Teoria Geral da Administração – TGA Prof. Antonio Siqueira Motivação 1 – Motivação para o trabalho: de que se trata? Desempenho no trabalho é o resultado que uma pessoa consegue com a aplicação de algum esforço. O desempenho é positivo quando o resultado beneficia a própria pessoa, o grupo do qual ela participa, um cliente ou a organização na qual trabalha. Ser aprovado em um concurso, vencer uma competição, atender satisfatoriamente a um cliente ou montar corretamente um produto são exemplos de desempenho positivo. O desempenho na realização de qualquer tipo de tarefa ou objetivo é influenciado por forças chamadas MOTIVOS. São as forças que produzem a MOTIVAÇÃO para o trabalho. A palavra motivação deriva do latim motivus, movere, que significa mover. Em seu sentido original, a palavra indica o processo pelo qual o comportamento humano é incentivado, estimulado ou energizado por algum tipo de motivo ou razão. Motivo, motor e emoção são outras palavras que têm a mesma raiz. O comportamento humano é sempre motivado. Sempre há um motor funcionando, que movimenta o comportamento humano. 2 – Motivos interno e externos A motivação para o trabalho é resultante de uma interação complexa entre os motivos internos das pessoas e os estímulos da situação ou ambiente. Motivos internos: São as necessidades, aptidões, interesses, valores e habilidades das pessoas. Os motivos internos fazem cada pessoa ser capaz de realizar certas tarefas e não outras; sentir-se atraída por certas coisas e evitar outras; valorizar certos comportamentos e menosprezar outros. São os impulsos interiores, de natureza fisiológica e psicológica, afetados por fatores sociológicos, como os grupos ou a comunidade de que a pessoa faz parte. Motivos externos: São estímulos ou incentivos que o ambiente oferece ou objetivos que a pessoa persegue. Os motivos externos satisfazem necessidades, despertam sentimentos de interesse ou representam recompensas desejadas. São motivos externos o trabalho que a pessoa faz, o ambiente no qual o trabalho é feito, as recompensas, os padrões estabelecidos pelo grupo de colegas e os valores do meio social, além de outros. Todos esses motivos combinam-se de forma complexa para influenciar o desempenho 3 – Necessidades humanas As teorias a respeito das necessidades humanas fornecem a primeira explicação importante sobre o papel dos motivos internos na motivação. Segundo essa idéia, o comportamento humano é motivado por estímulos interiores chamados necessidades, que são estados de carência. As pessoas agem, nas mais diferentes situações, para satisfazer esse estado de carência. Por exemplo, a fome é uma necessidade que motiva o organismo a procurar alimento (direção da motivação). Quanto mais forte essa necessidade, maior é o empenho em realizar o objetivo de conseguir o alimento (intensidade da motivação). Uma vez satisfeita a necessidade, o organismo passa por um estado de saciedade ou satisfação, e o alimento deixa de representar um estímulo, porque se extinguiu o impulso interno para persegui-lo. A motivação para aquele determinado comportamento deixou de existir (duração da motivação). 3.1 – Hierarquia de Maslow As noções de que as necessidades humanas estão organizadas numa espécie de ordem ou hierarquia desempenha um papel importante no estudo da motivação. Uma das principais teorias que se baseiam nessa noção foi proposta por Abraham Maslow. Segundo esse autor, as necessidades humanas são divididas em cinco categorias. De acordo com Maslow: As necessidades fisiológicas estão na base da hierarquia. As pessoas procuram satisfazê-las antes de se preocupar com as de nível mais elevado. Uma necessidade em qualquer ponto da hierarquia precisa ser atendida antes que a necessidade de nível seguinte se manifeste. Se uma necessidade não for satisfeita, a pessoa ficará estacionada nesse nível de motivação. Uma vez atendida, uma necessidade deixa de se fazer sentir. A pessoa passa a ser motivada pela ordem seguinte de necessidades. As pessoas estão num processo de desenvolvimento contínuo. As pessoas tendem a progredir ao longo das necessidades, buscando atender uma após outra, e orientam-se para a auto-realização. Uma necessidade pode predominar sobre as demais, devido a fatores como idade, meio social ou personalidade. Por exemplo, a necessidade de auto-afirmação é predominante ma juventude. Aplicando a teoria de Maslow ao desempenho no trabalho: O trabalho e o ambiente podem satisfazer uma ampla gama de necessidades, instrumentais e terminais, desde as necessidades de sobrevivência até as de auto-realização. Por exemplo: o trabalho em uma fábrica pode satisfazer a necessidade de sobrevivência, convivência social e de auto-estima. Num observatório astronômico, onde umas poucas pessoas passam as noites em silêncio, observando o universo, as necessidades de auto-realização e reconhecimento em uma comunidade técnica são mais importantes. O trabalho e a situação de trabalho também criam necessidades, em vez de satisfazê-las. Os trabalhadores passam então a reclamar seu atendimento, o que também é uma forma de comportamento motivado por necessidades ou carências. Por exemplo: trabalhar em lugares que oferecem risco de vida intensifica a necessidade de segurança. 