ANDERSON NORIAKI TAKARA MELHORIA DE PROCESSOS EM UMA STARTUP DE ARTIGOS INFANTIS Trabalho de formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção São Paulo 2014 ANDERSON NORIAKI TAKARA MELHORIA DE PROCESSOS EM UMA STARTUP DE ARTIGOS INFANTIS Trabalho de formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Diploma de Engenheiro de Produção Orientador: Prof. Dr. Clovis Alvarenga Netto São Paulo 2014 FICHA CATALOGRÁFICA Takara, Anderson Noriaki Melhoria de processos em uma startup de artigos infantis / A.N. Takara. -- São Paulo, 2014. 118 p. Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Produção. 1.Gestão por processos 2.Serviços eletrônicos 3.Marketing na internet I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de Produção II.t. Dedico este trabalho à minha família e amigos. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais pelo apoio e incentivo aos estudos. Agradeço também aos meus irmãos que sempre estiveram presentes e me deram forças para continuar. À Escola Politécnica da Universidade de São Paulo por todo o conhecimento transmitido e oportunidades oferecidas. E em especial ao Professor Clovis Alvarenga Netto pela orientação durante o desenvolvimento deste trabalho. Agradeço também a todos os amigos que fizeram parte de minha vida acadêmica, batalhando juntos a cada semestre. Com vocês esta jornada foi mais enriquecedora e gratificante. Por fim, agradeço a todos os outros que me ajudaram e apoiaram em momentos de incerteza e fizeram dos momentos de alegria inesquecíveis. RESUMO O comércio online brasileiro vem crescendo a taxas impressionantes. Comparando o primeiro semestre de 2013 com o mesmo período de 2014, foi constatado um crescimento nominal de 26% em faturamento (E-bit, 2014). O número de consumidores online também teve um aumento expressivo de 27%. Este valor tende a crescer mais ainda devido à expansão das vendas dos aparelhos smartphones e tablets. De fato, as vendas por aparelho móveis cresceu 102% no mesmo período e vêm ditando uma tendência no mercado, a corrida dos grandes varejistas para investir no mercado online. O presente trabalho é fruto de um projeto realizado em uma startup que revende artigos infantis online. Recém criada e objetivando o crescimento acelerado para escalar o negócio rapidamente e se estabelecer no mercado, a empresa investiu em suas operações e no marketing digital. Entretanto, esta expansão ocorreu de forma desestruturada, ocasionando em processos ineficientes, retrabalhos e recorrência de falhas. Objetivando entender melhor os problemas enfrentados pela empresa para propor ações corretivas, este trabalho levanta métodos, ferramentas e conceitos presentes na literatura que auxiliam na aplicação dos princípios de Gestão por Processos e que possam ajudar a empresa a enfrentar os atuais problemas, permitindo manter o seu atual ritmo de crescimento e acompanhar a expansão do comércio eletrônico brasileiro. Palavras-chave: Gestão por Processo. Melhoria de Processos. Serviços Eletrônicos. Marketing na Internet. ABSTRACT The e-commerce industry in Brazil is growing rapidly. In terms of revenue, it increased 26 percent in the first half of 2014 (E-bit, 2014). The number of e-consumers also had a significant rise of 27 percent in the same period. It tends to grow even more due to the expansion of sales of smartphones and tablets devices. In fact, mobile device sales grew by 102% in the same period and are dictating a trend in the market: the rush of big retailers to invest in the online market. This work is the result of a project conducted in a startup that sells children's items online. Newly created and aiming to increase rapidly to scale the business quickly and settle in the market, the company invested in its operations and in digital marketing. However, this expansion occurred in an unstructured manner, resulting in inefficient processes, rework and recurrence of failures. To better understand the problems faced by the company and to propose corrective actions, this work raises methods, tools and concepts in the literature that assist in applying the principles of business process and can help the company address its current problems, enabling it to keep its current growth rate and follow the expansion of Brazilian e-commerce. Keywords: Business Process. Process Improvement. Online Service. Online Marketing. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Exemplos de Subcategorias por Categoria .............................................................. 24 Figura 2 - Estrutura da Empresa ............................................................................................... 29 Figura 3 - Estrutura do Departamento de Marketing ................................................................ 31 Figura 4 - Número de Consumidores e Faturamento ............................................................... 39 Figura 5 - Modelo de processo simplificado - PIER ................................................................ 46 Figura 6 - Formulário Básico FMEA ....................................................................................... 48 Figura 7 - Exemplos de critérios para determinação dos índices de ocorrência, de gravidade e de detecção ....................................................................................................................... 49 Figura 8 - Diagrama de causa e efeito ...................................................................................... 51 Figura 9 - Etapas da Metodologia............................................................................................. 53 Figura 10 - FC-P (fatores chave versus processos) .................................................................. 55 Figura 11 - Matriz B versus Q (impacto sobre negócio versus qualidade) .............................. 56 Figura 12 - Protocolo de entrevista para priorização dos processos ........................................ 57 Figura 13 - Protocolo de entrevista para mapeamento dos processos ...................................... 58 Figura 14 - Service blueprinting do processo de compra do cliente ........................................ 66 Figura 15 - Matriz fatores chave versus processos ................................................................... 68 Figura 16 - Matriz impacto sobre o negócio versus qualidade ................................................. 69 Figura 17 - PIER do Processo de Comprar Produtos ............................................................... 71 Figura 18 - Mapeamento do Processo de Comprar Produtos ................................................... 72 Figura 19 - PIER do Processo de Cadastrar Produtos .............................................................. 74 Figura 20 - Mapeamento do Processo de Cadastrar Produtos .................................................. 75 Figura 21 - PIER do Processo de Anunciar Produtos ............................................................... 76 Figura 22 - Mapeamento do Processo de Anunciar Produtos (Facebook/CRM/Display)........ 77 Figura 23 - Mapeamento do Processo de Anunciar Produtos (Buscadores) ............................ 78 Figura 24 - Mapeamento do Processo de Anúnciar Produtos (Comparadores de Preço) ......... 80 Figura 25 - Processo de Retirar Produtos com Baixo Desempenho nos Sites de Comparadores de Preço ............................................................................................................................ 80 Figura 26 - Processo de Remarcar Preço de Produtos com Baixo Desempenho Recorrente ... 81 Figura 27 - Identificação da Causa da Falta de Estoque de Top Seller .................................... 86 Figura 28 - Processo de Comprar Produto após Plano de Ação ............................................... 86 Figura 29 - PIER do Processo de Comprar Produtos após Plano de Ação ............................... 87 Figura 30 - Identificação da Causa da Não Atualização do Cadastro de Produto .................... 88 Figura 31 - PIER do Processo de Alterar Estrutura do Site...................................................... 89 Figura 32 - Identificação da Causa de Não Anunciar Novos Produtos .................................... 90 Figura 33 - Roteiro para Apresentação do Departamento Comercial ...................................... 92 Figura 34 - Roteiro para Apresentação do Departamento de Marketing .................................. 93 Figura 35 - Identificação da Causa de Não Anunciar as Campanhas Vigentes ....................... 96 Figura 36 - Proposta de Mudança na Estrutura do Departamento de Marketing ..................... 99 Figura 37 - Identificação da Causa de Não pausar campanhas de produtos sem estoque ...... 100 Figura 38 - PIER do Processo de Alterar Página de Destino de Categorias e Subcategorias 103 Figura 39 - Diagrama de Causa e Efeito Aplicado aos Efeitos de Falta de Padronização e Falha na Comunicação.................................................................................................... 104 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Principais Atividades do Canais de Marketing de Desempenho ............................. 36 Tabela 2 - Descrição dos processos principais ......................................................................... 65 Tabela 3 - Exemplos de Categoria e Subcategorias da Estrutura do Site ................................. 73 Tabela 4 - FMEA dos Processos Priorizados ........................................................................... 82 Tabela 5 - FMEA com Ações Recomendadas para as Falhas Priorizadas ............................... 84 Tabela 6- Modelo da Planilha Eletrônica Utilizada para Troca de Informações entre o Comercial e o Marketing (preenchimento do Comercial) ................................................ 94 Tabela 7 - Modelo da Planilha Eletrônica Utilizada para Troca de Informações entre o Comercial e o Marketing (preenchimento do Marketing) ................................................ 95 Tabela 8- Exemplo Adaptado da Lista de Campanhas ............................................................. 98 Tabela 9 - Exemplo de Alterações Ocorridas que Ocasionaram Falhas na Divulgação de Produtos e Categorias ..................................................................................................... 102 Tabela 10 - FMEA Completo dos Processos Priorizados....................................................... 108 Tabela 11 - Planilha Comercial e Marketing com Exemplos de Produtos Preenchidos ........ 113 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BI Business Intelligence CEO Chief Executive Officer CPC Custo por Clique CRM Customer Relationship Management CTR Click Through Rate FMEA Failure Mode and Effects Analysis MVP Minimum Viable Product NPR Número de Prioridade de Risco RH Recursos Humanos SEM Search Engine Marketing TI Tecnologia da Informação SUMÁRIO 1. 2. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 23 1.1. A Empresa e Definição do Problema ......................................................................... 23 1.2. Motivação e Relevância do Trabalho ........................................................................ 25 1.3. Objetivos .................................................................................................................... 25 1.4. Papel do Autor no Desenvolvimento do Trabalho ..................................................... 26 1.5. Estrutura do Trabalho ................................................................................................ 26 CONTEXTUALIZANDO O AMBIENTE DE E-COMMERCE ..................................... 29 2.1. 3. 4. Marketing ................................................................................................................... 30 2.1.1. Marketing de Criação ......................................................................................... 32 2.1.2. Marketing Social e Site ...................................................................................... 32 2.1.3. Marketing de Desempenho ................................................................................. 33 2.2. Planejamento .............................................................................................................. 35 2.3. Tecnologia da Informação ......................................................................................... 37 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 39 3.1. Cenário Brasileiro de e-commerce ............................................................................. 39 3.2. Lean Startup ............................................................................................................... 40 3.3. Processos .................................................................................................................... 41 3.4. Gestão por Processos ................................................................................................. 42 3.5. Mapeamento de Processos ......................................................................................... 44 3.6. FMEA de Processos ................................................................................................... 47 3.7. Identificação de Causas ............................................................................................. 50 METODOLOGIA ............................................................................................................. 53 4.1. Levantamento de Dados ............................................................................................. 53 4.2. Priorização dos Processos .......................................................................................... 54 5. 4.3. Mapeamento dos Processos Priorizados .................................................................... 57 4.4. Identificação das Falhas ............................................................................................. 57 4.5. Priorização de Falhas ................................................................................................. 59 4.6. Plano de Ação ............................................................................................................ 59 DESENVOLVIMENTO ................................................................................................... 61 5.1. Objetivos Estratégicos de Referência ........................................................................ 61 5.2. Fatores Chave ............................................................................................................ 62 5.3. Processos Prioritários ................................................................................................. 63 5.4. Mapeamento dos Processos Priorizados .................................................................... 70 5.4.1. Processo de Comprar Produtos ........................................................................... 71 5.4.2. Processo de Cadastrar Produtos .......................................................................... 73 5.4.3. Processo de Anunciar Produtos .......................................................................... 75 5.5. Priorização de Falhas ................................................................................................. 81 5.6. Plano de Ação ............................................................................................................ 83 6. RESULTADOS .............................................................................................................. 107 7. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 115 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 117 23 1. INTRODUÇÃO O comércio eletrônico brasileiro vem crescendo em níveis extraordinários. Enquanto que o PIB cresceu apenas 0,5% e o varejo tradicional 4% no primeiro semestre de 2014, comparando com igual período de 2013, o comércio online teve crescimento nominal de 26%, faturando R$16,06 bilhões no primeiro semestre de 2014 (E-bit, 2014). Este crescimento se deve a dois principais fatores: o aumento do número de consumidores online (27% de crescimento em relação ao primeiro semestre de 2013) e da frequência média de compra (aumento de 36%). Até o final de 2014, a quantidade de consumidores online deve ultrapassar 63 milhões. Ainda segundo o E-bit, outra tendência de mercado está em andamento, o crescimento de compras online através de dispositivos móveis, como smartphones e tablets. A participação de vendas de dispositivos móveis, do total do e-commerce, foi de 7% em Junho de 2014, um crescimento de 84% comparado ao mesmo mês do ano passado. O faturamento apresentou expansão mais expressiva, crescendo 102%, chegando a R$1,13 bilhão no primeiro semestre deste ano. Este cenário do comércio eletrônico brasileiro vem atraindo cada vez mais empresas para o mundo online, especialmente empresas que atuam em mercado de nicho. Este é o exemplo da empresa em estudo deste trabalho. No mercado há apenas alguns anos, vem acompanhando o ritmo acelerado de crescimento das vendas online, expandindo seus negócios mês a mês a passos largos. Nos tópicos seguintes, será apresentada a empresa em que o trabalho de formatura foi realizado e a definição do problema. Também será explicada a motivação e relevância do problema para a empresa estudada. Por fim, será descrito como o trabalho foi estruturado e o papel do autor no desenvolvimento deste projeto. 1.1. A Empresa e Definição do Problema O presente trabalho foi realizado em uma startup de e-commerce de artigos infantis. A startup revende produtos de artigos infantis (de recém nascidos a crianças de até 12 anos) e produtos para as mães e gestantes. Ou seja, a empresa compra os produtos de fornecedores e revende 24 em seu site. Explicando mais detalhadamente o portfólio da empresa, os produtos são divididos nas seguintes categorias: calçado, vestuário, acessório, brinquedo, móvel, decoração, bebê, mamãe e escolar. A Figura 1 mostra alguns exemplos de subcategorias. Categorias Subcategorias Categorias Subcategorias Calçados • Tênis • Sapato • Sapatênis • Sandália • Sapatilha • Chinelo Móvel • Cama • Cômoda • Berço • Poltrona • Luminária • Puff Vestuários • Camisa • Camiseta • Bermuda • Macacão • Saia • Calça Decoração • Abajur • Adesivo • Luminária • Cortina • Tapete • Porta Retrato Acessório • Cinto • Gorro • Luva • Bolsa • Relógio • Chapéu Bebê • Cadeira para Auto • Mamadeira • Carrinho de Bebê • Andador Brinquedo • Boneco • Boneca • Pelúcia • Bicicleta • Skate • Patinete Mamãe • Roupas • Auxílio Amamentação • Bolsa • Pijama • Lingerie Figura 1 - Exemplos de Subcategorias por Categoria Além destes produtos de revenda, a empresa também possui produtos de marca própria das categorias vestuários e calçados. Os produtos de marca própria são produzidos por uma empresa terceira, porém sua modelagem e design são feitos pela startup. A empresa começou suas operações em Novembro de 2011 e desde então vem crescendo rapidamente, sendo atualmente a líder de mercado no Brasil. A empresa apresenta como diferencial competitivo o maior sortimento das categorias de calçado e vestuário, além de ser a única do mercado a possuir marca própria. Por ser uma empresa recém criada e apresentar rápido crescimento, sua expansão ocorreu de forma desestruturada, não tendo havido tempo nem rigor para a padronização e criação de processos. Assim, a empresa também não possui nenhum artifício para identificação e rastreamento de falhas, nem para corrigi-las sistematicamente. Tal cenário é uma barreira para sustentar o atual ritmo de crescimento, prejudicando as operações e, consequentemente, a satisfação do cliente. 25 O problema a ser tratado por este trabalho é, portanto, solucionar falhas nos processos chave da empresa. 1.2. Motivação e Relevância do Trabalho Ao longo do estágio realizado na empresa em estudo, o autor percebeu algumas falhas internas de comunicação, gerando trabalho duplicado e anúncios de produtos que não seriam mais vendidos pela empresa, por exemplo. Também foi percebida a recorrência de falhas, pois tais erros não foram devidamente tratados. Estes foram somente alguns exemplos de falhas visíveis identificadas pelo autor. Devido a estas experiências, a exploração mais a fundo dos processos existentes na empresa, buscando não somente melhorar pontualmente os processos, mas também construir a base para a melhoria contínua dos processos, foi uma grande motivação. Adicionalmente, a empresa possui uma estratégia de expansão agressiva no setor, a fim de aumentar o market share e alcançar o breakeven, ponto no qual a empresa conseguirá se sustentar sozinha, sem o auxílio de recursos de investidores. Com a melhoria contínua dos processos, acredita-se que os objetivos estratégicos serão alcançados de modo sustentável e eficiente. Com este trabalho espera-se que os processos atuais sejam melhor estruturados, tornando-os mais eficientes e eficazes, seja através da maior agilidade em se executar uma atividade e/ou com menos recursos. Assim, é possível diminuir os custos dos processos e aumentar a qualidade do serviço prestado, tornando a atual estratégia de expansão e lucratividade viáveis. 1.3. Objetivos Diante do problema exposto, o objetivo inicial deste trabalho é levantar métodos, ferramentas e conceitos presentes na literatura que auxiliam a aplicação dos princípios de Gestão por Processos, visto que os problemas mencionados são reflexos de falta de controle e padronização de processos. Posteriormente, visa-se o entendimento da situação atual, a fim de compreender com maiores detalhes os problemas e processos a serem estudados. Será através de uma metodologia que une práticas e ferramentas reconhecidas no mundo acadêmico que as ações propostas serão 26 priorizadas. Esta priorização será feita de acordo com os objetivos estratégicos da empresa, identificando os principais gaps que impedem um melhor desempenho. Por fim, o trabalho tem como objetivo final trazer para a empresa alguns dos benefícios alcançados com a aplicação da gestão por processos, dentre eles o aumento da capacidade de monitorar o desempenho para rápida identificação de oportunidades, integração entre os funcionários de diferentes áreas e mudança da mentalidade para a abordagem de melhoria contínua. Todos estes benefícios adquiridos permitirão à empresa respostas rápidas para as mudanças de mercado, permitindo-a realizar seus objetivos organizacionais e melhorar sua imagem para os clientes. 