UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA E ESTATÍSTICA BACHARELADO EM CIÊNCIAS DA COMPUTAÇÃO Um Sistema de Prontuário Eletrônico Com Laudo Estruturado Para Obstetricia e Ginecologia Sabrina Rocha da Silva Florianópolis SC 2006/1 1 Sabrina Rocha da Silva Um Sistema de Prontuário Eletrônico Com Laudo Estruturado Para Obstetricia e Ginecologia Orientador: Prof. Dr. rer.nat. Aldo von Wangenheim Banca Examinadora 2 Sumário 1 Introdução 7 1.1 Denição do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.2 Objetivos Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.3 Objetivos Especícos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2 Domínio da Aplicação 2.1 2.2 9 DICOM e DICOM Structured Report . . . . . . . . . . . . . . O Prontuário Eletrônico 9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.2.2 Aspectos Legais do PEP . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 2.2.3 Redação do PEP 25 2.2.1 Estrutura do PEP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Levantamento do Estado da Arte 27 4 Sistema Proposto 29 4.1 Exames Disponíveis no Programa . . . . . . . . . . . . . . . . 29 4.2 Funcionalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 5 Denição da Metodologia 30 5.1 Etapas do Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 5.2 Ferramentas Utilizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 6 Desenvolvimento do Sistema 31 6.1 Etapas Concluídas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 6.2 Etapas a Concluir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 7 Conclusão 32 A Anexos 33 A.1 Exames Disponíveis no Programa . . . . . . . . . . . . . . . . 33 A.1.1 Cadastro do Paciente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 A.1.2 Cadastro de Médico Solicitante 33 3 . . . . . . . . . . . . . A.1.3 Cardiotocograa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 A.1.4 Qualidade do Exame . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 A.1.5 Doppler 34 A.1.6 USG Pélvica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 A.1.7 USG Mamas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 A.1.8 USG Obstetrícia A.1.9 Morfológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 4 Lista de Figuras 2.1 Objetos compostos representam entidades múltiplas. . . . . . . 12 2.2 Relacionamentos por referência. . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.3 Hierarquia exemplo da classe Comprehensive SR. . . . . . . . 16 2.4 Exemplos de Relacionamentos em DICOM-SR. . . . . . . . . . 19 2.5 Exemplo de Estrutura DICOM SR. . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.1 Receita Ilegível que Ilustra a Pesquisa. 28 5 . . . . . . . . . . . . . Lista de Tabelas 2.1 Módulos da Classe Basic Text SRLN - A.35.3-1 . . . . . . . . 14 2.2 Vantagens e inconvenientes do PEP x Prontuário em Papel . . 23 6 Capítulo 1 Introdução 1.1 Denição do Problema Na era da tecnologia, as informações, que antes eram registradas em papel e guardadas em arquivos sem m, cabem nas memórias de computadores, o que permitiu o surgimento de novos conceitos e possibilidades. Neste contexto surgiu o Prontuário Eletrônico, cuja principal idéia é que todo o histórico de saúde de um indivíduo ao longo do tempo estará guardado em um banco de dados informatizado, permitindo que o próprio indivíduo e os vários prossionais acessem essas informações sempre que necessário. Este trabalho trata do uso do Prontuário Eletrônico na área da ginecologia e obstetrícia. O desenvolvimento do organismo feminino envolve diversas etapas (menarca, gravidez, menopausa). A necessidade de se acompanhar a saúde da mãe e do bebê durante a gestação é fundamental para a identicação de problemas e doenças. O correto acompanhamento do bebê depende fundamentalmente da qualidade do laudo e da forma como ele é registrado e armazenado para futuras referências. O acompanhamento nas outras etapas ocorre geralmente uma vez ao ano, com exames de rotina que identicam a existência de DST's (Doenças Sexualmente Transmissíveis), câncer e alterações hormonais. Atualmente, a grande maioria dos exames é feita de forma indiscriminada em papel, sem um modelo formal de laudo que garanta o registro das variáveis necessárias para a monitoria da evolução do desenvolvimento do organismo feminino. Uma solução para este problema é desenvolver um sistema de prontuário eletrônico utilizando um formato de laudo padrão. 7 1.2 Objetivos Gerais Desenvolvimento de um sistema de prontuário eletrônico utilizando o formato de laudo estruturado DICOM SR, que permitirá a criação de modelos formais de laudos e históricos de evolução da paciente. 1.3 Objetivos Especícos Objetivos Principais: • Com a colaboração do Dr. Roberto Noya, chegar à um sistema com interface acessível à comunidade médica; • Geração de relatórios completos e de fácil interpretação; • Utilização do padrão DICOM SR; • Armazenar os dados em um sistema inteligente, de fácil acesso e, acima de tudo, conável, reduzindo muito a ocorrência de erros. Objetivos Secundários • Integração do sistema com o aparelho de ultrassom; • Integração do sistema com o software de captura de imagens do HU. 8 Capítulo 2 Denições 2.1 DICOM e DICOM Structured Report DICOM (Digital Imaging Communications in Medicine) é um padrão que foi criado com a nalidade de se padronizar as imagens diagnosticas como Tomograas, Ressonâncias Magnéticas, Radiograas, Ultrassonograas, e outras. O padrão DICOM é composto por uma série de regras que permitem que imagens médicas e informações associadas sejam trocadas entre equipamentos de imagem, computadores e hospitais. O padrão estabelece uma linguagem comum entre os equipamentos de marcas diferentes, que geralmente não são compatíveis, e entre equipamentos de imagem e computadores, estejam esses em hospitais, clínicas ou laboratórios. Já o padrão DICOM SR dene como devem ser constituídos objetos de informação que codicam dados a respeito de exames, diagnóstico e tratamento, além de informações de contexto, como procedimentos que devem ser executados para o sucesso de um tratamento, e dados sobre prossionais de saúde envolvidos. Um objeto no padrão pode conter referências embutidas a imagens, eletrocardiogramas, e arquivos de áudio, bem como a outros documentos no mesmo padrão, e não contém especicações de como o laudo representado deve ser apresentado, ou impresso. Além disso, objetos no padrão utilizam terminologia controlada, como forma de evitar as ambigüidades das linguagens naturais, facilitar o entendimento automatizado do conteúdo, a busca por informações especícas e a internacionalização do conteúdo. O termo relatório estruturado (structured report) tem signicado diferente para pessoas diferentes. Um