Síndromes demenciais no idoso - Telessaúde MT

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SÍNDROMES DEMENCIAIS EM IDOSOS
Raphael Diniz Ridolfi
Neurologista CRM – MT 7717
Cuiabá, dezembro de 2015
UFMT
Introdução
• Como distúrbio cognitivo maior
• Síndrome demencial: condição adquirida, caracterizada
por DECLÍNIO COGNITIVO, e com comprometimento
das funções sociais e funcionais.
• O declínio é relativo à condição cognitiva prévia
• Em geral, os sintomas têm início insidioso, e evolução
lenta e progressiva
• O DMS-V define demência
• Envolve um ou mais domínios cognitivos:
1.
2.
3.
4.
5.
Aprendizado e memória
Linguagem
Função executiva
Atenção
Habilidades visuais, de percepção, de
construção
6. Cognição social
COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE
• O comprometimento cognitivo leve (CCL) é caracterizado por
leve declínio do desempenho cognitivo, mas sem perda da
autonomia funcional.
• Desempenho inferior ao esperado para idade e nível de
escolaridade em testes de avaliação cognitiva
Comprometimento cognitivo leve - diagnóstico
Sgclemente R, Ribeiro-Filho ST. Comprometimento cognitivo leve: aspepectos conceituais, abordagem
clínica e diagnóstica. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto. 2008;7(1):68-77
COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE
•
•
Entidade heterogênea quanto à apresentação clínica, etiologia, prognóstico e
prevalência.
Condição de alto risco de evolução para demência, com taxas variáveis por ano,
mas com um risco três vezes maior ao controle num prazo de 4,5 anos (Bennet et
col, 2002)
Sgclemente R,
Ribeiro-Filho ST.
Comprometimento
cognitivo leve:
aspepectos
conceituais,
abordagem clínica
e diagnóstica.
Revista Hospital
Universitário Pedro
Ernesto.
2008;7(1):68-77
COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE - CLASSIFICAÇÃO
• CCL amnéstica domínio único
• CCL amnéstica múltiplos domínios
• CCL não amnéstica domínio único
• CCL não amnéstica múltiplos domínios
COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE
•
Sgclemente
R, RibeiroFilho ST.
Comprometi
mento
cognitivo
leve:
aspepectos
conceituais,
abordagem
clínica e
diagnóstica.
Revista
Hospital
Universitário
Pedro
Ernesto.
2008;7(1):6877
COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE –
ABORDAGEM CLÍNICA
• Atualmente, não existem tratamentos específicos, ou medidas
que possam evitar ou retardar a evolução para as síndromes
demenciais
• Importante afastar causas reversíveis de declínio
cognitivo(psiquiátricas, metabólicas, infecciosas,
endocrinológicas, hematológicas, medicamentosas)
SÍNDROMES DEMENCIAIS ETIOLOGIAS
• Doença de Alzheimer (DA)
• Comprometimento cognitivo vascular (Demência
vascular - DV)
• Demência mista ( DA + DV)
• Demência com corpos de Lewy
• Degeneração lobar fronto-temporal
a. Variante comportamental
b. Demência semântica
c. Afasia progressiva não fluente
• Hidrocefalia de pressão normal
• Demência na doença de Parkinson
• Outros (HIV, priônicas, Huntington, etc)
SÍNDROMES DEMENCIAIS - EPIDEMIOLOGIA
• Prevalência aumenta com a idade (dobra a cada 5 -10
anos após os 60 anos)  1 a 2% aos 65 anos, 10 a
15% aos 80 anos e até cerca de 40% aos 90 anos.
• Varia com nível de escolaridade e com nível sócioeconômico
• Fatores de risco cardiovasculares (HAS, DM II,
hipercolesterolemia, tabagismo) estão associados à
maior risco
• DA é a síndrome demencial mais comum (60 – 80%),
muitas vezes associada à DV
• No Brasil: estudo (Nitrini et al, 2009) em Catanduva
(SP) prevalência de 7,1% de síndromes demenciais
na população idosa, sendo a maioria DA (55%)
Síndromes demenciais – abordagem clínica:
objetivos
•
•
•
•
•
•
Determinar se há um quadro demencial;
Caracterizar o declínio nos diferentes campos cognitivos
A gravidade do declínio cognitivo
As consequências funcionais
A etiologia do quadro demencial
Geralmente, uma consulta isolada não é suficiente para
se estabelecer o diagnóstico
SÍNDROMES DEMENCIAIS – ABORDAGEM CLÍNICA
• História clínica é essencial: em geral, os sintomas são de início
insidioso, e piora lentamente progressiva.
