TApoio Artrite psoriática 5

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Texto de apoio ao curso de Especialização
Atividade Física Adaptada e Saúde
Prof. Dr. Luzimar Teixeira
Artrite psoriática
A artrite psoriática (AP), também conhecida como artrite psoriásica ou osteoartropatia
psoriática, é uma das mais freqüentes doenças reumáticas, pertencente ao grupo das
moléstias com fator reumatóide negativo, chamado de espondiloartropatias.
AP é a mesma coisa que psoríase?
Sim. Representa 10% dos pacientes que sofrem de psoríase, que afeta cerca de 4% da
população mundial. A psoríase é conhecida desde os tempos bíblicos como uma doença
que afeta a pele, unhas e couro cabeludo, provocando placas em formato de gotas ou de
moedas com descamações grosseiras, tal qual uma caspa espessa; aspecto de
unhasem- dedal ou de delaminação das várias camadas das unhas, deixando, então, um
aspecto de unhas corroídas, sujas ou com micoses. As lesões de pele variam de uma a
duas ou até uma grande quantidade, isoladas ou confluentes, sempre elevadas em
relação à superfície da pele saudável; são de cor rósea, cobertas de várias camadas de
escamas,
que
se
destacam
quando
arrancadas,
dando
um
aspecto característico de vela raspada que irá sangrar como pequenas gotas de orvalho
à medida que se aprofunda a raspagem. Evolui por longos períodos com exacerbações e
remissões. Piora no inverno ou em crises emocionais.
Quais são as localizações preferidas da AP?
Atinge especialmente a pele dos cotovelos, joelhos, umbigo, nádegas, couro cabeludo,
orelhas e área da barba. Algumas novas lesões podem se desenvolver em locais de
atrito ou de pequenos ferimentos. Pode agravar-se com uma descamação generalizada
de toda a superfície corporal, deixando o individuo com uma cor avermelhada, conhecida
como eritrodermia. Outra complicação é conhecida como pustulose, quando tem aspecto
de pequenas vesículas de pus, principalmente na palma das mãos ou na planta dos pés.
Cada placa produz prurido ou coceira e sensação de queimação no local, o que leva o
paciente a tentar remover com suas próprias unhas cada uma das lesões.
A psoríase causa outros problemas além daqueles de pele?
Pode causar inflamações oculares, como conjuntivites ou uveítes, além de,
principalmente, os sintomas articulares.
Quais são os sintomas reumáticos da AP?
São dores articulares e artrites variadas, podendo atingir, também, tendões, bacia e
coluna vertebral. Geralmente, aparecem em uma parcela de 10% de portadores de
psoríase, em geral depois de longos anos sofrendo dessa enfermidade; entretanto, pode
preceder, isto é, pode aparecer mesmo antes do surgimento das lesões iniciais na pele,
o que torna o seu reconhecimento pelo reumatologista bastante difícil.
Em que idade é mais freqüente a AP?
Como a manifestação da pele surge entre 10 e 40 anos, a AP costuma ser detectada
entre os 30 e 50 anos de idade. A causa da psoríase e da AP permanece desconhecida,
mas parece existir uma predisposição genética, tendo em vista uma evidente agregação
familiar. Não há evidências de relação com infecções, porém a psoríase é mais grave em
aidéticos.
Existe relação entre a intensidade da AP e a gravidade das lesões de pele?
Não há uma evidência nítida, porém, em alguns casos a AP é de tendência mais
deformante
em
pacientes
com
psoríase
mais
extensa,
principalmente
com
comprometimento das unhas. Nos casos de AP afetando a coluna, é mais comum
ocorrer uveíte, pois esses pacientes são portadores do marcador genético HLA-B27, que
predispõe a esse acometimento oftálmico.
Há um padrão típico de AP?
Existem dois padrões básicos, um afetando a coluna e outro as articulações das
extremidades. Na coluna, a queixa é de dor lombar e nas nádegas, de caráter
inflamatório, isto é, surge em repouso, durante o sono, e exige que o paciente se levante
para se movimentar, reduzindo a dor e a rigidez. Pode afetar até os movimentos
respiratórios, quando atinge as articulações das costelas com a coluna torácica. Produz,
ainda, dores na nuca ou na coluna cervical. Este padrão é do tipo espondilítico.
