Universidade Federal de São Carlos Centro de Ciências Exatas e Tecnologia Departamento de Engenharia de Materiais RELATÓRIO DE EPP: Relaxação de tensão VOD-K São Carlos, 12 de Janeiro de 2001 Objetivo: Obter o tempo relaxação de uma determinada amostra, a partir do gráfico obtido no experimento de relaxação de tensão, traçando a curva tensão versus o tempo. Introdução: Estudos do comportamento viscoelástico visam estabelecer relações entre tensão, deformação e tempo ou temperatura para uma história de deformação particular. Para materiais que exibem um comportamento viscoelástico linear, o objetivo se reduz a determinação experimental da dependência do tempo e temperatura de parâmetros viscoelásticos. Vários experimentos podem ser utilizados para determinação do comportamento reológico de materiais poliméricos como a relaxação de tensão, fluência, e experimentos de tensão x deformação, entretanto, trataremos somente do experimento de relaxação de tensão. Na relaxação de tensão, um material polimérico é submetido a uma deformação constante. Quando o polímero não está sofrendo deformação, ele possui cadeias emaranhadas. Se as cadeias são deformadas, as estruturas se alongam, e sob influência da tensão aplicada, as moléculas começam a se deslizar umas em relação às outras, a fim de atingir as conformações de equilíbrio. Com uma deformação constante, ocorre o fluxo molecular e a tensão é aliviada. A relação é o tempo de relaxação do material, tempo necessário para que a E tensão caia de um fator e = 2,73183. De acordo com o modelo de Maxwell para o ensaio de relaxação de tensões, a equação que representa a variação da tensão com o tempo é dada por: t t e 0 E O tempo de retardamento se refere ao ensaio de fluência. Pelo modelo de Voigt, a resposta, em termos de deformação à aplicação de uma tensão constante é dada por: t 0 E 1 e E t é o tempo de retardamento, que é a demora do corpo em se E deformar quando submetido a uma tensão. e a relação Os erros no modelo de Maxwell ocorrem pois a deformação inicial se localiza na mola, e só posteriormente o pistão relaxa, permitindo a contração da mola. Os modelos mais adequados para o comportamento viscoelástico real de um polímero são o modelo generalizado de Maxwell-Weichert e o modelo generalizado de Voigt-Kelvin, porque esses modelos não mostram um único tempo de relaxação ou de retardamento, mas uma distribuição ou espectro de tempos de relaxação ou retardamento. A partir dos dados (módulos elásticos) de relaxação de tensão feitos a várias temperaturas, escolhe-se uma temperatura de referência e através da sobreposição ao longo do eixo de log (t), dos deslocamentos individuais das curvas obtidas a várias temperaturas, obtém-se uma curva contínua de valores de módulo x log tempo a uma temperatura de referência, a Curva Master. Para construir a curva deve-se fazer vários ensaios de relaxação de tensão a diferentes temperaturas, escolhendo-se uma delas para servir como temperatura de referência. A Curva Master é útil no projeto de uso do material por um longo período de tempo. Uma aplicação dessa curva é obter aproximadamente o decaimento do módulo elástico (E) do material para um longo período de tempo. A teoria da viscoelasticidade linear não pode ser aplicada para polímeros cristalinos, pois estes possuem comportamento viscoelástico complexo. São materiais anisotrópicos, então não existem modelos adequados para descrever forças de tensão, por exemplo. Além disso, a estrutura não homogênea causa concentração de tensões em algumas regiões. A ação de tensões pode causar alterações estruturais (criação e destruição de cristais) nos materiais, o que não permite uma análise teórica confiável. As cinco regiões de comportamento viscoelástico de polímeros amorfos são: - região vítrea: possui alto módulo elástico. A temperatura do material está abaixo de sua Tg. - região de transição: o módulo decai com grande variação. Ocorre dentro da faixa de Tg. - região de comportamento borrachoso: o módulo decai com pequena variação. Ocorre logo após Tg. - região de fluxo borrachoso: há uma queda acentuada do módulo, e o material mostra pequeno comportamento elástico. - região de fluxo de fluidos: valor muito baixo do módulo e o material está no estado físico de líquido. Quanto maior o PM, maior o grau de emaranhamento entre as cadeias e maior a resistência ao fluxo viscoso. Para uma baixa densidade de ligações cruzadas, o material não apresenta fluxo borrachoso, pois o emaranhamento entre as cadeias é permanente na região de comportamento borrachoso. Nessa condição, um maior número de ligações cruzadas significa maior módulo elástico. Procedimento Experimental: Inicialmente foi realizado um ensaio tensão x deformação, conforme a Norma ASTM D638 –71A, para obtenção da deformação que será utilizada no ensaio de relaxação de tensão. Uma vez estabelecida esta deformação, programou-se a máquina a uma velocidade de 2,54 mm/min até uma deformação de 0,35% em 25 minutos para madir a tensão de relaxação de tensão conforme a Norma ASTM D 2991-84, no qual registra-se o decaimento da tensão em função do tempo. Material Utilizado: Corpos de prova d e PP; Máquina Instron; Paquímetro. Resultados e Discussões: Os dados a seguir f oram obtidos experimentalmente: Ln (Mpa) 4,8325 4,7241 4,6841 4,6539 4,6212 4,59 4,5525 3,4323 Tempo (min) 0 0,5 1 2 4 8 16 32 ln tensão (MPa) Gráfico: Relaxação de tensão 0 4,8325 #NÚM! 0,5 4,7241 -0,69315 0 1 4,6841 2 4,6539 0,693147 4 4,6212 1,386294 2,079442 8 4,59 6 16 4,5525 2,772589 32 3,4323 3,465736 5 4 3 2 1 0 0 deve-se 10 30 No ensaio de relaxação de tensão do PP aplicar uma20deformação de 0,35% e o tempo de relaxação foi de aproximadamente 25 minutos. tempo (min) 40 Para o cálculo do tempo de relaxação(), usou-se o modelo simplificado de Maxwell. A deformação é imposta instantaneamente ao corpo em estudo, e análises de tensão necessária para manter o corpo com esta deformação, são realizadas. /0 = t / onde é o módulo elástico de tração e a viscosidade do polímero. Considerando / = e integrando de t = 0 (0) até t = t (), chega-se à equação: ln (t) = ln 0 - t/ Pelo gráfico da tensão x tempo obteve-se o valor de , apresentando o valor de 22,10 min. Conclusão: Para caracterizar polímeros, o ensaio de relaxação de tensão é muito ef iciente. A curva obtida a partir deste ensaio permite prever o comportamento dos polímeros com o tempo. Modelos mecân icos simples (Ma xwell) não são adequados para a previsão do comportamento de polímeros, pois consideram um único tempo de relaxação. O modelo generalizado de Maxwe ll W iechert é mais adequado neste caso, pois considera um espectro de tempos de relaxação. Bibliografia: - Billmeyer, F.W ., - Textbook of polyme r Science -, Ed John W iley & Sons - W est Palm Beach, 1984; - Lisbao S.A., – Estrutura e propriedades dos polímeros, – Parte 3 – Dema – Uf Scar, 1993.