Programa CA - direitos e humanos

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Contextos Etnográficos – Opção Regional
Contextos árabes e Islâmicos
2015-2016
I. Introdução
Se é verdade que a própria antropologia tem olhado com desconfiança para a noção de área cultural, temendo abusivas
reificações e manipulações políticas da cultura, seria contra os próprios fundamentos da disciplina não identificar a pertinência das
diferenças culturais e a importância do seu conhecimento e reconhecimento. A cadeira de Contextos Etnográficos Árabes e
Islâmicos procura esse difícil equilíbrio tentando atentar, concomitantemente, nas especificidades culturais do Médio Oriente,
entre as quais a própria diversidade cultural interna a este contexto, sem, com isso, deixar de sublinhar as partilhas e
semelhanças culturais com outras regiões etnográficas.



Para obviar mais riscos de reducionismo ou impressionismo sociológico, privilegiar-se-á, sempre que possível, a área
mediterrânica ocidental (Magrebe), sobretudo na sua vertente urbana, não descurando outros contextos que dêem conta da
diversidade do universo cultural em causa
Para minorar os riscos de leituras essencialistas, explorar-se-ão, amiúde, as etnografias e os debates antropológicos
decorrentes das análises feitas nestes contextos.
Para reduzir os riscos de territorialização das culturas, incluir-se-ão igualmente insights etnográficos sobre contextos em que
o Islão é religião minoritária.
Para articulação da disciplina em termos curriculares e pedagógicos definiram-se os seguintes objectivos
II. Objectivos
 Análise histórica e contemporânea das principais áreas fundamentais de teorização da antropologia nos contextos
árabes/islâmicos
 Iniciação etnográfica aos contextos árabes/islâmicos
 Aplicação dos modelos de leitura antropológica para interpretação dos dados etnográficos sobre os contextos em causa
 Introdução aos grandes debates da Antropologia contemporânea sobre o Islão e o Médio oriente e Norte de África
 Aquisição de ferramenta conceptual que permita a análise crítica de certos fenómenos da contemporaneidade
relacionados com os mesmos contextos
III. Funcionamento da disciplina
A cadeira funciona em regime de seminário. São alternados momentos de enquadramento teórico com sessões temáticas de
discussão em torno de textos, filmes e estudos de caso apresentados e discutidos com os alunos para cada um dos módulos
temáticos. A participação dos alunos na aula e no blog http://direitosehumanos.wordpress.com/ será imprescindível e avaliada de
acordo com calendário pré-definido. O ritmo de trabalho obrigará à leitura de, pelo menos, um texto para cada aula, para além da
leitura progressiva das obras consideradas de formação teórica geral.
O decurso das aulas expositivas e de discussão em torno de textos organizados em painéis temáticos é interrompido por pausa
de revisão dos conceitos e argumentos armazenados em bolsa (ver blogue) e para realização de teste diagnóstico. Assim se
trabalham as competências argumentativas, de sistematização e de escrita, ao lado das de oralidade, treinada e avaliada no
decurso das moderações e participação nas discussões.
IV. Material pedagógico
O regime de leccionação contempla cinco tipos de material:
1. Material de apoio bibliográfico fundamental
2. Material de apoio bibliográfico e documental – textos de referência – para análise e discussão nas aulas
3. Outro material informativo – documental ou visual – para análise e discussão nas aulas
1
4. Material de apoio às aulas produzida pela docente – (PPT de apresentação de aulas, ou pequenos resumos teóricos e
bibliográficos estruturantes da disciplina).
O material é disponibilizado no blogue http://direitosehumanos.wordpress.com
A disponibilização de material complementar no blog, por parte dos alunos, sujeita a moderação da docente, será contemplada na
avaliação
Para cada aula será calendarizada e assinalada a bibliografia relativa aos temas a tratar. Os textos serão disponibilizados no blog
http://direitosehumanos.wordpress.com em ‘Materiais da disciplina’. No entanto, consideram-se como obras de referência de
leitura obrigatória para diversos pontos do programa os seguintes textos e obras de referência
 ABU-LUGHOD, Lila 1989 “Zones of Theory in the Anthropology of the Arab World”, Annu. Rev. Anthropol., 18:267-306.
