ADESÃO AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO EM RESIDENTES

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ADESÃO AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO EM RESIDENTES COM 40
ANOS OU MAIS DE IDADE EM MUNICIPIO DE MÉDIO PORTE DO SUL DO
BRASIL
Elody Crystel Rodrigues Semedo (Bolsista PIBIC/CNPq), Camilo Molino
Guidoni, e-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Ciências
Farmacêuticas/CCS
Área e sub-área do conhecimento: Saúde Coletiva/Saúde Pública
Palavra-chave: doenças cardiovasculares, fatores de risco, mortalidade.
Resumo
As modificações nos padrões socioeconômicos e culturais influenciaram
mudanças nos hábitos de vida e consequentemente no padrão de adoecer e
morrer. Os agravos crônicos não transmissíveis, como a Doenças
Cardiovasculares (DCV), são a primeira causa de morte no Brasil e no mundo.
O objetivo deste estudo foi analisar a adesão ao tratamento farmacológico em
residentes com 40 anos ou mais de idade em município de médio porte do sul
do Brasil. Estudo transversal, realizado em Cambé-PR, com coleta de dados no
primeiro semestre de 2015. Todos os participantes do estudo longitudinal
entrevistados em 2011 foram revisitados no primeiro semestre de 2015. Os
dados foram coletados por meio de entrevista, incluindo os sociodemográficos,
clínicas, laboratoriais e utilização dos serviços de saúde. Constatou-se que 377
(42,6%) eram não aderentes ao tratamento farmacológico. Entrevistou-se 885
participantes em 2015, sendo que destes, 377 (42,6%) não eram aderentes ao
tratamento farmacológico e foram analisados no estudo. Observou-se que a
faixa etária prevalente na amostra foi entre 44 a 63 anos (64,7%), casados
(65,5%), baixa escolaridade [até 4 anos de estudo (42,7%)]. Aproximadamente
73,7% dos participantes eram usuários da Unidade Básica de Saúde (UBS).
Entre as morbidades, prevaleceram a hipertensão arterial sistêmica (HAS)
(67,9%), seguida pelo colesterol elevado (47,7%) e diabetes mellitus (DM)
(26,0%). Observou-se elevada prevalência de não adesão ao tratamento
farmacológico, havendo predominância de indivíduos na faixa etária de 44 a 63
anos, casados e com baixa escolaridade. Dentre as morbidades mais comuns
à população de estudo, destacaram-se HAS, colesterol alterado e DM.
Introdução
As modificações nos padrões culturais e socioeconômicos das populações
produziram mudanças no perfil das doenças mundialmente, dentre as quais o
agravo das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (MALTA et al., 2006).
Do total de óbitos ocorridos no mundo em 2008, 63% foram relativas às DCNT,
sendo no Brasil responsáveis por 72,4% do total de óbitos em 2009 (DUNCAN
et al., 2012). Visto que são doenças de longa duração, as DCNT acarretam
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uma maior demanda em procedimentos, ações e serviços de saúde, com
gastos ambulatoriais e de internação (MALTA et al., 2006).
Dentre as DCNT, destacam-se como primeira causa de morte no Brasil e
no mundo, as Doenças Cardiovasculares (DCV), tornando-se assim importante
a identificação e monitoramento dos fatores associados, como o tabagismo e
inatividade física, além de dieta rica em gorduras saturadas, com consequente
aumento dos níveis de colesterol e hipertensão arterial sistêmica (HAS)
(ISHITANI et al., 2006). O objetivo do tratamento das DCNT é o adequado
controle, pois desta maneira previnem-se suas complicações, morbidades e
mortalidade precoce (LESSA, 1998). Dessa forma, a adesão (correspondente à
concordância entre a prescrição médica e a conduta do paciente ao
tratamento) torna-se fundamental para o controle das enfermidades (LEITE;
VASCONCELLOS, 2003).
No caso das DCV, seu controle é realizado por mudanças nos hábitos
de vida e pelo tratamento farmacológico (SARQUIS, 1998). Nesse sentido o
presente trabalho avaliou a adesão ao tratamento farmacológico em residentes
com 40 anos ou mais de idade em município de médio porte do sul do Brasil.
Procedimentos metodológicos
Realizou-se um estudo transversal que fez parte de um grande estudo
denominado “Incidência de mortalidade, morbidade, internações e
modificações nos fatores de risco para doenças cardiovasculares em amostra
de residentes com 40 anos ou mais de idade em município de médio porte do
sul do brasil: estudo de coorte vigicardio 2011-2015”.