1.4. Papel do Autor no Desenvolvimento do Trabalho O autor deste trabalho terá o papel de PMO do projeto de melhoria de processos da startup. Sendo assim responsável pelo levantamento dos dados, mapeamento dos processos, identificação dos módulos de falha, priorização das falhas a serem solucionadas e desenvolvimento do plano de ação para eliminação das falhas. A implementação será de responsabilidade do autor e dos responsáveis de cada área em que a proposta de melhoria for aplicada. 1.5. Estrutura do Trabalho O presente trabalho possui 7 capítulos. O primeiro capítulo teve como objetivo situar o leitor no atual panorama do comércio eletrônico e sua relevância nos dias atuais. O capítulo também introduziu a empresa em estudo, relevância e objetivos do trabalho. O segundo capítulo apresenta ao leitor as principais diferenças entre uma organização que atua no varejo tradicional de uma que atua exclusivamente no comércio eletrônico. O terceiro capítulo consiste no levantamento da bibliografia utilizada para o desenvolvimento do trabalho. A metodologia utilizada neste trabalho será apresentada no capítulo quatro, em que o passo a passo executado será explicado. 27 O desenvolvimento de campo do trabalho na empresa, seguindo a metodologia do trabalho, será apresentado no capítulo cinco. O capítulo seis será reservado para a apresentação dos resultados obtidos e, o capítulo sete, as conclusões do trabalho. 28 29 2. CONTEXTUALIZANDO O AMBIENTE DE E-COMMERCE Este capítulo tem como objetivo destacar as principais diferenças e semelhanças entre as áreas funcionais de um e-commerce em relação a uma empresa de varejo tradicional. Dentre as áreas com maiores diferenças, destacam-se o Marketing, Planejamento e Tecnologia da Informação. Ressalta-se que estes apontamentos foram feitos com base na estrutura da empresa em estudo, ou seja, as diferenças entre os departamentos podem variar de um ecommerce para outro. A Figura 2 mostra simplificadamente como a empresa está dividida atualmente, destacando os departamentos relevantes para o desenvolvimento deste trabalho. co-CEO Financeiro Contábil Planejamento Comercial Gerentes Comerciais Vestuário Móveis Calçados Acessórios Brinquedos co-CEO Marketing Desempenho Social e Site TI Criação RH Operações Centro de Distribuição SAC Cadastro Figura 2 - Estrutura da Empresa A empresa possui dois CEOs (chief executive officer). Cada CEO é responsável por gerenciar um conjunto de departamentos. Como podemos observar na Figura 2, os departamentos Financeiro, Contábil, Planejamento e Comercial respondem para o mesmo CEO. E os 30 departamentos de Marketing, Tecnologia da Informação (TI), Recursos Humanos (RH) e Operações para o segundo CEO. 2.1. Marketing Por ser uma empresa virtual, o marketing online é a principal ferramenta de divulgação de sua marca e de seus produtos. Na empresa estudada, o departamento de marketing é dividido em três subdepartamentos: marketing de criação, marketing de desempenho e marketing social e site. Além desses subdepartamentos, o marketing também possui a equipe de business intelligence (BI) que auxilia, principalmente, o marketing social e site para a divulgação de campanhas da empresa. As principais atividades do marketing estão listadas e sucintamente descritas a seguir: análise de mercado: estudo sobre o posicionamento dos concorrentes e tendências de mercado; análise das campanhas que estão online: entende-se por campanha todo material utilizado para a promoção de um dado produto ou categoria de produto, como por exemplo um banner (painel/imagem no topo da página do site) promovendo um carrinho de bebê. A análise consiste em verificar se a campanha está com desempenho bom, verificando alguns parâmetros, como taxa de conversão (quantidade de pedidos dividido por número de cliques na campanha), número de cliques, ticket médio do pedido, bounce rate (termo em inglês utilizado para indicar a taxa de clientes que clicaram na campanha, porém saiu do site após visualizar apenas uma única página), dentre outros parâmetros. A análise também tem como objetivo identificar potenciais campanhas a serem elaboradas; decisão sobre quais campanhas pausar e quais criar: após a análise das campanhas, deve-se tomar a decisão de manter a campanha ou pará-la. Esta decisão e a escolha de novas campanhas são baseadas na análise descrita no tópico anterior; elaboração de material para divulgação dos produtos: atividade atribuída à equipe de marketing de criação, que criará artes (imagens) para a divulgação dos produtos; gerenciamento de parceiros: os parceiros de marketing da empresa são blogs de terceiros; escrevem sobre os produtos vendidos pela empresa ou sobre a própria empresa; 31 criação de conteúdo para o site: o objetivo da criação de conteúdo para o site é de criar provas de que o site existe e de que seu conteúdo seja relevante nas ferramentas de busca da Internet, como o Google e Yahoo; análise dos atuais clientes: atividade atribuída principalmente ao CRM (customer relationship management). Esta atividade tem como objetivo entender os clientes da empresa, a fim de satisfazer suas necessidades através de um marketing eficiente e personalizado; desenvolvimento de novos projetos: por ser um ambiente muito dinâmico, a implementação de novos projetos é requisito para a empresa se manter líder no mercado brasileiro e continuar entregando valor ao cliente. A seguir será descrito cada um dos subdepartamentos. A Figura 3 apresenta esquematicamente como o departamento de marketing está estruturado. Marketing Social e Site • Site da Empresa • Página no Facebook • Instagram • Twitter • Google Plus • Blog da empresa Marketing de Criação • Elaboração de material para divulgação dos produtos e do site BI Figura 3 - Estrutura do Departamento de Marketing Marketing de Desempenho • CRM • SEM • Comparadores •Facebook • Display • Remarketing 32 2.1.1. Marketing de Criação A área de marketing de criação é responsável por desenvolver toda a parte gráfica do site, desde o detalhe do botão "Comprar" até a criação dos banners promocionais. Outra atividade deste subdepartamento é de criar material para divulgação dos produtos para os canais do marketing de desempenho. O material de divulgação é composto pela imagem do(s) produto(s), preço ou a vantagem da promoção (por exemplo, 20% de Desconto) e o logo da empresa. Este material é divulgado tanto na página da empresa, quanto nos demais canais. 2.1.2. Marketing Social e Site Esta área cuida das divulgações que envolvem mídias sociais e as campanhas feitas no próprio site. A equipe que desenvolve as campanhas que são divulgadas dentro do próprio site tem como responsabilidade criar e acompanhar o desempenho das campanhas do site. Essas campanhas são, por exemplo, promoções (Compre 3 e Leve 4), campanhas sazonais (Campanha do Dia das Crianças), campanhas de produtos específicos (Carrinho de Bebê com Desconto) e campanhas de categoria (Qualquer Móvel com até 30% de Desconto). Esta equipe de campanhas recebe o apoio da equipe de business intelligence, que é responsável por analisar o desempenho das campanhas em vigência e ações de concorrentes. Após fazer esta análise, a equipe de BI pode sugerir novas campanhas ou então pausar campanhas com baixo desempenho. A equipe que cuida de mídias sociais atua nas seguintes redes: Facebook, Instagram, Twitter, Google Plus e blogs parceiros. As principais atividades consistem em monitorar o que acontece no perfil da empresa em tais redes sociais, divulgar a marca da empresa e os produtos oferecidos, dando credibilidade e relevância ao site da empresa no ambiente virtual. Possuir credibilidade e relevância no ambiente virtual, seja nos sites de buscas como o Google e o Yahoo, seja em citações de outros sites, é de grande importância para o crescimento da empresa, pois aumenta a visibilidade e gera o marketing boca a boca. Esta credibilidade é alcançada com as atividades de desenvolvimento de conteúdo realizado no blog da empresa, nos blogs parceiros e no próprio site, a partir da elaboração de matérias relacionadas aos 33 produtos da loja, à vida de mãe, dicas de como cuidar de seus filhos, dentre outros assuntos relacionados ao público alvo da empresa. O objetivo do desenvolvimento de conteúdo é criar fatos e conteúdos relevantes sobre a empresa e seus produtos com o intuito de ser significante para as ferramentas de busca, que identificam o site como sendo confiável e relevante nas pesquisas feitas pelos internautas. Outro benefício de se ter conteúdo é de criar confiança nos consumidores, mostrando que a loja virtual existe. 2.1.3. Marketing de Desempenho Em marketing de desempenho encontramos os seguintes canais: CRM, SEM (search engine marketing) ou Buscadores, Comparadores de Preço, Facebook, Displays e Remarketing. Todos estes canais estão no subdepartamento de marketing de desempenho, pois apresentam metas e indicadores de desempenho atrelados aos seus resultados. CRM O CRM (customer relationship management) é responsável por analisar, tanto a base de clientes que já efetuaram alguma compra no site, como também a base de emails de potenciais clientes que se cadastraram para receber emails de novidades e promoções. O objetivo é segmentar tais clientes a fim de entender suas necessidades e criar campanhas personalizadas e mais eficientes. Este canal apresenta metas de receita e ativação de novos clientes (fazer com que as pessoas que apenas se cadastraram para receber notificações façam sua primeira compra no site). SEM ou Buscadores O canal SEM engloba os sites de busca, porém o mais relevante é o Google, que representa quase a totalidade das visitas vindas deste canal. Os anúncios feitos no Google são os chamados links patrocinados. Esses links são os primeiros resultados que aparecem nas buscas do Google e são pagos por clique para estarem lá. A definição da posição em que um anúncio aparece dependerá de seu quality score (nota atribuída de 1 a 10, sendo 10 a melhor nota) calculado pelo Google. Dentre as variáveis que compõem o quality score, o Google divulgou: 34 a relevância do anúncio (quão relevante é o texto do anúncio para a busca feita), a qualidade da página de destino (o grau de relevância, transparência e facilidade de navegação da página de destino), o clique por impressão (CTR - click through rate) prevista para o anúncio (quanto maior melhor) e o máximo custo por clique (CPC - cost per click). Portanto, para que um anúncio seja o primeiro a ser exibido nas buscas, este deve ter o maior quality score dentre os anúncios relacionados à busca efetuada. Assim, o preço oferecido pelo clique não é o único fator que influencia na posição do anúncio. Isso faz sentido, pois, para o Google, o objetivo é entregar à pessoa que está fazendo a busca os anúncios e links relevantes relacionados ao que foi procurado. Assim, o objetivo do SEM é criar anúncios com quality score elevados, a fim de garantir que estes sejam impressos entre as primeiras posições, porém com os custos reduzidos. As metas deste canal têm como componentes as receitas, custos, quantidade de transações efetuadas, margem e quantidade de novos clientes. Comparadores de Preço Comparador de preço é uma ferramenta que permite consultar e comparar preços, produtos e lojas em um único ambiente virtual, permitindo ao usuário economizar tempo e dinheiro. Por ser um serviço prático e amplamente utilizado, a empresa decidiu também por anunciar seus produtos nos comparadores de preço, sendo o mais significativo o Buscapé. O objetivo deste canal é anunciar os produtos com preços promocionais da loja, a fim de atrair os consumidores que estão buscando por preços mais baixos. O modelo de cobrança dos comparadores de preço é por clique que o produto teve no site deles. A meta deste canal é composta pelas receitas, custos, número de transações efetuadas e quantidade de novos clientes. Facebook Além de ser uma rede social, o Facebook também é um canal para divulgação dos produtos oferecidos pela empresa através do posts patrocinados e anúncios laterais. Os post patrocinados aparecem na linha do tempo do usuário e os anúncios na lateral esquerda da 35 linha do tempo. Tais materiais são impressos na tela do usuário sem que estes tenham, necessariamente, "curtido" a página do Facebook da empresa. Estes posts e anúncios são cobrados por mil impressões, independentemente se estes foram clicados ou não. As metas são baseadas nos mesmos parâmetros do SEM. Displays Os displays são anúncios gráficos feitos em diversos websites, podendo aparecer em qualquer local da tela e ter diversas dimensões. Normalmente os displays são anunciados em sites de grande circulação, como o Yahoo e Globo.com. Também são contratados displays do Google, que são impressos em sua rede de displays (constituído por diversos sites em que o Google imprime o anúncio gráfico). O modelo de display é cobrado por mil impressões. As metas deste canal são compostas pela taxa de conversão, alcance (número de novos usuários que visualizaram o display) e quantidade de novos clientes. Remarketing Por fim, o canal remarketing é um serviço prestado por terceiros. O remarketing acontece após o usuário visitar o site da empresa e se interessar por um produto (clicar no produto e/ou colocá-lo no carrinho de compras). Se este usuário não finalizou a compra, será alvo de anúncios que aparecerão na sua tela ao navegar pela Internet, relembrando-o do produto de interesse. Os terceiros gerenciam este canal e são contratados pagando pelo clique ou pela quantidade de transações efetuadas. As metas são baseadas em receita, custo e margem. Na Tabela 1 estão listadas as principais atividades dos canais de marketing de desempenho. 2.2. Planejamento O Planejamento é responsável por fazer o planejamento de curto e médio prazo. O planejamento de curto prazo consiste em analisar produtos cujo desempenho está abaixo do esperado (vendas baixas, margem baixa, estoque alto, custos altos) e tomar decisões para melhorar seu desempenho. O planejamento de médio prazo tem como uma das suas principais atividades definir o orçamento de compras para cada categoria nos próximos quatro meses. 36 Tabela 1 - Principais Atividades do Canais de Marketing de Desempenho Canal Principais Atividades Analisar base de clientes e potenciais clientes CRM Segmentar os clientes Ativar os potenciais clientes Melhorar continuamente quality score Analisar campanhas atuais SEM Criar novas campanhas Pausar campanhas com baixo desempenho Selecionar produtos com preço promocioal Comparadores de Preço Retirar produtos com baixo desempenho Selecionar produtos para colocar nas campanhas Facebook Monitorar campanhas Selecionar produtos para colocar nas campanhas Displays Monitorar campanhas Gerenciar parceiros Remarketing Selecionar categoria de produto que terão remarketing Apesar deste departamento não apresentar diferenças significativas com departamentos semelhantes em empresas de varejo convencional, a natureza dos dados que este departamento analisa no ambiente virtual é bem distinto. Por exemplo, uma das variáveis utilizadas pelo Planejamento para decidir quais produtos comprar é a quantidade de cliques que um produto teve. As principais atividades do departamento de Planejamento foram listadas a seguir: análise do desempenho dos produtos: verificar os níveis de estoque, margem bruta, giro de estoque, custo de frete a nível de produto; análise do desempenho da subcategoria: verificar os níveis de estoque, margem bruta, giro de estoque, custo de frete a nível de subcategoria; análise do desempenho da categoria: verificar os níveis de estoque, margem bruta, giro de estoque, custo de frete a nível de categoria; análise do desempenho das páginas do site da empresa: avaliar o desempenho das páginas de subcategoria e produto, usando como métricas receita, custo, visualizações, cliques, quantidade de produtos visíveis, facilidade de navegação, variedade de 37 produto, grade de produto e taxa de conversão (quantidade de transação/número de visualizações); orçamento de compras por categoria: definir a quantia em dinheiro de quanto comprar por categoria; identificação de produtos best seller: identificar os produtos que tem alto giro de estoque e margem bruta alta, a fim de garantir níveis adequados de estoque; análise do frete de entrega: avaliar o resultado (receita - custos) de frete dos pedidos, avaliando se a tabela de frete deve ser alterada; acompanhamento da margem bruta por categoria: para garantir que os produtos comercializados estejam trazendo lucro para a empresa. 2.3. Tecnologia da Informação O departamento de Tecnologia da Informação (TI) tem papel fundamental na empresa, já que o seu modelo de negócio é completamente baseado no ambiente virtual, oferecendo todos seus produtos através de um site (cliente externo). A TI também possui papel fundamental para os clientes internos (demais departamentos), pois é a responsável por manter todos os sistemas funcionando, tais como o acesso ao banco de dados (histórico de vendas, quantidade de produto em estoque, informações sobre os produtos), que são utilizados como apoio para tomada de decisões tanto no nível estratégico quanto no tático e operacional. A TI também é responsável pelo desenvolvimento e aprimoramento de novas ferramentas e programas utilizados para tornar a empresa mais eficiente e competitiva. Por exemplo, o departamento de TI desenvolveu o aplicativo da empresa, em que é possível navegar pela loja virtual e efetuar a compra. A empresa foi a primeiro do setor a lançar o aplicativo para os dois principais sistemas operacionais do mercado de celulares (iOS e Android). 38 39 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo será feita a revisão bibliográfica, descrevendo os principais conceitos e métodos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho. 3.1. Cenário Brasileiro de e-commerce O comércio eletrônico brasileiro vem crescendo em níveis extraordinários. Enquanto que o varejo tradicional cresceu apenas 4% no primeiro semestre de 2014, comparando com igual período de 2013, o comércio online teve crescimento nominal de 26%, faturando R$ 16,06 bilhões no primeiro semestre de 2014 (E-bit). Este crescimento se deve a dois principais fatores: o aumento do número de consumidores online (27% de crescimento em relação ao primeiro semestre de 2013) e da frequência média de compra (aumento de 36%). Até o final de 2014, a quantidade de consumidores online deve ultrapassar 63 milhões. A Figura 4 ilustra o número de consumidores e o faturamento no e-commerce ao longo dos últimos seis anos. 40 Faturamento (em bilhões R$) 84 35 35 Número de consumidores (em milhões) 74 27,7 30 63 64 25 22,5 54 51,3 18,7 14,8 44 20 42,2 15 10,6 32 34 10 23,4 24 5 17,6 14 0 2009 2010 2011 2012 2013 Figura 4 - Número de Consumidores e Faturamento (Fonte: E-bit, 2014) 2014 (Estimativa) 40 Ainda segundo o E-bit, outra tendência de mercado está em andamento, o crescimento de compras online através de dispositivos móveis, como smartphones e tablets. A participação de vendas de dispositivos móveis, do total do e-commerce, foi de 7% em Junho de 2014, um crescimento de 84% comparado ao mesmo mês do ano passado. O faturamento apresentou expansão mais expressiva, crescendo 102%, chegando a R$ 1,13 bilhão no primeiro semestre deste ano. Este cenário do comércio eletrônico brasileiro vem atraindo cada vez mais empresas para o mundo online, especialmente empresas que atuam em mercado de nicho. Este é o exemplo da empresa em estudo deste trabalho. No mercado há apenas três anos, vem acompanhando o ritmo acelerado de crescimento das vendas online, expandindo seus negócios rapidamente. 3.2. Lean Startup Startups são organizações recém criadas por empreendedores para lançar um novo produto ou modelo de negócio (Eisenmann, 2011). Os fundadores de tais negócios encontram grandes incertezas tanto em relação à demanda para o novo produto, quanto para os recursos necessários para manter o negócio. Quando uma empresa já está estabelecida no mercado e possui recursos financeiros, ela gerencia as incertezas do lançamento de um novo produto através da diversificação do portfólio, mitigando os riscos de um novo produto falhar. Quando se trata de uma startup, em que os recursos financeiros são escassos, segundo Eisenmann (2011), deve-se utilizar outras técnicas para gerenciar tais incertezas: experimentação, estágios (staging) e transferência de riscos para parceiros. Eisenmann (2011) propõe uma metodologia baseada nestas três técnicas, a chamada lean startup, que, primeiramente, valida se o produto ou o modelo de negócio oferecido pela empresa obterá sucesso no mercado, através de testes de hipóteses, em relação ao cliente, ao produto e à proposta de valor da empresa. Após esta validação, a empresa pode então lançar o produto ou o modelo de negócio e comercializá-lo em grande escala, diminuindo os riscos. A validação é extremamente importante pois evita, por exemplo, da empresa investir recursos em um produto para o qual não haverá demanda ou então lançar um produto com funcionalidades além do que o cliente necessita. A validação das hipóteses é feita através do 41 produto mínimo viável (MVP - minimum viable produtc). O MVP representa a configuração mínima do produto e das atividades necessária para produzi-lo que permitem validar as hipóteses. Se o empreendedor consegue validar as principais hipóteses do novo negócio, então a empresa encontrou o produto certo para o mercado, ou seja, o produto mostrou que há demanda nos early adopters e possui um sólido potencial de lucros futuramente. Após esta validação, Eisenmann (2011) propõe a rápida expansão do negócio, investindo agressivamente na aquisição de novos clientes e na infraestrutura e capital humano da empresa. Eisenmann (2011) ainda adverte que o empreendedor deve constantemente testar as hipóteses, a fim de estar sempre otimizando o modelo de negócio, melhorando-o continuamente. A empresa em estudo utilizou estas recomendações para o seu desenvolvimento e posterior expansão. Portanto, após validar a viabilidade do negócio, os executivos da empresa decidiram investir agressivamente na expansão da empresa para adquirir novos clientes e se estabelecer no mercado. Para a expansão, a empresa investiu em tecnologia, centro de distribuição e capital humano. 