BANCO DO BRASIL CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 2012 APOSTILA 1 MERCADO FINANCEIRO POLÍTICA ECONÔMICA Léo França Porto 1 1. MERCADO FINANCEIRO A intermediação financeira desenvolve-se de forma segmentada, com base em quatro subdivisões estabelecidas para o mercado financeiro: Mercado Monetário: controle da liquidez bancária; Mercado de Crédito: empréstimos e financiamentos; Mercado de Capitais: valores mobiliários (ex: ações); e Mercado Cambial: moeda estrangeira x moeda nacional. Esses segmentos muitas vezes se confundem na prática, apresentando uma referência comum (a taxa de juros) para as diversas negociações financeiras, entendida 2 como a moeda de troca desses mercados. 1.1. MERCADO MONETÁRIO 1.1.1. CONCEITO Envolve as operações à vista e a curtíssimo prazo. Proporciona um controle ágil e rápido da liquidez da economia e das taxas de juros básicas pretendidas pela política econômica das autoridades monetárias. Encontra-se estruturado visando ao controle da liquidez monetária da economia. Os papéis que são negociados no mercado monetário têm como parâmetro de referência a taxa de juros, que se constitui em sua mais importante moeda de transação. Esses papéis que lastreiam as operações nesse mercado caracterizam-se pelos 3 reduzidos prazos de resgate e alta liquidez. MERCADO MONETÁRIO É o mercado que mais afeta as decisões, no dia-a-dia, de qualquer pessoa ou empresa, por intermédio dos seguintes Instrumentos de Controle e Política Monetária Monetária: OPEN MARKET: compra e venda com compromisso de recompra e de revenda de títulos públicos (ex: Tesouro Nacional) ou de títulos privados de emissão própria em estoque na instituição participante; RECOLHIMENTO COMPULSÓRIO: diminui o volume de operações de crédito concedidas aos clientes e atenua o efeito multiplicador da “Moeda Escritural (moeda bancária)”; e REDESCONTOS OU EMPRÉSTIMOS DE ASSISTÊNCIA À LIQUIDEZ: concedidos pelo BACEN para necessidades 4 urgentes de curto prazo ou situação desfavorável de liquidez. MERCADO MONETÁRIO Instrumentos de Controle e Política Monetária Monetária: continuação O CONTROLE E A SELEÇÃO DO CRÉDITO: é o controle na fixação pelo BACEN de um limite máximo de seus créditos para os setores da produção ou empresários. Permite controlar o crédito de acordo com seus empregos produtivos e as condições da economia do país. No Brasil esse controle é usado de forma generalizada. Os empréstimos dos bancos comerciais destinados à agricultura, à indústria, ao comércio e a outras finalidades 5 são fixados pelo Banco Central (BC ou BACEN). MERCADO MONETÁRIO 1.1.2. TÍTULOS MAIS NEGOCIADOS BBC (Bônus do Banco Central) – objetivo de execução da Política Monetária do Governo Federal; NTN (Notas do Tesouro Nacional) e LTN (Letras do Tesouro Nacional – financiar o orçamento público; CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro) – influencia a formação das demais taxas de juros, exclusivamente entre Instituições Financeiras (IFs); CDB/RDB (Certificado/Recibo de Depósito Bancário) – títulos de emissão privada que se destinam ao financiamento do capital de giro das empresas; e Debêntures – títulos de crédito emitidos por Sociedades 6 Anônimas, tendo por garantia seus ativos. MERCADO MONETÁRIO 1.1.2. TÍTULOS MAIS NEGOCIADOS (continuação) LETRA FINANCEIRA (LF) Criada pela Resolução 3.836 do Conselho Monetário Nacional (CMN), de 25/02/2010 Instituições Financeiras (IFs) que podem emitir a LF: bancos múltiplos; bancos comerciais; bancos de Investimento; sociedades de crédito, financiamento e investimento; caixas econômicas; companhias hipotecárias; e sociedades de crédito imobiliário. Prazo mínimo de 24 meses para o vencimento, vedado o resgate, total ou parcial, antes do vencimento pactuado. 7 MERCADO MONETÁRIO 1.1.2. TÍTULOS MAIS NEGOCIADOS (continuação) LETRA FINANCEIRA (LF) Aquisição a qualquer tempo, desde que por meio de bolsas ou de mercados organizados de balcão, para custódia em tesouraria e venda posterior. Pode ter como remuneração taxa de juros prefixada, combinada ou não com taxas flutuantes, ou índice de preços, sendo vedada a emissão com cláusula de variação cambial. É facultada às citadas IFs a utilização de LF para realização de operações ativas vinculadas, na forma 8 de regulamentação em vigor. 