UTILIZAÇÃO DA CALORIMETRIA DE RELAXAÇÃO TÉRMICA PARA A DETERMINAÇÃO DO CALOR ESPECÍFICO DE ÓLEO DIESEL EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA Elton Savi (CNPq/Balção), Antonio Medina Neto, Mauro Luciano Baesso (Orientador) e-mail: [email protected]. Universidade Estadual de Maringá/Departamento de Física/Maringá, PR. Ciências exatas Palavras-chave: óleo diesel, calor específico, calorimetria de relaxação térmica. Resumo: O objetivo desse trabalho foi utilizar a técnica calorimetria de relaxação térmica para determinar os valores do calor específico de amostras de óleo diesel em função da temperatura. As medidas foram realizadas no intervalo entre 295 e 370 K, em amostras obtidas de petróleo extraído nas regiões de areia do Canadá. Os resultados mostraram altas taxas de evaporação em algumas amostras, e naquelas nas quais as medidas de calor específico puderam ser realizadas, houve mudanças no comportamento desse parâmetro em determinadas regiões de temperatura. Essas informações são relevantes em termos da escolha do processo de obtenção das amostras e da maior eficiência desses óleos nos motores. Introdução O calor específico (cp) de combustíveis é uma quantidade física importante para a avaliação da eficiência de funcionamento dos motores. Por depender do tamanho e do peso das estruturas moleculares das amostras, a medida desse parâmetro pode auxiliar no processo de certificação de conformidade dos produtos comercializados. Em especial, quando se pretende investigar a melhor rota de processamento do petróleo, por ser uma quantidade física que revela a capacidade de absorção de energia e o conseqüente aumento de temperatura da amostra, o conhecimento dos valores do calor específico pode contribuir no processo de escolha da melhor estratégia para se obter as amostras. A medida do calor específico de amostras de combustíveis em função da temperatura é também importante porque seus valores podem informar o grau de pureza das mesmas. A observação de regiões onde ocorrem mudanças de tendência de cp(T) pode permitir avaliar se o processo de produção precisa ser modificado. Considerando que a calorimetria de relaxação térmica (CRT) permite determinar o calor específico de amostras na fase líquida (1) o objetivo Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. desse trabalho é empregar esse método para determinar o comportamento de calor específico de amostras de óleo diesel em função da temperatura. Materiais e métodos As amostras foram preparadas no Canadá, no âmbito do convênio entre o Grupo de Estudos dos Fenômenos Fototérmicos do Departamento de Física da UEM e o Institute for Fuel Cell Innovation, de Vancouver. As amostras foram obtidas de petróleo extraído das regiões de areia daquele país e o processo de produção não pode ser descrito por razões de segredo industrial. A tabela I mostra as amostras estudadas. Tabela I AMOSTRAS 081099 (326cp) 081100 (328cp) 081101 (323cp) 090186 (324cp) 090187 (327cp) OBSERVAÇÕES Essas amostras têm alta taxa de evaporação já na temperatura ambiente. Isto foi observado durante a medida da massa, que reduzia de forma continua. Como a medida dos valores do cp demanda o conhecimento da massa da amostra, nesses caos não foi possível realizar os experimentos. Por serem mais viscosas, essas amostras não apresentaram variação de massa na temperatura ambiente e, portanto, foram escolhidas para as medidas de cp(T). As medidas de calor específico com a calorimetria de relaxação térmica foram realizadas em um calorímetro construído em nosso laboratório (1). As amostras foram encapsuladas em panelas de alumínio conforme procedimento padrão adotado na calorimetria diferencial convencional. Em seguida são posicionadas no reservatório térmico que foi montado de modo que a temperatura pudesse ser variada durante as medidas. O processo de excitação para a coleta dos dados foi realizado com um laser de diodo com potência da ordem de 3 mW. Maiores informações do o processo de medida podem ser obtidas na referência (1). Resultados e Discussão As Figuras 1 e 2 mostram o comportamento do calor específico em função da temperatura das amostras 324 e 327. Em razão da perda de massa com o aquecimento, que não foi possível de ser quantificada, representamos nos Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. eixos das abscissas os valores do calor específico multiplicado por uma constante dependente da temperatura, ou seja, Cte (T). Essa constante descreve a variação de cp(T) causada pela perda de massa durante o processo de aquecimento. Calor específico x Cte(T) (j/gk) 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 300 315 330 345 360 375 Temperatura (k) Figura 1: Calor específico x cp(T) em função da temperatura da amostra de óleo diesel, denominada de 324. Calor específico x Cte( Τ ) ( J/gk ) 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 Amostra 327 0,4 0,2 0,0 300 310 320 330 340 350 360 370 Temperatura (k) Figura 2: Calor específico x cp(T) em função da temperatura da amostra de óleo diesel, denominada de 327. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR. O comportamento do decréscimo dos valores medidos para a amostra 324 embora apresente variações na região acima de 310 K, é mais linear do que o da amostra 327, sugerindo que pode haver mudança de fase nessa região de temperatura. Isto sugere a necessidade de novas medidas com técnicas como FTIR para se avaliar se houve modificação da estrutura molecular devida ao processo de aquecimento. Conclusões Nesse trabalho a calorimetria de relaxação térmica foi empregada para a determinação do calor específico de amostras de óleo diesel. Os resultados foram determinados na região de temperatura entre 295 e 370 K, e sugerem ter havido mudança estrutural das amostras. Embora dependa da correção do valor massa em razão da evaporação durante o aquecimento, essa técnica pode ser útil na avaliação dessa quantidade física tão importante no processo de caracterização de combustíveis. Agradecimentos Agradecemos à UEM e ao CNPq pelo apoio financeiro concedido. Referências 1. BARBOSA, J. M. Determinação do calor latente utilizando um calorímetro de relaxação térmica. Trabalho de graduação defendido no Departamento de Física da UEM, Vol.1, 2005. Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.