radiologista, pensando em termos de re- latórios convencionais, pode imaginar um documento que consiste de uma hierarquia de títulos que contêm blocos de texto, talvez com alguns códigos ou senhas ao m, para resumir os achados. O autor de um software, para 9 fazer medidas obstetrícias por ultra-som, pode visualizar uma hierarquia aninhada de medidas numéricas relacionadas (como tamanho do fêmur do feto, cada um identicado com códigos individuais, e posteriormente agregados para prover medidas mais gerais, como médias ou estimativas de idade fetal). Da perspectiva de DICOM Structured Reporting (SR), o que unicam estas diferentes visões são: • a presença de listas e relacionamentos hierárquicos; • uso de conteúdo numérico ou codicado em adição a um texto simples; • uso de relacionamentos entre conceitos; • a presença de referências embutidas para imagens e objetos semelhantes. No entanto, um relatório estruturado (ou de forma geral, um documento estruturado) é denido, mais pela maneira como ele é construído, do que pelo que ele contém. A palavra relatório (report) é realmente imprópria, já que DICOM SR pode transmitir (conter) qualquer tipo de conteúdo estruturado, não apenas relatórios. Documentos SR podem ser usados onde houver: • necessidade de listas ou conteúdo estruturado hierarquicamente; • necessidade de conceitos codicados ou valores numéricos; • necessidade de referências a imagens, waveforms ou outros objetos compostos. Eles não precisam ser documentos complexos, nem serem sempre de fácil compreensão por um ser humano. O padrão DICOM SR estabelece como devem ser formados objetos compostos de informação que codicam dados a respeito de exames, diagnósticos e, tratamentos, além de informações de contexto, tais como procedimentos que devem ser executados para o sucesso de um tratamento, e dados sobre prossionais de saúde envolvidos. Um objeto no padrão pode conter referências embutidas a imagens, eletrocardiogramas, e arquivos de áudio, bem como a outros documentos no mesmo padrão. Desta forma, um único objeto DICOM pode conter todas as informações referentes a um determinado tratamento. Cada objeto codica apenas informações semânticas, e não contém informações sobre como o documento representado pelo objeto deve ser apresentado, ou impresso. Portanto, cada implementação de prontuário eletrônico 10 pode ter um formato para apresentação que lhe for mais adequado. Além disso, objetos no padrão fazem uso de terminologia controlada, o que evita as ambigüidades da linguagem natural, facilita o entendimento automatizado do conteúdo, a busca por informações especícas, e a internacionalização do conteúdo. No modelo de dados do DICOM, um paciente tem um ou mais estudos, um estudo corresponde a uma visita do paciente a uma instituição de saúde. Cada estudo contém uma ou mais séries. Séries são seqüências de imagens ou de cortes de imagens. No caso de séries de documentos SR, isso não tem muita semântica. Uma série contém as imagens laudos DICOM, curvas e outros objetos DICOM. O padrão DICOM SR dene três diferentes classes SOP (do inglês Service Object Pair - par serviço-objeto) de laudos. Estas classes SOP são, em ordem crescente de complexidade e abrangência: Basic Text SR (Laudo Estruturado de texto), Enhanced SR (Laudo Estruturado aperfeiçoado), Comprehensive SR (Laudo Estruturado Abrangente). As diferenças entre estas classes são restrições impostas à estrutura do documento. Em cada denição de classe SOP um IOD (do inglês Information Object Denition - Denição de Objeto de Informação) é combinado com um serviço de armazenamento. Um IOD é um modelo abstrato de dados orientado a objeto usado para especicar informações de objetos do mundo real [DELLANI2001]. O IOD Basic Text Structured Report é para relatórios com uso mínimo de códigos, tipicamente usados no título do documento e subtítulos e uma árvore hierárquica de subtítulos sob a qual podem aparecer textos e subtítulos. Referências a instâncias SOP (como imagens, formas de onda e outros documentos SR) são restritas às folhas (nodos que não possuem lhos) da hierarquia. Esta estrutura simplica a codicação de documentos de texto como documentos SR, bem como sua renderização e apresentação. O IOD Enhanced Structured Report é um superconjunto do Basic Text IOD. Também foi projetado para representar relatórios com uso mínimo de códigos e em adição ao Basic Text IOD, permite o uso de medidas numéricas com códigos para os nomes de medidas e unidades. Além disso, permite que referências a imagens ou formas de onda sejam acompanhadas de itens que identicam regiões de interesse espaciais e temporais. O IOD Comprehensive é um superconjunto das classes Basic Text SR e Enhanced SR e especica uma classe de documentos cujo conteúdo pode incluir uma variedade de tipos de informação incluindo texto, medidas numéricas, referências a outras instâncias DICOM e regiões de interesse selecionadas destas instâncias. Um documento desta classe também permite relaciona- mentos ditos "por referência"entre os itens. As informações em um Structured Report (SR) são agrupadas em 9 mó- 11 dulos cujos itens de informação se relacionam. Existe um módulo para informações sobre o paciente, como data de nascimento e peso, um módulo para informações gerais a respeito do documento, como por exemplo, nomes de pessoas responsáveis por vericar o documento e sinalizadores que indicam se o documento foi vericado, se está completo. Existe também um módulo, chamado conteúdo do documento (document content), onde são registradas as informações sobre histórico do paciente, sintomas, diagnóstico, tratamento entre outras. A Figura 2.1 mostra o modelo de um objeto DICOM-SR e a especica os Módulos do IOD Basic Text SR conforme a especicação do padrão DICOM A.35.3-1. Nela, encontram-se módulos do IOD (Information Object Denition) que possuem as informações e denições do objeto de SR, que dene um módulo separado da árvore de conteúdo que contém esta informação (o SR Document General Module). Também pode-se observar que os SR são instâncias compostas DICOM assim como imagens e waveforms. Como tal, eles contêm atributos para identicar e descrever as entidades no modelo de informação composto. Isto inclui informações sobre o paciente, estudo, componentes do estudo, série e instância. Já que documentos SR são instâncias de classes SOP compostas, a eles são atribuídos identicadores únicos (Unique Identiers - UIDs). Figura 2.1: Objetos compostos representam entidades múltiplas. Instâncias compostas DICOM são normalmente persistentes, além do escopo de sua transmissão, elas são documentos ao invés de mensagens. Em um paradigma orientado a mensagens, elas podem ser transientes e