TEMPO DE JEJUM NO MANEJO PRÉ ABATE SOBRE A QUALIDADE DA CARNE SUÍNA EM DIFERENTES GENÉTICAS CRISTO, Elenice de1; CERESER, Natacha Deboni2. Palavras-Chave: Qualidade da carne. Genética. Manejo pré-abate. Introdução Segundo Irgang (2001), nos últimos 50 anos de seleção suína têm-se observado menor incidência de carne PSE e ausência de mudança no pH final, além disso, produziu-se carcaças com mais carne e menos gordura. Para obter uma carne com qualidade a produção de suínos depende de muitos fatores relacionados a tudo o que envolve a criação, diferentes sistemas de produção (BRIDI et al., 2003), genética (CULAU et al., 2002) e o fator mais complexo em toda produção, o manejo pré-abate (DALLA COSTA et al., 2006). Pommier e Houde (1993) encontraram, no grupo de animais produtores de carne normal, 88,4% de animais normais (NN), 11% de animais heterozigotos (Nn) e 0,6% de animais recessivos (nn). Em contrapartida, no grupo de animais produtores de carne PSE, 67% provieram de animais normais (NN), 28,7% de heterozigotos (Nn) e 3,6% de animais recessivos (nn). O período de jejum é responsável por influenciar as demais condições de estresse no transporte (CASTILLO, 2006), o parâmetro de tempo/horas considerado como ideal varia entre 16 e 24 horas de jejum total, incluindo o período de transporte e descanso no frigorífico (TERRA, 1998). Segundo Dalla Costa et al. (2008) o jejum feito na granja excedente há 24 horas resulta em perdas qualitativas e quantitativas na carne, podendo perder até 5% de seu peso corporal. O embarque, transporte e desembarque recomenda que sejam efetuados respeitando o bem estar animal, uma vez que transporte é realizado com caminhões carroceria Triel-HT metálica dupla (LUDTKE et al., 2006). O alojamento dos suínos nas baias de espera na pocilga do frigorífico permite ao animal a recuperação do desgaste sofrido no transporte (CASTILLO, 2006). Este descanso 1 Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária da UNICRUZ (Universidade de Cruz Alta) e bolsista do PIBIC. Rua Borges de Medeiros, 1339. Pinhal, RS. E-mail: [email protected] 2 Professora do Curso de Medicina Veterinária da UNICRUZ (Universidade de Cruz Alta). Rua Sete de Setembro, 1033. Ibirubá, RS. E-mail: [email protected] promove uma extensão no jejum alimentar, porém descanso de 3 a 9 horas não reflete influência na perda de peso corporal dos animais (DALLA COSTA et al., 2008). Falhas nestes processos que antecedem o abate podem ocasionar anomalias na carne PSE, do inglês pale (P), soft (S) e exudative (E), ou DFD, dark (D), firm (F) e dry (D) (TERRA, 1998). Em casos de carne PSE ocorre uma queda indevida do pH do músculo durante sua conversão em carne, pois ocorre uma decomposição acelerada do glicogênio após o abate, com pH abaixo de 5,5 aos 45’ pós-abate (RAMOS et al., 2007), já em casos com anomalias DFD, pelo estresse crônico ou intermitente precedente ao abate e o pH fica acima de 6,0 24 horas após o abate. Ainda, vale ressaltar que em relação à temperatura (Tº) esta deve apresentar-se abaixo dos 40ºC aos 45’ pós-abate e abaixo dos 7ºC após as 24h pós-abate (TERRA, 1998). O objetivo deste trabalho foi identificar a freqüência de carcaças com problemas de qualidade de carne (PSE e DFD) nos em diferentes tempos de jejum na granja de terminação e observar se houve influência genética para tal. Material e Métodos Foram utilizados um total de 1.088 suínos (machos e fêmeas), pertencentes a três linhagens genéticas diferentes, com média de 110 dias de alojamento. A amostragem foi de 20% dos lotes, escolhidas de forma aleatória. O trabalho foi realizado em um frigorífico da região norte do Rio Grande do Sul, com granjas localizadas, em média, 60Km de distância do frigorífico. Os animais