SOBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA ALINE KARLA ARAÚJO DE HOLANDA MARIA EDILSA LEITE RODRIGUES MARIA SULENE FERNANDES DE SOUSA O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA PRÁTICA DE UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO: Infecções em UTI, Infecções em UTI Neonatal e dieta parenteral PATOS-PB 2011 ALINE KARLA ARAÚJO DE HOLANDA MARIA EDILSA LEITE RODRIGUES MARIA SULENE FERNANDES DE SOUSA O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA PRÁTICA DE UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO: Infecções em UTI, Infecções em UTI Neonatal e dieta parenteral Tese – Artigo Científico – apresentado à Coordenação do Curso de Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva da SOBRATI, como requisito para a obtenção do grau de Mestre. Orientador: PATOS-PB 2011 ALINE KARLA ARAÚJO DE HOLANDA MARIA EDILSA LEITE RODRIGUES MARIA SULENE FERNANDES DE SOUSA O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA PRÁTICA DE UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO: Infecções em UTI, Infecções em UTI Neonatal e dieta parenteral Trabalho aprovado em: ______/______/________ Nota: ________________________________________________________________ Professor Orientador: PATOS-PB 2011 O PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NA PRÁTICA DE UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO: Infecções em UTI, Infecções em UTI Neonatal e dieta parenteral Aline Karla Araújo de Holanda1, Maria Edilsa Leite Rodrigues1, Maria Sulene Fernandes de Sousa1 RESUMO A incidência de infecções hospitalares varia de acordo com as características de cada unidade de tratamento, do próprio paciente e dos métodos de prevenção e diagnósticos disponíveis. As infecções em Unidades de Terapia Intensivas (UTI) Neonatais também são muito variáveis em característica e casuística. A dieta parenteral se mostra como umas das técnicas mais difundidas entre os departamentos de saúde em todos os países do mundo. Sendo, entretanto em muitos casos, causa de contaminação por patógenos. O presente trabalho buscou apresentar um quadro histórico e atual das infecções hospitalares em UTI, UTI Neonatal e sua relação com a dieta parenteral. Utilizou-se de uma pesquisa teórica, do tipo narrativa acerca da literatura concernente para se elaborar o presente compêndio, que aborda aspectos históricos e atuais acerca dos problemas que envolvem infecções hospitalares em UTI e dieta parenteral. Evidencia-se que as infecções em unidades de tratamento intensivo ainda são um problema; mesmo com todas as técnicas já universalizadas, entre os profissionais de saúde, a negligência e a imperícia ainda são os principais causadores destes males, que se mostram bastante flagrantes; ao mesmo tempo que, relativamente simples de se prevenir. Descritores: Infecções, UTI Neonatal, Dieta Parenteral ABSTRACT The incidence of nosocomial infections varies with the characteristics of each treatment unit, and the patient's own methods of prevention and diagnostics available. Infections in Intensive Care Units (ICU) Neonatal also vary widely in character and series. Parenteral nutrition is shown as one of the most popular among health departments in all countries of the world.Since, however in many cases because of contamination by pathogens. This study sought to present a portrait painted of nosocomial infections in ICU, Neonatal ICU and its relation to parenteral nutrition. We used a theoretical research, narrative about the type of literature about preparing for this compendium, which deals with historical and current aspects of the problems involving nosocomial infections in intensive care and parenteral nutrition. It is evident that the infections in intensive care units are still a problem, even with all the techniques already universalized among health professionals, negligence and malpractice are still the main cause of these evils, who appear quite striking and at the same time, relatively simple to prevent. Descriptors: Infections, Neonatal ICU, Diet Parenteral. 1 Enfermeiras especialistas. 