Pronunciamento proferido pelo Deputado Max Rosenmann – PMDB/PR em __/__/2003. Excelentíssimo senhor presidente nobres membros da mesa diretora e líderes das bancadas, ilustres colegas, senhoras e senhores Apresentamos, na semana passada, uma emenda substitutiva global à proposta de reforma tributária que pretende dar novo enfoque à discussão do tema nesta Casa. A nossa proposta foi elaborada com base no trabalho do Fórum de Debates e Entendimento sobre as Propostas de Reforma Tributária, integrado por diversas entidades representativas dos setores produtivos e segmentos organizados da sociedade, e tem como principal ambição que a reforma seja uma alavanca do crescimento e desenvolvimento econômico do País. Para isso, o substitutivo prevê a desoneração do setor produtivo em geral e das exportações em particular, através de um sistema tributário mais simples e menos burocrático, sem prejuízo para as receitas de estados e municípios. Como membro titular da comissão especial da Câmara encarregada de analisar a proposta de reforma tributária, consideramos que a Proposta de Emenda Constitucional nº 41, apresentada pelo atual governo, é tímida e não satisfaz as necessidades do País, nem as aspirações da opinião pública. O substitutivo global que apresentamos se propõe a avançar mais, a partir de sugestões colhidas em 1999 pelo Fórum de Debates e Entendimento sobre as Propostas de Reforma Tributária, integrado por entidades como o Núcleo Parlamentar de Estudos Contábeis e Tributários, o Grupo Parlamentar do setor de Combustíveis e Consumidores (Parlacom), a Associação Brasileira de Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem), o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), a Federação Brasileira das Empresas de Asseio e Conservação (Febrac), a Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), e a Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis (Fenacon). São segmentos que somados representam 60% do PIB(Produto Interno Bruto) brasileiro. O estudo elaborado pelo Fórum que serviu de base para nossa proposta considera que os maiores problemas do sistema tributário brasileiro encontram-se no campo da tributação de consumo e das contribuições sociais. Hoje, as empresas estão submetidas a um número excessivo de impostos e contribuições que incidem em cascata sobre a folha de pagamento, inibindo os investimentos e prejudicando a competitividade dos produtos brasileiros Para superar essa situação, estamos propondo uma reforma tributária que tenha como base a desoneração das exportações e da folha de pagamento das empresas, com simplificação do sistema para redução da burocracia, a manutenção das receitas dos Estados e municípios e o combate à sonegação. Atualmente, por conta da cobrança de contribuições sobre a folha de pagamento das empresas, temos mais de 40 milhões de brasileiros trabalhando sem carteira assinada, e que no final de sua carreira não terão direito a qualquer benefício social ou aposentadoria. Trata-se de uma verdadeira bomba-relógio social que se não for desmontada agora, vai explodir no colo das próximas gerações. Na divisão das receitas, prevaleceria o critério da especialização das bases tributárias, concentrando-se os tributos sobre a propriedade para os municípios e os incidentes sobre a renda e regulatórios para a União. Aos Estados caberiam os impostos sobre o consumo, exceto o ISS, para os municípios, e o imposto seletivo, para a União. Seriam extintos o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS); a Contribuição para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP); a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS); a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); a Contribuição Social do Salário-educação; e a contribuição patronal sobre a folha de salários. O ICMS permaneceria sob a competência dos Estados. Seria criado ainda o Imposto Seletivo, incidente sobre o fumo, bebidas e veículos. A CPMF seria tornada permanente (CMF), e surgiria a Contribuição sobre Valor Agregado (CVA), incidente sobre o consumo. Ambas destinadas exclusivamente ao custeio da seguridade social. A competência sobre o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD), e do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) é transferida para os municípios. As receitas tanto da União, quanto Estados e municípios, permanecem praticamente as mesmas, sem perdas significativas. O ICMS continuaria sendo cobrado pelos estados, com as alíquotas uniformes em todo o País, podendo variar em três faixas distintas. Para acabar com a guerra fiscal entre os estados, ficariam proibidas isenções ou subsídios, com exceção da cesta básica de alimentos e medicamentos, ou anistia, aprovados pelo Confaz (Conselho Nacional de Politica Fazendária). Em relação aos combustíveis, a fórmula adotada tem características de um imposto único, passando a ser cobrado uma única vez até o consumo final do produto, através do sistema de substituição tributária na fonte produtora ou na importação. Atualmente, toda a vez que o petróleo e seus derivados vai de um estado para outro fica isento de impostos. Isso tem feito com que o setor de combustíveis tenha sido alvo de inúmeras denúncias de sonegação. Com a mudança na legislação, evitaria-se esse risco, além de por fim também à concorrência desleal permitida pelo modelo atual. Ao contrário do que parecem acreditar e alardear alguns áulicos do governo, temos consciência de que a reforma tributária, assim como as demais reformas em discussão nesta Casa, não pode ser vista como uma solução milagrosa para todos os males do País, mas como uma oportunidade para que o Brasil dê um passo importante no sentido retomar o caminho do desenvolvimento econômico. Como deputado que está nesta casa desde a Constituinte de 1988, defendendo a aprovação dessas mudanças, considero que a reforma será uma prova de maturidade do Brasil. Por isso mesmo, fazemos questão de registrar que a hora da população, pessoalmente ou através das entidades representativas da sociedade, participar, se informando sobre as várias propostas em discussão, enviando sugestões, e cobrando posições dos deputados, é agora. Da nossa parte, estamos a disposição para debater e encaminhar essas sugestões e discussões, como forma de garantir que a reforma tributária seja a mais democrática e justa possível. - Senhor presidente, peço a vossa excelência que autorize a divulgação do meu pronunciamento no programa a Voz do Brasil. Muito Obrigado. MAX ROSENMANN DEPUTADO FEDERAL – PMDB/PR