3.3. Processos Davenport (1994, p. 6-7), define um processo como sendo "um conjunto de atividades estruturadas e medidas destinadas a resultar num produto especificado para um determinado cliente ou mercado [...], com um começo, um fim, e inputs e outputs claramente identificados". Em outras palavras, um processo apresenta entradas e saídas bem definidas, com começo e fim, assim como um indicador de desempenho atrelado ao processo e um cliente determinado. Este mesmo autor adiciona que os "processos podem ser medidos em termos do tempo e do custo de sua execução. Seus outputs e inputs podem ser avaliados em termos de utilidade, coerência, variabilidade, ausência de defeitos e numerosos outros fatores" (Davenport, 1994, p. 8). Reforçando, portanto, que o desempenho dos processos pode ser medido e sua qualidade controlada, obtendo saídas com valor agregado aos clientes de destino. 42 3.4. Gestão por Processos A Gestão por Processo ganhou muita importância, pois possibilita que a empresa alcance seus resultados de forma eficiente e eficaz. Tal eficiência é alcançada através da orientação pela melhoria contínua dos processos, resultado de projetos de renovação de processos com ciclos de revisão, a partir de estudos minucioso das atividades, entendendo, examinando e contestando os processos atuais e propondo melhorias. A eficácia se dá pelo foco no cliente que o modelo propõe. A utilização de processos bem estruturados permite a padronização das atividades e maior controle sobre o resultado final, permitindo maior previsibilidade e controle da qualidade dos produtos e serviços oferecidos aos clientes. Além disso, os processos permitem que o conhecimento seja absorvido pela organização, mitigando os riscos de se perder o conhecimento tácito das pessoas quando estas saírem da empresa. Hammer e Champy (1994) evidenciaram que os processos são elementos essenciais para a execução da estratégia organizacional e, sua gestão, de grande importância. Porém, tal abordagem sugeria mudanças drásticas e radicais nas organizações, defendendo que somente o novo e melhorado processo seria capaz de trazer melhorias de grande escala para a empresa. Devido aos grandes riscos de se utilizar esta abordagem, diversos autores sugeriram uma abordagem em que as mudanças nos processos sejam propostas de forma gradual, mitigando os riscos de insucesso e resistência das pessoas (CARRARA E PESSÔA, 2009). A Gestão por Processos surgiu, portanto, atendendo à abordagem de mudanças graduais. Entretanto, não se eliminou a possibilidade de mudanças por ruptura de processos, apenas esta é considerada em casos que o ambiente externo exija tal ação. Portanto, a Gestão por Processos engloba tanto mudanças radicais quanto melhorias contínuas nos processos. Como qualquer processo, a Gestão por Processos requer liderança e orientação, além de outros habilitadores, como a Tecnologia da Informação, Filosofia da Qualidade e Recursos Humanos, como proposto por Alvarenga-Netto (2006, p.27): Gestão por processos é o enfoque sistêmico de projetar e melhorar continuamente os processos organizacionais, por pessoas potencializadas e trabalhando em equipe, combinando capacidades tecnológicas emergentes e sob uma postura filosófica para a qualidade, objetivando a entrega de valor ao cliente. 43 Alvarenga-Netto (2006, p.27) ainda lista os objetivos da Gestão por Processo: aumentar o valor do produto/serviço na percepção do cliente; aumentar a competitividade, deslocando a concorrência via formas e condições inovadoras de negócios; atuar segundo a(s) estratégia(s) competitiva(s) considerada(s) mais relevante(s): custos, qualidade, confiabilidade de entregas, velocidade de fluxo, flexibilidade e/ou outras que agreguem valor ao cliente; aumentar sensivelmente a produtividade, com eficiência e eficácia; simplificar processos, condensando e/ou eliminando atividades que não acrescentem valor ao cliente. Enoki (2006) lista alguns benefícios que podem ser alcançados ao se implementar de forma eficaz a Gestão por Processos: integração dos fatores envolvidos em um processo (pessoas, tecnologia, equipamento) de forma a garantir compatibilidade; reação rápida a mudanças do mercado; rápido desenvolvimento de novos negócios; fácil integração com processos terceirizados; criação de pontos de contato simplificados para determinado processo e possibilidade de rastreamento de responsabilidades ao longo do processo; aumento da capacidade de monitorar o desempenho; eliminação de gargalos nos processos e garantia de que as atividades estão sendo finalizadas; monitoramento do status de todos os processos, inclusive avaliar se as atividades estão aderente aos padrões, políticas e procedimentos estabelecidos; integração de funcionários de diferentes unidades e locais; oportunidades de automatização de atividades e eliminação de redundâncias; identificação de atividades que não agregam valor; aumento da produtividade através da avaliação de tempos e custos gastos nos processos; mudança da mentalidade para a abordagem de melhoria contínua; melhoria da imagem da empresa para os clientes; 44 alcançar os objetivos estratégicos organizacionais com transparência. Para que tais benefícios sejam alcançados, a organização deve identificar os processos chave, aqueles que efetivamente agregam valor para o cliente. Alguns princípios de Gestão por Processos foram enumerados por Alvarenga-Netto (2006, p. 27-28): organizar em função das saídas, não das tarefas; deixar aqueles que usam as saídas do processo executarem o processo; embutir o trabalho de processamento da informação no trabalho que produz a informação; tratar recursos dispersos geograficamente como se eles estivessem centralizados; ligar atividades paralelas, em vez de integrar seus resultados; colocar o ponto de decisão onde o trabalho é realizado e embutir o controle no processo; obter a informação uma única vez, na fonte; tomar um enfoque sistêmico dos processos; criar responsáveis (ou líderes, ou donos, ou tutores, ou gestores) dos processos. 3.5. Mapeamento de Processos O mapeamento dos processos é uma etapa relevante do trabalho, pois este facilita o trabalho de onde e como atuar para propor melhorias, tanto na eliminação de atividades que não agregam valor, quanto na simplificação de processos. O mapeamento também facilita a visualização do processo como um todo, ajudando na identificação de atividades que envolvem mais do que uma área para serem executadas, abrindo oportunidades para identificar se o processo está bem definido e se possui atividades que não geram valor. Dentre os diversos métodos de mapeamento de processos existentes na literatura, este trabalho utilizará o fluxograma para mapear os processos internos da empresa, em que não há interação com o cliente, e o service blueprinting. Para Kingman-Brundage et al. (1995), produzir um serviço que satisfaça as necessidades do cliente requer trabalho em equipe e o alinhamento entre o conceito do serviço e a lógica do 45 cliente, dos funcionários e da operação. E somente quando estas três lógicas estiverem alinhadas e congruentes com o serviço oferecido que a empresa gerará valor para o cliente e possivelmente lucrará com suas atividades. Assim, para garantir que o serviço desenvolvido pela empresa trará retorno, KingmanBrundage et al. (1995) propõem um modelo (service logic) que tem como objetivo identificar incongruências e desalinhamentos entre estas três lógicas e o serviço oferecido. Para identificar tais incongruências e desalinhamentos, Kingman-Brundage et al. (1995) recomendam a utilização do service blueprinting como forma de mapear o serviço. O service blueprinting é uma técnica utilizada para mapear processos em serviços. O diferencial desta ferramenta das outras utilizadas para o mapeamento de processos é que esta é orientada pelo cliente. Assim, o service blueprinting analisa o processo de serviço na perspectiva do cliente, incluindo formas de visualizar a interação do cliente com o serviço, possibilitando, portanto, identificar as interfaces entre o cliente e a empresa, averiguando incongruências e desalinhamentos. Este modelo de análise tem como principal benefício a facilidade de entender e identificar as atividades que são essenciais para o serviço, visando sempre melhorar o processo de forma a agregar valor para o cliente. Além disso, esta técnica mapeia os processos de suporte que ajudam na execução das atividades, explorando, portanto, todas as atividades envolvidas na execução do processo. A proposta do service blueprinting é mapear não somente os processos, mas também as interações entre o cliente e a empresa, desde evidências físicas e ações executadas pelo cliente. Shostack (1984) enfatiza a importância de se analisar as evidências tangíveis, pois os clientes tendem a julgar a qualidade do serviço através de evidências físicas que a empresa apresenta ao prestar o serviço. Este método também mapeia as atividades que dão suporte ao processo, distinguindo também as ações dos funcionários de linha de frente dos de retaguarda. No presente trabalho, o service blueprinting será utilizado no mapeamento dos processos, para uma visualização geral dos processos existentes na empresa, e também para o mapeamento detalhado de alguns processos priorizados, em que será feito um desdobramento minucioso das atividades e departamentos envolvidos. Vale ressaltar que esse mapeamento é fundamental para identificar onde e como fazer uma melhoria, focando na geração de valor para o cliente. 46 No entanto, mapear processo não é uma tarefa fácil, mesmo fazendo uso de metodologias como o fluxograma ou o service blueprinting. Como auxílio para a modelagem de processos, Alvarenga-Netto (2004) propõe duas técnicas que ajudam no entendimento do processo, a partir de uma representação visual de todos os elementos que fazem parte do processo, limitando o escopo. Essas técnicas são o BARCO e o PIER. O BARCO é uma representação completa dos elementos que compõem os processos, sendo recomendado seu uso na fase de planejamento. O PIER é recomendado para a fase de implementação de projetos, pois este é um modelo simplificado da modelagem de processos. No presente trabalho, será utilizada a técnica PIER para auxiliar o mapeamento dos processos priorizados, levantando todos os elementos que fazem parte do processo: Fase anterior e Entradas, Procedimentos, Indicadores, Equipamentos, Recursos humanos e Fase posterior e Saídas. A Figura 5 representa o modelo PIER. • Procedimentos • Instruções de trabalho • Especificações • Documentos utilizados Procedimentos Fase Anterior • Fornecedor interno • Processo • Departamento • Indicadores de desempenho • Objetivos • Metas Indicadores Processo Entradas Saídas • Verbo + objeto • Materiais • Insumos • Transformáveis • Produtos • Bens • Serviços • Resultados Equipamentos • Máquinas • Dispositivos • Recursos não transformáveis Recursos Humanos • Pessoas • Colaboradores • Equipes Figura 5 - Modelo de processo simplificado - PIER (Fonte: Alvarenga-Netto, 2004) Fase Posterior • Cliente interno • Processo • Departamento 47 3.6. FMEA de Processos O mapeamento dos processos permite uma visão ampla dos processos da empresa, sendo possível identificar as relações entre as atividades, sua sequência e interfaces com outros processos. O mapeamento auxilia, portanto, o gestor a identificar potenciais falhas nos processos através da sequência de atividades ilustrada no mapeamento. Como complemento desta análise, o FMEA de processos formaliza os passos de identificação e priorização de ações para reduzir a probabilidade de uma falha ocorrer. FMEA vem da abreviação em inglês de análise dos modos e efeitos de falhas (Failure Mode and Effects Analysis) e é um método sistemático para identificar potenciais falhas de um sistema, projeto ou processo. Os objetivos desta metodologia é identificar as falhas críticas em cada componente/processos, hierarquizar as falhas e analisar a confiabilidade do sistema (Helman, 1995). A FMEA é utilizada para encontrar todos os possíveis modos de falhas e determinar o efeito de cada uma sobre o desempenho do sistema, produto ou processo. O uso eficiente e consistente deste método permite que os problemas não identificados previamente tenham suas variáveis controladas e, assim, executar um plano de ação preventivo ou corretivo. Helman (1995) apresenta como aplicações do FMEA: melhoria de produtos ou processos já existentes, através da identificação das causas das falhas ocorridas e seu posterior bloqueio; detecção e bloqueio das causas de falhas potenciais (antes que aconteçam) em produtos ou processos já existentes; detecção e bloqueio das causas de falhas potenciais (antes que aconteçam) em produtos ou processos, ainda na fase de desenvolvimento. É recomendável a utilização deste método em trabalhos desenvolvidos em grupo, pois a participação de especialistas envolvidos nos processos estudados com certeza trará informações valiosas e descrições mais detalhadas das atividades, aumentando o escopo e profundidade da análise. A análise é feita basicamente com o auxílio de uma tabela em que são registradas todas as falhas e seus respectivos elementos, sintetizados no formulário ilustrado na Figura 6. NPR Detecção Resultado das Ações Ocorrência Ações Tomadas Gravidade Ações Recomendadas Responsável e Prazo Controles Atuais do Processo NPR Causa(s) e Mecanismo(s) Potencial(is) Índice de Detecção Efeito(s) Potencial(is) da Falha Índice de Ocorrência Função do Modo de Processo Falha Potencial Índice de Gravidade 48 Figura 6 - Formulário Básico FMEA (Fonte: Helman, 1995) A seguir encontra-se uma breve descrição de cada campo a ser preenchido no formulário básico FMEA: Função do Processo: descrição sucinta da etapa do processo em análise, o propósito do processo; Modo de Falha Potencial: é uma não-conformidade na operação, eventos que levam associados a eles uma diminuição da função do processo. Deve-se considerar todos os potenciais modos de falha que possam ocorrer; Efeito(s) Potencial(is) de Falha: é a consequência caso a falha ocorra e não foi feito um trabalho de correção. O cliente é impactado devido à falha. O cliente pode ser tanto o cliente final, quanto o cliente da próxima etapa do processo; Índice de Gravidade: este índice avalia a gravidade do efeito da falha sob a ótica do cliente. A pontuação vai de 1 - falha imperceptível - a 5 - falha compromete o desempenho do produto, serviço ou processo. Ver Figura 7; Causa(s) e Mecanismo(s) Potencial(is): esta coluna identifica a(s) causa(s) da falha, eventos que geram, provocam ou induzem o aparecimento da falha. Ter em mente que uma única causa pode provocar diferentes falhas, assim como uma falha pode ser resultado de uma combinação de causas; Índice de Ocorrência: é a chance de uma falha ocorrer caso a causa ocorra. Seu valor também varia entre 1 - baixa probabilidade - e 5 - alta probabilidade. Ver Figura 7; Controles Atuais do Processo: são as ferramentas utilizadas atualmente para detectar a falha, a presença da(s) causa(s) da falha e para prevenir a ocorrência do modo de falha; 49 Índice de Detecção: busca avaliar a probabilidade dos Controles Atuais do Processo de conseguirem eliminar a falha antes que chegue ao cliente. Para determiná-lo, devemos assumir que a falha ocorreu e depois analisar quão eficientes os Controles são. Este índice também varia de 1 - alta probabilidade de detecção - a 5 - baixa probabilidade de detecção. Ver Figura 7. Valor 1 2 3 4 5 Probabilidade Gravidade de Ocorrência Remota Apenas perceptível Pequena Pouca Importância Moderada Moderadamente grave Alta Grave Muito alta Extremamanete grave Probabilidade de Detecção Muito alta Alta Moderada Pequena Remota Figura 7 - Exemplos de critérios para determinação dos índices de ocorrência, de gravidade e de detecção (Fonte: Adaptado de Rotondaro, 2006) Número de Prioridade de Risco (NPR): é obtido a partir da multiplicação dos três indicadores apresentados anteriormente: É o indicador geral da importância da falha e serve como um instrumento de priorização das ações que devem ser desenvolvidas para eliminar ou minimizar tais falhas priorizadas. Ações Recomendadas: neste campo, deve-se registrar as ações corretivas propostas pelo grupo para as falhas com NPR "elevado". Não existe um valor referencial teórico limite para priorização das falhas, pois o NPR vai depender muito do processo analisado em questão e da equipe de trabalho. Recomenda-se atuar nas falhas com os maiores NPR e selecionar o maior número possível de falhas de acordo com a disponibilidade de recursos. Responsável e Prazo: atribuição de responsável e prazo de entrega das ações recomendadas, a fim de garantir que os planos de ação sejam implementados. 50 Também recomenda-se a utilização de um sistema de acompanhamento dos status das ações. Ações Tomadas: registro das ações efetivamente adotadas e implementadas. Resultado das Ações: utilizado como mecanismo de reavaliação das falhas analisadas. É calculado após a implementação efetiva das ações corretivas. No presente trabalho, a FMEA será utilizada para a melhoria de processos já existentes, atuando na detecção e bloqueio de causas de falhas potenciais. Entretanto, esta ferramenta também pode ser utilizada em processos ainda em sua fase de projeto. 3.7. Identificação de Causas Identificar corretamente as falhas e suas causas raiz é uma atividade de extrema importância ao desenvolver um trabalho de melhoria de processos. Para que tal atividade seja cumprida com sucesso, ou seja, identificando todas as falhas possíveis e suas correspondentes causas raiz, serão utilizadas neste trabalho duas ferramentas: o Método dos 5 Por quês e o Diagrama de Causa e Efeito. O Método dos 5 Por quês foi criado para identificar a causa raiz de determinado problema ou falha. Esta técnica consiste em se perguntar repetidamente "por que" o problema ou a falha aconteceu, até encontrar a causa raiz. A cada "por que" respondido, mais próximo se está da causa que originou o problema. O Diagrama de Causa e Efeito é uma ferramenta designada para ilustrar as relações existentes entre um dado efeito ou problema resultado de um processo e os fatores responsáveis (causas) por influenciar tal resultado (Kume, 1995). O efeito ou o problema em análise é o que se deseja entender com maior nível de detalhe para ser eliminado. Este diagrama é um instrumento que ajuda a aprofundar o conhecimento sobre o problema, aumentando as chances de atuar corretamente nas suas principais causas. Esta ferramenta é usualmente utilizada em equipe, aumentando o seu potencial. O primeiro passo para sua elaboração é a definição do efeito ou problema a ser considerado. A seguir, são definidos os principais fatores que formarão os ramos maiores do diagrama. O critério mais utilizado para a definição destes ramos é baseado nos 6M's: mão de obra, 51 materiais, máquinas, métodos, meio ambiente e medição. Porém, a definição dos ramos pode variar conforme a natureza do problema. Há técnicas utilizadas para se conseguir o maior número de informações e níveis de detalhes possíveis, como por exemplo o brainstorming e o Método dos 5 porquês. O Diagrama é ilustrado na Figura 8 a seguir. Efeito (Problema) Figura 8 - Diagrama de causa e efeito (Fonte: Adaptado de Kume, 1993) Braz (2002) destaca alguns cuidados ao elaborar o Diagrama de Causa e Efeito: sempre construído em equipe, para que a visão sobre o problema seja o mais amplo e diversificado possível, possibilitando troca de conhecimento; o diagrama deve ser construído em escala grande, em um quadro grande, por exemplo, para que todos os envolvidos possam visualizar o que está sendo elaborado e evitar dispersões e retomadas de discussões anteriormente debatidas; ser objetivo ao registrar as causas potenciais, evitando termos genéricos ou palavras isoladas sem sentido bem definido; 52 obter o máximo de causas potenciais possíveis com a utilização do brainstorming. Para que isso seja possível, o líder do brainstorming deve estar atento para evitar críticas sobre as contribuições e atuar no sentido de viabilizar o pensar livremente. 53 4. METODOLOGIA Este capítulo descreve a metodologia utilizada para alcançar os objetivos deste trabalho de formatura, que é a melhoria contínua dos processos da empresa. Primeiramente, uma visão macro da metodologia é apresentada e, posteriormente, será descrito o passo a passo da metodologia. As etapas da metodologia estão representadas na Figura 9. Priorização dos Processos • Seleção dos objetivos estratégicos de referência • Seleção dos fatores chave Mapeamento dos Processos Identificação das Falhas Priorização de Falhas • Mapeamento dos processos • Diagrama de Causa e • Utilização da Efeito ferramenta FMEA • Revisão do mapeamento • Métodos dos 5 Por quês • Seleção dos processos relacionados aos fatores chave Plano de Ação • As Is vs To Be • Propostas de solução para melhoria dos processos • Identificação de causas • Seleção dos processos prioritários Figura 9 - Etapas da Metodologia 4.1. Levantamento de Dados Antes de descrever cada uma das etapas da metodologia, será apresentado o método utilizado para o levantamento de todos os dados relevantes para a elaboração deste trabalho. Houve coleta de dados nas etapas de Priorização de Processos, Mapeamento dos Processos e Identificação das Falhas. Para que o levantamento de dados fosse feito de acordo com os princípios da Gestão por Processos, de forma adequada e consistente, a coleta de informações foi baseada nas recomendações sugeridas por Miguel (2007) para que os dados sejam de qualidade. A técnica para a coleta de dados escolhida foram as entrevistas, pois apresentam grande flexibilidade na 54 sua condução, tendo sua estrutura original facilmente modificada para alcançar os objetivos com maior eficiência. Para conduzir as entrevistas de modo a colher informações com qualidade e evitar retrabalho, o protocolo da entrevista foi definido, indicando os entrevistados selecionados, as questões chave a serem respondidas e as perguntas base. A definição dos entrevistados é de fundamental importância, pois são a fonte de informação. Devem ser confiáveis e ter conhecimento profundo sobre o assunto que o entrevistador pretende explorar. As questões chave definem qual o objetivo almejado com a entrevista. Já a base de perguntas serve como referência para o entrevistador abordar todos os tópicos para que o objetivo seja alcançado, permitindo a adaptação das perguntas em sequência de acordo com o desenvolvimento da entrevista. Para a Priorização dos Processos, os entrevistados selecionados foram os CEOs da empresa, pois, para esta etapa (Priorização dos Processos), os objetivos estratégicos e os fatores chave para o sucesso do negócio devem ser identificados. Já para o Mapeamento dos Processos foram selecionados para entrevista os especialistas do processo (responsáveis e analistas), pessoas que possuem um conhecimento amplo do processo, com informações sobre os fornecedores, entradas, saídas e clientes dos processos. As questões chave e as perguntas base serão apresentados nas seções seguintes. 