Programação Monetária de 2002

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Programação Monetária
2002
Banco de Cabo Verde
ÍNDICE
Introdução
2
I. Enquadramento Internacional
4
1.1 Evolução das Taxas de Juro
1.2 Mercado Cambial
1.3 Evolução dos Preços do Petróleo
II. Evolução da Conjuntura Económica Nacional para 2001
III. Programação
5
6
6
8
12
3.1 Avaliação do Programa Monetário para 2001
12
3.2 Programação Monetária para 2002
3.2 1 Objectivos e Metas de Programação para 2002
3.2.2 Cenário de Programação
14
14
15
Programação Monetária para 2002
Introdução
Cabe ao Banco de Cabo Verde, enquanto Banco Central, assegurar a gestão da política monetária,
tendo em conta as directrizes de política macroeconómica emanadas do Governo, visando assim o
equilíbrio interno e externo da economia.
O contexto económico internacional em 2001 ficou marcado pela desaceleração ocorrida nas
principais economias mundiais, com particular destaque para as economias dos EUA e da Europa.
A economia nacional, continuou na sua trajectória de crescimento positivo, embora a um ritmo
inferior ao ano anterior, tendo o Produto Interno Bruto ( PIB) registado um crescimento de cerca
de 3,2% reflectindo os efeitos das medidas de estabilização Orçamental adoptadas pelo Governo.
A taxa de inflação medida pelo Índice de Preços no Consumidor, situou-se nos 3,7% ( contra os –
2,4% registados em 2000) em consequência da expansão monetária verificada e do aumento dos
preços internos dos combustíveis.
As taxas de câmbio efectivas do escudo caboverdiano mantiveram-se estáveis, graças à paridade
fixa do escudo ao Euro, tendo a nominal apreciado cerca de 0,61 pontos sucedendo o mesmo à
real, cuja apreciação correspondente foi de 0,68 pontos, motivada pelo diferencial de inflação
existente entre Cabo Verde e seus parceiros comerciais.
Relativamente à Balança de Pagamentos, segundo projecções do Fundo Monetário Internacional,
o saldo global de 2001 é positivo de cerce de 1.919 milhões de escudos, representando o
equivalente a 2,8 meses de importação em matéria de reservas oficiais.
O saldo orçamental global apurado (excluindo donativos), até ao final do terceiro trimestre de 2001
foi de -3.538 milhões de escudos. Prevê-se que no final do ano se situe em cerca de -7.717 milhões
de CVE, valor inferior ao do saldo apurado no final de 2000 (-9.497 milhões de escudos) em
resultado, entre outros, do reajustamento do preço dos combustíveis e da redução em 50% das
bolsas de estudo.
Banco de Cabo Verde
2
Programação Monetária para 2002
A Programação Monetária para 2002 foi elaborada, tendo em atenção sobretudo o enquadramento
macroeconómico nacional, com base em projecções do Banco de Cabo Verde que apontam para
um crescimento do produto em termos nominais a uma taxa de 7,5%,compatível com o
crescimento da massa monetária, sendo o crescimento real de 4% e a taxa de inflação esperada de
3,5%.
Tendo em conta estes pressupostos, o crédito interno total crescerá a uma taxa de 7.26%. Neste
cenário o crédito à economia apresentaria uma taxa de crescimento de 10,48% enquanto que o
crédito concedido ao sector publico administrativo apresentará uma variação positiva de e 3,83%.
Para as disponibilidades liquidas sobre exterior prevê-se uma variação positiva que corresponderá
a um acréscimo de 3%, sustentada pela evolução positiva do saldo da conta financeira.
