mento diferente a ambos – não tem em conta o facto de que mesmo

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MARIA DO CÉU PINTO
mento diferente a ambos – não tem em conta o facto de que mesmo os moderados têm uma agenda (secreta) que antagoniza os interesses ocidentais. Robert
Sattloff afirma que “a parte mais difícil é saber o que fazer, no que se refere ao
desafio aos interesses ocidentais, por parte dos Islamistas que partilham os
objectivos dos extremistas mas optam pela utilização de meios diferentes.”17
Judith Miller questiona-se “como veria Washington grupos como a Irmandade
Muçulmana do Egipto e da Jordânia, o movimento al-Nahda de Ghannoushi,
na Tunísia, e a Frente Islâmica de Salvação na Argélia, que repetidamente afirmaram a sua intenção de estabelecerem estados islâmicos jogando pelas regras
internas?”18
E, de facto, a exigência islamista de erradicação de todos os traços da sociedade ocidental em terras muçulmanas corresponde ao sentimento generalizado,
mesmo entre as massas. Outros autores invocam as tácticas astutas usadas
pelos grupos islâmicos que lhes permitem camuflar a sua verdadeira natureza
e intenções. Gideon Gera diz que os “Islamistas são suficientemente bem versados no discurso ocidental para mitigar as preocupações ocidentais.”19 Acrescenta que existe frequentemente uma “divisão de trabalho” entre as alas moderadas ou políticas dos grupos islâmicos e as alas violentas. Assim, a aparente
moderação é uma táctica (isto é, relativamente aos meios utilizados para alcançar o poder e criar o estado islâmico: através de uma revolução violenta ou de
uma evolução social gradual) e não nos fins, que são sempre a conquista do
poder de forma a transformar a sociedade, à luz de uma ordem islâmica idealizada.20 Os críticos argumentam que os movimentos islâmicos mais ortodoxos,
tal como a Irmandade Muçulmana, apelam à aplicação da Sharia num estado
islâmico, lei que impediria a criação de uma sociedade democrática.
O DEBATE ACADÉMICO SOBRE A NATUREZA DO ISLÃO
POLÍTICO
O debate sobre o Islão político deu origem a uma grande variedade de opiniões nos Estados Unidos, espelhando as cisões no seio da comunidade científica e política. Enquanto que a maior parte dos analistas está de acordo relativamente à natureza e às origens do fenómeno, existe, contudo, pouca convergência de opiniões sobre qual será a direcção do movimento islâmico ou sobre
qual será a melhor forma de se abordar o Islão político.
O consenso que emerge deste debate gira em torno da seguinte ideia: os
movimentos islâmicos tendem a ser uma resposta interna à conjuntura socio-económica e política dos países árabes pela qual os governos indigitados são
responsáveis.21 Genericamente, os autores afirmam que os movimentos islâmicos constituem uma resposta à ineficiência dos governos. A maior parte dos
governos árabes tem-se revelado incapaz de responder às exigências dos respectivos povos bem como de corresponder às expectativas socio-económicas
das sociedades árabes. Têm, em vez disso, impedido as mudanças sociais e
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