Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical

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Frutíferas de Clima
Tropical e Subtropical
Diniz Fronza
Jonas Janner Hamann
Santa Maria - RS
2015
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
© Colégio Politécnico da UFSM
Este caderno foi elaborado pelo Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa
Maria para a Rede e-Tec Brasil.
Equipe de Elaboração
Colégio Politécnico da UFSM
Equipe de Acompanhamento e Validação
Colégio Técnico Industrial de Santa Maria – CTISM
Reitor
Paulo Afonso Burmann/UFSM
Coordenação Institucional
Paulo Roberto Colusso/CTISM
Diretor
Valmir Aita/Colégio Politécnico
Coordenação de Design
Erika Goellner/CTISM
Coordenação Geral da Rede e-Tec/UFSM
Paulo Roberto Colusso/CTISM
Revisão Pedagógica
Elisiane Bortoluzzi Scrimini/CTISM
Jaqueline Müller/CTISM
Coordenação de Curso
Diniz Fronza/Colégio Politécnico
Professor-autor
Diniz Fronza/Colégio Politécnico
Jonas Janner Hamann/Colégio Politécnico
Revisão Textual
Carlos Frederico Ruviaro/CTISM
Revisão Técnica
Rogério de Oliveira Anese/UFSM
Ilustração
Marcel Santos Jacques/CTISM
Matheus Pacheco Cunegato/CTISM
Ricardo Antunes Machado/CTISM
Diagramação
Emanuelle Shaiane da Rosa/CTISM
Tagiane Mai/CTISM
Ficha catalográfica elaborada por Maristela Eckhardt – CRB 10/737
Biblioteca Central da UFSM
F936f
Fronza, Diniz
Frutíferas de clima tropical e subtropical / Diniz Fronza,
Jonas Janner Hamann. – Santa Maria : Universidade Federal de
Santa Maria, Colégio Politécnico : Rede e-Tec Brasil, 2015.
115 p. : il. ; 28 cm
ISBN: 978-85-63573-96-4
1. Agricultura 2. Fruticultura 3. Frutas tropicais I. Hamann,
Jonas Janner II. Título.
CDU 634.6
Apresentação e-Tec Brasil
Prezado estudante,
Bem-vindo a Rede e-Tec Brasil!
Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma
das ações do Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego. O Pronatec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo
principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação
Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira propiciando caminho de o acesso mais rápido ao emprego.
É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre
a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias
promotoras de ensino técnico como os Institutos Federais, as Secretarias de
Educação dos Estados, as Universidades, as Escolas e Colégios Tecnológicos
e o Sistema S.
A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao
garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da
formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou
economicamente, dos grandes centros.
A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do país,
incentivando os estudantes a concluir o ensino médio e realizar uma formação
e atualização contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições de educação
profissional e o atendimento ao estudante é realizado tanto nas sedes das
instituições quanto em suas unidades remotas, os polos.
Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional
qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz
de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com
autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social,
familiar, esportiva, política e ética.
Nós acreditamos em você!
Desejamos sucesso na sua formação profissional!
Ministério da Educação
Setembro de 2015
Nosso contato
[email protected]
3
e-Tec Brasil
Indicação de ícones
Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de
linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.
Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.
Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o
assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao
tema estudado.
Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão
utilizada no texto.
Mídias integradas: sempre que se desejar que os estudantes
desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos,
filmes, jornais, ambiente AVEA e outras.
Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes
níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e
conferir o seu domínio do tema estudado.
5
e-Tec Brasil
Sumário
Palavra do professor-autor
11
Apresentação da disciplina
13
Projeto instrucional
15
Aula 1 – Cultivo de frutíferas de clima tropical
1.1 Considerações iniciais
17
17
Aula 2 – A cultura da acerola
2.1 Considerações iniciais
19
19
2.2 Botânica e morfologia
20
2.3 Exigências climáticas
21
2.4 Exigências edáficas
22
2.5 Adubação
23
2.6 Poda
24
2.7 Principais pragas
25
2.8 Principais doenças
25
Aula 3 – A cultura da bananeira
3.1 Considerações iniciais
27
27
3.2 Botânica e morfologia
27
3.3 Exigências climáticas
29
3.4 Exigências edáficas
30
3.5 Espaçamento/densidade
30
3.6 Cultivares
31
3.7 Tratos culturais
31
3.8 Adubação
32
3.9 Principais pragas
32
3.10 Principais doenças
33
Aula 4 – A cultura do maracujazeiro
4.1 Considerações iniciais
4.2 Botânica e morfologia
35
35
35
e-Tec Brasil
4.3 Exigências climáticas
38
4.4 Polinização natural
39
4.5 Polinização artificial
40
4.6 Exigências edáficas
41
4.7 Espaçamento
41
4.8 Cultivares
42
4.9 Análise foliar
42
4.10 Adubação
42
4.11 Sistemas de condução
44
4.12 Principais pragas
46
4.13 Principais doenças
47
Aula 5 – Cultivo de frutíferas de clima subtropical
5.1 Considerações iniciais
49
49
Aula 6 – A cultura do caquizeiro
6.1 Considerações iniciais
51
51
6.2 Botânica e morfologia
51
6.3 Exigências climáticas
53
6.4 Exigências edáficas
54
6.5 Espaçamento
54
6.6 Cultivares
54
6.7 Raleio
55
6.8 Podas
56
6.9 Adubação
59
6.10 Principais pragas
59
6.11 Principais doenças
60
Aula 7 – A cultura dos citros
7.1 Considerações iniciais
e-Tec Brasil
63
63
7.2 Citricultura gaúcha
64
7.3 Botânica e morfologia
65
7.4 Cidreira
69
7.5 Bergamota-da-índia
70
7.6 Laranjeira
71
7.7 Limoeiro
73
7.8 Limeira ácida
74
7.9 Limeira doce
75
7.10 Tangerineira
75
7.11 Exigências climáticas
78
7.12 Exigências edáficas
81
7.13 Época de maturação
81
7.14 Classificação dos citros em função da quantia de sementes 82
7.15 Espaçamento
85
7.16 Raleio de frutos
86
7.17 Podas
87
7.18 Adubação
89
7.19 Análise foliar
91
7.20 Adubação foliar
92
7.21 Principais pragas
92
7.22 Principais doenças
93
Aula 8 – A cultura da goiabeira
8.1 Botânica e morfologia
99
99
8.2 Exigências climáticas
102
8.3 Exigências edáficas
103
8.4 Cultivares
103
8.5 Raleio de frutos
105
8.6 Podas
106
8.7 Principais pragas
109
8.8 Principais doenças
109
Referências
112
Currículo do professor-autor
115
e-Tec Brasil
Palavra do professor-autor
A fruticultura tem sido destacada na agricultura por ser uma possibilidade de
boa rentabilidade financeira em pequenas áreas, também pela grande procura
por frutas nos supermercados devido aos benefícios das mesmas na saúde
humana, proporcionando boa oportunidade para os agricultores.
O cultivo de frutíferas de clima tropical e subtropical vem cada vez mais
adquirindo espaço, pois a demanda do mercado é crescente e a tecnificação
e disponibilidade de informações permite ao produtor investir nesta área da
fruticultura. A existência de microclima em algumas regiões e municípios
gaúchos permite a obtenção de produtividade economicamente viável, o que
atrai novos investidores.
Dada a importância destas frutíferas, cabe ao profissional da área da fruticultura qualificar-se na implantação, manejo e comercialização dos frutos
obtidos do cultivo destas.
Professor Diniz Fronza
Jonas Janner Hamann
11
e-Tec Brasil
Apresentação da disciplina
A fruticultura é amplamente explorada em vários estados brasileiros dada a
grande diversidade de espécies e capacidade de adaptação destas às diferentes
condições edafoclimáticas de cada região. Dada essa adaptabilidade, algumas
das frutíferas de clima tropical e subtropical são cultivadas no Rio Grande do
Sul, mesmo com a ocorrência de períodos com temperaturas baixas.
Nesta disciplina serão abordadas e estudadas algumas espécies frutíferas de
clima tropical e subtropical exploradas comercialmente no RS, merecendo
destaque a cultura da bananeira, caquizeiro, goiabeira e citros. A cultura
da aceroleira também será objeto de estudo, tendo em vista o aumento da
demanda da fruta pelo mercado e a recente expansão da área cultivada com
esta frutífera.
Informações sobre a fisiologia e morfologia de cada espécie serão abordadas,
bem como o estudo das principais exigências culturais e o manejo básico
requerido pelas plantas.
Bom estudo.
13
e-Tec Brasil
Projeto instrucional
Disciplina: Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical (carga horária: 75h).
Ementa: Importância da fruticultura de clima tropical e subtropical. Técnicas de
produção de mudas. Fisiologia da produção das principais frutíferas de clima
tropical e subtropical no Brasil.
AULA
OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM
MATERIAIS
CARGA
HORÁRIA
(horas)
1. Cultivo de
frutíferas de clima
tropical
Caracterizar os principais fatores
morfológicos e fisiológicos das frutíferas de
clima tropical.
Ambiente virtual: plataforma
Moodle.
Apostila didática.
Recursos de apoio: links,
exercícios.
06
2. A cultura da
acerola
Estudar as características morfofisiológicas
da aceroleira.
Descrever os manejos culturais empregados
em cultivos de aceroleira.
Ambiente virtual: plataforma
Moodle.
Apostila didática.
Recursos de apoio: links,
exercícios.
07
3. A cultura da
bananeira
Estabelecer as características morfológicas da
bananeira.
Estudar detalhes técnicos da cultura
relacionados à exigência de clima e solo,
tratos culturais e outros.
Ambiente virtual: plataforma
Moodle.
Apostila didática.
Recursos de apoio: links,
exercícios.
10
4. A cultura do
maracujazeiro
Entender as principais características
botânicas e morfológicas do maracujazeiro.
Apresentar as exigências edafoclimáticas do
maracujazeiro.
Ambiente virtual: plataforma
Moodle.
Apostila didática.
Recursos de apoio: links,
exercícios.
10
5. Cultivo de
frutíferas de clima
subtropical
Especificar as principais características das
frutíferas de clima subtropical.
Ambiente virtual: plataforma
Moodle.
Apostila didática.
Recursos de apoio: links,
exercícios.
06
6. A cultura do
caquizeiro
Detalhar as exigências edafoclimáticas do
caquizeiro.
Determinar a importância e modo de
execução das práticas culturais.
Ambiente virtual: plataforma
Moodle.
Apostila didática.
Recursos de apoio: links,
exercícios.
10
7. A cultura dos
citros
Identificar principais características botânicas
e morfológicas dos citros.
Observar e analisar detalhes técnicos da
cultura.
Ambiente virtual: plataforma
Moodle.
Apostila didática.
Recursos de apoio: links,
exercícios.
16
8. A cultura da
goiabeira
Conhecer as características botânicas e
morfológicas da goiabeira.
Estudar os manejos técnicos empregados na
cultura da goiabeira.
Ambiente virtual: plataforma
Moodle.
Apostila didática.
Recursos de apoio: links,
exercícios.
10
15
e-Tec Brasil
escentei ponto final
ois de tropical
Aula 1 – Cultivo de frutíferas de clima tropical
Objetivos
Caracterizar os principais fatores morfológicos e fisiológicos das
frutíferas de clima tropical.
1.1 Considerações iniciais
As frutíferas de clima tropical são amplamente cultivadas na América do
Sul, seus frutos possuem elevado valor econômico, havendo vários plantios
comerciais em diferentes países como Brasil, Equador, Argentina, Uruguai,
entre outros.
Espécies inclusas no grupo das frutíferas de clima tropical adaptam-se a regiões
com temperatura média anual superior a 22ºC, não tolerando longos períodos
com temperatura baixa, exigindo precipitação bem distribuídas durante as
quatro estações do ano. É característico destas frutíferas apresentarem crescimento quase que contínuo, com vários “surtos de crescimento” durante
o ano e possuem folhas persistentes (não caem no inverno) (SOUZA, 2002).
No Quadro 1.1 é possível observar as principais espécies frutíferas de clima
tropical cultivadas comercialmente no Rio Grande do Sul.
Quadro 1.1: Frutíferas de clima tropical cultivadas comercialmente no RS
Nome comum
Nome científico
Família botânica
Aceroleira
Malpighia emarginata D.C.
Malpighiaceae
Bananeira
Musa spp.
Musaceae
Maracujazeiro
Passiflora edulis Sims
Passifloraceae
Fonte: Autores
As espécies citadas no Quadro 1.1 também são cultivadas no RS de forma
mais endêmica, em algumas regiões com microclima adequado, como no
município de São João do Polêsine, onde existe cultivo de banana.
Ao grupo das frutíferas de clima tropical estão inclusas outras espécies importantes como o mamoeiro, cajueiro, coqueiro da Bahia, mangueira e abacaxizeiro,
porém, os cultivos comerciais no estado são inexpressivos ou pouco difundidos.
Aula 1 - Cultivo de frutíferas de clima tropical
17
Para saber mais sobre avanços na
fruticultura tropical no Brasil, acesse:
http://wp.ufpel.edu.br/fruticultura/
files/2011/10/pag073_091Palestra215-11.pdf
e-Tec Brasil
Resumo
As frutíferas de clima tropical são amplamente cultivadas na América do
Sul, seus frutos possuem elevado valor econômico, havendo vários plantios
comerciais em diferentes países como Brasil, Equador, Argentina, Uruguai,
entre outros.
Espécies inclusas no grupo das frutíferas de clima tropical adaptam-se a regiões
com temperatura média anual superior a 22ºC, não tolerando longos períodos
com temperatura baixa, exigindo precipitação bem distribuídas durante as
quatro estações do ano.
Atividades de aprendizagem
1. A qual temperatura média as frutíferas de clima tropical adaptam-se?
2. Cite as principais frutíferas de clima tropical cultivadas no RS.
e-Tec Brasil
18
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Aula 2 – A cultura da acerola
Objetivos
Estudar as características morfofisiológicas da aceroleira.
Descrever os manejos culturais empregados em cultivos de ace­
roleira.
2.1 Considerações iniciais
A aceroleira é nativa do Caribe e da Região Sul do México, passando a ser cultivada comercialmente no Brasil na década de 1980 devido a grande quantidade
de vitamina C, podendo ser comparado apenas com os teores do Camu-camu
(Myrciaria dubia), nativo da Amazônia, que possui um dos maiores teores
de vitamina C. No Quadro 2.1, encontra-se a área com aceroleira no Brasil.
Quadro 2.1: Área cultivada com aceroleira nas diferentes regiões do Brasil
Região
Área cultivada (hectares)
Nordeste
2.229
Sudeste
535
Norte
1.380
Sul
125
Centro-oeste
22
Brasil
3.159
Assista a um vídeo sobre cultivo
da aceroleira em SP em:
https://www.youtube.com/
watch?v=XQAqlZOoOpM
Assista a um vídeo sobre
aspecto econômico da
cultura da aceroleira em:
https://www.youtube.com/
watch?v=MwjKJkmatH0
Fonte: Adaptado de IBGE, 2006
É possível constatar que a maior região produtora é o Nordeste, este fato
deve-se a adaptação da cultura às condições edafoclimáticas da região. Na
região Sul, o maior Estado produtor é o Paraná, com uma área de 124 hectares
cultivados comercialmente com acerola.
Quanto à exportação, o Brasil realiza a venda de frutos para a Alemanha,
Estados Unidos, França e Japão, com preço variando de R$ 0,65/kg do fruto
maduro e R$ 1,40/kg do fruto verde. Nos últimos cinco anos tem aumentado
à exportação de frutos orgânicos para a União Europeia para a produção de
suplementos vitamínicos e alimentos em geral.
Aula 2 - A cultura da acerola
19
Assista a um vídeo sobre
exportação de acerola em:
https://www.youtube.com/
watch?v=pWkB0Xc65bE
http://g1.globo.com/economia/
agronegocios/noticia/2014/03/
no-ceara-cresce-o-cultivoda-acerola-organica-paraexportacao.html
e-Tec Brasil
2.2 Botânica e morfologia
A aceroleira ou Cereja das Antilhas (Malpighia emarginata DC) é uma planta
dicotiledônea, pertencente à família botânica Malpighiaceae, são conhecidos 30 espécies do gênero Malpighia. A aceroleira é uma planta arbustiva,
ereta, podendo atingir 3 m a 4 m de altura, com folhas, ramos e frutos com
diferentes formatos.
2.2.1 Sistema radicular
Plantas de aceroleira possuem sistema radicular pivotante, em solos profundos
e férteis pode chegar até 1 m de profundidade. Normalmente, a profundidade
efetiva do sistema radicular situa-se entre 20 cm e 40 cm. Quando propagadas
por estaquia, o sistema radicular destas plantas pode tornar-se mais superficial.
2.2.1.1 Ramos
Quando novos, os ramos são herbáceos, com o tempo tornam-se lenhosos.
2.2.1.2 Folhas
A planta possui folhas opostas, com tamanho entre 2,5 cm e 7,5 cm. A
coloração varia de verde claro a verde escuro.
2.2.1.3 Flores
A floração da aceroleira é abundante, com flores de coloração rasa-esbranquiçada a vermelho, dependendo da cultivar ou do clone. As flores possuem
pedúnculo, são dispostas em cachos de 3 a 5 unidades, localizadas na axila das
folhas dos ramos do ano. A temperatura influencia a floração e frutificação da
aceroleira, normalmente concentram-se na primavera/verão. A plena floração
ocorre cerca de 15 a 17 dias após o surgimento dos botões florais.
2.2.1.4 Fruto
O fruto da aceroleira é considerado uma drupa carnosa, de tamanho e forma
variando de acordo com a cultivar, didaticamente dividido em epicarpo (casca),
mesocarpo (polpa) e endocarpo (caroços, cada um contendo uma semente
com 3 mm a 5 mm).
e-Tec Brasil
20
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Figura 2.1: Fruto de acerola
Fonte: Jonas Janner Hamann
Os frutos maduros podem apresentar tonalidade amarela, vermelha ou roxa,
dependendo da cultivar ou clone. O peso do fruto varia de 3 g a 15 g, com
diâmetro de 1,0 cm a 2,5 cm. A maturação dos frutos ocorre cerca de 22 a 32
dias após a plena floração, dependendo das condições climáticas da região.
2.3 Exigências climáticas
O cultivo da aceroleira é observado em vários Estados brasileiros, principalmente
os localizados na região Nordeste do Brasil, devido às ótimas condições climáticas. Entre as exigências climáticas devem ser observados os seguintes itens:
2.3.1 Temperatura
A aceroleira é uma planta rústica, podendo ser cultivada em regiões de clima
tropical ou subtropical, com temperatura média entre 15ºC e 32ºC, comercialmente deve-se optar por regiões onde a média anual da temperatura
seja em torno de 20ºC ou temperatura média de 14ºC no mês mais frio.
Durante épocas com temperatura noturna entre 10ºC e 15ºC o crescimento
da aceroleira é prejudicado. Sensível a geadas, deve-se evitar o cultivo desta
espécie em locais com ocorrência de temperaturas baixas.
2.3.2 Precipitação
Esta espécie frutífera pode ser cultivada em regiões com precipitação média
anual entre 1200 mm e 2000 mm distribuídos durante os doze meses do ano.
Anos em que ocorre excesso pluviométrico pode ocorrer à perda na qualidade
dos frutos, tornando-os mais aquosos e com teor menor de Sólidos Solúveis
Totais (SST).
2.3.3 Exigência hídrica
Em períodos de déficit hídrico ocorre o encarquilhamento e posterior queda
das folhas e abortamento das flores, sendo necessário realizar irrigações
complementares para evitar a abscisão foliar.
Aula 2 - A cultura da acerola
21
e-Tec Brasil
A instalação de um sistema de irrigação e aplicação de lâmina complementar
de irrigação é altamente recomendado em cultivos comerciais localizados em
regiões onde há má distribuição da precipitação durante o ano. Em pomares
comerciais de Petrolina (PE), a produtividade média sem irrigação é de 17 kg/
planta/ano, já com irrigação chega aos 100 kg/planta/ano, isso corresponde a
um aumento de 83 % na produção/planta/ano. Associado com a fertirrigação,
a produtividade passa de 10 t/ha para 50 t/ha.
2.4 Exigências edáficas
A aceroleira adapta-se bem a várias classes de solo, preferencialmente férteis,
com bom teor de matéria orgânica, profundos e bem drenados. Na escolha
do local, é importante que não tenha histórico da ocorrência de nematoides
do gênero Meloidogyne, pois a aceroleira é sensível a esta praga. A calagem
deve ser realizada para elevar o pH para a faixa de 6,0.
2.4.1 Variedades e clones
Devido à importância socioeconômica do cultivo da aceroleira, a Embrapa
Semiárido, localizada em Petrolina vem desenvolvendo há vários anos novas
variedades de acerola. Na obtenção de novas variedades de acerola são desejadas algumas características como elevada produção de frutos de tamanho
médio a grande, grande quantidade de vitamina C (acima de 1000 mg de
ácido ascórbico/100 g) e teor de sólidos solúveis acima de 7,0ºBrix. Existe
no mercado variedades com frutos doces e com frutos ácidos, a escolha da
variedade dependerá da exigência do mercado consumidor.