• É muito comum o próprio paciente não reconhecer a perda de
memória, ou o declínio de outros campos cognitivos -anosognosia
• É essencial a entrevista com um informante que conheça a
rotina do paciente
• Alterações leve de memória, diminuição na velocidade de
processamento de informação, dificuldades em realizar
tarefas simultâneas, são comuns e fisiológicas no
envelhecimentos; porém são não progressivas e não têm
maior impacto sobre as atividades de vida diária.
SÍNDROMES DEMENCIAIS – ABORDAGEM CLÍNICA
• Em geral, queixas subjetivas de memória não estão
relacionadas à risco aumentado de demência;
• Relatos objetivos de perda de memória referidos por
acompanhantes têm maior valor preditivo no risco de
quadro demencial
• Em geral, tanto paciente quanto informantes não têm
como precisar o momento exato do início dos sintomas.
SÍNDROMES DEMENCIAIS – ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
• Pacientes com demência podem ter dificuldades em
um ou mais destes:
 Retenção de novas informações
 Lidar com tarefas mais complexas
 Raciocínio (p. ex, incapacidade de lidar eventos
inesperados
 Habilidades espaciais e orientação (p. ex, perder-se em
locais familiares)
 Linguagem (dificuldade em encontrar palavras)
 Comportamento
SÍNDROMES DEMENCIAIS – ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
• Importante perguntar objetivamente
 se há dificuldade em lembrar-se de datas, eventos,
compromissos
• se há dificuldade em encontrar palavras
• se há dificuldades em atividades de vida diária
instrumentais, tais como fazer uma compra, lidar com
as finanças, dirigir, cozinhar, etc.
• se perde objetos frequentemente
• se já se perdeu em locais familiares
• se necessita de ajuda para tomar medicações de uso
contínuo
SÍNDROMES DEMENCIAIS – ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
•
•
Continuação:
se consegue realizar atividades de vida diária básicas, tais como tomar
banho sem ajuda, escolher as roupas, alimentar-se, higiene pessoal e
controle esfincteriano
•
se tem alterações neuropsiquiátricas ( alucinações visuais e/ou auditivas,
delírios, geralmente de traição/roubo, confabulações, agitação,
agressividade, apatia, alteração do ciclo sono-vigília, humor depressivo,
ansiedade, alterações no paladar, no controle de impulsos – hiperfagia,
hiperssexualidade, desinibição)
•
se o paciente alterações motoras, tais como lentificação, quedas, rigidez,
desequilíbrios, tremores, alterações na marcha
 Em todos estes, tentar estabelecer o início aproximado dos
primeiros sintomas, e a evolução cronológica
SÍNDROMES DEMENCIAIS – ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
• História pregressa:
• Doenças neurológicas prévias: AVE’s, epilepsia, TCE’s,
encefalites, hemorragias intracranianas, neurocirurgias, etc
• Doenças
psiquiátricas:
depressão,
ansiedade,
esquizofrenia, bipolar, etc
• Doenças sistêmicas: cardiopatias, arritimias, vasculopatias,
tireoideopatias, hepatopatias, vasculites e doenças
reumatológicas, insuficiência renal, neoplasias, desnutrição,
cirurgias trato gastrointestinal, etc
• Doenças infecciosas: HIV, sífilis
• Consumo de álcool: atual ou prévio, carga etanólica
SÍNDROMES DEMENCIAIS – ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
•
•
Uso de medicamentos: sempre perguntar:
TRICÍCLICOS: amitriptilina, nortriptilina, imipramina,
ciclobenzaprina
• BENZODIAZEPÍNICOS: clonazepam, diazepam, lorazepam,
alprazolam
• ANTIVERGINOSOS: cinarizina, flunarizina (nunca têm indicação de
uso contínuo)
• Anticolinérgicos: amantadina, oxibutinina, biperideno
• Anticonvulsivantes: fenobarbital, topiramato, ácido valpróico,
fenitoína
• Neurolépticos:
haloperidol,
levomepromazina
(Neozine),
clorpromazina, atípicos
• Opióides: morfina, codeína, tramadol
• Anti-histamínicos: dexclorfeniramina, dimenidrinato
SEMPRE CHECAR COMPOSIÇÃO DE MEDICAMENTOS MANIPULADOS
SÍNDROMES DEMENCIAIS – ABORDAGEM CLÍNICA
• História familiar: sempre perguntar de casos com
sintomas semelhantes na família, ou de casos de
demências (especialmente de início precoce)
• História social: fundamental saber a escolaridade e o
nível intelectual prévio
SÍNDROMES DEMENCIAIS – ABORDAGEM COGNITIVA
• Testes de avaliação cognitiva são fundamentais na
abordagem clínica da suspeita de uma síndrome
demencial
•
•
•
•
Mini exame do estado mental ( MEEM)
É a avaliação cognitiva de uso mais difundido no mundo
Fácil aplicação
É uma avaliação de triagem, mas tem utilidade
diagnóstica
• Avalia a orientação no tempo e espaço, registro,
atenção e cálculo, evocação, linguagem e praxia
contrucional.