 EICKELMAN, Dale 2004.The Middle East and central Asia - An Anthropological Approach. New Jersey: Prentice Hall
 PINTO, Paulo G.Hilu 2014 “Islã: Religião e Civilização. Uma abordagem antropológica. Edit. Santuário.
V. Avaliação
A avaliação contemplará
a)
b)
c)
a participação regular nos debates temáticos e no blog (30%)
a elaboração de testes intermédios (15%+15%)
a elaboração de um teste final
(40%)
Em caso de participação insuficiente em a) e b) os estudantes deverão submeter um trabalho temático escrito final baseado em
bibliografia indicada pelo docente (máximo de 6 páginas) que contemple um mínimo de referências integrantes do fundo
bibliográfico da disciplina.
VI. Horário de atendimento
6ª feira, das 15h às 17h, Gab. 406 Torre A.
[email protected]
2
Contextos árabes e islâmicos. Conteúdos e Calendário de Trabalhos 2015/2016 (a 19.2.2016)
Tipo de aula / Textos em discussão
Outros textos de apoio
Data
Conteúdos programáticos
17.2
Apresentação dos conteúdos gerais e funcionamento da
disciplina e sua genealogia
1. Acervos culturais dos contextos árabes e islâmicos. Sua
constituição histórica e sua construção académica.
1.1 Objectivação dos conceitos de Médio Oriente, Próximo
Oriente, Magrebe, e arabidade e contribuição das tradições
regionalistas da antropologia para a construção das áreas
culturais do Médio Oriente e do Magrebe.
19.2
24.2
26.2
2,3
4.3
9.3
11.3
16.3
18.3
30.3 e 1.4
6.4
1.1 (cont)
1.2 Processos de expansão cultural e histórica árabe/islâmica.
Momentos estruturantes da história no Médio Oriente e Norte de
África. Religião islâmica: as Origens. Destinos do império
Islâmico. Expansão e decadência, rapidez e vulnerabilidade
1.3. Imperalismo colonial e orientalismo. A Expedição de
Napoleão ao Egipto. Os acordos de Sykes e Picot
Discussão do filme Lawrence da Arábia (David Linch)
1.4 Orientalismo vs Choque de civilizações
2. Conceitos, categorias e práticas básicas do Islão enquanto
religião
2.1. Ortopraxis ou ortodoxia: os cinco pilares do Islão. A oração
Profissão de fé (xahada) , a Oração (çalat), Caridade, Esmola
legal (zaqat) , Jejum (çaum)de Ramadão, Peregrinação a Meca
(hajj). 2.2 O que é a Xa’ria?. As fontes da lei islâmica; as
diferentes escolas jurídicas - madh'hab Hanafita, Hanbalita,
Xafiita e Malikita ; A Xa’ria hoje. Orientalismo legal e Euroxa’ria.
A noção fundamental de tawid
2.3 Prescrições Islâmicas e suas leituras contemporâneas. As
noções de Haram e de Halal. O Islão de Mercado. A
Liberalização e mercadorização do Islão, Novos predicadores.
Bolsa de Conceitos
Miniteste
Não há aula /substituição
3. Práticas e interpretações culturais em seus terrenos.
Aproximações ao campo no Médio Oriente e do Norte de
África
Expositiva / Power Point
ABU-LUGHOD, Lila 1989 “Zones of Theory in the
Anthropology of the Arab World”, Annu. Rev.
Anthropol., 18:267-306. MD EICKELMAN, D.
2004.The Middle East and central Asia - An
Anthropological Approach. New Jersey: Prentice Hall
– introd. CS 7512 (UNLFCSH) E MD
PINTO, Paulo G.Hilu 2014 “Islã: Religião e
Civilização. Uma abordagem antropológica. S.PAulo
Edit. Santuário.
Expositiva Power Point
Expositiva Power Point
PINTO, Paulo G.Hilu 2014 “Islã: Religião e
Civilização. Uma abordagem antropológica. S.PAulo
Edit. Santuário.
