Título: IDENTIFICAÇÃO EXPERIMENTAL DE FONTES DE CONTROLE DE ESTÍMULOS POR UNIDADES TEXTUAIS MÍNIMAS E LEITURA GENERALIZADA Autora: Angela Bernardo de Lorena Orientadora: Profª Drª Deisy G. de Souza Resumo: A meta do ensino de leitura é que o aprendiz se torne competente para ler, com compreensão e fluência, qualquer tipo de texto na sua língua nativa. Para isso, o aluno progride ao longo da aquisição de uma série complexa e interrelacionada de habilidades e conceitos. Uma habilidade intermediária, requisito para a leitura de qualquer texto é a leitura generalizada; a partir da aprendizagem de um número restrito de palavras, o indivíduo passa a ler qualquer palavra da língua. Isto requer que ele faça uma abstração para cada relação grafema-fonema. Processos diferentes podem estar envolvidos no desenvolvimento dessas abstrações (comportamento sob controle de estímulos da relação entre um grafema e o fonema correspondente, independente de variáveis topográficas e de contexto). O presente estudo teve como objetivo investigar a possibilidade de que o controle de estímulos por uma unidade grafema-fonema se desenvolva a partir de contingências de reforçamento para a leitura de palavras inteiras. Para isso, foram realizados dois experimentos com palavras contendo um fragmento complexo da Língua Portuguesa. No Estudo 1 foram analisadas 16 desses fragmentos. No Estudo 2 foram examinadas palavras escritas com “x” e som de “z”. Os alunos, que já liam palavras constituídas de consoantes e vogais (CVCV), eram expostos a um procedimento sistemático de ensino individualizado, baseado na seleção de palavras inteiras, condicionalmente à palavra ditada. O procedimento de ensino foi o mesmo empregado nos dois estudos: uma palavra contendo a dificuldade-alvo era ditada e o aluno devia escolher, entre duas palavras impressas apresentadas como alternativas, a que correspondesse à palavra ditada. Uma das palavras impressas fazia parte de lições anteriores (era “conhecida”), o que possibilitava que ela fosse excluída e que o aluno acertasse na escolha da alternativa correta. A questão era se, a exposição a palavras resultaria no estabelecimento de controle por unidades menores (pelo fragmento alvo), favorecendo a generalização de leitura de outras palavras novas com a mesma configuração. Para isso, tentativas de treino com as palavras selecionadas eram intercaladas com tentativas de leitura (portanto, o aluno era exposto a duas tarefas, uma de seleção e outra de leitura). Depois de cada tentativa com uma palavra ditada, o aluno era exposto a uma tentativa de sonda de leitura daquela mesma palavra. As conseqüências (feedback de acerto) para a leitura eram apresentadas contingentemente à verbalização da palavra inteira. Assim, foi possível acompanhar tentativa a tentativa a emergência (ou não) do controle de estímulos por unidades menores, embora a emissão dessas unidades nunca tenha sido reforçada isoladamente. Os resultados mostraram, em ambos os experimentos que, após a intervenção, os participantes passaram a ler palavras no vas com os fragmentos complexos. Os resultados constituem evidência experimental de desenvolvimento de controle de estímulos por unidades textuais menores que a palavra, depois do ensino de palavras inteiras, confirmando a predição teórica de que esta é uma das alternativas para o estabelecimento de abstrações. Palavras-chaves: Aquisição de leitura; controle por unidades mínimas; leitura generalizada; abstração.