1.2. MERCADO DE CRÉDITO 1.2.1. CONCEITO Envolve as operações de financiamento de curto e médio prazos, direcionadas ao capital fixo (ativos permanentes) e ao capital de giro (ativo circulante) das empresas; Mercado constituído basicamente pelos Bancos Comerciais e Sociedades Financeiras – SCFI (são independentes, quando atuam sem nenhuma vinculação com outras instituições do mercado financeiro. São ligadas a conglomerados financeiros; relacionadas a grandes estabelecimentos comerciais, industriais, como montadoras de veículos, p. ex.); É onde se realizam operações de crédito, tais como: empréstimos (não têm destinação específica dos recursos) e 9 financiamentos (possuem destinação específica); MERCADO DE CRÉDITO Para a formalização dessas operações, a fim de se evitar uma maior inadimplência ou perda futura da operação de crédito, são exigidas inúmeras garantias pessoais e reais (ex: aval, fiança, penhor, alienação fiduciária, caução, hipoteca) dos clientes pessoas físicas e/ou jurídicas, conforme o caso; No momento atual da economia, as Autoridades Monetárias têm regras rígidas para concessão, acompanhamento, atualizações e provisões para créditos de liquidação duvidosa (provisões de até 100% 10 do capital concedido); e MERCADO DE CRÉDITO 1.2.2. CENTRAL DE RISCO DE CRÉDITO - CRC É uma central de informações de risco de crédito do SFN, gerenciada pelo BACEN. O objetivo básico da criação da CRC é o de prever e prevenir eventuais crises no mercado financeiro provenientes de problemas de cobranças nas carteiras de crédito das instituições. Outros exemplos: SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e SERASA (fornece informações cadastrais que possibilitam a tomada mais rápida de decisões, com menor risco e maior rentabilidade). 11 1.3. MERCADO DE CAPITAIS 1.3.1. CONCEITO Contempla as operações financeiras de curto, médio e longo prazos, e de prazo indeterminado, como as operações com ações, que são a menor parcela/fração do capital social de uma Sociedade Anônima. 2010: o mercado acionário manteve-se em alta, o dólar se desvalorizou e houve aperto fiscal acima da meta. 2011: ações foram o pior investimento do ano. O Ibovespa, índice que reúne as principais ações da bolsa brasileira em volume de negociações, obteve variação negativa de 18,1%, terceira maior desvalorização anual desde 1995. Petrobrás e 12 Vale foram as que mais encolheram em valor de mercado. MERCADO DE CAPITAIS O Mercado de Capitais está estruturado (ou sendo estruturado) para fornecer investimentos de curto, médio e longo prazos por meio de diversos agentes e modalidades de operações, tais como: a) Bancos de Investimentos - financiamento para capital de giro ou fixo (prazo entre 6 e 24 meses) e empréstimos e repasses de órgãos públicos de desenvolvimento ou privados, como: CEF, BNDES e Banco Mundial; b) SBPE - Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos financiamentos imobiliários; c) Companhias de Leasing - contratos de arrendamento mercantil (aluguel de bens móveis ou imóveis); e d) lançamento público ou privado de títulos de renda fixa ou variável. Principais lançadores: bancos de investimentos, 13 SCTVM (Corretoras) e SDTVM (Distribuidoras). 1.4. MERCADO DE CÂMBIO 1.4.1. CONCEITO Inclui as operações de conversão (troca) de moeda de um país pela de outro. Isto é determinado principalmente pela necessidade da prática do comércio internacional. Este mercado opera com todos os agentes econômicos que realizam transações com o exterior, seja em decorrência de comércio internacional (exportação e importação), pagamentos de juros, dívidas, royalties, recebimentos de capitais para investimentos em capital fixo, captações de recursos via 14 contratos, emissão de títulos de crédito, entre outros. MERCADO DE CÂMBIO O BACEN é um dos grandes agentes deste mercado, seja pelo controle do fluxo internacional de recursos, nível das reservas internacionais (moedas estrangeiras e ouro, onde é um fiel depositário), e controle do valor da moeda nacional em relação ao valor de outras moedas estrangeiras. Em relação à paridade cambial (Real versus outras moedas estrangeiras), diversos fatores influenciam para a valorização ou desvalorização da moeda nacional: taxa de inflação, política interna de juros, volume das reservas internacionais e balanço de pagamentos. 