Expositiva Power Point
SAID, Edward. (1978) Orientalismo. Prefácio 2003,
Introdução, Cap1 (Conhecer o Oriental) e Pós-Fácio à
edição de 1995. CS 12604/A (UNLFCSH)
HUNTINGTON, Samuel P., 1993. «The Clash of
Civilizations?» Foreign Affairs. Vol. 72, nº3. MD
Expositiva Power Point
EICKELMAN, D. 2004. CS 7512 (UNLFCSH) E MD
PINTO, P 2014 “Islã: Religião e Civilização. Uma
abordagem antropológica. MD
SILVA, Maria Cardeira da, 2003 “A culpa é de
Said….”in Os Meus Livros, Novembro (citar apenas
versão publicada) MD
http://www.academia.edu/1107837/2001._A_cultu
ra_como_pretexto
COULSON, N. J., 1964. A History of Islamic Law.
Edinburgh, Scotland: Edinburgh
University Press CS 4040 (UNLFCSH) e MD
Apresentação/ Discussão de Textos
HAENNI, P., 2005, L’Islam de Marché: L’Autre
Révolution Conservatrice. Paris: Seuil. (cap.
seleccionados) MD
Expositiva Power Point
ABU-LUGHOD, Janet, 1987. “The Islamic city –
Historic Myth, Islamic Essence, and Contemporary
Relevance”. International Journal of Middle East
3
Inscrições para moderação dos textos
em discussão (só nas sessões a cinzento)
8.4
13.4
15.4
20.4
3.1 O Espaço representado e vivido: a medina. Colonialismo,
apartheid urbanístico e musealização das medinas. Fronteiras,
limites e dispositivos de controle. A centralidade da grande
mesquita.Organização religiosa e corporativa. Migrações,
fachadismos e processos de gentrificação
3.2 O Espaço representado e vivido: o bairro, a casa. A
replicação do modelo de centralidade da mesquita nos bairros.
Composição social e mobilidades, Relações de proximidade e
vizinhança: a noção de qariba. A generificação do espaço
domestico A casa, haram e sagrado esquerdo
4. Práticas etnográficas e áreas fundamentais de teorização
da antropologia em contexto árabe/ islâmico
41. Relações sociais e pessoais: segmentaridade, casamento,
parentesco, e vizinhança e amizade
São os árabes endogâmicos? O casamento com a bint al’amm,.
O escândalo etnográfico. O parentesco prático de Bourdieu.
Laços de sangue e a força dos laços fracos
4.2 O que é uma tribo? O debate da segmentaridade .Tribo e
Estado . Assabyia - ‘the son-of-a-bitch bonds you can never
break’. Mulk – a soberania. O ressurgimento da tribo.
4.3 A Honra. Como a Antropologia desenhou o Mediterrâneo. Um
olhar feminino sobre as tribos: Veiled Sentiments entre os Awlad
Ali. O jogo da honra e da vergonha segundo Bourdieu.
A generificação da honra – nif e horma. Honra e indumentária
22.4
4.4. Women Studies, Género e Feminismo. A evolução do
debate. Patriarcado. Agência. Feminismo Islâmico e seus
descontentes.
27.4
4.5 Subjectividades devotas. Agência nem sempre é resistência:
os novos movimentos pios A ‘Guerra’ das mulheres.
29.4
4.7 Género, transgénero, diversidade e homosexualidade.
Masculinidade. Transgénero. Género, etnicidade e diversidade
religiosa
Studies / Volume 19 / Issue 02
SILVA, Maria Cardeira da 1993. “Marrocos: Turistas,
Indígenas e Antropólogos” Antropologia Portuguesa,
Vol-11. Coimbra MD
Expositiva Power Point
PETONNET, C. 1972 “Espace, Distance et
Dimension dans une Société Musulmane”, L’Homme
T. XII MD
Apresentação/ Discussão de Textos
BOURDIEU, Pierre. [1972] 2002. Esboço de uma
teoria da prática. Oeiras: Celta. (Cap. Parentesco) MD
GEERTZ, Hildred 1979 “The Meaning of Family Ties”,
in Meaning and Order in Moroccan Society. GEERTZ,
C. GEERTZ, H., ROSEN, L. Cambrige U.Press CS
8247 (UNLFCSH) e MD
Expositiva Power Point
EICKELMAN, D. 2004. CS 7512 (UNLFCSH) MD
Apresentação/ Discussão de Textos
ABU-LUGHOD, Lila. 1986 Veiled Sentiments. Honour
and Poetry in a Bedouin Society. Berk. e A: U. of Calif.
