fevereiro 2012

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Ano IV • N° 10 • Fevereiro 2012
Capa
Canal Médico do CDB
Relacionamento entre equipes multidisciplinares
Criado há dois anos pelo CDB – Centro de Diagnósticos
Brasil – como mais uma ferramenta em busca da
excelência na prestação de serviços de medicina
diagnóstica, o Canal Médico tem como principal objetivo
estreitar o relacionamento entre as equipes médicas
multidisciplinares do CDB e o médico, ou a equipe, que
solicitou o exame.
“Com o avanço da medicina, o atendimento às
patologias mais complexas requer maior apoio dos
exames diagnósticos. Esses exames, por sua vez, são
cada vez mais tratados por equipes especializadas”,
comenta Dr. Juan Cevasco, médico radiologista do
CDB.
O canal médico foi concebido para que o médico
solicitante do exame tenha acesso direto à equipe
responsável pelo diagnóstico no CDB. Intermediado
por um profissional capaz de direcionar as dúvidas ao
especialista, este contato oferece auxílio tanto para
a eliminação de dúvidas e discussão dos resultados,
quanto para o agendamento de um eventual exame
emergencial ou especial.
“Um dos pontos mais importantes e que representam
uma grande vantagem no diagnóstico é que podemos,
graças a esse canal, colocar todo o conhecimento do
laboratório e de suas equipes de sub-especialidades
à disposição do médico e, consequentemente, do
paciente”, relata Cevasco. “Com a agenda apertada
e a vida atribulada desses profissionais, é importante
que haja abertura e disponibilidade da equipe de
radiologia que realizou o procedimento em um de seus
pacientes, por exemplo. O Canal Médico oferece um
toque de qualidade que pode influenciar positivamente
o tratamento daquele paciente”, finaliza.
O Canal Médico funciona pelo telefone 11 5088-1055
ou pelo e-mail [email protected]. Ainda no
primeiro semestre de 2012, o canal deve ganhar força
ao integrar um portal completo na web para facilitar o
acesso a resultados e o agendamento de exames.
TC de Baixa Dose para Rastreamento de Câncer
A relação risco-benefício do rastreamento por TC para o diagnóstico
mais precoce do câncer pulmonar tem sido bastante discutida há muitos
anos. O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer
no mundo, em parte devido a muitos casos serem diagnosticados em
estágios avançados da doença, quando começam a surgir os maiores
sintomas.
Como principais desvantagens em submeter um paciente ao
rastreamento tomográfico, destacam-se: alta taxa (até 95%) de
diagnósticos falso-positivos (nódulos benignos), aumento da realização
de procedimentos invasivos, exposição à radiação e ansiedade
causada pela possibilidade de um diagnóstico de câncer. Por outro
lado, estudos em pacientes de alto risco recentemente publicados,
como o NSLT (National Lung Screening Trial – EUA), mostram a
redução de cerca de 20% na mortalidade quando comparados ao
grupo rastreado apenas com o RX de tórax.
O exame realizado com baixa dose não é adequado para avaliação
de partes moles do mediastino e da parede torácica, assim como para
alterações pulmonares mais difusas, devendo ser solicitado apenas
quando o objetivo é exclusivamente o rastreamento de nódulos.
Até o momento, conforme publicação da NCCN (National
Comprehensive Cancer Network – EUA), recomenda-se realizar o
rastreamento por TC de baixa dose apenas nos pacientes de alto risco
para câncer de pulmão (mais de 55 anos com tabagismo de mais de
30 anos-maço ou mais de 50 anos com tabagismo de mais de 20 anosmaço e um fator de risco adicional, como histórico familiar ou pessoal
Ponto de Vista
de câncer, exposição ocupacional/
pneumoconioses, fibrose pulmonar ou
DPOC).
Vale lembrar que cabe ao clínico avaliar
o risco-benefício e tomar, juntamente
com o seu paciente, a decisão de
realizar ou não este tipo de exame de
rastreamento.