Indicadores Económicos Nacionais
PIB real
IPC
milhões de CVE
tvm em %
1998
52.644
4,39
1999
57.645
4,41
2000
62.487
-2,4
2001*
64.674
3,7
Disponibilidades Líquidas sobre o Exterior
Crédito Interno Líquido
Massa Monetária ( M 2)
milhões de CVE
milhões de CVE
milhões de CVE
5.646
29.404
31.806
8.110
32.761
36.289
7.139
40.889
41.489
10.002
43.047
45.573
Balança Corrente
Balança Comercial
Exportação Serviços de Turismo
Exportação Serviços de Turismo/ Balança Comercial
Remessas de Emigrantes
Remessas de Emigrantes/Balança Comercial
Balança de Capital e Operações Financeiras
Balança Global
Reservas/ Importações
em % do PIB
em % do PIB
em % do PIB
tv em %
em % do PIB
tv em %
em % do PIB
em % do PIB
meses
-5,69
-38,01
3,76
9,91
15,34
40,37
7,66
0,86
1,8
-7,68
-39,19
5,03
12,84
14,00
35,73
19,46
4,24
3
-7,76
-39,87
7,49
18,79
13,88
34,08
5,39
4,8
1,9
-6,60
-35,71
7,74
21,67
14,81
42,73
12,15
2,97
2,8
Saldo Orçamental
Excluindo donativos
em % do PIB
13,9
14,6
14,8
11,93
Fonte: Banco de Cabo Verde
* Foram utilizadas as previsões do FMI para a Balança de Pagamentos de 2001
Banco de Cabo Verde
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Programação Monetária para 2002
I. Enquadramento Internacional
A actividade económica internacional em 2001 caracterizou-se pela desaceleração generalizada,
reflexo do enfraquecimento das principais economias mundiais destacando-se os EUA e a Europa .
Principais Indicadores Económicos
Estados Unidos
PIB
Inflação
Desemprego
Zona Euro
PIB
Inflação
Desemprego
em percentagem
2000
2001*
1998
1999
4,3
1,5
4,1
2,2
4,1
3,4
1,0
2,9
4,5
4,2
4,0
4,8
2,8
1,3
10,8
2,6
1,1
9,9
3,5
2,3
8,9
1,7
2,7
8,4
Fontes: Espirito Santo Research, Bloomberg
A economia dos EUA que vinha evidenciado sinais de desaceleração até ao 1º semestre de 2001,
registou crescimento negativo no 3º trimestre. Este desempenho é explicado pela perda de
dinamismo do consumo privado, pelo recuo das exportações e pelo decréscimo dos investimentos
(sobretudo nos sectores de telecomunicações e informação) em virtude do forte declínio dos lucros
das empresas.
A avaliar pelo comportamento de alguns indicadores económicos quer do lado da oferta (evolução
desfavorável da produção industrial e do mercado trabalho) quer do lado da procura (efeitos
negativos ao nível das componentes da procura agregada), agravado pelos efeitos dos atentados de
11 de Setembro, o crescimento negativo deverá manter-se no último trimestre do ano.
Banco de Cabo Verde
4
Programação Monetária para 2002
Não obstante esta evolução, os preços evoluíram de forma favorável, verificando-se uma tendência
para a desaceleração da taxa média de inflação ao longo do ano.
A conjuntura económica da Zona Euro apresentou, no decorrer de 2001, sinais claros de
deterioração. Segundo estimativas da Comissão Europeia, o crescimento económico nesta área
deverá situar-se em aproximadamente 1,7% no final do ano. Relativamente aos preços, apesar de
no 1º trimestre de 2001 se registar
uma inflação ligeiramente superior à média que se tem
registado em consequência do aumento dos preços dos produtos alimentares (crises de BSE e febre
aftosa), estima-se para o último mês do ano uma taxa média anual de 2,8% uma vez que, tendo
em conta a actual conjuntura de evolução económica, as preocupações com a inflação são
remetidas para segundo plano.
A taxa de desemprego deverá situar-se em 8,4%, inferior em 1,8 pontos percentuais a taxa média
de desemprego do ano anterior.
1.1 Evolução das Taxas de Juros
Na sequência do actual ciclo de abrandamento e com intuito de manter a robustez do consumo, a
Federal Reserve tem adoptado uma política monetária expansionista na luta contra a recessão. De
salientar que, o FED reduziu por 11 vezes a sua taxa de juro de referência, a Fed Funds Rate, na
tentativa de combater a recessão e estimular o relançamento da economia.
Taxa Fed Funds real (%)*
*Taxa Fed Funds- Taxa de inflação homóloga. É costume definir-se a
política monetária restritiva e expansionista na taxa de juro real de 3%
Fontes: BES ER, Bloomberg
Assim é de se assinalar que actualmente a Fed Funds rates situa-se em 1.75% quando no inicio
de 2001, ela se encontrava em 6.5 %. Esta política de redução da taxa de juro foi possível graças
Banco de Cabo Verde
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Programação Monetária para 2002
à evolução favorável dos preços do petróleo e também pela trajectória descendente da taxa de
inflação. Porém o actual ciclo de descida poderá já ter terminado e a acontecer algum inicio de
retoma, progressivamente mais forte a partir do 2º semestre do ano em curso, é possível que
próximo do final do ano o sentido da política monetária seja invertido.