3.2 – Frustração Quando as necessidades não são atendidas, o resultado é frustração. A frustração também pode ser uma motivação poderosa para a ação humana. Diversos tipos de comportamento no ambiente de trabalho são produzidos pela frustração. - Fuga ou compensação Esses comportamentos são: a procura de outro emprego ou profissão, quando não há a possibilidade de progresso no emprego atual, ou afiliação a uma sociedade profissional ou sindicato, para a defesa de interesses não atendidos pelo empregador. - Resignação Ocorre quando um grupo ou pessoa se deixa abater pela frustração e se entrega a um estado de desânimo ou fatalidade (“eu desisto”, “não adianta lutar”, “é assim que tem que ser”). Numa situação de trabalho, a resignação manifesta-se por meio da apatia, da depressão e do desinteresse pela organização e seus objetivos. - Agressão Representa uma forma de ataque físico ou verbal, associado a um sentimento de ira e hostilidade. Pode ser um palavrão ou um chute na parede. Quando não é possível descarregar a agressão contra o objeto ou pessoa que a provocou, a pessoa frustrada pode adotar um comportamento de substituição ou deslocamento: o supervisor maltrata um operário, que joga uma ferramenta dentro de uma engrenagem. 4 – Características individuais As pessoas são singulares e, ao mesmo tempo, compartilham características. Somos todos semelhantes e diferentes uns dos outros ao mesmo tempo. As necessidades são comuns a todas as pessoas, mas cada pessoa tem uma situação específica em termos de necessidades. O mesmo acontece com todas as outras características que singularizam as pessoas e que afetam a motivação: competências, atitudes, emoções e personalidade. Todas essas características interagem com as necessidades e entre si, fazendo de cada pessoa um caso único de motivação. - Competências: influenciam os interesses, as escolhas de carreiras e, conseqüentemente, o desempenho. Quem tem aptidão numérica e lógica, provavelmente tem mais interesse para realizar atividades que exigem essa competência. As decisões a respeito de trabalho, estudo e carreira são influenciadas por essas competências. Em resumo, a direção, a intensidade e a permanência da motivação são determinadas pelas competências. As competências se modificam com a educação e a experiência, modificando também os padrões de motivação. - Atitudes e Interesses: representam outra explicação importante sobre a forma como o desempenho é motivado. Por exemplo, as pessoas que se sentem atraídas pela carreira gerencial têm grande probabilidade de sucesso como gerente. As atitudes também explicam por que a competência não significa, automaticamente, desempenho. Uma pessoa pode ser extremamente competente em um campo, mas, se lhe faltar o interesse, seu desempenho ficará prejudicado. - Emoções: não há dúvida sobre o papel das emoções sobre o desempenho. Se uma atividade produziu sentimento de alegria, a tendência é repeti-la. Se uma pessoa provoca ressentimento, a tendência é evitar trabalhar com ela. - Personalidade: trata-se de um conceito dinâmico, que procura descrever o crescimento e desenvolvimento do sistema psicológico individual como um todo. Todas as características que individualizam as pessoas convergem para a personalidade. Não se separam necessidades, competências, atitudes e emoções da personalidade. No entanto, a personalidade abrange todos os traços de comportamento e características fundamentais de uma pessoa que permanecem com a passagem do tempo e que explicam as reações às situações do dia-a-dia. Os traços de personalidade explicam como e por que as pessoas funcionam. 5 – A teoria dos dois fatores Proposta por Frederick Herzberg, explica como os motivos presentes na situação de trabalho interagem com os motivos internos de cada pessoa. Em uma situação de trabalho, os fatores que influenciam o desempenho podem ser divididos em duas categorias: O próprio trabalho As condições de trabalho Para se entender essa teoria, pense em um estudante. - O curso é o próprio trabalho. - O professor, os colegas e a sala de aula fazem parte das condições de trabalho. Pense... o curso ou as condições? Qual é o motivo de maior satisfação???? Herzberg e seus colegas fizeram essa pergunta a engenheiros e contadores. Analisando as respostas, chegaram à conclusão de que a satisfação era resultado de aspectos relacionados ao conteúdo do trabalho (a tarefa em si executada). A esses aspectos foi dado o nome de FATORES INTRÍNSECOS