PERFIL NUTRICIONAL DE PACIENTES INTERNADOS EM UM HOSPITAL DE LONDRINA-PARANÁ SCHUINDT, P. S; ANDRADE, A. H. G. RESUMO A grande incidência de desnutrição hospitalar enfatiza a necessidade de estudos sobre a situação nutricional e sua relação com o tratamento e recuperação dos pacientes. Com objetivo de conhecer o perfil nutricional, analisou-se 166 fichas de avaliação nutricional de pacientes internados na ala adulta em um hospital de Londrina-PR entre Set/Nov de 2011. A desnutrição foi observada em 26,5% dos pacientes, com prevalência entre idosos (37,7%) e o excesso de peso foi de 65,05% nos demais pacientes. Palavras-chaves: Estado nutricional, avaliação nutricional, desnutrição hospitalar. ABSTRACT The high incidence of hospital malnutrition emphasizes the need for studies on the nutritional status and its relationship to the treatment and recovery of patients. Aiming to meet the nutritional profile, we analyzed 166 records of nutritional assessment of adult patients admitted to the ward in a hospital in Londrina-PR between Sep / Nov 2011. Malnutrition was observed in 26.5% of patients, with prevalence among the elderly (37.7%) and overweight was 65.05% in the remaining patients. Keywords: Nutritional status, nutritional assessment, hospital malnutrition. INTRODUÇÃO A Associação Americana de Saúde Pública define estado nutricional como a “condição de saúde de um indivíduo influenciada pelo consumo e utilização de nutrientes e identificada pela correlação de informações obtidas através de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos”. (NAJAS; YAMATTO, 2010) Pode ser classificado conforme estabelecido por Vasconcelos, 2008, sendo denominado eutrofia, quando ocorre equilíbrio entre o consumo e as necessidades nutricionais do indivíduo; carência nutricional quando o consumo é insuficiente e distúrbio nutricional quando há excesso de ingestão alimentar. Em pacientes hospitalizados o estado nutricional influi em sua evolução clínica, interferindo no tempo de internação e número de complicações, além de contribuir para aumento da morbimortalidade. (FONTOURA, CRUZ e LONDERO, 2006) A desnutrição hospitalar é diagnosticada durante a internação é decorrente parcial ou totalmente, de causas externas. Sendo sua investigação essencial para o prognóstico dos pacientes, (DELGADO, 2005) Pode ser desencadeada pela ingestão inadequada de nutrientes em relação às suas necessidades, evolui com as alterações funcionais e da composição corporal. (JEEJEEBHOY, 2000 apud MALAFAIA, 2009) Mas pode ser também a conseqüência de uma série de fatores anteriores ou posteriores à internação e estar associada à doença e/ou ao tratamento. (AQUINO, 2005) Nesse estudo teve o objetivo de identificar o perfil nutricional de pacientes internados no Hospital Doutor Eulálio Ignácio de Andrade, zona sul da cidade de Londrina, Paraná. REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS Estima-se que cerca de 50% dos pacientes adultos hospitalizados apresente algum grau de desnutrição, o que caracteriza esta como uma das comorbidades mais prevalentes em adultos hospitalizados que aumenta a suscetibilidade à infecção, depleção do estado físico e mental do paciente, podendo levar à apatia e a depressão, prolongando seu sofrimento, o tempo de internação e os custos hospitalares. (ABREU, 2003; CORREIA e CAMPOS, 2003; MELLO et al, 2003) A avaliação do estado nutricional dos pacientes hospitalizados tem o objetivo de identificar os distúrbios nutricionais, possibilitando uma intervenção adequada de forma a auxiliar na recuperação e/ou manutenção do estado de saúde do indivíduo. (FOGAÇA e OLIVEIRA 2003; KAMIMURA et al, 2005) Atualmente, existem diversas ferramentas de rastreamento e avaliação do risco nutricional descritas na literatura. (DUCHINI et al, 2010) Para o presente trabalho foram utilizadas fichas de avaliação nutricional do banco de dados pré-existente no hospital desenvolvido pelo serviço de Nutrição Clínica do local, de pacientes internados na ala adulta no Hospital Doutor Eulálio Ignácio de Andrade da cidade de Londrina-PR e avaliados no período de Setembro a Novembro do ano de 2011. As fichas utilizadas são compostas pelos seguintes instrumentos de avaliação nutricional: ASG, e NRS 2002. A primeira é um modelo de questionário-padrão, denominado Avaliação Subjetiva Global (ASG), e consiste na prática de anamnese e do exame físico, na qual se avaliam perda de peso, diminuição dos tecidos adiposo e muscular e alterações da ingestão alimentar. A segunda é a NRS-2002 (Nutritional Risk Screening - Triagem de Risco Nutricional 2002) elaborada para aplicação em ambiente hospitalar tem como propósito detectar a presença de risco nutricional. As variáveis antropométricas levantadas foram: peso atual (PA) e altura (A) e a partir destas medidas