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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
PRÓ - REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
CENTRO DE PESQUISAS ECONÔMICAS
EDIÇÃO N. 08 ABRIL-2015
ANÁLISE DE CONJUNTURA DA ECONOMIA BRASILEIRA
Foi divulgado o Produto Interno Bruto
(PIB) brasileiro para o quarto trimestre de 2014:
+0,3% contra o trimestre imediatamente anterior,
APRESENTAÇÃO
Neste número do Boletim de
Análise de Conjuntura do
CPE/PUC-GO são apresentados
três artigos: o primeiro traz uma
análise da conjuntura da
macroeconomia
nos
três
primeiros meses do segundo
mandato da presidenta Dilma.
No segundo é analisada a
relação entre a taxa de câmbio e
o desempenho da economia e o
terceiro aborda de forma sucinta
o mecanismo de fixação da taxa
de juros SELIC.
O material contido neste
boletim não reflete a opinião do
Departamento de Economia da
Pontifícia
Universidade
Católica de Goiás.
Convidamos a todo corpo
acadêmico do Departamento de
Economia a contribuir seus
artigos.
Nesta edição:
Carlos Leão
Henrique Ribeiro
Kerssia Kamenach
Paula Gonçalves
Thiago Medeiros
jan/2010 a fev/2015.
8.0
e queda de 0,2% contra igual período de 2013.
7.5
Com esse resultado, a leitura consolidada do ano
7.0
de 2014 foi de +0,1% sobre 2013, o menor
6.5
resultado desde 2009 (-0,2%), ano subsequente à
6.0
eclosão da crise dos subprimes. De acordo com o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), este resultado já contempla a vasta
revisão metodológica que a instituição anunciou
para o cálculo do PIB. Os resultados dos dois
anos anteriores também foram revistos: o de 2013
5.9
2010
5.5 5.3
2011
2012
2013
2014
2015
5.1
5.0 4.8
4.5
4.0
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Elaboração: FUNCEF/DIRIN/GEMAC
saiu de +2,5% para +2,7% e, o de 2012, de +1,0%
para +1,8%.
Observando
Pela ótica da demanda, considerando o
crescimento
anual
de
cada
agregado,
o
comportamento foi o seguinte: Consumo das
Famílias (+0,9% em 2014 contra +2,9% em
2013), Consumo do Governo (+1,3% em 2014
contra +2,2% em 2013). Formação Bruta de
Capital Fixo, uma medida do investimento (-4,4%
contra +6,1%), Exportações de Bens e Serviços
Equipe:
Carlos Leão
Paula Gonçalves
Unidade: Percentual da PEA; Frequência: Mensal; Período:
(-1,1% contra +2,1%) e Importações de Bens e
setorialmente,
a
indústria
e
a
construção civil foram as que mais destruíram vagas no
primeiro
bimestre
de
2015,
475
mil
e
178
mil,
respectivamente. Pelo lado positivo vieram o comércio e os
serviços, que adicionaram, respectivamente, 76 mil e 176 mil
vagas. A renda também se deteriorou. O rendimento médio
real caiu 0,5 quando comparado ao mesmo período de 2014.
A soma de todos os rendimentos, a massa salarial, por sua
vez, caiu 1,4% na mesma base de comparação.
Serviços (-1,0% contra +7,6%). A taxa de
Neste cenário, a confiança dos agentes econômicos
investimento situou-se em 19,7% do PIB e, a de
não anda bem. A confiança da indústria prosseguiu sua
poupança, em 15,8%. Pela ótica da oferta, por sua
trajetória de queda em março. Conforme sondagem mensal
vez, a Indústria retraiu-se 1,2%, os Serviços
realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de
expandiram-se 0,7% e a agropecuária cresceu
Confiança da Indústria preliminar de março apresentou queda
0,4%.