Mini exame do estado mental
Mini exame do estado mental
Mini exame do estado mental
Mini exame do estado mental
•
•
A pontuação é de 0 a 30 pontos
Pontuação abaixo de 24 é altamente sugestiva de quadro demencial, com
sensibilidade 87% e especificidade 82%.
• Em pacientes com escolaridade mais elevada podemos utilizar a nota de
corte = 28 para aumento de sensibilidade em casos iniciais
• Em pacientes analfabetos podemos considerar como normal pontuação
acima de 18.
• Pontuações intermediárias segundo a escolaridade foram propostas por
vários pesquisadores, com resultados de sensibilidade e especifidade
variáveis.
• Brucki et al., 2003: Analfabetos: 20 Escolaridade 1-4: 25pts; 5-8: 26,5pts;
9-11: 28pts; >11: 29
• http://www.telessaudebrasil.org.br/apps/calculadoras/?page=11
Normal: acima de 27 pontos
Demência: menor ou igual a 24 pontos; em caso de menos de 4 anos de
escolaridade, o ponto de corte passa para 17, em vez de 24.
BATERIA COGNITIVA BREVE: TESTE DAS FIGURAS
BATERIA COGNITIVA BREVE - TESTE DAS FIGURAS
BATERIA COGNITIVA BREVE - TESTE DAS FIGURAS
BATERIA COGNITIVA BREVE –FLUÊNCIA VERBAL
• Pedir para o paciente falar todos os animais que se lembrar
em um minuto.
• Explicitar que quaisquer animais são válidos.
• Considerar animais diferentes. P. ex, se citar “boi”, “vaca”,
“bezerro”, devem ser contabilizados como um único animal
• Normal se acima de 9 para 8 anos de escolaridade; e acima
de 12 para escolaridade mais alta.
• Pacientes com demência, além de produzirem escores
baixos, tendem a interromper a geração de palavras após
20 segundos do teste.
• Pacientes deprimidos podem apresentar escores baixos,
mas tendem a gerar palavras durante todo o minuto
BATERIA COGNITIVA BREVE - TESTE DO RELÓGIO DE SUNDERLAND
• Dê uma folha de papel em branco para o paciente e diga:
“desenhe um círculo e coloque os números dentro como em um
relógio. Depois coloque os ponteiros marcando dois minutos e
quarenta e cinco minutos”.
BATERIA COGNITIVA BREVE - TESTE DO RELÓGIO DE SUNDERLAND
Bateria cognitiva breve - teste das figuras
Bateria cognitiva breve - teste das figuras
Bateria cognitiva breve - Teste das figuras
• Interpretação: em geral, espera-se melhora progressiva:
memória incidental > memória imediata > aprendizado
• Resultado mais significativo: maior ou igual a SEIS na memória
de cinco minutos (mesmo em analfabetos)
AVALIAÇÃO COGNITIVA - OUTROS TESTES
• Para pacientes de alto nível
cognitivo, o MEEM geralmente se
mostra pouco sensível.