Uma vez detectados, os nódulos
pulmonares deverão entrar em um
algoritmo diagnóstico que pode
envolver inclusive a necessidade de
procedimentos invasivos como cirurgia
ou biópsia. Estes algoritmos também
estão propostos nos guidelines da
NCCN.
Para que não haja dúvidas no momento da realização do exame, o pedido médico deve
ser preenchido com clareza, utilizando os termos “TC de baixa dose do tórax (ou dos
pulmões) para rastreamento (ou screening) pulmonar (ou de nódulos pulmonares)”. Se
houver indicação clínica para avaliação de quaisquer outras possibilidades, deve-se
solicitar simplesmente TC de tórax, que será realizada então com protocolo de rotina.
Recomenda-se que o screening por TC seja abordado num contexto multidisciplinar,
com a possibilidade de envolvimento de clínicos, oncologistas, cirurgiões torácicos e
pneumologistas, entre outros, além do radiologista especializado em tórax.
* Dr. Moacir Moreno Junior, médico-coordenador do grupo de radiologia torácica do CDB.
Sampa
São Paulo: cidade de muitos estilos
Eu nasci em São Paulo e amo tanto essa cidade que a homenageei
em uma música em que digo: “Em São Paulo onde eu nasci, eu não
queria sair daqui. Eu saí fora só pra dar um tempo, não te esqueci por
nenhum momento”. Morei em tantos
países, passei por diversos lugares e
conheci muita gente, mas São Paulo
é como um refúgio onde encontro
tudo o que eu preciso.
Com apenas um ano de idade fui
para os Estados Unidos, onde fui
alfabetizado. Mas, ainda jovem,
voltei para o Brasil e me instalei nos
Jardins, em São Paulo. Foi em 1994
que retornei à Nova York, permaneci
por mais seis anos e pude notar as
grandes semelhanças entre as duas
megalópoles como a arquitetura, a
night e até mesmo o trânsito.
*Supla e seu irmão João Suplicy
Com a Brothers Of Brazil fechamos
contrato com uma gravadora norte-americana e o ônus deste projeto
foi ter de passar bastante tempo fora do meu país. Nos apresentamos
em cerca de 140 shows internacionais nesta última turnê, mas nada
se compara aos nossos fãs brasileiros. Recentemente fizemos um
show no Ibirapuera, onde ficou clara a animação dos paulistanos. É
interessante notar como esse povo demonstra sua paixão, inclusive
pelo artista. É uma adoração tão grande, acho o maior barato.
Nesta fase mais madura da carreira, damos preferência por tocar
em lugares que nos ofereçam boa qualidade de som. Assim conseguimos levar um
show bom ao público. Mas isso não nos impede de tocar em lugares punks como, por
exemplo, o “Outs” [rock bar alternativo localizado na Rua Augusta, região central].
Pensando em música, São Paulo é referência
para qualquer tipo de som independentemente
do estilo musical. Para quem curte Rock, a
Rua Augusta é um dos melhores pontos. Mas
temos também o HipHop, muito forte nas
periferias, e o famoso samba dos botequins.
Além dessa diversidade, me encanto pela
mobilidade que a cidade oferece para quem
vive em horários malucos como os meus.
Se quiser comer um lanche ou comprar
uma revista, vou conseguir a qualquer hora,
mesmo à noite ou de madrugada. Alguns
lugares da cidade merecem destaque,
como o Theatro Municipal que passou por
uma reforma e ficou ainda mais bonito; o
restaurante Ravioli, no Jardim Paulistano, que
tem o melhor bife a milanesa de São Paulo ou ainda o tradicionalíssimo Terraço Itália e
sua vista incrível da cidade.
Por ter vivido grande parte da minha vida em São Paulo tenho milhões de histórias
marcantes e ótimas recordações, como as idas aos estádios de futebol sempre
acompanhando a Torcida Jovem do Santos. Saídas sempre muito divertidas.
*Supla, cantor e compositor que atualmente integra o Brothers Of Brazil ao lado de seu irmão
João Suplicy
Casos Clínico-Radiológicos
Caso 1
A
B
C
D
Paciente do sexo feminino, 57 anos, com queixa de cefaleia, hipertensão arterial e palpitações intermitentes.