foi calculado o índice de massa corporal (IMC) por meio do quociente peso/ (estatura)². CONCLUSÃO Foram avaliados 166 pacientes, a distribuição dos pacientes por sexo, nesta amostra foi de 68 (40,96%) homens e 98 (59,03%) mulheres. Segundo o IMC 39,55% do total de pacientes apresentaram-se eutróficos e 61,44% dos pacientes apresentaram algum distúrbio nutricional, sendo 34,93 % de excesso de peso e 26,51% de déficit de peso (Tabela 1). Tabela 1. Prevalência do estado nutricional de acordo com faixa etária, segundo IMC de pacientes hospitalizados. Diagnóstico Nutricional Adultos Idosos Baixo peso n (%) 7 (10,29%) n (%) 37 (37,75%) Total de pacientes n (%) 44 (26,50%) Eutrofia 29 (42,64%) 35 (21,08%) 64 (38,55%) Excesso de peso 30(47,07%) 28 (58,83%) 58 (65,05%) Total de pacientes 68 (100%) 98 (100%) 166 (100%) Fonte: Autora do trabalho, 2012. No Inquérito Brasileiro de Nutrição Hospitalar (IBRANUTRI), promovido pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral, foi demonstrado que a taxa de desnutrição de pacientes internados em 25 hospitais brasileiros foi de 48,1%. Ressalta-se que na região Sul, Paraná e Rio Grande do Sul, o percentual de desnutridos foi de 38,9% e 49,2%, respectivamente. (WAITZBERG, 2001) Ambos percentuais superiores a este estudo. A alta prevalência de excesso de peso tem sido constatada na população em geral, como observado no estudo nacional, que revelou que cerda 40% da população apresenta IMC acima do adequado confirmando a transição nutricional da população brasileira. (IBGE, 2004) Foi possível verificar que 50,6% dos pacientes apresentaram perda de peso nos últimos 6 meses, destes 87,5% eram idosos. A média de perda de peso considerando todas as classificações de estado nutricional encontradas foi de 8,33%. Estudo realizado em um hospital de São Paulo com 705 participantes apontou média de 7,5% de perda de peso nos últimos seis meses. (BARBOSA, 2010) De acordo com a ASG, a desnutrição foi encontrada em 12,08% dos pacientes. Houve associação significativa entre as categorias de classificação da ASG e as da faixa etária e o sexo. A média de pontuação da ASG do grupo dos pacientes idosos no estudo de Azevedo (2006) também foi significativamente superior a de adultos, indicando que pacientes mais velhos apresentam maior risco nutricional, sendo altamente vulnerável a doença. Gráfico 2. Estado nutricional segundo ASG de adultos hospitalizados 87,82% 90 80 70 60 52,41% Total 50 40 35,54% Feminino Masculino 30 12,08% 6,6% 20 10 5,42% 0 0 0 0 Bem Nutrido Desnutrido moderadamente Desnutrido Grave Fonte: Autora do trabalho, 2012. Conforme pode ser observado no Gráfico 2, houve o predomínio de pacientes diagnosticados como bem nutridos 146 (87,92%) através da ANGS, assim como ocorreu com a avaliação através da NRS 2002, que diagnosticou menor percentual de pacientes desnutridos 95 (42,77%). O predomínio de pacientes bem nutridos também pode foi observado nas pesquisas realizadas por BEGHETTO et al (2006), que encontrou 65,7% e de 68,5% por WAITZBERG (2001). Apesar de outros estudos revelarem a prevalência significativa de pacientes diagnosticados com desnutrição grave, o mesmo não pode ser observado na atual pesquisa. REFERÊNCIAS ACUÑA, K; CRUZ, T. Avaliação do estado nutricional de adultos e idosos e situação nutricional da população brasileira. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabolismo, São Paulo, v. 48, n. 3, Jun. 2004. AZEVEDO, L. C. et al. Prevalência de desnutrição em um hospital geral de grande porte de Santa Catarina/Brasil. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 35, n. 4, 2006. REZENDE, I. F. B. et.al. Prevalência da desnutrição hospitalar em pacientes internados em um hospital filantrópico em Salvador (BA), Brasil. Revista Clínica de Medicina e Biologia, Salvador, v. 3, n. 2, p. 194-200, Jul./Dez, 2004. KAMIMURA, M. A et al. Avaliação Nutricional. In: CUPPARI, L. Guia de Medicina Ambulatorial e Hospitalar UNIFESP/Escola Paulista de Medicina. Nutrição clínica no adulto. 2 ed. São Paulo: Manole, 2005. p. 89-115. MELLO, E. D. D. et al. A competência dos profissionais em identificar a desnutrição hospitalar. Revista de Nutrição Clínica, v. 18, n. 4, p. 173-7, 2003. WAITZBERG, D. L; CAIAFFA, W. T; CORREIA, M. I. Hospital malnutrition: the Brazilian national survey (IBRANUTRI): a study of 4000 patients. Nutrition. 2001; v. 17, n.7-8, p. 573-80. DUCHINI, L et al . Avaliação e monitoramento do estado nutricional de pacientes hospitalizados: uma proposta apoiada na opinião da comunidade científica. Revista de Nutrição, Campinas, v. 23, n. 4, Ago. 2010. FONTOURA, C. S. M. et al. Avaliação nutricional de paciente crítico. Revista. Brasileira de Terapia Intensiva, v.18, n.3, 2006. DELGADO, A. F. Desnutrição Hospitalar. Pediatria, v.1, n. 27, p. 9-11, 2005.