• Nestes casos, podemos utilizar o
MOCA (Montreal Cognitive
Assentment)
• Em casos de dúvida diagnóstica
mesmo após a avaliação clínica e
a realização dos testes cognitivos,
pode ser muito útil avaliação
neuropsicológica formal
AVALIAÇÃO FUNCIONAL - TESTES
• Índice de Katz
AVALIAÇÃO FUNCIONAL - TESTES
• Escala de Pfeiffer:
A pontuação de seis
ou mais sugere
maior dependência.
A pontuação
máxima = 33 pontos
Abordagem clínica: exame físico geral e
neurológico
• Realizar exame físico geral
• Exame neurológico: importante avaliação de pares
cranianos, marcha, linguagem, presença de déficits
focais, ataxia, tremor, rigidez, lentificação,
coordenação motora e equilíbrio.
SÍNDROMES DEMENCIAIS - PROPEDÊUTICA
• Exames de imagem
• Preferencialmente ressonância magnética de encéfalo.
• Tomografia computadorizada de crânio pode ser utilizada na
dificuldade de se realizar a primeira
• Importante na avaliação de causas secundárias de piora
cognitiva (p. ex. hidrocefalia de pressão normal, hematoma
subdural crônico), e achados comuns em diferentes quadros
demenciais,
tais
como
atrofia
global,
microangiopatia/leucoaraiose, presença de sequelas de
isquemias ou outras lesões antigas
• Exames de neuroimagem funcional (PET-CT, SPECT) são
bastante utilizadas em estudos, mas a aplicação clínica ainda é
bastante limitada, restrita a casos mais complexos
SÍNDROMES DEMENCIAIS - PROPEDÊUTICA
LABORATORIAL
• Essencial afastar causas metabólicas/sistêmicas de declínio
cognitivo
• Indicados:
1. Hemograma completo, coagulograma
2. Creatinina
3. TSH, T4 livre
4. Albumina
5. Transaminases hepáticas
6. Vitamina B12, Ácido fólico
7. Cálcio
8. VDRL
9. Em pacientes com idade inferior a 60 anos, ou com sintomas
atípicos, sorologia para HIV
SÍNDROMES DEMENCIAIS - PROPEDÊUTICA
LABORATORIAL
• Exame do líquido cefalorraquidiano – indicações:
1. para medida de pressão de abertura na suspeita de hidrocefalia de
pressão normal
2. Demência pré-senil
3. Apresentação ou curso clínico atípicos
4. Quando há suspeita de etiologias inflamatórias, infecciosas,
priônicas
Especificamente para Doença de Alzheimer:
• Níveis aumentados de proteína tau total e tau hiperfosforilada,
associados à níveis reduzidos de proteína Beta-amiloide 
altamente sensíveis e específicos para DA, mesmo em fase préclínica.
• Uso cada vez mais frequente em casos duvidosos
SÍNDROMES DEMENCIAIS ESPECÍFICAS
DOENÇA DE ALZHEIMER: ASPECTOS GERAIS
• A Doença de Alzheimer (DA), foi descrita pelo psiquiatra e
neuropatologista alemão Alois Alzheimer, em 1906.
• É a demência mais comum em idosos, aumento exponencial com a
idade
• A grande maioria dos casos é de ocorrência esporádica; formas
familiares (de transmissão autossômica dominante) perfazem
menos de 5% dos casos
• Outros fatores de risco: HAS, obesidade, DMII, níveis de LDL
aumentados e HDL baixos, hiperhomocisteinemia, tabagismo, TCE’s
prévios, baixa escolaridade
• Fatores de proteção: alta escolaridade/alta atividade intelectual,
atividade física, fatores alimentares (dieta Mediterrânea)
DOENÇA DE ALZHEIMER: APRESENTAÇÃO CLÍNICA
• Rara antes dos 60 anos
• Início insidioso, de lenta evolução progressiva
• Principal característica nas fases iniciais é o DÉFICIT DE MEMÓRIA
EPISÓDICA: dificuldades em lembrar-se de eventos recentes,
compromissos, recados, repetição de perguntas, perda de objetos
pessoais.