Assista a um vídeo sobre
variedade de acerola BRS 366, em:
https://www.youtube.com/
watch?v=XQAqlZOoOpM
Deve-se optar por variedades com produção mínima de 100 kg de fruto/
planta/ano, frutos de coloração vermelha (quando maduros). Entre as principais
variedades comerciais merecem destaque: Cabocla, Rubra, Clone BRS 235
(Apodi), BRS 237 (Roxinha), BRS 238 (Frutacor), BRS 336 (Jaburu).
2.4.2 Espaçamento
Por ser uma cultura perene, é necessário planejar adequadamente o espaçamento de plantio das mudas. A determinação do espaçamento dependerá
da variedade, fertilidade do solo, precipitação anual média, temperatura e
tipo de muda (proveniente de estaquia ou enxertia). No Quadro 2.2 constam
alguns espaçamentos recomendados para a cultura.
e-Tec Brasil
22
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Quadro 2.2: Recomendação de espaçamento para a cultura da aceroleira
Espaçamento
Nº de plantas/ha
4m×4m
625
4 m × 5 m¹
500
5m×5m
400
¹ 4 m entre linhas e 5 m entre plantas.
Fonte: IAC, 1998
É importante que o espaçamento entre linhas permita a passagem de tratores
agrícolas e implementos.
2.5 Adubação
Apesar da rusticidade da aceroleira o manejo da fertilidade do solo é muito
importante para proporcionar alta produtividade e obter frutos com qualidade
e padrão comercial. Devido crescimento vigoroso da planta, há uma falta de
consenso entre os pesquisadores para estabelecer um programa de adubação.
Para saber mais sobre adubação
da aceroleira, acesse:
http://www.scielo.mec.pt/pdf/
rca/v36n4/v36n4a03.pdf
2.5.1 Adubação de formação
A adubação de formação é realizada até o quarto ano após o plantio das
mudas. No Quadro 2.3 consta uma das recomendações de fertilização de
formação para a aceroleira.
Quadro 2.3: Recomendação de fertilização de formação para aceroleira
Anos
N
P2O5
K2O
g/planta
1º
60
75
150
2º
150
187,5
375
3º
200
250
500
4º
200
125
500
Fonte: Mendonça; Medeiros, 2011
Nos primeiros três anos os fertilizantes devem ser aplicados em cobertura,
distante cerca de 10 cm do tronco, em uma faixa de 30 cm ao redor da planta,
sendo que 2/3 do fertilizante deve ficar na projeção da copa e 1/3 fora da copa.
A partir do 4º ano os fertilizantes podem ser aplicados em cobertura, distante
10 cm do tronco, em uma faixa de 50 cm de largura e 2 m de comprimento,
na projeção da copa.
Aula 2 - A cultura da acerola
23
e-Tec Brasil
2.5.2 Adubação de produção
A adubação de produção é realizada a partir do 5º ano após o plantio das
mudas, preferencialmente no período de frutificação das plantas, entre setembro e março. A disponibilização dos fertilizantes é realizada de acordo com
a expectativa de produção.
Quadro 2.4: Recomendação de adubação anual de produção para
aceroleira, com expectativa de 15 t/ha a 40 t/ha
kg de N/ha
kg de P2O5/ha
kg de K2O/ha
40 – 60
140
40 – 260
Fonte: IAC, 1998
A adubação anual de produção deverá ser divida em 3 parcelas, com intervalo
mínimo de 30 dias.
2.6 Poda
A poda de formação tem o objetivo de formar a planta, permitindo o crescimento dos ramos primários (pernadas), bem distribuindo em torno do caule
da planta. Geralmente esta poda é realizada após o plantio da muda. Cerca
de 40 cm a 60 cm de altura é realizado o desponte, com isso ocorrerá a
brotação das gemas localizadas abaixo do local da poda. Na Figura 2.2 é
possível observar as etapas para a formação da planta.
Figura 2.2: Muda após o plantio (a), desponte a 40 cm de altura (b), início da formação das pernadas (c) e planta com pernadas formadas (d), cerca de 6 meses após o
plantio
Fonte: CTISM
e-Tec Brasil
24
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Após a poda (desponte) da muda inicia a brotação das gemas, originando
novos brotos que darão origem as pernadas. Estes ramos devem ser podados
(despontados) quando atingirem cerca de 50 cm de comprimento, iniciando
a emissão dos ramos secundários. Quando as plantas são bem manejadas,
fertilizadas e não passarem por períodos de déficit hídrico, já no 1º ano a
poda de formação é concluída.
2.7 Principais pragas
Em cultivos comerciais, as plantas de aceroleira são atacadas por algumas
pragas, entre elas destacam-se:
•
Pulgões.
•
Nematoides.
•
Cochonilhas.
•
Formigas cortadeiras.
A identificação e formas de manejo das principais pragas que ocorrem em
aceroleira serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitossanitário em Fruticultura.
2.8 Principais doenças
Em cultivos comerciais, as plantas de aceroleira são atacadas por algumas
doenças, entre elas destacam-se:
•
Mancha alvo (Corynespora cassiicola).
•
Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides).
•
Cercosporiose (Cercospora sp.).
Para saber mais sobre as principais
doenças da aceroleira, acesse:
http://www.agr.feis.unesp.br/
galeria_ace_doenca.htm
A identificação e formas de manejo das principais doenças que ocorrem
em aceroleiras serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo
Fitossanitário em Fruticultura.
Aula 2 - A cultura da acerola
25
e-Tec Brasil
Resumo
A aceroleira ou Cereja das Antilhas (Malpighia emarginata DC) é uma planta
dicotiledônea, pertencente à família botânica Malpighiaceae. São conhecidas 30 espécies do gênero Malpighia. A aceroleira é uma planta arbustiva,
ereta, podendo atingir 3 m a 4 m de altura, com folhas, ramos e frutos com
diferentes formatos.
O cultivo da aceroleira é observado em vários Estados brasileiros, principalmente os localizados na região Nordeste do Brasil, devido às ótimas condições
climáticas. Esta espécie pode ser cultivada em regiões de clima tropical ou
subtropical, com temperatura média entre 15ºC e 32ºC, comercialmente
deve-se optar por regiões onde a média anual da temperatura seja em torno
de 20ºC ou temperatura média de 14ºC no mês mais frio.
Devido à importância socioeconômica do cultivo da aceroleira, a Embrapa
Semiárido, localizada em Petrolina vem desenvolvendo há vários anos novas
variedades de acerola. Na obtenção de novas variedades de acerola são desejadas algumas características como elevada produção de frutos de tamanho
médio a grande, grande quantidade de vitamina C (acima de 1000 mg de
ácido ascórbico/100 g) e teor de sólidos solúveis acima de 7,0ºBrix.
Atividades de aprendizagem
1. Qual o nome científico e a que família botânica pertence a aceroleira?
2. Normalmente, qual a profundidade efetiva do sistema radicular da aceroleira?
3. Quais os reflexos de um período de déficit hídrico em uma planta de
aceroleira?
4. Comente sobre as exigências edáficas da aceroleira e cuidados a serem
observados na escolha do local para implantação de um cultivo ­comercial.
5. Quais características devem ser observadas no momento da escolha de
uma variedade ou clone de aceroleira?
e-Tec Brasil
26
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Aula 3 – A cultura da bananeira
Objetivos
Estabelecer as características morfológicas da bananeira.
Estudar detalhes técnicos da cultura relacionados à exigência de
clima e solo, tratos culturais e outros.
3.1 Considerações iniciais
A banana é uma das frutas mais consumidas no mundo, sendo o Brasil o maior
produtor e consumidor da fruta. A FAO estimou que em 2005 o consumo
brasileiro de banana foi de 29,2 kg/habitante/ano, enquanto que em outros
países girou em torno de 9,1 kg/habitante/ano. O cultivo desta espécie é
realizado em pequenas, médias e grandes propriedades, havendo cultivos
altamente tecnificados. No Quadro 3.1 está sendo apresentado a área cultivada
em cada região e no Brasil, bem como a produtividade média por hectare.
Assista a um vídeo sobre
cultivo da bananeira em:
https://www.youtube.com/
watch?v=eTs4ayzVg9o
Quadro 3.1: Área cultivada com bananeira nas diferentes regiões do Brasil
Região
Área cultivada (hectares)
Rendimento médio (t/ha)
Nordeste
197.295
12,2
Sudeste
140.233
16,4
Norte
77.557
11,7
Sul
53.307
20,2
Centro-oeste
20.127
13,4
Brasil
488.519
14,3
Fonte: Adaptado de IBGE, 2012
No Rio Grande do Sul é característico o cultivo da bananeira em propriedades
da agricultura familiar, principalmente na microrregião de Osório e do Litoral
e em alguns municípios da Depressão Central do RS.
3.2 Botânica e morfologia
A bananeira (Musa spp.) pertencente à família botânica Musaceae, originária
do Extremo Oriente, atualmente cultivada em várias regiões de clima tropical
e subtropical. Diferente das demais frutíferas estudadas nessa disciplina, a
Aula 3 - A cultura da bananeira
27
e-Tec Brasil
bananeira não possui tronco lenhoso, mas sim caule suculento e subterrâneo,
denominado de rizoma. O que visualizamos acima do solo, que popularmente
é chamado de caule, é um pseudocaule, constituído pela superposição da
base das folhas, podendo atingir de 2 m a 6 m de altura.
3.2.1 Sistema radicular
O sistema radicular da bananeira é fasciculado, dotado de radicelas, situado
a uma profundidade média de 40 cm, em geral 70 % das raízes estão nos
primeiros 20 cm. Em áreas com lençol freático superficial as raízes não se
aprofundam muito, dependendo da situação pode inviabilizar o cultivo.
3.2.2 Rizoma
Para saber mais sobre
rizoma da bananeira, acesse:
http://revistagloborural.globo.
com/GloboRural/0,6993,E
EC1477248-4529,00.html
A bananeira possui um caule subterrâneo denominado de rizoma, uma estrutura
de formato esférico que origina na parte superior as folhas e na inferior o
sistema radicular (raízes primárias, secundárias e terciárias).
3.2.3 Folhas
A folha da bananeira é grande, possui coloração verde-claro a verde-escuro,
apresentando cerca de 25 a 35 folhas durante um ciclo, em média uma nova
folha a cada 7 ou 10 dias (LIMA; OLIVEIRA; FERREIRA, 2012). Na Figura 3.1 é
possível observar uma folha típica de bananeira (bainha foliar, nervura central
e limbo foliar).
Figura 3.1: Folha de bananeira
Fonte: Diniz Fronza, adaptado por CTISM
e-Tec Brasil
28
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
3.3 Exigências climáticas
Para o cultivo comercial de bananeira é muito importante que no planejamento
e elaboração do projeto seja realizado um levantamento das informações
climáticas do local: temperatura, umidade relativa, luminosidade, precipitação,
demanda hídrica e vento.
3.3.1 Temperatura
Tipicamente uma frutífera de clima tropical, a bananeira se adapta a regiões
com temperatura entre 15ºC e 35ºC, sendo que em torno de 28ºC acredita-se
ser a temperatura ótima para a cultura (BORGES et al., 2009).
Esta planta não tolera temperaturas baixas, em situações que a temperatura
fica abaixo de 15ºC o crescimento e desenvolvimento das plantas paralisam.
Já com temperatura abaixo dos 12ºC há o desencadeamento de uma série
de danos, entre elas destacam-se (LIMA; OLIVEIRA; FERREIRA, 2012):
•
Distúrbio fisiológico denominado de “Chilling”.
•
Acentuada desidratação do pseudocaule, folhas e raízes.
•
Fendilhamento das nervuras das folhas.
•
Lesões ao sistema radicular.
•
Tombamento da planta (consequência dos demais danos).
Quando a temperatura for inferior a 4ºC as bordas das folhas passam a
apresentar manchas de coloração amarelada (BORGES et al., 2009).
3.3.2 Luminosidade
A luminosidade tem grande influência na fisiologia da bananeira. Períodos com
elevada insolação contribuem para que a maturação do cacho ocorra entre 80
e 90 dias, em períodos de pouca insolação o ciclo é estendido, observando-se
a maturação do cacho entre 85 e 112 dias (BORGES et al., 2009).
3.3.3 Precipitação
É possível cultivar a bananeira em várias regiões, desde que haja uma precipitação média anual entre 1000 mm e 1500 mm.
Aula 3 - A cultura da bananeira
29
e-Tec Brasil
3.3.4 Demanda hídrica
A bananeira é muito sensível ao estresse hídrico, principalmente durante
a diferenciação floral e início da maturação. A necessidade hídrica desta
espécie é alta, com demanda mensal em torno de 100 mm/mês em áreas
com boa capacidade de armazenamento de água, e 180 mm/mês em áreas
com solo de menor capacidade de armazenamento de água (LIMA; OLIVEIRA;
FERREIRA, 2012).
3.3.5 Vento
Um bananal localizado em regiões com grande incidência de ventos pode
sofrer grandes prejuízos, causando o tombamento de plantas e aumentando a
evapotranspiração. De modo geral, os maiores danos são observados por ventos
com velocidade acima de 25 km.h-1 – 30 km.h-1, o que torna indispensável a
implantação de quebra-ventos em áreas destinadas ao cultivo de bananeira.
3.4 Exigências edáficas
A bananeira adapta-se bem a várias classes de solo, preferencialmente férteis,
com bom teor de matéria orgânica, profundos e bem drenados. A calagem
deve ser realizada para elevar o pH para a faixa de 6,0.
3.5 Espaçamento/densidade
O espaçamento adotado definirá a densidade de plantio no bananal. Pesquisadores realizam vários estudos em diferentes regiões com objetivo de
obter um espaçamento de plantio adequado. No Quadro 3.2, destacam-se
os mais utilizados.
Quadro 3.2: Recomendação de espaçamento para a cultura da bananeira
Tipo de fileira
Espaçamento
Nº de plantas/ha
3m×3m
1.111
1
Simples
3 m × 2,5 m
1.333
2
3 m × 2 m2
1.666
4m×2m×2m
1.666
4 m × 2 m × 2,5 m2
1.333
4m×2m×3m
1.111
2
Dupla
1
1
2
Para plantas de porte alto.
Para plantas de porte médio.
Fonte: Silva Júnior et al., 2010
Para otimizar o uso da área, sem perda de produtividade, recomenda-se a
utilização de fileiras duplas.
e-Tec Brasil
30
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
3.6 Cultivares
Na escolha da cultivar que será implantada é necessário conhecer qual a
preferência do mercado consumidor. Aliado a isso, é preciso optar por cultivares com alta produtividade, resistentes a doenças, pragas e condições
edafoclimáticas adversas, porte baixo e tolerante ao frio.
Entre as varias cultivares, destaca-se: D'Angola, Figo, Grande Naine, Maçã,
Mysore, Nanica, Nanicão, Ouro, Pacovan, Prata, Prata Anã, Terra.
Para atender preferência do consumidor de outros países, as cultivares produzidas para exportação são: Nanica, Nanicão e Grande Naine.
3.7 Tratos culturais
Apesar de ser uma planta rústica, em cultivos comerciais são necessárias
empregar vários tratos culturais, entre os principais destacam-se:
•
Controle de plantas daninhas – pode-se utilizar o controle químico,
físico ou mecânico.
•
Desbaste – consiste na remoção de plantas pouco desenvolvidas ou
doentes.
•
Desfolha – retirada de folhas em senescência ou com sintomas de doenças.
•
Escoramento – realizado em plantas que estão pendidas.
•
Eliminação do coração – deve ser realizado em todas as pencas das
plantas.
•
Corte do pseudocaule – realizado após a colheita para estimular a brotação de uma nova planta.
A realização da desfolha, desbaste e corte do pseudocaule ajuda na redução
da fonte de inóculo, reduzindo a ocorrência de doenças e auxilia na manutenção do estado fitossanitário do bananal, reduzindo os custos com manejo
fitossanitário.
Aula 3 - A cultura da bananeira
31
e-Tec Brasil
3.8 Adubação
Para saber mais sobre
recomendações de adubação
para bananais, acesse:
http://www.ipni.net/publication/
ia-brasil.nsf/0/7113E269C1EFD
B9383257AA10062537D/$FILE/
Page-14-19-116.pdf
Em condições de solo fértil e fatores climáticos favoráveis, a bananeira desenvolve-se rapidamente, demandando uma grande quantidade de nutrientes. Entre
os macronutrientes mais demandados pela bananeira destacam-se o potássio
e o nitrogênio, seguidos pelo cálcio, magnésio, enxofre e fósforo, todos são
importantes no metabolismo da planta. Em relação aos micronutrientes mais
demandados cita-se o cloro, manganês, ferro, zinco, boro e cobre (BORGES;
SOUZA; TRINDADE, 2004).
Para a recomendação de adubação de bananais é necessário realizar uma
análise de solo e análise foliar, e a partir dos resultados fazer a interpretação
e recomendação.
3.9 Principais pragas
Em cultivos comerciais as plantas de bananeira são atacadas por algumas
pragas, entre elas destacam-se:
Para saber mais sobre as
principais pragas da
bananeira, acesse:
http://frutvasf.univasf.edu.br/
images/banana1.pdf
•
Broca-do-rizoma (Cosmopolites sordidus).
•
Pulgões (Pentalonia nigronervosa, Aphis gossypii, Myzus persicae).
•
Tripes do encortiçamento (Thrips spp).
•
Tripes do prateamento da banana (Hercinothrips spp).
•
Tripes da ferrugem dos frutos (Chaetanaphothrips spp).
•
Tripes da erupção dos frutos (Frankliniella spp).
•
Traça-da-bananeira (Opogona sacchari).
•
Lagartas-desfolhadoras (Caligo spp, Opsiphanes spp).
•
Broca-rajada (Metamasius hemipterus).
A identificação e formas de manejo das principais pragas que ocorrem em
bananeiras serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitossanitário em Fruticultura.
e-Tec Brasil
32
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
3.10 Principais doenças
Em cultivos comerciais as plantas de bananeira são atacadas por algumas
doenças, entre elas destacam-se:
•
Sigatoka-amarela (Mycosphaerella musicola).
•
Sigatoka-negra (Mycosphaerella fijiensis = Paracercospora fijiensis).
•
Mal-do-Panamá (Fusarium oxysporum f. sp. cubense).
•
Mancha-parda (Cercospora hayi).
•
Mancha-losango (Cercospora hayi, Fusarium solani, Fusarium roseum).
Para saber mais sobre as principais
doenças da bananeira, acesse:
http://frutvasf.univasf.edu.br/
images/banana1.
A identificação e formas de manejo das principais doenças que ocorrem em
bananeira serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitossanitário em Fruticultura.
Resumo
A banana é uma das frutas mais consumidas no mundo, sendo o Brasil o
maior produtor e consumidor da fruta. O cultivo desta espécie é realizado
em pequenas, médias e grandes propriedades, havendo cultivos altamente
tecnificados. No Rio Grande do Sul é característico o cultivo da bananeira em
propriedades da agricultura familiar, principalmente na microrregião de Osório,
microrregião do litoral e em alguns municípios da Depressão Central do RS.
A bananeira (Musa spp.) pertencente à família botânica Musaceae, originária
do Extremo Oriente, atualmente cultivada em várias regiões de clima tropical
e subtropical. Para o cultivo comercial de bananeira é muito importante que
no planejamento e elaboração do projeto seja realizado um levantamento das
informações climáticas do local: temperatura, umidade relativa, luminosidade,
precipitação, demanda hídrica e vento. Por ser tipicamente uma frutífera de
clima tropical, a planta adapta-se em regiões com temperatura entre 15ºC
e 35ºC, sendo que em torno de 28ºC acredita-se ser a temperatura ótima
para a cultura.
Aula 3 - A cultura da bananeira
33
e-Tec Brasil
Atividades de aprendizagem
1. A que família botânica pertence a bananeira? Qual o nome científico
desta cultura?
2. Qual a temperatura média de uma região para possibilitar o cultivo da
bananeira?
3. Quais os danos (prejuízos) causados a bananeiras por temperaturas iguais
ou inferiores a 4ºC?
4. Cite alguns tratos culturais empregados na cultura da bananeira.
e-Tec Brasil
34
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Aula 4 – A cultura do maracujazeiro
Objetivos
Entender as principais características botânicas e morfológicas do
maracujazeiro.
Apresentar as exigências edafoclimáticas do maracujazeiro.
4.1 Considerações iniciais
A maior produção mundial de maracujá concentra-se no Brasil, Colômbia,
Equador e Peru, os quais são responsáveis por aproximadamente 93 % de
toda produção mundial. O maracujazeiro é uma cultura de grande importância
socioeconômica para o Brasil, em 2010 o país cultivou 10.000 hectares, obtendo
cerca de 920 mil toneladas. A exploração do maracujazeiro caracteriza-se por
ser realizada em pequenas, médias ou grandes propriedades, havendo plantios
com 1 ha a mais de 10 ha, adaptando-se muito bem a agricultura familiar.
Estima-se que em 1 ha de maracujazeiro sejam gerados de 3 a 4 empregos
diretos (WEBER, 2013).