1 INTRODUÇÃO Os serviços de UTI no Brasil são considerados de qualidade bastante heterogênea. Devido ao tamanho do país e as disparidades sociais e econômicas, existem UTI consideradas “modelo” e outras que são consideradas casos de calamidade; que vez por outra aparecem em noticiários. Através dos tempos, os cuidados às pessoas doentes foram prestados de distintas formas, envolvendo diferentes sujeitos até se tornar institucionalizado (MELO, 1986), com a criação dos hospitais. O próprio processo histórico favoreceu, durante muito tempo, infestações infecciosas que somente foram tratadas com técnicas adequadas com o passar do tempo e o avanço tecnológico em antibióticos e técnicas de asseio. Neste quadro, os estudos epidemiológicos e pontuais acerca do assunto, foram preponderantes; e o acesso às informações foi um elemento primordial para a difusão deste conhecimento. Um outro fator preponderante para a saúde do paciente em tratamento intensivo, passa por uma nutrição que supra as necessidades mínimas de mantença do mesmo. Sendo este um dos aspectos também ligados à infecções em UTI, tanto pelo alimento ingerido, quanto pelos instrumentos utilizados. Sendo assim, o profissional de saúde deve conhecer, difundir e utilizar as técnicas apropriadas para prevenção e combate às infecções em ambientes de tratamento intensivo e a uma dieta parenteral adequada. Neste contexto, o enfermeiro, como um dos pilares do atendimento em UTI, sendo um dos principais agentes de ação no ambiente em que se desenvolve as infecções, deve antes concomitantemente ao atendimento técnico adequado, se utilizar dos conhecimentos adquiridos e do avanço destas. O presente trabalho teve por objetivo apresentar um quadro sintético histórico e atual acerca do conhecimento sobre infecções em UTI e Dieta Parenteral. 2 METODOLOGIA Trata-se de uma Pesquisa Bibliográfica do tipo narrativa (ROTHER, 2007) com análise da literatura acerca das infecções em UTI, UTI Neonatal e nutrição parenteral. Os trabalhos de revisão são importantes, pois analisam a produção bibliográfica em determinada área temática, dentro de um recorte de tempo, fornecendo uma visão geral ou um relatório do “estado da arte” sobre um tópico específico, evidenciando novas idéias, métodos, subtemas que têm recebido maior ou menor ênfase na literatura selecionada (NORONHA; FERREIRA, 2000). Para confecção do presente trabalho, foi realizada uma ampla pesquisa, tendo como escopo bibliográfico: artigos de periódicos científicos, livros, artigos em congressos e teses e dissertações – todos nacionais e internacionais. Destes, 28 fora efetivamente citados no presente trabalho, após profunda leitura e fichamento do material utilizado no período de Julho a Setembro de 2010. Todos os textos foram submetidos à rotulação e as idéias foram divididas em seções para facilitar a organização destas. O corpo do texto foi construído a partir das citações, da reflexão e das inferências realizadas acerca dos trabalhos citados. 3 RESULTADOS 3.1 Infecções em UTI A infecção é uma manifestação bastante freqüente em pacientes de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Smeltzer e Bare (2002) definem a infecção como um indicador para uma interação do hospedeiro com um organismo. O Ministério da Saúde define a Infecção Hospitalar como aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares (BRASIL, 1998). Estas Infecções são complicações relacionadas e muitas vezes decorrentes da própria assistência à saúde e representam uma das grandes preocupações que rondam os hospitais em todo o mundo por constituírem a principal causa de morbidade e mortalidade hospitalar. Além de aumentarem o período de internação hospitalar, elevam os custos da internação e reduzem a rotatividade dos leitos hospitalares (ANDRADE; ANGERAMI, 1999). Os tipos de infecções podem ser comunitárias ou nosocomiais, estas últimas, presentes, principalmente em estabelecimentos maiores com maior rotatividade de pacientes e profissionais. As infecções mais freqüentes são unirinárias (35% a 45%) e feridas cirúrgicas (10% a 25%) (DAVID, 1998). Segundo Andrade (2002), a incidência e o controle da infecção hospitalar estiveram muito ligados à evolução da prática cirúrgica, que também sofreu grandes transformações na evolução dos tempos operatórios através dos novos conhecimentos nos campos da anestesia e hemostasia, pelo avanço das técnicas de assepsia e esterilização, pelo uso e abuso dos antibióticos etc. As infecções do tipo nosocomiais – adquiridas durante a estadia do paciente no hospital, têm sido bastante estudadas, visto a necessidade crescente de melhoria nos serviços