de 8,2% sobre fevereiro que, se confirmada, levara o índice ao
O arrefecimento do nível de atividade
menor patamar desde fevereiro de 2009. Com relação ao Nível
econômica, conforme esperado, tem se refletido
de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), a leitura
no mercado de trabalho. Entre janeiro e fevereiro
preliminar é de queda de 0,8 ponto percentual, de 81,6% para
de 2015 a taxa de desemprego saiu de 5,3% para
80,8%. Já o Índice de Confiança do Comércio, calculado pela
5,9% da População Economicamente Ativa
mesma instituição, caiu 4,4% em março contra fevereiro que,
(PEA). Em fevereiro de 2014 a taxa ficara em
por sua vez, apresentou expressivo recuo sobre janeiro, de
5,1%. Esta foi a primeira vez para meses de
10,8%. Sobre março de 2014 a queda é de 25%. Este é o quinto
fevereiro desde 2004 que o desemprego fica
mês consecutivo de queda do indicador. Em queda pelo terceiro
superior ao do mesmo período do ano anterior.
mês seguido, está também o Índice de Confiança do
Figura 01. Brasil: Taxa
de Desemprego;
Informativo do Núcleo de Análise de Conjuntura Macroeconômica – Departamento de Economia
Editado pelos alunos do curso de Economia da PUC GO
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EDIÇÃO N. 08 ABRIL-2015
consumidor, igualmente produzido pela FGV. Aos 82,9 pontos, o indicador
commodities são cotadas em dólares, quando este se valoriza elas percebem
caiu 2,9% ante fevereiro, e 22,7% contra março de 2014, atingindo o recorde
queda em sua cotação. O segundo motivo, não menos importante, é a
negativo da série histórica que teve início em setembro de 2005.
desaceleração programada da economia chinesa, que vem contribuindo
Não obstante, encontra-se em curso um efetivo, e necessário, ajuste
decisivamente com a desaceleração do crescimento da demanda por
fiscal que, acompanhado dos reajustes de alguns preços administrados por
commodities, em principal as minerais e metálicas. Sendo uma commodity
contrato e monitorados e da desvalorização cambial, devem deixar a inflação
currency (moedas influenciadas pelo movimento de preços das commodities),
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA) apreciavelmente acima do
além da influência do adverso cenário econômico interno, o Real deve
teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%.
prosseguir próximo ao patamar atual. No curto e médio prazos deve haver
Sobre o câmbio os questionamentos são sobre a duração deste ciclo
impacto na inflação, benefício às exportações e malefício às importações,
de desvalorização. Contudo, é mais correto pensar que o Real está voltando a
situação que deve levar o consumo interno a buscar um novo equilíbrio em um
seu patamar normal encerrando, desta forma, um ciclo de sobrevalorização
nível maior de preços e menor de quantidade. O maior risco para uma
baseado no boom das commodities. As commodities, por sua vez, devem
deterioração adicional deste cenário seria a perda do grau de investimento por
apresentar moderação em sua dinâmica de preços devido a dois principais
alguma das três principais agências de classificação de risco: Moody´s, Fitch e
motivos. O primeiro é a valorização do dólar frente à maioria das demais
Standard & Poor´s. Todavia, os resultados sólidos que vêm sendo apresentados
moedas globais. À medida que a economia americana ganha força adicional,
no lado fiscal, além da credibilidade do ministro Joaquim Levy, tornam este
melhorando os dados de inflação e mercado de trabalho, mais próxima fica a
cenário improvável no curto prazo.
normalização da política monetária do país (alta dos juros – Fed funds), o que
faz com que o dólar siga se valorizando frente às demais moedas. Como as
Henrique Ribeiro e Carlos Leão
IMPACTOS DA TAXA DE CÂMBIO NA ECONOMIA
A taxa de câmbio conceituada como o preço da moeda estrangeira
administrativa, ou seja, em conjunto a taxa de câmbio é formada pelo
em moeda nacional, por influenciar significativamente outras variáveis
mercado, oferta e demanda de divisas, e pela autoridade monetária que
agregadas, é considerada como uma das mais relevantes variáveis
intervém no mercado através da política cambial que pode, por exemplo, ter
econômicas. Além de influenciar diretamente as relações financeiras e
a finalidade de proteger a moeda nacional contra expressivas oscilações.
econômicas de trocas entre residentes e não residentes provocam, também,
Em termos técnicos, taxa de câmbio valorizada ou desvalorizada se
impactos especialmente na formação de riqueza da economia, Produto
enquadra no regime de câmbio fixo, já taxa de câmbio apreciada ou
Interno Bruto – PIB, no nível de preços dos bens e serviços domésticos e no
depreciada no regime de câmbio flutuante seja ele “limpo ou sujo”. E por
volume de reservas internacionais.
