Democracias ao Serviço do Fascismo?
Onde estão os protestos contra as execuções turcas?
António Justo
Ontem numa editora cristã na Turquia foram executados três cristãos. Depois de
amarrados de pés e mãos a cadeiras e torturados foi-lhes cortada a garganta.
A perseguição a minorias, aos cristãos, tem sistema. Há um século atrás ainda havia na
Turquia 25% de cristãos. Hoje os muçulmanos são 99%. Este é um processo e um
fenómeno comum aos países muçulmanos. Em todos os países conquistados deixa de
haver vestígios humanos vivos das culturas invadidas ou dominadas através da
proliferação.
O ano passado houve um assalto a dois padres, o fuzilamento de um outro e o
assassinato do jornalista arménio em que se encontravam envolvidos polícias e políticos
ultra-nacionalistas apesar da polícia de Istambul ter sido informada previamente.
Responsáveis da editora cristã já se queixam há anos que as autoridades locais e os
políticos incitam a população contra eles. Sintomático é o facto da execução dos três
cristãos ter acontecido depois da televisão turca ter anunciado na quarta-feira anterior
que a editora “Zirve” tinha distribuído bíblias.
A verdade é que a nação turca vive desde há 85 anos na mentira afirmando-se como
estado laico em que as minorias cristãs e judaicas deveriam ser respeitadas. Este
princípio só se encontra no papel. A identidade nacional é condicionada ao Islão. Só um
turco muçulmano é um verdadeiro turco. As minorias têm que o sentir no dia a dia. Até
no seu bilhete de identidade são identificáveis através dos dois últimos números. A
República Turca vive bem da mentira. Confronte-se o debate sobre a sua entrada na
União Europeia.
Onde estão os protestos contra as execuções turcas? Quem se tem manifestado dentro e
fora da Turquia? Os intelectuais e politicos só parecem estar sensibilizados e dispostos a
fazer reagir e a fazer declarações quando se trata da defesa dos interesses islâmicos.
Pensar faz doer e o medo pode muito!... Que os muçulmanos se calem, é já costume,
mas que os povos ocidentais se comprometam, não é bom testemunho para a
democracia.
A Turquia apresenta-se ao exterior como uma república laica e internamente é contra
tudo o que não seja islâmico. As autoridades turcas costumam lavar as mãos sangrentas
com o argumento de que são casos individuais. O Islão considera legítimos os meios
empregues na expansão e defesa da sua fé. O emprego da mentira é legítimo desde que
empregue na defesa do Islão. A qualidade moral duma acção depende da religião da
pessoa a quem se dirige. A religião divide o mundo em duas zonas: a terra da paz (onde
dominam) e a terra da guerra, o resto.
A consciência de possuírem a única religião verdadeira leva-os a exigir, de cabeça
levantada nas nações não islâmicas onde vivam, os direitos vantajosos e de se fecharem
em guetos até poderem impor a sua mentalidade. Os extremistas sabem-se protegidos
por uma população que os não denuncia. A cumplicidade é assim legitimada
democraticamente. Por outro lado nos países de imigração muçulmana a política não
encontra parceiros de conversação vinculativa porque não há uma representação única
dos muçulmanos. A falta de estruturas representativas leva os políticos ocidentais a
fomentar conselhos do Islão que apenas têm uma função de polimento de imagem
perante a opinião pública. O diálogo só conhece um sentido único: a direcção do Islão.
Na Europa a ideologia fascista muçulmana encontra-se na ofensiva. Os governos
ocidentais só estão interessados em convenções económicas bilaterais marimbando-se
com o trato das minorias nos países islâmicos.
Ingenuamente as autoridades religiosas cristãs preocupam-se com a realização de
orações multireligiosas que ao fim e ao cabo só atingem os cristãos envolvendo algum
representante de mesquita que protege assim o povo do contágio.
Se a Europa não quiser caminhar na direcção duma Cossovização a longo prazo terá de
levar os muçulmanos a estruturar-se de maneira representativa e a não permitir nele o
fascismo que combate no meio da própria cultura. Doutro modo, a longo prazo, a
política democrática serve o fascismo das duas partes. Isto revela uma grande fraqueza
do sistema democrático: o Islão é mais coerente e mais forte, pelo menos enquanto
conseguir privar a generalidade do povo dos bens económicos e da ciência.
Se há sol e chuva deve haver sol e chuva para todos! Acima das instituições deve estar a
pessoa humana independentemente da sua fé… O resto corre o risco de ser fascismo
camuflado!
António da Cunha Duarte Justo
Alemanha