hospitalares e pela natureza omissivo-acidental desta infecção. Em geral, quadros infecciosos estão relacionados a um tempo maior de exposição ao tratamento em UTI, o que maximiza a necessidade de cuidados extras, devido à gama de materiais a que o doente encontra-se em contato e ao número de pessoas que tratam e/ou, simplesmente o visitam (ANGUS et al., 2001). Entretanto mesmo em situações como a descrita acima, pode-se tornar seguro o período em que o paciente encontra-se convalescente a ponto de precisar dos cuidados elaborados de uma UTI. Assim, o interesse pelas infecções hospitalares torna-se cada vez maior pelo crescente número de casos, resistência ao tratamento e alta mortalidade, ganhando repercussões sociais e econômicas devido ao custo assistencial elevado e principalmente ao prolongamento do período de internação (RODRIGUES, 1997). 3.1.1 Principais infecções em UTI Nas UTI concentram-se pacientes clínicos ou cirúrgicos mais graves, necessitando de monitorização e suporte contínuos de suas funções vitais. Este tipo de clientela apresenta doenças ou condições clínicas predisponentes a infecções. Muitos deles já se encontram infectados ao serem admitidos na unidade e, a absoluta maioria, é submetida a procedimentos invasivos ou imunossupressivos com finalidades diagnostica e terapêutica. As infecções que acometem estes pacientes de UTI são dos mais diversos tipos. As infecções mais freqüentes são urinárias (35 a 45%), feridas cirúrgicas e pneumonias (10 a 25%) (DAVID, 1998). Pereira, et al (2000) afirmaram que a pneumonia nosocomial corresponde a 24 % das infecções em UTI, sendo 58% delas relacionadas à ventilação mecânica. As infecções hospitalares são preocupações constantes da equipe de saúde e definem- se como infecções adquiridas no hospital que se manifestam durante a internação ou após alta e estas infecções hospitalares acabam sendo as complicações mais freqüentes na Unidade de Terapia Intensiva, podendo atingir cerca de 20% ou mais, de acordo com a patologia de base do paciente e outros fatores de risco GOMES, 1998). É observado que a UTI cirúrgica possui taxas maiores de infecções do que a Uti clínica, onde a diferença varia da ordem de 36 a 54 e 23 a 47 Infecções Hospitalares por 1000 pacientes/dia e em UTI pediátrica os números são de 14 a 32 Infecções Hospitalares por 1000 pacientes/dia. Embora apenas 5-10% dos pacientes internados necessitam de terapia intensiva, a maioria das infecções adquiridas no hospital ocorrem nessa unidade. O índice de infecção hospitalar em UTI é de 5-10%, podendo ser o dobro. A UTI é o ambiente hospitalar mais crítico, ocasionando presença de maior nível de resistência bacteriana. Já as pneumonias nosocomiais representam a segunda causa mais comum de infecção hospitalar com alta morbidade, principalmente causadas por Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter sp (AKALIN et al., 1999; REED, et al., 1995; NIEDERMAN, et al., 1989; FAGON, et al., 1989, CRAVEM et al.,1987). . O organismo humano quando sujeito a infecções, reage de um modo similar independente do tipo de agente causal. Nesta resposta estão envolvidos mediadores que são comuns a um grupo de patologias tais como as infecções, a pancreatite aguda, as grandes queimaduras, o trauma e o choque, que produzem uma síndrome denominada de reação inflamatória sistêmica (SRIS). Por este motivo o diagnóstico muitas vezes se torna complicado visto a similaridade das reações no sistema orgânico humano. Diversos são os agentes patogênicos causadores de infecções em UTI, sendo que diversos trabalhos (DAVID, 1998; BANDERÓ FILHO; RESCHK; HÖRNE, 2006) citam como principais agentes microorganismos contaminadores, conforme segue na tabela 1.: Tabela 1: Principais agentes patógenos que causam infecções em UTI. Cocos Gram positivos Staphylococcus coag neg Staphylococcus aureus sp Streptococcus sp. Enterococcus sp. Microorganismos Bacilos Gram negativos Pseudomonas spp. Klebsiella pneumoniae Escherichia coli Enterobacter sp. Acinetobacter sp. Hafnia alvei sp. Providencia sp. Serratia sp. Fungos Candida sp. Nota-se que os principais agentes são as bactérias do tipo gram negativas, que em sua maioria podem ser combatidas com uma alta gama de antibióticos de largo espectro – simples de serem combatidas. Entretanto, a maioria também pode ser combatida, com, simplesmente, cuidados básicos de segurança hospitalar. 