serem descartadas após o uso. A informação de conteúdo e gerenciamento codicada em um relatório estruturado não pode ser alterada sem a criação de uma nova instância. Correções ou revisões precisam ser novas instâncias. A informação contida no módulo conteúdo do documento é dividida em "itens de conteúdo". Um "item de conteúdo"consiste de um par nome-valor, em que o nome é um código selecionado de um dicionário de termos, e o valor é de um tipo dentre os quatorze tipos de valor denidos pelo padrão. Um dicionário de termos associa um nome de conceito humanamente 12 signicativo a um código. Dicionários amplamente utilizados são SNOMED para termos médicos, LOINC para observações clínicas e laboratoriais, e UCUM para unidades de medida. Entre os tipos de valor denidos pelo padrão para "itens de conteúdo"estão os tipos text (para texto), num (para números, porcentagem e outros), image (para imagens), date (para datas), e waveform (para formatos de onda, como eletrocardiogramas). Todos os "itens de conteúdo"são organizados em uma hierarquia de informações, de modo que a informação nos níveis mais altos da hierarquia contém ou deriva de informações nos itens mais abaixo na hierarquia. Cada "item de conteúdo"(exceto o item raiz) contém um relacionamento, de um dos tipos denidos pelo padrão, com seu item pai de forma a evitar que o signicado de um ramo da árvore seja ambíguo. O padrão DICOM SR especica oito diferentes tipos de relacionamentos. Dentre eles estão contains (a informação do nodo pai está contida no nodo lho), has-properties (tem propriedades, a informação do nodo lho é uma propriedade da informação do nodo pai ), has obs. Context (a informação no nodo lho é uma observação sobre a informação do nodo pai). A Figura 2.2 mostra hierarquias exemplo. Para cada classe SOP de Structured Report existem regras que determinam quais tipos de valor os itens podem assumir e quais tipos de relacionamento podem existir entre os diferentes tipos de itens. Em alguns casos, é desejável referenciar um "item de conteúdo"que já compõe outra parte da hierarquia, sem repeti-lo. Além do relacionamento com seu item pai, um item de conteúdo pode ter outro relacionamento dito "por referência"com outro item de conteúdo pertencente à hierarquia. Este tipo de relacionamento pode formar a hierarquia no formato de um grafo acíclico dirigido. Somente documentos da classe Comprehensive SR podem conter relacionamentos por referência. A Figura 2.3 mostra uma hierarquia exemplo da classe Comprehensive SR. É importante poder especicar em um laudo, o contexto em que ele foi produzido. O contexto inclui quem ou o que produziu o conteúdo do documento, sobre quem ou a que um item se refere, e o procedimento ao qual aquela informação se refere. O contexto de observação é especíco para relatórios estruturados e distintos de um contexto de aquisição (acquisition context), o qual se aplica a imagens e waveforms. O contexto de aquisição pode ser incluído em um documento SR para codicar a informação presente num objeto DICOM tradicional adquirido, como uma imagem ou um waveform. 13 Tabela 2.1: Módulos da Classe Basic Text SRLN - A.35.3-1 Módulos da Classe Basic Text SR - IE Module Usage Meaning Módulos Patient ID Tipo Obrigatório Conteúdo Atributos que identicam e descrevem o paciente que é o sujeito do estudo diagnóstico. Specimen Identication General Study Obrigatório se é Atributos que identicam uma amostra. uma amostra Obrigatório Informações que identicam e descrevem o estudo em que o documento sr está inserido, como por exemplo, identicador único do estudo, descrição do estudo, data e hora da realização. Patient Study Obrigatório Informações sobre o paciente na data em que o estudo foi realizado, como, por exemplo, peso, e ocupação. SR Document Series Obrigatório Atributos da série em que o documento está inserido, como por exemplo identicador e modalidade da série (SR). General Equipment Obrigatório Informações que identicam e descrevem o equipamento que produziu a série de imagens, como por exemplo, fabricante e nome da instituição a que pertence o equipamento. SR Document General Obrigatório Informações que identicam o documento e fornecem o contexto em que o documento foi produzido, como por exemplo, nomes de pessoas responsáveis por vericar o documento e sinalizadores que indicam se o documento foi vericado, e se está completo. SR Document Content Obrigatório As informações neste módulo estão organizadas em uma hierarquia e formam o conteúdo do laudo. SOP Common Obrigatório 14 Atributos que são necessários para o funcionamento e identicação da instância SOP associada. Não especicam nenhuma semântica sobre o objeto do mundo real representado pelo IOD, exemplo: Data em que a instância SOP foi criada. Figura 2.2: Relacionamentos por referência. Para fazer este tipo de observação em um documento DICOM SR, adicionase um item contendo a observação ao item topo da hierarquia ou do ramo da hierarquia à qual a observação se refere. Desta forma, a informação no item de observação de contexto é válida para todos os itens desta hierarquia. O relacionamento entre o item topo e o item de observação deve ser do tipo has observation context. Diz-se que esta informação é herdada de itens descendentes deste um item, onde é adicionada a observação. Pode ser necessário em um documento SR identicar o prossional que gerou o conteúdo ou parte do conteúdo de um laudo. Para este propósito, é feita uma observação do tipo observer context. Para especicar que determinado prossional gerou um braço da hierarquia, ao item topo desta hierarquia é adicionado um item lho cujo nome é observador e cujo valor seja o nome do prossional observador, com relacionamento do tipo has observer context. Um observador pode ser, um prossional que fez uma observação, um dispositivo ou software que adicionou algum item de informação a um laudo, ou uma informação adicionada ao laudo por uma instituição de saúde. O contexto de sujeito identica e descreve sobre quem ou o que uma observação é feita. O sujeito da informação em um laudo é freqüentemente o paciente a que o laudo se refere. Mas parte de um documento SR pode ser, por exemplo, informações sobre alguma amostra retirada do paciente, ou um ou mais fetos encontrados em um exame. 