Doenças auto-imunes CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS AUTO-IMUNES sistêmicas: LES, artrite reumatoide órgão-específicas: tireoidite de Hashimoto, hepatite autoimune, Doença de Graves LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO doença inflamatória que acomete vários órgãos e sistemas caracterizada por exacerbações e remissões afeta predominantemente as mulheres (10-12 mulheres: 1 homem) variedade de autoanticorpos circulantes grande Lúpus eritematoso sistêmico Autoanticorpos no LES Não é para decorar!!! Lúpus na infância Associado a auto – anticorpos maternos que passam para o recém nascido. Manifestações cutâneas, hematológicas e cardíacas Mortalidade em 20-30% dos casos Patogenia do LES O LES é uma doença multifatorial Fatores genéticos: redução de CR1 e deficiência de C1q, C1r ou C2. Infecções: associação do LES com infecção pelo EBV Radiação ultravioleta Fatores hormonais (aumento da relação estrógeno/andrógeno). Complemento na solubilização dos IC Deposição de imunocomplexos A deficiência de componentes do complemento dificulta a solubilização e remoção de imunocomplexos Pacientes com LES têm vários auto anticorpos Imunocomplexos depositam em locais de grande turbulência (rins, vasos e articulações) Algumas manifestações clínicas do LES manifestações sistêmicas: fadiga, mal estar, febre, perda de peso, náusea musculoesqueléticas: artrite, artralgia, mialgia, - erosão óssea é rara cutâneas: erupção maculopapular em áreas expostas à luz, eritema “em asa de borboleta”, alopecia, fotossensibilidade). fotossensibilidade Lesões cutâneas no LES Eritema discoide Eritema em asa de borboleta Alopecia (queda de cabelo) Manifestações clínicas do LES renais: glomerulonefrite associadas à deposição de IC (hipersensibilidade do tipo III) neurológicas: psicose, depressão Síndrome de Sjogren: afeta até 30% dos pacientes com LES Síndrome de Sjögren Manifestações clínicas do LES vasculares: trombose em vasos de vários calibres, geralmente associadas a Ac anti-fosfolipídio sangramento associado à presença de Ac anti fator VIII da coagulação Diagnóstico do lúpus eritematoso sistêmico É feito pela combinação de sinais, sintomas e achados laboratoriais Devem estar presentes pelo menos 4 de 11 critérios em qualquer momento durante a evolução da doença DIAGNÓSTICO DE LES (ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE REUMATISMO) Achados laboratoriais em pacientes com LES Anemia normocrômica, normocítica (associada a mielossupressão), leucopenia, trombocitopenia Anemia hemolítica Exame de urina: hematúria, proteinúria, presença de cilindros renais dos testes de atividade inflamatória (velocidade de hemossedimentação e PCR) Achados laboratoriais Anticorpos antinucleares (ANA, FAN): feito por RIFI (e mais recentemente em microscópio comum) substrato: linhagem de células humanas (HEp2) Podem estar presentes em pacientes acima de 60 anos e em baixos títulos na mononucleose infecciosa e hepatite autoimune Padrões de anticorpos antinucleares (ANA, FAN) obtidos por imunofluorescência Nessa reação, podem ser padrões de reação dos heterogêneo, pontilhado Podem estar autoimunes presentes detectados vários Ac: homogêneo, em outras doenças Padrões encontrados na RIFI para pesquisa de Ac antinucleares Tratamento do LES depende do tipo de acometimento: artrite é o principal sintoma: aspirina em altas doses ou outro anti-inflamatório não esteroide pele: antimaláricos (hidroxicloroquina ou cloroquina) e corticosteroides tópicos doença sistêmica: antimaláricos doença grave: corticosteroides sistêmicos Artrite reumatoide doença inflamatória que afeta principalmente as articulações periféricas frequentemente verifica-se deformidade manifestações extra articulares: vasculite, nódulos subcutâneos, atrofia da pele e músculos afeta predominantemente as mulheres (3:1), mais frequentemente entre 40-60 anos No Brasil... Prevalência até 1% da população adulta Estimativa de 1.300.00 pessoas acometidas Patogenia imunológica Acometimento da membrana sinovial sinovite Patogenia imunológica doença resulta de resposta a um evento ambiental (infecção??) em indivíduo susceptível agentes infecciosos: EBV?? susceptibilidade relacionada à presença de alelos do HLA de classe II grande número de linfócitos T na membrana sinovial Patogenia imunológica envolvimento de macrófagos TNF-a e IL-1 metaloproteases destruição da cartilagem células B ativadas na sinóvia produção de fatores reumatoides IC (FR – IgG) amplificação do processo inflamatório neutrófilos na sinóvia prostaglandinas, EROs, proteases Manifestações idade: 40-60 anos de idade manifestações articulares: rigidez e dor articular que se agravam pela manhã (rigidez matinal) fase inicial: acometimento de pequenas articulações das mãos e pés, de forma simétrica estágios mais avançados: acometimento de grandes articulações, a coluna cervical pode estar afetada presença de deformidades articulares Manifestações articulares Não é para decorar!!!!!!!!!! Algumas manifestações extraarticulares nódulos reumatoides: 20-25% dos pacientes Vasculite Síndrome de Sjogren Achados laboratoriais anemia normocitica normocrômica, trombocitose, VHS elevado (doença ativa), elevação de proteínas de fase aguda: PCR, a2- macroglobulinas Aumento dos níveis do fator reumatoide sérico (80% dos pacientes) pode estar presente em várias outras doenças: LES, síndrome de Sjögren, hepatite C frequentemente está ausente nas fases iniciais da doença Achados laboratoriais presença de anticorpos antinucleares presença de anticorpos anti-CCP (peptídeo citrulinado cítrico): maior especificidade que o FR útil no diagnóstico de AR em pacientes com FR negativo presente em 70% dos pacientes com AR nas fases iniciais da doença prediz evolução mais agressiva da doença Diagnóstico da artrite reumatoide Critério American College of Rheumatology/European League Against Rheumatism - ACR/EULAR - 2010 Para diagnóstico de AR, é necessária uma pontuação ≥ 6 É importante o diagnóstico nos primeiros 12 meses de sintoma ⇨ janela de oportunidade terapêutica Nenhum teste isolado (laboratorial, de imagem ou histopatológico) confirma o diagnóstico Tratamento da AR Medicação analgésica: inchaço e dor articular Medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais: diclofenaco (Voltaren) Glicocorticoides em baixas doses Medicações modificadoras do curso da doença (DMCD): previnem destruição articular, são indicadas no início do tratamento Metotrexato: mais usado, melhor tolerado, fármaco padrão na AR Outras DMCD: hidroxicloroquina, azatioprina Tratamento da artrite reumatóide Corticosteroides: Uso crônico associado a diabetes, hipertensão, osteoporose, catarata, necrose avascular. Agentes biológicos: anticorpos anti-TNF ou antireceptor de TNF ou anti-IL-1 HUMIRA: Ac monoclonal anti-TNF-alfa usado em pacientes com AR de moderada a grave efeitos colaterais: infecções graves: tuberculose, infecções por bactérias e fungos câncer: linfoma Esclerose Múltipla Esclerose Múltipla Doença auto imune em que ocorre destruição da bainha de mielina que envolve os neurônios e dos oligodendrócitos (produtores de bainha de mielina) pico de início: 20-40 anos de idade, mulheres mais afetadas que homens; mais comum em caucasianos Bainha de mielina Transmissão do impulso nervoso Remielinização Epidemiologia Fatores genéticos: associação positiva entre EM e HLA – DR2 etnia EPIDEMIOLOGIA Fatores ambientais: Geográficos: gradiente norte-sul de distribuição, maior prevalência nas regiões mais distantes da linha do Equador Belo Horizonte: 18 casos/100.000 habitantes Fatores ambientais Clima: umidade e baixas temperaturas favorecem desenvolvimento de infecções respiratórias por vírus e bactérias agentes possivelmente envolvidos na EM: EBV, HTLV, vírus do sarampo, vírus da caxumba Condições socioeconômicas: mais frequente em indivíduos com boas condições Gestação: recidivas frequentes nos primeiros 6 meses pós-parto Quadro clínico caracterizado por surtos e remissões: surto: alterações neurológicas subjetivas ou evidências destas ao exame neurológico, com duração mínima de 24 h, na ausência de febre ou aumento de temperatura corporal remissão: resolução total ou parcial das alterações neurológicas causadas pelo surto, com duração mínima de 1 mês Sintomas iniciais da EM entorpecimento facial ou dos membros, desequilíbrio, perda visual unilateral ou bilateral (neurite óptica ou retrobulbar), visão dupla, fadiga e fraqueza podem ocorrer sintomas de disfunção urinária e intestinal, bem como comprometimento sexual Formas clínicas remitente-recorrente: surtos e remissões com recuperação integral inicialmente, forma mais frequente Formas clínicas secundariamente progressiva: inicialmente remitente-recorrente, algum tempo depois (510 anos) evolui de forma progressiva Formas clínicas primariamente progressiva: forma menos frequente, mais comum quando a EM inicia ao redor dos 40 anos de idade, desde o início evolui lenta e progressivamente, com surtos leves e melhoras fugazes Formas clínicas forma benigna: caracterizada por surto inicial e possivelmente apenas um surto adicional, que pode demorar 20 anos, recuperação total entre os episódios Diagnóstico estudo de potenciais evocados auditivos e visuais Diagnóstico exame do líquido céfalo-raquidiano (LCR): altos níveis de IgG, pleiocitose leve, presença de 2 ou mais bandas de IgG oligoclonal na eletroforese Diagnóstico ressonância magnética: presença de lesões (placas) na substância branca em 95% dos pacientes Tratamento Sintomático: alívio dos sintomas De surto: reduzir o tempo e gravidade dos surtos, evitando danos aos axônios corticosteroides: metilprednisolona Preventivo: drogas imunomoduladoras: redução do número de surtos, retardo na progressão da doença interferon beta 1a , interferon beta 1b , acetamato de glatirâmer Prognóstico Fatores que contribuem para um bom prognóstico: início em adulto jovem, surto inicial mono-sintomático, baixo índice de surtos nos primeiros 2 anos, intervalo longo entre os surtos, poucas alterações motoras, poucas alterações residuais após os surtos Onde estudar Imunologia Básica e Clínica – PEAKMAN E VERGANI, 2ª edição, 2011. Imunologia Clínica na Prática Médica – VOLTARELLI, DONADI, CARVALHO, ARRUDA, LOUZADA JR, SARTI, 1ª edição, 2008. Diagnóstico e Tratamento das Doenças Imunológicas – GELLER & SCHEINBERG, 1ª edição, 2005. (ver esclerose múltipla) Imunologia Médica - PARSLOW, 10a edição, 2004. (ver esclerose múltipla)