UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI – BIGUAÇU CURSO DE PSICOLOGIA SUIANE PIRES DE SOUZA O ESTRESSE INFANTIL E ASPECTOS DA ROTINA ESCOLAR E FAMILIAR BIGUAÇU 2006 SUIANE PIRES DE SOUZA O ESTRESSE INFANTIL E ASPECTOS DA ROTINA ESCOLAR E FAMILIAR Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Curso de Psicologia, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia, no Centro de Educação Superior Biguaçu, da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. BIGUAÇU 2006 SUIANE PIRES DE SOUZA O ESTRESSE INFANTIL E ASPECTOS DA ROTINA ESCOLAR E FAMILIAR Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado aprovado, atendendo aos requisitos parciais para obter o grau de Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí no Curso de Psicologia. Biguaçu, 05 de julho de 2006. Banca Examinadora Prof.ª Doutora Vera Baumgarten Ulysséa Baião Orientadora Prof.ª Mestre Ilma Borges Membro da Banca Prof. Mestre Paulo César Nascimento Membro da Banca Prof.ª Maria Suzete Salib Prof.ª Responsável pelos TCC's Prof. Almir Pedro Sais Coordenador do Curso de Psicologia Ao meu Guinho, pelo imenso e intenso amor. Ao meu Arthur, pela inspiração de todos os dias. AGRADECIMENTOS A Deus, pela vida. Ao meu Guinho, por sua participação especial para que eu pudesse fazer o melhor possível neste trabalho. Ao meu filho Arthur, por me fazer sorrir muitas vezes, durante os constantes momentos de estudo. À minha mãe Anita, que sempre me estimulou a buscar meus ideais. Aos meus irmãos Daniel e Cícero, que me ajudaram a entender como os irmãos podem beneficiar as pessoas. Ao constante empenho da minha orientadora Vera no sentido de auxiliar em todas as dúvidas que surgiram durante o desenvolvimento desse trabalho e pelo incentivo sempre presente. Aos professores Paulo e Ilma, pelas importantes ponderações e sugestões prestadas nas bancas deste trabalho, que, com toda a certeza, contribuíram muito para engrandecê-lo. Aos pais, crianças e professoras pela colaboração nesta pesquisa e sem as quais este trabalho não seria possível. Às diretoras que permitiram a realização da pesquisa no espaço físico das escolas e foram sempre disponíveis às solicitações feitas. Não podemos mudar os ventos, mas podemos, sim, ajustar as velas. Vilfredo Schürmann. RESUMO SOUZA, Suiane Pires de. O estresse infantil e aspectos da rotina escolar e familiar. Biguaçu, 2006. 61 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia – Bacharelado) – Universidade do Vale do Itajaí. O estresse é uma reação do organismo causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando a pessoa se confronta com uma situação chamada estressora, que a irrite, amedronte, excite ou confunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz. A constância dos eventos estressantes é causadora de muitos problemas fisiológicos e psicológicos em adultos e crianças. A rotina das crianças está repleta de regras não só em casa como também na escola. Nesta rotina, aspectos como convívio com familiares, tempo de sono, mudança de escola, atividades extra-escola, são alguns pontos investigados nesta pesquisa, que foi realizada a fim de identificar a incidência de estresse em crianças com idade entre seis e oito anos e a possível relação existente com aspectos da rotina escolar e familiar. O estudo foi quantitativo para pais e crianças, e qualitativo para as professoras delas. Os 43 pais responderam questionários fornecendo informações da rotina familiar dos seus filhos. As 43 crianças, foram submetidas à aplicação da Escala do Stress Infantil para verificar a incidência de estresse. As 4 professoras responderam a uma entrevista informando sobre a rotina escolar dos alunos. Os resultados quantitativos foram analisados através de comparações entre dois grupos de crianças: as com sinais de estresse e as sem sinais de estresse. A rotina familiar descrita pelos pais foi comparada nos dois grupos utilizando-se análises estatísticas. Os dados qualitativos foram categorizados e analisados separadamente. Os resultados mostraram que a incidência de estresse foi de 28% na população estudada. Entre os aspectos da rotina familiar estudados, o mais significativo para o desenvolvimento de estresse nas crianças foi o número de filhos nas famílias, indicando que os filhos únicos tem mais estresse que os com irmãos. Não houve relação entre a rotina escolar e a incidência de estresse. Palavras-chave: estresse infantil, rotina, escola, pais. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................13 2.1 SOBRE O DESENVOLVIMENTO ............................................................................ 13 2.2 CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL.................................14 2.3 O INGRESSO NA ESCOLA E A ROTINA DAS CRIANÇAS ....................................17 2.4 HISTÓRICO DO CONCEITO DE ESTRESSE E ESTRESSORES .............................18 2.5 SINTOMAS DO ESTRESSE ......................................................................................20 2.6 FASES DO ESTRESSE ..............................................................................................21 2.7 DIAGNÓSTICO, PREVENÇÃO E TRATAMENTO..................................................22 2.8 FATORES QUE LEVAM AO ESTRESSE INFANTIL ...............................................23 3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 26 3.1 POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM............................................................................. 26 3.2 INSTRUMENTOS .....................................................................................................27 3.3 PROCEDIMENTO DA PESQUISA............................................................................ 27 3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS DADOS...................................................................28 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................................30 4.1 DADOS QUANTITATIVOS ......................................................................................30 4.2 DADOS QUALITATIVOS.........................................................................................40 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................51 APÊNDICES ......................................................................................................................54 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Número de círculos totalmente pintados...............................................................31 Figura 2: Percentual de crianças com e sem sinais de estresse nas Escolas 1 e 2. .................32 Figura 3: Número de filhos nos núcleos familiares das crianças com e sem sinais de estresse. .....................................................................................................................................34 Figura 4: Mudança de escola das crianças com e sem sinais de estresse...............................35 Figura 5: Existência de horário predefinido pelos pais para as crianças com e sem sinais de estresse dormirem......................................................................................................... 36 Figura 6: Média de horas de sono das crianças com e sem sinais de estresse........................36 Figura 7: Média de permanência na escola das crianças com e sem sinais de estresse.......... 37 Figura 8: Percentual de crianças quanto a gostar ou não de fazer deveres escolares nos grupos com e sem sinais de estresse. ........................................................................................38 Figura 9: Número de atividades extra-escola das crianças com e sem sinais de estresse....... 39 LISTA DE QUADROS QUADRO 1: Atividades realizadas pelas crianças nas escolas.............................................. 41 QUADRO 2: Reações das crianças às atividades. .................................................................41 QUADRO 3: Responsabilidades das crianças nas escolas.....................................................42 QUADRO 4: Dificuldades das crianças relatadas pelas professoras. .....................................43 QUADRO 5: Freqüência dos deveres de casa. ...................................................................... 43 QUADRO 6: O que as crianças não gostam de fazer. ...........................................................44 QUADRO 7: Reclamações das crianças. ..............................................................................45 QUADRO 8: Expressão de cansaço das crianças. .................................................................45 QUADRO 9: Sono das crianças na escola............................................................................. 46 QUADRO 10: Conhecimento das professoras sobre o estresse infantil. ................................ 46 QUADRO 11: Verificação do estresse pelas professoras. .....................................................47 10 1 INTRODUÇÃO Indubitavelmente, as constantes mudanças no mundo moderno com crescente e contínua exigência quanto à aquisição de conhecimentos, à velocidade do desempenho das tarefas, à presença de muita habilidade social, à performance dos relacionamentos, ao acúmulo econômico estão provocando conseqüências assustadoras. A rapidez com que a tecnologia, a produtividade e o consumismo invadem as residências tem abatido muitas famílias e transformado os núcleos familiares. Entretanto, instala-se um contraste entre a competição vivenciada em ritmo acelerado pelos participantes do desenvolvimento tecnológico e científico mundial e a busca frenética por melhor qualidade de vida. As mudanças ocorrem velozes demais e praticamente impossibilitam a absorção do seu ritmo. Vive-se constantemente em alerta, preparados para agir cada vez mais rapidamente e com mais qualidade. Mas, viver continuamente prontos para a ação pode trazer conseqüências desagradáveis para muitas pessoas. E o pior de tudo, não só para os adultos, mas também para os seus filhos. Neste cenário, cada vez mais a escola está tendo um papel fundamental na vida das crianças com uma participação crescente na formação dos pequenos cidadãos e de seus comportamentos diante da vida. É visto que grande parte das crianças permanece diariamente no ambiente escolar, convivendo com a professora e os colegas, muito mais tempo do que na própria casa, com seus pais e irmãos. Logo, o dia-a-dia moderno tem exigido que não só a família, mas também a escola estejam preparadas para lidar com os estados emocionais de suas crianças. Normalmente, as instituições de ensino têm rotinas diárias – horários certos e regras bem definidas para cada uma das ações – o que pode proporcionar a impressão de que tudo fica mais organizado e provoca menos ansiedade. Entretanto, a rotina pode tornar-se uma tecnologia de dominação, quando não considera nos sujeitos o ritmo, a participação, a liberdade, a imaginação, a consciência e as inúmeras formas de sociabilidade deles. Pode levar as pessoas a simplesmente repetirem gestos, muitas vezes sem sentido para quem pratica a ação. Daí surgem as questões: pode a rotina influenciar o aparecimento de ansiedade ou o desencadeamento de estresse nas crianças? Que estratégias os educadores utilizam para identificar situações emocionais complicadas como o estresse? Como as escolas conseguem 11 lidar com essa situação? Os pais e a escola sabem o que está acontecendo com as crianças diante da correria do mundo moderno? E, principalmente, como os pais e a escola podem agir para não estressarem suas crianças? Todas essas questões levam a pensar que o desenvolvimento dessas crianças pode estar sendo prejudicado. Muitas vezes, está mesmo. Como dito anteriormente, a constância dos eventos estressantes é causadora de muitos dos problemas fisiológicos e psicológicos não só em adultos como também em crianças. Já é conhecido que desde a vida intra-uterina existem influências no comportamento por causa do estresse emocional. Além disso, a maioria dos psicólogos concorda que em todo o crescimento infantil fatores ambientais e biológicos estão presentes influenciando o processo de desenvolvimento intelectual, social e emocional da criança. Nesse sentido, o surgimento do estresse infantil pode estar associado a diversos fatores como, por exemplo, o convívio com pais e professores estressados, mudança de escola, nascimento de irmãos, timidez excessiva, depressão, excesso de atividades. A criança quando está estressada pede ajuda através de dores, da agressividade, do choro excessivo, das manhas, e esse pedido surge por ela não estar conseguindo lidar com um nível de tensão que é muito alto para o seu organismo. A identificação desses estressores com os quais a criança tem dificuldades de lidar cabe aos pais e a escola. No entanto, muitas vezes, o grande envolvimento com a rotina do dia-a-dia dificulta a percepção dos pedidos de ajuda das crianças. Diante de tais considerações, a relevância científica desta pesquisa consiste na possibilidade de conhecer fatores ambientais caracterizados por algumas rotinas existentes nas famílias e nas escolas que podem influenciar na manifestação de sintomas físicos e psicológicos característicos do estresse em crianças, tornando-as potenciais portadores de problemas emocionais e/ou físicos nos períodos ulteriores das suas vidas. O conhecimento desses fatores possibilita à ciência inferir sobre as causas do estresse e também sobre a organização de formas apropriadas de enfrentá-las, estimulando a realização de novas pesquisas de cunho científico e contribuindo para a promoção da saúde das crianças, dos seus pais e de toda a comunidade escolar. A relevância social proporcionada por essa pesquisa baseia-se no entendimento de como as mudanças ocorridas no processo evolutivo da sociedade e as formas de viver estão contribuindo para a formação de sujeitos estressados e mais propensos a formação de doenças e o que isso pode trazer de conseqüências para as relações sociais. 