esse motivo, na presente análise de conjuntura econômica sobre os impactos
Portanto variações na taxa de câmbio geram efeitos econômicos os
quais dependem do rumo pelo qual a câmbio evolui ao longo do tempo. Essa
análise não é trivial, considerando que há uma significativa diferença entre
desvalorização e valorização da taxa de câmbio.
das flutuações da taxa de câmbio na economia, será adotado como forma de
expressar essas flutuações os termos apreciação e depreciação.
Na série temporal que mostra a média diária da taxa de câmbio no
período de 04 de janeiro de 2010 a 16 de março de 2015, percebe-se em geral
A teoria econômica admite dois tipos de regimes cambiais, um
nesses últimos anos uma depreciação da moeda nacional em relação a moeda
“fixo” e o outro “flutuante”. No regime flutuante a taxa de câmbio é
universal norte-americana. Em outras palavras, conforme o preço para
controlada diretamente pelo Banco Central que se encarrega de administrar o
adquirir uma unidade de moeda estrangeira aumenta, a moeda nacional
câmbio a uma determinada taxa. O regime cambial fixo é subdividido em
deprecia assim o poder de compra tende a cair e como consequência o nível
flutuação “limpa” em que a taxa de câmbio é formada exclusivamente pelo
de preços dos produtos domésticos aumenta, ou seja, a depreciação da taxa
mercado, e em flutuação “suja” a qual se percebe uma existência mista
de câmbio pressiona a inflação.
Informativo do Núcleo de Análise de Conjuntura Macroeconômica – Departamento de Economia
Editado pelos alunos do curso de Economia da PUC GO
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EDIÇÃO N. 08 ABRIL-2015
No início de 2010 para adquirir 1 dólar era necessário de 1,72 reais,
saldo positivo, no entanto, se o país for altamente dependente industrialmente
já no final de julho de 2011 o dólar valia 1,53 reais, essa foi a menor cotação
ou tecnologicamente da economia externa pode ser que esse saldo superavitário
de toda a série. No entanto, logo após expressivas oscilações de altas e quedas,
possa não se realizar. Nesse sentido, como as transações com o exterior fazem
a partir do final de 2011, a taxa flutuou em sentido ascendente, em 2012 fechou
parte do cálculo do Produto Interno Bruto – PIB, essa relevante variável
o ano em 2,04 reais; 2,34 reais em 2013; 2,65 reais em 2014, já a última da
macroeconômica em vez de apresentar variações positivas pode simplesmente,
série pontualmente no dia 16 de março de 2015 a taxa de câmbio pela média
ceteris paribus, sob influência cambial se manter constante caso o efeito das
diária chegou a 3,22 reais. Comparando essa taxa a de quase três anos atrás,
exportações e importações se anulem ou até mesmo regredir caso as
final de julho de 2011, chega-se a conclusão de que mais do que dobrou, isso
importações superem as exportações.
significa que foi multiplicada por 2,10.
Nesse contexto, percebe-se que nesses últimos três anos a economia
brasileira tem presenciado uma forte depreciação da taxa de câmbio. Com isso,
admite-se muitos impactos na economia.
Em virtude da alta do dólar se por um lado a demanda por bens
estrangeiros tende a diminuir, por outro a demanda por bens domésticos tende
a aumentar, a lei da oferta e demanda entra em ação, o nível de preços aumenta
e por fim o resultado é refletido na inflação. Considerando que as empresas não
Figura 02. Taxa de câmbio comercial para venda: real (R$) / dólar americano
(US$) - média diária no período de 04/01/2010 a 16/03/2015.
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
terão mais a necessidade de competir com os produtos importados, ocorre o
0,50
“desaquecimento” da competitividade e mais um motivo para os preços
0,00
2010
subirem.
Não terminando por aí, as exportações são incentivadas e
consequentemente ocorre a saída de mais bens para atender o mercado
2011
2012
2013
2014
2015
Fonte: Banco Central do Brasil
Elaboração: Autor
consumidor externo. O reflexo disso é a redução da oferta de bens domésticos,
o que de certa forma também pressiona o nível geral de preços.