Não obstante as reticências iniciais, também o Banco Central Europeu procedeu a 4 cortes nas
taxas de juros com o objectivo de incentivar o crescimento económico.
1.2 Mercado Cambial
No mercado cambial, o dólar continuou a valorizar-se, pelo terceiro ano consecutivo em relação ao
euro, encerrando o ano 2001 a ganhar cerca de 5% face à moeda única.
Fontes: Espirito Santo Research, Bloomberg
Em Dezembro de 2001 o euro esteve muito volátil, tendo registado o mínimo do mês a 24, quando
o rácio EUR/USD atingiu 0,877. A resistência do dólar a possíveis desvalorizações tem sido
atribuída à expectativas dos investidores na retoma da actividade económica liderada pela
economia dos Estados Unidos.
1.3 Evolução dos Preços do Petróleo
Os preços internacionais do petróleo iniciaram o ano de 2001 em baixa reflectindo os impactos
negativos da desaceleração da economia mundial na procura do petróleo. Assim sendo e com vista
a estabilização do preço deste produto, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo decidiu
reduzir a sua produção. A partir de Setembro de 2001 a produção da OPEP, excluindo o Iraque,
fixava-se em 23.201.200 barris diários, contra os 24.201.200 barris diários correspondentes à
Banco de Cabo Verde
6
Programação Monetária para 2002
produção diária em Agosto. Em resultado desta redução de 1 milhão de barris diários, o preço do
barril de petróleo estabilizou-se em 25 dólares, situando-se dent ro dos limiares considerados
aceitáveis pela União Europeia ( 25 e 26 dólares o barril).
Preço do barril de Petróleo no Mar do Norte
Fontes: Espirito Santo Research, Bloomberg
Em Novembro de 2001, o mercado do petróleo permanecia volátil em consequência da
continuidade da desaceleração económica e da redução da procura, justificando nova quebra do
preço do petróleo. O preço médio do barril de petróleo, em meados de Dezembro fixava-se nos 19
dólares o barril, abaixo do patamar fixado pela União Europeia e pela própria OPEP ( neste caso,
entre 22 e 28 dólares o barril).
Banco de Cabo Verde
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Programação Monetária para 2002
II. Evolução da Conjuntura Económica Nacional em 2001
Segundo estimativas do Banco de Cabo Verde, no final de 2001, a taxa de crescimento do PIB em
Cabo Verde deverá ser de 3,2%, o que representa um abrandamento em relação ao ano anterior de
cerca de 4,7 pontos percentuais.
Evolução do Produto Interno Bruto
percentagem
Taxa de crescimento- 1998/2002
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
1998
1999
2000
2001*
2002*
*Estimativas do Banco de Cabo Verde
Na origem deste comportamento terão estado, a implementação deliberada por parte do Governo
de uma política de estabilização orçamental com as implicações desta a nível do produto, o fim do
ciclo de grandes projectos e o relativo atraso na implementação do Orçamento Geral do Estado e,
eventualmente, alguma expectativa a nível do sector privado quanto às orientações de política
económica do novo Governo.
Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas, a taxa de inflação média foi de 3,7% em 2001,
resultado da significativa expansão monetária verificada no ano anterior e do aumento dos preços
internos dos combustíveis.
Evolução da Taxa de Inflação
Evolução dos Índices de Preços
taxas de var. homólogas
30
20
10
0
-10
10
8
6
percentagem
Percentagem
Variação Média
1998
1999
2000
Transportes
Fonte: Instituto Nacional de Estatísticas
2001*
2002
4
2
0
-21998 1999 2000 Jan- Fev- Mar- Abr- Mai- Jun- Jul- Ago- Set- Out- Nov01 01
01 01
01 01
01 01
01 01
01
-4
-6
Inflação
Diferencial
Cabo Verde
Zona Euro
Fonte: Instituto Nacional de Estatísticas
Banco de Cabo Verde
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Programação Monetária para 2002
Em Dezembro de 2001, o Índice de Preços no Consumidor registou um crescimento mensal nulo,
pois os efeitos da variação mensal positiva ocorrida em S. Vicente (0,4%), em consequência da
subida dos preços em importantes subgrupos destacando-se a saúde (5,4%), bebidas alcoólicas
((5,1%), legumes secos e em conservas (4,2%), terão sido anulados pelos decréscimos de preços
ocorridos na Praia e nas Zonas Rurais ( 0,1, em ambas as zonas), sobretudo nas classes Peixes (7,1% e –10,2%, respectivamente) e legumes secos e em conserva ( -4,3% e –6,9%,
respectivamente).