• Também são comuns déficits na memória semântica e operacional:
redução da fluência verbal e dificuldades de nomeação
• Os déficits causam impacto nas atividades de vida diária:
primariamente instrumentais, depois nas básicas
• É bastante comum a anosognosia: paciente não reconhece os
déficits, não reconhece que está doente
DOENÇA DE ALZHEIMER: APRESENTAÇÃO CLÍNICA
•
•
•
•
•
•
•
Com o avançar da doença, outros domínios cognitivos são afetados
Comum paciente perder-se em locais conhecidos, dificuldades de
julgamento e discernimento
Alterações neuropsiquiátricas são bastante comuns: depressão, ansiedade,
e mais tardiamente, apatia, perambulação, agitação. Alucinações e delírios
(principalmente de roubo ou traição) são comuns em fases moderadas em
diante.
Gradual aumento da dependência, de AVD’s instrumentais para AVD’s
básicas.
Alteração do ciclo sono-vigília
Sinais motores, mioclonias, parkinsonismo, disfagia, incontinência urinária,
e, raramente, crises epilépticas podem ocorrer em fases avançadas
O óbito habitualmente ocorre entre 7 e 15 anos, geralmente de
complicações infecciosas ou cardiovasculares
DOENÇA DE
ALZHEIMER:
DIAGNÓSTICO
DOENÇA DE
ALZHEIMER:
DIAGNÓSTICO
DOENÇA DE
ALZHEIMER:
DIAGNÓSTICO
DOENÇA DE ALZHEIMER: DIAGNÓSTICO
DOENÇA DE ALZHEIMER: DIAGNÓSTICO
DOENÇA DE ALZHEIMER:
ESTADIAMENTO
DOENÇA DE ALZHEIMER:
ESTADIAMENTO
DOENÇA DE ALZHEIMER:
ESTADIAMENTO
• Escala Clinical Demetia Rating ( CDR)
DOENÇA DE ALZHEIMER: TRATAMENTOS
•
•
•
Importante ressaltar que o tratamento é sintomático
No atual momento, não existem quaisquer evidências de medidas
farmacológicas ou não farmacológicas que possam fazer regredir ou
mesmo estabilizar a evolução patológica.
Não existem evidencias de benefícios no uso da Vitamina E, ginko biloba,
selegilina, ômega 3, redutores de homocisteína, estrogênio,
antiinflamatórios, estatinas.
DOENÇA DE ALZHEIMER: TRATAMENTOS
1.




Inibidores da colinesterase (IChE): donepezil, galantamina, rivastigmina
Aprovados para tto da DA leve a moderada
Donepezila está aprovada para uso na DA grave
Galantamina aprovada para demêcia mista ( DA + DV)
Efeitos colaterais comuns: náuseas, vômitos e diarreia. Preferencialmente
administrar junto com alimentos.
 Demandam titulação lenta
 Têm efeito tanto na cognição quanto no controle de sintomas
comportamentais/neuropsiquiátricos
DOENÇA DE ALZHEIMER: TRATAMENTOS
•
1.
2.
3.
Antagonistas de receptores glutamatérgicos NMDA: memantina
Indicado na fase moderada a avançada da doença, melhora da dependência.
Boa tolerabilidade
Pode ser associado aos IChE
DOENÇA DE ALZHEIMER: TRATAMENTOS – CONTROLE DOS SINTOMAS
COMPORTAMENTAIS / NEUROPSIQUIÁTRICOS
•
•
•
•
•
•
•
Sintomas comportamentais/neuropsiquiátricos são bastante comuns, especialmente
nas fases moderada/avançada, e podem causar grandes dificuldades de manejo e
cuidados.
Em geral, os IChE e a memantina podem, por si só, trazer melhora destes sintomas,
e não ser necessária medicações adicionais
Em casos de piora confusional aguda, sempre buscar causas infecciosas e não
infecciosas de delirium.
Transtornos depressivos e ansiosos podem ser tratados com antidepressivos
inibidores seletivos da receptação de serotonina (sertralina, citalopram,
escitalopram).
Antidepressivos atípicos (trazodona, mirtazapina) podem ser usados como
hipnóticos, com menor risco de efeitos colaterais
Evitar o uso de tricíclicos (principalmente da amitriptilina) e de
benzodiazepínicos
O uso de neurolépticos deve ser restritos a casos de muita dificuldade de
manejo comportamental. Preferir neuroléticos atípicos (quetiapina, por vezes
risperidona), em monoterapia, em doses baixas, e pelo menor tempo possível.