Assista a um vídeo sobre o
cultivo de maracujazeiro em:
https://www.youtube.com/
watch?v=yLGJIgzqML
O nível de tecnologia empregada na execução das práticas culturas é um
dos fatores que contribuem para a produção. No Brasil, o rendimento médio
é de 14 t/ha, mas há potencial para se obter de 30 t/ha a 35 t/ha com a
adoção de algumas técnicas, como plantio de mudas sadias, aplicação de
irrigação e fertirrigação, manejo fitossanitário de pragas e doenças, controle
da fertilidade do solo.
4.2 Botânica e morfologia
O maracujazeiro (Passiflora spp.) é uma planta trepadeira, perene, pertencente à família botânica Passifloraceae, que possui dois gêneros Passiflorae e
Dilka, explorados economicamente no Brasil, possuindo apenas 70 espécies
produtoras de frutos comestíveis. Possui como centro de origem a América
do Sul, tipicamente de clima tropical, cultivada em várias regiões do mundo.
Entre as várias espécies destes dois gêneros merecem destaque as citadas no
Quadro 4.1.
Aula 4 - A cultura do maracujazeiro
35
Assista a um vídeo sobre
botânica e morfologia do
maracujazeiro em:
https://www.youtube.com/
watch?v=7r0osMoKJkU
e-Tec Brasil
Quadro 4.1: Principais espécies de maracujazeiro cultivadas no Brasil
Nome científico
Nome comum
Passiflora edulis Sims.
Maracujá-roxo, maracujá comum, maracujá redondo
Passiflora edulis Sims f. flavicarpa D.
Maracujá amarelo ou maracujá azedo
Passiflora alata D.
Maracujá grande, maracujá-de-refresco, maracujá-doce ou
maracujá alado
Passiflora caerulea L.
Maracujá-de-cobra, maracujá-de-boi
Passiflora laurifolia L.
-
Passiflora ligularis J.
-
Passiflora maliformis L.
-
Fonte: Cunha; Barbosa; Junqueira, 2002
Apesar do grande número de espécies de maracujazeiro, comercialmente
são explorados o Passiflora edulis Sims e Passiflora edulis Sims f. flavicarpa D.
4.2.1 Caule
O caule do maracujazeiro possui formato cilíndrico, em plantas jovens o caule
é herbáceo, provido de estruturas de fixação denominas gavinhas. Com o
desenvolvimento da planta o caule torna-se lenhoso na base e semilenhoso no
ápice. Devido a essa característica do caule, o maracujazeiro deve ser cultivado
de forma que seus ramos fiquem apoiados em um sistema de condução.
4.2.2 Sistema radicular
Em solos férteis, bem drenados e profundos o sistema radicular do maracujazeiro explora grandes áreas do solo. De forma geral, podemos considerar
a profundidade efetiva do sistema radicular entre 10 cm e 45 cm de profundidade, mas podendo variar de acordo com a classe do solo. Nesta faixa de
profundidade estão concentrados cerca de 60 % a 80 % das raízes.
4.2.3 Folhas
O maracujazeiro possui folhas dispostas alternadamente nas plantas, com
formato e tamanho variado, de acordo com a cultivar. Na axila das folhas
desenvolvem-se gavinhas, destinadas a fixar a planta ao sistema de condução.
4.2.4 Flores
O maracujazeiro possui uma flor completa, com androceu e gineceu, com
estigma localizado acima das anteras. Normalmente, a abertura floral ocorre
a partir das 12 h e fecham-se durante o período noturno. Na Figura 4.1 é
possível observar uma flor de maracujazeiro e a identificação das principais
estruturas componentes.
e-Tec Brasil
36
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Figura 4.1: Identificação e localização das principais estruturas em flor de maracujazeiro
Fonte: CTISM
A floração do maracujazeiro possui os chamados “picos de floração”, ocorrendo
cerca de 4 a 5 picos de floração, cada um dura por aproximadamente uma
semana. Estes picos de produção ocorrem durante o período de dezembro a
abril, de acordo com a região pode adiantar ou atrasar o mês.
4.2.5 Frutos
Botanicamente o fruto do maracujazeiro é considerado uma baga, normalmente
de formato redondo, possui coloração amarela, dependendo da variedade.
Na Figura 4.2 é possível observar o fruto do maracujazeiro e as principais
estruturas deste.
Aula 4 - A cultura do maracujazeiro
37
e-Tec Brasil
Figura 4.2: Fruto de maracujazeiro amarelo
Fonte: CTISM
4.3 Exigências climáticas
A obtenção de alta produtividade em cultivos comerciais de maracujazeiro é
alcançado através de um conjunto de técnicas de manejo aplicados a cultura
durante o ciclo produtivo. A época de realização do manejo da cultura está
relacionando com as exigências climáticas da cultura porque o crescimento
das plantas depende de uma série de fatores abióticos. Por esse motivo, é
indispensável implantar o pomar em um local onde as exigências climáticas
da cultura sejam supridas. Fotoperíodo, temperatura, precipitação, ventos e
umidade relativa do ar possuem grande influência nos processos metabólicos
e fisiológicos do maracujazeiro, o que justifica o estudo destes fatores.
4.3.1 Fotoperíodo
O maracujazeiro é uma planta de clima tropical, mas cultivada em regiões
de clima subtropical, adaptando-se muito bem em vários locais, desde que o
fotoperíodo seja de no mínimo 11 horas, isso proporcionará ótimas condições
para a antese.
4.3.2 Temperatura
O crescimento vegetativo, antese e frutificação do maracujazeiro ocorre em
uma faixa de temperatura situada entre 21ºC e 23ºC, sendo entre 23ºC
e 25ºC considerada a melhor temperatura. Apesar disto, há vários anos o
maracujazeiro é cultivado em regiões com temperatura média entre 18ºC e
35ºC (COSTA et al., 2008).
e-Tec Brasil
38
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
4.3.3 Precipitação
O maracujazeiro desenvolve-se bem em regiões com precipitação média anual
em torno de 800 mm a 1700 mm, bem distribuídos durante os doze meses
do ano. A ocorrência de chuvas durante o período de polinização pode causar
redução da produção. Pomares implantados em regiões com distribuição
desuniforme das chuvas, ou com períodos de déficit hídrico devem ser irrigados
porque o estresse hídrico paralisa o crescimento vegetativo e pode atrasar a
antese e em casos mais críticos até causar o aborto das flores.
4.3.4 Ventos
A ocorrência de ventos leves a moderados em cultivos comerciais de maracujazeiro são importantes para a redução na ocorrência de doenças fúngicas,
porém, ventos muito fortes podem causar prejuízos na polinização.
4.3.5 Umidade relativa
A umidade relativa está associada ao desenvolvimento de pragas e doenças,
principalmente o desenvolvimento de fungos. De maneira geral, plantas de
maracujazeiro desenvolvem-se bem em locais com umidade relativa em torno
de 40 % a 80 %. Locais com umidade relativa muito baixa podem causar
problemas na polinização e desenvolvimento dos frutos.
4.4 Polinização natural
A polinização é muito importante na cultura do maracujazeiro porque está
associada diretamente a produtividade das plantas, também influencia a
quantidade de sementes, peso e tamanho dos frutos, bem como o rendimento
de suco.
A fecundação do maracujazeiro é entomófila, realizada principalmente pela
mamangava ou mamangaba (Xylocopa sp.), normalmente ocorrendo entre
as 12 h até o anoitecer. Como é realizada naturalmente por insetos, não há
custos ao produtor, não sendo necessário realizar desembolso. Para evitar a
morte dos agentes polinizantes, a aplicação de agrotóxicos deve ser realizada
fora do horário de voo, preferencialmente pela manhã.
Para saber mais sobre o valor
econômico da polinização
natural, acesse:
http://www.redibec.org/IVO/
rev15_04.pdf
É característico desta espécie a produção de pólen auto incompatível, isso
significa que o pólen produzido por uma flor não pode fecundar de forma
eficiente a própria flor ou outras flores produzidas na mesma planta. Para
obtenção da produção é necessário que ocorra a polinização cruzada.
Aula 4 - A cultura do maracujazeiro
39
e-Tec Brasil
4.5 Polinização artificial
Assista a um vídeo sobre
a polinização artificial em
maracujazeiro em:
https://www.youtube.com/
watch?v=juODPR77OGg
A polinização artificial ou polinização manual é uma prática cultural muito
utilizada em cultivos comerciais de maracujazeiro, tanto em pequenos, médios
ou grandes plantios. Esta prática consiste em retirar o pólen das flores de uma
planta e aplicá-lo nas flores de outra planta. Objetiva-se com isto aumentar
a polinização e por consequência a produtividade. Estudos apontam que a
polinização artificial é 30 % a 50 % mais eficiente que a polinização natural.
Algumas publicações técnicas informam que esta prática deve ser adotada
em plantios com mais de 10 ha, porque a polinização natural torna-se menos
eficientes em grandes áreas. Mas produtores com plantios pequenos, 1 ha, por
exemplo também podem adotar esta prática, potencializando a produtividade
da área.
4.5.1 Horário recomendado
Produtores e técnicos recomendam que a polinização artificial (manual) inicie
a partir das 13 h, dado que neste horário a maioria das flores já estão abertas,
estendendo-se até as 15 h ou 18 h, dependendo da região.
4.5.2 Rendimento
O rendimento desta prática cultural dependerá da experiência e qualificação
da mão de obra, da temperatura ambiente e do número de flores por metro
quadrado. Como referencial técnico, adota-se um rendimento para 2 ou 3
pessoas de 50 a 60 flores por minuto, resultando em 1 hectare por tarde.
4.5.3 Quando polinizar
Para saber mais sobre a
polinização artificial em
maracujazeiros, acesse:
www.cpac.embrapa.br/
download/268/t
Para que a prática da polinização artificial seja economicamente viável e tenha
eficiência técnica, é recomendado que a polinização seja realizada nos picos
de floração, caracterizado pela presença de 2 a 3 flores/m².
4.5.4 Equipamentos necessários
Esta é uma prática cultural que exige pouco uso de equipamentos, sendo
necessário apenas a utilização de “dedeiras de flanela”, mas pode ser realizada
com a mão nua.
4.5.5 Execução da polinização artificial
A pessoa que realizará a polinização deve tocar com os dedos as anteras das
flores e, em seguida, os estigmas, para coletar o pólen. Posteriormente a pessoa
desloca-se até a próxima planta onde realizará a polinização. Na Figura 4.3 é
possível observar a forma de deslocamento no pomar.
e-Tec Brasil
40
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Figura 4.3: Forma de deslocamento no pomar para polinização artificial
Fonte: CTISM, adaptado de Lima et al., 1994
É importante relembrar que o pólen extraído de uma flor não deve ser aplicado
nesta ou nas demais flores da mesma planta, sempre deve ser aplicado em
outra planta.
4.6 Exigências edáficas
O maracujazeiro desenvolve-se bem em solos férteis, ricos em matéria orgânica,
profundos, bem drenados, sem impedimento químico e físico. Mesmo sendo
uma planta de clima tropical, esta não tolera solos com excesso de umidade
por um longo período. A calagem do solo deve ser realizada para elevar o
pH até a faixa de 6,0.
4.7 Espaçamento
A definição do espaçamento de plantio é uma etapa muito importante no
planejamento do pomar. Para a determinação do espaçamento deve-se levar
em consideração a fertilidade e classe do solo, disponibilidade de água, mão
de obra disponível e disponibilidade financeira. No Quadro 4.2 estão disponibilizados alguns espaçamentos utilizados em plantios comerciais.
Quadro 4.2: Principais espaçamentos de plantio para maracujazeiro
1
Espaçamento
Nº de planta/ha
1
3 m × 2,5 m
1333
3m×5m
666
4 m × 2,5 m
1000
6m×3m
555
6m×4m
416
3 m entre linhas e 2,5 m entre plantas.
Fonte: Autores
Aula 4 - A cultura do maracujazeiro
41
e-Tec Brasil
4.8 Cultivares
Assista a um vídeo sobre
cultivar de maracujá em:
https://www.youtube.com/
watch?v=ICgEie9F5dM
Como a cultura do maracujazeiro é muito expressiva e de grande importância
socioeconômica no Brasil, existe a Embrapa Cerrados, localizada em Planaltina,
no Distrito Federal, que é uma das principais instituições brasileiras que realiza
o melhoramento genético do maracujazeiro.
4.8.1 Cultivares de duplo propósito
Entenda-se como cultivar de duplo propósito aquelas desenvolvidas com
o objetivo de produzir frutos tanto para o consumo in natura como para a
industrialização. Entre as novas cultivares desenvolvidas pela Embrapa merecem
destaque a ‘BRS Gigante Amarelo’, ‘BRS Sol do Cerrado’ e ‘BRS Ouro Vermelho’.
4.9 Análise foliar
A análise foliar deve ser utilizada junto com a análise de solo para realizar a
recomendação de adubação. O período de coleta das folhas vai de março a
junho, preferencialmente logo após a colheita dos frutos. É necessário coletar
4 folhas por planta de um total de 20 plantas por hectare. Recomenda-se que
seja coletada a 4ª ou 5ª folha recém-madura, localizada no ramo produtivo.
É necessário escolher folhas sadias, sem sintomas de deficiências nutricionais
ou lesões causadas por insetos, preferencialmente realizar a coleta entre as
7 h e 9 h.
4.10 Adubação
O maracujazeiro é uma planta perene, porém, é cultivada comercialmente
por 2 ou até 3 safras, após este período as plantas são substituídas. Por isso é
necessário que a fertilidade do solo seja adequada, de forma a disponibilizar
todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento das
plantas e frutos.
4.10.1 Adubação nitrogenada
A adubação nitrogenada é realizada anualmente no plantio, crescimento e
para manutenção. No Quadro 4.3 são apresentadas as recomendações de
fertilizante nitrogenado.
e-Tec Brasil
42
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Quadro 4.3: Adubação nitrogenada para o plantio, crescimento e
manutenção em plantios de maracujazeiro
Teor de matéria orgânica no solo (%)
g de N/planta
1º ano
2º ano
3º ano
< 2,5
90
120
120
> 2,5
70
80
80
Fonte: SBCS, 2004
Os fertilizantes nitrogenados devem ser aplicados parceladamente, em doses
iguais, durante os meses de setembro, novembro e fevereiro.
4.10.2 Adubação potássica
A adubação potássica é realizada para o plantio, crescimento e manutenção
das plantas, seguinte às recomendações do Quadro 4.4.
Quadro 4.4: Adubação potássica para o plantio, crescimento e manutenção
em plantios de maracujazeiro
Interpretação do teor de K
g de K2O/planta
Plantio
1º ano
2º ano
3º ano
Muito baixo
30
100
140
140
Baixo
30
80
130
130
Médio
20
80
110
110
Alto
20
60
90
90
Muito alto
< 20
< 60
< 80
< 80
Fonte: SBCS, 2004
Os fertilizantes potássicos, preferencialmente, devem ser aplicados em torno
das plantas, sob a projeção da copa, cerca de 20 cm distante do tronco das
plantas. Os fertilizantes potássicos devem ser aplicados parceladamente, em
doses iguais, durante os meses de setembro, novembro e fevereiro.
4.10.3 Adubação fosfatada
A adubação fosfatada é realizada para o plantio, crescimento e manutenção
das plantas, seguinte às recomendações do Quadro 4.5.
Quadro 4.5: Adubação fosfatada para o plantio, crescimento e manutenção
em plantios de maracujazeiro
Interpretação do teor de P
g de P2O5/planta
Plantio
1º ano
2º ano
3º ano
Muito baixo
50
50
60
50
Baixo
50
45
50
45
Médio
40
45
45
45
Alto
40
40
40
40
Muito alto
< 40
< 40
< 40
< 40
Fonte: SBCS, 2004
Aula 4 - A cultura do maracujazeiro
43
e-Tec Brasil
Da mesma forma que os fertilizantes potássicos, os fosfatados, preferencialmente, devem ser aplicados em torno das plantas, sob a projeção da copa,
cerca de 20 cm distante do tronco das plantas. Os fertilizantes fosfatados
devem ser aplicados parceladamente, em doses iguais, durante os meses de
setembro, novembro e fevereiro.
4.11 Sistemas de condução
Apesar de ser uma planta perene, o maracujazeiro necessita de uma estrutura
de sustentação para condução de seus ramos durante o período de cultivo.
Assim como para um parreiral, um sistema de condução são os métodos e
técnicas empregados que permitem dar forma as plantas e sustentação a sua
produção. Os sistemas de condução utilizados na cultura do maracujazeiro
são a espaldeira e a latada. Para a escolha deste sistema de condução, alguns
fatores devem ser observados, entre eles destacamos:
•
Objetivo (produção de frutos para consumo in natura ou indústria).
•
Condições químicas, físicas e biológicas do solo.
•
Topografia da área.
•
Condições climáticas da região.
•
Custo de implantação e manutenção.
•
Tradição culturas do produtor rural.
O tipo de sistema de condução adotado afeta diretamente o crescimento e
desenvolvimento vegetativo do maracujazeiro, por consequência também
atua na produtividade das plantas.
4.11.1 Sistema de condução em forma de latada
O sistema de condução em forma de latada recebe outras denominações
como pérgula ou caramanchão, de acordo com a região. Este sistema é
muito utilizado na produção de maracujá, destinados ao consumo in natura
ou indústria. Na Figura 4.4, está demonstrado esquematicamente o conjunto
denominado de “sistema de condução em forma de latada”.
e-Tec Brasil
44
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Figura 4.4: Vista geral de um sistema de condução em forma de latada
Fonte: CTISM, adaptado de Leão, 2004
Este sistema vem sendo cada vez menos utilizado por produtores de maracujá
devido a maior incidência de doenças e ataque de pragas.
4.11.2 Sistema de condução em forma de
espaldeira
O sistema de condução em forma de espaldeira é a forma utilizada para condução do maracujazeiro. Para o maracujazeiro é possível construir espaldeiras
com 1, 2 ou 3 fios, dependendo da fertilidade do solo e vigor das plantas. Na
Figura 4.5 está demonstrado esquematicamente o conjunto denominado de
“sistema de condução em forma de espaldeira”.
Aula 4 - A cultura do maracujazeiro
45
e-Tec Brasil
Figura 4.5: Espaldeira com 1, 2 e 3 fios, respectivamente
Fonte: CTISM, adaptado de Lima et al., 1994
Normalmente os produtores utilizam espaldeiras com apenas 1 fio de arame,
devido ao custo. Em locais com maior incidência de vento pode-se adotar o
sistema com 2 ou três fios de arame.
4.12 Principais pragas
Em cultivos comerciais as plantas de maracujazeiro são atacadas por algumas
pragas, entre elas destacam-se:
e-Tec Brasil
•
Lagartas desfolhadoras (Dione juno juno).
•
Percevejos.
46
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
•
Broca-das-hastes (Philonis spp.).
•
Ácaros.
•
Pulgões.
A identificação e formas de manejo das principais pragas que ocorrem em
maracujazeiros serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo
Fitossanitário em Fruticultura.
4.13 Principais doenças
Em cultivos comerciais as plantas de maracujazeiro são atacadas por algumas
doenças, entre elas destacam-se:
•
Tombamento, mela ou "damping off".
•
Antracnose.
•
Verrugose.
•
Bacteriose.
•
Podridão do colo.
A identificação e formas de manejo das principais doenças que ocorrem em
maracujazeiros serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo
Fitossanitário em Fruticultura.
Resumo
A maior produção mundial de maracujá concentra-se no Brasil, Colômbia,
Equador e Peru, os quais são responsáveis por aproximadamente 93 % de
toda produção mundial. O maracujazeiro é uma cultura de grande importância
socioeconômica para o Brasil, em 2010 o país cultivou 10.000 hectares,
obtendo cerca de 920 mil toneladas.
O maracujazeiro (Passiflora spp.) é uma planta trepadeira, perene, pertencente
à família botânica Passifloraceae. O caule do maracujazeiro possui formato
cilíndrico, em plantas jovens o caule é herbáceo, provido de estruturas de
Aula 4 - A cultura do maracujazeiro
47
e-Tec Brasil
fixação denominas gavinhas. Em solos férteis, bem drenados e profundos o
sistema radicular do maracujazeiro explora grandes áreas do solo. De forma
geral, podemos considerar a profundidade efetiva do sistema radicular entre
10 cm e 45 cm de profundidade, mas podendo variar de acordo com a classe
do solo.
A polinização é muito importante na cultura do maracujazeiro porque está
associada diretamente a produtividade das plantas, também influencia a quantidade de sementes, peso e tamanho dos frutos, bem como o rendimento de
suco. A fecundação do maracujazeiro é entomófila, realizada principalmente
pela mamangava ou mamangaba (Xylocopa sp.). A polinização artificial ou
polinização manual é uma prática cultural muito utilizada em cultivos comerciais
de maracujazeiro, tanto em pequenos, médios ou grandes plantios.
A definição do espaçamento de plantio é uma etapa muito importante no
planejamento do pomar. Para a determinação do espaçamento deve-se levar
em consideração a fertilidade e classe do solo, disponibilidade de água, mão
de obra disponível e disponibilidade financeira.