4.2. Priorização dos Processos Seguindo a abordagem de Gestão de Processos, a primeira etapa para propor melhorias consiste em identificar, avaliar e selecionar os processos prioritários da organização que mais impactam na satisfação dos clientes. Os processos priorizados serão definidos seguindo os passos sugeridos por Rotondaro (2006, p. 219): 1. seleção dos objetivos estratégicos de referência; 2. seleção dos fatores chave; 3. seleção dos processos relacionados aos fatores chave; 4. seleção dos processos prioritários. 55 A seleção dos objetivos estratégicos de referência consiste em identificar quais os resultados desejados pela empresa, a partir do desdobramento de sua missão, do seu plano estratégico e do cenário competitivo, capazes de gerar valor aos clientes, criando vantagens competitivas à organização. A seleção dos fatores chave é a escolha de conjuntos de condicionantes ou variáveis críticas de sucesso necessários para que a empresa consiga alcançar seus objetivos estratégicos de referência. Para a seleção dos processos relacionados aos fatores chave, Rotondaro (2006) propõe a Processos utilização da matriz FC-P (fatores chave versus processos) ilustrada na Figura 10. Pesos P1 P2 P3 ... Pn FC1 3 3 ... Fatores chave FC2 FC3 FC4 2 2 1 3 3 ... 1 3 3 ... 1 ... FCN 3 ... Total 9 12 13 ... 2 Legenda Correlação Forte Correlação Média Correlação Fraca 3 2 1 Figura 10 - FC-P (fatores chave versus processos) (Fonte: Carvalho et. al., 2006) A seleção dos processos prioritários também se dá pela utilização de uma matriz, a matriz B versus Q, nomeada por Rotondaro (2006) e representada na Figura 11. Para cada processo, deve-se avaliar o seu impacto sobre os negócios (B) e a qualidade de seu desempenho (Q) em relação à adequação de suas expectativas. 56 Feita essas avaliações, é possível selecionar os processos que possuem maior impacto sobre o Qualidade (Q) negócio e pior desempenho. E P5 D P2 urgência C P6 P7 melhorar P1 B P9 A aprimorar 5 Processos Prioritários P5 - P2 - P6/P7 - P9 Pn adequar P10 P8 4 3 2 1 Impacto sobre Negócio (B) UTILIZAR AS SEGUINTES ESCALAS: IMPACTO DO PROCESSO SOBRE O NEGÓCIO - Business (B) 5= 4= 3= 2= 1= QUALIDADE DO DESEMPENHO (Q) FUNDAMENTAL ELEVADO MÉDIO INCIPIENTE MODESTO A= B= C= D= E= ÓTIMO BOM RAZOÁVEL APENAS SUFICIENTE INSUFICIENTE Figura 11 - Matriz B versus Q (impacto sobre negócio versus qualidade) (Fonte: Carvalho et. al., 2006) Vale ressaltar que não está sendo proposto que somente os processos críticos devam ser mapeados e melhorados. O objetivo da priorização é o de selecionar os processos que mais impactam no negócio e na percepção de valor do cliente. Lembremos que a Gestão por Processos é uma abordagem de melhoria contínua, em que um nível melhor de qualidade é alcançado após ciclos de melhorias. A seleção dos elementos acima foi feita seguindo a metodologia de coleta de dados apresentada na seção anterior. Os entrevistados nesta etapa foram os CEOs da empresa e o documento com as questões chave e perguntas base encontram-se na Figura 12. 57 Questões Chaves Objetivos estratégicos Fatores chave Perguntas Base Quais são os resultados estratégicos que a empresa pretende alcançar? Quais são os fatores críticos de sucesso que permitem a empresa alcançar os resultados desejados? Figura 12 - Protocolo de entrevista para priorização dos processos 4.3. Mapeamento dos Processos Priorizados Nesta fase, dá-se início ao mapeamento dos processos priorizados. O objetivo é ilustrar a situação atual dos processos e, como mencionado na revisão bibliográfica, permitir uma visualização ampla das interações entre os processos e priorizar “o que” deve ser feito e não apenas o “como”, facilitando na identificação de onde e como atuar para melhorar os processos. O levantamento das informações será conduzido como explicado na seção Levantamento de Dados. Os entrevistados selecionados foram os especialistas de cada processo. Teve-se o cuidado de não fazer perguntas muito específicas para não influenciar os entrevistados e não obter dados enviesados. Da mesma forma, caso alguém não entendesse a pergunta, o entrevistador poderia tentar refazer a pergunta de outra forma ou tentar explicá-la melhor. O documento para a condução das entrevistas é apresentado na Figura 13. O fluxograma do processo será feito ao longo da entrevista, segundo sugerido por Linton (2003). O entrevistador, juntamente com o entrevistado, elabora o mapeamento do processo que está sendo descrito, permitindo a verificação e validação do mapeamento, evitando erros e garantindo que o processo atual seja fielmente mapeado. 4.4. Identificação das Falhas O mapeamento dos processos permite que as falhas ou potenciais modos de falhas sejam identificados a partir de uma análise crítica, comparando o estado atual do processo (As Is) com o que deveria ser para tornar-se eficiente (To Be). O mapeamento permite a visualização 58 de como o processo está fisicamente ligado e relacionado com outros processos, assim como a compreensão da sua sequência lógica. Em seguida, será feito o desdobramento e maior detalhamento das falhas identificadas, com o objetivo de gerar um encadeamento lógico das falhas, possibilitando a visualização de correlações entre as causas das falhas e a identificação da causa raiz. Essa fase é executada com o auxílio do Diagrama de Causa e Efeito, do Método dos 5 Por quês e do FMEA de processos. Questões Chaves Descrição dos processos Perguntas Base Determinação do propósito do processo Por que este processo existe? Qual o propósito deste processo? Qual o resultado alcançado? Análise das saídas Em que ponto termina este processo? Quais são os produtos/serviços/processos que saem deste processo? Dados dos clientes Quem utiliza os produtos/serviços/processos resultado pelo processo? Que métricas estes clientes utilizam para verificar a qualidade? Análise das entradas Quais são as entradas do processo? De onde vem a informação ou material de entrada? Dados dos fornecedores Quem são os fornecedores das informações e materiais utilizados? O que eles fazem? Como estes fornecedores afetam o fluxo do processo? Quais efeitos têm sobre o resultado final do processo? Determinação dos passos dos processos O que acontece com cada input do processo? Quais são as atividades do processo? Quem são os responsáveis de cada atividade? Figura 13 - Protocolo de entrevista para mapeamento dos processos 59 4.5. Priorização de Falhas Nesta etapa, haverá a priorização dos modos de falha em função dos seus efeitos, de sua frequência de ocorrência e da capacidade dos controles existentes de evitar que a falha prossiga até o cliente. Seguindo os procedimentos do FMEA, o formulário básico do FMEA será preenchido com os potenciais modos de falhas e seus respectivos elementos (efeitos, índice de severidade, causas, índice de ocorrência, controles e índice de detecção). Após preenchimento dos índices, será possível calcular o NPR (número de prioridade de risco) e selecionar as principais falhas que devem ser focadas para serem eliminadas ou minimizadas. Como não existe e nem é recomendado definir um número limite do NPR para seleção das falhas, adotou-se neste trabalho que serão resolvidos o maior número possível das falhas priorizadas, de acordo com a disponibilidade de recursos que a empresa dispõe para executar efetivamente as ações recomendadas. As ações recomendadas, responsáveis e prazos, ações tomadas e resultados serão elaborados na próxima etapa. 4.6. Plano de Ação Esta etapa tem como objetivo propor planos de ação para eliminar ou minimizar as falhas selecionadas anteriormente. Os planos de ação podem atuar em um dos índices do formulário FMEA (severidade, ocorrência e detecção) ou em um mix destes. As ações recomendadas terão como base a melhoria do processo em si, eliminando os modos de falhas, e também a proposta de valor do processo, visando o alinhamento estratégico entre a operação e objetivos da empresa. Rotondaro (2009) propõe análises críticas das unidades funcionais para encontrar oportunidades de melhoria. Tais planos de melhoria podem envolver soluções em que as atividades são: suprimidas; comprimidas/acumuladas; executadas em um nível hierárquico mais baixo; 60 feitas em paralelo. Tais soluções tem como objetivo eliminar atividades que não geram valor ou que sejam retrabalho, estruturar o processo de maneira lógica de forma a não gerar retrocessos desnecessários, agrupar atividades complementares, diminuir o ciclo do processo, eliminar pontos de gargalos, diminuir a variação do processo, dentre outros possíveis benefícios. Além destas soluções, também pode-se criar processos ou atividades de apoio para eliminar as falhas. Para cada solução proposta, será associado um responsável e prazo de entrega, para que as ações recomendadas sejam efetivamente aplicadas e o problema resolvido. 61 5. DESENVOLVIMENTO Este capítulo descreve a aplicação da teoria apresentada na revisão bibliográfica na empresa em estudo, utilizando a metodologia proposta no capítulo anterior. 5.1. Objetivos Estratégicos de Referência A entrevista feita com os CEOs da empresa permitiu a identificação dos objetivos estratégicos de referência. A conversa fluiu como o planejado e o protocolo de entrevista foi seguido, alcançando os objetivos esperados. Os entrevistados estavam bem alinhados quanto aos objetivos estratégicos da empresa: Aumentar o market-share; Fortalecer o nome da marca. Estes objetivos norteiam os principais projetos da empresa. Os CEOs identificaram que, ao alcançar tais objetivos, a empresa será capaz de gerar vantagens competitivas e se estabelecer no mercado. Como descrito anteriormente na seção de contextualização do ambiente de ecommerce no setor de artigos infantis, este mercado começou a ser desenvolvido em meados de 2010 e vem apresentando rápida expansão. Isso explica o alinhamento dos objetivos estratégico em crescimento e estabelecimento no mercado. O ganho de market-share é fundamental para a empresa porque o mercado de venda de artigos infantis pela internet ainda é novo e pouco explorado. Portanto, crescer rapidamente e ser um dos líderes no mercado são fatores decisivos para o sucesso da empresa. Sendo pioneira e possuindo expressiva parcela de mercado, a empresa conseguirá construir barreiras de entradas para os potenciais concorrentes e ainda ter maior poder de barganha frente aos fornecedores. A criação de uma marca forte e reconhecida é outro objetivo estratégico da empresa. O fortalecimento da marca criará diferencial competitivo sustentável e possibilitará um crescimento mais acelerado. O principal benefício buscado pela empresa de ser reconhecida no mercado é a de obter a confiança de seus clientes, possibilitando a recorrência de compra e o marketing boca a boca. 62 5.2. Fatores Chave Ainda na entrevista com os CEOs, foram identificados os fatores chave de sucesso que permitem à empresa realizar os objetivos estratégicos de aumentar o market-share e fortalecer o nome da marca. Os fatores chave foram listados e descritos a seguir: Cadastro dos produtos: garantir que os produtos sejam cadastrados corretamente para que estejam visíveis no site (devido à política de qualidade, somente os produtos com cadastro completo e revisados podem ficar visíveis no site). Este fator é importante para se alcançar os dois objetivos estratégicos, disponibilizando informações corretas e relevantes sobre o produto e colocando no site todos os produtos que a empresa possui; Variedade de produtos: criar diferencial competitivo oferecendo ampla variedade de produtos no site (esta variedade deve ser tanto no oferecimento de categorias acessório, móvel, vestuário, calçado - quanto dentro da categoria - produtos de diversos tamanhos, cores e para várias idades). Este fator também auxilia a empresa a alcançar ambos objetivos estratégicos; Divulgação dos produtos: oferecer o produto certo, na hora certa, para o cliente certo, de forma eficiente (menor custo, maior margem, melhor posicionamento de mercado). Este fator chave é muito relevante para aumentar o market-share; Entrega dos produtos: entregar os produtos dentro do prazo e oferecer prazos menores para as entregas. Este fator chave é muito relevante para o fortalecimento da marca; Satisfação do cliente: uma marca consegue reconhecimento de seus clientes e do mercado através da satisfação de seus clientes, em qualquer fase do ciclo do cliente. Os fatores chave definidos acima serão utilizados para identificar os principais processos que impactam no negócio da empresa e na percepção do cliente sobre a qualidade do serviço oferecido. Esta identificação será realizada nas próximas seções com o auxílio de matrizes de priorização e correlação. 63 5.3. Processos Prioritários Para a seleção dos processos chave, foram levantados os principais processos da empresa, listados e descritos a seguir. Para facilitar a representação dos processos em matrizes e figuras, a cada um dos processos foi dado um número de identificação (P1, P2,..., Pn): P1 - Processo de comprar produtos: definir quais produtos serão comprados baseando as decisões em análises de histórico de vendas, tendência de mercado, nível de estoque e estratégia de marketing. Este processo é realizado pelos departamentos de planejamento e comercial; P2 - Processo de cadastrar produtos: cadastrar novos produtos que serão oferecidos pela empresa ou atualizar o cadastro de produtos já existentes. Este processo é de responsabilidade da equipe de cadastro do departamento de operações; P3 - Processo de receber produtos no centro de distribuição: receber a mercadoria de fornecedores nas docas de entrada do centro de distribuição e atualizar no sistema a entrada dos novos produtos. Este processo é realizado pela equipe de operações; P4 - Processo de estocar produtos recebidos no centro de distribuição: após o recebimento dos produtos e atualização do sistema de estoque, a equipe de operação é responsável pelo armazenamento e organização dos produtos no centro de distribuição, alocando-os em sua localização correspondente; P5 - Processo de anunciar produtos na internet: anunciar na internet os produtos oferecidos pela empresa para clientes e potenciais clientes. Os canais de divulgação dos produtos e da marca são todos online e compreendem mídias sociais e sites de busca e comparadores de preço. Este processo é realizado pelo departamento de marketing; P6 - Processo de relacionar com mídias sociais e imprensa: gerenciar o relacionamento da empresa com os clientes e a imprensa. Este processo é de responsabilidade do departamento de marketing; P7 - Processo de prospectar novos negócios: encontrar novas empresas que estejam dispostas a oferecer seus produtos no site da empresa em estudo. Estas parcerias têm o objetivo de aumentar o portfólio da empresa sem aumentar os custos operacionais, já que o modelo proposto é revender o produto do parceiro, sem possuir o estoque; 64 P8 - Processo de auxiliar clientes via telefone: ao navegar pelo site da empresa, o cliente pode encontrar algumas dificuldades de navegação ou dúvidas sobre os serviços ou sobre o produto que esteja interessado. Para auxiliar o cliente em tais situações, é disponibilizado no próprio site um telefone para contato. Este processo é realizado pela equipe de televendas; P9 - Processo de atender consumidor (SAC): atender o consumidor que encontrou algum problema relacionado aos serviços ou produtos oferecidos pela empresa; P10 - Processo de solicitar pagamento dos serviços/produtos adquiridos: enviar para o departamento financeiro as notas fiscais dos serviços e produtos adquiridos. Este processo é realizado por todos os departamentos que contrata serviços de terceiros ou efetua alguma compra. No caso do marketing, há a contratação de serviços dos sites de divulgação. Portanto, a equipe de marketing solicita ao departamento financeiro o pagamento dos serviços prestados pelos terceiros; P11 - Processo de pagar fornecedores: após a solicitação de pagamento, o departamento financeiro realiza o pagamento dos serviços/produtos adquiridos na data de vencimento; P12 - Processo de atualizar dados no site da empresa: atualizar os dados do site com informações sobre produtos (quantidade em estoque, descrição, preço) e campanhas promocionais. O processo de atualização de produtos é executado de forma sistêmica e automática. O processo de atualização das campanhas é realizado pelo departamento de marketing; P13 - Processo de atualizar dados para parceiros: envio das informações sobre produtos (se tem estoque ou não, preço, descrição) para parceiros. Os parceiros são sites de comparadores de preço e empresas que fazem o remarketing. Este processo é executado de forma sistêmica e automática; P14 - Processo de consolidar pedidos dos clientes: este processo ocorre no centro de distribuição e é realizado pela equipe responsável pelo picking dos produtos. Após a consolidação, os pedidos são separados e preparados para a entrega; P15 - Processo de entregar pedidos de clientes: entregar no endereço solicitado o pedido feito pelo cliente. A Tabela 2 resume os processos descritos. 65 Tabela 2 - Descrição dos processos principais Pn P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 Processo Comprar produtos Cadastrar produtos Receber produtos Estocar produtos Anunciar produtos Relacionar com mídias Prospectar novos negócios Auxiliar clientes via telefone Atender consumidor (SAC) Solicitar pagamento Pagar Atualizar dados no site Atualizar dados para parceiros Consolidar pedidos Entregar pedidos Departamento Planejamento comercial Cadastro Operação Operação Marketing Marketing Novos Negócios Call center Call center Diversos Financeiro TI TI Operação Operação Objetivo Comprar produtos para revenda Cadastrar/atualizar produtos Receber produtos de fornecedores Armazenar produtos no estoque Divulgar produtos Manter relacionamento com a mídia e consumidores Conseguir novos fornecedores Ajudar clientes com dúvidas sobre produtos e serviços Atender clientes insatisfeitos Solicitar ao departamento financeiro pagamento de contas Pagar contas Atualizar dados no site Enviar dados para parceiros Montar pedidos dos clientes Entregar pedidos para os clientes Para ilustrar as relações entre os processos, foi construído um service blueprinting simplificado do serviço prestado pela empresa na Figura 14. As evidências físicas percebidas pelo cliente são as páginas do site que este navega pela internet. As ações do cliente também estão relacionadas com o site da empresa, sendo a maioria destas interações com o ambiente de compra. A única ação de funcionário na linha de frente é na hora de entregar o pedido, que ocorre no endereço escolhido pelo cliente para a entrega. A maior parte das ações dos funcionários ocorre na retaguarda, na manutenção do site e anúncios de produtos. Destaca-se neste mapeamento a adição de uma faixa representando os principais indicadores utilizados pela empresa para acompanhar o desempenho do site ao longo do processo de compra do cliente. Como mostrado na figura, os principais indicadores são: número de visualizações de anúncio / número de cliques do anúncio: quantidade de vezes em que os anúncios foram visualizados dividido pela quantidade de cliques que os anúncios tiveram. Este indicador possibilita concluir se os anúncios divulgados estão atraentes para os clientes. As variáveis que determinam a atratividade dos anúncios são os produtos, promoções, facilidade de pagamento, imagens e textos de divulgação; número de cliques do anúncio / número de clientes que colocaram produtos no carrinho: quantidade de cliques que os anúncios tiveram dividido pela quantidade de Figura 14 - Service blueprinting do processo de compra do cliente 66 67 clientes que colocou produtos no carrinho. Este indicador afere a qualidade das páginas de destino que os anúncios divulgam, possibilitando analisar se o cliente encontrou o produto que estava procurando; número de visualizações de anúncio / número de pedidos: quantidade de vezes em que os anúncios foram visualizados dividido pela quantidade de clientes que concluíram o pedido. Este indicador permite analisar a taxa de sucesso de anúncios que tiveram transação no site. número de pedidos / número de pedidos pagos: este indicador permite calcular a taxa de desistência/cancelamento de pedidos e verificar a causa raiz deste cancelamento; porcentagem de entregas no prazo: permite calcular o nível de serviço das entregas dos pedidos em relação ao tempo; porcentagem de entregas sem avarias: permite calcular o nível de serviço das entregas dos pedidos em relação ao estado do produto entregue. Além destes indicadores ilustrados, a empresa também acompanha: ticket médio das transações: quanto maior for o ticket médio, melhor para a empresa, pois o retorno sobre o investimento da aquisição do cliente será mais rápido. Este indicador guia a tomada de decisões em relação à criação de campanhas para aumentar o ticket médio; margem média dos produtos vendidos: verificar se as campanhas de marketing não estão corroendo a margem dos produtos vendidos. Este indicador ajuda a identificar quando o marketing está com ações muito agressivas de vendas; mix de produtos vendidos: verificar a proporção de produtos vendidos por categoria, possibilitando identificar se alguma categoria apresenta algum problema. Por exemplo, se o marketing está anunciando em demasiado uma categoria específica, ou então se o portfólio de dada categoria está limitado; quantidade de clientes na página inicial: possibilita identificar se o site está online; quantidade de clientes na página de produto: possibilita identificar se o site está online quantidade de clientes na página de carrinho: possibilita identificar se há algum problema ao adicionar produtos no carrinho; 68 quantidade de clientes na página de login: possibilita identificar se há algum problema para fazer login no site; quantidade de clientes na página de pagamento: possibilita identificar se há algum problema para efetuar o pagamento; bounce rate: é a taxa de clientes que clicaram na campanha e foram direcionados para o site