A taxa de variação homóloga situou-se nos 4,5%, sendo 6,9% em S. Vicente ,4,5% na Praia e 4%
nas Zonas Rurais.
Dados disponibilizados pelo Instituto de Emprego Formação Profissional, para o primeiro semestre
de 2001, apontam para uma taxa de desemprego de 21%, inferior em 4 p.p. à do período homólogo
do ano anterior.
Relativamente às conta externas, assiste-se a uma melhoria do saldo da conta corrente, enquanto
em 2000 o saldo apurado foi de -10.685 milhões de escudos representando 16,67% do PIB,
prevendo-se que no final de 2001 atinja o valor de -6.603 milhões de escudos, 9,54% do PIB. Na
origem desta performance estará a melhoria da balança comercial (diminuição das importações e
aumento das exportações), e a evolução positiva que se verifica ao nível dos serviços (sobretudo os
associados ao turismo) e das transferências privadas.
Exportação de Serviços
milhões de CVE
Transportes Marítimos
Transportes Aéreos
Turismo
Outros Serviços
Total
1998
372,40
4.038,40
1.982,50
2.069,90
8.463,20
1999
385,10
4.143,50
2.900,90
3.405,80
10.835,30
2000
351,60
4.902,70
4.681,00
2.368,90
12.304,20
2001*
294,73
4.415,26
5.004,31
2.425,40
12.139,70
* Valores provisórios do BCV
Evolução das Transferências
milhões de CVE
Transferências Correntes
dos quais:
Remessas de emigrantes
1998
13.583,60
1999
16.365,70
2000
16.167,50
2001**
16.400,00
6.592,16
7.594,00
7.740,08
8.500,00
*Valores Provisórios do BCV
Banco de Cabo Verde
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Programação Monetária para 2002
Segundo projecções do Fundo Monetário Internacional, no final de 2001 o saldo acumulado da
balança de capital e operações financeiras deverá totalizar 7.860 milhões de escudos,
representando um acréscimo em termos absolutos de cerca de 2.912 milhões de CVE em relação
ao ano anterior que se explica sobretudo pelos desembolsos efectuados no final do ano.
Evolução dos principais saldos da Balança de
Pagamentos
15.000,00
milhões de escudos
10.000,00
5.000,00
0,00
1998
1999
2000
2001*
2002*
-5.000,00
-10.000,00
Balança Corrente
Balança Financeira
Balança Global
* Previsões
O saldo global da balança de pagamentos, situar-se-à em 1.919 milhões de CVE devendo
representar o equivalente a 2,8 meses de importação em matéria de reservas oficiais.
A taxa de câmbio efectiva nominal apresenta uma ligeira apreciação relativamente ao ano anterior
de cerca de 0,61 pontos, reflectindo o comportamento da moeda caboverdiana relativamente às
principais moedas internacionais.
Analisando a evolução dos câmbios médios, o escudo caboverdiano apresentou até Junho de 2001,
significativas depreciações em relação ao Dólar e à Libra Esterlina. Entre Julho e Setembro, o
CVE apreciou-se face ao dólar, atingindo o máximo de apreciação em Julho / Agosto ( 4,22) ,
reflexo da desvalorização da moeda norte americana
em consequência do arrefecimento da
economia deste país. Em Dezembro de 2001, assiste-se a nova apreciação do CVE em relação ao
Dólar (0,72) o qual foi
precedido nos dois meses sucessivos ( Outubro e Novembro) de
importantes depreciações.
Relativamente à Libra Esterlina
o escudo caboverdiano depreciou-se durante quase todo o ano,
exceptuando-se os meses de Agosto (2,8), Outubro (0,08) e Dezembro (0,46).
No 1º semestre de 2001, o CVE registou uma significativa apreciação (2,55) em relação ao Iene
Japonês na sequência da deterioração da moeda nipónica.