Apesar de ser uma planta perene, o maracujazeiro necessita de uma estrutura
de sustentação para condução de seus ramos durante o período de cultivo,
em espaldeira ou em latada.
Atividades de aprendizagem
1. Qual o nome científico e a que família botânica pertence o m
­ aracujazeiro?
2. Quanto ao fotoperíodo, qual a exigência do maracujazeiro?
3. Comente sobre o item “temperatura” para a cultura do maracujazeiro.
4. Que inseto é responsável pela polinização do maracujazeiro?
5. O que é a polinização artificial? Qual a sua finalidade? Qual horário que
pode ser realizada? E qual o rendimento desta prática?
6. Em relação ao espaçamento de plantio, qual ou quais podem ser utilizados em cultivos comerciais de maracujazeiro?
7. Para a escolha do sistema de condução, alguns fatores devem ser observados, quais são?
e-Tec Brasil
48
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Aula 5 – Cultivo de frutíferas de clima
subtropical
Objetivos
Especificar as principais características das frutíferas de clima subtropical.
5.1 Considerações iniciais
As frutíferas de clima subtropical são cultivadas em todo o Brasil, dadas às
condições climáticas do país e a adaptabilidade das espécies. Estas frutíferas
caracterizam-se por apresentar menor tolerância a períodos com temperatura
baixa, desenvolvendo-se bem numa faixa de temperatura situada entre 15ºC
e 22ºC e apresentam mais de um surto de crescimento em um ciclo.
Para saber mais sobre
desenvolvimento de frutíferas de
clima subtropical, acesse:
http://www.scielo.br/pdf/rbf/
v33nspe1/a13v33nspe1.pdf
Algumas plantas pertencentes a este grupo não possuem hábito caducifólio,
fato este importante para o manejo fitossanitário em pomares comerciais. A
maioria das frutíferas subtropicais apresentam área foliar permanente, como
a goiabeira e os citros.
Várias frutíferas são classificadas neste grupo, as principais cultivadas comercialmente no Brasil estão listadas no Quadro 5.1.
Quadro 5.1: Frutíferas de clima subtropical cultivadas comercialmente no RS
Nome comum
Nome científico
Família botânica
Abacateiro
Persea americana
Lauraceae
Caquizeiro
Diospyros kaki
Ebenaceae
Goiabeira
Psidium guajava
Myrtaceae
Laranjeira
Citrus sinensis
Rutaceae
Limoeiro
Citrus limon
Rutaceae
Tangerineira
Citrus reticulata
Rutaceae
Fonte: Autores
Outras frutíferas como a Atemoieira (Annona cherimola Mill. × Annona
squamosa L.), Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora), Lichia (Litchi chinensis Sonn)
e Nespereira (Eriobotrya japonica) também são frutíferas de clima tropical,
porém, no RS o cultivo é relativamente pequeno.
Aula 5 - Cultivo de frutíferas de clima subtropical
49
e-Tec Brasil
A abrangência do cultivo de frutíferas de clima subtropical no Brasil deve-se
às condições climáticas e edafoclimáticas favoráveis ao desenvolvimento das
plantas. Na Quadro 5.2 é possível observar alguns dados que representam a
expressividade das frutíferas subtropicais no País.
Quadro 5.2: Área colhida e outros dados das principais frutíferas de clima
subtropical cultivadas no Brasil
Para saber mais sobre dados sobre
lavouras permanentes, acesse:
http://www.ibge.gov.br/home/
estatistica/economia/pam/2012/
default_perm_ods.shtm
Frutífera
Área colhida
(ha)
Quantidade produzida
(t)
Rendimento médio
(t/ha)
Abacateiro
9.615
159.903
16.7
Caquizeiro
8.173
158.241
19.3
Goiabeira
15.231
345.332
22.7
Laranjeira
762.765
18.012,560
22.7
Limoeiro
48.244
1.208,275
25.5
Tangerineira
52.023
959.672
18.5
Fonte: IBGE, 2012
Como observado no Quadro 5.2, estas frutíferas possuem expressividade
em área cultivada no País, destacando-se os citros, pois o Brasil é o maior
produtor mundial de laranja.
Resumo
As frutíferas de clima subtropical são cultivadas em todo o Brasil, dadas às
condições climáticas do país e a adaptabilidade das espécies. Estas frutíferas
caracterizam-se por apresentar menor tolerância a períodos com temperatura
baixa, desenvolvendo-se bem numa faixa de temperatura situada entre 15ºC
e 22ºC e apresentam mais de um período de crescimento em um ciclo.
Atividades de aprendizagem
1. Quais as faixas de temperatura que as frutíferas de clima tropical e subtropical desenvolvem-se?
2. Cite as principais frutíferas de clima tropical e subtropical cultivadas comercialmente no RS.
e-Tec Brasil
50
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Aula 6 – A cultura do caquizeiro
Objetivos
Detalhar as exigências edafoclimáticas do caquizeiro.
Determinar a importância e modo de execução das práticas cul­
turais.
6.1 Considerações iniciais
Vários estados brasileiros cultivam caquizeiro, estima-se que existam cerca
de 3.592 ha cultivados com a cultura. A produtividade média brasileira é de
14 t/ha, no entanto existe potencial de aumento.
No Rio Grande do Sul, a Região da Serra Gaúcha é a principal região produtora,
destacando-se os municípios de Caxias do Sul, Farroupilha, Bento Gonçalves.
Além deste, existem mais 15 municípios da região que produzem caqui.
As principais variedades exploradas economicamente no Estado são a Fuyu
(chocolate branco) e a Kyoto (chocolate preto). O período de maturação vai
de fevereiro a abril, podendo ser mais precoce ou tardia, de acordo com a
temperatura da microrregião.
Assista a um vídeo sobre a
cultivo de caquizeiro no
Rio de Janeiro em:
https://www.youtube.com/
watch?v=8olfWhbK5m4
6.2 Botânica e morfologia
O caquizeiro (Diospyros Kaki L. F.), pertence à família botânica Ebenaceae,
originário do continente asiático, é cultivado comercialmente em várias regiões
do mundo a mais de 100 anos. Esta é uma planta perene, de porte arbóreo,
podendo atingir 8 m a 12 m de altura quando adulta. O crescimento lento
desta espécie é característico durante os três ou quatro anos iniciais, após
este período o desenvolvimento é vigoroso.
6.2.1 Caule
O caule do caquizeiro é lenhoso, áspero, de cor acinzentada e pode atingir
grandes dimensões quando a planta não é podada.
Aula 6 - A cultura do caquizeiro
51
e-Tec Brasil
6.2.2 Sistema radicular
O sistema radicular de plantas de caquizeiro é pivotante, profundo e distribui-se
por uma grade área do solo. Logo após o transplante da muda para o campo,
o crescimento do sistema radicular é lento, com o passar dos anos torna-se
mais efetivo.
6.2.3 Folha
As folhas do caquizeiro possuem aspecto coriáceo, coloração verde-escuro
e formato elíptico. São fundamentais para o processo da fotossíntese. Em
regiões de clima úmido ou períodos com grande ocorrência de chuvas, as
folhas podem ser atacadas por fungos.
6.2.4 Flor
O caquizeiro possui plantas monoicas (flores masculinas e femininas na mesma
planta) e dioicas (flores masculinas e femininas em plantas separadas). Entretanto, é possível a ocorrência de plantas polígamas, onde há presença de flores
masculinas, femininas ou hermafroditas na mesma planta.
As flores estaminadas são pequenas (1,0 cm a 1,5 cm de diâmetro), crescendo
normalmente em grupo de 3, na axila das folhas. Já as flores pistiladas são
grandes (2,5 cm de diâmetro), crescendo isoladamente na axila das folhas.
Grande parte das variedades comerciais cultivadas no Brasil produzem somente
flores femininas.
Uma das variedades mais cultivadas no RS é a Fuyu, que produz apenas flores
femininas, desse modo, para potencializar a produção torna-se necessário
o plantio de uma planta polinizadora para cada 6 plantas da cultivar Fuyu.
6.2.5 Fruto
Botanicamente o fruto do caquizeiro é considerado uma baga, com tamanho e
coloração variando de acordo com a cultivar. Frutos verde são ricos em taninos,
o que os torna pouco palatáveis. Grande parte das cultivares comerciais não
necessitam de polinização, pois produzem os frutos partenocarpicamente.
Na Figura 6.1 é possível observar as características morfológicas dos frutos
de caquizeiro.
e-Tec Brasil
52
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Figura 6.1: Frutos de caquizeiro variedade Kyoto
Fonte: Jonas Janner Hamann
O tamanho e formato dos frutos dependerá da cultivar. O peso médio varia
entre 250 g e 350 g, mas com potencial de obter-se frutos de 400 g a 500 g.
6.3 Exigências climáticas
Apesar de o caquizeiro ser uma frutífera de clima subtropical, necessita de
um número mínimo de horas de frio, com temperatura abaixo de 7,2ºC,
para a superação da dormência após o período de repouso vegetativo. Para
a maioria das cultivares comerciais, cerca de 200 a 300 horas de frio já são
suficiente para brotação uniforme na primavera.
6.3.1 Temperatura
O caquizeiro adapta-se bem a várias regiões com as mais variadas faixas de
temperatura. No entanto, para cultivos comerciais de cultivares doces, estas
devem ser conduzidas em locais com temperatura média anual acima de 13ºC
e para cultivares taninosas, acima de 10ºC (PIO, 2003).
6.3.2 Precipitação
Para a obtenção de alta produtividade, com baixo custo, é necessário que na
região onde será implantado o cultivo de caquizeiro ocorra uma precipitação
anual média entre 1000 mm e 1500 mm bem distribuídos durante os 12
meses do ano.
6.3.3 Ventos
A ocorrência de ventos fortes pode provocar a quebra de ramos em plantas
que não foram submetidas ao raleio de frutos. Algumas cultivares também são
mais susceptíveis a quebra de ramos, dessa forma evita-se estas cultivares. Em
regiões com ocorrência intensa de ventos é possível implantar quebra-ventos
em torno do pomar.
Aula 6 - A cultura do caquizeiro
53
e-Tec Brasil
6.4 Exigências edáficas
O caquizeiro adapta-se bem a várias classes de solo, preferencialmente férteis,
com bom teor de matéria orgânica, profundos e bem drenados. A calagem
deve ser realizada para elevar o pH para a faixa de 6,0, sendo necessário
incorporar o corretivo a uma profundidade mínima de 40 cm a 50 cm.
6.5 Espaçamento
Por ser uma planta de porte arbóreo, o espaçamento utilizado para o plantio
do caquizeiro deve ser previamente planejado, de forma a evitar o plantio
muito adensado, o que pode aumentar a incidência de doenças e elevar o custo
de implantação devido ao grande número de mudas necessárias. No Quadro
6.1 são apresentados alguns espaçamentos possíveis de serem utilizados na
cultura do caquizeiro.
Quadro 6.1: Recomendações de espaçamento para a cultura do caquizeiro
Espaçamento
Nº de plantas/ha
4,0 m × 3,0 m
833
5,0 m × 3,0 m
666
6,0 m × 3,0 m
555
4,0 m × 4,0 m
625
5,0 m × 4,0 m
500
6,0 m × 4,0 m
416
Fonte: Autores
A escolha do espaçamento de plantio dependerá da forma de condução
adotada no caquizeiro, sistema em vaso ou sistema em líder central, bem
como a fertilidade do solo e precipitação anual média. Em plantios mais
adensados, produtores tem utilizado, para o sistema de condução em vaso,
o espaçamento de 2,5 m a 3,0 m entre plantas, e no sistema de líder central
de 2,0 m a 2,5 m entre plantas.
6.6 Cultivares
As cultivares de caquizeiro são classificadas em três grupos: Amagaki (­taninosos),
Sibugaki (não taninosos) e variáveis, cada um com suas particularidades e
características. No Rio Grande do Sul a colheita do caquizeiro ocorre de
fevereiro a maio, dependendo da região pode ocorrer até o mês de junho.
e-Tec Brasil
54
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
6.6.1 Grupo Amagaki
As variedades pertencentes ao grupo Amagaki possuem frutos doces, com polpa
de coloração amarelada, algumas variedades possuem frutos sem sementes e
outras com sementes. Para serem comercializados, estes frutos devem passar
por um tratamento (destanização). Comercialmente merecem destaque as
variedades Fuyu e IAC Fuyuhana.
Assista a um vídeo sobre o
cultivo de caquizeiro Fuyu em:
https://www.youtube.com/
watch?v=xFzbUe9Rzuw
6.6.2 Grupo Sibugaki
As variedades pertencentes ao grupo Sibugaki possuem frutos taninosos,
com polpa de coloração amarelada, algumas variedades possuem frutos
sem sementes e outras com sementes. Comercialmente merecem destaque
as variedades Coração-de-boi, Pomelo (IAC 6-22), Regina, Rubi (IAC 8-4) e
Taubaté.
6.6.3 Grupo variável
As variedades pertencentes ao grupo variável possuem frutos taninosos quando
apirênicos ou não taninosos, parcialmente taninosos ou totalmente taninosos
(possuem pouca a muitas sementes). Em cultivos comerciais é indicado que
se evite a polinização porque os frutos deverão passar pelo processo de
destanização antes de serem comercializados. Comercialmente merecem
destaque as variedades Rama-forte, Luiz-de-Queiróz, Chocolate e Karioka.
Para saber mais sobre a
destanização de caquis, acesse:
http://www.scielo.br/pdf/cr/
v39n2/a46v39n2.pdf
6.7 Raleio
O raleio dos frutos do caquizeiro é uma prática cultural indispensável em
cultivos comerciais. Esta prática é realizada com o objetivo de:
•
Evitar a alternância de produção das plantas.
•
Impedir a quebra de ramos.
•
Obtenção de frutos grandes, de tamanho comercial com qualidade.
Em pomares adultos com cerca de 8 a 10 anos podem produzir de 80 kg
a 120 kg de frutos/planta. Essa produção é muito elevada e normalmente
causa a quebra dos ramos (Figura 6.2), o que reduz a vida útil do pomar e
causa perdas na safra.
Aula 6 - A cultura do caquizeiro
55
e-Tec Brasil
Figura 6.2: Quebra de ramos de caquizeiro devido à excessiva produção
Fonte: Jonas Janner Hamann
A época de realizar o raleio dos frutos em plantas de caquizeiro é logo após
a queda natural dos frutos. São removidos frutos com sintomas de ataque de
pragas e doenças, muito pequenos e mal formados. A realização do raleio evita
que seja necessário a utilização de uma técnica muito comum no caquizeiro,
o escoramento de ramos. Esta é uma prática que necessita de muita mão de
obra, tempo e não evita a alternância de produção das plantas.
6.8 Podas
No cultivo de caquizeiro é necessário a realização de poda, sendo uma das
práticas culturais mais importantes. Principalmente a poda de formação e a
poda de frutificação são de estrema importância, as quais possuem características e particularidades.
6.8.1 Poda de formação
A poda de formação do caquizeiro é uma prática cultura indispensável, sendo
realizada durante os 3 ou 4 primeiros anos após o plantio. Para a formação
da planta é preciso saber previamente qual o sistema de cultivo que será
adotado, em vaso ou em líder central.
6.8.1.1 Sistema de condução em forma de vaso
O sistema de condução em forma de vaso utilizado no caquizeiro é muito
semelhante ao adotado na cultura do pessegueiro. Esta forma de condução
é utilizada a mais de 20 anos por produtores de várias regiões, apresentando
certas vantagens: menor número de plantas/ha, maior produção/planta,
facilidade na poda de formação e frutificação. Após o plantio das mudas,
estas são podadas (despontadas) cerca de 50 cm a 80 cm acima do solo.
Dessa forma, quebra-se a dominância apical da planta e ocorrerá a brotação
das gemas dormentes, e, posteriormente, a formação dos ramos principais
(pernadas) (Figura 6.3).
e-Tec Brasil
56
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Figura 6.3: Poda de formação em caquizeiro, 1º ano
Fonte: CTISM
Após a poda no 1º ano, durante o ciclo de crescimento das plantas de caquizeiro,
é necessário tutorar os ramos primários (pernadas) de modo a dar o formato
de taça aberta aos ramos primários. É possível utilizar taquaras ou apenas
cordões (barbantes). Na Figura 6.4, é possível observar o tutoramento das
pernadas de plantas de caquizeiro, logo após a poda de formação (1º ano).
Figura 6.4: Tutoramento de pernadas de caquizeiro em forma de taça aberta
Fonte: Jonas Janner Hamann
Como o caquizeiro possui um crescimento lento nos primeiros anos, após a
poda de formação no 1º ano, é necessário no inverno do 2º ano continuar
a poda de formação da planta. Essa poda consiste em cortar em ao menos
50 % os ramos primários (pernadas), com isso haverá estimulo à brotação de
novos ramos (Figura 6.5).
Aula 6 - A cultura do caquizeiro
57
e-Tec Brasil
Figura 6.5: Poda de formação em caquizeiro, 2º ano
Fonte: CTISM
Até o 3º ou 4º ano a poda de formação é realizada como no 2° ano, podando-se
em 50 %. os ramos que cresceram no ano. Após o 4º ano essa poda não é
mais necessária, passando-se a adotar a poda de frutificação.
6.8.1.2 Sistema de condução em líder central
A condução de plantas de caquizeiro na forma de líder central vem sendo
utilizada a cerca de 5 ou 10 anos nas regiões produtoras da Serra Gaúcha, em
pomares que o produtor opta pela utilização da alta densidade de plantas/ha.
Este sistema de condução atribui à planta um ramo principal dominante e uma
série de ramos laterais secundários, bem espaçados e distribuídos, originando-se
do líder central.
6.8.2 Poda de frutificação
A poda de frutificação ou poda de produção é realizada no ano posterior
ao término da poda de formação. Esta prática cultural pode ser realizada
anualmente, tendo por objetivo a eliminação de ramos quebrados, doentes
ou mal posicionado para aumentar a circulação de ar e incidência de radiação
solar no interior da copa.
Para o caquizeiro, a poda de frutificação não é decisiva para a produção, isso
significa que mesmo que a planta não seja podada, irá produzir frutos. O fato
de se executar essa poda se deve ao grande vigor das plantas, que crescerão
muito, atingindo cerca de 8 m a 12 m. Com a poda de frutificação a planta
tende a ter o crescimento controlado.
e-Tec Brasil
58
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
6.9 Adubação
Por ser uma planta perene e de grande vigor, a adubação de crescimento e
de manutenção é muito importante para obtenção de altas produtividades
e proporcionar o crescimento vigoroso das plantas. Para o caquizeiro são
adotadas duas adubações, de crescimento e manutenção.
6.9.1 Adubação de crescimento
A adubação nitrogenada de crescimento é feita na fase de desenvolvimento
do pomar. Aplicar o fertilizante na área correspondente à projeção da copa
(Quadro 6.2).
Quadro 6.2: Adubação de crescimento para cultivos comerciais de caquizeiro
Ano
Nitrogênio (kg de N/ha)
Época de aplicação
5
30 dias após a brotação
5
60 dias após a 1º aplicação
5
45 dias após a 2º aplicação
1º
2º
3º
10
No inchamento das gemas
10
60 dias após a 1º aplicação
10
45 dias após a 2º aplicação
15
No inchamento das gemas
15
Após pegamento dos frutos
15
Após a colheita
Fonte: SBCS, 2004
6.9.2 Adubação de manutenção
Os nutrientes e as quantidades a serem aplicadas devem ser estabelecidas
pela análise conjunta dos seguintes parâmetros: análise foliar, análise periódica
de solo, idade das plantas, crescimento vegetativo, sistema de condução,
adubações anteriores, produção, tratos culturais e presença de sintomas de
deficiência ou de toxidez.
6.10 Principais pragas
Em cultivos comerciais as plantas de caquizeiro são atacadas por algumas
pragas, entre elas destacam-se:
•
Ácaro (Eriophyes diospyri).
•
Besouro de Limeira (Leptaegeria sp.).
•
Cochonilha (Pseudococcus comstocki).
Aula 6 - A cultura do caquizeiro
59
e-Tec Brasil
•
Cochonilha (Pseudococcus comstocki).
•
Lagarta do fruto (Hypocala andremona).
•
Lepidobroca (Leptaegeria sp.).
•
Mosca-das-frutas (Anastrepha spp. e Ceratitis capitata).
•
Tripes (Heliothrips haemorrhoidalis).
A identificação e formas de manejo das principais pragas que ocorrem em
caquizeiros serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitossanitário em Fruticultura.
6.11 Principais doenças
Em cultivos comerciais as plantas de caquizeiro são atacadas por algumas
doenças, entre elas destacam-se:
•
Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides).
•
Galha da coroa (Agrobacterium tumefaciens).
•
Mancha das folhas (Cercospora kaki).
•
Podridão das raízes (Rosellinia sp.).
A identificação e formas de manejo das principais doenças que ocorrem
em caquizeiros serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo
Fitossanitário em Fruticultura.
Resumo
Uma das primeiras culturas estudadas é a do caquizeiro (Diospyros Kaki L. F.),
pertencente à família botânica Ebenaceae, originário do continente asiático.
