A PRÁTICA DA AUTOMEDICAÇÃO EM PACIENTES ADULTOS RECENTEMENTE INTERNADOS EM UM HOSPITAL DO SUL DE SANTA CATARINA Khetlyn Karolyne Rodrigues Barcelos 1; Dra. Dayani Galato2 (Orientador) Introdução: A automedicação é definida como uso de medicamentos sem prescrição médica, onde o próprio paciente decide qual fármaco utilizar (WHO, 1998). Inclui-se nessa prática a indicação de medicamentos por pessoas não habilitadas, como amigos, familiares ou balconistas da farmácia. Cabe destacar que a automedicação faz parte do autocuidado juntamente com ações relacionadas a nutrição, lazer, prática de esportes (FIP, 1999). A sua prática deve ser adotada com cautela em especial em pacientes considerados especiais. Neste caso, incluem-se as gestantes, os idosos, as crianças menores de dois anos, pacientes polimedicados e pacientes recentemente hospitalizados (WHO, 1998). A ocorrência de problemas relacionados a medicamentos é particularmente comum após alta hospitalar, quando múltiplas alterações no tratamento medicamentoso do paciente podem ser acompanhadas por inadequação na orientação e seguimento do paciente (FURTADO et al., 2005). Esta falta de informação pode propiciar o uso inadequado dos medicamentos prescritos através da alteração da prescrição médica, bem como, o aparecimento de problemas relacionados ao medicamento, ao problema de saúde que gerou a internação ou a outras intercorrências podendo levar a automedicação. Palavras-chave: automedicação; serviço hospitalar, uso racional de medicamentos. Objetivo: Identificar à prevalência da prática da automedicação em pacientes adultos após alta hospitalar. Métodos: Tratou-se de um estudo epidemiológico de delineamento transversal foi realizado com pacientes que recentemente receberam alta hospitalar. Para o cálculo de amostra foi 1- Acadêmica do Curso de Farmácia; 2- Professor do Curso de Farmácia e do Programa de Mestrado em Ciências da Saúde; Núcleo de Pesquisa em Atenção Farmacêutica e Estudos de Utilização de Medicamentos. investigado no Hospital Nossa Senhora da Conceição o número de pacientes internados por mês, com base nesta informação, adotamos um erro de 10%, uma prevalência estimada de automedicação de 50% e um nível de confiança de 95%. Como critério de inclusão na pesquisa foi adotado ser paciente com idade igual ou superior a 18 anos, ser residente do município de Tubarão e ter tido alta do Hospital nos últimos 15 dias. Os pacientes desta pesquisa foram identificados no momento de alta do hospital quando foi apresentada a pesquisa (com a assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido) e coletado as informações iniciais do instrumento de coleta de dados. Estas informações estão relacionadas com as características sócio, demográficas e culturais, com o motivo de internação atual, com o perfil de morbidade e com os medicamentos prescritos no momento da alta. Nesta ocasião, foi solicitado uma forma de contato e o melhor horário para que fosse realizada a segunda etapa da entrevista. Transcorridos 15 dias o paciente foi contatado através de contato telefônico. Neste segundo momento foram solicitadas informações sobre o uso de medicamentos, plantas medicinais e remédios caseiros durante os quinze dias transcorridos a fim de identificar a adoção de automedicação. Neste contexto, é importante destacar que foi adotado como a automedicação o uso de medicamentos sem prescrição, o uso de plantas medicinais e de remédios caseiros. Destaca-se que quando houve alteração na prescrição do médico, ocasionando o uso de medicamento diferente daquele incialmente prescrito, também será considerada uma forma de automedicação (CASCAES et al, 2008). O instrumento desenvolvido foi incialmente testado com 10% da amostra a fim de analisar a sua aplicabilidade. Como não houve mudanças significativas, estes dados foram incluídos na pesquisa. Os dados coletados foram organizados em um banco de dados no programa EpiData e analisados no Programa EpiInfo e no SPSS 19.0. As variáveis quantitativas foram analisadas através da amplitude, medida de tendência central e de dispersão. As variáveis qualitativas foram determinadas em frequências absolutas e relativas. Este trabalho foi construído de acordo com as recomendações da Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde e aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa da Unisul. Resultados e Discussão: Foram avaliados 174 pacientes com alta médica recente, com idade entre 18 e 88 anos (52,8 ± 18,4). Destes a maioria possuía companheiros (63,2%), era homem (57,5%) e tinha até oito anos de estudo (52,9%). A renda familiar média foi de 1082,96 (± 941,69) reais. Metade dos entrevistados (50,6%) havia sido internada nos últimos 15 dias para cirurgia eletiva. A média de tempo de internação hospitalar foi de 4,6 (±3,9) dias. O número de medicamentos prescritos no momento da alta hospitalar variou entre um e oito (2,8 ± 1,1). Dos entrevistados, 138 (79,1%) não alterou os medicamentos prescritos pelos médicos no momento da alta, no entanto, 25 (14,4%) utilizaram por menos tempo que o prescrito e 34 (19,5%) por mais tempo que o prescrito. Dos entrevistados 12,5% alegaram apresentar algum problema após a alta hospitalar, sendo as situações dolorosas as mais comuns. Apenas seis (3,4%) entrevistados alegou utilizar medicamentos por automedicação nos 15 dias sucessivos a alta hospitalar. Dois (1,1%) alegaram utilizar plantas medicinais e ninguém relatou o uso de remédios caseiros. No grupo avaliado, também não houve nenhuma intercorrência mais séria que levasse a procura a emergência ou a uma nova internação hospitalar. Conclusões: A prevalência de automedicação referida foi baixa, comparada a populações adultas no Brasil. Contudo, não se pode ignorar o percentual elevado de pacientes que alteram a prescrição médica no período imediato a alta hospitalar, o que pode ser compreendido como uma forma de autocuidado, neste caso de automedicação. Neste contexto, sugere-se a realização e novas pesquisas abordando em especial, esta situação. Referências: CASCAES, A.E.; FALCHETTI, M.L.; GALATO, D. Perfil da automedicação em idosos participantes de grupos da terceira idade de uma cidade do sul do Brasil. Arquivos catarinenses de Medicina, v.37, p. 63-39, 2008. FIP– The International Pharmaceutical Federation and The World Self-Medication Industry. Responsible Self-Medication [Internet site]. 1999. Available: http://www.wsmi.org/pdf/fip.pdf. Accessed 23 February 2013. FURTADO, I.C.; MARQUES, L.F.G.; MONACO, L.C.R.. Alta hospitalar: um enfoque farmacêutico. Instituto Racine, São Paulo, 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/premio_medica/2010/mencoes/trabalho_completo_liete_fatim a_gouveia_marques.pdf>. Acesso em: 28 de Maio de 2013. WHO - World Health Organization. The role of the pharmacist in self-care and selfmedication [Internet site]. The Hangue: World Health Organization, 1998. Available: http://www.opas.org.br/medicamentos/site/UploadArq/who-dap-98-13.pdf. Accessed 22 February 2013. Fomento: Programa Unisul de Iniciação Científica – PUIC.