15 2. POLÍTICA ECONÔMICA PIB (PRODUTO INTERNO BRUTO) É a soma de todos os bens e serviços produzidos em um país durante certo período. Isso inclui do chocolate toblerone até um avião produzido pela Embraer, p. ex. O índice só considera os bens e serviços finais, de modo a não calcular a mesma coisa duas vezes. A matéria-prima usada na fabricação não é levada em conta. No caso de um chocolate, o açucar não entra na contabilidade (evita-se a dupla contagem). O PIB é obtido pela equação: PIB = Consumo + Investimentos + Gastos do Governo + 16 Saldo da Balança Comercial (Exportação – Importação) POLÍTICA ECONÔMICA MEIOS DE PAGAMENTO M1: Papel moeda em poder do público + depósito à vista dos bancos; M2: M1 + Poupança + CDB/RDB + L.C + L.H + L.I; M3: M2 + Fundos Renda Fixa + Títulos Públicos Federais (operações compromissadas); M4: M3 + Títulos Públicos (Fed. + Est. + Mun.) BASE MONETÁRIA: é o papel moeda emitido mais as reservas bancárias depositadas no banco central. 17 POLÍTICA ECONÔMICA MEIOS DE PAGAMENTO O M1 é denominado de consolidado monetário; liquidez absoluta e meios de pagamento restritos. M2 e o M3 é denominado de: meios de pagamento ampliados e ou passivo monetário ampliado . M4: a banca pode denominá-lo de poupança financeira. (cuidado já caiu em prova do Cespe). Observação: em um processo Inflacionário, nota-se um aumento de M1 em relação a M2, M3, M4 em. O que é explicado pelo fato de dos investidores aumentarem seus gastos e consumo, resgatando assim suas aplicações financeiras. 18 POLÍTICA ECONÔMICA A Política Econômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva (produção agregada) e despesas planejadas (demanda agregada) da economia de um determinado país, com o objetivo de permitir o sistema econômico operar a pleno emprego, com baixas taxas de inflação e distribuição justa de renda. Chamamos de Política Monetária o conjunto de medidas adotadas pelo governo federal visando a adequar os meios de pagamentos disponíveis às necessidades da economia do país, controlando a oferta de moeda e do 19 crédito. POLÍTICA ECONÔMICA Os principais instrumentos de Política Econômica são: Política MONETÁRIA: relaciona-se à moeda, ao crédito e à taxa de juros; Política FISCAL: diz respeito à arrecadação de tributos e aos gastos do governo (ex: investimentos em estradas); Política CAMBIAL: orienta o comportamento do mercado de câmbio e da taxa de câmbio; e Política de RENDAS: associa-se ao controle de 20 preços de bens e serviços e de salários. POLÍTICA ECONÔMICA Principais funções do Setor Público (Governo): Reguladora: Estado regula economia mediante leis e disposições administrativas. Controle de alguns preços, monopólios e ações danosas ao direito do consumidor; Provedora: prover ou facilitar o acesso a bens e serviços essenciais, que não são de interesse do setor privado, ex: educação, saúde, defesa, 21 segurança, transporte e justiça; POLÍTICA ECONÔMICA Redistributiva: assenta-se na igualdade social. Devem atingir e vir a beneficiar os mais necessitados da sociedade. Modificam a distribuição de renda e riqueza entre pessoas e/ou regiões; e gestores preocupados em Estabilizadora: estabilizar ou controlar os grandes agregados macroeconômicos para beneficiar a população, ex: taxas de inflação, desemprego, consumo e 22 produção. POLÍTICA ECONÔMICA 2.1. POLÍTICA FISCAL Política Fiscal é o conjunto de medidas adotadas pelo Governo, dentro do orçamento do Estado, que visam – por meio da tributação de pessoas físicas e jurídicas – obter as rendas indispensáveis à satisfação das despesas públicas. São as decisões do governo sobre como e quanto irá arrecadar de tributos (impostos, taxas e contribuições) e sobre quanto e de que forma irá gastar os recursos disponíveis. Contas do Setor Público: Receita – Despesas = Superávit/Défict Primário Superávit/Défict primário – Pagamento Juros da Dívida pública = 23 Superávit/défict nominal POLÍTICA ECONÔMICA POLÍTICA FISCAL Arrecadação de tributos (política tributária) pelo Governo e controle de suas despesas (política de gastos); Reduzir inflação: diminuição gastos públicos e/ou aumento carga tributária (inibe consumo e investimento). Diminui gastos da coletividade; Crescer nível de emprego: medidas fiscais seriam no sentido inverso, para elevar a demanda agregada; e Melhorar distribuição de renda: utilização seletiva, em benefício dos grupos menos favorecidos, ex: impostos progressivos, gastos do governo em regiões e setores 24 mais atrasados, entre outros. POLÍTICA ECONÔMICA 2.2. POLÍTICA MONETÁRIA Gestão do Governo sobre a quantidade de moeda, de crédito e das taxas de juros na economia. As políticas monetária e fiscal representam meios alternativos diferentes para as mesmas finalidades. A política econômica deve ser executada mediante combinação adequada de instrumentos fiscais e monetários. Política fiscal é mais eficaz quando o objetivo é a melhoria da distribuição de renda, ex: taxação das rendas mais altas e aumento dos gastos do governo com destinação a setores menos favorecidos da 25 sociedade. POLÍTICA ECONÔMICA POLÍTICA MONETÁRIA X POLÍTICA FISCAL A política monetária tem efeitos imediatos, pois depende apenas de decisões diretas das autoridades monetárias, enquanto a implementação de política fiscal vincula-se à votação do Congresso, o que aumenta a defasagem entre a tomada de decisão e a implementação das medidas fiscais. A política fiscal só pode ser efetivada no próximo exercício fiscal (ou seja, no ano seguinte a sua aprovação legal), conforme o chamado princípio da anterioridade ou anualidade. 26 POLÍTICA ECONÔMICA 2.3. POLÍTICA CAMBIAL E COMERCIAL Ambas atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia. Cambial: relacionada ao controle do governo sobre a taxa de câmbio praticada no país. Cespe CEF 2006. (___) O Brasil, hoje, trabalha com a reunião do Mercado de Câmbio de Taxas Livres e do Mercado de Câmbio de Taxas Flutuantes, ou seja, houve a unificação dos dois mercados e a conseqüente instituição de um único mercado de câmbio. Comercial: relativa aos instrumentos de incentivo às exportações e/ou estímulo/desestímulo às importações, 27 sejam fiscais, creditícios, seja estabelecimento de cotas. POLÍTICA ECONÔMICA 2.4. POLÍTICAS DE RENDAS São os controles de preços e salários. Esses controles são utilizados como política de combate à inflação. No Brasil, a política salarial é alvo de atuação de determinados órgãos do Governo. Tal modalidade constituise nas denominadas “políticas de rendas” no sentido de que influem diretamente s/ a renda (salário, lucro, juro, aluguel). Plano Real: quase dizimou o “imposto inflacionário”. Um dos principais objetivos de sobrevivência do SFN: reduzir o custo operacional das contas bancárias e criar produtos segmentados para atender aos “não-bancarizados”. 28 3. POLÍTICA MONETÁRIA CONCEITO: controle da oferta de moeda e das taxas de juros Opera no curto e curtíssimo prazo; Objetivo: garantir liquidez ideal cada momento econômico; e Executor é o BACEN, por meio de instrumentos clássicos: Depósito ou Recolhimento Compulsório; Mercado Aberto – Open Market; Redesconto ou Empréstimo de Liquidez; Controle e Seleção de Crédito. DEMANDA E OFERTA DE MOEDA Motivos dos “encaixes” das pessoas: Negócio ou transação - necessidade de as pessoas manter dinheiro disponível para efetuar seus pagamentos 29 correntes (fluxo de caixa); POLÍTICA MONETÁRIA Precaução – incerteza futura quanto à liquidez do fluxo de caixa (despesas imprevistas e extraordinárias); e Especulação - é função da rentabilidade do capital oferecida pelas aplicações financeiras. A demanda por moeda numa economia se eleva à medida em que se produz mais renda, ou seja, que a atividade produtiva agregue mais riqueza. A procura decresce, outrossim, quando as taxas de juros crescem, gerando maiores expectativas de ganhos aos investidores, e também quando há recrudescimento do processo inflacionário, o qual destrói a capacidade de compra da moeda pela alta provocada nos preços de bens e 30 serviços. POLÍTICA MONETÁRIA 3.1. CRIAÇÃO DE MOEDA NA ECONOMIA Somente as IFs que captam depósitos à vista (ex: bancos comerciais) criam moeda (escritural). Ex: recursos captados são registrados no ativo (caixa) e, como partida dobrada, no passivo (obrigação) como depósito à vista. Parte deste depósito (à vista) pode ser aplicada sob forma de empréstimo a um tomador de recursos. A IF aumenta a quantidade de moeda em circulação na economia (multiplicador bancário); Permuta um passivo (depósito à vista) por um direito (empréstimo a receber), criando moeda. Agora, circula o 31 dinheiro depositado e o montante emprestado. POLÍTICA MONETÁRIA Por meio de encaixes inferiores ao volume de captação, os bancos contribuem para