O caule do caquizeiro é lenhoso, áspero, de cor acinzentada e pode atingir
grandes dimensões quando a planta não é podada. O sistema radicular de
plantas de caquizeiro é pivotante, profundo e distribui-se por uma grade
área do solo. As folhas do caquizeiro possuem aspecto coriáceo, coloração
verde-escuro e formato elíptico, as quais são fundamentais para o processo
e-Tec Brasil
60
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
da fotossíntese. Apesar de o caquizeiro ser uma frutífera de clima subtropical,
necessita de um número mínimo de horas de frio, com temperatura abaixo de
7,2ºC, para a superação da dormência após o período de repouso vegetativo.
Para a maioria das variedades comerciais, cerca de 200 a 300 horas de frio já
são o suficiente para brotação uniforme na primavera.
As variedades de caquizeiro são classificadas em três grupos: Amagaki (taninosos), Sibugaki (não taninosos) e variáveis, cada um com suas particularidades
e características. No Rio Grande do Sul a colheita do caquizeiro ocorre de
fevereiro a maio, dependendo da região podem ocorrer até o mês de junho.
No cultivo de caquizeiro é necessário a realização de poda, principalmente a
poda de formação e a poda de frutificação, ambas de estrema importância,
com características e particularidades.
Atividades de aprendizagem
1. De modo geral, qual a exigência de horas de frio (abaixo de 7,2ºC) para
o caquizeiro?
2. Quais os três grupos de caquizeiro existente? Cite suas principais características e dê exemplo de variedades de cada grupo.
3. Quanto ao sistema de condução, quais podem ser adotados para o caquizeiro?
4. O raleio de frutos é necessário em cultivos comerciais de caquizeiro? Por
quê? Quais as vantagens?
Aula 6 - A cultura do caquizeiro
61
e-Tec Brasil
e-Tec Brasil
62
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Aula 7 – A cultura dos citros
Objetivos
Identificar principais características botânicas e morfológicas dos
citros.
Observar e analisar detalhes técnicos da cultura do gênero Citrus.
7.1 Considerações iniciais
As plantas cítricas foram introduzidas no Brasil por colonizadores portugueses
no Estado da Bahia. Desde esta época houve um aumento de área cultivada e
melhoria na tecnologia empregada em cultivos comerciais. Atualmente o Brasil é
o maior produtor mundial de laranja, em segundo lugar estão os Estados Unidos.
Com grande importância socioeconômica em nosso país, a citricultura está
presente em vários Estados, principalmente em São Paulo, que possui cerca
de 85 % da área cultivada, aproximadamente 750 mil hectares. A organização
e tecnificação dos pomares é típico da cadeia produtiva dos citros em São
Paulo, isso ocorre devido a grande área cultivada e a exportação de polpa,
óleo essencial e frutos in natura. O Brasil exporta suco de laranja para vários
países, entre os principais compradores destaca-se a União Europeia, Estados
Unidos, Canadá, Japão e China.
Para saber mais sobre
Associação Brasileira de
Citricultores, acesse:
http://www.associtrus.com.br/
Para saber mais
sobre Associação Nacional
dos Exportadores de
Suco Cítrico, acesse:
http://www.citrusbr.com/
Além do cultivo de laranja, o Brasil também explora economicamente tangerineiras, limoeiros e limeiras, como observado na Figura 7.1.
Figura 7.1: Distribuição do cultivo de citros no Brasil
Fonte: CTISM, adaptado de IBGE, 2010
Aula 7 - A cultura dos citros
63
e-Tec Brasil
Apesar da grandiosidade do mercado citrícola paulista, outros Estados como
Pará, Bahia, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul também possuem uma
área considerável cultivada com citros.
7.2 Citricultura gaúcha
O cultivo de citros foi introduzido no Rio Grande do Sul pelos imigrantes
açorianos e seus descendentes, alocados nos municípios de Taquari e Triunfo,
por volta do final do século XVIII (DORNELLES, 1980). No final do século
XIX, a produção citrícola a nível comercial começou no Vale do Rio Caí, com
imigrantes germânicos. Nos últimos 10 anos vem se desenvolvendo de forma
comercial em outras regiões do Rio Grande do Sul. Atualmente encontramos
pomares de citros em praticamente todos os municípios gaúchos, como
podemos observar no mapa.
Figura 7.2: Municípios gaúchos produtores de citros
Fonte: CTISM, adaptado de IBGE, 2011
Estima-se que sejam cultivados no Rio Grande do Sul cerca de 27 mil hectares,
com uma produtividade média de 13 t/ha. Grande parte da citricultura gaúcha
é voltada para a produção de citros destinados ao consumo in natura, fato
este devido às ótimas condições climáticas do Estado, com invernos frios e
verões quentes, que conferem excelente coloração e sabor nos frutos.
A região do Vale do Rio Caí tradicionalmente é produtora de citros, pertencendo
a esta região os municípios de Bom Princípio, Brochier, Capela de Santana,
e-Tec Brasil
64
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Harmonia, Maratá, Montenegro, Pareci Novo, Poço das Antas, Portão, Salvador
do Sul, São José do Hortêncio, São Sebastião do Caí, Tabaí, Triunfo, Tupandi e
Vale Real. Na Figura 7.3, é possível observar a localização destes municípios.
Figura 7.3: Localização espacial dos municípios pertencentes ao Vale do Rio Caí
Fonte: CTISM, adaptado de https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/28/Mapa-vale-d-ca%C3%AD.jpg
A citricultura gaúcha está inserida basicamente nas pequenas propriedades
rurais, oportunizando mais uma atividade agrícola capaz de gerar receita
durante os doze meses do ano. Os municípios gaúchos com maior produção
de citros em 2012 foram:
•
Montenegro (produção média de 28.700 toneladas/ha).
•
Pareci Novo (produção média de 12.348 toneladas/ha).
•
Harmonia (produção média de 7.621 toneladas/ha).
7.3 Botânica e morfologia
Os citros pertencem à divisão Magnoliophyta, subdivisão Magnoliophytina, classe
Magnoliopsida, subclasse Rosidae, ordem Sapindales subordem Geranineae,
família Rutaceae, subfamília Aurantioideae, tribo Citreae, subtribo Citrineae
(PASSOS; SOARES FILHO; CUNHA SOBRINHO, 2005).
Aula 7 - A cultura dos citros
65
e-Tec Brasil
Ao longo dos anos, com o avanço da pesquisa, estabeleceram-se duas classificações para o gênero Citrus (MABBERLEY, 1997):
•
Swingle – classificação que abrange 16 espécies.
•
Tanaka – classificação que abrange 162 espécies.
Como existem dois sistemas de classificação, ainda há certa divergência quanto
à nomenclatura para os nomes científicos. Nesta aula será empregada a
nomenclatura adotada pela Embrapa Mandioca e Fruticultura e Embrapa
Clima Temperado.
7.3.1 Caule
Em plantas jovens, o caule apresenta coloração de tonalidade verde e em
plantas adultas o caule adquiri coloração de tonalidade marrom, com formato
cilíndrico e média ramificação. Alguns porta-enxertos possuem a região do
colo sensível ao ataque de fungos de solo como Phytophthora spp., causadores
da doença denominada Gomose.
7.3.2 Sistema radicular
Plantas cítricas possuem sistema radicular pivotante, podendo atingir mais
de 1 metro de profundidade em solos profundos, férteis e bem drenados.
O sistema radicular dos citros é desprovido de pelos absorventes, possuindo
radicelas, responsáveis pela absorção de água e nutrientes. Normalmente
cerca de 80 % do volume do sistema radicular destas plantas situa-se a uma
profundidade de 40 cm a 60 cm, podendo aprofundar-se mais de acordo
com a classe de solo.
7.3.3 Folhas
As folhas dos citros possuem aspecto coriáceo, coloração verde-claro quando
jovens e verde-escuro após adultas, apresentando pequenos pontos translúcidos
formados por glândulas que armazenam óleos essenciais. São persistentes,
podendo ficar aderidas a planta por cerca de 14 a 24 meses, dependendo
do clima. Sua forma é elíptica, oval ou lanceolada e, de aspecto coriácea
(Figura 7.4).
e-Tec Brasil
66
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Figura 7.4: Folha jovem de citros (a) e folha adulta (b)
Fonte: Diniz Fronza
Uma planta adulta de citros, com 10 anos, possui aproximadamente 50.000
a 100.000 folhas (entre jovens e adultas). Estima-se que sejam necessários
cerca de 2,3 m2 de área foliar para a produção de 1 kg de fruto em uma
planta adulta (10 anos). Para fins de estudo, acredita-se que seja necessário
cerca de 25 folhas, bem formadas e nutridas, para a produção de um fruto.
7.3.4 Inflorescência
Os citros possuem uma abundante floração, caracterizado por inflorescências solitárias ou agrupados, dependo do local de crescimento no ramo.
Normalmente, cada flor apresenta de 4 a 5 pétalas de coloração branca ou
avermelhada, dependendo da espécie. Na Figura 7.5 é possível observar o
hábito de crescimento da inflorescência dos citros.
Figura 7.5: Flor dos citros
Fonte: CTISM
Uma planta adulta de citros é capaz de gerar cerca de 10.000 flores, no entanto,
apenas 1.000 chegam a completar o ciclo, gerando frutos maduros, cerca
de 8 a 15 meses após antese (plena floração). Estas flores desenvolvem-se
nas brotações novas (do ano), ocorrendo logo após um período de baixas
temperaturas (inverno).
Aula 7 - A cultura dos citros
67
e-Tec Brasil
7.3.5 Polinização
Nos citros pode ocorrer polinização cruzada ou autopolinização. Os principais
agentes polinizadores são os insetos, porém, o vento, a água e o homem
também são considerados agentes polinizadores. Em grande parte das espécies
de citros, a polinização predominante é entomófila, a qual é realizada por
insetos. Na Figura 7.6 é possível observar a visita de uma abelha à flor de citros.
Figura 7.6: Abelha polinizando flor de citros
Fonte: Diniz Fronza
Em situações que existem poucas abelhas durante a antese, sob vento forte,
o pólen pode ser transportado por 12 m a 15 m de distância (CASTAÑER,
2003). Para aumentar a taxa de polinização muitos citricultores distribuem
colmeias pelo pomar durante a floração das plantas.
7.3.6 Frutos
O fruto é uma baga modificada chamada de hesperídio, podendo ser globulosos
ou subglobulosos. Dividem-se em epicarpo, mesocarpo e endocarpo, como
ilustrado na Figura 7.7.
Figura 7.7: Morfologia de uma fruta cítrica
Fonte: Diniz Fronza, adaptado por CTISM
e-Tec Brasil
68
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
A produção de frutos inicia a partir do 3º ou 4º ano após o plantio, dependendo
da variedade e do espaçamento de plantio. Plantios com maior densidade
atingem a produção máxima no 10º ano, e em densidade menor a produção
maior é obtida até o 12º ano.
7.4 Cidreira
A cidreira (Citrus medica L.), pertence à família botânica Rutaceae, originária
da China e Índia. As plantas são pequenas, arbustivas, atingindo 2 m a 4 m
de altura quando adultas. Os frutos da cidreira são comestíveis, porém, são
mais utilizados para a produção de doces, geleias e bebida. Existem frutos
com polpa doce e polpa ácida. Quanto à temperatura são plantas pouco
resistentes ao frio e temperaturas muito elevadas.
7.4.1 Cidreira Ethrog (Citrus medica L. var. ethrog
Engl.)
Uma das variedades mais cultivadas no mundo adapta-se bem ao cultivo em
regiões de clima tropical ou subtropical, não tolerando períodos de baixa
temperatura. Na Figura 7.8 é possível observar as características morfológicas
do fruto.
Figura 7.8: Frutos de cidreira Ethrog
Fonte: http://cdn1.bigcommerce.com/server700/5mvrqhbm/products/1051/images/74998/etrog_350__15585.143580921
2.451.395.jpg?c=2
Esta espécie de citros é pouco cultivada no Rio Grande do Sul, porém, países
como a Espanha e EUA possuem cultivos comerciais.
7.4.2 Cidreira mão-de-buda (Citrus medica L. var.
sarcodactylis)
Esta variedade é cultivada para o consumo da fruta e para fins ornamentais
devido ao seu formato e características peculiares, recentemente apresentou
grande utilidade na produção de fármacos. Quando maduro os frutos podem
Aula 7 - A cultura dos citros
69
e-Tec Brasil
ser de coloração amarela ou verde. Na Figura 7.9 é possível observar as
características morfológicas do fruto.
Figura 7.9: Fruto de cidreira mão-de-buda
Fonte: http://idtools.org/id/citrus/citrusid/images/fs_images/Sarcodactylis_IMG_1949.jpg
Esta variedade é cultivada comercialmente na Índia, Tailândia, Vietnã, China
e Japão.
7.5 Bergamota-da-índia
A bergamota-da-índia, kumquateiro ou laranjinha (Fortunella spp.), pertence
à família botânica Rutaceae, sendo originária da China. São plantas de porte
pequeno, atingindo 2 m a 4 m quando adultas, muito ramificadas com elevada
produção de frutos. São plantas com boa resistência ao frio, podendo ser
cultivadas no RS.
7.5.1 Bergamota-da-índia margarita (Fortunella
margarita (Lour.) Swingle)
Uma das variedades mais cultivada, seus frutos possuem uma coloração
intensa, podendo ser consumidos in natura ou em conservas. Na Figura 7.10
é possível observar o formato e coloração típica dos frutos desta espécie.
e-Tec Brasil
70
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Figura 7.10: Frutos de bergamota-da-índia
Fonte: Diniz Fronza
No Rio Grande do Sul o cultivo comercial não é expressivo, já nos EUA e
China há cultivos comerciais destinado ao consumo interno e exportação para
consumo in natura, beneficiamento ou como produto decorativo.
7.6 Laranjeira
A laranjeira (Citrus sinensis L. Osbeck), também denominada de orange,
pertence à família botânica Rutaceae, originária do Sul da China. Para fins
didáticos classificamos as laranjeiras nos seguintes grupos: laranjeira doce,
laranjeira azeda.
Assista a um vídeo sobre
produção brasileira de laranja em:
https://www.youtube.com/
watch?v=POWg5YFns6U
7.6.1 Laranjeiras doces (Citrus sinensis (L.) Osbeck)
O grupo das laranjeiras doces possui 4 categorias, todas exploradas comercialmente no Brasil, são elas:
•
Laranjeiras brancas, comuns ou do Mediterrâneo.
•
Laranjeiras de umbigo.
•
Laranjeiras sem acidez.
•
Laranjeiras sanguíneas.
Aula 7 - A cultura dos citros
71
e-Tec Brasil
7.6.1.1 Laranjeiras brancas, comuns ou do Mediterrâneo
As cultivares desta categoria são amplamente exploradas economicamente no
Brasil e no mundo. Exemplo: Valência, Pera, Hamlin, Salustiana, Natal, Valência
“Midknight”, Valência “Delta Seedless”, Valencia “Late”. No Quadro 7.1 são
apresentadas algumas informações complementares sobre as laranjeiras do
grupo comum.
Quadro 7.1: Informações complementares sobre laranjeiras do grupo comum
Cultivar
Ciclo
Época de maturação
Produtividade
Salustiana
Meia-estação
Junho a agosto
45 t/ha
Valência “Delta Seedless”
Tardia
Julho a agosto
45 t/ha
Valência “Midknight”
Tardia
Julho a outubro
45 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008
7.6.1.2 Laranjeiras de umbigo
São laranjas sem sementes, com frutos grande e boa concentração de suco.
Como exemplo de cultivares podemos citar a Laranjeira Bahia, Baianinha,
Monte Parnaso, Navelina, Navelate, Lane Late, Cara Cara. No Quadro 7.2
são apresentadas algumas informações complementares sobre as laranjeiras
do grupo umbigo.
Quadro 7.2: Informações complementares sobre laranjeiras do grupo umbigo
Cultivar
Ciclo
Época de maturação
Produtividade
Navelina
Precoce
Maio a junho
40 t/ha
Navelate
Tardia
Junho a agosto
-
Lane Late
Tardia
Agosto a outubro
40 t/ha
Cara Cara
Meia-estação
Maio a julho
40 t/ha
Folha Murcha
Tardia
Outubro a dezembro
40 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008
7.6.1.3 Laranjeiras sem acidez
Como exemplo de cultivares podemos citar a Piralima, Laranja Lima, Laranja
do Céu.
7.6.1.4 Laranjeiras sanguíneas
Exemplo de cultivares deste grupo: Laranjeira Rubi, Laranjeira Moro, Laranjeira
Maltesa.
7.6.2 Laranjeiras azedas (Citrus aurantium L.)
As laranjeiras azedas não são cultivadas comercialmente em grandes áreas,
dada a preferência dos consumidores por frutos de baixa acidez e sabor
adocicados. Alguns cultivos esporádicos são encontrados em algumas regiões
do RS, para consumo in natura ou para formação de porta-enxertos.
e-Tec Brasil
72
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
7.6.2.1 Laranjeiras azedas comuns
Utilizada como porta-enxerto em alguns Estados brasileiros.
7.6.2.2 Laranjeiras azedas adocicadas
Não encontrado exemplo de cultivares comerciais.
7.6.2.3 Laranjeiras azedas variantes
Utilizada como planta ornamental.
7.7 Limoeiro
O limoeiro ou limoeiro verdadeiro (Citrus limon L. Burmann f.), também
denominado de lemon, pertence à família botânica Rutaceae. São plantas
vigorosas, com hábito de crescimento ereto, porém, os ramos tendem a ficar
pendentes, abrindo a copa. São plantas sensíveis a Gomose (Phytophthora),
por isso, a escolha do porta-enxerto adequado é importante.
•
Limão Siciliano – cultivado no Rio Grande do Sul para a produção de suco
ou consumo in natura. Como exemplo podemos citar o limoeiro cultivar
Fino e cultivar Siciliano.
Figura 7.11: Frutos de limão Siciliano
Fonte: Diniz Fronza
•
Limão Fino – limão do grupo Siciliano, o limão fino é uma cultivar originária da Espanha, vem sendo cultivado comercialmente na Espanha, Itália,
Uruguai, Argentina e Brasil. Possui boa aptidão para consumo in natura
ou para produção de suco.
No Quadro 7.3 são apresentadas algumas informações técnicas sobre as
cultivares de limoeiro citadas anteriormente.
Aula 7 - A cultura dos citros
73
e-Tec Brasil
Quadro 7.3: Informações complementares sobre limoeiro
Cultivar
Ciclo
Época de maturação
Produtividade
Fino
Meia-estação
Junho a setembro
50 t/ha
Siciliano
Meia-estação
Junho a setembro
50 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008
7.8 Limeira ácida
A limeira ácida (Citrus aurantifolia Swingle), também denominada de lime,
pertencente à família botânica Rutaceae, é originária do sul da Índia. O Brasil é
um grande produtor e consumidor de lima ácida, cerca de 89 % da produção
nacional é destinado ao consumo interno, 7 % para processamento e 4 %
para exportação.
•
Para saber mais sobre produção
de lima ácida Tahiti, acesse:
http://www.cpac.embrapa.br/
baixar/331/t
Limeira ácida Tahiti (Citrus latifolia Tanaka) – a lima ácida cv. Tahiti,
conhecida na Flórida (EUA) como Tahiti lime e na Califórnia como limón
Persa, é a cultivar mais explorada economicamente no Brasil devido a
qualidade dos frutos e alta produção, podendo chegar até 200 kg/planta.
Os frutos são muito apreciados para produção de sucos e não possuem
semente. No Estado de São Paulo, maior produtor nacional, além da lima
Tahiti, são cultivados alguns clones desta, como o ‘IAC-5’ ou ‘Peruano’,
‘BRS Passos’, ‘Bearss’, ‘Persian 58’, ‘CNPMF-1’ e ‘CNPMF-2’. Na Figura
7.12 é possível visualizar os frutos da lima ácida Tahiti.
Figura 7.12: Frutos de lima ácida Tahiti
Fonte: Diniz Fronza
•
e-Tec Brasil
74
Limeira ácida galego (Citrus aurantifolia Swingle) – a limeira ácida ou
limão galego é explorado comercialmente em várias regiões citrícolas do
país. Seus frutos são destinados ao consumo in natura e extração de óleo
essencial.
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
7.9 Limeira doce
A limeira doce (Citrus limettioides Tanaka), também denominada de sweet
lime, pertencente à família botânica Rutaceae, é originária do norte da Índia.
Entre as cultivares comerciais de limeira doce destaca-se a Lima-da-Pérsia:
•
Lima-da-Pérsia (Citrus limettioides) – a lima-da-Pérsia ou lima Persa é
nativa da Ásia, cultivada comercialmente em vários países, principalmente
no México e em regiões citrícolas brasileiras. Os frutos possuem pouca
acidez devido a baixa concentração de ácido cítrico.
7.10 Tangerineira
A tangerineira (Citrus reticulata Blanco), também denominada de sweet mandarin, pertencente à família botânica Rutaceae, é originária da Ásia. Entre as
inúmeras variedades de tangerinas comercializadas no Brasil, a variedade Ponkan
representa 56 % do volume total, mas já chegou a representar 67 % do total.