Estudo de RM do abdome superior.
Figura A: sequência FDE ponderada em T2 evidenciando lesão sólido-cística na adrenal esquerda com nível líquido-líquido.
Figuras B e C: imagens coronais da sequência gradiente ponderada em T1 “em fase” e “fora de fase”, respectivamente, evidenciando a ausência de componente gorduroso intralesional.
Figura D: sequência gradiente T1 pós-contraste LAVA demonstrando marcado realce do componente sólido da lesão.
Diagnóstico – Feocromocitoma da adrenal direita com degeneração cística.
O feocromocitoma é causa incomum de hipertensão arterial, porém deve ser sempre considerado em pacientes com hipertensão intermitente, resistente a terapêutica usual ou na concomitância de sintomas
associados (como o caso apresentado). Em relação ao feocromocitoma, devemos lembrar que 10% são bilaterais, 10% extra-adenais, 10% malignos e 10% estão associados a síndromes familiares, tais como
Von Hippel-Lindau, neurofibromatose ou neoplasia endócrina múltipla tipo 2. A cintilografia com metaiodobenzilguanidina (MIBG) marcada com iodo 131, que é captado pelos receptores de catecolaminas, é
especialmente útil nos feocromocitomas extra-adrenais, múltiplos, metastáticos e nas recidivas tumorais.
Caso 2
A
B
C
D
Paciente do sexo masculino, 15 anos, queixando-se de epistaxe recorrente.
Figuras A e B: imagens axiais de tomografia computadorizada antes (A) e após (B) a injeção venosa de contraste iodado evidenciam lesão expansiva sólida na fossa pterigopalatina esquerda (setas vermelhas),
com contornos bem delimitados e intenso realce (hipervascularizada).
Figura C: imagem axial com janela óssea demonstra extensão à rinofaringe através do forame esfenopalatino alargado (seta vermelha).
Figura D: imagem sagital com janela óssea revela remodelação da parede posterior do seio maxilar, sem sinais de invasão.
Diagnóstico – Nasoangiofibroma juvenil.
Caso 3
A
B
C
D
Paciente do sexo feminino, 42 anos, com sequela de poliomielite na perna direita, em uso de prótese de silicone na panturrilha. Há dois meses notou alteração morfológica da panturrilha direita, sem dor.
Figuras A e B: sequências de RM no plano coronal, ponderadas em T1 e em T2 com saturação de gordura, evidenciam atrofia difusa da musculatura da perna direita, além da presença de prótese na panturrilha. Há imagens lineares serpiginosas de baixo sinal no interior da prótese (“sinal do linguine”).
Figura C: sequência de RM no plano axial, ponderada em T1. Seta branca: atrofia muscular. Seta vermelha: imagens lineares no interior da prótese.
Figura D: sequência de RM no plano sagital, ponderada em STIR.
Diagnóstico – Ruptura intracapsular de prótese de silicone. As rupturas de próteses são relativamente comuns, sendo o “sinal do linguine” um achado de imagem patognomômico da ruptura intracapsular.
Organização: Dr. Moacir Moreno Júnior, médico radiologista do grupo de Tórax do CDB.
Colaboradores nesta edição: Dr. Luiz Tenório de Brito Siqueira, Dr. Alcino Alves Barbosa Junior e Dr. Jorge G. C. Pedroso.
Surf: válvula de escape para profissões estressantes
O mar me fascina desde pequeno. Aos 12 anos, junto com os meus amigos
de praia, comecei a me interessar pelo surf e, desde então, nunca mais
consegui abandonar o esporte. Hoje, aos 38 anos, médico radiologista,
continuo dedicando parte do meu tempo à prática do surf. Com a correria da
profissão fica quase impossível ir ao litoral com a frequência de antigamente,
mas sempre que possível separo um sábado por mês para fazer um “bate
e volta”.