3.1.2 Prevenção à Infecções em UTI Na prevenção dos fatores e no combate ao risco das infecções em UTI, é necessário se conhecer as causas destas enfermidades. Alguns fatores são considerados de risco para o aumento da incidência de Infecções Hospilares em Unidades de Tratamento Intensivo: trauma, permanência maior que 48 horas, ventilação mecânica, cateter venoso central, cateter artéria pulmonar, sondagem vesical e profilaxia em úlcera de estresse. A maioria das medidas de prevenção são simples e passam por dois processos: monitoramento contínuo e ações preventivas práticas. O monitoramento contínuo pode ser dar através de Educação em Saúde para os profissionais envolvidos nos processos da UTI; coleta de swab nasal, semana dos pacientes e mensal dos profissionais; identificação precoce dos pacientes colonizados e infectados através de exames de rotina e tratamento dos portadores nasais com Mupirocin tópico 2 x dia por 5 dias (MOURA, et al., 2010). Entretanto, O recurso mais eficaz e econômico de que se dispõem os profissionais de saúde para a prevenção de infecções é a lavagem das mãos que deve ser feita rigorosamente entre um paciente e outro com água e sabão neutro, adicionado preferencialmente de um agente bactericida, como Igarsan DP300 (Triclosan) e quando realizar procedimentos invasivos deve-se usar então uma solução degermante à base de PVPI ou Clorexidina. Indica-se o uso de luvas quando em contato com membranas mucosas e feridas abertas, na venopunção e em outras situações em que se antecipa o contato com matéria orgânica, depois de utilizadas as luvas devem ser retiradas e descartadas e as mãos lavadas. Deve-se também enfatizar a limpeza e a desinfecção dos mobiliários e equipamentos conectados ao paciente diariamente. 3.2 Infecções em UTI Neonatal: um problema social Um dos melhores indicadores de qualidade de na sociedade atual é a baixa mortalidade infantil. Pode-se medir este indicador de duas maneiras: medindo a mortalidade neonatal e a mortalidade pós-neonatal. Diversas são as causas de mortes neonatais em países em desenvolvimento como o Brasil. Podemos destacar, entretanto, o baixo peso ao nascer, motivado, na maioria dos casos por prematuridade do parto ou nutrição irregular da mãe durante a gravidez. Intrínseco à assistência em saúde, podemos destacar os fatores anoxia e infecção neonatal. A infecção neonatal leva ao óbito uma grande percentagem de recém nascidos, já nos primeiros dias de internação. Uma taxa de 29% foi encontrada por Araújo et al. (2005, p.468) e 47,6% por Araújo et al. (2000). Nos primeiros sete dias de internação chega a eminente taxa de 84% de óbitos (PHILIP, 1995; MIURA et al. 1997). Importante fator ainda a ser considerado no estudo de Araújo et al. (2005) é o fato de 16% dos óbitos ocorridos no primeiro dia, ocorreram com recém nascidos que não tiveram sua gestação acompanhadas. Este estudo corroborou, ainda mais, para explicitar a importância de um pré-natal. Em relação ao tempo de manifestação de infecções em RN, dois tipos de doença são observados em associação com infecção sistêmica no primeiro mês de vida: a) início precoce: quando os sintomas ocorrem nos primeiros 4 dias de vida, estando associados a complicações da gravidez ou do parto. O RN costuma apresentar quadro clínico grave multissistêmico e por vezes fulminante, podendo existir comprometimento pulmonar. Os microrganismos são aqueles provenientes do trato genital materno. b) início tardio: quando os sintomas ocorrem a partir do quinto dia de vida, podendo ainda estar associados a complicações obstétricas, porém em menor percentagem; o quadro clínico do RN é geralmente mais localizado e quase sempre associado a infecção do Sistema Nervoso Central (SNC) (KLEIN e MARCY, 1990). Considera-se, para efeitos de infecções neonatais, o tipo a, (início precoce) como composto, em grande parte, por infecções em UTI neonatais. Ceccon et al (1999, p. 293) pesquisando sobre sepse neonatal fez um histórico acerca dos principais agente etiológicos, nas décadas de 60, 70, 80 e 90, conforme segue: Os agentes etiológicos que mais frequentemente causam infecção neonatal têm mudado no decorrer dos anos; antes do uso das sulfonamidas, eram os cocos gram positivos e com a introdução dos antibióticos, houve predominância dos germes gram negativos, especialmente da Escherichia