Geralmente as tangerineiras são tolerantes ao cancro cítrico, o que justifica
a grande área cultivada com esta espécie. Para fins técnicos, Schwarz (2009)
classificou as tangerinas e seus híbridos em grupos: Satsumas, Clementinas,
Bergamotas ou Mexeriqueiras, Tangerinas comuns e Híbridos.
7.10.1 Satsumas (Citrus unshiu Marcovitch)
Neste grupo estão presentes muitas variedades com valor comercial, exploradas
economicamente em vários países, inclusive no Brasil, devido à qualidade e
ausência de sementes (frutos apirênicos). As plantas possuem porte pequeno
a médio, os ramos são pendentes, dando um formato aberto à copa. Na
Figura 7.13 é possível observar o aspecto da cultivar Satsuma Okitsu.
Figura 7.13: Frutos de tangerina Satsuma
Fonte: http://aggie-horticulture.tamu.edu/patiocitrus/okitsu.jpg
Aula 7 - A cultura dos citros
75
e-Tec Brasil
Enquadram-se neste grupo as cultivares:
•
Satsuma Okitsu – cultivada de forma expressiva no país, são plantas
de porte baixo, o que permite o plantio adensado. A área cultivada com
a Satsuma Okitsu está aumentando, pois é uma cultivar precoce, sendo
colhida no período de entressafra o que garante melhor preço de venda,
além de ser tolerante ao frio e ao cancro cítrico.
•
Satsuma Owari – originária do Japão, é uma das tangerinas mais cultivadas no mundo, principalmente nos EUA, África do Sul, Japão, Turquia
e Uruguai, no Brasil a área explorada com esta cultivar vem aumentando.
Os frutos são de excelente qualidade, apirênicos, comercializados para o
consumo in natura. Alguns manejos são necessários: poda de ramos e
raleio de frutos, o que garante a qualidade e produtividade.
Para saber mais sobre
tangerineira Okitsu, acesse:
https://www.youtube.com/
watch?v=G2OVIp2Ly5w#t=130
Quadro 7.4: Informações complementares sobre tangerineiras do grupo
Satsuma
Cultivar
Assista a um vídeo sobre
diferença entre bergamota e
tangerina em:
https://www.youtube.com/
watch?v=JpeHlOEgyYQ
Ciclo
Época de maturação
Produtividade
Satsuma Okitsu
Precoce
Março a abril
25 t/ha
Satsuma Owari
Meia-estação
Abril a maio
30 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008
7.10.2 Mexericas ou bergamotas (Citrus deliciosa
Tenore)
As mexeriqueiras ou bergamoteiras são plantas de porte médio, normalmente
apresentam um crescimento lento, possuem folhas pequenas, de tonalidade
verde-escuro, sendo muito produtivas. Os frutos normalmente são pequenos,
arredondados e com aroma típico, o que caracteriza o grupo das mexericas.
Enquadram-se neste grupo a Mexerica do Rio ou Mexerica Caí, Mexerica
Montenegrina e Mexerica Pareci, todas possuem uma tendência para ocorrência
da alternância de produção.
Quadro 7.5: Informações complementares sobre tangerineiras do grupo das
mexericas ou bergamotas
Cultivar
Ciclo
Época de maturação
Produtividade
Mexerica Caí
Meia-estação tardia
Junho a julho
30 t/ha
Mexerica Montenegrina
Meia-estação tardia
Agosto a outubro
30 t/ha
Mexerica Pareci
Meia-estação tardia
Julho a agosto
30 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008
e-Tec Brasil
76
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
7.10.3 Clementinas (Citrus clementina ex Tan.)
As cultivares de tangerineiras pertencentes ao grupo das Clementinas são
muito cultivadas no mundo, os frutos são muito apreciados, são apirênicos,
possuem coloração intensa (externamente e internamente) e sabor equilibrado,
levemente ácido. Pertencem a este grupo as cultivares: Clementina de Nules
ou Clemenules, Marisol, Hernandina, Esbal, Arrufatina e Tomatera.
Quadro 7.6: Informações complementares sobre tangerineiras do grupo das
Clementinas
Cultivar
Ciclo
Época de maturação
Produtividade
Clemenules
Precoce meia-estação
Abril a junho
25 t/ha
Marisol
Precoce
Abril a maio
25 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008
7.10.4 Tangerinas comuns (Citrus reticulata Blanco)
O grupo das tangerinas comuns é um dos maiores, com várias cultivares,
fato este que dificulta a caracterização geral das plantas. As cultivares mais
conhecidas, pertencentes a este grupo são: Ponkan, Dancy e Cravo.
Quadro 7.7: Informações complementares sobre tangerineiras do grupo das
tangerinas comuns
Cultivar
Ciclo
Época de maturação
Produtividade
Dancy
Meia-estação
Abril a julho
50 t/ha
Ponkan
Precoce meia-estação
Março a junho
50 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008
7.10.5 Híbridos
São tangerinas obtidas a partir do melhoramento genético, onde obteve-se
os híbridos:
•
Tangoreiro – planta obtida a partir do cruzamento de tangerineira (Citrus
reticulata) e laranjeira doce (Citrus sinensis). As principais cultivares são:
Dekopon, Ellendale, Ortanique e Murcott.
•
Tangeleiro – obtido a partir do cruzamento entre três espécies de citrus.
Comercialmente destaca-se o Tangelo Nova, Orlando e Minneola.
•
Citrumeleiro – o cruzamento entre Poncirus trifoliata e pomeleiro originou esta espécie. De relevância comercial destaca-se a cultivar Citrumelo
Swingle.
Aula 7 - A cultura dos citros
77
Assista a um vídeo sobre
bergamota Dekopon em:
https://www.youtube.com/
watch?v=rMB3WiQ2am0
e-Tec Brasil
No Quadro 7.8 são apresentadas algumas informações técnicas sobre os
híbridos de tangerineira citados anteriormente.
Quadro 7.8: Informações complementares sobre o grupo híbrido
(tangerineiras, pomeleiros, citrumeleiros, etc.)
Cultivar
Ciclo
Época de maturação
Produtividade
Dekopon
Meia-estação tardia
Abril a agosto
25 t/ha
Ellendale
Meia-estação tardia
Julho a agosto
25 t/ha
Ortanique
Tardio
Agosto a outubro
35 t/ha
Murcott
Meia-estação tardia
Agosto a outubro
30 t/ha
Nadorcott
Meia-estação tardia
Julho a agosto
30 t/ha
Nova
Meia-estação tardia
Maio a julho
30 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008
7.11 Exigências climáticas
Para saber mais sobre
zoneamento agroclimático para a
cultura dos citros no RS, acesse:
http://www.cpact.embrapa.br/
agromet/zoneamento/citros/img/
zon_citros_full.jpg
Para saber mais sobre classificação
climática do RS, acesse:
https://dakirlarara.files.wordpress.
com/2011/05/tipos_de_clima_.jpg
e-Tec Brasil
Por serem plantas rústicas, o cultivo de pomares comerciais de citros é possível
em regiões com clima tropical e subtropical. Como o Rio Grande do Sul possui
algumas regiões com maior ocorrência de temperaturas baixas, condição esta
que é limitante ao cultivo de citros, a Embrapa Clima temperado realizou
um zoneamento agroclimático das regiões do Estado, classificando-as em 5
categorias, a qual poder ser visualizado no link disponibilizado ao lado:
•
Região 1 – apta para todas as cultivares para qualquer porta-enxerto.
•
Região 2 – apta para todas as cultivares, utilizando, preferencialmente
porta-enxertos tolerantes ao frio.
•
Região 3 – apta para todas as cultivares, utilizando porta-enxertos tolerantes ao frio.
•
Região 4 – apta para todas as cultivares, utilizando, preferencialmente
porta-enxertos tolerantes ao frio.
•
Região 5 – apta, preferencialmente, para cultivares de ciclo precoce,
utilizando porta-enxertos tolerantes ao frio.
•
Região 6 – não recomendada.
Entre as principais exigências climáticas dos citros destacam-se a soma térmica, temperatura, precipitação, umidade relativa e ventos, itens estes agora
abordados.
78
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
7.11.1 Radiação solar
Plantas de citros desenvolvem-se muito bem em condições de plena luminosidade, sendo necessário no mínimo de cinco a seis horas diárias de luz direta,
sem ocorrência de nebulosidade, para o bom desenvolvimento (KOLLER, 2009).
7.11.2 Temperatura
A temperatura é considerada o principal fator que influencia diretamente a
qualidade e maturação dos frutos das plantas cítricas. Uma faixa de temperatura
ambiente situada entre 23ºC e 32ºC é considerada ótima para o desenvolvimento vegetativo. Associado a essa faixa de temperatura, cultivos localizados
em regiões com verões quentes e secos e invernos frios e úmidos, situação
esta observada no Rio Grande do Sul, normalmente os frutos apresentam
uma coloração externa mais intensa e brilhante quando comparados a frutos
cultivados em locais com invernos mais quentes e verões mais úmidos, como
em São Paulo (REITZ; EMBLETON, 1986). Outro ponto importante é que nas
condições de clima do RS existe amplitude térmica (dias quentes e noites frias)
próximo a maturação dos citro, o que é essencial para acúmulo de substância
que conferem a cor da casca, bem como e acúmulo de açúcares e ácidos, que
conferem o sabor. Outro aspecto relaciona-se a maturação, que em frutos
cultivados nas condições climáticas de São Paulo, esta é mais precoce, o teor
de SST é maior e a acidez tende a ser menor.
Períodos com temperaturas acima de 39ºC e abaixo de 13ºC prejudicam
o crescimento e desenvolvimento de plantas cítricas. Em situações que a
temperatura permaneça acima de 35ºC por um a três dias se inicia o aborto
das flores. Na Figura 7.14, é possível observar a representação gráfica das
temperaturas que influenciam o desenvolvimento das plantas cítricas.
Figura 7.14: Representação gráfica dos valores de temperatura que influenciam o
desenvolvimento e crescimento das plantas cítricas
Fonte: CTISM, adaptado de Rolim, 2010
Aula 7 - A cultura dos citros
79
e-Tec Brasil
Como observado, os citros são plantas que se desenvolvem muito bem em
regiões com clima tropical e/ou subtropical, mas esta espécie apresenta certa
tolerância à baixa temperatura, fato este que deve ser observando no momento
do planejamento do pomar. Sabendo deste fato, elaborou-se uma escala das
espécies cítricas ordenando-as da mais sensível (maior suscetibilidade) a mais
tolerante a baixas temperaturas (menor suscetibilidade).
Figura 7.15: Escala de suscetibilidade de Citrus spp. ao frio
Fonte: CTISM, adaptado de Amaral, 1982
Além da variedade copa (produtora) apresentar sensibilidade ao frio, os portaenxertos utilizados na citricultura também possuem níveis de suscetibilidade ou
tolerância ao frio. Este fato deve ser observado no momento do planejamento
do pomar, optando-se por porta-enxertos tolerantes ao frio quando estes
serão implantados em locais com ocorrência de baixas temperaturas.
7.11.3 Precipitação
Para saber mais sobre mapa
da precipitação média anual
no RS, acesse:
http://www.scp.rs.gov.br/
upload/precipitacao3.gif
Os citros podem ser cultivados em regiões com precipitação média anual entre
900 mm e 1500 mm, bem distribuídos durante os doze meses do ano. De
modo prático é necessário de 120 mm a 150 mm/mês durante o verão (média
de 4 mm/dia) e 60 mm a 90 mm durante o inverno (média de 2 mm/dia a
3 mm/dia) (MAGALHÃES, 2005).
Em locais com menor precipitação ou má distribuição durante o ano é necessário
realizar irrigações complementares para evitar o déficit hídrico.
e-Tec Brasil
80
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
7.11.4 Ventos
A ocorrência de ventos em pomares de citros auxilia na remoção do orvalho
presente nas folhas nas primeiras horas da manhã, por consequência, há menor
incidência de doenças. Todavia, cabe ressaltar que ventos muito fortes podem
causar a quebra de ramos, queda de frutos e principalmente a dispersão do
cancro cítrico (Xanthomonas citri subsp. citri), doença bacteriana e pragas como
o ácaro-da-falsa-ferrugem, para cultivos comerciais é de grande benefício a
instalação de quebra-ventos.
7.12 Exigências edáficas
Os citros são plantas rústicas, adaptando-se bem as mais diversas classes de solos,
mas é preferível que sejam cultivados em locais com solo fértil, profundos e bem
drenados. As plantas cítricas desenvolvem-se melhor em solos areno-argilosos,
mas adapta-se a solos mais arenosos ou mais argilosos, sendo o porta-enxerto um
fator que auxilia nesta adaptação. Para esta cultura a calagem deve ser realizado
com no mínimo três meses antes do plantio das mudas. Adicionar a quantidade
de calcário recomendada pelo índice SMP para elevar o pH do solo a 6,0.
Solos com uma profundidade efetiva mínima de 1 metro é necessário para o
bom desenvolvimento das plantas cítricas pois grande proporção do sistema
radicular encontra-se nos 40 cm a 60 cm de profundidade.
7.13 Época de maturação
O período de maturação dos citros dependerá da espécie (laranjeira, tangerineira, etc.) e da variedade explorada no pomar. Para evitar o acúmulo de
produção e escalonar a safra é indicado que o produtor opte por variedades
com épocas de maturação variadas (precoce, meia-estação e tardia). De acordo
com a época de maturação os citros são reunidos em três grupos distintos:
•
Precoces.
•
Meia-estação.
•
Tardios.
Para o fruticultor e o técnico é importante conhecer a época de maturação
dos citros em sua região para realizar o planejamento e escolha das cultivares
a serem implantadas de forma que se obtenha colheita de frutos durante os
12 meses do ano.
Aula 7 - A cultura dos citros
81
e-Tec Brasil
7.14 Classificação dos citros em função da
quantia de sementes
Para facilitar a produção técnica, Oliveira; Scivittaro; Campos (2011) agruparam as cultivares de citros em 5 grupos distintos, adotando como critério a
presença, ausência e número de sementes presentes nos frutos. Os grupos
a serem estudados são:
7.14.1 Cultivares sem sementes
Assista a um vídeo sobre citros
sem sementes em:
https://www.youtube.com/
watch?v=Ox4PhcN-F2s
As cultivares sem sementes ou “apirênicas” raramente produzem sementes, são originárias de mutações genéticas e melhoramento genético. No
Quadro 7.9 estão listadas as cultivares apirênicas exploradas comercialmente.
Quadro 7.9: Principais cultivares apirênicas de citros cultivadas no Brasil
1
Espécie
Cultivar
Laranjeira1
Baia
Baianinha
Cara Cara
Lane Late
Monte Parnaso
Navelate
Navelina
Newhall
Tangerineira
Satsuma Okitsu
Limeira ácida
Tahiti
Todas cultivares de umbigo.
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011
Embora sejam cultivares sem sementes, há relatos da ocorrência de alguns
frutos apresentando 1 ou 2 sementes. Apesar da ocorrência esporádica de
sementes nestas cultivares, é importante ter cuidado no planejamento do
pomar, sendo necessário evitar o plantio próximo de algumas cultivares porque
pode haver polinização cruzada, vindo a originar sementes. Dessa forma, é
preciso observar o Quadro 7.10.
Para tentar evitar ou minimizar a polinização cruzada em plantios comerciais
de citros sem sementes, produtores realizam o plantio de laranjas de umbigo
ou tangerina Okitsu entre as cultivares sexualmente compatíveis, com isso
evita-se a polinização cruzada (OLIVEIRA et al., 2004).
e-Tec Brasil
82
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Quadro 7.10: Cultivares que não devem ser plantadas próximas,
objetivando-se evitar a polinização cruzada
Cultivar indutora
Cultivar induzida (com potencial de produzir sementes)
Clemenules
Nova
Marisol2
Nova
1
Nova
Clemenules, Marisol e Ortanique
Ortanique
Nova e Satsuma Okitsu
Salustiana
Nova
3
Não induz polinização cruzada em Marisol e Satsuma Okitsu.
Não induz polinização cruzada em Clemenules, Satsuma Okitsu.
3
Não induz polinização cruzada em Marisol.
1
2
Obs.: A Satsuma Okitsu, Baia, Baianinha, Cara Cara, Lane Late, Monte Parnaso, Navelate, Navelina, Newhall não
induzem em outras cultivares.
Fonte: Adaptado de Vivercid, 1996; Aznar, 1999; Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011
Conforme as recomendações técnicas da Embrapa, em pomares de citros
sem sementes, talhões onde são cultivadas as laranjas de umbigo Navelina,
Navelate e Lane Late podem ser implantados lateralmente a qualquer talhão
de outras cultivares, separados apenas por uma linha de quebra-ventos. Já
talhões cultivados com laranjeira Salustiana, tangerineira Marisol, Clemenules
e Okitsu (mais seus híbridos – Nova e Ortanique) devem ser separados por 100
metros ou mais, com isso evita-se a formação de sementes nestas cultivares
(OLIVEIRA et al., 2004).
7.14.2 Cultivares praticamente sem sementes
As cultivares lotadas neste grupo praticamente não possuem sementes, geralmente encontra-se de uma a duas sementes por fruto, fato este que impossibilita
que sejam classificadas como cultivares apirênicas. No Quadro 7.11 estão
listadas as cultivares exploradas comercialmente.
Quadro 7.11: Principais cultivares praticamente sem sementes de citros
cultivadas no Brasil
Espécie
Cultivar
Laranjeira
Delta Seedles
Midknight
Salustiana
Clemenules
Marisol
Fina
Tangerineira
1
Nova1
Ortanique1
Mineolla1
Nadorcott1
Tangerina híbrida.
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011
Aula 7 - A cultura dos citros
83
e-Tec Brasil
7.14.3 Cultivares com poucas sementes
As cultivares lotadas neste grupo possuem poucas sementes, geralmente
encontra-se de três a cinco sementes por fruto, fato este que impossibilita que
sejam classificadas como cultivares apirênicas. No Quadro 7.12 estão listadas
as cultivares exploradas comercialmente.
Quadro 7.12: Principais cultivares com poucas sementes de citros cultivadas
no Brasil
Espécie
Cultivar
Laranjeira
Folha Murcha
Hamlin
Shamouti
Valência
Valência Late
Verna
Limoeiro verdadeiro
Fino
Eureka
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011
7.14.4 Cultivares com sementes
As cultivares lotadas neste grupo sempre produzem sementes, geralmente
encontra-se de 6 a 20 sementes por fruto, fato este que impossibilita que
sejam classificadas como cultivares apirênicas. No Quadro 7.13 estão listadas
as cultivares exploradas comercialmente.
Quadro 7.13: Principais cultivares com sementes de citros cultivadas no Brasil
Espécie
Cultivar
Laranjeira
Lima
Pineapple
Rubi
Limoeiro
Meyer
Tangerineira
Montenegrina
Rainha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011
7.14.5 Cultivares com muitas sementes
As cultivares lotadas neste grupo sempre produzem muitas sementes, acima
de 21 sementes por fruto, fato este que impossibilita que sejam classificadas
como cultivares apirênicas, como as laranjas de umbigo.
e-Tec Brasil
84
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
7.15 Espaçamento
A definição do espaçamento de plantio das plantas cítricas em pomares
comerciais dependerá de vários fatores, sendo os principais:
•
Cultivar.
•
Porta-enxerto.
•
Fertilidade do solo.
•
Disponibilidade hídrica.
Nos quadros a seguir foram destacados os principais espaçamentos de plantio
utilizados em pomares comerciais no Rio Grande do Sul para laranjeiras,
tangerineiras, limeiras ácidas, limeiras doces, limoeiros, pomeleiros.
Quadro 7.14: Espaçamentos recomendados para o plantio de laranjeiras
Laranjeira
Esp.
Cultivar
Espaçamento
(metros)
Porta enxerto
Plantas/ha
Baianinha
6×4
Limoeiros rugoso
da Flórida, Poncirus
trifoliata
416
Natal
6 × 3 ou 6 × 4
Limoeiros rugoso
da Flórida, Poncirus
trifoliata
555 ou 416
Salustiana
6,5 × 4
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
380
Valência “Delta”
6,5 × 4
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
380
Valência “Midknight”
6,5 × 4
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
380
Navelate
6×4
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
416
Navelina
5,5 × 4
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
450
Lane Late
6×4
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
416
Cara Cara
6,5 × 4
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
380
Folha Murcha
6×4
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
416
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008
Aula 7 - A cultura dos citros
85
e-Tec Brasil
Quadro 7.15: Espaçamentos recomendados para o plantio de tangerineiras
Tangerineira
Esp.