Banco de Cabo Verde
10
Programação Monetária para 2002
Taxas de Câmbio
120
Índices
100
80
60
40
20
0
1998*
1999
2000
2001**
Taxas Efectivas Nominais CVE
Taxas Efectivas Reais CVE
Taxas Efectivas Nominais EURO
Taxas Efectivas Reais EURO
* Taxas Efectivas para o ECU
** Taxas efectivas até Novembro de 2001
Em termos reais, verificou-se uma ligeira apreciação do escudo caboverdiano de cerca de 0,68
pontos, explicada por uma evolução dos preços internos superior à dos principais parceiros, o
que terá tido repercussões a nível competitividade externa com efeitos negativos ao nível das
importações e das exportações.
O saldo orçame ntal global apurado (excluindo donativos), até ao final do terceiro trimestre de 2001
foi de -3.538 milhões de escudos. Prevê-se que no final do ano se situe em cerca de -7.717
milhões de CVE, valor inferior ao do saldo apurado no final de 2000 (-9.497 milhões de escudos)
em resultado, entre outros, do reajustamento do preço dos combustíveis e da redução em 50% das
bolsas de estudo.
Saldo Orçamental e Divida Pública
Em percentagem do PIB
100,00
Percentagem
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
-20,00
1998
1999
2000
2001*
-40,00
Div. total em % PIB
Dívida Externa em % do PIB
Saldo orçamental em % PIB
Dívida Interna em % do PIB
Fonte: Banco de Cabo Verde e Direcção Geral do Tesouro
Banco de Cabo Verde
11
Programação Monetária para 2002
O aumento do stock da dívida total, em 2001, explica-se pelo aumento da dívida externa ( cerca de
28,26% em relação ao ano anterior) quando se verifica uma estabilização no crescimento da dívida
interna (apenas 0,33% em relação a 2000) reflexo do esforço de consolidação orçamental.
III. Programação
3.1 Avaliação do Programa Monetário para 2001
O cenário de Programação Monetária definido pelo Banco de Cabo Verde para 2001 foi:
∆PIB=6%
∆Preços=4,5%
∆M2=10,5%
∆CIT=8,67%
∆DLX=11,36
Défice Orçamental/PIB=5,1%
Projecção dos Agre gados Monetários
Saldos em 31.12.00
Saldos em 31.12.01
Var. Absoluta
Tx de Cresc. (%)
( milhões de CVE)
Var. em termos de M2 (%)
DLX
7.139,40
7.950,37
810,97
11,36
1,95
CIT
40.882,20
44.434,04
3.551,84
8,69
8,56
M2
41.482,30
45.844,90
4.362,60
10,52
-
Em função do cenário proposto, o crédito interno total (CIT) cresceria a uma taxa média anual de
8.69%, fixando-se em 44.434,04, reflectindo a evolução do crédito ao sector público
administrativo e do crédito à economia.
O crédito ao SPA registaria uma variação liquida positiva de 2.000 e o crédito à economia
cresceria a uma taxa de 8%.
Componentes do Crédito Interno Total
( milhões de CVE)
Saldos em 31.12.00
Saldos em 31.12.01
Var. Absoluta
Taxa de Cresc. %
Crédito Interno
40.882,20
44.434,04
3.551,84
8,69
SPA liq.
21.572,00
23.572,00
2.000,00
9,27
Economia
19.316,70
20.862,04
1.545,34
8,00
Banco de Cabo Verde
12
Programação Monetária para 2002
Resultados
De acordo com as informações provisórias da síntese monetária referente a 31 de Dezembro de
2001 verifica-se que:
1- A massa monetária regista uma taxa de crescimento de 9,18%;
2- O crédito interno total cresce a uma taxa de 5.33%;
3- O crédito liq, ao governo central apresenta uma taxa de crescimento negativa de - 3,25%;
4- As disponibilidades liquidas sobre o exterior (DLX) crescem a uma taxa de 30,55%.
Num contexto marcado por um elevado défice orçamental (cerca de 11,9% do PIB em 2000)
provocado pela expansão das despesas públicas, pelo elevado custo fiscal dos subsídios ao
combustíveis, os custos com a reestruturação e/ou privatização do sector financeiro e a redução dos
desembolsos em divisas, a política monetária em 2001 pautou-se pela subida das taxas de juro
visando a estabilização macroeconómica.
O aumento das taxas de juro repercutiu-se ao nível da evolução dos principais agregados
monetários: a massa monetária cresceu a uma taxa de 9,18%, inferior ao nível programa de 10,5%;
verificando-se a mesma tendência para o crédito interno total que cresceu a uma taxa de 5,53%
contra 8,67% programado. Por sua vez, as DLX cresceram a uma taxa de 30,55% superior aos
11,36% programados em virtude dos desembolsos efectuados no final de 2001.