12 Considerando as informações anteriores, o problema desta pesquisa foi definido pela questão: existe relação entre aspectos das rotinas familiares e escolares e a incidência de estresse em crianças entre seis e oito anos freqüentadoras de escolas particulares? Para investigar tal questão, foram propostos como objetivos específicos deste trabalho: caracterizar aspectos da rotina familiar das crianças; investigar aspectos da rotina escolar dessa população; identificar qual a prevalência dos sintomas de estresse em crianças entre seis e oito anos; analisar o estresse infantil em diferentes rotinas escolares e familiares na população pesquisada. A partir de todas as informações encontradas através dos objetivos anteriores, procurou-se identificar, fundamentalmente, a incidência de estresse em crianças com idade entre seis e oito anos e a possível relação existente com aspectos da rotina escolar e familiar. 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Inicialmente, serão apresentadas informações sobre o desenvolvimento, seguido por características cognitivas, emocionais e sociais da infância, principalmente da faixa etária entre seis e oito anos, assim como o ingresso das crianças na escola. No decorrer da fundamentação teórica, apresentam-se histórico e conceito do estresse, sintomas, fases, diagnóstico, prevenção e tratamento do estresse, além do estresse infantil. 2.1 SOBRE O DESENVOLVIMENTO Quando se tratava de estudar o desenvolvimento, os psicólogos, normalmente, concentravam-se, conforme Davidoff (2001, p. 418), na criança em crescimento. Porém, hoje, é reconhecido que o desenvolvimento se estende por toda a vida e as investigações da Psicologia do Desenvolvimento sobre o crescimento da estrutura física, o comportamento e o funcionamento mental ocorrem desde o nascimento até momentos antes da morte. Mussen (et al., 1995, p. 3), define o desenvolvimento “como mudanças nas estruturas físicas e neurológicas, cognitivas e comportamentais que emergem de maneira ordenada e são relativamente duradouras”. Segundo o autor, há três aspectos principais que incentivam os estudos sobre o desenvolvimento. O primeiro é a busca pela compreensão das mudanças universais, ou seja, as que ocorrem em todas as crianças, independente da cultura em que cresçam e das experiências que tenham, como por exemplo, o fato de que as crianças do mundo inteiro começam a andar aproximadamente na mesma época. O segundo aspecto diz respeito à explicação das diferenças individuais, ou seja, entender por que as crianças podem reagir de formas diferentes diante da mesma situação, por exemplo, sendo agressivas ou ficando alegres ao irem para o banho. E o terceiro, busca a compreensão de como o comportamento é influenciado pelo contexto ou ambiente, ou seja, como a timidez, por exemplo, pode estar presente em alguns ambientes e em outros não (MUSSEN et al., 1995, p. 4). O mesmo autor ainda afirma que a maioria dos psicólogos concorda que tanto as variáveis biológicas como as ambientais influem no desenvolvimento. Em eventos como 14 aprender a andar, parece que a importância dos fatores biológicos é maior, enquanto que ao aprender a ler, os fatores ambientais parecem ter mais peso, embora alguns cientistas digam que não se podem atribuir pesos a essas duas variáveis já que elas interagem desde o nascimento e provavelmente antes dele. Davidoff (2001, p. 423) afirma que existem psicólogos que vêem o desenvolvimento dividido em fases – teorias de estágios – e outros que acreditam nas teorias da continuidade. Entretanto, a autora sugere que pode haver uma combinação profícua entre essas teorias. Ela afirma que no início da vida, no período de lactância e na infância, algumas habilidades surgem de forma previsível e padronizada, como as habilidades motoras, de linguagem e pensamento. Assim, as teorias de estágio são sempre úteis quando forem necessários o sistema nervoso e a maturação do corpo para o desenvolvimento de algo. Contrariamente, o desenvolvimento social ou da personalidade na adolescência ou na fase adulta depende, em grande parte, das experiências específicas do indivíduo, tornando as teorias da continuidade mais apropriadas nesses casos. 2.2 CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL Como foi apresentado anteriormente, o desenvolvimento inicia no momento da concepção e vai até os momentos anteriores à morte. Entretanto, considerando os objetivos dessa pesquisa, serão expostas apenas características do desenvolvimento infantil, procurando enfatizar a faixa etária das crianças a que esta pesquisa se propõe – seis a oito anos. O desenvolvimento infantil envolve cognição, emoção e sociabilidade, sendo que eles estão intrinsecamente combinados. É no útero materno onde o desenvolvimento tem seu início, sendo que ali o feto já recebe influências da mãe. A ingestão de bebidas alcoólicas, drogas, cigarro, medicações, assim como dietas inadequadas e os estados emocionais são alguns exemplos de fatores que podem influenciar o surgimento desde problemas físicos no bebê até formas de comportamentos dele. Davidoff (2001, p.429) afirma que o estresse materno durante a gravidez “está associado com problemas de saúde e de comportamento desde a infância até a fase adulta”. 15 Atkinson (et al., 1995, p.65) apresenta o desenvolvimento da fala como um exemplo da interação entre as características geneticamente determinadas e as experiências oferecidas pelo ambiente. Nesse sentido, a linguagem é um aspecto do desenvolvimento e a comunicação é uma das suas funções mais importantes. Conforme Mussen (et al., 1995), após o nascimento, os bebês já se comunicam. Inicialmente, com gestos e, por volta de 4 a 8 meses, as crianças começam a balbuciar espontaneamente, mas sem um significado simbólico. Próximo dos 12 meses, a criança começa a emitir sons com significados. Aos 24 meses, ela já consegue falar algumas palavras referindo-se quase somente a pessoas e coisas. Gradualmente as crianças vão ampliando a compreensão das palavras. Aos 3, 4 anos, as crianças passam a entender significados figurativos ou não-literais. Por volta dos 6 anos, as crianças já entendem o tom irônico das declarações. Além disso, as crianças vão aprendendo a relacionar a linguagem ao contexto físico e social no qual ela é usada. Atkinson (et al., 1995, p. 65) afirma que os “anos de pré-escola podem ser especialmente significativos para o desenvolvimento intelectual e aquisição da linguagem”. Segundo Papalia e Olds (2000, p. 250), aos 6 anos a criança entra na fase de transição da segunda para a terceira infância. É justamente nessa fase que as crianças são mais facilmente vistas pulando, correndo, subindo nos muros, equilibrando-se em saliências estreitas, repetindo salto à distância. Elas pulam corda, andam de skate, bicicleta, arremessam bolas. Contudo, existem crianças que, depois da escola, recolhem-se em casa e ficam horas diante da televisão, ao invés de desenvolverem seus corpos praticando novas habilidades. Na faixa etária da terceira infância (6 aos 12 anos), as crianças comem bem em função do crescimento corporal e das atividades que realizam e costumam fazer lanches rápidos para retornarem logo a brincar. Também é nesse período que trocam a dentição. As habilidades motoras continuam a se aperfeiçoar na terceira infância. As crianças ficam mais fortes, mais rápidas e mais coordenadas. Gostam de atividades que envolvem lutas, golpes e perseguições e, gradualmente, vão passando para as brincadeiras com regras. Papalia e Olds (2000, p. 253) afirma ainda que a “taxa de mortalidade nesses anos é a mais baixa em todo o ciclo de vida”. A forma como os psicólogos contemporâneos descrevem as mudanças intelectuais que acompanham as mudanças físicas ocorridas nas crianças tem ampla influência da teoria dos estágios de Jean Piaget, conforme Atkinson (et al., 1995, p.71). Em seus estudos sobre o desenvolvimento, Piaget tinha como foco principal a interação entre as capacidades de 16 amadurecimento natural das crianças e suas interações com o ambiente, e acreditava também que as crianças participavam ativamente nesse processo. Piaget, baseado nas suas observações, entendeu que a capacidade da criança para pensar e raciocinar progredia através de uma série de estágios qualitativamente distintos, enquanto amadureciam. Assim, dividiu o desenvolvimento cognitivo em 4 estágios centrais: sensório-motor, pré-operacional, operacional-concreto e operações formais. No estágio operacional-concreto – em torno dos 7 aos 12 anos – as crianças começam a pensar logicamente sobre os objetos e eventos, usam termos abstratos apenas em relação a objetos concretos, descobrem as regras como convenções sociais, dão peso a considerações subjetivas como as intenções (ATKINSON et al., 1995). Papalia e Olds (2000, p. 257) afirma que nesse estágio a criança é menos egocêntrica e pode “usar o pensamento (operações mentais) para resolver problemas concretos (reais).” Pode levar em conta vários aspectos de uma situação, embora ainda seja limitada a situação do “aqui e agora”, não conseguindo pensar em termos hipotéticos. Compreende melhor os pontos de vista dos outros e com isso se comunica melhor e é mais flexível em seus julgamentos morais. Tem melhor compreensão de conservação, da diferença entre aparência e realidade, é mais hábil com os números e distingue melhor fantasia de realidade. Segundo Atkinson (et al., 1995), métodos mais sofisticados e recentes de testagem do funcionamento intelectual mostram que Piaget subestimou as capacidades das crianças. Esse autor afirma que várias das tarefas que objetivam testar a teoria dos estágios exigem diversas habilidades de processamento de informações subjacentes como a memória, atenção, conhecimentos factuais específicos, etc. Assim, a criança pode realmente “possuir a capacidade exigida sob exame, mas fracassar na tarefa porque lhe faltam as outras habilidades necessárias, mas irrelevantes” (ATKINSON et al., 1995, p. 77). A necessidade da memória nas tarefas de permanência do objeto, é um exemplo dessas considerações. Socialmente, como afirma Davidoff (2001, p. 442), as crianças iniciam o seu desenvolvimento desde o nascimento com a formação de vínculo com os pais e o desenvolvimento do pensamento e da conduta moral. Gradativamente, vão adquirindo comportamentos e conceitos que tornam-nas adequadas à vida em grupo. Nos primeiros meses de vida a criança começa a formar os vínculos com os pais que, pelo 6º ou 7º mês, já é inconfundível. A partir dessa idade, a criança começa a ampliar o seu vínculo social para outros membros da família (irmãos) e amigos. A formação de vínculos sociais tem conseqüências enormes para a competência intelectual e social. Lares afetuosos 17 geram crianças mentalmente competentes e orientadas para a proficiência (DAVIDOFF, 2001). Davidoff (2001, p. 447) afirma ainda que o comportamento social também pode ser afetado. “Na escola maternal, por exemplo, a criança dotada de ‘vínculo seguro’ é mais propensa do que as outras a ser simpática e socialmente ativa e a interagir livremente com os colegas.” Já os adolescentes que foram criados em orfanatos, muitas vezes, continuam a exibir deficiências sociais na forma de agressividade e conduta anti-social. À medida que a criança cresce os amigos tornam-se mais influentes. Brincando com outras crianças, elas aperfeiçoam habilidades e papéis sociais que usarão no futuro, aprendem a ser sensíveis às necessidades dos outros, a perceber as próprias forças e fraquezas, a avaliar as próprias habilidades com mais exatidão (DAVIDOFF 2001). Segundo Papalia (2000, p. 282), as crianças em idade escolar vão, aos poucos, desenvolvendo um conceito mais realista de si mesmas, se tornando mais independentes dos pais e mais envolvidas com as outras crianças. A família, no entanto, continua sendo uma influência fundamental e as questões familiares continuam a afetar enormemente as vidas das crianças. Enfim, as experiências das crianças na família, na escola ou com os amigos, afetam e são afetadas por todos os aspectos de seu desenvolvimento – cognitivos, físicos, emocionais e sociais. 