15 Figura 2.3: Hierarquia exemplo da classe Comprehensive SR. O contexto de procedimento (procedure context) identica e descreve o que foi feito Mais precisamente, fornece um meio de se especicar: • procedimento de aquisição de dados deste documento; • procedimento de interpretação. O caso mais comum é um único relatório sobre um único procedimento de diagnóstico. Neste caso, o contexto de procedimento está associado às imagens, waveforms e a outros objetos compostos que são parte do mesmo estudo como identicado no General Study Module. Se um relatório contém observações sobre mais do que um procedimento identicável ou resume informação sobre múltiplos procedimentos, então é necessário que ele dena sobre qual procedimento é uma observação. Uma distinção é feita entre procedimento de aquisição de dados e procedimento de interpretação. Isto nem sempre é sinônimo. Em situações simples, os identicadores serão os mesmos. Isto ocorrerá quando o objeto SR object conter informações (tais como medidas) derivadas de imagens como parte do procedimento de aquisição ou quando o relatório é, na verdade, uma interpretação do procedimento corrente. Na discussão de conteúdo e relacionamentos em seções anteriores, nenhuma referência de qualquer ordem particular foi feita sobre a ordem passagem pela árvore, nem de conceito de herança. Para a maioria do conteúdo, tais noções não são necessárias para denir o signicado, além da denição 16 avançada (top- down) de relacionamentos como contains, has properties e inferred from, as quais claramente estabelecem a fonte e o alvo do relacionamento. Mesmo no caso de cabeçalhos (headings), que são nomes de conceito dos itens de conteúdo de container, a noção containment é suciente para estabelecer uma hierarquia de cabeçalhos, subcabeçalhos contidos (internos), e assim por diante. A exceção é o contexto de observação. Seria repetitivo ter que inserir cada item de conteúdo na árvore com seu próprio contexto de observação completo. Seria provavelmente inseguro deixar a propagação do contexto de observação indenida ou implícita, desde que diferentes suposições de diferentes implementadores pudessem levar à ambigüidade. Portanto, são denidas regras para propagação explícita do contexto de observação, o qual: • é herdado recursivamente por um nó, a partir de seu ancestral imediato; • é propagado apenas por relacionamentos by-value, e não por relacionamentos by-reference. No momento, o padrão declara que nunca se pode substituir um atributo de contexto de observação mais abaixo na árvore. Por exemplo, uma vez que o observador tenha sido estabelecido, nenhum dos descendentes do item de conteúdo (não importa a quão distante ele esteja) podem redenir aquele atributo de contexto de observação novamente. No entanto, esta regra tem causado diculdade e ninguém tem uma boa razão do motivo pelo qual ela foi introduzida. Por isso, é provável que esta restrição será removida e a substituição de atributos de contexto será permitida. Já que relatórios estruturados DICOM são sempre objetos compostos (composite objects), já existe uma considerável quantia de contexto de observação presente no nível superior do conjunto de dados. Em particular, os módulos Patient, Specimen Identication, General Study, Patient Study e General Equipment já contêm informação suciente para identicar o assunto e o procedimento. Em muitos casos, há informação para identicar o observador, particularmente quando o observador é um dispositivo e não uma pessoa. Esta informação que vem do lado de fora da árvore de conteúdo (content tree) e referida como contexto inicial ou default. Ele não precisa ser repetido na árvore. O padrão declara que o contexto inicial de observação do lado de fora da árvore pode ser explicitamente substituído, ao invés de herdado, se for ambíguo. Até este ponto, a hipótese tem sido que o contexto de observações é direto. Ou seja, o criador do documento SR (o observador) cria itens de 17 conteúdo novos que descrevem o assunto diretamente. Isto não é sempre assim. Algumas vezes, o criador do documento precisa citar um outro documento, tal como um relatório anterior, ou algo que foi contado a ele, tal como uma história falada pelo paciente. Além disso, um conteúdo citado quoted content pode também citar um outro material e assim por diante, recursivamente. Não há uma forma de fazer as citações denidas no padrão. Isto é deixado aos templates e contexto de observação. Os seguintes requisitos são comuns para documentos , citados e descrições faladas: • o ponto na árvore no qual a citação começa, deve ser distinto; • a pessoa ou dispositivo que faz a citação deve ser identicado; • a pessoa ou dispositivo que são citados devem ser identicados. Em DICOM uma lista de códigos da qual um código pode ser escolhido é chamada context group ou grupo de contexto. Existem quatro possibilidades: • não existem restrições, isto é, nenhum grupo de contexto é denido; • uma lista de códigos é sugerida, mas códigos alternativos também podem ser usados. baseline context group. • uma lista de códigos é especicada, mas a lista pode ser estendida com outros códigos, contanto que os novos códigos não tenham uma intercessão de signicado com os códigos que já estavam na lista. dened context group; • Uma lista especíca de códigos deve ser usada e nenhum outro código deve ser usado, enumerated context group. Os grupos de contexto não são denidos nos esquemas de codicação onde os códigos estão. Os grupos de contexto são denidos em um Mapping resource recurso de mapeamento que mapeia listas de códigos de onde são usados, no contexto para os esquemas de codicação em que estão denidos. Laudos para domínio especíco, como por exemplo, laudos de exame oftalmológico em determinada clínica, podem ter um formato comum. O padrão DICOM SR permite que sejam usados modelos de laudos para aplicações especícas. Um SR template (modelo de SR) é um modelo de laudo padrão que sugere ou restringe a hierarquia de itens de conteúdo ou 18 Figura 2.4: Exemplos de Relacionamentos em DICOM-SR. parte desta hierarquia e que pode conter especicações de nomes (do par nome-valor), relacionamentos, tipos de valor e conjuntos de valores possíveis para um nome (do par nome-valor) [BELIAN2002]. No exemplo da Figura 2.5, a estrutura de um Estrutura DICOM Strutured Report. 2.2 O Prontuário Eletrônico A história dos registros de informações concernentes às pessoas doentes remonta à Idade Antiga, pois, como ocorreu em outros campos de saberes, também foram encontrados registros gravados em murais. Posteriormente, atribuem-se ao médico egípcio Imhotep os registros feitos em papiro. A literatura mostra, entretanto, que somente com a institucionalização da Medicina cientica por Hipócrates de Cós, no século V a.C., é que foi mostrada a necessidade real de se fazer os registros escritos sobre os pacientes a m de reetir, de maneira exata, o curso da doença e indicar as suas possíveis causas. Outro nome precursor desses registros foi Florence Nightingale que, durante suas atividades cuidando dos feridos dos campos de concentração da Guerra da Criméia (1853-1856), defendia com veemência a importância desses registros como fundamental para a continuidade no tratamento dos pacientes, principalmente no que se refere à assistência de Enfermagem. Na tentativa de chegar à verdade, eu tenho buscado, em todos os locais, informações; mas, em raras ocasiões eu tenho obtido os registros hospitalares possíveis de serem usados para comparações [...]