A Artigo Original Atuação do nutricionista em unidade de terapia intensiva Atuação do nutricionista em unidade de terapia intensiva Role of the nutritionist in the intensive care unit Jerusa Márcia Toloi1 Elis Sizanoski Teixeira2 Lucas Bassolli3 Mariana Tiyome Chen3 Camila Marcato Belli4 Andressa Orlandeli Ferreira4 Patricia Stanich5 Unitermos: Terapia Intensiva. Terapia Nutricional. Nutrição Enteral. Pacientes. Keywords: Intensive Care. Nutritional Therapy. Enteral Nutrition. Patient. Endereço para correspondência: Jerusa Márcia Toloi Rua Adelermo Lorencini, 391 – Jardim Maria Imaculada II – Brodowski, SP, Brasil – CEP: 14340-000 E-mail: [email protected] Submissão: 8 de julho de 2013 Aceito para publicação: 20 de dezembro de 2013 1. 2. 3. 4. 5. RESUMO Objetivo: Relatar a experiência de assistência nutricional a pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva (UTI). Métodos: Tratou-se de um estudo observacional, descritivo de delineamento transversal. A população foi constituída por pacientes internados na UTI de um hospital universitário, no período de março a outubro de 2012. Foram excluídos os pacientes que apresentaram tempo de internação inferior a 72 horas, que permaneceram em jejum ou cujos dados de registro estavam incompletos. Foram analisados dados referentes à identificação do paciente, motivo da internação e dados relacionados com a terapia nutricional (TN) e as possíveis intercorrências. Resultados: Dos 97 pacientes analisados, 62% apresentavam alguma comorbidade, sendo a hipertensão arterial sistêmica e o diabetes mellitus os mais prevalentes. A principal via de TN foi sondagem enteral (67%), seguida por alimentação via oral (23,7%). Apenas 4,1% receberam terapia nutricional parenteral total. Não houve diferença para o início da TN precoce em relação ao motivo da internação. As intercorrências gastrointestinais mais frequentes foram alto resíduo gástrico (55,4%) e diarreia (32,3%) para TN enteral, e vômito (17,4%) para os pacientes em TN oral. Conclusões: Este trabalho demonstrou a importância da terapia nutricional em UTI. Ela faz parte do tratamento médico nessa unidade hospitalar, sendo indispensável atenção multiprofissional neste aspecto. Os achados também reforçam a importância da definição e adoção de protocolos específicos para TN. ABSTRACT Objective: To report the experience of nutritional care to patients admitted to an intensive care unit (ICU). Methods: This was an observational, descriptive cross-sectional study. The study population consisted of patients admitted to the ICU of a university hospital in the period from March to October 2012. Patients who had time below 72 hours, fasted or whose hospitalization registry data were incomplete were excluded. Data regarding patient identification, reason for hospitalization and related nutritional therapy (NT) and possible complications data were analyzed. Results: Of the 97 patients analyzed, 62 % had a comorbidity, with hypertension and diabetes mellitus the most prevalent. The major route of NT was enteral survey (67%), followed by oral feeding (23.7%). Only 4.1 % received total parenteral nutrition therapy. There was no difference for the early starting of NT in relation to the reason for hospitalization. The most common gastrointestinal complications were high gastric residue (55.4%) and diarrhea (32.3%) for enteral NT, and vomiting ( 17.4% ) for patients on oral NT . Conclusions: This study showed the importance of nutrition therapy in the ICU. She is part of medical treatment in this hospital, being essential multidisciplinary attention on this aspect. The findings also reinforce the importance of the definition and adoption of specific protocols for NT. Residência Multiprofissional em Saúde, Programa Cuidados Intensivos do Adulto - Nutrição, Hospital São Paulo (HSP), Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil. Residência Multiprofissional em Saúde, Programa Neurologia e Neurocirurgia - Nutrição, HSP - UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil. Residência Multiprofissional em Saúde, Programa Cardiologia - Nutrição, HSP - UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil. Residência Multiprofissional em Saúde, Programa Oncologia - Nutrição, HSP - UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil. Doutora em Neurociências pela UNIFESP / Escola Paulista de Medicina - EPM. Central de Nutrição e Dietética. HSP - UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil. Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (1): 3-7 3 Toloi JM et al. INTRODUÇÃO Mediante as considerações supracitadas, este projeto partiu da ideia de criação e implantação de instrumentos de acompanhamento nutricional para as UTIs, com a intenção de se estabelecer protocolos de assistência que norteiem a atenção e o cuidado nutricional. O termo “paciente grave” tem sido utilizado para designar um grupo heterogêneo de doentes cujas afecções geram respostas metabólicas inesperadas. Consiste em indivíduos que necessitam de cuidados contínuos e integrais de forma individualizada. Os benefícios do trabalho em equipe multiprofissional no cuidado desses doentes já vêm sendo descritos na literatura1,2. Objetivo Descrever a assistência nutricional prestada a pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva. Observar tempo de início, via de administração e intercorrências na terapia nutricional. O trabalho em equipe é fruto da cooperação de diversos indivíduos com diferentes saberes e garante maior interação entre os conhecimentos técnicos e específicos. Por meio dessa relação, resultam discussões, soluções e propostas de intervenção, as quais não seriam produzidas de forma isolada com a mesma qualidade. A vivência multiprofissional nos serviços de saúde é um desafio aos profissionais, pois requer que os conflitos sejam explícitos e enfrentados com diálogos constantes no cotidiano3. MÉTODO Trata-se de um estudo observacional, descritivo, de delineamento transversal. Foi realizada amostra por conveniência dos dados coletados de uma ficha de avaliação e seguimento de terapia nutricional dos pacientes internados na UTI de um hospital universitário, durante o período de março a outubro de 2012. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa desta instituição, sob o parecer nº 275.271 A terapia nutricional em pacientes graves é de fundamental importância, visto que esses sofrem grande perda de nutrientes devido ao estado catabólico no qual se encontram, causados principalmente pelas situações de estresse desencadeadas por doenças, trauma, entre outros2,4. Para levantamento dos dados, foram tabuladas as seguintes variáveis: nome, idade, gênero, registro hospitalar (RH), data de internação, motivo da internação (clínico ou cirúrgico), presença de comorbidades, tempo de início e via de administração da terapia nutricional, permanência em jejum e intercorrências como: vômito, distensão abdominal, resíduo gástrico e diarreia. Foi considerado diarreia a presença de três ou mais episódios de evacuação líquida por 24 horas. Resíduo gástrico como volume drenado ≥ 200 mL durante os intervalos da dieta. Considerou-se como TN precoce o início da nutrição em até 48 horas após a admissão na UTI. Foram excluídas as fichas cujos dados de registro estavam incompletos, com tempo de internação inferior a 72 horas, e que permaneceram em jejum no período de internação ou cujos dados de registro estavam incompletos. De acordo com os Guidelines, a terapia nutricional enteral (TNE) precoce, de 24 a 48 horas após a admissão, deve ser iniciada após a estabilidade hemodinâmica, desde que o trato gastrointestinal esteja funcionante. Estudos demonstram que o início precoce da terapia nutricional está associado à melhor integridade da barreira gastrointestinal, menor ativação e liberação de citocinas inflamatórias, redução de infecções, da mortalidade e do tempo de internação hospitalar. Sabe-se que o início tardio da terapia nutricional expõe o paciente a um déficit calórico-proteico que dificilmente será compensado durante sua permanência na UTI. Em relação à terapia nutricional parenteral (TNP), a precocidade no início é questionável4-9. Conquanto sua utilização seja amplamente defendida na literatura, algumas intercorrências podem prejudicar a TN, sejam elas associadas à doença de base ou eventos secundários, como piora do quadro clínico, presença de infecção e necessidade de procedimentos cirúrgicos. Parâmetros de avaliação nutricional são bastante questionados em terapia intensiva por não apresentarem confiabilidade, dificultando o diagnóstico conciso para adequação das necessidades nutricionais2,10. Os dados foram tabulados e registrados no Microsoft Office Excel 2007® e analisados no software SPSS Statistics 17.0®. Os resultados foram apresentados em valores absolutos e relativos segundo o tipo de variável. RESULTADOS Diante dessas limitações, o monitoramento da TN se faz necessário para atender à demanda da melhor forma possível, visto que a terapia adequada às necessidades pode reduzir o risco de morbimortalidade em UTI, principalmente por estar associada ao menor risco de complicações infecciosas, redução no tempo de ventilação mecânica e internação hospitalar, sendo, dessa forma, um indicador de qualidade no atendimento em UTI1,2. Dos 456 pacientes internados na UTI, apenas 107 (23,5%) foram registrados na ficha de avaliação e seguimento de terapia nutricional; excluíram-se dez pacientes (9,0%) por não apresentarem os dados