que os meios de pagamento superem a quantidade de papel-moeda na economia. Criação de contas de depósitos exclusivas dos bancos comerciais perante o BACEN (“banco dos bancos”: Depósitos Compulsórios – percentual OBRIGATÓRIO dos depósitos captados junto ao público e regulamentado por instrumentos legais; e Depósitos de Livre Movimentação – dinheiro em poder dos bancos para pagamentos correntes, saques nas agências bancárias e depósitos livres no BACEN (lastrear 32 eventuais saldos negativos de compensação de cheques). POLÍTICA MONETÁRIA 3.2.EFEITOS EXPANSIONISTA E RESTRITIVO P.M. Expansionista: eleva liquidez da economia, injeta mais recursos nos mercados e aumenta os meios de pagamento. Acréscimo de demanda agregada (consumo + investimento). Adotada em momentos de retração da economia, com deflação. P.M. Restritiva: efeito inverso da expansionista. Visa restringir oferta de crédito, elevar seu custo e adequar a demanda agregada à oferta monetária da economia. Os bancos regulam diariamente seus encaixes para permitir maior volume disponível para solver 33seus compromissos, bem como emprestar ao público. 3.3. INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA O BACEN é o responsável pela execução da política monetária do país. Instrumentos utilizados para execução da Política Monetária: 1 – Recolhimento (ou depósito) compulsório 2 – Operações de redesconto 3 – Open market ( operações de mercado aberto) 4 – Controle e seleção de crédito ( taxas de juros – Selic Meta ) 34 Atenção: mais ágil é o OPEN MARKET (mercado aberto) INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA 1) Recolhimento Compulsório: Representa uma parcela dos recursos depositados pelo público nos bancos que não pode ser aplicada (emprestada), devendo ser depositada no Banco Central. Limita a criação de moedas feita pelas instituições monetárias. Atualmente existem 3 tipos de compulsórios: Compulsório sobre depósito á vista, depósito a prazo e poupanças. Os bancos (inclusive de investimentos) abrem uma conta especial no Banco Central (espécie de uma “conta-corrente” do próprio banco aberta junto ao BACEN) para recolhimento do percentual médio mínimo (valores de Janeiro/2012): Depósitos à vista: 45%. Não recebe remuneração; Depósitos a prazo: 15%. Recebe remuneração pela Selic; Poupança: 20%. Recebe remuneração pela TR (“pura”); 35 Crédito rural: 25%. Não recebe remuneração. INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA Recolhimento Compulsório (continuação) As contas em que os bancos comerciais mantêm os depósitos compulsórios são denominadas “reservas bancárias” ou simplesmente “reservas” • Aumento do compulsório: reduz a capacidade de empréstimos e de criação de moeda escritural; • Diminuição do compulsório: aumenta a capacidade de empréstimos e de criação de moeda escritural. Atenção: O CMN determina as taxas de recolhimento compulsório das instituições financeiras. O BACEN recebe os depósitos compulsórios das 36 instituições financeiras. INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA 2) Open Market (Mercado Aberto): compra e/ou venda de títulos públicos federais (T.P.F.) executada pela BACEN. Os títulos emitidos pelo Tesouro Nacional são exemplos de T.P.F. Atenção: O CMN estabelece normas (normatiza) sobre a compra e a venda de T.P.F; O BACEN executa a compra e venda desses papéis. Atenção: é sem dúvida o melhor, mais ágil e eficaz instrumento para fazer política monetária que o BACEN dispõe, por ter um resultado imediato e confiável. 37 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA 3) Redesconto ou Empréstimo de Assistência à Liquidez: são empréstimos concedidos pelo Bacen aos bancos devido a situação momentânea de iliquidez. Empréstimo de última instância que o Bacen concede, na modalidade de compra, com compromisso de revenda, de títulos, créditos e direitos creditórios integrantes do ativo dos bancos múltiplos com carteira comercial, bancos comerciais e caixas econômicas. Atenção: O CMN regulamenta as operações de redesconto; O BACEN realiza operações de redesconto às 38 instituições financeiras. 