2.3 O INGRESSO NA ESCOLA E A ROTINA DAS CRIANÇAS Quando pequenas, muitas vezes, as crianças têm um contato social restrito aos pais e ingressar na escola significa ampliar a vivência social. Além disso, ao ingressar na escola a criança começa a receber cobranças formais: passa a ter horários, regras e responsabilidades em número bem maior do que tinha em casa. Atualmente, segundo Ducioni (2005, p. 7), a criança começa a freqüentar a escola a partir dos três meses de idade, sendo que a maioria das crianças pequenas passa 12 horas por dia nessa instituição. Elas saem bem cedo de casa e voltam ao convívio familiar apenas no final do dia. Em função disso, a escola está sendo um espaço cada vez mais proporcionador de aprendizagem, já que o processo de escolarização está começando nos primeiros meses de vida da criança. 18 A rotina aparece, conforme Barbosa (2000, p. 94), como modelo para a organização do trabalho pedagógico do educador em muitas das instituições de ensino. Nesse sentido, dormir, comer, estudar, cozinhar, brincar, são consideradas ações rotineiras porque são realizadas todos os dias, em espaço e tempo social bem definidos, como a casa ou a escola. Barbosa (2000, p. 95) afirma que o objetivo das rotinas está na organização da cotidianidade e que fazem parte da rotina “certas ações que, com o decorrer do tempo, tornam-se automatizadas na vida dos sujeitos, criando modos de organizar a vida.” Assegura ainda sobre a dificuldade que seria viver se todos os dias fosse necessário refletir sobre os atos cotidianos. “A rotina torna-se apenas um esquema que prescreve o que se deve fazer e em que momento esse fazer é adequado” (BARBOSA, 2000, p. 94). Entretanto, a rotina pode tornar-se uma tecnologia de dominação, quando não considera nos sujeitos o ritmo, a participação, a liberdade, a imaginação, a consciência e as inúmeras formas de sociabilidade deles. Pode levar as pessoas a simplesmente repetirem gestos, muitas vezes sem sentido para quem pratica a ação (BARBOSA, 2000, p. 94). Já o cotidiano, para a mesma autora, é bem mais abrangente e refere-se a um espaçotempo fundamental para a vida humana. Nele ocorrem ações rotineiras, repetitivas, como também há a possibilidade de encontrar o inesperado, há margem para a inovação. Assim, “o cotidiano contém uma rotina, mas não se restringe a ela” (BARBOSA, 2000, p. 94). Torna-se adequado, nesse momento, citar Fernandez (1991 apud BARBOSA, 2000) que afirma que há uma maior produção de morte cotidiana do que de vida cotidiana. Assim, por ocasião dessa pesquisa, busca-se saber qual a influência das rotinas existentes no processo educativo para o desenvolvimento do estresse nas crianças que participam dia-a-dia das rotinas familiares e escolares. 2.4 HISTÓRICO DO CONCEITO DE ESTRESSE E ESTRESSORES O vocábulo “stress” tem origem no latim, e, conforme Lipp (1996, p. 17), datam do século XIV as primeiras referências a esse termo. Nesse período, a palavra era utilizada esporadicamente e significava “adversidade” e “aflição”. No século XVII, passou a ser utilizada em inglês designando “opressão”, “desconforto” e “adversidade”. Hans Selye, médico austríaco, foi o primeiro cientista a estudar o estresse nos termos em que é conhecido hoje. Na década de 20, ele percebeu que alguns pacientes que sofriam de 19 doenças diversas tinham sintomas em comum, sendo que muitos desses sintomas eram pouco ou nada relacionados com a doença específica para a qual haviam consultado o médico. Na verdade, tinham relação com a condição de estar doente. Para esse fenômeno, Selye utilizou o termo “síndrome de adaptação geral” que mais tarde foi simplificado por ele mesmo para estresse (LIPP E NOVAES, 1996, p. 12). Segundo Lipp (1996, p. 18), até a Segunda Guerra Mundial o termo “stress” era restrito aos pesquisadores em laboratórios e, a partir de diversos estudos realizados sobre o comportamento desequilibrado de muitos dos soldados nessa guerra, foi se verificando que, mais do que causas físicas (como a explosão ou barulho), aspectos psicológicos estavam envolvidos nas reações de abandono do campo de batalha ou a incapacidade de combater apresentada por muitos daqueles soldados (hoje o conhecido estresse pós-traumático). O estresse presente na situação de guerra originou muitas pesquisas que revelaram a sua manifestação também em situações diárias e bem menos graves. Na década de 50, os estudos aumentaram sendo que quase todas as publicações eram com embasamento fisiológico. Na década de 70, tiveram destaque os aspectos psicológicos e a sua interação com fenômenos biológicos. Estudos mais recentes sobre o estresse tratam da implicação para a qualidade de vida das pessoas e para a produtividade, incluindo fatores sociopsicológicos, como a adequação da ocupação ou da tarefa ao homem, além de estudos ligados a etapas da vida humana como gestação, infância, adolescência. A mesma autora define o estresse como uma reação do organismo, com componentes físicos e/ou psicológicos, causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando a pessoa se confronta com uma situação que, de um modo ou de outro, a irrite, amedronte, excite ou confunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz. (LIPP, 1996, p. 20) A autora também afirma sobre a importância de entender o estresse como um processo e não como uma única reação bioquímica estanque e independente. Em princípio, o estresse é importante porque é uma reação natural e positiva que põe o organismo em alerta para reações imediatas em situações que o exijam. Mas o estresse vira um problema quando o organismo é constantemente posto nesse estado de alerta, conforme será explicado posteriormente. 20 Do mesmo modo, Straub (2005, p. 117) define o estresse como “um processo pelo qual alguém percebe e responde a eventos que são julgados como desafiadores ou ameaçadores”. Diante disso, é muito importante saber qual a origem do estresse. Conforme Lipp e Novaes (1996, p. 13) e Lipp e colaboradores (1998, p. 31), existem estressores tanto internos como externos, sendo que os primeiros podem ser definidos como características pessoais, formas de interpretar as situações, os valores e as crenças do indivíduo. Os estressores externos são qualquer mudança (agradável ou desagradável) na vida da pessoa que causam um aumento de tensão. São as situações do dia-a-dia, os contextos nos quais elas se relacionam, os ambientes que freqüentam, o trabalho em excesso ou desagradável, acidentes, a família em desarmonia, entre outros. Há acontecimentos que causam mais estresse que outros, sendo absorvidos de forma diferenciada de acordo com a personalidade do indivíduo. 2.5 SINTOMAS DO ESTRESSE O estresse é desencadeado, segundo Straub (2005, p. 117), sempre que os recursos pessoais e sociais que o indivíduo pode mobilizar para o enfrentamento do estresse são extrapolados pelos estressores. Mesmo que uma situação pareça insuportável para uma pessoa, outra pode ter recursos fortes o bastante para não se estressar. Pelo contrário, uma situação pode parecer facilmente resolvida por aquela pessoa, e esta pode não ter recursos suficientes para enfrentá-la e, em função disso, vir a apresentar os sintomas do estresse. Assim, diante de um estressor, o organismo vai emitir respostas físicas e psicológicas. Por esse motivo, as doenças relacionadas ao estresse são chamadas psicofisiológicas. Dentre os sintomas psicológicos estão desde apatia, depressão, desânimo, sensação de desalento, hipersensibilidade emotiva, até raiva, irritabilidade, ira, ansiedade. Os sintomas físicos que podem ser desencadeados pelo estresse são hipertensão arterial, úlceras, câncer, psoríase, vitiligo, entre outros. É importante ressaltar que o estresse não é o causador da doença, mais sim um desencadeador ou um fator contribuinte ou agravante da problemática (LIPP, 1996, p. 24). Os sinais emitidos pelo corpo e pela mente são fundamentais para o diagnóstico do estresse. No início os sintomas são muito parecidos para todas as pessoas e, conforme o 21 estresse vai avançando, ele torna as pessoas mais propensas para outras doenças. Diante disso, o fator genético ganha espaço e as diferenças de sintomas entre as pessoas aumentam. Existem alguns sinais que são emitidos pelo corpo quando ele entra em contato com algum estressor. Segundo Lipp e Novaes (1996, p. 14), a constância por dias de dores musculares, taquicardia, mãos suadas e frias, azia, dificuldade de dormir parecendo estar sempre de sobreaviso podem ser um indicativo do início do estresse. À medida que o estresse vai avançando, sinais como dificuldades com a memória, cansaço, sensação de desgaste sem motivo, começam a aparecer. Algumas doenças como gripe e herpes podem manifestar-se. Na fase mais adiantada do estresse, algumas doenças mais graves como gastrite ou úlcera e hipertensão podem instalar-se. Há pouco ânimo e força, dificuldades para concentrar-se e trabalhar, muito aborrecimento e indisposição para o sexo. 2.6 FASES DO ESTRESSE A primeira fase do estresse, conforme Lipp e Novaes (1996), é chamada de fase de alerta. Ela surge quando o indivíduo entra em contato com o estressor, ou seja, sua fonte de estresse, que pode ser tanto externa como interna. A partir do contato com o estressor, o organismo sofre um desequilíbrio e surgem sintomas típicos como sudorese, taquicardia, respiração ofegante, boca seca, tensão muscular, entre outras. Essas sensações surgem como uma preparação para o organismo reagir à situação que se apresenta. É uma reação fundamental para a sobrevivência do indivíduo. Nessa fase a produção de adrenalina aumenta e o corpo fica em constante sobreaviso. A segunda é a fase de resistência. Nessa, o indivíduo gasta muita energia para restabelecer o equilíbrio anterior ao surgimento do estressor. Sinais de desgaste, cansaço excessivo, esquecimento, são comuns nessa fase. Se os estressores forem eliminados ou a pessoa se adaptar à situação geradora do estresse, o organismo volta à condição de equilíbrio. Caso ela não consiga se adaptar, o organismo pode chegar na fase de exaustão. Os sintomas da primeira fase podem reaparecer mais agravados e comprometer a estrutura física com a doença. Dentre as três fases, esta é a mais perigosa. 