completos, totalizando 97 indivíduos. Dos 97 pacientes, 55 (56,7%) eram do gênero masculino. A faixa etária variou de 15 a 90 anos, com média Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (1): 3-7 4 Atuação do nutricionista em unidade de terapia intensiva geral de 59,5 anos ± 19,0, sendo 60,2 ± 17,8 anos para os homens e 58,7 ± 20,6 anos para as mulheres. Apenas 3% da população apresentaram idade inferior a 19 anos, o que já era esperado por se tratar de uma UTI de adultos. Quanto à presença de antecedentes pessoais, observouse que 60 (62,0%) pacientes apresentavam alguma comorbidade, sendo o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM) os mais prevalentes (42,4% e 42%, respectivamente) dentre as pesquisadas. Cinquenta e sete (58,8%) indivíduos foram internados por condições clínicas, sendo os demais (41,2%) por razões cirúrgicas (eletiva ou urgência). Figura 1 – Distribuição segundo motivo de internação, início da TN e via de administração de pacientes internados na UTI do HSP- UNIFESP, entre março e outubro de 2012. Na população estudada, a principal via de TN foi sondagem enteral (67%), seguida por alimentação via oral (23,7%), e apenas 4,1% dos doentes receberam terapia nutricional parenteral total. Na análise de precocidade da TN, perdeu-se a informação de 30 pacientes, totalizando 67 para a apresentação deste resultado. Excluíram-se, também, os pacientes que recebiam NPT. Quanto ao início da TN, encontrou-se média de 2,19 dias ± 2,36 (Min - 0 / Máx - 12 dias), independente da via de nutrição (Tabela 1). O motivo da admissão na UTI pareceu não exercer influência sobre a precocidade do início da TNE, visto que pacientes considerados clínicos apresentaram frequência discretamente maior de início precoce quando comparados aos pacientes cirúrgicos (72,4% vs. 68,4%, respectivamente), o que não ocorreu com a via oral, na qual a diferença entre pacientes clínicos e cirúrgicos foi evidente, tanto no início precoce quanto no tardio (Figura 1). Figura 2 – Prevalência de intercorrências em relação à via de administração de TN em pacientes internados na UTI do HSP – UNIFESP, entre março e outubro de 2012. DISCUSSÃO É inquestionável a importância da terapia nutricional como coadjuvante no processo de recuperação de doentes internados em unidades de terapia intensiva. No entanto, com os avanços científicos observados nos últimos anos, nota-se uma mudança no seu objetivo, que inicialmente priorizava suprir as necessidades nutricionais do indivíduo, reduzindo, dessa forma, a perda de massa corporal e suas complicações metabólicas. Atualmente, esse conceito tornou-se mais amplo, mostrando a importância do aporte nutricional apropriado na tentativa de reduzir os danos do estresse metabólico e auxiliar a resposta inflamatória por meio da imunomodulação. Neste contexto, diretrizes nacionais e internacionais auxiliam na adequação da TN, procurando, inclusive, priorizar as peculiaridades das injúrias que exigem tratamento intensivo5-7. Observam-se, na Figura 2, as intercorrências gastrointestinais mais frequentes. Dentre elas, notou-se que os pacientes em TNE apresentaram maior frequência de diarreia (32,2%), enquanto os pacientes que se alimentavam por via oral apresentaram mais vômito (17,4%). Mais da metade (55,4%) do pacientes em TNE apresentaram alto resíduo gástrico. Tabela 1 – Distribuição segundo o motivo de internação e início da TN de pacientes internados na UTI do HSP – UNIFESP, entre Março e Outubro de 2012. Início da TN Início precoce Início tardio TOTAL Motivo de admissão n % n % Cirúrgico 25 57 11 57,9 36 Clínico 19 43,1 8 42,1 27 TOTAL 44 100 19 100 63 Quando comparadas as características demográficas, constatou-se que neste estudo a maioria da população foi composta por homens, o que condiz com a literatura, que aponta que isto é esperado sob a justificativa de que Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (1): 3-7 5 Toloi JM et al. eles recebem um suporte intensivo mais agressivo que as mulheres. O aparecimento de antecedentes é comum principalmente na população idosa, reforçando a ideia que esta não é uma UTI pediátrica, sendo, portanto, comum a presença de idosos com essas comorbidades11. infecção gastrointestinal e intolerância à dieta administrada. Em nosso estudo, não houve registro de diarreia associada à utilização de laxantes, prática bastante comum nesta unidade como tentativa de melhorar o padrão evacuatório e manter o funcionamento do trato gastrointestinal. Vários estudos sugerem a importância do início precoce da terapia nutricional enteral. Nesta análise, observou-se que a maioria dos indivíduos iniciou a terapia em menos de 48 horas, conforme recomendado. No entanto, dos indivíduos em terapia nutricional enteral exclusiva, cerca