3.4. CONSEQUÊNCIAS DA POLÍTICA MONETÁRIA 39 4. FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS A Formação da Taxa de Juros de Referência do Mercado A taxa básica de juros corresponde à menor taxa de juros vigente em uma economia, funcionando como taxa de juros de referência para todos os contratos. É também a taxa a que um banco empresta a outros bancos. No Brasil, a taxa de juros básica é a taxa SELIC, que é definida pelo Comitê de Política Monetária (COPOM) do Bacen, e corresponde à taxa de juros vigente no mercado interbancário, ou seja, é a taxa aplicada aos empréstimos entre bancos para operações de um dia (overnight) 40 operações estas lastreadas por títulos públicos federais. 4. FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA – COPOM Foi instituído em 20/06/1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa básica de juros da economia; A criação do Comitê buscou proporcionar maior transparência e ritual adequado ao processo decisório, a exemplo do que já era adotado pelo Federal Open Market Committee (FOMC) do Banco Central dos EUA (Federal Reserve ou FED); 41 FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS Sistemática de "metas para a inflação" (definida pelo CMN como diretriz de política monetária): se as metas não forem atingidas, cabe ao presidente do BACEN divulgar, em carta aberta ao Ministro da Fazenda, os motivos do descumprimento, bem como as providências e prazo para o retorno da taxa de inflação aos limites estabelecidos; Objetivos do COPOM: Implementar a Política Monetária; Definir a meta da Taxa Selic (“SELIC-META: taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos públicos federais, apurados no SELIC); Estabelecer o eventual viés ; e 42 Analisar o Relatório de Inflação. FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS O conteúdo das reuniões do Copom versa sobre diversos assuntos, destacando-se: Evolução recente da economia; Avaliação do cenário prospectivo das tendências da inflação; Implementação da Política Monetária; Nível de atividade econômica do País; Expectativas e sondagens; Mercado de trabalho; Crédito e inadimplência; Ambiente externo; Comércio exterior e reservas internacionais; e Mercado monetário e operações de mercado aberto. Composição do Copom: chefes de departamento e os oito (7 + 1) membros da Diretoria Colegiada do BACEN (só estes têm direito a voto), sendo presidido pelo presidente do Banco, que tem o voto de qualidade (desempate).43 FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS As reuniões ordinárias do Copom dividem-se em dois dias, terça (1ª) e quarta (2ª sessão), a cada 45 dias. Em média, são oito reuniões por ano: 1º dia: os chefes de departamento e o gerente-executivo apresentam uma análise da conjuntura doméstica; e 2º dia: participam apenas os membros do Comitê e o chefe do Departamento de Estudos e Pesquisas, sem direito a voto. Os diretores de Política Monetária e de Política Econômica, apresentam alternativas para a taxa de juros de curto prazo e fazem recomendações acerca da política monetária. A decisão final - a meta para a Taxa Selic e o viés, se houver – é divulgada à imprensa ao mesmo tempo em que é expedido comunicado ao mercado por intermédio do 44 Sistema de Informações do Banco Central (Sisbacen). FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS As atas são divulgadas na semana posterior à reunião, na quinta-feira, às 8h30, dentro de seis dias úteis, sendo publicadas na página do BACEN na internet ("Notas da Reunião do Copom") e para a imprensa. Ao final de cada trimestre civil (março, junho, setembro e dezembro), o Copom publica, em português e em inglês, o documento "Relatório de Inflação", que analisa detalhadamente a conjuntura econômica e financeira do País, bem como apresenta suas projeções para a taxa de inflação. A última reunião do Copom, realizada nos dias 17 e 18/01/2012, reduziu o patamar da taxa básica de juros em 50 pontos (0,5%), de 11,00% aa, para 10,50% aa, sem viés. Os investidores seguem apostando em novos ajustes para a Selic, nas 45 próximas duas reuniões do BACEN. Note que 100 pontos = 1%. FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS Um dos argumentos para a redução da taxa foi a busca da mitigação dos efeitos vindos do ambiente global mais restritivo. Enfatiza que um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta 2012. Registre-se que o índice oficial da inflação brasileira (IPCA) fechou 2011 no topo da meta, em 6,5% aa. O centro da meta é de 4,5% com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Em 46 2010, o