foram mantidos em jejum nos diferentes horários, 9-12-15-18-21 horas, em diferentes propriedade de acordo com as diferentes genéticas, genética X (gX), genética Y (gY) e genética Z (gZ), transportados em um caminhão com carroceria metálica dupla, TRIEL-HT, obedecendo ao espaço recomendado por Terra (1998), o qual permite que os suínos não sejam afetados por um aumento de temperatura durante o transporte e a uma maior agressividade, mantendo assim os requerimentos de bem estar animal durante o transporte. No frigorífico os suínos eram desembarcados com auxílio de uma plataforma móvel e direcionados até as baias coletivas, de acordo com cada período de jejum e genética, permanecendo até o momento do abate, podendo assim reduzir a incidência de PSE e DFD (CASTILLO, 2006). Os suínos foram conduzidos ao abate por meio de tábuas de manejo em grupos de três animais, no abate a insensibilização e sangria realizou-se de modo à citação de DALLA COSTA (2006). Após o abate as carcaças permaneceram em câmaras frias com temperatura variando entre 1 e 4ºC por um período de 24 horas, sendo mantidas separadas por lote e tempo de jejum, bem como de genética, viabilizando assim a rastreabilidade. As medidas de pH e Tº foram verificadas na meia carcaça esquerda no músculo semimembranosus (SM) aos 45’ e 24h após o abate seguindo a metodologia citada por RAMOS et al. (2007). Para análise de pH fez-se uso de um pHmetro portátil e um termômetro para controle da temperatura do músculo. Resultados e Discussões Resultados e Discussões Os resultados, médias, de pH e Tº aos 45’ e 24h pós abate, verificados no MS, estão dispostos nas tabelas abaixo, sendo a tabela 1 gX, tabela 2 gY e tabela 3 gZ. Tabela 1: resultados de pH e Tº aos 45’ e 24h pós-abate para os animais da gX. Jejum 9 12 15 18 21 /h Temp 45 24 45 2 45 2 45 2 45 2 o ’ h ’ 4’ ’ 4’ ’ 4’ ’ 4’ pH 6,5 6, 6,4 6, 6,3 6, 6,5 6, 6,4 6, 0 T ºC 3 3 3 2 40, 2, 40, 3, 39, 3, 40, 2, 39, 3, 3 9 2 1 8 5 2 7 4 2 Tabela 2: resultados de pH e Tº aos 45’ e 24h pós-abate para os animais da gY. Jejum 9 12 15 18 21 /h Temp 45’ 45’ h o pH 24 6,4 6, 6,5 2 T ºC 24 45 24 45 24 45 24 ’ ’ ’ ’ ’ ’ ’ 6, - - - - - - - - - - - - 3 40, 2, 40, 3, 1 5 1 4 Tabela 3: resultados de pH e Tº aos 45’ e 24h pós-abate para os animais da gZ. Jejum/h 9 12 15 18 21 Tempo 45’ 24h 45’ 24’ 45’ 24’ 45’ 24’ 45’ 24’ Ph 6,4 6,0 6,4 5,9 - - - - - - T ºC 40,7 3,9 35,6 3,4 - - - - - - Conclusão Com base nos resultados apresentados destaca-se a deficiência na acidificação apresentada especialmente para os períodos de jejum de 15 e 18h e o risco que o pH elevado representa para qualidade do produto final. Observou-se pouca influência entre a genética e a existência de carne PSE. Novos e continuados estudos são necessários para avaliar a influência do manejo e da genética sobre a qualidade da carne. Referências BRIDI, A.M. et al. Efeito do genótipo halotano e de diferentes sistemas de produção no desempenho produtivo e na qualidade da carcaça suína. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.32, n.4, p. 942-950, 2003. CASTILLO, C.J.C. Qualidade da carne. São Paulo: Varela, 2006, 240p. CULAU, P.de O.V. et al. Influência do gene halotano sobre a qualidade da carne suína. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 31, n. 2, p. 954-961, 2002 DALLA COSTA, O.A. et al. Período de descanso dos suínos no frigorífico e seu impacto na perda de peso corporal e em características do estômago. Ciência Rural, Santa Maria, v. 36, n. 5, p. 1582-1588, set-out, 2006. DALLA COSTA, O.A. et al. Tempo de jejum dos suínos no manejo pré-abate sobre a perda de peso corporal, o peso do conteúdo estomacal e a incidência de úlcera esofágica-gástrica. 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