ou FATORES M (“M” de motivação). Por outro lado, os aspectos insatisfatórios diziam respeito ao contexto do trabalho, às condições dentro das quais o trabalho era realizado. A esses aspectos, às condições dentro das quais o trabalho era realizado. A esses aspectos foi dado o nome de FATORES EXTRÍNSECOS ou FATORES H (“H” de higiênicos). Fatores motivacionais ou intrínsecos (M) Trabalho em si Realização de algo importante Exercício de responsabilidade Possibilidade de aprendizagem e crescimento Fatores higiênicos ou extrínsecos (H) Estilo de liderança Relações pessoais Salário Políticas de administração e de RH Condições físicas e segurança de trabalho A partir desses estudos, Herzberg e seus colaboradores criaram a teoria dos dois fatores. Segundo essa teoria, em situações de trabalho, somente os fatores intrínsecos produzem satisfação com o trabalho. Em outras palavras, apenas o trabalho em si e os fatores que estão diretamente relacionados podem fazer as pessoas sentir-se satisfeitas. Os fatores extrínsecos não fazem a pessoa sentir-se satisfeita com o trabalho. Os fatores extrínsecos influenciam apenas o estado de satisfação com as condições dentro das quais o trabalho é realizado. Para Herzberg, os fatores H reduzem a insatisfação. De acordo com a teoria dos dois fatores, a satisfação e a insatisfação não são extremos opostos de uma mesma régua. Para Herzberg, há uma régua de 0 a 10 para satisfação e outra para insatisfação. Os dois estados são processos diferentes influenciados por diferentes fatores. Como se o estudante, por exemplo, estivesse satisfeito com o curso e insatisfeito com as condições da escola, ou viceversa. Nas palavras de Herzberg, o oposto de satisfação não é insatisfação, mas não-satisfação; o oposto de insatisfação é não-insatisfação. A presença dos fatores higiênicos cria um clima psicológico e material saudável. Quanto melhor, por exemplo, as relações entre os colegas, o tratamento recebido pelo supervisor e o ambiente físico de trabalho, melhor será o clima. Quanto mais contente a pessoa estiver com seu salário, menor será sua disposição para reclamar desse aspecto de sua relação com a empresa. Consequentemente, maior a satisfação do trabalhador com o ambiente de trabalho. 6 – Impactos dos fatores sociais Finalmente, entre os motivos externos estão os fatores sociais, que produzem as necessidades socialmente adquiridas. Devido aos fatores sociais, certos estímulos e recompensas são perseguidos não pela importância intrínseca que têm para a pessoa, mas porque são valorizados pelo meio social (vizinhos, colegas etc.) Devido às necessidades socialmente adquiridas, o que é motivador para os membros de um grupo pode não oferecer qualquer atrativo para os membros de outro. O grupo de trabalho representa os fatores sociais em escala menor. O nível de desempenho de alguém que trabalha em grupo é determinado não apenas por sua competência ou motivação, mas também pelo nível de desempenho que o grupo define como apropriado. 7 – Juntando as peças: Teoria da Expectativa Cada situação de trabalho oferece às pessoas um conjunto de incentivos: o próprio trabalho, o ambiente e recompensas materiais e psicológicas, como prêmio e reconhecimento pelo bom desempenho. Qual é a eficácia e o efeito desses incentivos sobre a motivação? A resposta é: DEPENDE !! Qualquer incentivo pode funcionar desde que esteja sintonizado com os motivos internos da pessoa a quem é oferecido. A principal explicação sobre a interação dos motivos internos com os estímulos do ambiente é a teoria da expectativa. Segundo essa teoria, a motivação para realizar algum esforço depende: Da importância do resultado que se deseja alcançar (valor) Da crença de que o esforço permitirá alcançar o resultado esperado (esperança) O terceiro componente é a crença de que o esforço produz o desempenho (que produz o resultado). Assim, se você acredita que a aprovação depende de estudo, sua motivação para estudar será alta. A teoria da expectativa liga o esforço ao desempenho e o desempenho ao resultado. De acordo com essa teoria, tudo depende da importância do resultado. Administrar a motivação torna-se um processo de administrar recompensas que sejam compatíveis com as necessidades, características e crenças das pessoas. Desse modo, a teoria da expectativa fornece uma explicação sobre o processo de interação entre os motivos internos e externos. 8 – Práticas motivacionais Compreendem todos os tipos de incentivos e recompensas que as organizações oferecem a seus empregados na tentativa de conseguir o desempenho que possibilite a realização de seus objetivos. Enriquecimento de cargos Programas de incentivos Participação nos lucros e resultados etc. Bibliografia MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Introdução à administração. Edição compacta. São Paulo: Atlas, 2006, p. 179-191.