da empresa, porém saiu do mesmo após visualizar apenas uma única página. Este indicador permite analisar quão coerente a página de destino é em relação à campanha anunciada ou então quão atrativo é o site. Por exemplo, se a campanha anuncia calçados e a página redirecionada é uma página de brinquedos, com certeza o bounce rate desta campanha será alto. Para a priorização dos processos, foram utilizadas as matrizes "fatores chave versus processos" (Figura 15) e "impacto sobre o negócio versus qualidade" (Figura 16). Os valores apresentados em ambas as figuras foram definidos juntamente com a equipe de trabalho após análises e discussões sobre os processos. A equipe foi constituída por analistas e gerentes das diferentes áreas da empresa, trazendo para as discussões as perspectivas de cada departamento, agregando maior valor para as análises, evitando julgamentos unilaterais e Processos viciados. Peso Comprar produtos Cadastrar produtos Receber produtos Estocar produtos Anunciar produtos Relacionar com mídias Prospectar novos negócios Auxiliar clientes via telefone Atender consumidor (SAC) Solicitar pagamento Pagar Atualizar dados no site Atualizar dados para parceiros Consolidar pedidos Entregar pedidos Cadastro dos produtos 3 1 3 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 1 0 Variedade de produtos 2 3 3 1 2 3 0 3 1 0 1 1 3 3 0 0 Fatores chave Divulgação dos produtos 3 1 2 2 0 3 2 1 1 0 1 1 3 3 0 0 Entrega dos produtos 1 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 3 Satisfação dos clientes 3 3 1 0 1 2 2 2 2 3 0 0 3 1 1 3 Total 21 24 10 9 24 12 18 14 9 5 5 24 18 9 12 Figura 15 - Matriz fatores chave versus processos A matriz fatores chave versus processos mostrou a intensidade da relação entre os processos e os fatores que são chave para a empresa alcançar os objetivos estratégicos definidos. Conclui- 69 se, analisando a matriz, que os processos que mais impactam no negócio são, em ordem de maior para menor impacto: cadastrar produtos, anunciar produtos, atualizar dados no site, comprar produtos, prospectar novos negócios e atualizar dados para parceiros. Para a construção da matriz impacto sobre o negócio versus qualidade (Figura 16), foi feito o levantamento sobre a qualidade atual de cada processo. Os participantes da pesquisa sobre a qualidade dos processos concluíram que os processos de menor qualidade são: anunciar produtos (P5), solicitar pagamento (10), comprar produtos (P1), cadastrar produtos (P2), prospectar novos negócios (P7) e estocar produtos (P4). Qualidade (Q) E D P5 C P1 - P2 B P15 A P12 5 P10 P7 Processos Prioritários P1 - P2 - P5 - P7 P4 P13 - P14 P6 - P9 P8 P3 P11 4 3 2 1 Impacto sobre Negócio (B) Legenda IMPACTO DO PROCESSO SOBRE O NEGÓCIO - Business (B) 5= 4= 3= 2= 1= FUNDAMENTAL ELEVADO MÉDIO INCIPIENTE MODESTO QUALIDADE DO DESEMPENHO (Q) A= B= C= D= E= ÓTIMO BOM RAZOÁVEL APENAS SUFICIENTE INSUFICIENTE Figura 16 - Matriz impacto sobre o negócio versus qualidade Ao analisar a matriz impacto sobre o negócio versus qualidade do processo, conclui-se que os processos que devem ser priorizados são: 70 P1 - Processo de comprar produtos; P2 - Processo de cadastrar produtos; P5 - Processo de anunciar produtos; P7 - Processo de prospectar novos negócios. Estes processos apresentam impacto significativo sobre o negócio da empresa, ou seja, estão muito relacionados aos fatores chave que possibilitarão alcançar os objetivos estratégicos e possuem baixa qualidade no desempenho. Portanto, esses processos são os que devem ser focados pela empresa. Entretanto, em uma conversa com os CEOs, foi decidido que o foco deste trabalho deveria ser na melhoria do processo de comprar produtos (P1), processo de cadastrar produtos (P2) e processo de anunciar produtos (P5) Esta escolha foi feita pois estes são os principais processos da empresa e havia uma percepção de que tais processos precisavam realmente ser melhorados. De fato, a metodologia utilizada indicou que estes processos possuem grande impacto sobre o negócio e haviam oportunidades de melhoria. O processo de prospectar novos negócios (P7) não foi o foco de melhoria neste trabalho, pois apresentava baixo volume de produtos e parceiros ativos, sendo pouco expressivo para o contexto do trabalho. Porém, após a melhoria dos processos selecionados acima, deve-se focar na melhoria do processo de prospectar, já que será o próximo movimento estratégico que criará diferencial competitivo à empresa, possibilitando a rápida expansão de seu portfólio sem aumentar, na mesma proporção, os custos de operação e estoque. A próxima etapa da metodologia consiste em mapear os processos priorizados. 5.4. Mapeamento dos Processos Priorizados Para o mapeamento dos processos priorizados, primeiramente foi feito a caracterização dos processos, a definição do escopo dos processos e, finalmente, suas atividades desenhadas e detalhadas em um fluxograma. Para que o mapeamento dos processos fosse feito de forma a retratar o mais fiel possível o processo atual, o protocolo de entrevista foi seguido e a obtenção de dados realizada sempre com dois representantes do processo. 71 5.4.1. Processo de Comprar Produtos O objetivo do processo de comprar produtos é de criar uma lista de compras de produtos que serão oferecidos pela empresa. A decisão de quais produtos comprar é feita após análises do histórico de vendas, nível de estoque e ações de marketing. Os produtos listados devem corresponder às expectativas do cliente, sendo atraentes do ponto de vista funcional, apresentar boa qualidade e preço condizentes aos do mercado. O departamento de planejamento comercial é responsável por criar uma lista de sugestões de compras, que é posteriormente analisada pelos gerentes comerciais. Após análise, os gerentes comerciais podem utilizar a lista de sugestões, ou então modificá-la, adicionando ou excluindo produtos da lista. Atualmente, a tomada de decisão é de responsabilidade dos gerentes comerciais, e não há nenhum mecanismo definido para avaliar se a escolha dos produtos comprados foi bem feita. O mapeamento deste processo tem como objetivo entender o processo em detalhe para identificar potenciais falhas nas atividades e atuar para melhorá-lo. Para facilitar o mapeamento, o processo teve suas fronteiras bem estabelecidas, com o auxílio da técnica PIER ilustrada na Figura 17. • Analisar histórico de vendas • Analisar quantidade em estoque • Analisar concorrência • Analisar tendências de mercado Procedimentos Fase Anterior • Fornecedores • Banco de dados de produtos • Banco de dados de vendas • Departamento de marketing • Cobertura de estoque • Dias sem estoque • Margem de venda Indicadores Processo Entradas Saídas • Comprar Produto • Informações sobre produtos • Informações sobre campanhas • Informações sobre competidores • Histórico de Vendas • Sugestão de lista de compra Equipamentos • Planilha Recursos Humanos • Equipe do departamento de planejamento Figura 17 - PIER do Processo de Comprar Produtos Fase Posterior • Fornecedores • Processo de cadastro • Departamento comercial 72 O recebimento dos dados consiste em coletar as informações sobre produtos, campanhas de marketing, competidores e histórico de vendas para fazer as análises necessárias para se tomar a decisão de quais produtos comprar e quanto comprar de cada produto. Após esta análise, o departamento de planejamento cria uma lista de sugestões de compras, indicando para os gerentes comerciais quanto comprar de cada categoria. Os gerentes comerciais podem, entretanto, reavaliar a lista de sugestões de compras e gerar uma nova, não seguindo a proposta inicial do departamento de planejamento. Esta reavaliação acontece porque nem sempre a lista de sugestões do departamento de planejamento reflete as tendências do mercado, já que a análise feita é baseada em dados do passado (histórico de vendas). Portanto, quando há produtos sazonais, as sugestões não são acuradas. Além disso, os gerentes comerciais possuem informações adicionais sobre o mercado, pois estes estão em contato constante com os fornecedores e, portanto, possuem uma percepção melhor do ambiente externo. A Figura 18 representa o mapeamento do processo de comprar produtos. Figura 18 - Mapeamento do Processo de Comprar Produtos 73 5.4.2. Processo de Cadastrar Produtos O processo de cadastrar produtos tem como objetivo cadastrar os produtos que a empresa oferece. O cadastro consiste em descrever e adicionar imagens do produto, colocar informações de preço, custo e fornecedor, além de classificá-los corretamente para serem visíveis no local adequado do site. Por exemplo, se uma sapatilha for cadastrada como sapatênis, este produto aparecerá em uma subcategoria errada do site, dificultando sua localização pelo cliente. Também faz parte do escopo desse processo atualizar as informações sobre os produtos. Tais modificações podem ter origem nos fornecedores (mudança de fornecedor, custo, imagens do produto) ou internamente à empresa, como mudanças na estrutura do site, por exemplo, quando se decide criar novas abas de subcategorias, dividindo a categoria "camiseta" em "camiseta regata", "camiseta manga longa" e "camiseta manga curta". Nesta situação, a equipe de cadastro deve fazer alterações no cadastro dos produtos, alterando a subcategoria do produto de "camiseta" para "camiseta regata", "camiseta manga longa" ou "camiseta manga curta". Algumas categorias e subcategorias do site foram listadas na Tabela 3 a fim de ilustrar o exemplo da divisão da categoria "camiseta" mencionado acima. Tabela 3 - Exemplos de Categoria e Subcategorias da Estrutura do Site Categoria Bebês Bebês Bebês Brinquedos Brinquedos Brinquedos Calçados Calçados Calçados Quarto Quarto Quarto Roupas Roupas Roupas Sub_Categoria1 Alimentação Carrinhos de Bebê Carrinhos de Bebê Mini Veículos Mini Veículos Praia, Lazer e Esportes Sapatênis Sapatilhas Sapatos Cômodas Guarda Roupas Luminárias Camisetas Camisetas Camisetas Sub_Categoria2 Cadeiras de Alimentação Carrinhos Travel System Carrinhos para Gêmeos Carros e Motos Elétricas Quadriciclos Piscinas Sapatênis Sapatilhas Sapatos Cômodas Guarda Roupas Abajures Manga Longa Regatas Manga Curta 74 O PIER do processo de cadastrar produtos foi construído na Figura 19, delimitando o escopo do processo e identificando seus componentes. • Categorizar produto de acordo com padrão da empresa •Adicionar informações do produto • Adicionar fotos do produto Procedimentos Fase Anterior • Banco de dados de produtos • Fornecedores • Processo de compra de produto Indicadores Processo Entradas Saídas • Cadastrar Produto • Informações sobre produtos • Produto cadastrado • Cadastro atualizado Equipamentos • Planilha • Sistema da empresa Fase Posterior • Departamento de marketing • Departamento comercial • Parceiros • Cliente Recursos Humanos • Equipe de cadastro Figura 19 - PIER do Processo de Cadastrar Produtos Destaca-se neste processo a fase anterior, que é composta tanto por fornecedores externos quanto internos. Os fornecedores externos representam todas as empresas que vendem seus produtos para a empresa em estudo, tais como fornecedores de brinquedos, roupas infantis, calçados infantis, acessórios para bebês, dentre outros. O fornecedor interno é o processo de comprar produtos. Os fornecedores externos apresentam como entrada no processo informações sobre o produto, como descrição técnica (dimensões, cor, material) e concessão de imagens para divulgação do produto (fotos de diversos ângulos do produto para ilustrar suas funcionalidades e aparência). Em relação aos fornecedores internos, após a consolidação do processo de comprar produtos, há o fornecimento de informações sobre os produtos comprados, tais como os custos de compra do produto, o preço de venda, a quantidade comprada e, se o produto é novo, todas as suas informações técnicas, descrições e imagens. O mapeamento do processo está ilustrado na Figura 20. 75 Figura 20 - Mapeamento do Processo de Cadastrar Produtos A atividade de adequar a descrição recebida pelo fornecedor ao padrão da empresa é de responsabilidade da equipe de cadastro e não do gerente de compras. Por exemplo, quando um novo produto é comprado pelo gerente comercial, este apenas passa informações do custo, preço e quantidade comprada do produto. As informações de descrições técnicas e imagens são adquiridas diretamente com o fornecedor. Porém, muitas vezes, a descrição feita pelo fornecedor não possui o mesmo padrão do site. Quando isto acontece, a equipe de cadastro adéqua a descrição de forma a ficar coerente com o restante dos produtos do site. A revisão do cadastro dos produtos consiste em verificar se o cadastro foi feito corretamente, sem erros gramaticais ou sobre as informações do produto (preço, descrição, etc.). Após revisão e aprovação, o produto cadastrado é então autorizado para ser visível no site da empresa, disponível para ser vendido. 5.4.3. Processo de Anunciar Produtos O objetivo do processo de anunciar produtos é de divulgar os produtos da loja através de anúncios nos buscadores, nos posts e links patrocinados do Facebook, comparadores de preço, displays e nas newsletters enviadas por email pelo CRM. O mapeamento deste processo tem como objetivo entender o processo em detalhe para que seja possível identificar potenciais modos de falhas nas atividades e agir para bloqueá-las. Para facilitar o mapeamento, o processo teve seu escopo delimitado, ou seja, as suas fronteiras foram bem estabelecidas para que a unidade de análise seja consistente. O PIER deste processo está ilustrado na Figura 21. 76 • Analisar campanhas atuais • Analisar concorrentes • Solicitar material para divulgação Procedimentos Fase Anterior • Departamento de planejamento • Departamento comercial • Banco de dados de produtos • Banco de dados de clientes • Subdepartamento de marketing de criação • Quantidade de campanhas por categoria de produto • Retorno sobre o investimento • Custo por pedido • Bounce rate Indicadores Processo Entradas Saídas •Anunciar Produto • Informações sobre produtos • Informações sobre campanhas atuais • Informações sobre clientes • Material para divulgação • Anúncios Equipamentos • Planilha Fase Posterior • Clientes existentes • Potenciais clientes Recursos Humanos • Equipe do departamento de marketing Figura 21 - PIER do Processo de Anunciar Produtos Apesar do processo de anunciar produtos ser semelhantes para todos os canais, começando pela análise de dados e finalizando com a criação de anúncios, cada canal possui suas peculiaridades. Estas diferenças nos procedimentos estão ilustradas e explicadas a seguir. Facebook, CRM e Display A Figura 22 representa o processo de anunciar dos canais Facebook, CRM e Display. Os canais Facebook, CRM e Display apresentam um processo comum de anúncio de produtos. O que permite a padronização do processo para estes três canais são as características das campanhas feitas por eles: possuem material artístico de divulgação (imagem de produtos com informações promocionais); acompanhamento das campanhas é feito de forma manual (impossibilidade de automatizar o processo); necessidade de possuir número mínimo de campanhas por categoria de produto (por exemplo, mínimo de dez campanhas para a categoria de calçado, mínimo de cinco campanhas para a categoria de móvel, etc.). 77 Figura 22 - Mapeamento do Processo de Anunciar Produtos (Facebook/CRM/Display) O processo de anunciar produtos nos canais Facebook, CRM e Display tem início na análise das campanhas atuais. Neste ponto, os responsáveis por estes canais decidem se devem pausar alguma campanha com baixo desempenho ou criar novas para manter sempre um número mínimo de campanhas ativas. A criação de campanhas consiste em primeiro escolher a categoria de produto (calçado, vestuário, móvel, etc.). Depois é feita uma análise para decidir qual produto divulgar, verificando a quantidade em estoque do produto e se sua grade está completa (nas categorias de calçado e vestuário é muito importante divulgar produtos que apresentam diversos tamanhos e modelos, ou seja, que apresentam a grade mais completa possível). Por fim, após a seleção do produto, o canal solicita ao marketing de criação o desenvolvimento de material de divulgação com as imagens do produto que será anunciado. SEM ou Buscadores A Figura 23 ilustra o processo de anunciar produtos do canal de buscadores. 78 Figura 23 - Mapeamento do Processo de Anunciar Produtos (Buscadores) A atividade de análise de desempenho das campanhas deste canal é feita de forma automatizada, utilizando um modelo estatístico para adequar o valor máximo pago por uma palavra (máximo CPC - custo por clique) ao retorno esperado (para uma descrição mais detalhada sobre o funcionamento deste canal, rever capítulo 2 - seção 2.1.3 Marketing de Desempenho). Este modelo propõe novos valores de CPC para cada palavra comprada pela empresa, visando maximizar o lucro. Para melhorar o desempenho das campanhas, além de alterar o máximo CPC, também são executadas uma série de atividades a fim de aumentar o quality score do anúncio. Tais ações foram listadas a seguir: Analisar se o texto de descrição do anúncio ainda está compatível com as informações do produto anunciado (preço, facilidade de pagamento); Verificar se o anúncio da concorrência está mais atraente que o da empresa; Selecionar palavras para as quais a empresa não quer ter seus anúncios expostos, por exemplo "móveis usados"; Analisar se o link do anúncio está funcionando corretamente e redirecionando o cliente para a página certa; Ajustar o máximo CPC por região do país; Ajustar o máximo CPC por dia da semana; Ajustar o máximo CPC por horário; Averiguar porque certos anúncios possuem taxa de cliques por impressão abaixo da média; 79 Averiguar porque certos anúncios possuem bounce rate elevado. Pausar campanhas de produtos sem estoque e de produtos/marcas que a empresa não trabalha mais (produtos descontinuados) são fundamentais para manter o desempenho do canal dentro das metas. Não pausar uma campanha de produto sem estoque significa investir no marketing de um produto que a empresa não possui. Ou seja, é desperdício de recursos. O mesmo vale para produtos/marcas descontinuados. Este canal possui a característica de trazer um grande volume de novos clientes e também por ser o maior responsável pelas vendas de lançamentos. Portanto, criar campanhas de novos produtos/marcas é uma ótima oportunidade para a empresa se posicionar no mercado e conquistar novos clientes. Outra atividade fundamental neste canal é a de sempre verificar se os anúncios de campanhas divulgados ainda estão vigentes. Por exemplo, além de anunciar produtos e marcas, o canal também anuncia as campanhas presentes no site, como promoções do tipo: "Compre três camisetas e leve quatro". Tais promoções são constantemente renovadas e, portanto, o canal deve estar sempre atento às mudanças destas promoções. Comparadores de Preço A Figura 24 representa o processo de anunciar produtos do canal de comparadores de preço. Este canal apresenta as seguintes características: Não necessita de material de divulgação, não havendo solicitações para o subdepartamento de marketing de criação o desenvolvimento de material; As informações do produto enviado para os comparadores de preço são processadas automaticamente pelo departamento de TI, portanto não é preciso verificar estoque de produtos; Os produtos oferecidos por este canal apresentam, normalmente, preços menores que os oferecidos pelo site. 80 Figura 24 - Mapeamento do Processo de Anúnciar Produtos (Comparadores de Preço) Devido a estas características, as atividades executadas por este canal são bem reduzidas e consiste em apenas analisar o desempenho dos produtos. Caso certo produto tenha um desempenho abaixo da meta, este é retirado do canal de comparadores. Este processo de retirada é feito através do envio de uma lista de produtos com baixo desempenho ("lista negra") para a TI, que excluirá os produtos do banco de dados enviado para os sites de comparadores de preço. A Figura 25 foi apresentada para facilitar o entendimento do processo descrito. Figura 25 - Processo de Retirar Produtos com Baixo Desempenho nos Sites de Comparadores de Preço A atividade de remarcação de preço de produtos é feita para produtos que apresentam desempenho ruim por longo período de tempo, ou seja, produtos que são buscados pelos clientes, porém após comparar com a oferta dos concorrentes, estes decidem por não efetuar negócio com a empresa. 81 Em tais casos, o responsável pelo canal de comparadores de preço emite uma lista destes produtos para o departamento de planejamento. Este departamento analisará o produto (preço, custo, quantidade em estoque) e poderá alterar o preço, diminuindo-o para ficar mais competitivo frente aos concorrentes e melhorar o desempenho do produto. A Figura 26 ilustra o processo de remarcar (alterar) preço. Figura 26 - Processo de Remarcar Preço de Produtos com Baixo Desempenho Recorrente 5.5. Priorização de Falhas Nesta etapa foi feita a priorização dos modos de falha em função dos seus efeitos, de sua frequência de ocorrência e da capacidade dos controles existentes de evitar que a falha prossiga até o cliente. Para a priorização das falhas a serem solucionadas (eliminadas ou minimizadas), foi utilizado o FMEA para os processos mapeados anteriormente, ilustrado na Tabela 4. O levantamento das causas raiz de cada modo potencial de falha foi feito junto à equipe responsável pelo processo e utilizou-se o Método dos 5 Por quês e o Diagrama de Causa e Efeito. A equipe também auxiliou na avaliação dos índices de gravidade, ocorrência e detecção, permitindo dados mais acurados e envolvendo diversas perspectivas sobre o problema. 