índice atingiu 5,91%. FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS Existem 3 conceitos de SELIC: 1º) SELIC – SISTEMA ESPECIAL DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA: é o sistema (ou local ou depositário) que custodia (guarda) e liquida (paga) os Títulos Púb. Federais; 2º) SELIC – META: é definida pelo Comitê de Política Monetária – Copom, com base na Meta de Inflação. É a Selic – Meta que regula a taxa “Selic – Over” assim como todas as outras taxas do Brasil; e 3º) SELIC – “OVER”: também chamada de “Taxa Selic Remuneratória”. É a taxa de juros apurada a cada dia no mercado financeiro. É a taxa média de negociação dos TPF 47 publicada diariamente pelo Sistema SELIC. FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS A “Selic-over” é a taxa apurada no Sistema Selic obtida mediante o cálculo da taxa média ponderada e ajustada das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e cursadas no referido sistema ou em câmaras de compensação e liquidação de ativos, na forma de operações compromissadas. As operações compromissadas são de venda de títulos com compromisso de recompra assumido pelo vendedor, concomitante com compromisso de revenda assumido pelo comprador, para liquidação no dia útil seguinte. Estão aptas a realizar operações compromissadas, por um dia útil, fundamentalmente as instituições financeiras habilitadas, tais como bancos, caixas econômicas, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários e sociedades 48 distribuidoras de títulos e valores mobiliários. FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS Observe-se também que a “Selic – Over” se origina de taxas de juros efetivamente verificadas no mercado. As taxas de juros relativas às operações em questão refletem, basicamente, as condições instantâneas de liquidez no mercado monetário (oferta versus demanda de recursos). Estas taxas de juros não sofrem influência do risco do tomador de recursos financeiros nas operações compromissadas (a garantia é homogênea). Atenção: A “Selic - over” pode ser alterada diariamente (dias úteis), pois se trata de uma média das taxas de negociação dos TPF, enquanto a “Selic - Meta” só é alterada pelo Copom, por intermédio de reuniões ordinárias ( a49cada 45 dias corridos) ou Extraordinárias. FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS . 50 FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS Primeiramente, a Taxa Selic é divulgada para todos os participantes da Rede do Sistema Financeiro Nacional – RSFN. A atualização no Sisbacen (Sistema do Banco Central) e na página do BACEN na Internet (www.bcb.gov.br) se dá logo em seguida, pois é feita automaticamente com base no conteúdo desta mensagem. Não há horário pré-determinado para a divulgação da Taxa Selic. Podemos dizer que, normalmente, ela é divulgada entre 20:00h e 21:00h. Em situações excepcionais, o processamento noturno pode ser postergado e a divulgação pode ocorrer mais tarde. 51 FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS IPCA – ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO: É o índice oficial do Governo Federal para medição da inflação brasileira, contratada com o FMI, desde julho/99. É Calculado pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A população-objetivo do IPCA abrange as famílias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 (um) e 40 (quarenta) salários-mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos, e residentes nas áreas urbanas das regiões. A abrangência geográfica contempla as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, 52 Brasília e o município de Goiânia. FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS RISCO-PAÍS (171 pontos, em 20/julho/2011; 212 em 11/ago/2011; 218 em 20/01 e 223 em 30/01/2012) Engloba categorias de risco que podem ser associadas a um país, ex: político, mercadológico e geográfico; No contexto de informação de risco estão as agências de classificação, sendo as mais importantes: Fitch, Moody’s e Standard & Poor’s. Tais agências se dedicam à análise do risco-país associado a investimentos em ativos financeiros como títulos e ações. Por meio da análise das finanças de governos e empresas, produzem classificações ou ratings que indicam a segurança que governos e empresas de cada país oferecem a investidores estrangeiros que