A partir do terceiro ano da faculdade, ficou praticamente inviável continuar com
o surf e me senti obrigado a abrir mão pela medicina. Este “abandono” durou
cerca de 10 anos. Antigamente só surfava com “pranchinhas” (surfboard),
que exigem melhor preparo físico e habilidade. Devido ao pouco tempo de
que disponho atualmente, opto agora pelos “pranchões” (longboard), que
exigem menos preparo físico e ainda assim dá para pegar boas ondas.
Sendo uma das profissões mais estressantes, a medicina exige controle e
concentração constantes de seus profissionais. O surf funciona como uma
válvula de escape, uma forma que encontrei para me desligar de todas as
atividades profissionais por pelo menos um período de tempo. Enquanto
surfo, posso relaxar, apreciar a bela paisagem, ter contato com a natureza e,
além disso, manter a boa forma.
* Dr. José Eduardo B. Cabral
Minhas praias preferidas são as do Guarujá e do litoral norte de São Paulo,
que têm as melhores ondas e condições perfeitas para o surf. Esportes
que levam o contato com a natureza proporcionam relaxamento e aliviam o
estresse, trazendo benefícios à saúde física e mental.
Meus filhos, Miguel e Bruna, de 3 e 6 anos, ainda são muito pequenos e,
por enquanto, estão aprendendo a nadar. Mas, assim que possível, quero que possam experimentar a sensação de “dropar” sua primeira onda. É algo
inexplicável. Só quem já teve essa sensação sabe do que estou falando.
* Dr. José Eduardo B. Cabral ([email protected]) é médico radiologista do Grupo de Medicina Interna do CDB
Lupa
Vacinação: o modo eficiente de proteção
O objetivo principal da imunização é a erradicação da doença; o objetivo imediato é a prevenção da doença em indivíduos ou grupos. Essa prevenção
geralmente é realizada através da vacinação, que estimula o sistema imunológico adaptativo a gerar anticorpos e células T, que reconhecem e recordam
os patógenos e aprendem a responder a eles de um modo mais forte a cada exposição. A proteção conferida pela vacinação pode durar muitos anos, às
vezes a vida toda.
A erradicação global da varíola em 1977 e a eliminação da poliomielite das Américas em 1991 servem como modelos para o controle de doenças através
da imunização.
A imunização ativa envolve a administração de todo ou parte de um microorganismo ou um produto modificado deste microorganismo (um toxóide, um
antígeno purificado ou um antígeno produzido por engenharia genética, por exemplo) para produzir uma resposta imunológica imitando aquela da infecção
natural.
As vacinas que incorporam um agente infeccioso intacto podem ser vivas (atenuadas) ou mortas (inativadas).
Estas propriedades têm consequências reais na prática de vacinação, afetando as condições de armazenagem, o cronograma, a eficácia esperada, as
contraindicações e eventos adversos.
Desde a descoberta da vacina em 1796 por Edward Jenner, de modo empírico, até os dias atuais onde é empregada a engenharia genética na construção
de vacinas, muitas vidas foram salvas.
*Dra. Maria Domicilia Loução Marcos Castrale, imunologista responsável pelo setor de vacinas do CDB
Expediente
Esta é uma publicação do CDB - Centro de Diagnóstico Brasil
Coordenação: Roberto Kalil
Conselho Editorial: Dr. Juan Cevasco, Dr. Moacir Moreno Junior, Dr. Fernando Fachini,
Dr. Emílio Montuori Neto
Projeto Editorial/Gráfico: MarkeThings Comunicação e Eventos • www.markethings.com.br
Jornalista Responsável: Marcela Marques Mtb: 47.833 • Redação: Inara Jacqueline
Colaboradores: Dr. Moacir Moreno Júnior, Dr. Juan Cevasco, Dr. Luiz Tenório de Brito Siqueira,
Dr. Alcino Alves Barbosa Junior, Dr. Jorge G. C. Pedroso, Dr. José Eduardo B. Cabral, Dra. Maria
Domicilia Loução Marcos Castrale e Supla.
Revisor: Ewerton Silva
Envie suas críticas e sugestões para o e-mail: [email protected]
*Esta publicação adota a nova ortografia da Língua Portuguesa. Todas as informações técnicas são de
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