. Ao estudar o Prontuário do Paciente, independentemente se em suporte 19 Figura 2.5: Exemplo de Estrutura DICOM SR. tradicional ou eletrônico, constatamos que ele possui várias denominações: Prontuário do Paciente, Prontuário Médico, Registro do Paciente etc. Entretanto, independentemente de denominação o prontuário do paciente é uma memória escrita das informações clínicas, biológicas, diagnósticos e terapêuticas de uma pessoa, às vezes individual e coletiva, constantemente atualizado. Por sua vez, o Conselho Federal de Medicina (CFM), no Artigo 1o da Resolução de n o 1.638/2002, dene o Prontuário do Paciente como sendo um documento único constituído por um conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e cientíco, utilizado para possibilitar a comunicação entre membros da equipe multiprossional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo. Então, é um documento que contém registradas todas as informações concernentes a um paciente, sejam elas de caráter de identicação, socioeconômico, de saúde (as observações dos prossionais da saúde, as radiograas, as receitas, os resultados dos exames, o diagnóstico dos especialistas, as no- 20 tas de evolução redigidas pelo pessoal da enfermagem com relação ao progresso observado) ou administrativo, dentre outros. Na verdade, trata-se da memória escrita da história da pessoa doente, sendo, portanto, indispensável, para a comunicação intra e entre a equipe de saúde e o paciente, a continuidade, a segurança, a ecácia e a qualidade de seu tratamento, bem como da gestão das organizações hospitalares. Durante vários séculos, o prontuário do paciente foi apenas registrado no suporte papel, porém, atualmente este documento está sendo migrado para o suporte eletrônico e denominado como Registro Eletrônico do Paciente (REP), Computer-Based Patient Record, (CBPR), Electronic Medical Record Systems (EMRS), Registro Eletrônico de saúde (RES), ou Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). Para o Institute of Medicine, o registro computadorizado do paciente se constitui em um sistema especicamente projetado para dar apoio aos usuários, através da disponibilidade de dados completos e corretos, lembretes e alertas aos médicos, sistemas de apoio à decisão, links para bases de conhecimento médico, e outros auxílios. De acordo com o Computer - Based Patient Record Institute o PEP é um registro computadorizado de paciente cuja informação é mantida eletronicamente sobre o status e cuidados de saúde de um indivíduo durante toda a sua vida. Entendemos que o PEP é um documento eletrônico constituído pelo conjunto de informações concernentes a uma pessoa doente, aos tratamentos e cuidados a ela dispensados, bem como à gestão e uxo de informação e comunicação atinentes ao paciente das organizações de saúde. Na visão de Sabatini, com a chegada dos dispositivos eletrônicos, o Prontuário do Paciente, antes um documento passivo, difícil de ser entendido e distante do paciente, passou a ser percebido como um instrumento ativo, uma central de serviços de informação, um promotor de saúde e de prevenção de problemas, e um educador de pacientes e divulgador de informações conáveis sobre medicina e saúde. Corroborando, Grémy (1987), diz que o PEP é o núcleo do sistema de informação hospitalar funcionando, principalmente, como o documento de acompanhamento do paciente, mas também como ferramenta de síntese e de auto-ensinamento, de documento médico-legal, de comunicação, pesquisa clínica e outros campos, gestão das organizações de saúde, estudos epidemiológicos, evolução da qualidade de cuidados e ensinamento. Em outras palavras, o prontuário do paciente, que antes tinha função de documentar as informações da saúde e da doença do paciente, hoje, se tornou complexo, passando a ter um papel de fundamental importância na sociedade contemporânea, tendo as seguintes funções: fornece subsídio de manutenção da saúde do paciente; favorece o compartilhamento de informações entre diferentes prossionais; é o documento de base legal para as ações médicas e dos pacientes; é uma fonte de pesquisa clínica, de estudos epi- 21 demiológicos, de avaliação da qualidade do cuidado e de vigilância a reações adversas de drogas; é uma fonte de educação e reciclagem médica continuada; é uma fonte de informação para identicar grupos de pacientes especícos, tratamentos e cuidados praticados nos pacientes, visando à cura de determinadas enfermidades; fornece subsídios para o faturamento e o reembolso, para a pré-autorização por pagadores, como base para a sustentação organizacional e para a gerência de custos. É claro que a migração dos prontuários em suporte tradicional para o eletrônico introduziu várias mudanças no contexto da saúde (tanto para os prossionais, como para os clientes e também para os gestores de serviços de informação das organizações de saúde), embora a sua nalidade principal continue sendo: possibilitar o uxo de informação e comunicação intra e entre a equipe de saúde e o paciente; favorecer a continuidade da assistência; oferecer segurança ao paciente e a equipe de saúde; constituir documento de base para a pesquisa; servir de apoio ao ensino dos prossionais de saúde, sendo, também, de grande valia para o gerenciamento de informações sobre saúde. Ainda constitui ferramenta de fundamental importância para os pesquisadores tanto da área de saúde como para outros estudiosos, e tem grande valia para os gestores das organizações hospitalares e para o estado, enquanto responsável pela gestão nacional da saúde. Assim como o prontuário em suporte tradicional, o PEP apresenta algumas vantagens e inconvenientes, apresentados na tabela 2.2 a seguir. Embora a polêmica sobre as vantagens e inconvenientes do Prontuário do Paciente em suporte papel e do PEP continuem, observa-se empiricamente que a tendência das organizações de saúde está sendo no investimento em telesaúde como alternativa para facilitar a qualidade, o tratamento, a gestão e o uxo informacional, e conseqüentemente, o acesso à saúde e neste contexto esta inserido o PEP. Os paises independentes, se ricos ou pobres, também estão investindo nesta novidade, uma vez que já está comprovada a ecácia das TIC, pelos que a adotaram, como ocorre com Austrália, Finlândia, Canadá e França. No Brasil, já existem experiências piloto em São Paulo-SP, Ribeirão Preto-SP, Belo Horizonte, Sobral-CE, Fortaleza-CE. Além do mais, esta cultura do emprego da tele-saúde é uma das exigências da OMS para o século XXI, como forma de contribuir para o esclarecimento das populações sobre as doenças mediante acesso a informações concernentes à prevenção e acesso ao tratamento. 