Síndrome da encefalopatia posterior e falência renal na doença de Berger: relato de caso Barbosa PS1; Barros, MGCRM2; Pereira, JN3; Botelho FA4; Leporaes RCA5 1,3,4Médica residente em Clínica Médica do Hospital das Clínicas de Teresópolis 2Médica reumatologista do hospital das clínicas de Teresópolis 5Acadêmico de Medicina da Fundação Educacional Serra dos órgãos INTRODUÇÃO A síndrome da encefalopatia posterior reversível (PRES) ocorre na maioria dos casos por elevação súbita e mantida dos níveis tensionais. Manifesta-se com cefaleia, redução do nível de consciência, crise convulsiva e distúrbio visual, reversíveis com o tratamento precoce. A tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) de crânio firmam o diagnóstico. OBJETIVO Descrever um caso de doença de Berger, com falência renal após crise hipertensiva. MÉTODO Relato de caso e revisão de literatura. RELATO DE CASO THL, 26 anos, masculino, branco, procura emergência por cefaleia, perda visual e crise convulsiva tônico-clônico generalizada. Pressão arterial da admissão 270x130mmHg, função renal preservada, TC de crânio evidenciou área hipodensa subcortical nos lobos frontais, occipitais e cerebelares, predominante nas porções posteriores associadas ao apagamento dos sulcos adjacentes, sugerindo PRES. Realizado tratamento anti-hipertensivo e anticonvulsivante, sendo observada resolução dos sintomas e das imagens, porém paciente evoluiu com falência renal e biópsia mostrou depósito mesangial de IgA com esclerose difusa, sendo o paciente encaminhado para transplante renal. CONCLUSÃO A PRES pode ocorrer nas crises hipertensivas, no curso de imunossupressores, nas doenças renais, nas vasculites e em neoplasias. A teoria é que ocorra edema cerebral por disfunção endotelial; o diagnóstico é feito pelo quadro clínico e por TC/RM de crânio. Os sintomas dependem da intensidade do edema cerebral, variando de cefaleia ao coma. O tratamento precoce reverte totalmente os sintomas e normalizam as imagens. A doença de Berger é definida como glomerulopatia por deposição de imunocomplexos de IgA e IgG. Atualmente é a glomerulonefrite mais diagnosticada no mundo, com pico de incidência nos adultos jovens do sexo masculino. Tem origem idiopática, porém se associa a infecções e stress metabólicos. Hematúria persistente e proteinúria subnefrótica sugerem o diagnóstico, que é confirmado por biópsia renal. Observa-se disfunção renal em metade dos casos e os fatores de risco para pior prognostico renal são: hematúria microscópica, proteinúria superior a 0.5g/24h, hipertensão arterial mal controlada, sexo masculino e aumento da creatinina sérica. O transplante renal é a possibilidade de cura, com recorrência em até 50% dos enxertos. REFERÊNCIAS 1)Hinchey J, Chaves C, Appingnani B, et al. A Reversible Posterior Leukoencephalopathy Syndrome. N Eng J Med. 1996;334:494- 500. 2)Ryan J. Thompson, Brian Sharp, Jeffery Pothof, Azita Hamedani, Western Journal of Emergency Medicine Volume XVI, NO. 1 : January 2015 3)Jurgen Floege and Frank Eitner, Current Therapy for IgA Nephropathy, J Am Soc Nephrol 2011, 22: 1785–1794 4)Mohamed R. Daha, Cees van Kooten, Deposition of IgA in primary IgA nephropathy: it takes at least four to tango, Nephrol Dial Transplant (2013) 28: 794–797 5)Judy Hinchey, Claudia Chaves, Barbara Appignani, Joan Breen, Linda Pao, Annabel Wang, Michaels. Pessin, Catherine Lamy, Jean-Louis, Louis R. Caplan, A Reversoble Posterior Leukoencephalopathy Syndrome, The New England Journal of Medicine, 1996, Vol. 334 No. 8 494-500 6)Anita McGrogan, Casper F.M. Franssen and Corinne S. de Vries, The incidence of primary glomerulonephritis worldwide: a systematic review of the literature, Nephrol Dial Transplant (2011) 26: 414–430 7)T Chang, R D Lanerolle, Posterior reversible encephalopathy syndrome as the first manifestation of chronic kidney disease, Ceylon Medical Journal 2012; 57: 40-41 8)Ryan J. Thompson, Brian Sharp, Jeffery Pothof, Azita Hamedani, Posterior Reversible Encephalopathy Syndrome in the Emergency Department: Case Series and Literature Review, Western Journal of Emergency Medicine, Volume XVI, NO. 1 : January 2015