coli (década de 50). Na decáda de 60 foi o Staphylococcus aureus que predominou e na década de 1970 iniciou-se um aumento significativo da incidência do Streptococcus beta hemolítico do grupo B e Listeria monocytogenes. Na década de 80 ressurge o Staphylococcus aureus porém, beta lactamase resistente e o coagulase negativo e finalmente na década de 1990, aumenta a incidência, principalmente em UTI neonatal dos seguintes germes: Staphylococcus coagulase negativo, as espécies de Candida, principalmente do gênero albicans e os bacilos entéricos gram negativos hospitalares. Diversas são as causas de infecções que podemos classificar em externas (ambiente), próprias do RN e procedimentos invasivos. As causas externas estão ligadas principalmente à superlotação, diminuição do “staff”, pouca disponibilidade de pias e ventilação ambiente prejudicada. As causas próprias do recém nascido são classificadas em: imaturidade imunológica, diminuição da função de células T, quimiotaxia por neutrófilos e monócitos: diminuída. Os procedimentos invasivos que levam riscos para os RN são eletrodos, punção, catéters, tubos e sondas. Em relação à prevenção. É necessário simplesmente os cuidados descritos no plano hospitalar, e medidas simples como lavar as mãos, entre outros cuidados rotineiros hospitalares. Em relação ao tratamento, evidencia-se a necessidade, muitas vezes de utilização de antibióticos, dos quais os principais são: ampicilina, gentamicina, oxacilina, cefepime, vancomicina, metronidazol, fluconazol e anfotericina; todos com técnicas próprias de dosagem ou infusão. 3.3 Nutrição parenteral na Unidade de Terapia Intensiva Apesar do notável avanço ocorrido nos últimos 30 anos, os cuidados aos pacientes críticos continuam sendo o maior desafio para todos os profissionais que atuam na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) (CRUZ et al., 2002). A nutrição parenteral teve o seu grande avanço a partir da década de 60, com os estudos de Dudrik, que foi o primeiro a conseguir a manter uma solução estável de aminoácidos e glicose. Sua evolução deu-se em dois principais aspectos: soluções e acesso venoso. Do ponto de vista das soluções atualmente as mesmas são manipuláveis e, com isso, é possível manter um paciente vivo por diversos anos exclusivamente com a nutrição parenteral. Já em relação ao acesso venoso, pode-se administrar as soluções tanto via acesso central, como periférico (CUKIER, 2002). O melhor método para atender as necessidades nutricionais é evidentemente a aplicação por via oral, no entanto, em um dos casos esta via se torna impraticável e deficiente para atender as necessidades nutricionais do doente. Nestes casos, torna-se necessário a aplicação da alimentação por via parenteral, seja total ou em complementação da via digestiva. Não há, praticamente, contra-indicação absoluta da nutrição parenteral, a não ser em certos casos em que seu emprego deve ser feito cuidadosamente ou mesmo evitado (SANTOS, 2004). A terapia de nutrição parenteral tem proporcionado a recuperação de pessoas em larga escala, no entanto, para que seja realizada de forma adequada, são necessários cuidados especiais dos vários profissionais habilitados (médico, farmacêutico, nutricionista, enfermeiro) que, atuando em equipe, venham atender as necessidades nutricionais do paciente, oferecendo possibilidades de reabilitação no seu estado de saúde (LOPES; JORGE, 2005). O suporte nutricional via parenteral está indicado sempre que o paciente está impossibilitado de usar a via enteral por um tempo predefinido. Um outro fator a ser considerado é se o seu uso vai beneficiar o paciente. Assim, por exemplo, dentro do contingente de pacientes desnutridos, internados, nem sempre os pacientes terminais vão se beneficiar dessa terapêutica (MARCHINI et al., 1998). A distinção do doente que vai se beneficiar envolve aspectos relacionados com a doença de base e a experiência clínica da equipe de suporte nutricional. Nem sempre esta é uma decisão fácil de ser tomada. O primeiro passo a ser considerado é se o processo mórbido em si vai ser influenciado pelo suporte nutricional parenteral, se a doença ou o tratamento vai piorar o apetite, alterar a digestão/absorção e qual a sua duração. Desde que a prevenção da desnutrição é um procedimento considerado mais fácil do que o tratamento em si, sempre que possível