22 2.7 DIAGNÓSTICO, PREVENÇÃO E TRATAMENTO Vários métodos têm sido propostos para diagnosticar corretamente o estresse, tarefa que nem sempre é fácil, já que muitos dos sintomas do estresse também são sintomas de outras doenças. O Inventário de Sintomas de Stress (ISS) de Lipp e Guevara (1994 apud LIPP, 1996, p. 25) além de identificar a sintomatologia que o paciente apresenta, ainda avalia se ele possui sintomas de estresse, o tipo de sintomas (somáticos ou psicológicos) existentes e a fase de estresse em que ele se encontra. O ISS é dividido em três partes relacionadas a cada uma das três fases do estresse. O ISS é útil para se ter um diagnóstico rápido para uma intervenção imediata (LIPP, 1996, p.26). Para o diagnóstico do estresse infantil, conforme Lipp e Romano (1987 apud Lipp, 1998, p. 8), existe o Inventário de Sintomas de Stress Infantil (ISS-I), utilizado por diversos pesquisadores da área da saúde e cuja adaptação formou a Escala do Stress Infantil (ESI). A ESI é composta por 35 itens relacionados a reações do estresse e “tem por objetivo verificar a existência ou não de stress em crianças entre 6 e 14 anos, e possibilita ainda que se determine o tipo de reação mais freqüente na criança, o que facilitará o controle adequado do stress” (LIPP E LUCARELLI, 1998, p. 9). As reações do estresse podem ser físicas, psicológicas, psicológicas com componente depressivo e psicofisiológicas. Lipp e colaboradores (1998) asseguram que com uma visão realista da vida, dos outros e de si próprio é possível prevenir-se do estresse. A autora afirma a existência de pesquisas mostrando que atitudes específicas quanto à vida, como abertura e tolerância a mudanças, uma tendência de estar muito envolvido com o que se faz e um sentimento de ter controle sobre os acontecimentos, estão presentes nas pessoas mais resistentes ao estresse. Uma reavaliação dos estressores é outra maneira de lidar com os acontecimentos da vida de maneira a interpretá-los positivamente, beneficiando-se com o estresse. O mais importante, certamente, é “conhecer até onde seus limites vão e se treinar a evitar o excesso de qualquer coisa que o possa prejudicar” (LIPP E COLABORADORES, 1998, p. 48). Straub (2005, p. 117) afirma que cada pessoa é um agente ativo que pode modificar o impacto de um estressor em potencial por meio de seus próprios recursos. Mas, não só existe prevenção para o estresse, como também tratamento, já que ele é reversível. É importante salientar que o tempo de recuperação varia de acordo com o estágio que se apresenta o estresse. Conforme Lipp e Novaes (1996, p. 18), “nenhuma doença, ou 23 condição, produz uma interação tão grande entre o corpo e a mente como o stress” e, sendo assim, tratar do estresse envolve algumas etapas. Primeiramente, afirmam Lipp e Novaes (1996), trata-se do alívio dos sintomas para o qual se recomenda a utilização de técnicas de relaxamento, como por exemplo, exercícios de respiração, ioga, leitura ou bate-papos, a entrada de uma dieta antiestresse – haja vista a grande importância da alimentação nesse processo para a reposição de vitaminas e energia – e a introdução de exercícios físicos que ajudam a produzir uma sensação de tranqüilidade e bem estar. Ainda conforme essas autoras, posteriormente, deve haver a preparação – através do desenvolvimento de estratégias – para o indivíduo, além de aliviar os sintomas momentâneos do estresse, saber lidar com os estressores que surgirão ao longo da sua vida. Esse modelo de tratamento sugerido anteriormente chama-se treino de controle do estresse (TCE) e é baseado em princípios comportamentais. Ele se propõe a efetuar mudanças no estilo de vida da pessoa, além de oferecer melhoria na qualidade de vida dela nos fatores social, afetivo, saúde e profissional (In RANGÉ, 1998, p. 287). 2.8 FATORES QUE LEVAM AO ESTRESSE INFANTIL As crianças também têm estresse e, assim como os adultos, necessitam dele para lidarem com as tensões e com as situações que representem ameaça para o seu bem estar, tendo assim, importante utilidade para a preservação da vida (LIPP E NOVAES, 1996). Pesquisas têm mostrado que as crianças têm sido muito afetadas pelo estresse. Existem diversos fatores que podem levar ao estresse na infância. Esses podem ser externos e internos. Dentre os externos, pode-se citar brigas entre os pais, mudança de escola ou de residência, separação dos pais, nascimento de irmãos, hospitalizações, doenças, morte de irmão ou de genitor, excesso de atividades. Além desses, estão também as escolas inadequadas e professores e pais estressados. Como fontes internas, pode-se citar timidez excessiva, depressão, transtorno do déficit de atenção e também predisposições genéticas, como hipersensibilidade do sistema nervoso, que faz com que a criança seja mais sensível a tudo (NEGRELLO, 2005). Similarmente, Tricoli e Bignotto (In LIPP, 2000, p. 118), afirmam que o estresse infantil é influenciado direta e indiretamente pelos pais, escola, comunidade, pois promovem 24 a aprendizagem social da criança. É através dessa aprendizagem que a criança vai formar seus pensamentos, crenças e atitudes, estimulando ou não a manifestação de comportamentos que podem desencadear o estresse. Entre os comportamentos desencadeadores do estresse, segundo as autoras, estão a timidez, contribuindo para o isolamento social da criança, a ansiedade, gerada por sentimentos de hostilidade contidos ou por sensação de desamparo, o medo dos castigos divinos, e a auto-estima negativa formada a partir da incoerência das atitudes dos adultos com quem ela convive, que a elogiam e criticam indistintamente. Às vezes, a família está tão absorvida pela rotina do dia-a-dia que não consegue ouvir e entender que a criança está pedindo ajuda através de dores, de birras, de agressividade, de indisciplina, de manhas. Esse pedido surge por ela não conseguir lidar com um nível de tensão que é muito alto para o seu organismo, sendo que muitas vezes são os próprios pais que estão criando ou agravando o estresse dos filhos sem perceberem. A criança que não aprender a resistir ao estresse, tornando-se vulnerável a ele, provavelmente será também um adulto vulnerável. Daí a importância de aprender a lidar com os estressores já na infância, o que provocará autoconfiança e segurança na criança. Cabe aos pais a responsabilidade de perceberem os estressores aos quais a criança está submetida e com quais deles tem dificuldades para adaptar-se. Isso evitará que o estresse chegue a níveis preocupantes trazendo riscos para o bem estar da criança. Uma das razões mais importantes para se tratar o stress na infância é a prevenção da saúde mental e física no ser humano adulto. A criança, frágil por nascimento ou por criação, pode aprender a ser mais resistente ao stress e, desse jeito, tornar-se um adulto que saiba lidar de modo adequado com as tensões do seu dia a dia. (LIPP E NOVAES, 1996, p. 59) As birras, manhas e indisciplinas apresentadas por muitas das crianças estressadas, podem estimular os pais a irritarem-se mais facilmente com elas e a castigarem seus filhos, fazendo com que a criança, além de enfrentar os estressores já existentes, tenha que enfrentar pais irritados e punitivos (LIPP E NOVAES, 1996, p. 60). Os sintomas do estresse nas crianças são, assim como nos adultos, de ordem física e também psicológica, sendo que os principais são, conforme Tricoli e Bignotto (In LIPP, 2000, p. 122): náuseas, dores de cabeça e barriga, diarréia, agitação motora, tensão muscular, gagueira, enurese noturna, ranger de dentes, tique nervoso – sintomas físicos; e agressividade, 25 medo e choro excessivos, pesadelos, ansiedade, insegurança, dificuldades de relacionamento, distúrbios de atenção e concentração, desobediência, irritabilidade, impaciência, mudanças constantes no humor, depressão, desânimo, terror noturno, dificuldades escolares, uso de drogas, dentre outros – sintomas psicológicos. Para se estabelecer um diagnóstico é necessário que a criança apresente uma combinação desses sintomas e não apenas um isoladamente. É fundamental observar se houve mudança no comportamento da criança e em função do que ele mudou. 26 3 METODOLOGIA Chizzotti (1991, p.79) afirma que “as ciências humanas têm sua especificidade – o estudo do comportamento humano e social – que faz delas ciências específicas, com metodologia própria”. Com base nos seus objetivos, este estudo pode ser caracterizado como uma pesquisa descritiva pois, segundo Gil (1996, p. 46), o objetivo principal das pesquisas descritivas é “a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre as variáveis.” Conforme Chizzotti (1991, p. 52), a pesquisa pode ser caracterizada com base no tipo de dados coletados e pela análise que se fará deles: • quantitativa – quando prevê a mensuração de variáveis preestabelecidas e procura se “verificar e explicar sua influência sobre outras variáveis, mediante a análise de freqüência de incidência e de correlações estatísticas.” • qualitativa – fundamenta-se na coleta de dados pelas “interações interpessoais, na co-participação das situações dos informantes, analisadas a partir da significação que estes dão aos seus atos. O pesquisador participa, compreende e interpreta”. Diante disso, o enfoque metodológico deste estudo foi quantitativo (e descritivo) com utilização de levantamento de dados para duas partes da amostra (crianças e pais), e qualitativo com a utilização de análise de conteúdo para a terceira parte da amostra (professores). 3.1 POPULAÇÃO E AMOSTRAGEM A população que participou deste estudo foi composta por crianças freqüentadoras de duas escolas particulares de Educação Infantil e Ensino Fundamental de São José, um de seus pais e as professoras dessas crianças, sendo considerado um grupo amostral. 27 A amostra estudada nessa pesquisa foi constituída por quarenta e três crianças com idade entre seis e oito anos, freqüentadoras da Pré-Escola e da 1ª e da 2ª séries do Ensino Fundamental. Também participaram da pesquisa um dos pais – pai ou mãe – de cada uma das crianças (total de quarenta e três pais) e quatro1 professoras das escolas. 3.2 INSTRUMENTOS Segundo Davidoff (2001, p. 25), entre os instrumentos das pesquisas descritivas estão: • Questionários: permitem que sejam coletadas informações sobre o comportamento de um número grande de indivíduos de forma rápida e pouco dispendiosa. • Testes psicológicos: são projetados para medir todo tipo de conceito que não pode ser observado diretamente, como é o caso do estresse. • Entrevistas: são similares aos questionários, porém os relatos são obtidos face a face e exigem mais tempo. Nesta pesquisa, esses três instrumentos auxiliaram na obtenção dos dados. 3.3 PROCEDIMENTO DA PESQUISA Inicialmente, foi feito um contato com as direções das escolas para a apresentação da proposta de pesquisa e do pedido de autorização para a realização da coleta dos dados realizada no primeiro semestre de 2006. Foram explicados os objetivos do trabalho e os benefícios que seriam proporcionados por ele. As duas escolas aceitaram a proposta. A próxima etapa da pesquisa foi a exposição da proposta de estudo para os funcionários das escolas e, simultaneamente, para os pais. A apresentação foi realizada no início das reuniões com os pais em cada uma das escolas, sendo que nela os pais das crianças com idade entre seis e oito anos – voluntariamente – já preencheram os questionários sobre a 1 Somente participaram da pesquisa as professoras que ministravam aulas para as quatro turmas nas quais estavam os alunos participantes desta pesquisa. 28 rotina familiar de seus filhos (Apêndice B), assim como o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice C). Dessa maneira já foram selecionadas algumas das crianças que participaram da pesquisa. Para os pais que não estavam presentes à reunião, foram enviados resumo da proposta de estudo, pedido de autorização (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) e o questionário sobre a rotina familiar para saber se autorizavam os seus filhos a participarem da pesquisa. Foi solicitado aos pais que, voluntariamente, devolvessem-nos preenchidos. Concluiu-se assim a coleta de dados sobre a rotina familiar das crianças, além da seleção das crianças participantes. Seguiu-se a aplicação, nas escolas, de uma entrevista semi-estruturada (Apêndice A) às quatro professoras dessas crianças, sendo que elas responderam a algumas perguntas sobre a rotina escolar dos seus alunos. Os professores, assim como os pais, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice D) ao participarem da pesquisa. Então, foi aplicada a Escala do Stress Infantil (ESI) nas quarenta e três crianças selecionadas da seguinte forma: foram formados grupos com oito a dez crianças para aplicação coletiva. Foram necessárias cinco aplicações. Finalmente, realizou-se a etapa de organização e análise dos dados com a utilização de análises estatísticas para os dados quantitativos e com análise de conteúdo para os dados qualitativos. 3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS DADOS A análise dos dados, conforme Chizzotti (1991, p. 69), “supõe a quantificação dos eventos para submetê-lo a classificação, mensuração e análise”. Tem como objetivo explicar o conjunto de dados reunidos a partir da realidade observada. A análise estatística é utilizada para “mostrar a relação entre variáveis por gráficos, classificados por categorias e medidos por cálculos de parâmetros característicos ou para mostrar a relação entre as variáveis” (CHIZZOTTI, 1991, p. 69). Considerando tais informações, na análise dos dados quantitativos dessa pesquisa foram consideradas medidas estatísticas, como Média, Desvio Padrão e Teste t para comparação entre os grupos. 29 Já para os dados qualitativos, coletados nas entrevistas semi-estruturadas, foi utilizada a análise de conteúdo. Chizzotti (1991, p. 98) define o objetivo da análise de conteúdo como sendo “compreender criticamente o sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente, as significações explícitas ou ocultas”. Essa técnica se aplica à análise de textos escritos ou de qualquer forma de comunicação (oral, visual, gestual) reduzida a um texto ou documento. 