aplicam seu dinheiro em títulos da dívida daqueles governos (federal ou 53 estaduais) e em empresas. FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS S&P anuncia corte de rating de maioria da Zona Euro A agência de notação Standard & Poor's anunciou em 13/01/2012 o corte do 'rating' da maioria dos países da Zona Euro, entre os quais a França, que perdeu a nota máxima, e Portugal, Espanha e Itália, que baixaram dois níveis. Os 'ratings' de Chipre, Itália, Portugal e Espanha, foram reduzidos em dois níveis; os de Áustria, França, Malta, Eslováquia e Eslovénia, em um nível. Foram mantidos os níveis da Bélgica, Estónia, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Luxemburgo e Holanda. Entre os países afetados pela decisão da S&P contamse dois que tinham nota máxima, França e Áustria, que baixaram um nível de AAA para AA+. Em 2011, foram os54EUA. FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS O EMBI + Brasil (Emerging Markets Bond Index – Brasil), calculado p. Banco JP Morgan Chase, é considerado um dos principais termômetros da confiança dos investidores no País. O (EMBI + Brasil) é um índice que reflete o comportamento dos títulos da dívida externa brasileira. Corresponde à média ponderada dos prêmios pagos por esses títulos em relação a papéis de prazo equivalente do Tesouro dos Estados Unidos, tido como o país mais solvente do mundo, de risco praticamente nulo. O indicador mensura o excedente que se paga em relação à rentabilidade garantida pelos bônus do governo norteamericano. Significa dizer que a cada 100 pontos expressos pelo risco Brasil, os títulos do País pagam uma sobretaxa 55 de 1% sobre os papéis dos EUA. FORMAÇÃO DA TAXA DE JUROS Emerging Markets Bond Index – Brasil (EMBI + Brasil) Continuação Basicamente, o mercado usa o EMBI+ para medir a capacidade de um país honrar os seus compromissos financeiros. A interpretação dos investidores é de que quanto maior a pontuação do indicador de risco, mais perigoso fica aplicar no país. Assim, para atrair capital estrangeiro, o governo tido como "arriscado" deve oferecer altas taxas de juros para convencer os investidores externos a financiar sua dívida 56 ao que se chama prêmio pelo risco. QUESTÃO DE CONCURSO Julgue CERTO ou ERRADO o seguinte item item: Cespe/UnB/BB/2007/Palmas/TO (___) A taxa referencial do SELIC, de natureza remuneratória, também conhecida por SELIC-META, é uma taxa de juros, fixada pelo BACEN após a divulgação pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), aplicável pelas instituições financeiras para os títulos públicos e adotada como taxa básica para a economia. Atualmente, essa taxa é divulgada pelo COPOM exatamente a cada 45 dias. 57 QUESTÃO DE CONCURSO Julgue CERTO ou ERRADO os seguintes itens itens: Cespe/UnB/CEF/2006/Rio de Janeiro/RJ (___) Entre os instrumentos disponíveis para a execução da política monetária, destacam-se as operações de mercado aberto, por sua maior versatilidade em acomodar as variações diárias de liquidez. CESPE/UnB – BB – Regiões Sul e Sudeste/2007 (_____) A taxa básica de juros SELIC, divulgada pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), tem vital importância na economia, pois as taxas de juros cobradas no mercado são balizadas por ela, que é 58 referência para a política monetária. QUESTÃO DE CONCURSO Marque a alternativa correta: correta: CESGRANRIO / CEF (JUNHO / 2008) A intermediação financeira desenvolve-se de forma segmentada, com base em quatro subdivisões estabelecidas para o mercado financeiro: mercado monetário, mercado de crédito, mercado de capitais e mercado cambial. Os certificados de depósitos bancários (CDB) e as debêntures são negociados no mercado (A) cambial. (B) monetário. (C) de ações. (D) de capitais. 59 (E) de crédito. QUESTÃO DE CONCURSO Marque a alternativa correta: correta: FCC – BB – AM/ES/MG/RS/RJ/SC (AGOSTO/ (AGOSTO/2011 2011)) O Comitê de Política Monetária (COPOM): (A) divulga semanalmente a taxa de juros de curto prazo verificada no mercado financeiro. (B) tem como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pela Presidência da República. (C) é composto pelos membros da Diretoria Colegiada do Banco Central do Brasil. (D) tem suas decisões homologadas pelo ministro da Fazenda. (E) discute e determina a atuação do Banco Central do 60 Brasil no mercado de câmbio.