2.2.1 Estrutura do PEP De uma maneira geral, podemos dizer que, como qualquer documento, o PEP, também é constituído pela estrutura física e lógica. A primeira pode 22 Tabela 2.2: Vantagens e inconvenientes do PEP x Prontuário em Papel Prontuários Prontuário em Papel Vantagens Inconvenientes -Maior liberdade na maneira de -Ilegibilidade em decorrência dos escrever; hieróglifos da equipe de saúde; -facilidade no manuseio, -espaço único, territorialização; -não requer treinamento para o seu -ambigüidade, manuseio; e -perda freqüente de informações; -nunca ca fora do ar. -multiplicidade de pastas; -diculdade de acesso e de pesquisa coletiva; -falta de padronização; e -fragilidade do papel. Prontuário Eletrônico -Redução no tempo de atendimento -Manutenção dos prontuários em papel e custos, eliminação da redundância para ns jurídicos, em virtude da indenição na demanda de exames; legal dos documentos eletrônicos; -desterritorialização; -necessidade de grande investimento em -possibilidades de reconstrução hardware, software e treinamento; histórica e completa dos casos -resistência a mudanças; acerca dos pacientes, registros -demora na sua implantação, médicos, tratamentos, laudos...; -Falhas na tecnologia, -contribuição para a pesquisa; -falhas no sistema de fornecimento -m do problema de compreensão de energia elétrica. dos hieróglifos da equipe de saúde; -facilidade na organização e no acesso às informações; -racionalidade do espaço de arquivamento de grandes quantidades de documentos; e -comunicação entre o paciente e a equipe de saúde. 23 ser entendida como sendo a categoria de tópicos concernentes ao paciente, convênio e internação, e aqueles atinentes à gestão de saída das organizações de saúde. 1. Dados relativos ao paciente, convênio e internação: cha clínica, dados referentes aos exames clínicos iniciais e complementares solicitados e seus respectivos resultados, diagnóstico(s) denitivo(s), tratamento(s) efetuado(s), evolução diária do paciente, dados referentes à nutrição, ao Serviço Social, à assistência psicológica, prescrição sobre as doses de medicamentos a serem utilizadas, avaliação pré-operatória, recuperação pós-operatória, relatório cirúrgico, controle de antimicrobiano, boletim anestésico, sistema de controle clássico e resumo de alta da sala de recuperação. 2. Dados respeitantes à gestão da saída do paciente: prestação de contas referente à hospitalização, relatório de alta, receituário contendo orientações e prescrições a serem seguidas pelo paciente, consumo do centro cirúrgico e noticação de óbito. Já a estrutura lógica traz a descrição das informações propriamente sobre o paciente mesmo, ou seja, trata-se de quem, o quê, como, para quê, e diz respeito aos aspectos relativos aos dados: identicação, socioeconômicos e administrativos, nome completo, identidade, CPF, escolaridade, credo, endereço, residência e trabalho, idade, cor, liação, naturalidade, nacionalidade, estado civil, nome do cônjuge, número de lhos, termo de responsabilidade, relatório do serviço social, prossão, local de trabalho, situação previdenciária; saúde - anamnese (queixa principal, história da doença atual, antecedentes pessoais e familiares, história mórbida pregressa, vícios, alimentação), exame físico e hipóteses diagnósticas; relatórios e evoluções de enfermagem (grácos de temperatura, pulso e respiração - TPR, pressão arterial-PA e balanço hídrico), relatório do Serviço Social, psicológico, e da nutrição; prescrição-Dieta zero, plamete 01 ampola + 18 ml de ABD EV 12/12 h., aplicar 1 ampola da solução de RNA's, via IM e profundamente. 2.2.2 Aspectos Legais do PEP Embora o PEP seja um documento cuja característica básica é a sua construção e uso coletivo pela equipe de saúde, ao mesmo tempo, necessita de uma legislação especica para seu acesso, uma vez que porta informações de caráter individual ou condencial, como mostra a literatura sobre este tipo de documentação. 24 No contexto mundial, desde 1990, as Nações Unidas, por intermédio do seu Alto Comissariado, exige respeito aos princípios de condencialidade, não-discriminação em relação aos dados pessoais, segurança dos arquivos, de declarações, de legitimidade das informações (noções dos benefícios ou de serviços). Por exemplo, questões éticas não devem constar nos prontuários, salvo se realmente necessárias. Por outro lado, a Organização de Cooper- ação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomenda aos seus Estados Membros que limitem a coleta dos dados apenas aos que forem considerados úteis e sem constrangimentos aos indivíduos. No contexto europeu, desde 24/11/1995, foram estabelecidas ações para harmonizar as normas. ◦ Na França, a Lei de n 78-17 de 06 de janeiro de 1978- relativa à informática, aos arquivos e liberdades, diz respeito apenas às questões de saúde. A Lei no 94-548 de 01 de julho 1994 é mais especica em relação aos dados nomina◦ tivos concernentes a pesquisa medical, complementa a Lei de 1978. A Lei n 99-461 de 27/07/1999 denominada Couverture Maladie Universelle (CMU), também trata dos PEP's. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) está empenhado no contexto legal e ético do prontuário do paciente, tendo já aprovado a Resolução CFM no. 1.331/89, que trata da temporalidade do PEP, e as portarias o o de n . 1.638/2002 e n . 1.639/2002 que normalizam o uso de sistemas informatizados, a guarda e o manuseio de prontuários. Portanto, todos os aspectos legais do PEP vêm ao encontro da autenticidade, integridade, condencialidade/privacidade, auditagem, assinatura eletrônica e guarda de documentos. 