30 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados foram obtidos através da análise de quarenta e três questionários sobre a rotina familiar das crianças (Apêndice B), respondidos pelos pais; pela aplicação da Escala do Stress Infantil (ESI) – Anexo 1 – em quarenta e três crianças entre seis e oito anos, e por quatro entrevistas semi-estruturadas (Apêndice A) realizadas com as professoras destas crianças. Os dados de cada um dos sujeitos foram passados para planilhas no Excel e analisados com base principalmente em Média e Desvio Padrão, para possibilitar uma análise descritiva de dois grupos de crianças, como será explicado posteriormente. 4.1 DADOS QUANTITATIVOS Optou-se, inicialmente, pela apresentação dos dados principais desta pesquisa que se referem à presença do estresse nas crianças. Estes dados foram utilizados como critério para a separação de dois grupos para posterior análise e comparação: o grupo das crianças com sinais de estresse e o grupo das crianças sem sinais de estresse. Além disso, foi realizada a divisão dos dados desses grupos nas duas escolas, no intuito de fazer algumas comparações entre elas. Em conformidade com Lipp e Lucarelli (1998, p. 9), a Escala do Stress Infantil tem como objetivo verificar a existência ou não de estresse em crianças entre 6 e 14 anos. Além disso, possibilita que se determine o tipo de reação mais freqüente na criança no sentido de facilitar o seu adequado controle. Ademais, afirmam que as reações advindas do estresse podem ser físicas, psicológicas, psicológicas com componente depressivo e psicofisiológicas. A Escala do Stress Infantil é composta por 35 itens e em cada um deles há um círculo dividido em 4 partes. As crianças pintam de 0 a 4 partes do círculo de acordo com a intensidade que percebem o que afirma o item, como por exemplo: “Item 4: Eu me sinto assustado na hora de dormir”. A criança pode optar por não pintar nada, não sendo assim, contado nenhum ponto nesse item, ou quantas partes achar que melhor a represente quanto às suas reações, somando 1 ponto para cada parte pintada do círculo – 1 a 4 pontos – como ilustra a Tabela 1. 31 Tabela 1: Preenchimento e soma de pontos na Escala do Stress Infantil. PARTES PINTADAS NOS CÍRCULOS ACONTECE COM A CRIANÇA Nunca Um pouco Às vezes Quase sempre Sempre PONTOS SOMADOS NO ITEM 0 1 2 3 4 Baseado nessas informações, foi verificado que, entre as 43 crianças participantes da pesquisa, 12 delas (28% da população) se enquadraram pelo menos em um dos critérios-base para a existência significativa de sinais de estresse conforme o Manual da Escala do Stress Infantil (1998, p.17), que são: I. aparecerem círculos completamente cheios (pintados) em sete ou mais itens da escala total, ou II. a nota igual ou maior que 27 pontos for obtida em qualquer dos três fatores a seguir: reações físicas, reações psicológicas e reações psicológicas com componente depressivo, ou III. a nota igual ou maior que 24 pontos for obtida no fator reações psicofisiológicas, ou IV. a nota total da escala é maior do que 105 pontos. A partir do primeiro critério – número de círculos totalmente pintados – 12 crianças, ficaram com 7 ou mais círculos cheios pintados, conforme a Figura 1. Sete delas pintaram totalmente 6 círculos, ficando muito próximos do grupo com sinais estresse. 35 31 Número de crianças 30 25 20 15 12 10 5 0 0-6 7 ou mais Número de círculos totalmente pintados Figura 1: Número de círculos totalmente pintados. 32 A Escala do Stress Infantil também permitiu a observação de diferentes reações de estresse apresentadas pelas crianças. Conforme os critérios II e III, foram verificadas reações físicas de estresse em 2 crianças, reações psicológicas em 4 crianças, reações psicológicas com componente depressivo em 1 criança e reações psicofisiológicas em 1 criança, totalizando 8 crianças com alguma reação de estresse, sendo que todas elas são da Escola 2. Conforme o critério IV – a nota total de pontos da escala – pôde-se identificar que apenas 2 crianças apresentaram sinais de estresse, sendo as duas da Escola 2. Não houve diferença entre as escolas no percentual de crianças que apresentaram estresse, como pode ser observado na Figura 2. As respostas de cinco crianças da Escola 2 se encaixaram em mais de um critério para a definição da presença de sinais de estresse. 90% 78% Percentual de crianças 80% 71% 70% 60% 50% Stress Não stress 40% 29% 30% 22% 20% 10% 0% Escola 1 Escola 2 Figura 2: Percentual de crianças com e sem sinais de estresse nas Escolas 1 e 2. Em estudo realizado por Pacanaro (2005), verificou-se que as reações mais apresentadas pelos sujeitos da sua pesquisa foram as psicológicas. Em conformidade com esta autora, percebeu-se neste trabalho que das crianças que apresentaram sinais de estresse, 33% delas apresentaram sintomas psicológicos. Partindo da diferenciação dos grupos pela presença ou não de sintomas de estresse, pode-se fazer uma análise geral dos dados da população assim como a comparação entre os dados fornecidos pelos pais sobre a rotina dos seus filhos nos dois grupos de crianças – com sinais de estresse e sem sinais de estresse. 33 Quanto ao número de filhos que formam os grupos familiares da população investigada nesta pesquisa, foi identificado que as famílias são compostas por no máximo três filhos, sendo que 23 pais responderam que só têm 1 filho, ou seja 53% das famílias têm filhos únicos. Na população de crianças que apresentou sinais de estresse, 75% delas são filhos únicos, enquanto que dos que não apresentaram estresse, apenas 45% não tem irmãos. (Ver Figura 3). Utilizando-se análise estatística (Teste t, com p = 0,025) para comparar os dados dos dois grupos, chegou-se a conclusão de que existem indícios estatísticos para se afirmar que os filhos únicos apresentaram mais estresse do que aqueles que têm irmãos. Adrados (1985) afirma sobre a falta de iniciativa e de espírito competitivo dos filhos únicos, que muitas vezes, são privados pelos seus pais do convívio com seus pares. De acordo com Newcombe (1999), nos momentos em que estão em casa, os filhos únicos passam muito mais tempo na companhia de adultos se comparados aos que têm irmãos, não recebendo, ao contrário do que se pensa, mais atenção do que os outros. Os pais muitas vezes estão envolvidos com seus afazeres domésticos e não dão atenção às crianças. Entretanto, as crianças que têm irmãos, permanecem interagindo em brincadeiras, cooperando em jogos, demonstrando preocupação, compreensão e afeição físicas, tentando imitar e ajudar uns aos outros, diferentemente dos filhos únicos que brincam sozinhos ou com os próprios adultos. No entanto, Ducioni (2005) afirma que é crescente o número de horas que as crianças ficam na escola convivendo com os colegas e educadores, o que pode ser positivo quanto à interação social entre iguais, comentada anteriormente. Apesar disso, é provável que as expectativas dos pais em relação aos filhos e as exigências sobre eles não diminuam. Pelo contrário, possivelmente só se ampliem, podendo esta ser uma das hipóteses para ser investigada em pesquisas posteriores, sobre o maior índice de estresse nos filhos únicos, ou seja, eles acabam absorvendo toda a carga emocional dos pais e acumulando muitas das expectativas deles. Pode-se ainda citar Davidoff (2001), que afirma que a formação de vínculos sociais tem conseqüências enormes para a competência intelectual e social. Pode-se supor assim, que nesta população investigada, a disputa pela atenção dos pais, as brincadeiras com irmãos na sua casa, a resolução de problemas, podem não desencadear o aparecimento de estresse, mas sim, proporcionar aprendizagem para se lidar com as frustrações, os problemas, as competições, contribuindo para a formação de sujeitos com mais habilidade para lidar com o estresse. 34 80% 75% Percentual de famílias 70% 55% 60% 50% 45% Stress 40% Não stress 25% 30% 20% 10% 0% Filho único Mais de um filho Número de filhos Figura 3: Número de filhos nos núcleos familiares das crianças com e sem sinais de estresse. Nesta pesquisa também foi investigado quem são as pessoas que residem com as crianças participantes da pesquisa. Verificou-se que a maioria das crianças (31 delas, ou 72% da população) mora somente com os pais ou com os pais e irmãos, conforme Tabela 2. No grupo das crianças com sinais de estresse 50% delas mora somente com os pais, 17 % mora com os pais e outra pessoa, e 25% mora somente com a mãe e a avó. Já no grupo das crianças sem estresse, 81% delas mora somente com os pais. Foi identificado ainda que todas as 43 crianças têm convívio com algum familiar pelo menos uma vez por semana. Tabela 2: Pessoas que moram na casa das crianças participantes da pesquisa. MORAM NA CASA Casal e filho(s) Mãe e filho(s) Pai e filho(s) Casal, filho(s) e avós maternos Casal, filho(s) e avós paternos Casal, filho(s) e avô(ó) materno(a) Casal, filho(s) e avô(ó) paterno(a) Casal, filho(s) e um irmão ou cunhado Outros TOTAL TOTAL 31 3 0 0 0 1 0 0 8 43 35 Um dos fatores apontados por autores como Lipp e colaboradores (1998), Negrello (2005), Lipp e Novaes (1996), Lipp (1996, 2000), Pacanaro (2005) como possível favorecedor do estresse nas crianças é a mudança de escola. No caso desta pesquisa, foi observado que, de 43, apenas 8 das crianças trocaram de escola nesse ano. Entre as crianças que não apresentaram sinais de estresse, 6 delas mudaram de escola, ou seja 19% da população sem estresse. Similarmente, dos que apresentaram sinais de estresse, 17% delas mudaram de escola, conforme Figura 4. Baseados nos dados anteriores, os resultados não possibilitaram verificar a existência de alguma relação entre a mudança de escola com a incidência de estresse, no caso desta pesquisa. 90% 83% 81% Percentual de crianças 80% 70% 60% 50% Stress 40% Não stress 30% 20% 19% 17% 10% 0% Sim Não Mudança de escola Figura 4: Mudança de escola das crianças com e sem sinais de estresse. Outro dado obtido através do questionário respondido pelos pais foi em relação ao sono das crianças. Quanto à existência de um horário para as crianças dormirem, predefinido pelos pais, não foi encontrada uma diferença significativa entre os que têm essa regra (20 crianças) e os que não tem essa regra (23 crianças), de acordo com a Figura 5. Das crianças que têm indícios de estresse, metade delas tem horário para dormir e a outra metade não tem. Já dos que não têm sinais de estresse, a maioria delas não tem horário para dormir. Além disso, foi possível identificar que o horário máximo em que as crianças acordam é às 10 horas da manhã nos dois grupos de crianças. Contudo, o horário de dormir é bastante variado, impossibilitando fazer generalizações sobre esse aspecto. 36 60% 55% Percentual de crianças 50% 50% 50% 45% 40% Stress 30% Não stress 20% 10% 0% Sim Não Horário predefinido para dormir Figura 5: Existência de horário predefinido pelos pais para as crianças com e sem sinais de estresse dormirem. Foi calculado também o tempo de sono do grupo com sinais de estresse e do grupo sem sinais de estresse. A média de horas de sono do primeiro grupo foi de 10,17 horas (≈ 10 horas e 10 minutos) com Desvio Padrão = 0,83 (≈ 50 min) e para o grupo sem sinais de estresse a média foi de 10,35 horas (≈ 10 horas e 21 minutos) com Desvio Padrão = 1,05 (63 min), conforme ilustrado na Figura 6. Não foi demonstrada, portanto, nenhuma relação significativa entre a quantidade de sono e a incidência de estresse. Também foi observado que, durante o dia, nenhuma das crianças dorme. 12,00 Média de horas de sono 10,17 10,35 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 Figura 6: Média de horas de sono das crianças com e sem sinais de estresse. Stress Não stress 37 De maneira idêntica ao caso anterior, o tempo médio de permanência das crianças nas escolas foi calculado. Identificou-se que no grupo das crianças que apresentam sinais de estresse, a média de tempo de permanência na escola fica em torno de 6,58 horas (≈ 6 horas e 35 minutos) com Desvio Padrão = 2,64 (≈ 2 horas e 38 min), como pode ser observado na Figura 7. No grupo sem estresse, as crianças ficam em média 6,03 horas (≈ 6 horas e 2 minutos) na escola com Desvio Padrão = 1,99 (≈ 2 horas), havendo diferença de cerca de meia hora nas médias dos dois grupos. No grupo com sinais de estresse, 6 das 12 crianças ficam de 4 a 5 horas (meio período) e 6 crianças ficam de 6 a 11 horas na escola (período integral). No grupo sem sinais de estresse, 14 delas ficam de 4 a 5 horas (meio período) e 17 ficam de 6 a 11 horas (período integral). Não apareceram nesses dados indícios de que as crianças que ficam mais horas na Média de horas de permanência na escola escola são mais propensas a serem afetadas pelo estresse. 