A partir do momento em que as importações são desestimuladas e as
Paula Gonçalves
exportações incentivadas o comum é que a balança comercial apresente um
O SISTEMA ESPECIAL DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA - SELIC
O Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC foi criada
em 1979 pelo Banco Central e pela Associação Nacional das Instituições
valor que os bancos definem o quanto irão cobrar em seus empréstimos para
pessoa física e jurídica.
Financeiras (Andima), com o objetivo principal de tornar mais transparente e
A taxa SELIC é definida pelo Comitê de Política Monetária
segura as negociações com títulos públicos. A SELIC é tomada pelos agentes
(COPOM), com base na meta de inflação. O COPOM é composto pela
econômicos também como taxa de juros básica da economia brasileira. Ela
Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil (o presidente do BC mais oito
reflete a média de remuneração dos títulos federais.
diretores). O Comitê de Política Monetária, periodicamente, se reúne com o
O Banco Central no dia 04 de março de 1999, passou a usar apenas
objetivo de fixar a taxa de juros SELIC. No primeiro dia da reunião, sempre
uma única taxa para sinalizar a direção dos juros de toda economia,
na terça-feira, o BC apresenta uma análise de conjuntura da macroeconômica
abandonando todas as outras que até então haviam sido criadas. Ela é uma
do Brasil e mundial. No segundo dia, após a análise das projeções atualizadas
espécie de teto pago pelos bancos aos depósitos a prazo, e é através do seu
para a inflação, são apresentadas as propostas para fixação da taxa de juros
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Em sua última reunião a de número 189ª, que ocorreu nos dias 3 e
SELIC. As atas das reuniões são divulgadas às 8h30 da quinta-feira da
4 de março deste ano, diante da avaliação do cenário macroeconômico e as
semana seguinte a cada reunião.
Em um cenário em que o COPOM reduz a taxa de juro, a tendência
perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa
será o crédito ficar mais barato, com consequências para o consumo e
SELIC em 0,50 p.p., para 12,75% a.a., sem viés. Esse foi o quarto aumento
investimentos, e acelerando o nível da atividade econômica. Espera-se que
seguido desde a reeleição da Presidente Rousseff.
dependendo da posição cíclica da economia esse aquecimento na demanda,
A alta da SELIC faz com que as aplicações financeiras em títulos
pressione os preços, gerando alguma pressão sobre os preços. Por outro lado a
de renda fixa apresentem uma rentabilidade maior, tornando-se mais atrativas
elevação da taxa de juros referencial restringe as condições de crédito, com
que as aplicações em poupança. O quadro 01 apresenta a rentabilidade das
menor consumo, menor investimento, provocando pressão deflacionária na
aplicações de renda fixa que acompanham as variações da taxa básica de juros
economia.
com a SELIC a 12,75%.
Quadro 01 – Remunerações e Títulos de Aplicações Selecionadas
Período
Velha Poupança*
Nova Poupança*
CDB (90% da taxa DI)
6 meses
3,41%
3,41%
4,30%
4,40%
4,67%
6,93%
6,93%
9,13%
9,40%
9,93%
10,57%
10,57%
14,52%
15,02%
15,83%
14,34%
14,34%
19,90%
20,71%
21,76%
14,98%
14,98%
21,46%
22,35%
23,47%
12 meses
18 meses
24 meses
25 meses
Fundo DI (Taxa de 1% a.a.) Tesouro Direto**
(*)TR de 0,06% a.m.
(**)Sem cobrança de taxa de administração
Kerssia Kamenach e Thiago Medeiros
INDICADORES
INFLAÇÃO
Índice
Mês
Valor
IPCA
Fev.15
+1,22%
IPC-Fipe
Fev.15
IGP-M
INPC
Valor
Atualização
Salário Mínimo
R$ 788,00
2015
+1,22%
TR
+0,11% a.m.
02.Abr.2015
Fev.15
+0,27%
CDI
+12,6% a.a.
02.Abr.2015
Fev.15
+1,16%
SELIC
+12,75% a.a.
05.Mar.2015
Fonte: Thompson Reuters
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