2.2.3 Redação do PEP A literatura mostra que, inicialmente, o registro do paciente era feito em um documento único, adotando-se ordem cronológica de registro. Isto dicultava o acesso às informações especicas de cada paciente, quando de seu retorno às organizações de saúde. Posteriormente, os prontuários foram individualizados e cada paciente passou a ter o seu. Outra característica da redação destes documentos é que, de início, era feita unicamente pelo médico, mas, atualmente com o avanço das áreas paramedicais e a exigência interdisciplinar dos vários campos de saberes, o prontuário é redigido de forma coletiva, por vários autores-médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos bioquímicos, biólogos, odontólogos, terapeutas ocupacionais, sioterapeutas, técnicos em radiologia, fonoaudiólogos etc. Este documento pode, ainda, ser atualizado, por outros componentes que, inicialmente, não faziam parte da equipe, uma vez que ela é rotativa, como qualquer outra. Embora sua redação seja coletiva, porém, este docu- 25 mento é único para cada paciente, que deverá possuir um número de registro também único, não necessitando de que, ao retornar à organização de saúde receba outro número de registro. Além destes autores, consideramos que o paciente, e os componentes familiares também são autores, uma vez que nas entrevistas e anamneses se expressam, oralmente, sobre o motivo pelo qual procuraram o prossional de saúde, suas condições socioeconômicas, dentre outros. Participa igualmente em outros momentos, quando de seu retorno para check-ups, tendo outras histórias para contar a equipe de saúde, porquanto é sujeito ativo e, certamente, que sua vida é marcada pela dinâmica dos tempos modernos. Além destes autores, os responsáveis pelo setor das nanças também redigem o PEP, uma vez que cabe a eles anotar, no prontuário as informações vinculadas às faturas pagas pelos pacientes, ou ainda as informações pertinentes aos seus planos de saúde. Assim, com a multiplicidade de atores medicais e paramedicais implicados nos processos de cuidados do paciente, mostrando a vontade que estes e o seu entorno sentem de serem mais bem informados sobre seu estado de saúde, exigiram dos legisladores a promoção de melhor exploração das informações do prontuário e a introdução de conteúdos em sua estrutura possibilitando a sua informatização. 26 Capítulo 3 Levantamento do Estado da Arte O número de denúncias contra médicos no estado de São Paulo cresceu 130% em dez anos e a média diária de queixas só fez aumentar no ano passado. Segundo pesquisa realizada por Krikor Boyaciyan, diretor do Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremesp), em sua tese de doutorado defendida na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o aumento ocorreu entre 1994 e 2004, passando de 4 para mais de 9 denúncias diárias; em 2005, a média de queixas cresceu ainda mais: 12 por dia. Com base em tais dados, em seu trabalho Boyaciyan mostra que pouco mais de 16% das quase 24 mil denúncias registradas culminou em processo legal e, dessas, 12% eram ligadas às áreas de ginecologia e obstetrícia. Entre as causas para esse crescimento, o pesquisador enumera algumas questões conjunturais da prática e da formação médica, assim como um maior acesso à informação por parte dos pacientes, o que os têm tornados mais questionadores e conscientes de seus direitos. A pesquisa de Boyaciyan centrou-se nas denúncias contra 781 prossionais, em sua maioria homens de 31 a 45 anos, com até 20 anos de carreira, formados em escolas privadas e que não passaram por residência médica nem obtiveram título de especialista. Um dos fatores atribuídos à conduta questionada pelos pacientes é a quantidade elevada de horas trabalhadas por médicos em início de carreira, aliada às condições hospitalares nem sempre adequadas. "O médico jovem se sujeita a muitas horas de plantão, em diferentes lugares, o que leva a um estresse contínuo e maior chance de negligência e erro", argumenta. Outra evidência apurada no estudo é a falta de rigor dos médicos no preenchimento dos prontuários dos pacientes. Apenas 6% desses documentos estavam preenchidos corretamente: "esses prossionais se esquecem que o prontuário do paciente é a maior defesa do médico, a prova documental de seus procedimentos". Boyaciyan acrescenta que 70% das denúncias foram 27 Figura 3.1: Receita Ilegível que Ilustra a Pesquisa. relacionadas a óbito materno ou fetal durante o parto. "A gravidez gera uma expectativa positiva de vida e, quando isso não se concretiza, a família tende a culpar o médico", argumenta. Atualmente, os relatórios de ginecologia e obstetrícia estão sem um padrão denido. Dependendo do médico e/ou do aparelho que ele utiliza para realizar seus exames, um tipo diferente de relatório é produzido. Além de tudo, como mostrou a pesquisa, os médicos não preenchem corretamente o prontuário do paciente. O resultado disso é que cada vez mais os médicos vem sofrendo processos judiciais, e, na maioria dos casos, não têm um prontuário detalhado do paciente para poder argumentar em seu favor. 28 Capítulo 4 Sistema Proposto 4.1 Exames Disponíveis no Programa 1. Exames Ginecológicos • USG Mamas; • Doppler Ginecológico; • USG Pélvica; 2. Exames Obstétricos • USG Obstétrica; • Morfológico; • Ecocardiograa Fetal; • Perl Biofísico Fetal; • Cardiotocograa; • Doppler; 4.2 Funcionalidades • 29 Capítulo 5 Denição da Metodologia 5.1 Etapas do Desenvolvimento O desenvolvimento do sistema envolverá as seguintes etapas: 1. Com a ajuda do Dr Roberto Noya, denir os parâmetros do Programa; 2. Desenvolvimento da Interface Gráca; 3. Integração com Banco de Dados; 4. Adaptação ao DICOM SR; 5. Denição do Layout dos Relatórios com a participação do Dr Roberto Noya; 6. Integração do novo Layout com o sistema; 7. Testes. 5.2 Ferramentas Utilizadas • Linguagem de Programação Utilizada: C++; • Banco de Dados Utilizado: PostgreSQL; • Biblioteca C++ para geração de relatórios: wxRepWrt • Biblioteca C++ para geração da Interface Gráca: WxWidgets • Padrão de relatórios: DICOM SR 30 Capítulo 6 Desenvolvimento do Sistema 6.1 Etapas Concluídas • Com a ajuda do Dr Roberto Noya, denir os parâmetros do Programa; • Desenvolvimento da Interface Gráca; 6.2 Etapas a Concluir • Integração com Banco de Dados; • Adaptação ao DICOM SR; • Denição do Layout dos Relatórios com a participação do Dr Roberto Noya; • Integração do novo Layout com o sistema; • Testes. Cada etapa terá duração de aproximadamente 1 mês. 31 Capítulo 7 Conclusão Não só a obstetrícia e ginecologia, mas todas as áreas da medicina podem utilizar o Sistema de Prontuário Eletrônico. O sistema irá beneciar os pacientes, que serão melhor atendidos e terão seu histórico médico corretamente armazenado para futuras consultas, e os médicos, que sempre terão em suas mãos provas de que efetuaram um bom atendimento, realizaram os exames corretos e não foram negligentes. O uso de um padrão aceito internacionalmente como o DICOM SR, além da colaboração direta de um prossional da área médica facilitam a aceitação do sistema e sua integração com outros softwares e aparelhos de ultrassom. 