10,00 9,00 8,00 7,00 6,58 6,03 6,00 5,00 Stress Não stress 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 Figura 7: Média de permanência na escola das crianças com e sem sinais de estresse. A freqüência dos deveres escolares é de quatro vezes para todas as crianças, embora 6 pais tenham respondido três ou cinco vezes demonstrando não observarem o número de vezes que o (a) filho (a) faz deveres por semana. Um deixou de responder a questão indicando que talvez não soubesse a resposta. Os pais responderam que a grande maioria (93% das crianças) gosta de fazer os deveres escolares em casa. (Ver Figura 8). Um dos pais respondeu que o (a) filho (a) gosta 38 “Mais ou menos”, não assinalando nenhuma opção. Alguns dos que responderam que os filhos gostam de fazer os deveres, escreveram comentários sobre a reclamação dos filhos em relação à quantidade de deveres e a ter que desenhar figuras. 120% Percentual de crianças 100% 100% 80% 75% Stress 60% Não stress 40% 25% 20% 0% 0% Gosta Não gosta Gosta de fazer deveres? Figura 8: Percentual de crianças quanto a gostar ou não de fazer deveres escolares nos grupos com e sem sinais de estresse. No entanto, baseado na Figura 8, foi identificado que todas as crianças que não gostam de fazer deveres apresentam sinais de estresse, enquanto que das que não têm estresse, 100% delas gosta de fazer os deveres. Esses dados indicam que existe a possibilidade de as crianças com estresse estarem mais cansadas e sem disposição para fazerem mais atividades escolares à noite, ou mesmo insatisfeitas com as atividades que são encaminhadas pelas professoras. Quase a metade das crianças não realiza atividades extras – além da escola – totalizando 44%, e das que realizam, a maioria delas só faz uma atividade extra-escola (71% delas). Das crianças que apresentam sinais de estresse (12 crianças), 6 delas não fazem nenhuma atividade extra-escola e 6 fazem uma ou mais atividades. Conforme a Figura 9, o número de atividades extra-escola realizadas pelas que apresentam sinais de estresse, não é significativo para a população estudada neste trabalho, já que metade dela faz somente uma atividade extra e a outra metade faz mais de uma, ou seja, fazer uma ou mais atividades extraescola pareceu não ser indício de estresse nessa pesquisa. 39 90% 78% Percentual de crianças 80% 70% 60% 50% 50% 50% Stress 40% Não stress 30% 22% 20% 10% 0% Uma Mais de uma Número de atividades extra-escola Figura 9: Número de atividades extra-escola das crianças com e sem sinais de estresse. Entre as atividades realizadas pelas crianças integrantes da pesquisa, a que tem maior participação das crianças é a capoeira (11 crianças), seguida pela dança (9 crianças). Somente a atividade de Escotismo foi citada pelos pais nos questionários como atividade extra-escola que não é oferecida pela própria escola em que as crianças estudam. Futebol, dança, capoeira, judô, informática, natação e inglês são oportunizadas pelas escolas, porém em horário alternativo (antes ou após o horário das aulas). O excesso de atividades desempenhadas pelas crianças foi mencionado por muitos dos autores consultados – Davidoff (2001), Lipp e colaboradores (1998), Mussen (1995), Negrello (2005), Newcombe (1999), Lipp e Novaes (1996), Lipp (2000), Pacanaro (2005), Tricoli e Bignotto (2000) – como sendo um fator importante para o desencadeamento de estresse nas crianças devido ao aumento na exigência dos pais em relação a seus filhos a fim de prepará-los desde cedo para as necessidades do mundo moderno. No entanto, nesta pesquisa não foi possível perceber a influência das atividades extra-escola descritas pelos pais como fator contribuinte para o estresse nesta população. Enfim, acima foram feitas algumas comparações entre os grupos de crianças com sinais de estresse e sem sinais de estresse, assim como entre aspectos das duas escolas, o que permitiu uma melhor análise dos aspectos referentes à rotina escolar das crianças expostos pelas professoras e descritos a seguir. 40 4.2 DADOS QUALITATIVOS A presente pesquisa contou ainda com informações fornecidas pelas professoras das crianças em entrevistas semi-estruturadas (Apêndice A), com a finalidade de poder identificar alguma diferença entre as rotinas existentes nas salas de aula e nas escolas, além de verificar a possível relação com a incidência do estresse nas crianças. Para tanto, foram entrevistadas 4 professoras – Professoras 1, 2 e 3, da Escola 2, e Professora 4, da Escola 1 – tendo as suas respostas categorizadas de acordo com as perguntas. As respostas foram organizadas em quadros para melhor visualização das diferenças e semelhanças entre as rotinas das quatro salas de aula. O número de alunos presentes nas turmas em que estas professoras são as responsáveis é: Pré (Escola 2) – 6 alunos, 1ª série (Escola 2) – 20 alunos, 1ª série (Escola 1) – 12 alunos e 2ª série (Escola 2) – 14 alunos. Conforme Vilela (In Lipp 1996), havia a hipótese de que as crianças de escolas particulares estivessem mais sujeitas ao estresse por serem muitas vezes consideradas como “miniexecutivos” e terem “horário para tudo”. Em estudo realizado por ela própria não foi identificada diferença significativa entre a incidência de estresse nas crianças de escola públicas e particulares. Todavia, o presente estudo foi realizado apenas em escolas particulares com o propósito de justamente investigar a influência dos ditos horários, ou melhor, normas rotineiras existentes nessas escolas sobre a incidência de estresse nas crianças. Mas foi-se além. Investigou-se também sobre a atenção das professoras quanto aos seus alunos, o conhecimento das professoras sobre o estresse e as formas que utilizam para identificá-lo nas crianças que ficam cada vez mais tempo aos seus cuidados. Inicialmente, a partir das entrevistas, é possível identificar que as crianças de todas as turmas fazem atividades intelectuais e práticas, tendo ainda responsabilidades na execução das atividades. As professoras 2 e 3 relataram como atividades desempenhadas, algumas regras da sua sala de aula, como por exemplo, o número de atividades que realizam, e o fato de os alunos terem que pegar a agenda na mochila. A professora 4 afirmou sobre a realização de atividades em grupo e individuais, sobre atividades de relaxamento e também sobre a presença da professora como um suporte para os alunos, fatores não mencionados pelas outras (Ver Quadro 1). Tricoli e Bignotto (In Lipp, 2000), afirmam que as professoras devem estar 41 sempre atentas para não sobrecarregar os alunos com atividades, pois eles podem tornar-se aversivos. ATIVIDADES DAS CRIANÇAS PROFESSORA 1 – Escola 2 – 1ª série PROFESSORA 2 – Escola 2 – Pré Atividades práticas, trabalhos com o Pegar a agenda e a tarefa na mochila concreto Fazem atividades relacionadas com o tempo ou o calendário, por exemplo, Atividades do caderno, ou do caderno meia-pauta e o caderno de desenho conforme o planejamento Atividades mimeografadas ou Atividades no caderno de aula ou no xerocadas de desenho, ou no caderno meia pauta Escolhem o ajudante do dia Atividades com colagem, massinha, régua, recortes Precisam bastante do concreto PROFESSORA 4 – Escola 1 – 1ª série PROFESSORA 3 – Escola 2 – 2ª série Tirar a agenda da mochila e entregar Realizam atividades individuais e para a professora coletivas Fazem duas atividades por dia Produção de texto Atividades de cópia, cartazes, Exercícios no livro, caderno maquetes sempre relacionadas às matérias Construção de materiais de aula Participam da contagem de histórias Alguns fazem atividades extras Informática Aulas de Culinária Aulas-passeio Atividades de Relaxamento quando estão muito agitados Todas atividades mediadas pela professora QUADRO 1: Atividades realizadas pelas crianças nas escolas. Todas as professoras relataram manifestações positivas sobre as reações das crianças quanto às atividades desenvolvidas em sala de aula. Afirmaram que gostam, participam e têm interesse e entusiasmo com as atividades, conforme o Quadro 2. REAÇÕES ÀS ATIVIDADES PROFESSORA 2 – Escola 2 – Pré PROFESSORA 1 – Escola 2 – 1ª série Eles participam muito Eles adoram participar das atividades PROFESSORA 4 – Escola 1 – 1ª série PROFESSORA 3 – Escola 2 – 2ª série Gostam muito de fazer as atividades Reagem às atividades com entusiasmo e interesse QUADRO 2: Reações das crianças às atividades. 42 A Professora 1 relatou responsabilidades das crianças quanto a trazer e fazer a tarefa de casa, quanto a sua higiene e quanto à criação e ao cumprimento de algumas regras para a sala de aula. Da mesma forma a Professora 4 expôs as responsabilidades com os deveres, a criação e cumprimento de regras da sala e falou ainda sobre o cuidado com o material de uso coletivo, além do individual. A Professora 4 não falou sobre cuidados com a higiene pessoal. Já as Professoras 2 e 3, contaram, principalmente, sobre as responsabilidades individuais com o material e com a higiene. Falaram ainda sobre o ajudante do dia como pode ser observado no Quadro 3. Foi observado que a turma da Pré-escola apresenta responsabilidades similares às turmas de 1ª e 2ª séries, mostrando que cada vez mais cedo as crianças estão sendo estimuladas a tornarem-se responsáveis por seus atos e pelo cuidado com os outros assim como com o ambiente em que estão. RESPONSABILIDADES DAS CRIANÇAS PROFESSORA 2 – Escola 2 – Pré PROFESSORA 1 – Escola 2 – 1ª série Fazer e trazer a tarefa Copiar e fazer as atividades Escovar os dentes depois das refeições Fazer a higiene Tirar a agenda da mochila Cuidar das suas coisas As regras da sala de aula que eles O ajudante do dia tem mais ajudam a criar e a cumprir, como por responsabilidade que os outros. É ele que exemplo, obedecer e respeitar, não cuida da turma quando a professora sai, conversar, esperar a vez, levantar a mão busca o lanche na geladeira e traz para a antes de falar, respeitar o amigo sala quando necessário PROFESSORA 4 – Escola 1 – 1ª série PROFESSORA 3 – Escola 2 – 2ª série Arrumar a mochila Trazer os deveres realizados Escovar os dentes depois do lanche Deixar a sala organizada Cuidar do material Procurar cumprir os combinados Tirar o lixo da sala elaborados pelo grupo Pegar o material Cuidar do material individual O ajudante do dia tem mais Zelar pelo material de uso coletivo da escola responsabilidades, como cuidar quem conversa e buscar o lanche na geladeira Respeitar os amigos e professores QUADRO 3: Responsabilidades das crianças nas escolas. Entre as dificuldades mencionadas pelas professoras pode-se identificar que o que chama a atenção delas sobre as crianças são aspectos bem diferentes. No Quadro 4, observase que tanto o desempenho pedagógico quanto o comportamental das crianças são percebidos pela Professora 1, principalmente na leitura. Brigas e fofocas são relatadas por ela como dificuldades das crianças. Segundo Lewis e Wolkmar (1993) as dificuldades na leitura são muito comuns entre as crianças em idade escolar e podem estar relacionadas, entre outros, à situação familiar ou à deficiência no ensino. Já a Professora 2 fala sobre o aspecto psicológico 43 da concentração depois do sono e enquanto realizam cópias. A Professora 3 refere-se aos desempenhos na aprendizagem, afirmando que não há dificuldades de comportamento. A Professora 4 cita dificuldades de concentração e falta de limites. DIFICULDADES DAS CRIANÇAS PROFESSORA 1 – Escola 2 – 1ª série PROFESSORA 2 – Escola 2 – Pré Passagem da letra bastão para a letra Dificuldade de se concentrarem depois cursiva, principalmente na leitura do sono Algumas brigas verbais, xingões Perdem-se ao copiarem, ficam distraídos São “fofoqueiros” PROFESSORA 3 – Escola 2 – 2ª série PROFESSORA 4 – Escola 1 – 1ª série Não tem dificuldade de Dificuldades de concentração e falta comportamento de limites Dificuldade ao escrever as letras cursivas Na explicação da tabuada e na pontuação Somente alguns ainda estão com o pensamento concreto QUADRO 4: Dificuldades das crianças relatadas pelas professoras. Os deveres escolares são enviados para casa em todas as turmas na mesma freqüência, ou seja, são encaminhados quatro vezes por semana, de segunda à quinta-feira. Fica claro que essa regra começa a ser cumprida pelas crianças já na Pré-escola, nestas escolas participantes da pesquisa, como apresentado no Quadro 5. FREQÜÊNCIA DOS DEVERES PROFESSORA 1 – Escola 2 – 1ª série PROFESSORA 2 – Escola 2 – Pré De segunda à quinta: 4 vezes por Todos os dias com exceção de sexta: 4 semana. vezes na semana PROFESSORA 4 – Escola 1 – 1ª série PROFESSORA 3 – Escola 2 – 2ª série De segunda à quinta. 