“JOANETES”/HALLUX VALGUS Os termos “joanete” e hallux valgus não são sinónimos, embora estejam frequentemente associados O hallux valgus define-se como um desvio lateral do dedo grande acompanhado do desvio medial do primeiro metatarso (ángulo metatarsofalángico >15º nos Rx AP do pé em carga). Tem uma clara prevalência no sexo feminino (9:1) O “joanete” geralmente está associado à deformidade anteriormente descrita (raramente aparece de forma isolada), sendo uma exostose ou proeminência óssea medial da cabeça do primeiro metatarso, denomidada bunion. A sua génese é multifactorial, mas é aceite que principal factor causal é o uso de calçado inapropriado (normalmente feminino) de biqueira estreita e com salto alto, num pé com formato egípcio (1º dedo mais comprido que o segundo). Outras causas seriam doenças inflamatórias crónicas (Artrite Reumatoide, Gota…), laxidez ligamentar, pé plano, patologias neuromusculares, desvio congénito do primeiro metatarso (metartarso primo varo) Egípcio Egípcio Quadrado o Quadrado Grego Grego O principal motivo de consulta do doente é a dor e a deformidade da primeira metatarsofalángica, o que provoca conflito com o calçado e bursites de repetição. Secundariamente observa-se com frequência deformidade em garra dos dedos (fundamentalmente do 2º, que é “empurrado” pelo dedo grande), metatarsalgias centrais por hiperpressão, e rigidez articular dolorosa (com ou sem artrose). José Muras, Daniel Soares Grupo do Pé e Tornozelo, CHP – HGSA, Porto, 2013 As considerações estéticas não devem ser tidas como um critério válido para operar estes doentes. Quando à deformidade se associa a dor, o tratamento é sempre cirúrgico. Os procedimentos mais frequentes são: Cirurgia de partes moles Deve ser considerado apenas como um procedimento acessório ou adjuvante, pois quando isolado a recidiva é uma constante. Reseção artroplástica (Operação de keller-Viladot) Actualmente é reservada a doente idosos e com baixa demanda funcional. Osteotomias metatarsianas e da falange proximal Recuperando a anatomia e respeitando a biomecânica da articulação. Actua-se na causa e na consequência. Correcção percutânea/Minimamente invasiva Técnica limitada para deformidades ligeiras/moderadas. Excelente recuperação dos doentes no posoperatório e bons resultados quando correctamente indicada. José Muras, Daniel Soares Grupo do Pé e Tornozelo, CHP – HGSA, Porto, 2013