deve-se prevenir o aparecimento da desnutrição intra-hospitalar. Em geral, pacientes com perda de massa corporal superior a 20 % são considerados de alto risco nutricional (MARCHINI et al., 1998). Por outro lado, a presença de trauma metabólico (estresse), com produção aumentada de hormônios considerados, nestas situações, hipercatabólicos, também deve ser considerada. Uma vez considerado o estado geral do paciente, incluindo risco nutricional, a doença de base e estado hipercatabólico, deve ser iniciado o suporte nutricional. Nessas condições, a via parenteral deve ser utilizada sempre que for impossível se utilizar avia oral, fisiológica (MARCHINI et al., 1998). Santos (2004) descreve outras indicações para a nutrição parenteral, como em cirurgias, onde se encontram as maiores complicações no pré e pós-operatório, nas fistulas digestivas, nas lesões digestivas, nas lesões obstrutivas do tubo digestivo, na resecção intestinal (corte do intestino), nas doenças neoplásicas. É também indicada nas lesões inflamatórias do intestino, tais como a colite ulcerativa, onde se consegue uma aceleração da cicatrização devido ao intestino estar em repouso. A nutrição parenteral estabelece o estado nutricional do individuo, diminuindo deste modo o risco operatório e permitindo, dessa maneira, a adaptação gradual do tubo digestivo modificado. As contra-indicações para a terapia nutricional parenteral são: má perfusão tissular, grande queimado, discrasia sanguínea, pós-operatório imediato (TORRÊS, 2007). De acordo com Santos (2004), a solução parenteral compreende a administração intravenosa de nitrogênio, calorias e outros nutrientes via subclávia em sala cirúrgica com total assepsia até alcançar a cava (veia). Coloca-se então o intra-cat, o curativo será tratado de 3 em 3 dias com tintura de iodo para não haver infecção. Para pacientes acamados por longo período será necessário a adoção de medidas profiláticas, como por exemplo: exercícios respiratórios, nebulização, mudanças da posição onde o paciente se encontra. Deve haver vigilância com o paciente para não ter alguma complicação. Conforme o Ministério da Saúde (1998), a nutrição parenteral é uma solução ou emulsão, composta basicamente de carboidratos, aminoacidos, lipídeos, vitaminas, estéril e apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou plástico, destinada à administração intravenosa em pacientes desnutridas ou não, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. As preocupações centrais da UTI são o manejo do suporte respiratório, incluindo ventilação mecânica; suporte cardiovascular; apoio renal, metabólico e dos distúrbios com obstrução sangüínea e controle de complicações infecciosas (MORLION; PUCHSTEIN, 1998). As infecções relacionadas à cateterização representam a principal complicação da nutrição parenteral total, girando em torno de 7%. Aparentemente, as infecções estão relacionadas à hiperglicemia dos pacientes, que pode ser um fator inibidor do sistema imunológico e criar um ambiente que favoreça o crescimento de bactérias. Sendo assim, os cuidados com a solução, o dispositivo e o seu tipo de material são muito importantes. As principais complicações são: a colonização do cateter, a infecção do sítio de inserção do cateter, infecção do reservatório, infecção do túnel, infecção da corrente sangüínea relacionada ao cateter e a infecção da corrente sangüínea relacionada ao líquido infundido (CUKIER, 2002). Na prática da UTI, dificilmente os dados mencionados são apurados com a mesma exatidão, por se tratar de um paciente crítico sujeito a inúmeras alterações dos valores pré-determinados para os distintos compartimentos corporais. O mais relevante, é agrupar dados de forma a se caracterizar o paciente como desnutrido grave ou não e se evitar a síndrome de hiperalimentação do desnutrido, que é uma prática habitual nos casos de estado nutricional grave do paciente. A terapia nutricional, nessa condição, deve ser instituída de forma precoce e cautela, minimizando desde o início a resposta catabólica (CRUZ et al., 2002). As recomendações que a equipe multiprofissional de terapia nutricional devem considerar no cuidado com os cateteres são: a lavagem e a higienização das mãos; adesão rigorosa aos protocolos de anti-sepsia na inserção e no cuidado diário; manter uma equipe multiprofissional treinada; vigilância rigorosa