Cultivar
Espaçamento
(metros)
Porta enxerto
Plantas/ha
Ponkan
5 × 3 ou 5 × 2
Poncirus trifoliata
666 ou 1000
Murcott
5 × 3 ou 5 × 2
Poncirus trifoliata
666 ou 1000
Ortanique
6×4
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
416
Nova
6 × 3,5
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
475
Okitsu
5,5 × 3
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
600
Marisol
6 × 3,5
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
475
Clemenules
6×4
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
416
Nadorcott
6×3
Poncirus trifoliata,
Troyer, Carizo
555
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008
Quadro 7.16: Espaçamentos recomendados para o plantio de limeira ácida,
limeira doce, limoeiro, pomeleiro
Espécie
Cultivar
Espaçamento
(metros)
Porta enxerto
Plantas/ha
Limeira
ácida
Tahiti
5 × 4 ou 7 × 5
-
500 ou 285
Limoeiro
Fino
7×5
Laranjeira ‘Caipira’,
limoeiros ‘Cravo’ e
‘Volkameriano’
285
Limeira
doce
Lima da Pérsia
5×4
-
500
Pomelo
Pomelo
5×4
-
500
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008
7.16 Raleio de frutos
As plantas cítricas são muito produtivas, principalmente as tangerineiras. Entre
as cultivares, a Montenegrina e a Caí, muito cultivadas no Rio Grade do Sul,
devem ser submetidas anualmente ao raleio. Com esta prática cultural reduz-se a
alternância de produção, obtém-se frutos maiores, com melhor coloração, além
de facilitar a colheita e evitar a quebra de ramos (Figura 7.16). Na citricultura
é possível realizar o raleio manual ou o raleio químico.
e-Tec Brasil
86
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Assista a um vídeo sobre raleio
em bergamoteiras em:
https://www.youtube.com/
watch?v=-dlrjIoT0Yg
Figura 7.16: Quebra de ramos em tangerineira cv. Ponkan
Fonte: Diniz Fronza
7.16.1 Raleio químico
No raleio químico pode ser utilizado somente Ethephon ou este produto mais
ureia. Apesar de ser prático, o raleio químico apresenta algumas limitações,
como a permanência de frutos mal formados, doentes ou lesionados e diminuição do teor de SST (Sólidos Solúveis Totais).
Para saber mais sobre raleio
químico em citros, acesse:
http://www.redalyc.org/
pdf/2371/237129741003.pdf
7.16.2 Raleio manual
O raleio manual é muito utilizado nas regiões citrícolas, produtoras de tangerinas.
Apesar de ser um manejo que exige prática dos colaboradores, apresenta bons
resultados. Esta prática deve ser realizada enquanto os frutos são pequenos,
com cerca de 1,5 cm a 2,0 cm de diâmetro, após este tamanho o raleio é
menos eficiente.
7.17 Podas
Na citricultura são adotadas duas podas: poda de formação e poda de frutificação, ambas com objetivos distintos, porém, de grande importância.
7.17.1 Poda de formação
As plantas cítricas devem receber uma poda de formação, com o objetivo de
formar os ramos principais (pernadas), bem localizados e distribuídos adequadamente no caule da planta. Esta poda é realizada durante os três primeiros
anos após o plantio da muda. Após o plantio, a planta deve ser despontada
(podada) a uma altura de 40 cm a 60 cm, e permitir que se desenvolvam 3 a
4 pernadas, bem distribuídas em torno do caule da planta.
Aula 7 - A cultura dos citros
87
Assista a um vídeo sobre poda
de formação em citros em:
https://www.youtube.com/
watch?v=3LumfNw3llA
e-Tec Brasil
Figura 7.17: Poda de formação a 40 cm em muda de citros
Fonte: CTISM
Após a poda é necessário tutorar a muda com um tutor de madeira, preferencialmente de formato redondo, evitando madeira sextavada.
7.17.2 Poda de frutificação
Assista a um vídeo sobre poda
de frutificação em Ponkan em:
https://www.youtube.com/
watch?v=r8ogqjjUjBk
A poda de frutificação ou poda de produção é realizada no ano posterior
ao término da poda de formação. Esta prática cultural pode ser realizada
anualmente, tendo por objetivo a eliminação de ramos quebrados, doentes
ou mal posicionado para aumentar a circulação de ar e incidência de radiação
solar no interior da copa. Apesar dos citros tolerarem a poda, esta deve ser
realizada com cuidado, removendo-se no máximo 10 % dos ramos.
A poda dos citros deve ser iniciada da parte inferior da planta para a parte
superior, sempre de dentro para fora da copa, eliminando-se os ramos citados
anteriormente. Na Figura 7.18 é possível observar uma planta de laranjeira cv.
Folha Murcha antes e após a realização da poda de frutificação.
Para saber mais sobre podas
empregadas na citricultura, acesse:
http://citrusrt.centrodecitricultura.
br/edicoes/down.php?idedicao=3
8&arquivo=Art3-060.pdf
Figura 7.18: Planta antes da poda (a) e planta após a poda (b)
Fonte: Diniz Fronza
Algumas espécies e cultivares toleram mais a poda, outras são sensíveis e
podem apresentar um crescimento vegetativo excessivo, inibindo a produção.
e-Tec Brasil
88
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
A tangerineira cv. Ponkan é um exemplo de cultivar que pode responder
negativamente a poda excessiva, devendo-se eliminar apenas os ramos ladrões,
quebrados ou mal localizados.
7.18 Adubação
Por ser uma planta perene, o manejo da fertilidade do solo em pomares
comerciais é de extrema importância para a colheita anual. Na cultura dos citros
a adubação possui grande importância fisiológica e minimiza a alternância
de produção. Os principais nutrientes absorvidos pelas plantas cítricas são o
cálcio, nitrogênio e potássio, porém, os demais nutrientes também possuem
importância fundamental no crescimento, desenvolvimento e produção das
plantas. Para a recomendação da adubação em citros é necessário realizar
análise foliar e análise de solo, com isso faz-se recomendação.
7.18.1 Adubação de crescimento
Em citros a adubação de crescimento é realizada já no 1º ano após o plantio
das mudas. Esta fertilização é feita com fertilizantes nitrogenados, em períodos
específicos. No Quadro 7.17 é apresentada uma recomendação de adubação
nitrogenada.
Quadro 7.17: Adubação de crescimento com fertilizante nitrogenado para
plantas cítricas
Nitrogênio
Teor de matéria orgânica
no solo
1º ano
< 2,5
45
75
110
155
2,6 – 3,5
35
60
90
130
3,6 – 4,5
30
45
60
90
> 4,5
0
0
0
0
2º ano
3º ano
4º ano
kg de N/hectare
Fonte: Adaptado de SBCS, 2004
Alguns fertilizantes nitrogenados utilizados são: ureia, nitrato de potássio,
nitrato de amônio, outras fontes de N também podem ser utilizadas.
7.18.2 Época de aplicação
As plantas cítricas possuem vários períodos de floração e crescimento vegetativo durante um ano, dessa forma, torna-se necessário o parcelamento
da adubação. A aplicação de fertilizantes de forma parcelada diminui as
perdas de nutrientes por lixiviação, proporciona maior eficiência na absorção
pela planta e evita o surgimento de sintomas de deficiência nutricional.
Aula 7 - A cultura dos citros
89
e-Tec Brasil
No Quadro 7.18 há uma recomendação de épocas de parcelamento de
adubação em citros.
Quadro 7.18: Recomendações de parcelamento da adubação em pomares
de citros
Ano
1º ao 3º
4º
5º e posteriores
Época
Nitrogênio
Potássio
N
K2O
Agosto/setembro (início da brotação)
20
30
Novembro/dezembro
30
0
1
Fevereiro
50
70
Agosto/setembro (início da brotação)
30
40
Novembro/dezembro
30
0
Fevereiro
40
60
Agosto/setembro (início da brotação)
40
60
Novembro/dezembro
30
0
Fevereiro
30
40
Em regiões onde ocorrem geadas no outono, não retardar a adubação nitrogenada além do mês de fevereiro, para
diminuir riscos de danos pelo frio. Em pomares com presença de cancro cítrico (Xanthomonas axonopodis pv. citri), não
fazer a adubação nitrogenada de novembro/dezembro.
1
Fonte: Adaptado de SBCS, 2004
7.18.3 Adubação orgânica
Assista a um vídeo sobre
produção de adubo orgânico em:
https://www.youtube.com/
watch?v=nHJ6Rx94vC0
A utilização de adubos orgânicos em citros é muito recomendada, pois apresentam várias vantagens, podendo-se destacar a liberação gradual de nutrientes,
promoção do aumento da macro e micro fauna do solo e aumento do teor
de matéria orgânica.
Quadro 7.19: Quantidade de adubo orgânico a ser aplicado em pomar de
citros
Adubo orgânico1
Quantidade anual2
1º
2º
3º
4º
t/ha
Para saber mais sobre adubação
verde em citros, acesse:
http://www.pirai.com.br/
biblioteca_artigos/11.pdf
Cama de frango (5 – 6 lotes)
1,5
3,0
5,0
12,0
Composto orgânico
4,0
8,0
12,0
30,0
Esterco de suíno (semicurtido)
3,0
6,0
10,0
24,0
Esterco de bovino (semicurtido)
4,0
8,0
12,0
30,0
50
90
m3/ha
Esterco líquido de suíno
12
24
Os adubos orgânicos devem ser aplicados em cobertura, na mesma localização recomendada para os adubos
minerais, sem incorporá-los ao solo, para evitar danos às raízes das plantas. Somente no 1º ano pode ser feita a
incorporação do adubo aplicado em pré-plantio na cova, ou logo após o plantio, ao redor da muda, distante 30 cm ou
mais do tronco.
2
Quantidades expressa em matéria seca, para os materiais sólidos.
1
Fonte: Adaptado de SBCS, 2004
e-Tec Brasil
90
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
O quadro anterior possui recomendações até o 4º ano, após este período a
quantidade de adubo orgânico a ser aplicado para uma expectativa de produção
de 20 t/ha recomenda-se aplicar a mesma quantidade utilizada no 4º ano.
Caso a expectativa de produção seja acima das 20 t/ha, acrescentar 25 %
para cada tonelada (1 t/ha) de aumento real ou esperado acima das 20 t/ha.
7.18.4 Localização dos fertilizantes nas adubações
de crescimento e de produção
A partir do plantio das mudas cítricas, o sistema radicular das plantas continuam
o crescimento e expansão, projetando-se verticalmente e horizontalmente
no solo. Com essa expansão, a localização de aplicação dos fertilizantes é
importante, variando conforme os anos após o plantio. No Quadro 7.20 são
apresentadas a localização.
Quadro 7.20: Distribuição de fertilizantes em plantas de citros em pomares
comerciais
Ano
Localização dos fertilizantes
1º
Em torno da planta, dispondo o fertilizante de forma circular, com
raios de 20 cm e 50 cm a partir do tronco.
2º
Em torno da planta, dispondo o fertilizante de forma circular, com
raios de 30 cm e 100 cm a partir do tronco.
3º
Em torno da planta, dispondo o fertilizante de forma circular, com
raios de 50 cm e 150 cm a partir do tronco.
4º e 5º
Aplicar o fertilizante em faixa, com largura igual à área da copa
(nos dois lados da linha), sendo 2/3 da quantidade de adubo
debaixo da copa e 1/3 fora da projeção da copa.
6º
Aplicar o fertilizante em faixa, com largura igual à área da copa
(nos dois lados da linha), distribuindo 50 % da quantidade de
adubo debaixo da copa e 50 % fora da projeção da copa.
Fonte: SBCS, 2004
7.19 Análise foliar
O manejo da fertilidade do solo em pomares cítricos comerciais é realizado
a partir da análise conjunta de informações presentes em análises de solo
da área e análises foliares das plantas do pomar. A análise foliar pode ser
realizada anualmente, a partir do 2º ano após o plantio. Preferencialmente
coletar folhas com 5 a 7 meses de idade, entre os meses de janeiro e março.
A amostra é composta por 8 a 16 folhas por planta, a uma altura de 1,5 m
do solo, nos quatro quadrantes da copa. Coletar folhas de 10 a 15 plantas
homogêneas, preferencialmente a 3ª e 4ª folha após o fruto, como ilustrado
na Figura 7.19.
Aula 7 - A cultura dos citros
91
Para saber mais sobre análise
foliar em citros, acesse:
http://www.cpact.
embrapa.br/publicacoes/
livros/fundamentosfruticultura/5.5.htm
e-Tec Brasil
Figura 7.19: Indicação das folhas a serem coletadas para análise foliar
Fonte: CTISM, adaptado de Malavolta; Violante Netto, 1989
Logo que coletadas as folhas devem ser acondicionadas em uma embalagem
de papel e enviadas imediatamente ao laboratório, no máximo dois dias após
a coleta.
7.20 Adubação foliar
Para saber mais sobre adubação
foliar em citros, acesse:
http://www.estacaoexperimental.
com.br/documentos/BC_10.pdf
No cultivo de plantas perenes como os citros, uma prática muito adotada entre
os citricultores é a realização de adubação foliar, com esse tipo de manejo
é possível fornecer os nutrientes necessários as plantas, quando observado
sintomas de deficiência. Muitos produtores do RS aplicam fertilizantes foliares
periodicamente, desde o 1º ano após o plantio das mudas.
Quadro 7.21: Recomendação de adubação foliar para pomares de citros
Ano
Nº de aplicações/ano
Época de aplicação
1º ao 4º
3
Início da primavera, logo após o surgimento das primeiras brotações.
5º e posteriores
2
Final da queda das pétalas.
Durante o fluxo vegetativo (fev/mar).
Fonte: Adaptado de SBCS, 2004
7.21 Principais pragas
Todos os citros, laranjeiras, tangerineiras, limoeiros, limeiras, cultivadas comercialmente são atacadas por pragas, sendo necessário a realização de tratamento
sanitário preventivo ou curativo. Entre as principais pragas destacam-se:
e-Tec Brasil
92
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
•
Larva-minadora-dos-citros (Phyllocnistis citrella Stainton).
•
Mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus e Ceratitis capitata).
•
Bicho furão (Ecdytolopha aurantiana).
•
Pulgão preto (Toxoptera citricidus).
•
Cochonilha cabeça-de-prego (Crysomphalus ficus).
•
Cochonilha verde (Coccus viridis).
•
Cochonilha escama farinha (Unaspis citri e Pinnaspis aspiditrae).
•
Ortézia dos citros (Orthezia praelonga).
•
Mosca branca (Aleurothrixus floccosus).
•
Ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicis).
•
Ácaro da ferrugem (Plyllocoptruta oleivora).
Para saber mais sobre as principais
pragas dos citros, acesse:
http://sistemasdeproducao.cnptia.
embrapa.br/FontesHTML/Citros/
CitrosNordeste/pragas.htm
Assista a um vídeo sobre
pragas em citros em:
https://www.youtube.com/
watch?v=mrRJoNRUx1w
A identificação e formas de manejo das principais pragas que ocorrem em
citros serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitossanitário
em Fruticultura.
7.22 Principais doenças
As plantas cítricas quando cultivadas em pomares comerciais, devido ao
adensamento e pressão populacional, ficam mais susceptíveis a ocorrência
de doenças, entre as principais destacam-se:
•
Cancro cítrico (Xhantomonas axonopodis pv. citri).
•
Podridão floral dos citros (Colletotrichum acutatum).
•
Clorose variegada dos citros (Xilella fastidiosa).
•
Rubelose (Corticium salmonicolor).
Aula 7 - A cultura dos citros
Para saber mais sobre as principais
doenças dos citros, acesse:
http://sistemasdeproducao.cnptia.
embrapa.br/FontesHTML/Citros/
CitrosNordeste/doencas.html
93
e-Tec Brasil
Assista a um vídeo sobre
doenças em citros em:
https://www.youtube.com/
watch?v=uoCJ0yBxZqM
•
Gomose (Phytophthora sp.).
•
Verrugose (Sphaceloma fawceti).
•
Pinta preta (Guignardia citricarpa).
•
Leprose (Brevipalpus phoenicis).
•
Tristeza dos citros (Toxoptera citricidus).
•
Mancha de graxa (Mycosphaerella sp.).
•
Feltro ou camurça (Septobasidium sp.).
•
Fumagina (Capnodium sp.).
•
Bolores (Penicilium sp.).
A identificação e formas de manejo das principais doenças que ocorrem em
citros serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitossanitário
em Fruticultura.
Resumo
Com grande importância socioeconômica em nosso país, a citricultura está
presente em vários estados brasileiros, principalmente no Estado de São Paulo,
possuindo cerca de 85 % da área cultivada, aproximadamente 750 mil hectares. O Brasil exporta suco de laranja para vários países, entre os principais
compradores destaca-se a União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Japão
e China. O cultivo de citros foi introduzido no Rio Grande do Sul pelos imigrantes açorianos e seus descendentes, alocados nos municípios de Taquari e
Triunfo. Atualmente, encontramos pomares de citros em praticamente todos
os municípios gaúchos.
Os citros pertencem à família botânica Rutaceae. Ao longo dos anos, com
o avanço da pesquisa, estabeleceram-se duas classificações para o gênero
Citrus: Swingle: classificação que abrange 16 espécies e Tanaka: classificação
que abrange 162 espécies. Em plantas jovens o caule apresenta coloração em
tonalidade de verde e em plantas adultas o caule adquire coloração em tonalidade
de marrom, de formato cilíndrico e média ramificação. Plantas cítricas possuem
e-Tec Brasil
94
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
sistema radicular pivotante, podendo atingir mais de 1 metro de profundidade
em solos profundos, férteis e bem drenados. Quanto à polinização, os principais
agentes polinizantes são os insetos, porém, o vento, a água e o homem também
são considerados agentes polinizantes. Em grande parte das espécies de citros,
a polinização predominante é entomófila, realizada por insetos.
A temperatura é considerada o principal fator que influencia diretamente a
qualidade e maturação dos frutos das plantas cítricas. Uma faixa de temperatura
ambiente situada entre 23ºC e 32ºC é considerada ótima para o desenvolvimento vegetativo. Períodos com temperaturas acima de 39ºC e abaixo de 13ºC
prejudicam o crescimento e desenvolvimento de plantas cítricas. Os citros podem
ser cultivados em regiões com precipitação média anual entre 900 mm e 1.500
mm, bem distribuídos durante os doze meses do ano. Os citros são plantas
rústicas, adaptando-se bem as mais diversas classes de solos, mas é preferível
que sejam cultivados em locais com solo fértil, profundos e bem drenados.
Atividades de aprendizagem
1. Quais são os principais países importadores de suco de laranja brasileiro?
2. Cite algumas características da citricultura gaúcha.
3. Quais os principais municípios gaúchos produtores de citros localizados
no Vale do Rio Caí?
4. A qual família botânica pertence o citro?
5. Complete a afirmação referente ao sistema radicular dos citros:
O sistema radicular dos citros é ____________ de ____________ absorventes,
possuindo ____________, responsáveis pela absorção de ____________
e ____________. Normalmente cerca de 80 % do volume do sistema
radicular destas plantas situa-se a uma profundidade de ____________ –
____________, podendo aprofundar-se mais de acordo com a classe de solo.
6. Nos citros, qual a principal forma de polinização?
7. De forma geral, qual o período mínimo necessário de luminosidade para
que seja possível cultivar citros em uma região?
Aula 7 - A cultura dos citros
95
e-Tec Brasil
8. Comente a influência da temperatura na fisiologia dos citros.
9. Cite em ordem crescente as espécies de citros com tolerância ao frio.
10.Um fruticultor do município de Santa Maria (RS) deseja implantar um
pomar de 3 hectares de laranjeiras e 2 hectares de tangerineiras, com o
objetivo de colher laranjas e tangerinas no mínimo 6 meses durante o ano.
Para tanto, o fruticultor solicita a sua orientação técnica para indicar quais
as cultivares, porta-enxerto, espaçamento, número de plantas/hectare
e época de maturação para cada espécie. Para recomendar os portaenxertos para as cultivares, lembre-se de se orientar pelo Zoneamento
Agroclimático para a Cultura dos Citros no Rio Grande do Sul.
Cultivar
Espaçamento
Porta enxerto
Nº de plantas/ha
Tangerineira
Laranjeira
Espécie
e-Tec Brasil
96
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Cultivar
Época de maturação
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
Tangerineira
Laranjeira
Espécie
Aula 7 - A cultura dos citros
97
e-Tec Brasil
Aula 8 – A cultura da goiabeira
Objetivos
Reconhecer as características botânicas e morfológicas da goiabeira.
Estudar os manejos técnicos empregados na cultura da goiabeira.
8.1 Botânica e morfologia
A goiabeira (Psidium guajava L.) é uma planta originária da das Américas,
pertencente à família botânica Myrtaceae, com cerca de 133 gêneros e 3.800
espécies, muito cultivada em várias regiões do mundo. Quando adultas, através
do manejo de podas, as plantas podem atingir entre 4 m e 6 m de altura,
sem poda podem chegar entre 10 m e 12 m de altura.
Assista a um vídeo sobre a
cultura da goiabeira em:
https://www.youtube.com/
watch?v=AhedkED9fr0
8.1.1 Caule
Por ser uma Myrtaceae o caule da goiabeira é muito semelhante ao das outras
espécies pertencentes a esta família botânica. Na Figura 8.1 é possível observar
o aspecto morfológico do caule da goiabeira cv. Paluma.
Figura 8.1: Caule de goiabeira (Psidium gujava L.)
Fonte: Jonas Janner Hamann
8.1.2 Sistema radicular
Em plantas obtidas através do processo de propagação sexuada (via sementes)
o sistema radicular da goiabeira é pivotante, profundo e muito abrangente,
podendo atingir até 4 metros após a projeção da copa. Apesar do sistema
radicular da goiabeira ser bem estruturado e vigoroso, não tolera solos com
Aula 8 - A cultura da goiabeira
99
e-Tec Brasil
excesso de umidade por longos períodos. A profundidade efetiva do sistema
radicular está entre 30 cm e 40 cm, porém, em solos férteis e bem drenados
é possível que esta faixa seja um pouco maior.