Em sua primeira etapa (2011), um estudo de base populacional, utilizou
como amostra representativa 1180 residentes de 40 anos ou mais da área
urbana do município de Cambé-PR. Na segunda etapa do projeto (2015), os
1180 participantes do estudo de base populacional foram revisitados no
primeiro semestre de 2015, convidados a participar do acompanhamento e
foram novamente entrevistados e examinados. Para o presente trabalho foram
utilizados os dados das entrevistas da segunda etapa.
As seguintes características socioeconômicas e demográficas foram
consideradas: Idade, escolaridade, situação conjugal, atendimento no Posto de
Saúde, acesso a Plano de Saúde. Foram avaliadas as morbidades: HAS,
diabetes mellitus (DM), colesterol elevado, evento cardiovascular (angina,
infarto agudo do miocárdio (IAM)), acidente vascular encefálico (AVE) e
insuficiência cardíaca. Foram considerados os seguintes exames: Pressão
arterial (PA), Índice de Massa Corporal (IMC). Foram considerados o princípio
ativo e posologia dos medicamentos. Para avaliar a adesão ao tratamento
medicamentos, foi utilizado uma adaptação da escala de Morisky-Green
(MORISKY et al, 1986). Os formulários com as informações dos pacientes
foram duplamente digitados usando o programa EpiInfo versão 3.5.2 para
Windows e, posteriormente, foram comparados os dois arquivos de dados e
corrigidos os erros detectados. Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina (CAAE nº: 0192.0.268.00010).
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Resultados e Discussão
Dos 1180 participantes do estudo de base populacional realizado em 2011, 885
foram entrevistados no primeiro semestre de 2015. Destes, 377 (42,6%) eram
não aderentes ao tratamento farmacológico e foram analisados no presente
estudo. Observou-se que a faixa etária prevalente na amostra de não
aderentes foi entre 44 a 63 anos (64,7%), seguido de entre 64 a 83 anos
(33,7%). Este resultado se enquadrou na faixa etária de 35 a 64 anos do
estudo publicado por Ishitani e colaboradores (2006), no qual foi atribuído um
terço dos óbitos por DCV precocemente em adultos a essa faixa etária.
Observou-se predominância na população estudada de até quatro anos
de estudo (42,7%) e apenas uma pequena parcela (1,2%) apresentou mais de
16 anos de estudo. A maioria dos participantes (73,7%) utilizavam a UBS para
cuidado em saúde, em contraste aos sujeitos que tem acesso a plano de
saúde, que representaram 37,7% da amostra.
Quando avaliado o Índice de Massa Corporal, constatou-se uma
prevalência, em sequência, nas categorias de pré-obeso (39,5%) e obeso I
(24,1%). Entre as comorbidades, prevaleceram a HAS (67,9%), seguida pelo
colesterol elevado (47,7%) e DM (26,0%). A prevalência da HAS tornou-se
clara quando observado os exames de pressão arterial, em que uma parcela
considerável da população estudada encontrou-se nas categorias de
hipertenso estágio I (26,0%) e limítrofe (20,7%). Para o controle das DCNT
costumam ser adotadas medidas como o uso contínuo de terapia
medicamentosa, modificações nos hábitos de vida e comparecimento regular a
serviços de saúde para monitoramento. No entanto, o desafio consiste na
adesão do paciente ao tratamento farmacológico e não farmacológico, pois
frequentemente o paciente não é aderente ao tratamento prescrito (WHO,
2003; PERES et al, 2003).
O resultado da aplicação da escala de Morisky-Green demonstrou que
uma parcela significativa da população estudada não aderiu corretamente ao
tratamento prescrito (42,6%), o que pode comprometer o controle das
enfermidades. Dos pacientes estudados, 60,7% se esqueceram de tomar a
medicação regularmente e 48,3% sentiram-se incomodados por seguirem
corretamente o tratamento medicamentoso. A presença de efeitos adversos
também é um fator que pode prejudicar a adesão ao tratamento, uma vez que
35,5% dos pacientes interromperam o tratamento medicamentoso quando
apresentaram algum sintoma desagradável.
Conclusão
Observou-se elevada prevalência de não adesão ao tratamento farmacológico,
havendo predominância de indivíduos na faixa etária de 44 a 63 anos, casados
e com baixa escolaridade. Dentre as morbidades mais comuns à população de
estudo, destacaram-se HAS, colesterol alterado e DM.
Agradecimentos
Agradeço o orientador, ao apoio financeiro do PIBIC/CNPq e Fundação
Araucária pela oportunidade de desenvolvimento deste trabalho.
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