82 Controles Atuais do Processo Índice de Detecção NPR 3 Nenhum 3 45 2 Metas de margem mínima 2 12 1 10 1 5 3 18 3 18 Índice de Gravidade Índice de Ocorrência Tabela 4 - FMEA dos Processos Priorizados Causa(s) e Mecanismo(s) Potencial(is) Garantir que a empresa Não comprar sempre tenha produtos produtos top seller top seller em estoque Acabar estoque de produtos top seller 5 Os gerentes comerciais não compraram os produtos recomendados pelo departamento de planejamento Selecionar fornecedores que produzam produtos Não selecionar o com qualidade e a custos melhor fornecedor baixos Vender produtos de baixa qualidade e/ou com baixa margem 3 Não consultou todos os fornecedores Garantir a variedade de Não possuir grande Possuir variedade produtos no portfólio da variedade de limitada de produto empresa produtos 5 Os gerentes comerciais não compraram os produtos recomendados pelo departamento de planejamento 2 Garantir a variedade de Não possuir grande Possuir variedade produtos no portfólio da variedade de limitada de produto empresa produtos 5 Departamento comercial não se atentou as novidades do mercado 1 3 Dados recebidos estavam errados 2 3 Erro de digitação 2 A equipe de cadastro não foi comunicada sobre a atualização 3 Nenhum 4 36 4 Nenhum 4 48 2 Nenhum 4 24 3 Nenhum 3 18 Função do Processo Modo de Falha Potencial Cadastrar produto Cadastrar corretamente com descrição os produtos errada Cadastrar produto Cadastrar corretamente com descrição os produtos errada Efeito(s) Potencial(is) da Falha Não encontrar o produto na categoria certa do site Não encontrar o produto na categoria certa do site Atualizar cadastro dos produtos Não encontrar o Não atualizar o produto na cadastro do produto categoria certa do site 3 Anunciar produtos novos Não anunciar novos Não vender os produtos novos produtos 3 Anunciar produtos novos Não anunciar novos Não vender os produtos novos produtos 3 Não anunciar Não vender os Anunciar produtos com produtos com preço produtos com preço especial especial preço especial 2 O departamento de marketing não foi comunicado sobre os novos produtos O departamento de marketing foi comunicado sobre os novos produtos, porém esqueceu de anunciar O departamento de marketing não foi comunicado sobre os produtos com preço especial Análise de número de produtos distintos oferecidos pela empresa por categoria e acompanhamento de lançamento dos fornecedores Análise de número de produtos distintos oferecidos pela empresa por categoria e acompanhamento de lançamento dos fornecedores Comprador responsável pelo produto revê o cadastro antes do produto ficar disponível no site Comprador responsável pelo produto revê o cadastro antes do produto ficar disponível no site Após o preenchimento dos índices, calculou-se o NPR de cada modo potencial de falha e estudou-se ações para amenizar ou eliminar as falhas levantadas. Como mencionado na metodologia, adotou-se neste trabalho que seriam resolvidos o maior número possível das falhas priorizadas, de acordo com a disponibilidade de recursos que a empresa dispõe para executar efetivamente as ações recomendadas. 83 Pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados Pausar campanhas de produtos com margem baixa Anunciar produtos corretamente Não pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados Não pausar campanhas de produtos com margem baixa Anunciar produtos com informações erradas Controles Atuais do Processo NPR Pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados Não pausar campanhas de produtos sem estoque Não pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados Causa(s) e Mecanismo(s) Potencial(is) Índice de Detecção Pausar campanhas de produtos sem estoque Modo de Falha Potencial Índice de Ocorrência Função do Processo Índice de Gravidade Tabela 4 - FMEA dos Processos Priorizados (continuação) 4 O departamento de marketing não percebeu que o produto anunciado havia acabado 3 Faz parte da rotina de marketing verificar se os produtos anunciados têm em estoque 2 24 3 O departamento de marketing não foi comunicado sobre a descontinuação do produto 4 Nenhum 4 48 Anunciar produtos/marcas descontinuados 3 O departamento de marketing foi comunicado sobre a descontinuação do produto, porém não pausou as campanhas 2 Nenhum 4 24 Anunciar produtos com margem baixa 3 O departamento de marketing não verificou a margem do produto 2 Faz parte do processo de anúncio verficar a margem do produto 1 6 Cliente se sente enganado 4 Falta de atenção ao anunciar o produto 1 O próprio criador do anúncio revisa a material de anúncio 2 8 Efeito(s) Potencial(is) da Falha Cliente não encontra o produto do anúncio Anunciar produtos/marcas descontinuados Anunciar produtos corretamente Anunciar produtos sem estoque Cliente não encontra o produto do anúncio 3 O departamento de marketing não verificou se o produto anunciado tinha em estoque 1 Faz parte do processo de criação de anúncio verficar se o produto possui estoque 1 3 Anunciar produtos corretamente Cliente não Divulgar página de encontra o produto destino errada do anúncio 4 Falta de atenção ao anunciar o produto 1 Faz parte da rotina de criação de anuncios verificar se o link está correto 1 4 Anunciar produtos corretamente Cliente não Divulgar página de encontra o produto destino errada do anúncio 4 O departamento de marketing não foi comunicado sobre alterações no site 4 O marketing faz análises para identificar campanhas ruins e entender o motivo 2 32 Anunciar campanhas vigentes no site Não anunciar as Perda de campanhas vigentes oportunidade no site 2 O subdepartamento de marketing de performance não foi comunicado sobre as novas campanhas 3 Nenhum 4 24 Anunciar campanhas vigentes no site Anunciar campanhas que já terminaram 5 O subdepartamento de marketing de performance não foi comunicado sobre o término das campanhas 3 Faz parte da rotina do subdepartamento de marketing de performance verificar se a campanha está ativa 3 45 Cliente se sente enganado Total NPR 452 5.6. Plano de Ação O plano de ação foi desenvolvido apenas para as falhas de maior relevância. No presente trabalho, as falhas priorizadas para terem suas causas minimizadas ou eliminadas foram aquelas com NPR acima de 24 pontos, o que representa mais de 80% do total do NPR. Sendo 84 assim, ações sugeridas para estas falhas com impacto significativo nos processos foram propostas na Tabela 5. Esta tabela resume as ações recomendadas para cada modo de falha identificado ao longo deste trabalho. A seguir, o plano de ação foi descrito com maiores detalhes, explicando como a causa impactava os processos, como a ação foi implementada, como a falha foi eliminada ou reduzida e como os índices foram afetados. Garantir que a empresa sempre tenha produtos top seller em estoque Não comprar Acabar estoque de produtos top seller produtos top seller Atualizar cadastro dos produtos Não atualizar o cadastro do produto Anunciar produtos novos Causa(s) e Mecanismo(s) Potencial(is) Controles Atuais do Processo Ações Recomendadas NPR Efeito(s) Potencial(is) da Falha Índice de Detecção Modo de Falha Potencial Índice de Ocorrência Função do Processo Índice de Gravidade Tabela 5 - FMEA com Ações Recomendadas para as Falhas Priorizadas Estudo em conjunto dos dois departamentos para tomada de decisão, unindo a competência analítica do 45 departamento de planejamento e experiência de mercado dos gerentes comerciais Identificar responsáveis por alterações no site e comunicar à equipe de cadastro sobre as 36 modificações. O cadastro deve verificar constantemente com os responsáveis se alterações foram feitas 5 Os gerentes comerciais consideram que a lista sugerida não reflete o mercado atual 3 Nenhum 3 Não encontrar o produto na categoria certa do site 3 A equipe de cadastro não foi comunicada sobre a atualização 3 Nenhum 4 Não anunciar novos produtos Não vender os novos produtos 3 4 Nenhum 4 Mecanismo de comunicação: 48 departamento comercial lista os novos produtos Anunciar produtos novos Não anunciar novos produtos Não vender os novos produtos Pausar campanhas de produtos sem estoque Não pausar campanhas de produtos sem estoque Cliente não encontra o produto do anúncio Pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados Não pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados Anunciar produtos/marcas descontinuados Pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados Não pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados Anunciar produtos/marcas descontinuados 3 O departamento de marketing não foi comunicado sobre os novos produtos O departamento de marketing foi comunicado sobre os novos produtos, porém esqueceu de anunciar 2 Nenhum 4 Mecanismo de comunicação: departamento comercial 24 recebe feedback sobre os anúncios divulgados 3 Faz parte da rotina de marketing verificar se os produtos anunciados têm em estoque 2 24 4 O departamento de marketing não percebeu que o produto anunciado havia acabado Criação de material listando todos os produtos que acabaram estoque de um dia para o dia seguinte 3 O departamento de marketing não foi comunicado sobre a descontinuação do produto 4 Nenhum 4 Mecanismo de comunicação: departamento comercial lista 48 os produtos/marcas descontinuados 3 O departamento de marketing foi comunicado sobre a descontinuação do 2 produto, porém não pausou as campanhas Nenhum 4 24 Mecanismo de comunicação: departamento comercial recebe feedback sobre os anúncios divulgados 85 Cliente não Divulgar página de encontra o produto destino errada do anúncio Não anunciar as Anunciar campanhas campanhas vigentes no site vigentes no site Anunciar Anunciar campanhas campanhas que já vigentes no site terminaram Perda de oportunidade Cliente se sente enganado 4 O departamento de marketing não foi comunicado sobre alterações no site 2 O subdepartamento de marketing de performance não foi comunicado sobre as novas campanhas 5 O subdepartamento de marketing de performance não foi comunicado sobre o término das campanhas Controles Atuais do Processo 4 O marketing faz análises para identificar campanhas ruins e entender o motivo 2 Mecanismo de comunicação: informar o departamento de 32 marketing sobre alterações no site 3 Nenhum 4 Mecanismo de comunicação: 24 comunicar o marketing sobre novas campanhas 3 Faz parte da rotina do subdepartamento de marketing de performance verificar se a campanha está ativa 3 Mecanismo de comunicação: 45 comunicar o marketing sobre campanhas que terminaram Ações Recomendadas NPR Anunciar produtos corretamente Causa(s) e Mecanismo(s) Potencial(is) Índice de Detecção Modo de Falha Potencial Índice de Ocorrência Efeito(s) Potencial(is) da Falha Função do Processo Índice de Gravidade Tabela 5 - FMEA com Ações Recomendadas para as Falhas Priorizadas (continuação) Não comprar produtos top seller Para a falha "não comprar produtos top seller", foi identificado que a causa raiz era que os gerentes comerciais tomavam a decisão final sem considerar a análise feita pelo departamento de planejamento. Isso ocorria pois as análises feitas pelo planejamento eram baseadas apenas em dados históricos que refletem o passado. Sendo assim, os gerentes comerciais, com maior experiência de mercado e em constante contato com fornecedores e outros profissionais do ramo, consideravam que a lista de sugestões não era adequada. Entretanto, mesmo com experiência no mercado, as decisões tomadas pelos gerentes eram, às vezes, equivocadas e, consequentemente, produtos top seller acabavam e a empresa perdia oportunidades de venda. A Figura 27 ilustra como esta causa foi identificada. Para que a melhor proposta de solução fosse alcançada, os gerentes comerciais e os analistas responsáveis por criar a lista de sugestões de compras foram convidados a participar da proposta do plano de ação. Ao final da reunião, todos os envolvidos concordaram que o processo de tomada de decisão de quais produtos comprar deveria ser feito em conjunto entre os dois departamentos, cada um contribuindo com seus conhecimentos para tornar a análise mais robusta. O departamento comercial contribui com a competência analítica (estudando histórico de vendas, níveis de estoque e ações do marketing) e os gerentes comerciais com experiências 86 Por que o estoque dos produtos top seller acabam? • Porque os gerentes comerciais não seguem a lista de compra sugerida Por que os gerentes comerciais não seguem a lista de compra sugerida? • Porque consideram que a lista sugerida não reflete as atuais condições do mercado Figura 27 - Identificação da Causa da Falta de Estoque de Top Seller experiências de mercado e contatos de profissionais do ramo. Estas medidas diminuíram o índice de ocorrência e aumentam as chances de detecção. O novo Processo de Comprar Produto está representado na Figura 28. Figura 28 - Processo de Comprar Produto após Plano de Ação A alteração feita no Processo de Comprar Produto também teve impacto no PIER do processo, deslocando o departamento comercial da "Fase Posterior" para "Recursos Humanos", pois agora esta equipe também é responsável pelas atividades deste processo. Outra modificação foi a adição de "informações de mercado" como entrada do processo, adquiridos pelos gerentes comerciais durante suas reuniões com fornecedores. 87 • Analisar histórico de vendas • Analisar quantidade em estoque • Analisar concorrência • Analisar tendências de mercado Procedimentos Fase Anterior • Fornecedores • Banco de dados de produtos • Banco de dados de vendas • Departamento de marketing • Cobertura de estoque • Dias sem estoque • Margem de venda Indicadores Processo Entradas Saídas • Comprar Produto • Informações sobre produtos • Informações sobre campanhas • Informações sobre competidores • Histórico de Vendas • Informação de mercado • Sugestão de lista de compra Equipamentos • Planilha Fase Posterior • Fornecedores • Processo de cadastro Recursos Humanos • Equipe do departamento de planejamento • Equipe do departamento comercial Figura 29 - PIER do Processo de Comprar Produtos após Plano de Ação Não atualizar o cadastro do produto Para identificar a causa da falha "não atualizar o cadastro do produto", também foi proposto a utilização do Método dos 5 porquês ilustrado na Figura 30. Foi identificado que alguns produtos apresentavam o cadastro de categoria e subcategoria errados. Isto ocorreu porque o departamento de planejamento dividiu algumas categorias em subcategorias, pois perceberam que assim o site ficaria mais organizado e mais fácil do cliente encontrar o produto procurado. Como a ideia de dividir a categoria foi do planejamento, este departamento decidiu atualizar por conta própria o cadastro dos produtos para não gerar conflito com a equipe de cadastro. Como haviam atualizado adequadamente todos os produtos afetados, não acharam necessário comunicar a equipe de cadastro sobre as mudanças. A atualização foi executada corretamente pelo planejamento. Porém, após algum tempo, novos produtos da mesma categoria começaram a ser comercializados no site. Entretanto, como a equipe de cadastro não havia sido informada sobre a nova divisão da categoria, o cadastro dos produtos estava sendo baseado na estrutura antiga do site, gerando erros ao cadastrar os novos produtos. 88 Por que o cadastro do produto não foi atualizado? • Porque a equipe de cadastro não foi informada sobre a atualização Por que a equipe de cadastro não foi informada sobre a atualização? • Porque quem propôs a modificação já atualizou o cadastro dos produtos Por que a atualização foi feita sem ser informada para a equipe de cadastro? • Porque a atualização foi pontual Figura 30 - Identificação da Causa da Não Atualização do Cadastro de Produto O caso ocorreu com cinco categorias. A seguir foi exemplificado com a categoria "camiseta", que foi subdividida nas subcategorias "camiseta regata", "camiseta manga longa" e "camiseta manga curta". Quando a mudança no site ocorreu, o departamento de planejamento atualizou o cadastro de todos os produtos atuais da categoria "camiseta". Após alguns dias, novos produtos desta categoria chegaram e foram cadastrados apenas na categoria "camiseta", sem identificar se a subcategoria era camiseta regata, camiseta manga longa ou camiseta manga curta. Como consequência, todos os novos produtos "camiseta" apareciam na primeira subcategoria do site, "camiseta regata". Ou seja, devido ao erro no cadastro, não identificando o campo subcategoria, os novos produtos "camiseta" eram todos visualizados na página de "camiseta regata". Para eliminar esta falha, foram identificados todos os departamentos que tinham permissão para fazer alterações no site e criou-se um processo para que a equipe de cadastro ficasse sabendo das atualizações. O departamento de planejamento e a unidade de business intelligence do departamento de marketing foram identificados como responsáveis pelas alterações. Para que a equipe de cadastro seja comunicada sobre futuras atualizações, definiuse que o líder da equipe de cadastro fosse informado sobre as atualizações do site e que sua equipe verificasse constantemente com estes departamento se houveram novas mudanças. Estas medidas melhoraram os índices de ocorrência e detecção. 89 A Figura 31 ilustra o PIER desenvolvido para o processo criado para alterar a estrutura do site. • Atualizar cadastro dos produtos •Comunicar a equipe de cadastro sobre as alterações Procedimentos Fase Anterior • Departamento de planejamento • BI do marketing Indicadores Processo Entradas Saídas • Alterar Estrutura do Site • Novas categorias ou subcategorias • Cadastro atualizado • Comunicado ao cadastro • Nova estrutura do site Equipamentos • Planilha • Sistema da empresa Fase Posterior • Equipe de cadastro Recursos Humanos • Equipe do departamento de planejamento ou • Equipe de BI do marketing Figura 31 - PIER do Processo de Alterar Estrutura do Site Pensou-se em definir como responsável pela atualização do cadastro dos produtos nestes casos a equipe de cadastro, porém, para se evitar criações e alterações constantes de categorias e subcategorias, o responsável pela atualização seria o próprio departamento que sugerir a proposta de mudança, fazendo-os planejar e refletir bem se a mudança traria ganhos expressivos para a empresa. Não anunciar produtos novos e Não pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados As falhas relacionadas aos anúncios de novos produtos e produtos/marcas descontinuados foram minimizadas através da implementação de uma mesma solução. Além destas duas falhas, a falha com causa semelhante ("não anunciar produtos com preço especial"), apesar de não ter sido priorizada, também teve seus índices de ocorrência e detecção melhorados. A causa da falha de "não anunciar novos produtos", que é a mesma identificada para as falhas "não pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados" e "não anunciar produtos com preço especial", foi desdobrada na Figura 32. 90 Por que o departamento de marketing não estava anunciando o novo produto? • Porque o departamento de marketing não foi comunicado sobre os novos produtos Por que o departamento de marketing não foi comunicado sobre os novos produtos? • Porque os gerentes comerciais achavam que o departamento de marketing tinham conhecimento sobre todas as novidades do site Por que os gerentes comerciais achavam que o departamento de marketing já sabia sobre as novidades? • Porque não há comunicação efetiva entre os departamentos da empresa Figura 32 - Identificação da Causa de Não Anunciar Novos Produtos Foi identificado que a comunicação entre os gerentes comerciais e o departamento de marketing acontecia esporadicamente, quando o gerente comercial queria garantir que o novo produto seria anunciado e suas vendas corresponder às suas expectativas. Portanto, apenas os novos produtos que o gerente comercial estava apostando em seu sucesso de vendas eram efetivamente comunicados. Outra falha encontrada acontecia internamente ao departamento de marketing. Apesar do gerente comercial comunicar um representante do marketing, a informação era perdida e nem sempre todos eram comunicados sobre as novidades. Este modo de falha acontecia também para as informações sobre descontinuação de produtos/marcas e quando os produtos possuíam novos preços especiais. Apesar de ser possível continuar com o desdobramento do Método dos 5 Por quês para a identificação da causa raiz destas falhas, decidiu-se que, por enquanto, a causa será a falta de comunicação efetiva entre os departamentos. No final desta seção, entretanto, foi feita uma análise com maiores detalhes, pois percebeu-se que a causa raiz destas falhas era também a causa de diversas outras falhas presentes em diversos processos da empresa. Assim, foi estudada com maior atenção para solucionar falhas que ocorriam em diversos processos da empresa. 91 As soluções encontradas para melhorar a comunicação entre os departamentos tiveram duas frentes. A primeira atuou no lado comportamental das equipes envolvidas, através de apresentações dos departamentos e das pessoas. A segunda visou melhorar a comunicação de maneira técnica e objetiva, utilizando planilhas eletrônicas e email. A seguir, as soluções implementadas foram descritas com maiores detalhes. Apresentação dos departamentos: o primeiro passo para solucionar a falha de comunicação foi unir as equipes envolvidas no processo de anunciar produtos, tanto os responsáveis pelo processo, quanto os fornecedores. Portanto, os departamentos de marketing e comercial seguiram o roteiro da Figura 33 e Figura 34 para apresentar todos os colaboradores de cada área e explicar as principais funções e processos desenvolvidos. Esta apresentação serviu para que todos tivessem conhecimento sobre os departamentos envolvidos e pudessem colaborar para construir um processo mais robusto; Planilha eletrônica: a segunda parte do plano para melhorar a comunicação entre os departamentos foi formalizar e padronizar as informações que o departamento comercial devia enviar para o marketing. Assim, uma planilha eletrônica foi desenvolvida exclusivamente para facilitar esta troca de informações. A planilha está ilustrada na Tabela 6 e Tabela 7. Para que o seu uso fosse o mais prático e objetivo possível, contendo todas as informações necessárias sobre os produtos ou marcas para que estes fossem anunciados, vários campos são preenchidos de forma automática a partir de fórmulas que acessam a base de dados de produtos. A alimentação da planilha é feita pela equipe do comercial e é semanalmente atualizada. Os usuários desta planilha do departamento de marketing podem dar feedback sobre os produtos ou marcas preenchidos; Email do departamento de marketing: foi criado uma lista de email contendo todos do departamento de marketing. Assim, quando alguém quiser contatar todos do departamento, é só enviar um email para esta lista. No passado, as duas áreas já utilizaram planilhas para a troca de informações sobre produtos. Entretanto, não obtiveram sucesso com a atualização dos dados e o projeto acabou sendo extinto, abrindo lacunas entre os departamentos e perdendo oportunidades de vendas. 