na detecção de problemas, principalmente infecções; protocolos escritos e bem definidos; escolha do local e técnica de inserção do cateter; escolha do material do cateter; cuidados com curativos; e troca dos cateteres obedecendo o protocolo da instituição e ao primeiro sinal de infecção (CUKIER, 2002). As atribuições do enfermeiro na terapia de nutrição parenteral, envolve as boas práticas de administração de nutrição parenteral, antes, durante e depois da administração. Os cuidados necessários antes da administração, engloba as verificações de recebimento (integridade da embalagem, presença de partículas, precipitações, alteração de cor, separação de fases, rotulo, prazo de validade de 48 horas), conservação (analisando a verificação da temperatura – 2 a 8º C, com geladeira exclusiva para medicamentos e geladeira limpa segundo a Comissão de Controle de Infecções Hospitalares) (SHOSHIMA, 2007). . O enfermeiro é o profissional responsável pela administração da nutrição parental. Os cuidados necessários durante a administração são: observar os princípios de assepsia, avaliar e assegurar a instalação e a administração da nutrição parenteral, assegurar a limpeza, troca de curativos do cateter, manutenção das vias de administração, assegurar também a infusão do volume prescrito, zelando pelo perfeito funcionamento das bombas de infusão e que qualquer droga e/ou nutriente prescritos, não sejam infundidos na mesma via de administração da nutrição parenteral, sem a autorização formal (SHOSHIMA, 2007). Os cuidados de enfermagem após a administração envolvem os controles clínicos, com avaliação nutricional no inicio da terapia e depois a cada duas semanas, registro dos sinais vitais e exame físico realizado diariamente e realização de exames laboratoriais, como por exemplo, teste da função hepática, triglicerídeos, contagem total de células sanguíneas, tempo de protrombina, glicose sanguínea, balanço de nitrogênio, calorimetria indireta, dentre outros A adequada terapia nutricional para pacientes criticamente enfermos depende da compreensão da fisiopatologia das respostas metabólicas às grandes cirurgias, traumas, doenças infecciosas e eventos similares, que se caracterizam por intenso estresse. A terapia nutricional, seja enteral ou parenteral, deve ser adaptada às exigências do metabolismo frente ao estresse, com o propósito de evitar a utilização inadequada dos nutrientes e os efeitos colaterais respectivos. Assim sendo, o principal objetivo da terapia nutricional para os pacientes na UTI é prevenir a desnutrição, visando aos menores índices de morbidade e mortalidade. A desnutrição em pacientes criticamente enfermos, associada ao hipermetabolismo e catabolismo inevitavelmente resulta em perda de peso (CRUZ et al., 2002). aumentado, quase 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os países em desenvolvimento ainda tem um longo caminho à frente no que se diz respeito ao controle de infecções em UTI. Tamanhas são as diferenças regionais, econômicas e culturais; que se torna um verdadeiro desafio para os gestores em saúde tornar este atendimento padronizado e, antes de tudo humanizado. No presente trabalho ficou clara a dimensão que tomam os problemas relacionados às infecções, visto a quantidade de patógenos e a casuística variada acerca do assunto. Se por um lado temos a nutrição parenteral adequada como um dos principais apoios na recuperação do paciente, o risco de contágio, principalmente através de cateteres é altíssimo. Então buscar a uniformização e, principalmente, a conscientização é imprescindível, entre os profissionais de saúde, visto a necessidade individual e coletiva de humanização na saúde. REFERÊNCIAS AKALIN, H et al. Influences of alternate therapy protocol and continuous infectious disease consultation on antibiotic susceptibility in ICU. Intensive Care Medicine, v.25, n.9, p.1010-1012, Sep. 1999. ANDRADE, M. T. S. Guias Práticos de Enfermagem: cuidados intensivos. 1.ed. Rio de Janeiro: Mc Graw Hill, 2002. ANGUS D. C; LINDE-ZWIRBLE, W. T; LIDECKER, J; CLERMONT, G; CARCILLO, J; PINSKY, M. R. Epidemiology of severe sepsis in the United States: analysis of incidence, outcome and associated costs of care. Critical Care Medicine, v.29, n.7, p.1303-1310, Jul. 2001. ARAÚJO, B. F; BOZZETTI, M. C; TANAKA, A. C. A. 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