COMPROMETIMENTO COGNITIVO
VASCULAR
DEMÊNCIA VASCULAR
DEMÊNCIA MISTA
COMPROMETIMENTO COGNITIVO VASCULAR (CCV)
• Segunda causa mais comum de demência
• Conceito vem passando por alterações recentes, com
objetivo de englobar as alterações cognitivas mais precoces
• Pode ser definido como síndrome demencial decorrente
ou associado à doença cerebrovascular
• Caracterizada por comprometimento cognitivo em múltiplos
domínios, incluindo disfunção executiva, apraxia, agnosia,
afasia ou acometimento amnésico, representando declínio
em relação ao nível funcional prévio
• É necessária neuroimagem (preferencialmente ressonância
magnética de encéfalo) indicativa de doença cerebrovascular
COMPROMETIMENTO COGNITIVO VASCULAR (CCV) APRESENTAÇÃO CLÍNICA
• É bastante heterogênea, variando conforme o território vascular
acometido
• Pode ter início agudo ( pós icto) ou evolução lenta e progressiva
• Geralmente se associa a déficits motores e/ou sensitivos focais,
decorrentes da lesão isquêmica
• A progressão pode ser progressiva, ou “em saltos”
• Amnésia pode estar presente, mas pode não ser o sintoma inicial
• Alucianções, delírios, alterações da marcha, alterações
esfincterianas, quedas, mesmo em períodos precoces da doença
COMPROMETIMENTO COGNITIVO VASCULAR (CCV) SUBTIPOS
•
•
•
•
Pós – ictus único: início agudo, comprometimento cognitivo cortical
(agnosia, apraxia, afasia), em até três meses do ictus
Pós – ictus por infartos múltiplos: isquemias recorrentes ocasionando
comprometimento neurológico a depender da área atingida
Demência vascular por isquemia estratégica: infartos estratégicos corticais
( p. ex. hipocampo, córtex pré-frontal, giro angular) ou subcorticais
(prosencéfalo basal, tálamo) podem causar quadro demencial de instalação
aguda
Demência vascular subcortical: início lento e insidioso, as lesões provocam
interrupção dos circuitos subcoticais, e frontais, e o domínio cognitivo mais
acometido é a função executiva. São comuns alterações de marcha,
quedas e alterações esfincterianas precocemente.
CCV: DIAGNÓSTICO
CCV: CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
CCV: neuroimagem
Comprometimento cognitivo vascular:
tratamentos
• Não há tratamento específico
• Focar na profilaxia secundária: AAS, estatinas, controle
glicêmico, lipídico, cessar tabagismo. Tais medidas visam a
prevenção de novos eventos isquêmicos, mas não têm
eficácia comprovada sobre o declínio cognitivo.
• Revascularização carotídea, seja endovascular ou
endarterectomia, não tem benefício cognitivos.
• Galantamina pode ser utilizada em quadros de demências
mistas: AD + CCV, melhores resultados nos quadro de doença
subcortical
DEMÊNCIA COM CORPOS DE LEWY
Demência corpos de Lewy (DCL)
• Segundo tipo mais comum de demência degenerativa
• Caracterizada por quadro de declínio cognitivo principalmente nos domínios
de atenção, função vísuo-espacial e funções executivas. Memória é afetada
tardiamente.
• Quadro cognitivo iniciado com relação temporal próxima a quadro de
parkinsonismo atípico (rigidez, bradicinesia, com pouco ou nenhum tremor).
• São comuns flutuações acentuadas do nível de atenção e de alerta, de
duração variável de minutos a horas
• Alucinações visuais recorrentes logo no começo do quadro
• Sensibilidade aumentada ao uso de neurolépticos: mesmo doses baixas
podem desencadear ou piorar acentuadamente o parkinsonismo
• Alterações do sono REM
• Quedas frequentes no início do quadro
Demência corpos de
Lewy (DCL): critérios
diagnósticos
Demência corpos de Lewy (DCL) x Demência na
doença de Parkinson
• Na demência associada a doença de Parkinson, o quadro
demencial ocorre tardiamente em relação ao início dos
sintomas parkinsonianos. Geralmente disfunção executiva,
atenção prejudicada e lentificação da velocidade de
processamento de informações, com memória relativamente
preservada.