92 Descrição Introdução • Objetivos do departamento comercial • Organograma Equipe • Apresentação de cada um da equipe • Nome, tempo de empresa, principais atividades Processos Indicadores Considerações Finais • Destacar principais processos • Quais dependem do departamento de marketing? • Quais impactam as atividades do departamento de marketing? • Explicar os principais indicadores • Quais são as metas do departamento? • • • • O que podem fazer para ajudar o desempenho do marketing? O que o marketing poderia fazer para ajudar o comercial? Como deixar as áreas mais próximas? Sugestões de melhorias Figura 33 - Roteiro para Apresentação do Departamento Comercial Para que o projeto atual não seguisse o mesmo rumo, houve uma investigação para entender a causa do fracasso da planilha anterior e assim, propor uma solução melhor que atendesse as necessidades e restrições de cada departamento. Descobriu-se que os motivos do projeto anterior não ter prosseguido foram: a equipe comercial não atualizava constantemente a planilha pois considerava muito trabalhoso preencher todos os campos solicitados. O preenchimento era manual e muitas informações eram exigidas; a equipe comercial não percebia um retorno sobre os esforços de preencher a planilha e argumentavam que a equipe de marketing não utilizava as informações; o marketing parou de usar a planilha pois perceberam que o comercial não estava preenchendo os dados constantemente; 93 ambas as partes não entendiam o objetivo desse processo de preenchimento e acabavam julgando-o como perda de tempo e sem utilidade. Descrição Introdução • Objetivos do departamento de marketing • Organograma Equipe • Apresentação de cada um da equipe • Nome, tempo de empresa • Responsável por qual canal? Canais • Explicar como cada um dos canais de divulgação funcionam • Destacar informações que podem ser importantes para o comercial Processos • Destacar principais processos • Quais dependem do departamento comercial? • Quais impactam as atividades do departamento comercial? Indicadores Considerações Finais • Explicar os principais indicadores • Quais são as metas de cada canal? • O que o marketing pode fazer para ajudar o comercial? • O que o comercial poderia fazer para ajudar o marketing? • Como deixar as áreas mais próximas? • Sugestões de melhorias Figura 34 - Roteiro para Apresentação do Departamento de Marketing Parte do que foi descoberto investigando esse caso auxiliou na proposta da solução implementada. A apresentação dos departamentos tinha diversos objetivos: explicar as atividades de cada uma das áreas, alguns de seus processos e indicadores, a fim de aproximar os departamentos e mostrar o contexto e importância de trabalharem juntos. 94 Depois de entenderem a importância do trabalho em equipe das duas áreas, foi apresentada a nova planilha, explicando os motivos do porquê utilizá-la e mostrando como deveria ser preenchida, destacando as automatizações desenvolvidas. Adicionou-se também campos para que o departamento de marketing pudesse dar o feedback sobre os produtos listados pelo comercial, tornando o processo mais dinâmico e melhorando a qualidade da informação. A planilha desenvolvida pode ser visualizada na Tabela 6 e Tabela 7. Tabela 6- Modelo da Planilha Eletrônica Utilizada para Troca de Informações entre o Comercial e o Marketing (preenchimento do Comercial) Comercial Data Responsável SKU do Produto Nome do Produto Categoria Marca URL Previsão no Site Motivo do Produto Observações Estar Aqui Comercial Estas primeiras colunas da planilha são os campos que devem ser preenchidos pelo departamento comercial. A automação está nos campos "Nome do Produto", "Categoria", "Marca", "URL" e "Previsão no Site", que faz a busca das informações na base de dados de produtos a partir com campo "SKU do Produto". O campo "Motivo do Produto Estar Aqui" tem o objetivo de explicar o porquê do produto ter sido escolhido. Este campo possui restrições de preenchimento limitados a uma lista de motivos: Exclusividade da loja: esta exclusividade pode ocorrer por diversos motivos. A empresa foi a primeira no mercado a adicionar o produto ao portfólio, negociações com fornecedores permitiram a empresa ter exclusividade do produto por um período de tempo ou porque a empresa geriu bem o estoque e é a única do mercado a possuir produto; Estoque alto: o produto está sendo comunicado na planilha pois apresenta alto nível de estoque e o gerente comercial deseja que o produto seja anunciado com maior frequência; 95 Novidade: quando o produto é novo na empresa; Preço especial: os preços especiais são conquistados quando o gerente comercial consegue uma boa negociação com fornecedores e lhe é concedido desconto expressivo, sendo assim repassados aos clientes em forma de preço especial; Remarcação: são produtos que tiveram seu preço alterado para um valor menor devido à baixa procura ou porque os concorrentes possuem preços mais atraentes; Descontinuado: produtos ou marcas descontinuados são itens que a empresa parou de trabalhar, ou seja, não serão mais oferecidos à venda; O campo "Observações Comercial" foi adicionado para que os gerentes comerciais pudessem colocar algum comentário extra sobre o produto. Apesar da planilha ter sido automatizada, foi permitido que o preenchimento fosse feito manualmente em alguns casos, como por exemplo quando o gerente comercial quisesse comunicar algo sobre todos os produtos de uma certa marca. Nestas situações, não seria necessário preencher o campo "SKU do Produto" de todos os produtos da marca, apenas seria preenchido o campo "Marca" manualmente. Devido às grandes dimensões da planilha, esta foi dividida em duas figuras para que fosse melhor ilustrada neste trabalho. Assim, a Tabela 6 ilustra apenas os campos preenchidos pelo comercial. Em sequência, continuando as colunas do comercial, estão os campos preenchidos pelo departamento de marketing, ilustrada na Tabela 7. Tabela 7 - Modelo da Planilha Eletrônica Utilizada para Troca de Informações entre o Comercial e o Marketing (preenchimento do Marketing) Facebook Aplicado Resultado Buscadores Data Aplicado Resultado CRM Data Aplicado Resultado Comparadores de Preço Data Aplicado Resultado Data Social Media Aplicado Resultado Data Para cada produto adicionado pelos gerentes comerciais, o marketing pode escrever um feedback sobre os produtos colocados. Além disso, devem preencher a data em que utilizaram 96 a informação, a fim de mostrar que estavam realmente utilizando a planilha e anunciando os produtos. Desta forma, seria evitado o mesmo problema do projeto anterior, em que os gerentes comerciais argumentavam que não atualizavam mais a planilha porque o marketing não utilizava as informações nela contidas. O desenvolvimento da planilha, a apresentação dos departamentos e a criação da lista de email melhoraram os índices de ocorrência e de detecção dos modos de falha "não anunciar novos produtos" e " não pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados". O cálculo do novo NRP foi mostrado no capítulo Resultados. Não anunciar as campanhas vigentes no site e Anunciar campanhas que já terminaram As falhas "não anunciar as campanhas vigentes no site" e "anunciar campanhas que já terminaram" foram minimizadas através da implementação de uma mesma solução. Como as duas falhas apresentaram a mesma causa raiz, foi ilustrada a utilização do Método dos 5 porquês apenas para a falha "não anunciar as campanhas vigentes do site", na Figura 35. Por que o marketing de performance não anunciava as campanhas vigentes? • Porque não tinham conhecimento sobre as novas campanhas vigentes Por que não tinham conhecimento sobre as novas campanhas? • Porque o BI do marketing não informou o marketing de performance sobre as novas campanhas Por que não foram informados? • Porque o BI do marketing achava que o marketing de performance buscava esta informação por conta própria Figura 35 - Identificação da Causa de Não Anunciar as Campanhas Vigentes 97 Foi identificado que a causa destas duas falhas também eram problemas na comunicação. Porém, desta vez, a falha de comunicação era interna ao próprio departamento de marketing, que não informava a todos os canais o estado de cada campanha criada. Os responsáveis pela tomada de decisão de quais campanhas devem ser ativadas ou desativadas é a equipe de business intelligence (BI). Esta equipe monitora o desempenho do site, avaliando a margem de contribuição, o ticket médio, o mix de categorias vendidos e a taxa de conversão (número de cliques nos anúncios / número de pedidos). A partir desta análise, o BI seleciona marcas, categorias ou produtos para criar uma nova campanha, a fim de manter o equilíbrio das vendas. As campanhas são de diversos tipos: Promocionais de produto: os produtos da campanha estão com preços promocionais. Apresentam como principal característica produtos com baixo giro de estoque, margem de contribuição alta ou produtos que saíram de moda. Este tipo de campanha diminui a margem de contribuição da empresa, porém aumenta a receita; Promocionais de categoria: a categoria toda está em promoção, por exemplo, "Móveis com até 15% de desconto". Estas campanhas visam equilibrar o mix de categoria vendidos, a fim de manter o ticket médio elevado. Como a categoria de maior ticket médio é a de móveis, esta é normalmente utilizada para tentar manter a receita média por cliente elevada; Compre e leve: este tipo de campanha dá para o cliente um item ao comprar certa quantidade de produtos, por exemplo, "Compre 3 camisetas e Leve 4". Este tipo de campanha possui dois objetivos, o de elevar o ticket médio e o de equilibrar o mix de categorias vendidas; Sazonais: campanhas do tipo "Primavera - Verão" e "Dia das Crianças". Têm o objetivo de sinalizar aos clientes as mudanças de moda, de estação e tendências do mercado. Após analisar o site, o BI decide se deve criar ou desativar alguma campanha. Ao decidir por criar uma nova campanha, é requisitado ao subdepartamento de marketing de criação o preparo de materiais de divulgação a serem colocados no site. Caso decidissem por desativar alguma campanha, esta era pausada e substituída por outra. Apesar de bem estruturado o processo de análise e tomada de decisão de quais campanhas ativar ou desativar, o BI não era tão bem sucedido ao comunicar ao marketing de desempenho 98 sobre o estado das campanhas. Esta falha ocasionava dois tipos de problemas: anunciar campanhas que não estavam mais ativas e não anunciar campanhas novas. A primeira falha é a mais grave, pois o marketing de desempenho anuncia campanhas que não estão mais em vigência, o que faz com que os clientes se sintam enganados ao perceber que os anúncios estão divulgando promoções inexistentes no site. A segunda falha representa uma perda de oportunidade. Apesar de não apresentar índice de gravidade alto, esta falha limitava o potencial das campanhas, resultando em um marketing menos eficiente. Foram propostas duas soluções para estas falhas. A primeira, mais simples e visando minimizar estes problemas a curto prazo, é de enviar via email a atualização do estado de cada campanha, com data de início e término e a página de destino. Um exemplo desta atualização foi ilustrado na Tabela 8, porém adaptada para manter o nome da empresa em sigilo. Tabela 8- Exemplo Adaptado da Lista de Campanhas Nome da Campanha Dia das Crianças Compre 3 camisas e Leve 4 15% OFF em Móveis Cadeira de Descanço Fisher Price Estado Ativo Desativado Desativado Ativo Início Término 01-Sep 07-Oct 07-Sep 09-Sep 15-Sep 22-Sep 15-Aug Até durarem os estoques URL http://www.exemplo.com.br/Dia_das_Crianças http://www.exemplo.com.br/Compre_3_Leve_4 http://www.exemplo.com.br/Promocao_Moveis http://www.exemplo.com.br/Cadeira_de_Descanso O campo "URL" foi adicionado ao modelo para facilitar a divulgação de novas campanhas, já disponibilizando a página de destino para que o marketing de desempenho tivesse menos trabalho procurando o endereço certo. A segunda solução proposta visa uma melhoria organizacional, centralizando a equipe de BI para dar suporte tanto para o marketing social e site, quanto para o marketing de desempenho. Esta mudança foi representada na Figura 36. O objetivo desta mudança na estrutura é de centralizar a equipe de BI para que análises de todos os canais sejam feitos de forma padronizada e centralizada, a fim de propor campanhas e anúncios para todo o departamento de marketing, melhorando a comunicação entre os subdepartamentos e tornando o marketing mais eficiente. Esta nova estrutura exige uma equipe de BI mais capacitada em relação ao modelo antigo, pois agora irá centralizar todas as 99 análises estratégicas do marketing e sugerir campanhas para todos os canais, impactando o desempenho de todo o site. Vale ressaltar que não está sendo proposto que cada canal deixe de analisar suas campanhas e anúncios. Este tipo de análise ainda permanecerá sob responsabilidade dos canais. O novo modelo propõe novos tipos de análises, estudando as ações do marketing em conjunto, como um todo, e não separadamente por canal. O BI centralizado possibilitará estudos estratégicos entendendo os efeitos das ações em conjunto de todos os canais, tendo uma visão macro do que está acontecendo na empresa. Esta solução ainda não foi implementada na empresa. • Elaboração de material para divulgação dos produtos e do site Marketing de Criação Sugestão de Campanhas Dados Dados Marketing Social e Site • Site da Empresa • Página no Facebook • Instagram • Twitter • Google Plus • Blog da empresa Sugestão de Campanhas BI Dados Sugestão de Campanhas Marketing de Desempenho • CRM • SEM • Comparadores • Facebook • Display • Remarketing Figura 36 - Proposta de Mudança na Estrutura do Departamento de Marketing 100 Não pausar campanhas de produtos sem estoque Esta falha consiste em continuar anunciando produtos que não possuem mais estoque na loja. No momento de criação do anúncio, o produto possuía estoque, porém o produto foi vendido ao longo do período de divulgação e o estoque acabou. Faz parte do processo de anunciar produtos verificar se os produtos que estão sendo divulgados possuem estoque, mas nem sempre o marketing de desempenho identifica os produtos que acabaram na loja. A Figura 37 mostra como a causa raiz deste modo de falha foi encontrada. Por que o marketing não pausou as campanhas de produtos sem estoque? • Porque não perceberam que havia acabado o estoque dos produtos Por que não perceberam que havia acabado o estoque dos produtos? • Porque não fizeram a análise de quais produtos haviam acabado Por que não fizeram a análise de quais produtos haviam acabado? • O marketing faz essa análise, porém não com a frequência necessária para detectar instantaneamente o fim do estoque do produto Figura 37 - Identificação da Causa de Não pausar campanhas de produtos sem estoque Como mostrado na figura acima, apesar do marketing seguir os procedimentos de anúncio de produtos, a falha ainda persiste por algum tempo até a equipe identificar que o produto acabou. Ou seja, a análise não era feita com a frequência necessária para detectar instantaneamente quando o estoque de um produto acabar. A solução proposta para eliminar esta falha foi elaborada juntamente com a equipe de TI, que desenvolveu um algoritmo que identifica quando um produto acaba e envia a lista destes produtos para a equipe que monitora os anúncios. Desta forma, a cada hora um email é automaticamente enviado informando os produtos que acabaram. A princípio, pensou-se em mandar esta lista a cada identificação em tempo real da falta de estoque, porém esta opção foi 101 descartada pois iria lotar a caixa de emails da equipe de marketing e poderia desmotivar a equipe de verificar, a cada atualização, os produtos sem estoque. Somando a este fato, foi considerado pelos gerentes que o intervalo de uma hora anunciando um produto sem estoque não era grave. Esta solução minimizou o índice de ocorrência desta falha, diminuindo os desperdícios na divulgação de produtos sem estoque. Além deste algoritmo, também foi implementado um outro que identifica a situação oposta, identificando os produtos que mudam de status de "sem estoque" para "com estoque" e avisando o marketing. Assim, os anúncios destes produtos que antes não possuíam estoque poderiam ser reativados. Divulgar página de destino errada Foi identificado que este modo de falha possui duas causas potenciais que serão explicadas a seguir. A primeira delas não está presente na lista de falhas priorizadas, já que o NPR calculado é menor que 24 pontos. A outra foi priorizada, pois alcançou um NPR de 36. A primeira causa identificada era a desatenção de quem estava anunciando o produto, inserindo a página de destino errada. No entanto, este modo de falha possui NPR baixo, apresentando índices de ocorrência e detecção bem baixos, pois faz parte dos procedimentos do marketing verificar se a página de destino está correta antes de divulgar o anúncio. Além disso, os novos anúncios são monitorados constantemente pois apresentam grandes incertezas em relação ao seu desempenho. De fato, verificou-se que os anúncios com página de destino erradas não eram causados pela desatenção de quem os criou, mas porque o link da categoria/subcategoria foi alterado posteriormente pelo departamento de planejamento ou pelo BI do marketing ao se criar ou dividir uma categoria. E esta foi a causa priorizada neste plano de ação. A causa deste modo de falha era a mesma identificada no modo de falha "não atualizar o cadastro do produto", em que foi identificado que alterações executadas pelo departamento de planejamento na estrutura do site impactavam diretamente o cadastro dos produtos. O caso desta falha era bem semelhante. Ao criar novas subcategorias, o endereço da página em que a categoria ou subcategoria estava visível, foi alterado. Utilizando o mesmo exemplo apresentado na falha de cadastro, ao dividir a categoria "camiseta" nas subcategorias 102 "camiseta regata", "camiseta manga longa" e "camiseta manga curta", o http://www.exemplo.com.br/camiseta foi extinto e criado os link links http://www.exemplo.com.br/camiseta_regata, http://www.exemplo.com.br/camiseta_longa e http://www.exemplo.com.br/camiseta_curta. Deste modo, os anúncios que antes direcionavam os clientes para a página http://www.exemplo.com.br/camiseta, não estavam mais funcionando. A Tabela 9 ilustra este exemplo. Tabela 9 - Exemplo de Alterações Ocorridas que Ocasionaram Falhas na Divulgação de Produtos e Categorias ANTES Categoria camiseta Subcategoria camiseta Link http://www.exemplo.com.br/camiseta Link extinto, não funciona mais DEPOIS Categoria camiseta camiseta camiseta Subcategoria camiseta regata camiseta manga longa camiseta manga curta Link http://www.exemplo.com.br/camiseta_regata http://www.exemplo.com.br/camiseta_longa http://www.exemplo.com.br/camiseta_curta A solução proposta foi a mesma que a adotada para a falha da atualização de cadastro. Primeiramente, foram identificados todos os usuários que tinham permissão de alterar o link da categoria ou subcategoria. Depois, foi explicado a estes envolvidos os impactos que estas alterações tinham sobre os anúncios feitos pelo marketing. E então, foi solicitado a estes usuários que comunicassem o marketing sobre as futuras alterações, para que os anúncios não fossem prejudicados. O PIER do processo criado para a alteração da página de destino de categorias e subcategorias está representado na Figura 38. Observa-se a semelhança deste PIER com o PIER do processo de alterar estrutura do site. De fato, as duas falhas estudadas apresentavam a mesma causa, que tinham origem nas alterações feitas pelo departamento de planejamento e pelo BI do marketing na estrutura do site. Desta forma, os processos criados para solucionar as falhas possuem atividades e responsáveis semelhantes. 103 • Atualizar cadastro dos produtos •Comunicar a equipe de cadastro e o departamento de marketing sobre as alterações Procedimentos Indicadores Processo Fase Anterior • Departamento de planejamento • BI do marketing Entradas • Novas categorias ou subcategorias Saídas • Alterar Página de Destino de Categorias e Subcategorias Equipamentos • Planilha • Sistema da empresa • Novas páginas de destino Fase Posterior • Departamento de marketing • Equipe de cadastro Recursos Humanos • Equipe do departamento de planejamento ou • Equipe de BI do marketing Figura 38 - PIER do Processo de Alterar Página de Destino de Categorias e Subcategorias Ambiente Instável No decorrer do projeto, percebeu-se que muitos modos de falha apresentavam mecanismos e causas potenciais semelhantes, muito provavelmente oriundos de uma causa maior. Este fato foi sendo confirmado ao longo das entrevistas e reuniões com os responsáveis pelos processos, em que a cada conversa os problemas iam se tornando mais claros e definidos. Os estudos feitos para entender as falhas mais detalhadamente possibilitaram uma compreensão maior sobre a situação atual da empresa. Muitas das falhas listadas na Tabela 4 - FMEA dos Processos Priorizados são consequência de uma causa maior identificada na empresa toda: falta de padronização/processos bem definidos e falhas na comunicação. Em outras palavras, as falhas identificadas apresentaram causas inerentes ao ambiente da empresa. Para entender mais detalhadamente as causas desta causa maior, foi elaborado o Diagrama de Causa e Efeito na Figura 39. Percebe-se que o fato da empresa ser nova (apenas 3 anos) e atuar em um mercado novo e incerto, contribuíram para gerar incertezas sobre o futuro da organização, tendo como consequência alta rotatividade dos funcionários e contratação, em sua maioria, de jovens e inexperientes trabalhadores que estão dispostos a encarar grandes incertezas. Todo esse ambiente em constante mudanças resulta em dificuldades de manter ou criar processos bem 104 definidos e de estabelecer um ambiente favorável a uma comunicação eficiente. Por exemplo, a falta de comunicação eficiente entre as áreas apresenta como uma de suas causas, a alta rotatividade dos funcionários, que desmancha os vínculos criados entre os departamentos a cada troca de pessoal. A falta de padronização é causada pelo ambiente de rápidas mudanças, o que dificulta a formalização e padronização de processos. Sistema Não acompanharam o ritmo de crescimento da empresa Pessoas Empresa recém-criada Alta rotatividade Defasados Jovens Falta de investimentos Inexperientes Recém-formados Pouca segurança Mercado novo Grandes incertezas Informalidade E-commerce ainda em expansão no Brasil Inovador Alta taxa de lançamento de novos serviços de marketing Empreendedorismo Falta de Padronização e Falha na Comunicação Ambiente Externo Sem Visão, Missão e Valores definidos Em constante mudança Acompanha as inovações externas Ambiente Interno Figura 39 - Diagrama de Causa e Efeito Aplicado aos Efeitos de Falta de Padronização e Falha na Comunicação Como sugerido no artigo de Eisenmann (2011), a empresa em estudo buscou o crescimento acelerado de seu negócio logo após verificar que o modelo era aderente ao mercado, com grandes chances de ser bem sucedido. Sendo assim, o crescimento rápido tem o objetivo de criar barreiras de entrada e garantir a prosperidade do negócio a longo prazo. Entretanto, ao adotar este modelo, a empresa acabou enfrentando algumas barreiras para tornar o crescimento sustentável. O crescimento acelerado não estava permitindo o desenvolvimento estruturado das áreas e de seus processos, fato este observado ao verificar as dificuldades enfrentadas para controlar e 105 manter a qualidade dos processos, impossibilitados devido ao ambiente em constante mudança. No presente trabalho, não foi desenvolvido um plano de ação para solucionar as causas raiz dos modos de falha da falta de padronização e da falha na comunicação. Entretanto, um dos caminhos para minimizar estas falhas seria desenvolver uma cultura organizacional que visasse desenvolver e reter pessoas, gerindo expectativas e diminuindo as incertezas. Reconhece-se que o tratamento das causas desses efeitos é de extrema importância para a empresa, visto que o plano implementado por este trabalho não se sustentará a longo prazo se o ambiente não se tornar mais estável e previsível. 