Retrospectiva - Associação de Psicoterapia Psicanalítica

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Retrospectiva monografia Cláudia Garcia de Abreu “Luto: A árdua tarefa de tornar-se autor
da própria vida”.
Na reunião científica do dia dezoito de maio, a especialista em Psicoterapia Psicanalítica Cláudia
Garcia de Abreu, apresentou-nos a monografia: “Luto: A árdua tarefa de tornar-se autor da própria
vida”.
Estiveram presentes à mesa, para comentários, a Especialista em Psicoterapia Psicanalítica Maria
Aparecida Marinotti e o Prof. Dr. Ryad Simon.
Claudia, nesse trabalho, faz um relato vivo de sua experiência com o paciente que ela denominou
Léo. Compara o sintoma que o levou à procura de ajuda psicoterapêutica – paralisia facial, seis anos
após a morte de sua mãe - com seu estado mental.
Dessa forma, sustentado por um luto patológico, Léo repete na realidade factual sua realidade
interna, uma paralisia diante da própria vida. Segundo palavras do próprio paciente, sente-se um
“zumbi”, meio morto, meio vivo.
A autora observa que o estado moribundo de Léo, o impede se organizar na vida. Está sempre
atrasado, endividado, ou seja, sempre repetindo uma perda que o torna vitima e impede seu
desenvolvimento.
O outro lado dessa moeda nos revela Claudia, é o desejo do paciente de se libertar dessa prisão,
desse estado de paralisação; é o medo da morte.
Em suas reflexões sobre esse trabalho, Maria Aparecida Marinotti, destaca os paradoxos de
paralisia e movimento na dinâmica do paciente e da dupla. Algo que o segura e o impede desde
dentro; a face paralisada e a lágrima congelada de fora, também são estados que o mobilizam a
procurar ajuda, são sintomas que causam medo e o fazem agir.
Assim, Maria Aparecida sugere que, nesse caso, os paradoxos precisam ser reconhecidos e
tolerados para que não se mantenha um olhar, também, paralisado nas repetições de Léo.
Outros pontos importantes destacados em seus comentários poderão ser vistos no anexo deste.
O Professor Ryad Simon, por sua vez, nos brindou com suas tão valiosas contribuições.
Pontuou as oscilações no modo como Léo lida com o luto. Ora como melancolia: com culpa
persecutória (sentimento da posição esquizoparanóide), como se esta mãe morta se instalasse em
seu corpo, paralisando a lágrima e, simbolicamente, ameaçando matá-lo; ora num luto patológico:
com medo da perda do objeto amado, sentimento pertinente a posição depressiva descrita por
Melanie Klein.
Outro ponto de destaque, de acordo com professor Ryad, é a idealização que o paciente faz da
terapeuta. A súbita melhora no período de um mês sugere que está “apaixonado” por Claudia.
Diante desse sentimento e, para se defender dele, Léo pede para reduzir o número de sessões e
coincidentemente, passa a se atrasar, perdendo 20, 30, 40 minutos da sessão. Esse distanciamento é
a espinha dorsal defensiva do paciente. Diante do medo de se ligar, ele falta e se atrasa para não
formar vínculo e evitar a angústia depressiva de perder o objeto amado novamente.
Prof. Ryad salienta que o terapeuta precisa constatar no paciente o seu medo da vinculação e
explicar o medo de se vincular à terapeuta e que essa também possa desaparecer (morrer). Mas que
para isto precisa ser trabalhada também a culpa onipotente pelos dois vieses: fantasia de que a mãe
morreu por sua culpa, tantos pelos ódios sentidos e também por acreditar que poderia
onipotentemente ter salvado a mãe da morte. Que a análise destes dois fatores poderá ajudar o
paciente entender estas culpas.
Luzia Winandy
Madalena andrade
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