8.1.3 Ramos
Quando novos, os ramos são herbáceos, de coloração verde-claro, com o
transcorrer do ciclo tornam-se semilenhosos, posteriormente lenhosos (lignificados). Na Figura 8.2 é possível observar o aspecto dos tipos de ramos citados.
Figura 8.2: Ramo herbáceo (a), ramo semilenhoso (b) e ramo lenhoso (c)
Fonte: Jonas Janner Hamann
Assim que inicia a brotação dos ramos herbáceos, ocorre simultaneamente o
desenvolvimento das flores que posteriormente, sendo polinizadas, originarão
os frutos. Por esse motivo é correta a afirmação que a goiabeira “produz em
ramos do ano”. Para fins de propagação assexuada, os ramos herbáceos são
os mais utilizados.
8.1.4 Folhas
A goiabeira é uma planta com folhas perenes, renovando-se no início da
primavera. As folhas possuem coloração verde-claro quando jovens, posteriormente adquirem coloração verde-escuro.
Figura 8.3: Vista superior da folha de goiabeira (a) e vista inferior da folha (b)
Fonte: Jonas Janner Hamann
e-Tec Brasil
100
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Como observado, as folhas possuem formato oval a elíptico, aspecto coriáceo,
são grossas e as nervuras salientes na parte inferior. Normalmente possuem
de 5 cm a 8 cm de comprimento e de 4 cm a 6 cm de largura.
8.1.5 Flores
Os botões florais crescem e desenvolvem-se na axila das folhas, sempre em
ramos jovens, do ano. As flores possuem pétalas brancas ou ligeiramente rosa,
com aroma típico, com cerca de 2 cm a 3 cm de diâmetro, hermafroditas. Na
Figura 8.4, é possível observar o aspecto das inflorescências.
Figura 8.4: Inflorescência de goiabeira cv. Paluma
Fonte: Jonas Janner Hamann, adaptado por CTISM
Em cultivos comerciais de goiabeira a polinização é entomófila, realizada por
insetos, principalmente por abelhas, também pode ocorrer a autopolinização
ou polinização cruzada.
8.1.6 Fruto
Botanicamente o fruto da goiabeira é considerado uma baga. É carnoso, de
coloração e tamanho variado, dependendo da cultivar. O peso do fruto é
variado, podendo chegar a 600 gramas na cv. Paluma, porém, 200 g a 300 g
é o mais comum nas cultivares. Na Figura 8.5 é possível observar as principais
características do fruto da goiabeira.
Figura 8.5: Frutos de goiabeira
Fonte: Jonas Janner Hamann
Aula 8 - A cultura da goiabeira
101
e-Tec Brasil
Os frutos podem ter casca grossa e rugosa ou lisa e fina, dependendo da
cultivar. Possuem coloração verde-escuro quando jovens e verde-claro ou
amarelo avermelhado quando maduros. A polpa pode ser branca ou vermelha.
8.2 Exigências climáticas
No momento do planejamento do pomar e escolha do local de implantação
alguns fatores climáticos devem ser observados, entre eles merecem destaque:
8.2.1 Temperatura
A goiabeira desenvolve-se em uma faixa ampla de temperatura, o que proporciona o cultivo desta espécie em várias regiões do país. A temperatura
ideal para o crescimento vegetativo situa-se na faixa entre 25ºC e 30ºC, sendo
que em períodos com temperatura abaixo de 12ºC o crescimento é reduzido.
8.2.2 Precipitação
Esta planta adapta-se bem em regiões de clima tropical e subtropical, com
precipitação média anual entre 1.000 mm e 2.000 mm, bem distribuídos
durante os 12 meses do ano. Apesar de ser tolerante a seca, períodos com
déficit hídrico prejudicam o crescimento vegetativo, emissão de folhas e
flores, produção e maturação dos frutos. Esta espécie responde muito bem a
irrigação e fertirrigação, podendo chegar a uma produtividade de até 60 t/ha.
8.2.3 Umidade relativa
A umidade relativa do ar tem relação direta com a ocorrência de doenças,
principalmente com a Ferrugem da goiabeira, causada pelo fungo Puccinia
psidii, principal doença da cultura. De modo geral, umidade relativa em torno
de 50 % a 80 % são adequadas para a cultura.
8.2.4 Radiação solar
A incidência de radiação solar nas plantas de goiabeira é muito importante,
essencial para a realização da fotossíntese, crescimento vegetativo e floração.
Plantios em locais com pouca incidência de radiação solar, ou em plantios
muito adensados em situações que os raios solares não penetram no interior
da copa são predispostos à ocorrência de ferrugem da goiabeira.
8.2.5 Ventos
A implantação de pomares comerciais preferencialmente devem ser implantados em áreas com ocorrência de ventos com incidência fraca a moderada
pois contribuem na redução da umidade, reduzindo a ocorrência de doenças
e-Tec Brasil
102
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
fúngicas. Pomares expostos a ventos fortes podem ser prejudicados durante
o período vegetativo, a taxa fotossintética pode sofrer uma redução e os
estômatos permanecem fechados por mais tempo para a planta não perder
água para a atmosfera. Para evitar esses prejuízos é importante a implantação
de quebra-ventos, dois ou três anos antes do plantio das mudas.
8.3 Exigências edáficas
A goiabeira adapta-se bem as mais diversas classes de solos, mas é preferível
que sejam implantados pomares comerciais em solos profundos, bem drenados, férteis e com pouca declividade. Para esta cultura a calagem deve ser
realizado com no mínimo três meses antes do plantio das mudas. Adicionar
a quantidade de calcário recomendada pelo índice SMP para elevar o pH do
solo a 6,0.
8.4 Cultivares
Em cultivos comerciais de goiabeira no Brasil, são exploradas cultivares de
polpa branca para a exportação e cultivares com polpa vermelha para o
mercado interno, destinado ao consumo in natura e processamento. Dessa
forma, a escolha da cultivar a ser explorada dependerá do mercado a que o
produtor destinará os frutos. O Quadro 8.1 apresenta a relação das principais
cultivares plantas no Brasil.
Quadro 8.1: Cultivares de goiabeira disponíveis no Brasil
Cultivares com polpa branca
Cultivares com polpa vermelha
Carlópolis
Brune Vermelha
Kumagai
Guanabara
Ogawa nº1 Branca
IAC-4
Pedra Branca
Paluma
White Selection of Florida
Pedro Sato
Pentecostes
Pirassununga Vermelha
Rica
Fonte: Autores
Uma das principais cultivares encontradas em pomares comerciais no Rio
Grande do Sul é a cv. Paluma, possuindo frutos com duplo propósito, indústria e consumo in natura. Essa cultivar produz frutos com polpa vermelha,
grandes, pesados, podendo chegar a 500 g ou 600 g nos primeiros anos de
produção. A maturação dos frutos ocorre cerca de 120 dias após a polinização
Aula 8 - A cultura da goiabeira
103
Para saber mais sobre
recomendações técnicas para o
cultivo de goiabeira no RS, acesse:
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/
digital/bitstream/item/47510/1/
circular-110.pdf
e-Tec Brasil
das inflorescências, podendo ser antecipado ou atrasado dependendo da
temperatura do período. Os frutos possuem muita polpa e pouca semente,
e em condições adequadas, pode ser armazenada por até 20 dias. Na Figura
8.6 é possível observar algumas características dos frutos desta cultivar.
Figura 8.6: Frutos de goiabeira cv. Paluma cultivada em Santa Maria (RS)
Fonte: Jonas Janner Hamann
8.4.1 Espaçamento
Em cultivos comerciais, pequenos, médios ou grandes, é necessário optar por
um espaçamento adequado, que possibilite o manejo mecanizado do pomar,
aplicação de agrotóxicos, adubação, transporte de caixas, etc. No Quadro 8.2
estão relacionados alguns possível espaçamentos de plantio para goiabeira.
Quadro 8.2: Espaçamento de plantio para goiabeira
Espaçamento
Nº de plantas/ha
8m×5m
250
7m×6m
238
6m×5m
333
Fonte: Autores
e-Tec Brasil
104
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
8.5 Raleio de frutos
A goiabeira é uma planta muito produtiva, podendo chegar a produzir cerca
de 100 kg/planta em uma única safra. Para que os frutos tenham um tamanho
comercial mínimo, carca de 250 g a 300 g é necessário à realização do raleio.
O raleio é uma prática cultural, executada anualmente, de forma manual, tendo
por objetivo eliminar o excesso de frutos para que os frutos que permanecem
na planta atinjam um tamanho mínimo exigido pelo mercado consumidor.
Além de propiciar frutos de maior tamanho, melhora a coloração destes,
aumenta o vigor da planta, evita a quebra de ramos e alternância de produção.
Na Figura 8.7 é possível observar a quebra de ramos de goiabeira devido ao
excesso de produção.
Figura 8.7: Quebra de ramo em goiabeira cv. Paluma devido ao excesso de produção
Fonte: Jonas Janner Hamann
Durante o raleio dos frutos é necessário eliminar os frutos doentes, atacados
por pragas, mal formados ou que apresentam alguma lesão física. Preferencialmente eliminam-se os frutos laterais e deixa-se o fruto central, pois este
possui maior predisposição para ter maior tamanho e peso.
Figura 8.8: Fruto central de goiabeira com crescimento maior
Fonte: Jonas Janner Hamann
Aula 8 - A cultura da goiabeira
105
e-Tec Brasil
Esta prática deve ser realizada o mais breve possível, enquanto os frutos
tenham entre 2,5 cm e 3 cm de diâmetro.
O número de frutos por ramo e quantidade de frutos por planta dependerá
do vigor e da idade da goiabeira. Plantas jovens suportam cargas maiores,
já plantas mais velhas devem ter uma carga menor, pois a quantia de ramos
jovens, que sustentam a produção é inferior. Plantas jovens, vigorosas, bem
nutridas e irrigadas podem produzir até 100 kg de fruto, dessa forma, deixa-se
carca de 300 a 350 frutos, com expectativa de 280 g a 300 g/fruto.
8.6 Podas
A realização de podas em cultivos comerciais de goiabeira é uma prática
cultural realizada anualmente com objetivos distintos, formação, produção
e controle fitossanitário. Com a execução das podas é possível escalonar a
produção durante o ano e reduzir a alternância de produção. Os três tipos
de poda executados em plantios de goiabeira são: poda de formação, poda
de frutificação e poda de renovação.
8.6.1 Poda de formação
Assista a um vídeo sobre poda
de formação em goiabeira em:
https://www.youtube.com/
watch?v=fNh7pxmeMBY
e-Tec Brasil
A poda de formação tem o objetivo de formar a planta, permitindo o crescimento dos ramos primários (pernadas), bem distribuído em torno do caule
da planta. Geralmente esta poda é realizada após o plantio da muda, onde
é realizado o desponte cerca de 40 cm a 60 cm de altura, com isso ocorrerá
a brotação das gemas localizadas abaixo do local da poda. Na Figura 8.9 é
possível observar as etapas para a formação da planta.
106
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Figura 8.9: Muda após o plantio (a), desponte a 40 cm de altura (b), início da formação
das pernadas (c) e planta com pernadas formadas (d), cerca de 6 meses após o plantio
Fonte: CTISM
Após a poda (desponte) da muda inicia-se a brotação das gemas, originando
novos brotos que darão origem as pernadas. Estes ramos devem ser podados
(despontados) quando atingirem cerca de 50 cm de comprimento, iniciando
a emissão dos ramos secundários. Quando as plantas são bem manejadas,
fertilizadas e não passarem por períodos de déficit hídrico, já no 1º ano a
poda de formação é concluída.
8.6.2 Poda de frutificação
A poda de frutificação é realizada para regularizar a produção, evitando a
alternância de produção, proporciona maior circulação de ar no interior da
copa e aumenta a penetração de radiação solar na parte interna da planta,
diminuindo a ocorrência de doenças fúngicas e estimulando a brotação de
gemas. Como a goiabeira é uma planta que produz os frutos em ramos novos,
chamados de “ramos do ano” a poda de frutificação é uma prática realizada
anualmente, objetivando-se o estímulo à emissão de novos ramos.
Em cultivares comerciais de goiabeiras, como a cv. Paluma, a poda de frutificação
pode ser realizada de duas formas, contínua ou total. Na poda contínua, um
número determinado de ramos são podados a cada mês, o que garante a
produção durante os dose meses do ano. Já na poda total, todos os ramos
Aula 8 - A cultura da goiabeira
107
e-Tec Brasil
que já produziram são eliminados num mesmo período. Na Figura 8.10 é
possível observar plantas de goiabeira em vários períodos, antes da poda,
recém-podadas, 15 e 30 dias após a poda, todas submetidas à poda total.
Figura 8.10: Goiabeiras antes da poda (a), plantas recém-podadas (b), 15 dias após a
poda (c) e 30 dias após a poda (d)
Fonte: Jonas Janner Hamann
A maturação dos frutos ocorre cerca de 120 dias após a plena floração, porém,
temperatura, umidade e radiação solar podem adiantar ou atrasar a maturação.
Assista a um vídeo sobre
poda da goiabeira em:
https://www.youtube.com/
watch?v=V_j5cHYWsAg
Quanto à época da poda, dependerá da região onde o cultivo está implantado.
Como a goiabeira é uma frutífera de clima subtropical, não tolera períodos
longos com baixa temperatura nem ocorrência de geadas no período em que
os ramos recém-brotados são jovens. Como regra geral, a goiabeira deve ser
podada somente após o período (mês) que não há mais risco de ocorrência
de geadas.
8.6.3 Poda de renovação
A poda de renovação é realizada em plantas com mais de 25 anos, com o
objetivo de renovar toda a estrutura da planta. Quando esta prática é realizada,
torna-se necessário ter alguns cuidados, principalmente na utilização dos
e-Tec Brasil
108
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
equipamentos de poda, evitando o uso de motosserra, pois o óleo utilizado
na corrente pode causar a morte das plantas.
8.7 Principais pragas
Em cultivos comerciais as plantas de goiabeira são atacadas por algumas
pragas, entre elas destacam-se:
•
Broca-das-mirtáceas (Trachyderes thoracicus Oliv., 1790).
•
Besouro amarelo (Costalimaita ferruginea).
•
Mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus e Ceratitis capitata).
•
Psilídeo (Triozoida sp.).
•
Tripes (Selenothrips rubrocinctus).
•
Gorgulho da goiabeira (Conotrachelus psidii).
Assista a um vídeo sobre as
pragas na goiabeira em:
https://www.youtube.com/
watch?v=vuRddMzXF5A
A identificação e formas de manejo das principais pragas que ocorrem em
goiabeiras serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitossanitário em Fruticultura.
8.8 Principais doenças
Em pomares destinados a produção de frutos para consumo in natura é
necessário que o manejo das doenças seja muito eficiente, com isso evita-se
a formação de lesões nos frutos, o que inviabilizaria o consumo. Entre as
principais doenças destacam-se:
•
Ferrugem da goiabeira (Puccinia psidii).
•
Seca bacteriana dos ramos (Erwinia psidii).
•
Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides).
Para saber mais sobre a cartilha
de controle de pragas e também
de doenças em goiabeira, acesse:
http://www.espacodoagricultor.
rj.gov.br/pdf/frutas/goiaba.pdf
A identificação e formas de manejo das principais doenças que ocorrem
em goiabeiras serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo
Fitossanitário em Fruticultura.
Aula 8 - A cultura da goiabeira
109
e-Tec Brasil
Resumo
A goiabeira (Psidium guajava L.) é uma planta originária das Américas, pertencente à família botânica Myrtaceae. Quando adultas, através do manejo de
podas, as plantas podem atingir entre 4 m e 6 m de altura, sem poda podem
chegar de 10 m a 12 m de altura. O sistema radicular é bem estruturado, em
solos férteis e profundos pode atingir grandes extensões. Quanto aos tipos
de ramos, as plantas possuem ramos herbáceos, semilenhosos e lenhosos,
sendo que a produção de frutos localiza-se nos ramos herbáceos, emitidos
anualmente no ciclo vegetativo.
Apesar de se adaptar a várias regiões, algumas exigências climáticas mínimas
devem ser observadas, entre elas a temperatura, precipitação, umidade relativa,
radiação solar, ventos. Esta espécie não tolera temperaturas baixas por longos
períodos e locais com umidade excessiva favorecem a ocorrência de doenças
fúngicas. Em relação ao solo, as plantas adaptam-se bem a solos profundos,
férteis e bem drenados, com pH na faixa de 6,0. Estas condições citadas são
válidas para as várias cultivares, entre elas a cv. Paluma, que possui duplo
propósito e é recomendada para o RS.
Em cultivos comerciais, é necessário realizar a poda de formação, durante
o primeiro e segundo ano e a poda de frutificação que deve ser realizada
anualmente. Complementar a poda de frutificação torna-se indispensável o
raleio de frutos, prática realizada quando os frutos estão com diâmetro entre
2,5 cm e 3,0 cm. De forma geral, para planejamento, a maturação dos frutos
ocorre cerca de 120 dias após a antese (plena floração).
Atividades de aprendizagem
1. Qual o nome científico e a que família botânica pertence à goiabeira?
2. Qual a profundidade efetiva do sistema radicular da goiabeira?
3. Em qual tipo de ramos a goiabeira produz seus frutos?
4. Qual o peso médio de uma goiaba?
5. Qual a precipitação média anual necessária para a produção de goiabeira
em uma região?
6. Qual doença pode ocorrer em cultivos comerciais de goiabeira devido à
umidade relativa elevada?
e-Tec Brasil
110
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
7. Comente sobre a influência dos ventos em cultivos de goiabeira.
8. Qual a cultivar recomendada para o RS? Por quê? Cite algumas características.
9. Após a antese (floração) em quantos dias ocorrerá à maturação dos frutos? Que fatores ambientais podem causar influência?
10.O que é o raleio de frutos? Qual a sua importância? Quais cuidados devem ser observados quando realizado em goiabeiras?
11.Qual o objetivo da poda de formação?
12.Por que é realizada a poda de frutificação em goiabeira? Qual a regularidade desta poda (anual, bianual, etc.)?
13.Para um produtor de goiaba que possui o seu pomar implantado na cidade de Santa Maria (RS) qual época você recomendaria a execução da
poda de frutificação? Por quê?
Aula 8 - A cultura da goiabeira
111
e-Tec Brasil
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e-Tec Brasil
114
Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Currículo do professor-autor
O professor Diniz Fronza leciona as disciplinas de Fruticultura e Irrigação e
Drenagem no Colégio Politécnico da UFSM. É produtor de frutas, formou-se no
Curso Técnico em Agropecuária pelo Colégio Agrícola de Frederico WestphalenUFSM, graduou-se em agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria,
local onde realizou o Mestrado em Engenharia Agrícola. Realizou o Doutorado
em Agronomia na ESALQ – Universidade de São Paulo, com sanduiche na
Universidade de Pisa – Itália. Possui mais de 100 trabalhos de pesquisas nas
áreas de fruticultura e irrigação apresentados em revistas, congressos, jornadas
acadêmicas e seminários. Coordena a equipe da fruticultura irrigada do Setor
de Fruticultura do Colégio Politécnico da UFSM onde atende em treinamentos,
curso, palestras, a mais de 2000 produtores por ano. Realiza as atividades de
Ensino, Pesquisa e Extensão em parcerias com prefeituras, Emater, sindicatos,
associações de produtores e entidades de pesquisa e extensão.
Jonas Janner Hamann, natural de Paraíso do Sul (RS), é Técnico Agrícola
formado pelo Instituto Federal Farroupilha campus São Vicente do Sul, Técnico
em Meio Ambiente pelo Colégio Politécnico da UFSM, e graduando do curso
de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria. O autor é integrante
da equipe técnica do Setor de Fruticultura Irrigada do Colégio Politécnico da
UFSM, atuando na área de extensão rural através da organização e apresentação
de dias de campo, visitas técnicas orientadas, cursos e minicursos ministrados
a comunidade acadêmica do Estado e a produtores rurais da Região Sul do
Brasil. Integra a equipe técnica de pesquisa do Setor de Fruticultura, participou
da elaboração e coordenação de mais de 100 trabalhos publicados em revistas,
congressos, simpósios, seminários. É coautor de 10 livros técnicos sobre aspectos
técnicos da videira, figueira, citros, nogueira-pecã, pessegueiro, macieira,
pequenas frutas, poda de frutíferas, morangueiro fertirrigado e irrigação
e fertirrigação. Também é coautor de 6 apostilas didáticas (Implantação de
Pomares, Viveiros e Propagação de Mudas, Mecanização Agrícola, Frutíferas
de Clima Temperado, Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical e Manejo
Fitossanitário de Frutíferas), todas pela Rede e-Tec Brasil. Realiza pesquisas
com diferentes frutíferas, com destaque para o cultivo protegido de videiras,
fertirrigação em figueira e goiabeira, propagação de frutíferas e estudos
direcionados a cultura do morangueiro, citros, pessegueiro e nogueira-pecã.
115
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