O crédito ao sector público administrativo decresceu a uma taxa de 3,25% , facto que veio a
possibilitar uma expansão superior ao programado do crédito à economia. A explicar o
comportamento da procura de crédito terão estado os compromissos já assumidos, particularmente
ao nível do crédito à habitação (compromissos assumidos no início do ano pelos agentes
económicos para aquisição de casas para habitação, junto às empresas imobiliárias), fenómeno
denominado de inércia do consumo.
Conforme alguns dos indicadores da performance do crédito à economia 1 , o crédito à construção e
obras públicas passou de 510,9 milhões de escudos ( 2000) para 612,8 milhões de escudos em
Novembro de 2001; o crédito à habitação atingiu 6.660,5 milhões de escudos em Novembro de
2001 contra os 6.204,8 milhões de escudos de 2000 enquanto que o Crédito ao comércio passou de
1.207,4 milhões de escudos em 2000 para 1.288,8 milhões de escudos em Novembro de 2001.
1
Excluindo o crédito concedido pela Caixa Económica de Cabo Verde
Banco de Cabo Verde
13
Programação Monetária para 2002
Quadro Comparativo Programação × Realização
( milhões de CVE)
Programado
DLX
CIT liq
SPA liq.
Economia
M2
Realizado
Saldos em 31.12.01
Var. Absoluta
Taxa de Cresc. %
Saldos em 31.12.01
Var. Absoluta
Taxa de Cresc. %
7.950,37
810,97
11,36
10.002,40
2.863,00
40,10
44.434,04
23.572,00
20.862,04
3.545,34
2.000,00
1.545,34
8,67
9,27
8,00
43.046,90
20.846,80
22.193,10
2.164,70
-725,20
2.876,40
5,29
-3,36
14,89
45.844,90
4.356,30
10,50
45.572,80
4.090,50
9,86
3.2 Programa Monetário para 2002
3.2.1 Objectivos e Metas de Programação para 2002
Para o ano 2002 tomou-se como o referência para elaboração do programa monetário as projecções
do Banco de Cabo Verde, segundo as quais o PIB crescerá a uma taxa 4% em termos reais, em
virtude da moderação esperada na taxa de crescimento das suas principais componentes em
particular do consumo privado e dos gastos públicos.
Com efeito, ainda em 2002 se farão sentir as repercussões ao nível do consumo (pela via do
crédito) do aumento das taxas de juros. Quanto à componente pública, não obstante, o montante
previsto no orçamento do Estado para a realização de investimentos públicos (cerca de 14,3
milhões de contos), estes não se repercutirão na totalidade ao nível do crescimento económico de
2002, pelo que o efeito multiplicador esperado poderá ser muito reduzido. De entre os factores que
poderão concorrer para esta previsão, destaca-se a forte condicionante exógena associada ao seu
suporte financeiro, (dado que 85% do investimentos serão financiados por recursos externos) na
sequência da evolução recente da conjuntura política e económica nos países de forte cooperação
bilateral com Cabo Verde, a qual poderá pôr em causa o arranque tempestivo dos projectos de
investimento agendados (em consequência de atrasos nos desembolsos, por exemplo). Pelo lado da
oferta, ainda em 2002 se farão sentir os resultados da fraca produção agrícola de 2001.
Espera-se que no final de 2002 a taxa de inflação seja de 3,5%
reflexo ainda de alguma
repercussão desfasada do aumento dos preços internos dos combustíveis .
Banco de Cabo Verde
14
Programação Monetária para 2002
3.2.2 Cenário de Programação
Partindo da hipótese que a velocidade da circulação sofrerá uma ligeira alteração de 0,01 pontos
percentuais, a massa monetária deverá crescer a taxa de 7,5%, variação compatível com a evolução
prevista para o PIB e para a inflação, respectivamente 4% e 3,5%.
Tendo em conta o objectivo de manutenção da paridade cambial estabelecida através do Acordo
de Cooperação Cambial com Portugal, as DLX deverão aumentar 300 milhões de escudos em
Dezembro de 2002 relativamente a Dezembro de 2001, reflexo sobretudo da evolução do saldo da
conta financeira.