4 vezes por semana: de segunda à quinta QUADRO 5: Freqüência dos deveres de casa. Todas as professoras ficaram pensativas e demoraram em responder o que as crianças não gostavam de fazer na escola. Somente a Professora 1 falou sobre os conteúdos que eles não gostam, enquanto que as outras falaram sobre ações como cantar, ou fazer atividades repetitivas (Ver Quadro 6). A Professora 4 falou sobre a perda do horário do parque em função de alguma situação da escola, o que indica que as crianças valorizam e gostam do tempo do parque, ou seja, o horário das brincadeiras e não das responsabilidades. 44 Aberastury (1992) comenta sobre a transformação no mundo dos brinquedos que vai acontecendo a partir da entrada das crianças no colégio. Ela afirma que a curiosidade que o mundo circundante exerce sobre os pequenos até os cinco ou seis anos estende-se para o mundo das letras e dos números. Essa afirmação vai ao encontro dos dados obtidos nesta pesquisa, que indicam a interessada participação das crianças nas atividades intelectuais de sala de aula, mas mostram também o desejo pelas brincadeiras no parque em que correm, pulam e movimentam seus corpos, gastando energia em divertimentos sociais. NÃO GOSTAM DE FAZER PROFESSORA 1 – Escola 2 – 1ª série PROFESSORA 2 – Escola 2 – Pré Alguns não gostam de Português ou Não gostam de ficar cantando de escrever, outros não gostam de Matemática PROFESSORA 3 – Escola 2 – 2ª série PROFESSORA 4 – Escola 1 – 1ª série Não gostam de ficar muito tempo De perderem o horário do parque por cantando como os pequenos algum motivo da escola De fazerem atividades repetitivas QUADRO 6: O que as crianças não gostam de fazer. Com base nas informações sobre as reclamações das crianças (Quadro 7), a Professora 1 afirma, inicialmente, que elas não reclamam. Depois comenta sobre reclamações sobre o ambiente e sobre o próprio corpo físico. No final expõe sobre aspectos emocionais como necessidade de carinho e atenção. Da mesma forma, a Professora 2 refere-se a reclamações das crianças sobre os colegas, sobre as necessidades físicas (ir ao banheiro, sono) e comportamentais (preguiça). A Professora 3 não fala de aspectos emocionais, mas de reclamações sobre os colegas e de fome. A Professora 4 fala das reclamações que ocorrem quando perdem o horário das brincadeiras no parque. Nota-se que não aparecem reclamações sobre as atividades realizadas nas salas de aula. RECLAMAÇÕES DAS CRIANÇAS PROFESSORA 1 – Escola 2 – 1ª série PROFESSORA 2 – Escola 2 – Pré Não reclamam. Tudo eles reclamam para a professora. Quando um fala alto, quando um briga Reclamações de dor de cabeça ou de com o outro, quando estão com vontade dor em função de quedas de ir ao banheiro, quando estão com Quando a sala está bagunçada ou suja preguiça ou com sono Reclamam para ganhar carinho, atenção. 45 RECLAMAÇÕES DAS CRIANÇAS PROFESSORA 4 – Escola 1 – 1ª série PROFESSORA 3 – Escola 2 – 2ª série Reclamam muito dos outros Reclamam quando o horário do parque é São “fofoqueiros”, contam tudo o que diminuído os outros fazem Quando estão com fome QUADRO 7: Reclamações das crianças. Segundo o relato das professoras, as crianças em geral não apresentam cansaço. No entanto, a Professora 1 contou que as crianças que ficam o dia todo mostram mais sinais de cansaço que as outras e também todas ficam mais cansadas no final da semana e, por isso, na sexta-feira só há uma atividade na sala e o tempo de brincadeiras no pátio é maior. Conforme exposto no Quadro 8, a Professora 2 relatou não perceber cansaço nas crianças. Já a Professora 3 contou que as crianças não reclamam de cansaço, mas que ela percebe, principalmente no corpo deles, em momentos após a Educação Física, ou quando está muito calor. A Professora 4 expôs a percepção de cansaço em momentos que a participação nas atividades diminui. EXPRESSÃO DE CANSAÇO PROFESSORA 1 – Escola 2 – 1ª série PROFESSORA 2 – Escola 2 – Pré Nota cansaço nas crianças que ficam o Não percebe cansaço nas crianças dia inteiro Também mais pro final da semana PROFESSORA 3 – Escola 2 – 2ª série PROFESSORA 4 – Escola 1 – 1ª série De sono e cansaço eles não reclamam Quando a participação nas atividades da escola é baixa Mostram sinais de cansaço com o corpo Quando voltam da Educação Física Quando está muito calor ficam pedindo ventilador Em geral, não estão cansados QUADRO 8: Expressão de cansaço das crianças. É possível perceber que as crianças da pesquisa não dormem na escola. Mesmo as crianças que ficam o dia todo na escola não dormem, salvo em alguns casos esporádicos, como apresentado no Quadro 9. Essa informação vai ao encontro dos dados fornecidos pelos pais mostrando que existe uma transmissão aos pais, por parte dos professores e da escola, sobre o que acontece com as crianças no tempo em que lá se encontram. Ou, então, uma iniciativa dos pais de buscarem saber o que acontece com seus filhos na escola. Com isso, ganham as crianças que recebem atenção e cuidado. 46 SONO DAS CRIANÇAS NA ESCOLA PROFESSORA 2 – Escola 2 – Pré PROFESSORA 1 – Escola 2 – 1ª série As que ficam somente de tarde não No horário da aula eles não dormem As que ficam desde a manhã em geral Talvez os que vêm de manhã, mas também não dormem acha que não dormem Esporadicamente PROFESSORA 4 – Escola 1 – 1ª série PROFESSORA 3 – Escola 2 – 2ª série Não dormem As crianças não dormem QUADRO 9: Sono das crianças na escola. As professoras mostraram saber muito pouco sobre o estresse infantil, considerando informações do Quadro 10. A professora 1 afirmou que acha importante saber, embora se apresente como leiga no assunto. Já a Professora 2 arriscou uma relação entre o estresse e a agressividade, mas contou não saber muito sobre isso. A Professora 3 relatou simplesmente não saber nada, enquanto que a Professora 4 disse saber que o estresse é um conjunto de reações do organismo que agridem o lado físico e psicológico, provocando conseqüências de risco. CONHECIMENTO SOBRE O ESTRESSE INFANTIL PROFESSORA 2 – Escola 2 – Pré PROFESSORA 1 – Escola 2 – 1ª série Sabe muito pouco Não sabe muito, mas acha que tem alguma coisa a ver com a agressividade Diz-se leiga no assunto Acha importante saber PROFESSORA 4 – Escola 1 – 1ª série PROFESSORA 3 – Escola 2 – 2ª série Não sabe nada Pelas leituras realizadas diz que o estresse é definido como um conjunto de reações do organismo que agridem o lado físico e psíquico, provocando diversas conseqüências de risco e de qualidade de vida QUADRO 10: Conhecimento das professoras sobre o estresse infantil. A Professora 1 contou observar o comportamento das crianças quanto ao cansaço, indisposição, sono e alimentação. A Professora 2 disse observar as atitudes deles e recorre à psicóloga da escola quando percebe alguma diferença nas crianças. A Professora 3 disse que quando nota que eles não estão muito legais ela tenta conversar, investigar o que há. A Professora 4 comenta sobre a observação que tem com as mudanças de comportamento das crianças em diferentes aspectos como a irritação e a ansiedade, o isolamento, as dificuldades no desempenho escolar e social. O Quadro 11 apresenta as formas utilizadas pelas professoras para identificar o estresse nas crianças. 47 VERIFICAÇÃO DO ESTRESSE PROFESSORA 2 – Escola 2 - Pré PROFESSORA 1 – Escola 2 – 1ª série Quando nota que estão cansados Pelas atitudes e palavras deles Quando não querem fazer as Quando percebe alguma diferença atividades neles fala com a psicóloga da escola Quando estão indispostos Na fisionomia, quando estão quietos, com sono, não se alimentam direito PROFESSORA 4 – Escola 1 – 1ª série PROFESSORA 3 – Escola 2 – 2ª série Pelas atitudes das crianças percebe Procura observar as crianças em que eles não estão muito legais relação à irritação, isolamento, ansiedade, Tenta conversar, investigar o que há dificuldades no desempenho escolar, social Observar qualquer mudança de comportamento QUADRO 11: Verificação do estresse pelas professoras. Observou-se um desconhecimento por parte das professoras sobre o estresse infantil, fato que chama a atenção pelo crescente índice de crianças com manifestações de estresse. Ademais, mais do que saber as causas do estresse é necessário saber reconhecê-lo através dos seus sintomas. A partir disso, como afirma Vilela (In Lipp, 1996, p. 260) deve-se conscientizar as crianças de como lidar com as situações estressantes, a fim de prevenir conseqüências mais graves. Contudo, foi perceptível o fato de que as professoras estão atentas ao comportamento das crianças e principalmente quanto à mudança de atitudes delas. Isso se torna positivo ao se considerar a importância de ser cuidadoso com as crianças no desempenho de suas atividades. Também foram observadas atitudes corretas das professoras quanto à busca por alternativas como a procura de profissional mais qualificado para verificar e analisar os comportamentos das crianças a fim de identificar possíveis dificuldades. Outra atitude tomada para benefício das crianças foi descrita pela Professora 4, quando falou sobre as atividades que os alunos realizam. Ela contou fazer com certa freqüência exercícios de relaxamento com os alunos e relatou que eles adoram e que eles próprios solicitam a ela que faça a atividade. Tricoli e Bignotto (In Lipp, 2000) propõem o relaxamento como uma forma de tratamento para o estresse. Considerando todas as informações fornecidas pelas professoras pode-se afirmar que não existiram muitas diferenças nos dados entre as duas escolas participantes da pesquisa principalmente quanto à incidência de estresse. Também não foi possível estabelecer 48 nenhuma relação entre o estresse apresentado pelas crianças e as rotinas adotadas pelas escolas. 49 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Finalmente, é possível avaliar o trabalho como um todo. O estudo sobre o desenvolvimento humano e fundamentalmente sobre o desenvolvimento infantil propiciou uma base teórica importantíssima para esta pesquisa. Associados à grande quantidade de pesquisas desenvolvidas pela Dr.ª Marilda Lipp e todos os seus colaboradores nos trabalhos no Centro Psicológico de Controle do Stress da Unicamp (Campinas – SP), conseguiu-se materiais nacionais relativamente recentes sobre o estresse em geral e sobretudo o infantil. Entretanto, nas pesquisas bibliográficas realizadas não foram encontrados muitos materiais que possibilitassem comparações específicas sobre a rotina e as suas relações com o estresse. Contudo, o número de dados adquiridos por ocasião deste trabalho já foi suficiente para fornecer maiores subsídios sobre o que acontece na vida familiar e escolar de muitas das crianças que vivenciam a transição da segunda para a terceira infância e como elas estão sendo afetadas por tais eventos. Dessa forma, afirma-se que os objetivos propostos inicialmente foram atingidos, com a caracterização de algumas das rotinas familiares das crianças, através da interessada participação dos pais, além da caracterização de algumas das rotinas escolares com a colaboração, não só das professoras mas também das diretoras das escolas que ofereceram espaço para a exposição das suas escolas e, principalmente, com declarado interesse nos resultados desta pesquisa. Ainda foi possível contar com a participação das crianças que ficaram muito entusiasmadas ao responderem as questões da ESI permitindo verificar que há incidência do estresse em algumas delas. Somente em virtude dessa colaborativa participação de todos os sujeitos desta pesquisa, foi possível atingir os objetivos propostos. A participação das crianças foi particularmente deliciosa, confirmando minha “teoria” sobre a simpatia e o carinho espontâneos das crianças que se despediam com beijos e abraços solicitando meu retorno. Enfim, durante a pesquisa foi constantemente trabalhado o fato de que toda mudança que exija adaptação pelo organismo causa um certo nível de estresse. As reações provocadas pelo estresse são desencadeadoras de inúmeras doenças físicas e psicológicas de acordo as características individuais de cada pessoa. Foi advertido também que o estresse caracteriza-se como um processo e não como um acontecimento único, sendo por isso utilizado o termo “sinais de estresse” pois a única ferramenta utilizada para tal diagnóstico foi a Escala do 50 Stress Infantil, que embora seja um instrumento amplamente utilizado nas pesquisas, como qualquer outro teste, não deve ser utilizado como único recurso para analisar o estresse, ainda mais quando é sabido que este está relacionado com diversos fatores. Aliado ao estresse, foi trabalhado na pesquisa o conceito de rotina referindo-se às ações diárias com tempo e local definidos para ocorrerem. Nesse sentido, foram analisados os horários de sono, o tempo de permanência na escola, os deveres escolares e o número de atividades extra-escola desempenhadas