106 107 6. RESULTADOS Este capítulo apresenta os resultados obtidos com a implementação do plano de ação sugerido para eliminar ou minimizar os modos de falha levantados ao longo deste trabalho. O plano de ação foi bem implementado, com apenas uma de suas ações sugeridas ainda em fase de desenvolvimento (centralização da célula de business intelligence do marketing). Ademais, todos os outros projetos foram executados e bem recebidos pelas equipes afetadas pelas mudanças. Este sucesso foi atrelado ao planejamento feito e à participação colaborativa da equipe, que se empenhou ao máximo em todas as fases do projeto, desde o levantamento de dados e mapeamento dos processos, até o desdobramento de falhas e execução do plano de ação. A Tabela 10 mostra como a implementação das ações refletiu no NPR das falhas identificadas. Vale lembrar que, apesar de ter havido a seleção dos modos de falha a serem solucionados, algumas falhas não priorizadas também tiveram seu NPR reduzido em consequência das ações tomadas. Antes da tomada das ações sugeridas, o somatório do NPR era de 452. Após a aplicação das soluções, este número caiu para 215, uma redução de 52%. O plano de ação também surtiu efeito no dia a dia das equipes, que perceberam maior envolvimento entre as áreas e maior facilidade para obter informações e tomar decisões. Tentou-se calcular os ganhos financeiros obtidos pela implementação das ações, porém foram encontradas grandes dificuldades para estimar este valor. Por exemplo, não há nenhuma precisão ao se calcular as oportunidades perdida de vendas de produtos que foram cadastrados errados. Também foi inviável o cálculo das oportunidades perdidas de vendas de novos produtos que não estavam sendo anunciados, mesmo porque a venda depende de diversos outros fatores e não apenas da divulgação do produto. Além destes ganhos difíceis de serem estimados financeiramente, o projeto realizado na empresa trouxe outros benefícios intangíveis. Antes da finalização do trabalho, foram perceptíveis as mudanças no comportamento dos envolvidos no projeto. Antes, com cada um "isolado" em seu próprio departamento, não havia muita comunicação e envolvimento de equipes de áreas diferentes em um mesmo projeto. O ambiente não era Não consultou todos os fornecedores 2 Metas de margem mínima Garantir a variedade de Não possuir grande Possuir variedade produtos no portfólio da variedade de limitada de produto empresa produtos 5 Os gerentes comerciais não compraram os produtos recomendados pelo departamento de planejamento 2 Garantir a variedade de Não possuir grande Possuir variedade produtos no portfólio da variedade de limitada de produto empresa produtos 5 Departamento comercial não se atentou as novidades do mercado 1 3 Dados recebidos estavam errados 2 3 Erro de digitação 2 Selecionar fornecedores que produzam produtos Não selecionar o com qualidade e a custos melhor fornecedor baixos Vender produtos de baixa qualidade e/ou com baixa margem Cadastrar produto Cadastrar corretamente com descrição os produtos errada Cadastrar produto Cadastrar corretamente com descrição os produtos errada 108 Não encontrar o produto na categoria certa do site Não encontrar o produto na categoria certa do site Análise de número de produtos distintos oferecidos pela empresa por categoria e acompanhamento de lançamento dos fornecedores Análise de número de produtos distintos oferecidos pela empresa por categoria e acompanhamento de lançamento dos fornecedores Comprador responsável pelo produto revê o cadastro antes do produto ficar disponível no site Comprador responsável pelo produto revê o cadastro antes do produto ficar disponível no site NPR 3 Acabar estoque de produtos top seller Ações Recomendadas Detecção Nenhum Garantir que a empresa Não comprar sempre tenha produtos produtos top seller top seller em estoque Controles Atuais do Processo Ocorrência 3 Efeito(s) Potencial(is) da Falha Severidade 5 Os gerentes comerciais não compraram os produtos recomendados pelo departamento de planejamento Modo de Falha Potencial Resultado das Ações 3 Após os gerentes analisarem a lista recomendada, reunir os 45 dois departamentos para discutirem a lista final de compras 5 2 2 20 2 12 3 2 2 12 1 10 5 2 1 10 1 5 5 1 1 5 3 18 3 2 3 18 3 18 3 2 3 18 NPR Causa(s) e Mecanismo(s) Potencial(is) Função do Processo Índice de Detecção Índice de Gravidade Índice de Ocorrência Tabela 10 - FMEA Completo dos Processos Priorizados Não anunciar novos Não vender os produtos novos produtos 3 Anunciar produtos novos Não anunciar novos Não vender os produtos novos produtos 3 Não anunciar Anunciar produtos com produtos com preço preço especial especial Não pausar Pausar campanhas de campanhas de produtos sem estoque produtos sem estoque Não pausar Pausar campanhas de campanhas de produtos/marcas produtos/marcas descontinuados descontinuados Pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados Não pausar campanhas de produtos/marcas descontinuados Não vender os produtos com preço especial 2 O departamento de marketing não foi comunicado sobre os novos produtos O departamento de marketing foi comunicado sobre os novos produtos, porém esqueceu de anunciar O departamento de marketing não foi comunicado sobre os produtos com preço especial Cliente não encontra o produto do anúncio 4 O departamento de marketing não percebeu que o produto anunciado havia acabado Anunciar produtos/marcas descontinuados 3 O departamento de marketing não foi comunicado sobre a descontinuação do produto 3 O departamento de marketing foi comunicado sobre a descontinuação do produto, porém não pausou as campanhas Anunciar produtos/marcas descontinuados Nenhum 4 4 Nenhum 4 2 Nenhum 4 3 Nenhum 3 3 Faz parte da rotina de marketing verificar se os produtos anunciados têm em estoque 2 4 Nenhum 4 2 Nenhum 4 Mecanismo de comunicação: 48 departamento comercial lista os novos produtos Mecanismo de comunicação: departamento comercial 24 recebe feedback sobre os anúncios divulgados 18 Criação de material listando todos os produtos que 24 acabaram estoque de um dia para o dia seguinte Mecanismo de comunicação: departamento comercial lista 48 os produtos/marcas descontinuados Mecanismo de comunicação: departamento comercial 24 recebe feedback sobre os anúncios divulgados NPR Anunciar produtos novos 3 Identificar responsáveis por alterações no site e comunicar 36 à equipe de cadastro sobre as modificações Detecção 3 A equipe de cadastro não foi comunicada sobre a atualização Ocorrência Não encontrar o Não atualizar o produto na cadastro do produto categoria certa do site Ações Recomendadas Severidade Atualizar cadastro dos produtos Controles Atuais do Processo Resultado das Ações NPR Causa(s) e Mecanismo(s) Potencial(is) Efeito(s) Potencial(is) da Falha Índice de Detecção Modo de Falha Potencial Índice de Ocorrência Função do Processo Índice de Gravidade Tabela 10 - FMEA Completo dos Processos Priorizados (continuação1) 3 1 2 6 3 1 3 9 3 2 3 18 2 1 3 6 4 2 2 16 3 1 3 9 3 2 3 18 109 Controles Atuais do Processo NPR Severidade Ocorrência Detecção NPR Anunciar produtos corretamente Não pausar campanhas de produtos com margem baixa Anunciar produtos com informações erradas Causa(s) e Mecanismo(s) Potencial(is) Índice de Detecção Pausar campanhas de produtos com margem baixa Modo de Falha Potencial Índice de Ocorrência Função do Processo Índice de Gravidade Tabela 10 - FMEA Completo dos Processos Priorizados (continuação2) 3 O departamento de marketing não verificou a margem do produto 2 Faz parte do processo de anúncio verficar a margem do produto 1 6 3 2 1 6 Cliente se sente enganado 4 Falta de atenção ao anunciar o produto 1 O próprio criador do anúncio revisa a material de anúncio 2 8 4 1 2 8 Efeito(s) Potencial(is) da Falha Anunciar produtos com margem baixa Resultado das Ações Ações Recomendadas Anunciar produtos corretamente Anunciar produtos sem estoque Cliente não encontra o produto do anúncio 3 O departamento de marketing não verificou se o produto anunciado tinha em estoque 1 Faz parte do processo de criação de anúncio verficar se o produto possui estoque 1 3 3 1 1 3 Anunciar produtos corretamente Cliente não Divulgar página de encontra o produto destino errada do anúncio 4 Falta de atenção ao anunciar o produto 1 Faz parte da rotina de criação de anuncios verificar se o link está correto 1 4 4 1 1 4 Anunciar produtos corretamente Cliente não Divulgar página de encontra o produto destino errada do anúncio 4 O departamento de marketing não foi comunicado sobre alterações no site 4 O marketing faz análises para identificar campanhas ruins e entender o motivo 2 Mecanismo de comunicação: informar o departamento de 32 marketing sobre alterações no site 4 1 2 8 Anunciar campanhas vigentes no site Não anunciar as Perda de campanhas vigentes oportunidade no site 2 O subdepartamento de marketing de performance não foi comunicado sobre as novas campanhas 3 Nenhum 4 Mecanismo de comunicação: 24 comunicar o marketing sobre novas campanhas 2 1 3 6 Anunciar campanhas vigentes no site Anunciar campanhas que já terminaram 5 O subdepartamento de marketing de performance não foi comunicado sobre o término das campanhas 3 Faz parte da rotina do subdepartamento de marketing de performance verificar se a campanha está ativa 3 Mecanismo de comunicação: 45 comunicar o marketing sobre campanhas que terminaram 5 1 3 15 Cliente se sente enganado Total NPR 110 452 215 111 propício à interação entre as pessoas de departamentos diferentes para solucionar os problemas enfrentados pela empresa. Com a aplicação de conceitos de gestão por processos e da metodologia proposta, unindo pessoas de diversas áreas e promovendo o trabalho em equipe, conseguiu-se com sucesso implementar as ações sugeridas e, além disso, mudar o ambiente de trabalho. Após o plano de ação ser colocado em prática, os envolvidos no projeto mudaram um pouco a forma de enxergar seu trabalho, percebendo que suas atividades impactam os resultados de muitos outros da empresa. Dentre os destaques das ações sugeridas, está a apresentação dos departamentos, pois foi a partir deste ponto que as áreas começaram a colaborar uma com a outra e propor melhorias para os processos que envolviam a área comercial e marketing. Ao entender melhor as atividades de cada departamento, o trabalho em equipe começou a ser desenvolvido. Devido ao sucesso dessas apresentações, surgiu a ideia de ampliá-las para as outras áreas, a fim de replicar o resultado para a empresa toda. Além disso, também foi sugerido que estas apresentações fossem feitas em intervalos definidos, para que novos membros das equipes se sintam parte da empresa. Estas ideias foram propostas pelos próprios envolvidos no projeto e ficaram responsáveis pela continuidade deste projeto. Outro destaque do trabalho foi a proposta de utilizar a planilha eletrônica para que os departamentos comercial e de marketing pudessem trocar informações. Este projeto também foi um destaque pois teve grandes impactos na rotina de criar anúncio de produtos. Agora, o marketing possui melhores direcionadores para escolher produtos a serem divulgados, além de permitir a detecção de anúncios de produtos descontinuados. A Tabela 11 ilustra exemplos do preenchimento da planilha eletrônica utilizada para melhorar a comunicação entre o marketing e o comercial (alguns dados foram ocultados para preservar a identidade da empresa). Outro fato que destacou esse projeto foi justamente os benefícios trazidos pela gestão por processo, a melhoria contínua dos processos ilustrado no caso a seguir: observa-se que o campo "resultado", de responsabilidade de preenchimento do marketing, não está sendo utilizado. Em conversas com a equipe do marketing, descobriu-se que não estavam preenchendo este campo porque o resultado da campanha não é obtido instantaneamente, sendo necessário um período de tempo até se obter dados para se concluir algo sobre a campanha. Porém, após a obtenção do resultado, que pode levar até duas 112 semanas, o comercial já havia adicionado muitos outros produtos na planilha, tornando a informação sobre o resultado de campanhas de duas semanas atrás obsoleta. O novo modelo de planilha ainda está em fase de planejamento, com propostas de retirar o campo "resultado" e talvez "aplicado", substituindo-os ou não por um feedback mais preciso e útil para os gerentes comerciais, visto que os dados colocados pelo marketing não se transformam em nenhuma informação que possa agregar valor nas tomadas de decisão dos gerentes comerciais. Esta proposta de melhoria foi sugerida pelos próprios usuários da planilha, que perceberam que o preenchimento do campo "resultado" não gerava nenhum valor. Esta observação foi feita por integrantes de ambos departamentos de marketing e comercial, e estão trabalhando para rever qual a melhor forma do marketing dar o feedback ao comercial. Tabela 11 - Planilha Comercial e Marketing com Exemplos de Produtos Preenchidos Comercial Data SKU do Produto 29-set 29-set 25-set 25-set 25-set 25-set 03-Oct 03-Oct 29-Sep 29-Sep 22-Sep 22-Sep 29-Sep 29-Sep 29-Sep 29-Sep CO122AC15HSETRI CO122AC16HSDTRI SA280AC00QMTTRI SA280AC01QMSTRI SA280AC99QMUTRI BE279AC31KDCTRI *** *** Nome do Produto Categoria Cadeira para Auto 9 a 36 Kg Evolve Preto Cromo Cosco Cadeira para Auto 9 a 36 Kg Evolve Vermelho Sabre Cosco Cadeira de Descanso Bouncer Baby Confort Azul Safety1st Cadeira de Descanso Bouncer Baby Confort Bege Safety1st Cadeira de Descanso Bouncer Baby Confort Rosa Safety1st Cadeira de Refeição Portátil Reflex Nature Spirit Bébé Confort Fantasias Tinta Para Cabelo Sneakers Coleção Verão 2015 Sandália Tiras Azul, Amarelo e Laranja Sandália Baby Rosa Coleção Verão 2015 Coleção Verão 2015 Coleção Verão 2015 Coleção Verão 2015 Facebook Aplicado Resultado Buscadores Bebês/Cadeiras para Auto/9 a 36 Kg Bebês/Cadeiras para Auto/9 a 36 Kg Bebês/Cadeiras de Descanso Bebês/Cadeiras de Descanso Bebês/Cadeiras de Descanso Bebês/Alimentação/Cadeiras de Alimentação Brinquedos/Fantasias Brinquedos/Fantasias Calçados/Sneakers Calçados/Tênis Calçados/Sandálias E Papetes Calçados/Sandálias E Papetes Vestuário Vestuário Vestuário Vestuário CRM Data Aplicado Resultado Data 29-Sep 29-Sep 29-Sep 29-Sep 29-Sep 29-Sep 06-Oct 06-Oct 29-Sep 29-Sep 29-Sep 29-Sep 06-Oct 06-Oct 06-Oct 06-Oct Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Ok Anunciando marca Ok Ok Ok Ok Ok Ok 03-Oct 03-Oct 26-Sep 26-Sep 26-Sep 26-Sep Aplicado Resultado Data Aplicado Resultado Data URL Cosco Cosco Safety1st Safety1st Safety1st Bébé Confort Sulamericana Sulamericana Dok Keds *** *** Lilica Malwee Milon Noruega - News manhã News tarde News tarde News manhã News manhã 06-Oct 06-Oct 30-Sep 01-Oct 02-Oct 02-Oct 01-Oct 30-Sep 02-Oct Previsão no Site 5-out 5-out 25-set 25-set 25-set 25-set 3-out 3-out 29-set 29-set 22-set 22-set 29-out 29-out 8-out 8-out Social Media Aplicado Resultado 03-Oct 03-Oct 03-Oct 03-Oct 03-Oct 03-Oct News tarde News tarde 03-Oct 03-Oct 03-Oct 03-Oct 03-Oct 03-Oct 03-Oct 03-Oct Price Comparison Marca Motivo do Produto Estar Aqui Novidade Novidade Preço Especial Preço Especial Preço Especial Preço Especial Sazonalidade Sazonalidade Estoque Alto Novidade Lançamento Lançamento Novidade Novidade Novidade Novidade Observações Comercial 10% OFF 10% OFF 10% OFF 10% OFF Dia das Bruxas Dia das Bruxas A partir de R$44,90 Marca nova Marca própria Marca própria SEO Data Aplicado Resultado Data Criando conteúdo Criando conteúdo 02-Oct 02-Oct Facebook 03-Oct Criando conteúdo Facebook 03-Oct Criando conteúdo Instagram e Facebook30-Sep Facebook 30-Sep 09-Oct 09-Oct Instagram Instagram 02-Oct 02-Oct 02-Oct 02-Oct 29-Sep Criando conteúdo 29-Sep Criando conteúdo Criando conteúdo Criando conteúdo 113 114 115 7. CONCLUSÃO Este trabalho teve como objetivos identificar e tratar os principais modos de falha que impediam a empresa de executar seus processos com qualidade necessária para alcançar seus objetivos estratégicos. A identificação e eliminação de falhas ocorreu através da aplicação dos princípios de Gestão por Processos e da metodologia proposta, que foram muito bem acolhidas pela equipe envolvida e foi requisito necessário para alinhar os departamentos da empresa e concluir o trabalho com resultados expressivos. O mapeamento dos processos priorizados foi uma das fases mais importantes deste trabalho, pois facilitou a identificação das falhas potenciais e apontou onde e como atuar para propor as melhorias. O mapeamento também permitiu a visualização do processo como um todo, mostrando todas as áreas envolvidas no processo, permitindo a análise de entradas e saídas e a mensuração de seu desempenho. Os processos considerados críticos foram o processo de cadastrar produto, o processo de comprar produtos e o processo de anunciar produtos, que foram mapeados e seus modos de falha explorados, a fim de priorizar ações para solucionar os problemas. Os modos de falha tiveram como causas frequente a falta de padronização e falhas na comunicação. Estas falhas são consequência de um ambiente instável e sujeito a constantes mudanças organizacionais e de mercado. De fato, observou-se que a estratégia de crescer aceleradamente em um curto período de tempo, a fim de escalar o negócio e criar barreiras de entrada para potenciais competidores, não foi acompanhado pelo desenvolvimento estruturado das áreas e de seus processos, causando ineficiências, redução de qualidade e falhas recorrentes. Dentre os benefícios alcançados, além da redução de 52% do NPR do formulário FMEA, foram percebidas mudanças na mentalidade das pessoas para a abordagem de melhoria contínua e integração de funcionários de diferentes departamentos. Estes dois últimos pontos foram consequência de um trabalho em equipe bem estruturado. Esta conquista concretizará os resultados obtidos, permitindo que o aprendizado adquirido com este projeto se mantenha vivo na empresa. Acredita-se que com esta mudança de mentalidade e a proximidade entre os departamentos, novas propostas de melhoria surgirão, identificando oportunidades para tornar os processos cada vez mais eficazes e eficientes. 116 Contou-se também com o apoio dos CEOs que desde o início avaliaram este trabalho como sendo essencial para a melhoria da qualidade dos processos da empresa e do serviço prestado aos clientes. Por fim, notou-se a importância do empenho da alta gerência para que um trabalho como este fosse desenvolvido. Sem a colaboração de todos e adoção de uma visão sistêmica do negócio não seria possível atingir os resultados obtidos. 117 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA-NETTO, C. Definindo gestão por processos: características, vantagens, desvantagens. In: LAURINDO, F; ROTONDARO, R. Gestão integrada de processos e da tecnologia da informação. São Paulo: Ed. Atlas, 2006. ALVARENGA-NETTO, C. Proposta de modelo de mapeamento e gestão por macroprocessos. São Paulo, 2014. BRAZ, M. A. Ferramentas e Gráficos Básicos. In: ROTONDARO, R. G. Seis Sigma: estratégia gerencial para a melhoria de processos, produtos e serviços. Atlas, 2002. CARRARA, A. R.; PESSÔA, M. S. P. Aplicação de Técnicas de Gestão Por Processos (BPM) Em uma Praça de Atendimento ao Cidadão. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO – ENEGEP, XXIX. Salvador, 2009. EISENMANN, T.; RIES, E.; DILLARD, S.: "Hypothesis-Driven Entrepreneurship: The Lean Startup". In: Harvard Business School Entrepreneurial Management Case, n. 812-095, 2012. ENOKI, C.: Gestão de processos de Negócio: uma contribuição para a avaliação de soluções de Business Process Management (BPM) sob a ótica da Estratégia de Operações. Tese de mestrado em Engenharia, São Paulo: USP, 2006. HAMMER, M.; CHAMPY, J.: Reengenharia: Revolucionando a empresa em função dos clientes, da concorrência e das grandes mudanças da gerência. Trad. Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Campus, 1994. HELMAN, H. Análise de falhas (aplicação dos métodos de FMEA - FTA). Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1995. KINGMAN-BRUNDAGE, J.; GEORGE, W. R.; BOWEN, D. E. “Service logic”: achieving service system integration. In: INTERNATIONAL JOURNAL OF SERVICE INDUSTRY MANAGEMENT, v. 6, n. 4, p. 20-39, 1995. LINTON, Jonathan D. Facing the challenges of service automation: an enabler for ecommerce and productivity gain in traditional services. Engineering Management, IEEE Transactions on, v. 50, n. 4, p. 478-484, 2003. 118 MIGUEL, P.A.C. Estudo de caso na engenharia de produção: estruturação e recomendações para sua condução. Produção, v.17, n.1, p. 216-229, Jan./Abr. 2007. RELATÓRIO WEBSHOPPERS. E-bit, 2014. Disponível <http://http://www.ebitempresa.com.br/web-shoppers.asp>. Acesso em: 12 set. 2014. em: ROTONDARO, R. G. Gerenciamento por Processos. In: CARVALHO, M.; PALADINI, E. Gestão da Qualidade: teoria e casos. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2006. SHOSTACK, G.L. Designing services that deliver. In: Harvard Business Review, p. 133-139, Jan./Fev. 1984.