Press. Intr.,Cap2, 3. e Cap.8 Conclusão. MD
BOURDIEU, Pierre. [1972] 2002. Esboço de uma
teoria da prática. Oeiras: Celta (cap.Honra e
Vergonha) MD
Apresentação/ Discussão de Textos
RAMIREZ, Angeles. 2011.La Trampa del Vielo. El
Debate sobre el uso del pañuelo musulmán (Int. caps.
1, 3 e epílogo) nos MD
MOGHADAM, Val, 2002. “Islamic Feminism and its
Discontents. Notes on a Debate”. Signs 7 (4), 1135-71
MD
Apresentação/ Discussão de Textos
ABU-LUGOD, Leila 2002. "Do Muslim Women really
need Saving? " American Anthropologist (108)3 MD
MAHMOOD, S. 2006, “Teoria Feminista, Agência e
Sujeito Liberatório” Etnográfica, Vol. X-1,1pps 121158, MD
Apresentação/ Discussão de Textos
KUGLE, S Sira al-Haqq, 2013. Living Out Islam.
Voices of Gay, Lesbian, and Transgender Muslims.
New York University Press (Cap. Seleccionados)MD
KASHANI-SABET, F. e WENGER, B.S (Edits), 2015.
Gender in Judaism and Islam.Common Lives,
Uncommon Heritage. N YUPress (Cap.
EICKELMAN, D. 2004. CS 7512 (UNLFCSH) MD
4
EICKELMAN, D. 2004. CS 7512 (UNLFCSH) MD
Seleccionados)MD
4.5
6.5
11.5
Bolsa de conceitos
MINISTESTE
5. O Islão na Europa e em Portugal. Debates
Contemporâneos
5.1.Os Árabes e Muçulmanos Portugal. Genealogias identitárias
e patrimónios
13.5
5.2 Transnacionalismo e muçulmanos em Portugal. A diversidade
das comunidades islâmicas portuguesas e residentes em
Portugal
18.5
5.3. Transnacionalismo e muçulmanos na Europa. Raízes
históricas e culturais do secularismo, do Islão Político e da reislamização
20.5
Aula 5.4. Bons muçulmanos, maus muçulmanos. Islamofobia e
Islamofilia
Lutas religiosas no espaço público: os casos do véu e dos
minarete
25.5
27.5
Apresentação/ Discussão de Textos
VAKIL,Ab.Karim,2004. «Do Outro ao Diverso Islão e
Muçulmanos em Portugal: história, discursos,
identidades» R. Lusófona de C. das Religiões – Ano
III, n.º 5/6 – 283-312 MD
SILVA; Maria Cardeira da, 2005. “O sentido dos
árabes no nosso sentido. Dos estudos sobre árabes
e muçulmanos em Portugal”. Análise Social.2005.MD
Apresentação/ Discussão de Textos
MAPRIL, J., 2014. “The Dreams of Middle Class:
consumption, life-course and migration between
Bangladesh and Portugal”, Modern Asian Studies, 48
(3) pp 693-719 MD
TIESLER, Nina, 2005 “Novidades no terreno:
muçulmanos na Europa e o caso português”. Análise
Social. n. 173. pps 827-849 MD
Apresentação/ Discussão de Textos
BOWEN, J. R., 2012, A New Anthropology of Islam.
Cambridge: Cambridge University Press. (cap.
seleccionados) MD
Apresentação/ Discussão de Textos
MAHMOOD MAMDANI, 2002. “Good Muslim, Bad
Muslim: A Political Perspective on Culture and
Terrorism”. American Anthropologist, 104(3):766-775.
HAENNI, Patrick e Moos, Olivier, 2011. “From the Top
of the Minaret: Symbols and Social Obliviousness” in
The Swiss Minaret Ban: Islam in question. Ed. by P.
Haenni e S. Lathion, Religioscope MD
Finalização de leituras e da Bolsa Conceitos
Teste FINAL
MD = Nos materiais da Disciplina
(UNLFCSH) = Cota / Na Biblioteca da FCSH-Nova
5
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