pelas crianças. Infelizmente, uma das questões (Questão 8 do questionário dos pais – Apêndice B) teve sua análise prejudicada em função de sua má elaboração e conseqüentemente o não entendimento de muitos pais sobre ela, sendo por isso descartada na pesquisa. Mesmo assim, muitas das informações aqui constantes dão margem para mais cruzamentos e o estabelecimento de novas informações sobre a incidência do estresse infantil e as relações com as rotinas, ficando como sugestões de desmembramentos desta pesquisa. Outra sugestão é sobre o número de regras existentes na casa das famílias, solicitando as descrições delas como por exemplo: quais as regras que existem nas casa? Quais são para toda a família cumprir? Quais são somente para as crianças? Quanto tempo os pais brincam com os filhos por dia? Como elas reagem às regras? Essas investigações também são indicadas em relação à escola. Apurações como essas podem ampliar a questão para o tão comentado “limite” como educador para as crianças. Nesta pesquisa foi possível ainda ir além da rotina e analisar situações que estão presentes por conseqüência da organização socialmente instalada, como a redução no número de filhos nas famílias e o aumento de filhos únicos, o convívio com os familiares e os núcleos familiares. Fundamentalmente, são inegáveis os benefícios que o cuidado e a atenção dedicados às crianças promovem. Cabe lembrar que os pais e as professoras são os maiores modelos que elas têm e por isso podem oferecer bons exemplos, clima agradável com aceitação e estímulo, não poupando em excesso às crianças das frustrações, oferecendo limites e regras, com disciplina clara, sem sobrecarregar as crianças. Finalmente, pode-se concluir que existem algumas associações entre a incidência do estresse infantil e aspectos da rotina familiar, necessitando contudo, maiores investigações sobre estas ligações. Quanto à relação com as rotinas escolares, no caso desta pesquisa, não foi possível perceber nenhum indício de que ela exista. 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABERASTURY, Arminda. A criança e seus jogos. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. ADRADOS, Isabel. Orientação Infantil. 6.ed. Petrópolis, Vozes, 1985. ATKINSON, Rita L., ATKINSON, Richard C., SMITH, Edward E., BEM, Daryl J. Introdução à Psicologia. 11. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística Aplicada às Ciências Sociais. 3. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999. BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Fragmentos sobre a rotinização da infância. Educação e Realidade, Porto Alegre, n. 25, p. 93-113, 2000. CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo: Cortez Editora, 1991. DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. 3. ed. São Paulo:Makron Books, 2001. DUCIONI, Silvia. Caracterização do Fracasso Escolar em Creches e Pré-escolas: um olhar psicológico sobre a realidade das instituições de ensino públicas e privadas no município de Florianópolis. Florianópolis, 2005. 85 folhas. Projeto de pesquisa apresentado à disciplina de Trabalho de Investigação Psicológica II (Psicologia) – Universidade do Sul de Santa Catarina. FERNANDES, Heloísa (org.). Tempo do Desejo. Sociologia e Psicanálise. 2. ed. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1991. LEWIS, Melvin, WOLKMAR, Fred. Aspectos clínicos do desenvolvimento na infância e adolescência. 3.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. LIPP, M. N., ROMANO, A. S. F. O Stress Infantil. Estudos de Psicologia. 1987. 52 LIPP, Marilda Emmanuel Novaes, NOVAES, Lucia Emmanuel. O stress. São Paulo: Contexto, 1996. LIPP, Marilda Emmanuel Novaes (org.). Pesquisas sobre o stress no Brasil: Saúde, ocupações e grupos de risco. Campinas: Papirus Editora, 1996. LIPP, Marilda Novaes, ROMANO, Ana Sílvia P. Fiore, COVOLAN, Maria Aparecida, NERY, Maria José G. S. Como enfrentar o stress. 4. ed. São Paulo: Ícone, 1998. LIPP, Marilda Emmanuel Novaes, LUCARELLI, Maria Diva Monteiro. Escala do Stress Infantil – ESI: manual. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998. LIPP, Marilda Novaes, MALAGRIS, Lúcia Novaes. Manejo do Estresse. In: RANGÉ, Bernard (org). Psicoterapia Comportamental e Cognitiva: Pesquisa, Prática, Aplicações e Problemas. São Paulo: Editorial Psy, 1998. MUSSEN, Paul Henry, CONGER, John Janeway, KAGAN, Jerome, HUSTON, Aletha Carol. Desenvolvimento e Personalidade da Criança. 3. ed. São Paulo: Harbra, 1995. NEGRELLO, Liliana. Infância “adultizada”. <http://www.aprendebrasil.com.br/entrevistas/entrevista0083.asp> Acesso em: 08 ago. 2005. Disponível em: NEWCOMBE, Nora. Desenvolvimento infantil: Abordagens de Mussen. 8. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. PACANARO, Silvia Verônica. Stress infantil: uma comparação entre meninos e meninas do Ensino Fundamental. Publicado em 16/08/2005. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/ Acesso em 21/06/2006. PACANARO, Sílvia Verônica. Stress infantil e dificuldades de aprendizagem: um estudo com crianças em idade escolar. Publicado em 27/01/2006. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/ Acesso em 21/06/2006. PAPALIA, Diane E., OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento Humano. 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 53 STRAUB, R. O. Psicologia da Saúde. Porto Alegre: Artes Médicas, 2005. TRICOLI, Valquíria A. C., BIGNOTTO, Márcia M. Aprendendo a se estressar na infância. In: LIPP, Marilda Emmanuel Novaes (org). O stress está dentro de você. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2000. p. 115-126. 54 APÊNDICES 55 APÊNDICE A QUESTIONÁRIO PARA PROFESSORES SOBRE A ROTINA ESCOLAR DAS CRIANÇAS 1. QUAIS AS ATIVIDADES QUE AS CRIANÇAS FAZEM NA ESCOLA? COMO ELAS REAGEM A ESTAS ATIVIDADES? 2. QUAIS AS RESPONSABILIDADES QUE ELAS TÊM NA ESCOLA? 3. EXISTEM DIFICULDADES ESPECÍFICAS DESSA IDADE? 4. QUAL A FREQÜÊNCIA DOS DEVERES DE CASA NA SEMANA? 5. O QUE NÃO GOSTAM DE FAZER? 6. AS CRIANÇAS RECLAMAM DE ALGO NA ESCOLA? SE SIM, DO QUE RECLAMAM? 7. COMO EXPRESSAM O CANSAÇO? 8. AS CRIANÇAS DORMEM NA ESCOLA? 9. O QUE VOCÊ SABE SOBRE O ESTRESSE INFANTIL? 10. QUE FORMAS UTILIZA PARA IDENTIFICAR O ESTRESSE NAS CRIANÇAS? 56 APÊNDICE B QUESTIONÁRIO PARA PAIS SOBRE A ROTINA FAMILIAR 1. QUANTOS FILHOS VOCÊ TEM? ( ( ( ( ( )1 )2 )3 )4 ) MAIS DE 4. QUANTOS: _________ 2. QUEM MORA NA SUA CASA? ( ( ( ( ) CASAL E FILHO(S) ) MÃE E FILHO(S) ) PAI E FILHO(S) ) CASAL, FILHO(S) E AVÓS DA CRIANÇA ( )MATERNOS ( )PATERNOS ( ) CASAL, FILHO(S) E UM DOS AVÓS DA CRIANÇA ( )MATERNO ( )PATERNO ( ) CASAL, FILHO(S) E UM IRMÃO OU CUNHADO ( ) OUTROS: _______________________________________________________________ 3. SEU (SUA) FILHO (A) TEM CONVÍVIO COM OS AVÓS OU OUTROS FAMILIARES? ( ) SIM ( ) NÃO SE SIM, COM QUEM? E COM QUE FREQÜÊNCIA? ( ( ( ( ( ( QUEM? ) AVÓS MATERNOS E PATERNOS; ) AVÓS MATERNOS ) AVÓS PATERNOS ) TIOS E TIAS ) PRIMOS ) OUTROS: ________________________ FREQÜÊNCIA MENSAL: _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ 57 4. SEU (SUA) FILHO (A) MUDOU DE ESCOLA ESSE ANO? ( ) SIM ( ) NÃO 5. QUE HORAS SEU (SUA) FILHO (A) ACORDA PELA MANHÃ? ( ( ( ( ( ( ( ) 6 HORAS ) 7 HORAS ) 8 HORAS ) 9 HORAS ) 10 HORAS ) 11 HORAS ) MAIS DE 11 HORAS. QUAL O HORÁRIO: _______________ 6. QUANTAS HORAS DIÁRIAS SEU (SUA) FILHO (A) FICA NA ESCOLA? ( ( ( ( ( ( ( ) 4 HORAS ) 5 HORAS ) 6 HORAS ) 7 HORAS ) 8 HORAS ) 9 HORAS ) MAIS DE 9 HORAS. QUANTAS:___________________ 7. SEU (SUA) FILHO (A) NORMALMENTE DORME DURANTE O DIA? SE SIM, QUANTO TEMPO? ( ) SIM ( ) NÃO QUANTO TEMPO: ______________________________ 8. O QUE SEU (SUA) FILHO (A) FAZ QUANDO CHEGA EM CASA? ( ( ( ( ( ( ) TOMA BANHO ) JANTA ) ASSISTE À TELEVISÃO ) BRINCA COM OS PAIS ) FAZ DEVERES ESCOLARES ) OUTROS:________________________________________________________________ 9. SEU (SUA) FILHO (A) TEM HORÁRIO PARA DORMIR? ( ) SIM ( ) NÃO 58 10. QUE HORAS ELE (A) VAI DORMIR? ( ( ( ( ( ( ) 19 HORAS ) 20 HORAS ) 21 HORAS ) 22 HORAS ) 23 HORAS ) MAIS DE 23 HORAS. QUAL O HORÁRIO: _______________ 11. COM QUE FREQÜÊNCIA SEMANAL SEU (SUA) FILHO (A) TRAZ DEVERES PARA CASA? ( ( ( ( ( ( ) NENHUMA ) UMA VEZ ) DUAS VEZES ) TRÊS VEZES ) QUATRO VEZES ) CINCO VEZES 12. ELE (A) GOSTA DE TRAZER DEVERES PARA CASA? ( ) SIM ( ) NÃO 13. SEU (SUA) FILHO (A) FAZ ATIVIDADES EXTRAS (ALÉM DA ESCOLA)? ( )SIM ( )NÃO SE SIM, QUAIS ATIVIDADES ELE FAZ E COM QUE FREQÜÊNCIA SEMANAL? ( ( ( ( ( ( ( QUAIS? ) INGLÊS; ) ESPANHOL ) JUDÔ ) NATAÇÃO ) FUTEBOL ) DANÇA ) OUTROS: ________________________ FREQÜÊNCIA SEMANAL: _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ _____________________________________ 59 APÊNDICE C TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nome Sr.(a):________________________________________________________________ Idade:________________________Sexo:____________Naturalidade:_________________ Endereço:__________________________________________________________________ Cidade:___________________________________________UF:______________________ Profissão:________________________________Identidade:_________________________ Fui devidamente informado sobre a pesquisa intitulada: Estresse Infantil e Aspectos da Rotina Escolar e Familiar, assim como do objetivo desse estudo que visa identificar a existência da relação entre o estresse infantil e a rotina escolar e familiar. Fui esclarecido de que responderei a um questionário prestando informações sobre a rotina de meu (minha) filho (a) em casa e de que este será submetido a um teste (Escala do Stress Infantil – ESI) cujo objetivo será identificar os sintomas de estresse apresentados pela criança. Fui informado sobre os possíveis benefícios desta pesquisa que consistem em possibilitar a verificação das rotinas escolares e familiares que podem contribuir para a manifestação do estresse infantil. Eu afirmo estar ciente de que a pesquisa não representa riscos para mim ou para meu (minha) filho(a) já que estão sendo respeitados os princípios éticos da pesquisa com sujeitos humanos. Pelo fato de que o único interesse é científico, fica garantido que toda e qualquer informação que possa identificar/reconhecer a minha identidade ou a de meu (minha) filho (a) não será revelada. Estou ciente também de que minha participação é de caráter voluntário, estando isento de qualquer remuneração financeira. É meu direito, quando solicitado previamente, ter acesso ao andamento da pesquisa, bem como dos seus resultados. São José,_______ de ___________________________ de 2006. Assinatura (de acordo):________________________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável: ___________________________________________ 60 APÊNDICE D TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Nome Sr.(a):________________________________________________________________ Idade:________________________Sexo:____________Naturalidade:_________________ Endereço:__________________________________________________________________ Cidade:___________________________________________UF:______________________ Profissão:________________________________Identidade:_________________________ Fui devidamente informado (a) sobre a pesquisa intitulada: Estresse Infantil e Aspectos da Rotina Escolar e Familiar, assim como do objetivo desse estudo que visa identificar a existência da relação entre o estresse infantil e aspectos da rotina escolar e familiar. Fui esclarecido de que responderei a uma entrevista prestando informações sobre a rotina de meus (minhas) alunos (as) na escola e de que estes serão submetidos a um teste (Escala do Stress Infantil – ESI) cujo objetivo será identificar os sintomas de estresse apresentados pelas crianças. Fui informado (a) sobre os possíveis benefícios desta pesquisa que consistem em possibilitar a verificação das rotinas escolares e familiares que podem contribuir para a manifestação do estresse infantil. Eu afirmo estar ciente de que a pesquisa não representa riscos para mim já que estão sendo respeitados os princípios éticos da pesquisa com sujeitos humanos. Pelo fato de que o único interesse é científico, fica garantido que toda e qualquer informação que possa identificar/reconhecer a minha identidade ou a de meus (minhas) alunos (as) não será revelada. Estou ciente também de que minha participação é de caráter voluntário, estando isento de qualquer remuneração financeira. É meu direito, quando solicitado previamente, ter acesso ao andamento da pesquisa, bem como dos seus resultados. São José,_______ de ___________________________ de 2006. Assinatura (de acordo):________________________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável:___________________________________________