Reservas Cambiais
12000
milhões de CVE
10000
8000
6000
4000
2000
0
1998
1999
2000
2001
2002*
Activo Externo Liquido do Sistema
Reservas Internacionais liquidas do BCV
* Valores de Programação Monetária
O crédito ao sector privado, residual, terá uma variação absoluta de 2.324,96 milhões de escudos
correspondente a uma taxa de 10,48% enquanto que o crédito ao SPA terá um acréscimo, em
termos percentuais, de 3,84%, equivalente a 800 milhões de escudos.
Quadro Resumo do Programa Monetário para 2002
Saldos em 31.12.01
Saldos em 31.12.02
DLX
10.002,4
CIT
( milhões de CVE)
Var. em % M2
Var. Absoluta
Tx. De Cresc.
10.302,40
300,00
3,00
0,66
43.046,9
20.846,8
22.193,1
46.171,86
21.646,80
24.518,06
3.124,96
800,00
2.324,96
7,26
3,84
10,48
6,86
1,76
5,10
Massa Monetária
45.572,8
48.990,76
3.417,96
7,50
7,50
Base Monetária
14.580,5
16.759,25
2.178,75
14,94
4,78
(projecção)
SPA liq.
Economia
Banco de Cabo Verde
15
Programação Monetária para 2002
Com base na situação atrás descrita, e tendo em conta os resultados provisórios da síntese
monetária para o final de 2001, elaborou-se o quadro seguinte contendo a evolução dos grandes
agregados monetários e creditícios para 2002, numa perspectiva trimestral:
Programação dos Agregados Monetários e de Crédito para 2002
(milhões de CVE)
Dez-01 31-Mar-02 30-Jun-02
1 – Activo Externo Líquido do Sistema
1.1 – Activo Externo do BCV (Liquido)
1.1.1 – Reservas Internacionais Líq.
1.1.2 – Outros Activo Externo (Liq.)
1.2 – Activo Ext.Bancos. Comerc.(Liq.)
2- Activos Domesticos Liquidos
2.1- Credito Interno liq
2.1.1 – Crédito líquido ao Sector Púb.Adm.
2.1.1.1 – Crédito ao Sector Publico Adm.
2.1.1.2 – Depósitos
2.1.2- Crédito á Economia
2.1.2.1 – Créditos às Emp.Pub. n/Financ.
2.1.2.2 – Crédito ao Sector Privado 1/
2.2- Outros activos
3- Base monetária
3.1 – Emissão Monetária
3.2 – Reservas bancárias
4 - M2
10.002,40
6.390,80
5.545,50
845,30
3.611,60
35.570,40
43.046,90
20.846,80
23.397,70
2.550,90
22.193,10
215,20
21.977,90
-7.476,50
14.580,50
7.352,70
7.227,80
45.572,80
10.704,29
7.224,09
6.445,59
778,50
3480,20
36.724,64
44.201,14
21.426,80
23.977,70
2.550,90
22.774,34
215,20
22.559,14
-7.476,50
15.889,91
7.352,70
8537,21
47.428,93
10.987,29
7.638,49
6.859,99
778,50
3348,80
37.485,88
44.962,38
21.606,80
24.157,70
2.550,90
23.355,58
215,20
23.140,38
-7.476,50
16.227,87
7.502,70
8725,17
48.473,17
30-Set-02 31-Dez-02
11.581,40
8.364,00
7.585,50
778,50
3217,40
38.107,12
45.583,62
21.646,80
24.197,70
2.550,90
23.936,82
215,20
23.721,62
-7.476,50
16.584,63
7.640,70
8943,93
49.688,52
10.302,40
7.216,40
6.437,90
778,50
3086,00
38.688,36
46.164,86
21.646,80
24.197,70
2.550,90
24.518,06
215,20
24.302,86
-7.476,50
16.759,26
7.940,92
8818,34
48.990,76
Fonte: Banco de Cabo Verde
1/ inclui empresas mistas, privadas e particulares
Para trimestralização do agregado monetário M2 tomou-se como hipótese de trabalho uma taxa de
crescimento anual de 7,5% e velocidade de circulação monetária de 1,61. A base monetária
resultaria da aplicação da taxa de reservas obrigatória (18%) sobre o saldo do M2 ao qual se
adicionaria a emissão monetária estimada pelo BCV.
Evolução da Massa Monetária (M2)
Taxa de var. em relação a Dez.
De
z-0
2
Ou
t-0
2
2
-0
go
A
Ju
n02
A
br
-0
2
Fe
v02
12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
De
z-0
1
Percentagem
Target=7,5
Banco de Cabo Verde
16
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