32 Apêndice A Anexos A.1 Exames Disponíveis no Programa A.1.1 Cadastro do Paciente Número do Exame Número do Cadastro Nome Sexo Raça Nascimento Prossão Endereço Cidade Estado CEP E-Mail Telefone Celular e Residencial A.1.2 Cadastro de Médico Solicitante Nome CRM Endereço Consultório Telefone Consultório Telefone Celular 33 A.1.3 Cardiotocograa Freqüência Linha de Base Aceleração Aceleração ao Estímulo Número de Aceleração Tipo de Aceleração Número de Contrações Duração do Exame Classicação do Traçado Nota do Perl Biofísico Conclusão A.1.4 Qualidade do Exame Bom Limitado Por: • Adiposidade • Gás Intestinal • Estática Fetal • Diminuição do Líquido Amniótico Ruim A.1.5 Doppler Uterinas (Direita e Esquerda) • S/D • RI • PI • Incisura • RI Médio • Rastreamento 34 Umbilical • S/D • RI • PI • Diástole Zero • Diástole Reversa Cerebral • S/D • RI • PI • Velocidade Sistólica Sistema Venoso • Ducto Venoso • S/A • Onda Positivo Negativo Fluxo Reverso Outros Conclusão A.1.6 USG Pélvica Biometria • Utero Longitudinal Ântero Posterior 35 • Comprimento do Colo do Útero Eco Endometrial Longitudinal Ântero Posterior Transverso Volume Ovário Esquerdo • Volume Ovário Direito • Transversa Longitudinal Ântero Posterior Transverso Volume Anexos - Esquerdo e Direito Avaliação Descritiva • Bexiga • Vazia Alterada Vagina • Normal Normal Não Vista Alterada Útero Posição ∗ ∗ Anteversão Anteversoexão 36 ∗ ∗ ∗ ∗ Não Visualizado Ausente Arqueado Bicorno Septado Sub-Septado Didelfo Outros Centrado Desviado Para Esquerda Desviado Para Direita Contorno Uterino ∗ ∗ Retroversoexão Eixo Uterino ∗ ∗ ∗ Retroversão Anomalias Uterinas ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ Medioversão Regular Irregular Miométrio ∗ ∗ Homogêneo Heterogêneo - Miomas · · · Tamanho Local Local Submucoso Intramural Subseroso Pediculado · Posição Anterior Posterior Fúndico Corporal Ístmico 37 Cervical Direito Esquerdo Outros · Estrutura Homogêneo Heterogêneo Misto Calcicações Colo do Útero ∗ ∗ ∗ Normal Alterado Não Visualizado Eco Endometrial ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ Proliferativo Normal Secretor Normal Fino Retilíneo DIU Normoposicionado DIU Deslocado Alterado Ovários e Anexos • Ovário Direito Normal Alterado Aspecto Cístico Aspecto Sólido Aspecto Misto • Não Visualizado Aspecto Policístico Ovário Esquerdo Normal 38 Alterado Aspecto Cístico Aspecto Sólido Aspecto Misto • Normal Alterado Anexo Esquerdo • Aspecto Policístico Anexo Direito • Não Visualizado Normal Alterado Fundo de Saco Normal Alterado Líquido Livre Sugestivo de: Alteração Fisiológica Ruptura Recente de Cisto Hemoperitônio Infecção Pélvica Outros Conclusão A.1.7 USG Mamas Mama Direita • Pele e Tecido Celular Subcutâneo • Parênquima • Região Retroareolar • Axila Mama Esquerda 39 • Pele e Tecido Celular Subcutâneo • Parênquima • Região Retroareolar • Axila Conclusão A.1.8 USG Obstetrícia • Primeiro Trimestre Biometria e Idade Gestacional ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ DBP CC CA Fêmur Úmero Saco Gestacional CCN TN Avaliação Biofísica ∗ ∗ ∗ ∗ Movimentos Fetais BCF Líquido Amniótico Saco Gestacional Normal Irregular Regular ∗ Vesícula Vitelínica Normal Aumentada Reduzida Ausente Ovários e Anexos ∗ Ovário Esquerdo Longitudinal Ântero Posterior 40 Transverso Aspecto Normal Alterado ∗ Ovário Direito Longitudinal Ântero Posterior Transverso Aspecto Normal Alterado ∗ Anexo Esquerdo Normal Alterado ∗ Anexo Direito Normal Alterado Anatomia Fetal e Marcadores Biofísicos ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ • Crânio Ventrículo Lateral Órbitas Coluna Estômago Coração 4 Câmaras Parede Abdominal Membros Osso Nasal Regurgitação Tricúspide Ducto Venoso Conclusão Segundo e Terceiro Trimestre Biometria e Idade Gestacional ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ DBP CC CA Fêmur Úmero Índice Cefálico CC/CA 41 ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ Fêmur/CC Peso Comprimento Fetal Idade Gestacional Pela Data da Última Menstruação Idade Gestacional Pela USG Avaliação Biofísica e Líquido Amniótico ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ Movimentos Respiratórios Movimento Fetal Tônus Fetal Líquido Amniótico Subjetivo ILA QSE QSD QIE QID Total ∗ Anatomia Fetal ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ ∗ BCF Crânio Anatomia Cerebral Face Pescoço Coluna Tórax Pulmão Coração Parede Abdominal Estômago e Intestino Rins Bexiga Membros Cordão Umbilical Genitália Externa Sexo Conclusão 42 A.1.9 Morfológico Biometria e Idade Gestacional • DBP • CC • CA • Fêmur • Úmero • Diâmetro Transverso Cerebelar • Índice Cefálico • CC/CA • Fêmur/CC • Peso • Comprimento Fetal • Idade Gestacional Pela Data da Última Menstruação • Idade Gestacional Pela USG Biometria Morfológica • Ventrículo Cerebral Lateral Esquerdo • Ventrículo Cerebral Lateral Direito • Cisterna Magna • Diâmetro Ocular • Distância Binocular • Distância Interocular • Osso Nasal • Úmero Esquerdo • Úmero Direito 43 • Ulna Esquerda • Ulna Direita • Rádio Esquerdo • Rádio Direito • Quinto Dedo Mão Esquerda • Quinto Dedo Mão Direita • Clavícula Esquerda • Clavícula Direita • Fêmur Esquerdo • Fêmur Direito • Tíbia Esquerda • Tíbia Direita • Fíbula Esquerda • Fíbula Direita • Pé Esquerdo • Pé Direito • Diâmetro do Tórax • Diâmetro Cardíaco • Diâmetro Tórax/Diâmetro Cardiáco • Comprimento Rim Esquerdo • Comprimento Rim Direito • Volume Rim Esquerdo • Volume Rim Direito • Diâmetro Pélvis Renal Esquerda • Diâmetro Pélvis Renal Direita 44 • Espessura Supra Renal Esquerda • Espessura Supra Renal Direita Avaliação Morfológica Descritiva • Crânio e Cérebro • Ventrículos Laterais Plexo Coróide Cavum Septo Pelúcido Corpo Caloso Tálamo Terceiro Ventrículo Quarto Ventrículo Cerebelo Vermis Cerebelar Cisterna Magna Face e Pescoço • Formato e Integridade do Crânio Perl Lábio Superior Nariz Órbitas Cristalino Mandíbula Tamanho e Posição da Língua Pescoço Torax Costelas Diafragma Pulmão Esquerdo Pulmão Direito 45 • Posição Cardíaca Espaço Pericárdico 4 Câmaras Septo Interarterial Septo Interventricular Foramen Oval Válvula Mitral Válvula Tricúspide Vias de Saída VE Vias de Saída VD Ducto Arterioso Veia Cava Superior Veia Cava Inferior Arco Aórtico Gastrointestinal • Mediastino Coração • Espaço Pleural Estômago Baço Fígado Sistema Porta Veias Hepáticas Inserção do Cordão Umbilical Parede Abdominal Intestino Delgado Intestino Grosso Ducto Venoso Gênito Urináro 46 • Rim Direito Supra-Renal Esquerda Supra-Renal Direita Bexiga Músculo-Esquelético • Rim Esquerdo Úmero Esquerdo Úmero Direito Ulna Esquerda Ulna Direita Rádio Esquerdo Rádio Direito Clavícula Esquerda Clavícula Direita Escápula Esquerda Escápula Direita Fêmur Esquerdo Fêmur Direito Tíbia Esquerda Tíbia Direita Fíbula Esquerda Fíbula Direita Pé Esquerdo Pé Direito Coluna Longitudinal Coluna Transversal Coluna Sagital Conclusão 47 Referências Bibliográcas Desenvolvimento De Uma Metodologia De Interpretação, Recuperação E Codicação Inteligente De Laudos Médicos Independente De Idioma. 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