Macroeconomia Profa. Dra. Roseli da Silva Raciocínio lógico da política monetária restritiva Variáveis endógenas na conjuntura macroeconômica: As variáveis endógenas são aquelas cujos equilíbrios decorrem do funcionamento simultâneo dos mercados na economia. Por exemplo, numa análise de conjuntura, em que apenas os aspectos referentes à demanda agregada são considerados, a renda e a taxa de juros são determinadas pela inter-relação dos mercados de bens e serviços, monetário e setor externo. A terceira variável endógena depende do regime cambial adotado pelo país: se for regime de câmbio fixo, as reservas internacionais do Banco Central são endógenas, se o regime for de câmbio flexível, a taxa nominal de câmbio se torna endógena. Variáveis exógenas: são variáveis determinadas por circunstâncias não descritas pelo modelo, mas que influenciam o funcionamento da economia e o equilíbrio da endógenas. As variáveis que são instrumento de política econômica são exógenas porque são determinadas pelo governo. Exemplos: No mercado monetário: a base monetária, a taxa de redesconto de liquidez, as reservas compulsórias, o comportamento do público, dos bancos comerciais. No mercado de bens e serviços: os gastos do governo, o total de impostos (ambas variáveis de política fiscal), a renda do resto do mundo, o nível geral de preços do resto do mundo. No setor externo: a taxa de juros internacional, a renda do resto do mundo, o nível geral de preços do resto do mundo. Política monetária restritiva em: A política monetária restritiva tem como objetivo restringir o nível renda da economia. Ela pode ser implementada através da operação de um dos instrumentos de política monetária. Na simplificação que adotamos, essa política é realizada através do open market (mercado aberto): o Banco Central entra no mercado de títulos ofertado títulos, gerando um excesso de oferta nesse mercado, o que causa queda no preço dos títulos e, consequentemente, elevação na sua taxa de retorno (a taxa de retorno dos títulos públicos é a taxa de juros básica d economia, a Selic, no caso brasileiro). Simultaneamente, o mercado de moeda apresenta um excesso de demanda, pois para um mesmo nível de renda (mesma necessidade de moeda para transações) as pessoas gostariam de continuar mantendo o mesmo nível de demanda por moeda anterior, mas à medida que o Banco Central vende títulos retira moeda de circulação – o novo equilíbrio monetário, para cada nível de renda, será alcançado com taxa juros mais elevada, a tal ponto que o custo de oportunidade de reter moeda leve as pessoas a aceitarem manter menos moeda. Em termos gráficos, o impacto de primeira ordem da política monetária corresponde ao deslocamento da curva LM para a esquerda. Com o aumento da taxa de juros, menos projetos de investimento produtivo são economicamente viáveis, o que diminui a demanda agregada e o nível de renda. Com menor nível de renda o demanda por moeda também diminui, o que faz com a taxa de juros de equilíbrio doméstico esteja no meio termo entre aquela necessária para equilibrar o mercado monetário e a de equilíbrio geral inicial. O novo equilíbrio doméstico (Ed) não é um equilíbrio geral, já que o balanço de pagamentos está desequilibrado. Com a queda no nível de renda, as importações diminuem e o déficit de transações correntes diminui, em contrapartida a taxa de juros mais elevada atrai mais capitais internacionais e eleva o superávit da balança de capitais. Dessa forma, o balanço de pagamentos está em superávit. O superávit no balanço de pagamentos significa que há mais dólares entrando no mercado de câmbio que saindo, ou seja, excesso de oferta de dólares nesse mercado. A partir desse ponto, o regime cambial adotado pelo governo importa para a análise dos efeitos conseqüentes da política monetária. Vejamos. 1. Regime de Câmbio Fixo BP LM1 LMo r Ed E IS Y Com regime de câmbio fixo, o Banco Central se compromete a comprar e vender moeda estrangeira a uma taxa de câmbio nominal fixa. Assim, na presença de excesso de oferta de moeda estrangeira, o Banco Central deve entrar comprando dólares e acumulando Reservas Internacionais e, dessa forma, recoloca moeda doméstica em circulação. Com mais moeda doméstica, os agentes reorganizam seus portfólios, desejando adquirir mais títulos públicos, levando ao excesso de demanda por títulos, o que faz com que os preços dos títulos se elevem e a sua taxa de retorno caia. Esse processo de ajustes é verificado enquanto houver superávit no balanço de pagamentos e esse superávit só será revertido quando o Banco Central recolocar em circulação, através da sua atuação no mercado de câmbio, a mesma quantidade de moeda que retirou na operação de open market (a curva LM retorna ao ponto original). Assim, a renda e a taxa de juros da economia retorno ao ponto inicial, e o resultado final é de apenas maior acumulação de reservas internacionais pelo Banco Central. A política monetária é, então, ineficaz para alterar a renda e a taxa de juros doméstica sob regime de câmbio fixo. 2. Regime de Câmbio Flexível BP r LM E IS Y Com regime de câmbio flexível, a taxa nominal de câmbio é determinada pelos fluxos de oferta e demanda de dólares. Com superávit no balanço de pagamentos (excesso de oferta de dólares) a taxa nominal de câmbio cai, valorizando a moeda doméstica. A valorização da moeda doméstica desestimula as exportações e estimula as importações, tornando a balança de transações correntes mais deficitária, para um mesmo nível de renda. O déficit em transações correntes que daí decorre, por sua vez, tem impacto tanto sobre a demanda agregada, diminuindo-a (curva IS se desloca para baixo), quanto sobre o balanço de pagamentos, tornando necessário um superávit maior de capitais, que só ocorre se a taxa de juros doméstica estiver em expansão (curva BP se desloca para cima). O novo equilíbrio geral se dará inequivocamente com renda menor que o equilíbrio inicial, mas os efeitos finais sobre a taxa de juros dependem dos impactos relativos da valorização da moeda doméstica e da renda sobre a demanda agregada e sobre o balanço de pagamentos. A política monetária é eficaz.