E o segundo tipo?
É o periférico, atingindo as pequenas articulações das falanges dos dedos, joelhos,
tornozelos e pés. Pode afetar tendões, gerando um aspecto típico de “dedos-emsalsicha”, e atingir a planta dos pés, com dores calcâneas como fascites ou bursites. A
prolongada evolução determinará, quando não for adequadamente tratada, deformidades
com lesões radiológicas que serão características da AP.
Existe uma confirmação por exames?
Em geral, a avaliação em consulta com o reumatologista é suficiente para o diagnóstico.
No entanto, pode ser difícil nos casos com discretas lesões de pele, sem alterações de
unhas ou mesmo da pele, o que pode ocorrer em até um terço dos casos. Os exames
são indispensáveis para diferenciar a AP de outras espondiloartropatias, da artrite
reumatóide e até da gota, uma vez que pode ocorrer elevação do ácido úrico no sangue.
O paciente muitas vezes se surpreende com a confirmação desse diagnóstico, na
maioria das vezes por manifestar forma discreta da doença cutânea ou por não ter sido
adequadamente examinado, por exemplo, nas unhas ou no umbigo.
Como se orienta o tratamento?
Esta é uma situação típica de uma abordagem multidisciplinar. Devem atuar em conjunto
o dermatologista, o reumatologista, o fisioterapeuta, o oftalmologista e os demais
profissionais de apoio. Raramente, há necessidade de hospitalização, a não ser nos
casos de eritrodermia quando ocorrer febre e distúrbios hidroeletrolíticos, isto é,
desidratação, perda de calor e alterações dos íons no equilíbrio do pH. Outra
necessidade de hospitalização pode ocorrer por suspeita de artrite piogênica,
complicando, por exemplo, um joelho previamente afetado por derrame articular.
É verdade que o sol faz bem para psoríase?
Sim. As lesões de pele melhoram com banhos de sol, sendo a base para o
desenvolvimento da aplicação de luz ultravioleta com psoralen. O dermatologista deverá
orientar e controlar rigorosamente este tipo de tratamento pelo risco inerente ao
bronzeamento artificial. São necessários produtos tópicos para pele e unhas, assim
como xampus ou curativos oclusivos. Metotrexate e ciclosporina podem ser utilizados
para os casos mais extensos ou de longa duração.
E o tratamento da parte articular?
Sempre foram utilizados medicamentos semelhantes para tratar AP e artrite reumatóide.
Os analgésicos e antiinflamatórios não-esteroidais, ouro, antimaláricos, sulfassalazina,
metotrexate e ciclosporina, isoladamente ou em associações, têm sido utilizados nas
últimas décadas. As infiltrações das tendinites, fascites e mesmo de articulações
rebeldes ao tratamento medicamentoso têm mostrado bons resultados. As órteses
evitam atitudes viciosas e deformidades. A fisioterapia pode reduzir a dor e a rigidez,
garantindo mobilidade e evitando atrofias musculares. Os corticosteróides são usados
excepcionalmente, muitas vezes para melhorar uma fase difícil da pele ou da parte
articular; entretanto, a interrupção súbita poderá ocasionar exacerbação das lesões de
pele.
O
mesmo
pode
ocorrer
com
antimaláricos,
muitas
vezes
prescritos
inadvertidamente para outro diagnóstico. Assim sendo, esses fármacos devem ser
controlados pelo reumatologista. O uso de metotrexate e ciclosporina requer experiência
por parte da equipe médica.
Surgiram novidades no tratamento dessa doença?
Nos últimos cinco anos, um grupo novo de medicamentos conhecido como agentes
biológicos foi desenvolvido para o tratamento de várias doenças reumáticas, entre elas a
AP, dando um novo alento e esperança no alívio da dor e redução da inflamação,
evitando ou reduzindo a progressão da doença. Como todo fármaco sofisticado e de uso
injetável, requer treinamento da equipe médica e orientação criteriosa ao paciente e
familiares, exigindo análises prévias para sua aplicação e manutenção em longo prazo.
Os resultados iniciais indicam boa aceitação, com poucos efeitos adversos e melhora
tanto das dores articulares como da pele.
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