de 31,4% a iniciaram tardiamente. Quando comparados pacientes clínicos e cirúrgicos, notou-se pequena diferença em relação ao início da TNE, o que corrobora com os achados recentes na literatura, onde uma discreta maioria de pacientes com início tardio da TNE é cirúrgica. Já os resultados encontrados com relação à alimentação via oral são contraditórios, visto que pacientes clínicos também costumam iniciar a alimentação por essa via mais precocemente. A instabilidade hemodinâmica, o sítio cirúrgico e os procedimentos que exigem tempo de jejum pós-operatório são possíveis justificativas para esses achados2,4,8. Os dados encontrados na literatura relacionados com a presença de resíduo gástrico também mostraram variação importante, enquanto que na unidade estudada esta foi a complicação mais frequente, atingindo 55,4% dos pacientes. O treinamento dos profissionais envolvidos na administração das dietas, uso de pró-cinéticos, diminuição da velocidade de administração e alteração no posicionamento (de gástrico para pós-pilórico) são algumas opções para contornar essa situação4,6,12,13. CONCLUSÕES Este trabalho demonstrou a importância da terapia nutricional em UTI. Ela faz parte do tratamento médico nessa unidade hospitalar, sendo indispensável atenção multiprofissional nesse aspecto. Em relação à via preferencial de terapia nutricional, as diretrizes estudadas reforçam a utilização da via enteral como preferencial quando a alimentação VO não é possível. A TNE apresenta vantagens em relação à terapia nutricional parenteral por ser mais fisiológica, evitando distúrbios hidroeletrolíticos, redução do risco de infecção, entre outros, além de apresentar menor custo. Na população estudada, menos de 5% dos indivíduos utilizaram a via parenteral para nutrição, sendo esta de início tardio em relação à nutrição enteral. Embora algumas diretrizes reforcem o risco de um suporte parenteral precoce, ainda existem controvérsias na literatura a respeito do tempo de início da TNP. Independente da via utilizada, o suporte nutricional deve iniciar-se assim que possível, visto que este está relacionado com o tempo de internação, tempo de ventilação mecânica e piora da condição clínica2,5,6,9. Encontrou-se precocidade no início da TN em vias onde o trato gastrointestinal foi utilizado em conformidade com as diretrizes utilizadas. Entretanto, também foram encontradas intercorrências gastrointestinais em boa parte dos pacientes, situação que poderia ser minimizada com a definição e adoção de protocolos multiprofissionais específicos de TN para pacientes em UTI. REFERÊNCIAS 1.Waitzberg DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. São Paulo: Atheneu; 2009. 2.Mesejo A, Alonso CA, Escribano JÁ, Leyba CO, González JCM. Recomendaciones para el soporte nutricional y metabólico especializado del paciente crítico. Actualización. Consenso SEMICYUC-SENPE: Introducción y metodologia. Med Intensiv. 2011;35(Suppl 1):1-6. Em razão da gravidade dos pacientes internados em unidades de terapia intensiva, algumas intercorrências relacionadas à nutrição enteral podem ser observadas, tais como diarreia, vômitos, distensão abdominal e volume residual gástrico aumentado, além de complicações mecânicas (deslocamento e obstrução da sonda). Estas são algumas justificativas que evidenciam a diferença entre o volume de dieta prescrito e o infundido, gerando um déficit calórico e proteico. Neste estudo, cerca de 55,4% dos indivíduos apresentaram volume residual gástrico elevado durante algum momento da internação e cerca de 32,3% apresentaram diarreia. Castrao et al.12 afirmam, em artigo de revisão, que a prevalência de diarreia em unidades de terapia intensiva pode variar entre 2 a 63%. Entre as possíveis causas, encontram-se a o método e o tempo de infusão da dieta enteral, 3.Salvador AS, Medeiros CS, Cavalcanti PB, Carvalho RN. Construindo a multiprofissionalidade: um olhar sobre a residência multiprofissional em saúde da família e comunidade. Rev Bras Ciên Saúde. 2011;15(3):329-38. 4.Arbeloa CS, Elson MZ, Monzón LL, Arellano IGR, Azcona AL, Lacueva MIM, et al. Resultados del soporte nutricional en una UCI polivalente. Nutr Hosp;2011. 26(6):1469-77. 5.McClave SA, Martindale RG, Vanek VW, McCarthy M, Roberts P, Taylor B, et al.; A.S.P.E.N. Board of Directors; American College of Critical Care Medicine; Society of Critical Care Medicine. Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support Therapy in the Adult Critically Ill Patient: Society of Critical Care Medicine (SCCM) and American Society for Parenteral and Enteral Rev Bras Nutr Clin 2014; 29 (1): 3-7 6 Atuação do nutricionista em unidade de terapia intensiva Nutrition (A.S.P.E.N.). 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