• Na DCL o parkinsonismo surge antes ou concomitante ( até
um ano) com o quadro cognitivo
Demência corpos de Lewy: tratamento
• Evitar uso de neurolépticos: se for absolutamente essencial,
preferir atípicos (quetiapina)
• IChE são a base do tratamento: podem trazer melhora
cognitiva e das alucinações
• O sintomas parkinsonianos devem ser tratados com uso de
levodopa. Em geral a resposta é menos satisfatória do que na
D. de Parkinson
DEGENERAÇÃO LOBAR FRONTO-TEMPORAL
1. Variante comportamental
2. Demência semântica
3. Afasia não fluente progressiva
Degeneração lobar fronto-temporal (DLFT)
• A DLFT é uma denominação que engloba diferentes doenças
que decorrem da disfunção dos lobos frontais e/ou
temporais
• Associada à fatores genéticos
• As três principais formas clínicas são:
1. Variante comportamental
2. Demência semântica
3. Afasia não fluente progressiva
DLFT: variante comportamental
• Variante comportamental: anteriormente chamada de demência de Pick.
Início mais precoce, insidioso e caracterizado por alterações
comportamentais desde o início, com prejuízo da cognição social,
insuficiente regulação da conduta pessoal, embotamento afetivo, perda
de percepção, baixa tolerância à frustrações, comportamento social
inapropriado sem insight, compulsões, mudanças acentuadas dos hábitos
alimentares, com predileção por doces.
• Relacionada ao acometimento dos lobos frontais
• Pode se associar à doenças do neurônio motor
• Relativa preservação da memória
DLFT: afasia progressiva não fluente
• Quadro por fala espontânea não fluente, com agramatismos,
parafrasias fonêmicas, e/ou anomia
• Sintomas se iniciam com redução na produção de palavras, no
comprimento de frases, e dificuldades de articulação / apraxia
da fala
• Paciente se mantém independentes e funcionais por anos, até
desenvolver quadros neurodegenerativos mistos
DLFT: demência semântica
• Distúrbio de linguagem fluente, com perda progressiva de
conhecimento das palavras, levando à anomia e à
incompreensão verbal.
• Início por volta dos 60 anos, evolui com quadro
comportamental semelhante à DLFT variante comportamental
DLFT: tratamento e prognóstico
• Não existe tratamento específico
• Trazodona pode melhorar o padrão de sono e
comportamental
• Uso de neurolépticos deve ser cuidadoso, preferir a
quetiapina
• Sem evidências de melhora com IChE
• Suporte social
Hidrocefalia de pressão normal
•
•
•
1.
Quadro caracterizado por hidrocefalia compensada, não obstrutiva
Alargamento importante dos ventrículos
Clinicamente, é caracterizada pela tríade:
Alteração da marcha (magnética, ou apráxica), de instalação
subaguda ou crônica
2. Alterações urinárias, principalmente incontinência
3. Declínio cognitivo, surge após as alterações de marcha e miccionais,
de caráter subcortcal: esquecimentos, inércia, apatia, bradifrenia,
lentificação da velocidade de processamento, disfunção executiva.
Pode ser desde leve até grave.
Hidrocefalia de pressão normal:
diagnóstico
• Neuroimagem é fundamental
• Tap-test: punção lombar com
medida da pressão de abertura
(deve estar normal), e
drenagem de 30-50ml de
líquor. É esperada melhora
acentuada da marcha após 3060min,
Hidrocefalia de pressão normal: tratamentos
• O tratamento definitivo é a colocação de um derivação
ventrículo-peritoneal (DVP)
• Trata-se de um procedimento com índice não desprezível de
complicações, e a indicação deve ser cuidadosa.
• O sintoma com a maior melhora é a marcha; a cognição tem
melhora modesta se o quadro demencial já for moderado a
avançado.
Hidrocefalia de pressão normal: tratamentos
Considerações finais
• A prevalência das síndromes demenciais tende a aumentar
substancialmente com o processo de envelhecimento da
população
• É essencial que todos profissionais de saúde, especialmente
os que trabalham na atenção básica, tenham conhecimento
das principais demências.
• Atualmente, o tratamento das demências é sintomático, e não
temos medicas específicas de prevenção. Mas isto não tira a
importância de se estimular medidas de promoção de saúde.
• Medidas de apoio familiar e social aos pacientes
demenciados e à seus familiares são essenciais no manejo
destas doenças.
MUITO OBRIGADO!
Telessaúde Mato Grosso - Tele Educa MT
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(65) 3661-3559/3661-2934
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