. UM CHOQUE DE GESTÃO SERÁ NECESSÁRIO PARA QUE AS EMPRESAS BRASILEIRAS SEJAM COMPETITIVAS. TOMARA QUE NÃO SEJA TARDE. Em 04 de junho de 1940, Churchill discursou: “Nós devemos lutar nos mares, com a crescente confiança e crescente força no ar, devemos defender nossa ilha. Lutaremos nas praias, nos locais de pouso, nas ruas e nos campos...” Naquele momento Churchill instigava os ingleses a se defenderem e a realizarem um algo a mais. Ao inverter a força do comodismo da rendição em força de ação para a vitória, Churchill fez história. Minha modesta contribuição é urgir para que nós brasileiros tenhamos a coragem necessária de lutar o jogo globalizado do controle do comércio eletrônico. Somos capazes. Temos tecnologia. Estamos capitalizados. Temos apenas que tirar o ranço do efeito “visto de entrada”. Fomos acostumados a pedir permissão para entrar nos países alheios. E isso nos tornou submissos ou, no limite da intepretação, cômodos. Que levantemos a bandeira da coragem de lutar. E tenham certeza. Temos muitas chances de vitória, ainda por cima com os nossos “inimigos” achando que somos o “Cavalo Malhadinho”. Vamos nos apoiar nesta propaganda para imediatamente entrar no terreno alheio. Nunca tivemos tal posição de conforto. Lembremos que um dos principais princípios da guerra é que a admiração é uma arma. Hoje (como nunca na história deste país – enfim algo que posso repetir do nosso ex-presidente) o Brasil possui a ter admiração do mundo. Em vez de comodismo, vamos gerar motivação. Ter a força para liderar um avanço global das empresas brasileiras no e-commerce não é ambição, é um mérito de sobrevivência. 3) Aumente a foto de seu produto na página de produto. A foto deve ocupar metade da tela. Esta é outra aposta certa. Vejam o site da Polishop e vejam exemplos excelentes. Aumento esperado de 10% na conversão. Mariano Gomide de Faria Diretor executivo da empresa de tecnologia Vtex, membro do conselho de administração do E-commerce Summit e presidente do conselho da Estação do Vinho. E-mail: [email protected] 91 > E-COMMERCE | WIDE | 111 O maior evento de e-commerce do Brasil! 10 CIDADES, 5.000 PESSOAS, MAIS DE 120 PALESTRAS O EDTED E-commerce é um sucesso comprovado. Após 16 edições e agora com uma abordagem voltada para o mercado de comércio virtual, o evento continua rodando 10 capitais ao redor do Brasil, com cases inovadores e alto nível de especialistas na condução das palestras. Tudo isso em um ambiente agradável e propício ao networking. Os congressistas ainda têm acesso aos estandes dos patrocinadores, que oferecem diversas soluções de e-commerce para o mercado. Arteccom. Inovação para o ambiente corporativo. SIGA A ARTECCOM NAS REDES E FIQUE POR DENTRO DAS NOVIDADES w w w. e d t e d . c o m . b r 112 | WIDE | 91 > E-COMMERCE 91 > FRONT | WIDE | 3 4 | WIDE | 91 FRONT