...mais um -AMP (-associated molecular patterns)!!! No..No..no... I´m symbiontic!!! A relação simbiótica entre bactérias intestinais e o homem é um fato co-evolutivo bastante antigo. Nós, representando um ecossistema rico em nutrientes para elas e elas, aumentando nossa eficácia digestiva. Entretanto, os padrões moleculares (LPS, peptideoglicano, DNA não metilado, flagelina, etc) presentes em bactérias patogênicas e que desencadeiam resposta inflamatória, também estão presentes nestas bactérias simbiontes. Aí vem aquela velha pergunta: então, como as toleramos? (pergunta velha, né?). Diferente dos artigos que mostram o sistema imunológico como “todo poderoso” na distinção de simbiontes ou patógenos, o recente trabalho de June L. Round e colaboradores mostra que quem tem o “poder” de induzir ou não a tolerância, são as próprias bactérias! O polissacarídeo A (PSA), presente na capsula da bactéria Bacteroides fragilis (integrante convencional da nossa microbiota intestinal), seria o fator microbiano responsável pela indução da tolerância a sua presença. Em 2010 o grupo de Round mostrou que este polissacarídeo é capaz de induzir células T reguladoras Foxp3+ produtoras de IL-10 com elevada capacidade supressora, de modo dependente da sinalização via TLR2. Este efeito imunoregulador do PSA foi avaliado em modelo experimental de colite induzida por TNBS, onde foi observado que o tratamento dos animais com o PSA preveniu e curou a doença, mesmo em altas concentrações do TNBS, o que não ocorreu nos animais nocautes para TLR2. O mecanismo pelo qual o PSA induzia esta resposta foi elucidado no último trabalho publicado por Round e colaboradores, onde foi demonstrado que o PSA se liga a receptores do tipo Toll 2 presentes nas células T, levando a um aumento do desenvolvimento de células T reguladoras induzíveis, observado pela elevada expressão de Foxp3, IL-10 e TGF-β2, de maneira dose-dependente. Quando adicionado outros ligantes de TLR2 o mesmo não ocorreu, mostrando que a indução destas células foi específica para sinalização via TLR2 pelo PSA. Concomitante com o aumento da IL-10 houve uma significante redução dos níveis de células produtoras de IL-17, o que permite esta bactéria se associar intimamente ao epitélio intestinal. Dessa forma, o artigo vem refutar o conceito de ignorância imunológica que se baseia na teoria da compartimentalização das bactérias nas camadas mucosas mais externas do epitélio intestinal, uma vez que foi, então, demonstrado que a bactéria comensal B. fragilis esta associada ao epitélio. Além disso, o artigo traz uma nova classe de ligantes de Toll denominada SAMPs (symbiont-associated molecular patterns), que orquestram a resposta imune para ativamente promover a tolerância imunológica às bactérias simbiônticas. Referências: