MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO COORDENADORIA GERAL DE PESQUISA Iniciação Científica Voluntária - ICV Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga CEP: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 3215-5564 – Fone/Fax (86) 3215-5560 E-mail: [email protected], [email protected] EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE A CAPACIDADE FÍSICA SUBMÁXIMA E CAPACIDADE VITAL EM PORTADORES DE SÍNDROME METABÓLICA Rafaella da Silva Duarte (Aluna ICV), Baldomero Antônio Kato da Silva (Orientador, Depto de Fisioterapia – UFPI) 1. INTRODUÇÃO A síndrome metabólica (SM) é um conjunto de distúrbios que inclui resistência à insulina, obesidade central, elevados níveis de triglicerídeos, baixos níveis de HDL e hipertensão arterial sistêmica (HAS), e está baseada na presença de três ou mais destes componentes em um mesmo indivíduo (BELTRÃO, 2013). O aspecto principal da SM é a obesidade, sendo sua etiologia complexa e multifatorial, resultando da interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais. Estudos comprovam que a obesidade tem ligação direta com a resistência à insulina e HAS, tornando-a uma das mais relevantes causas de SM (DIRETRIZES BRASILEIRAS DE OBESIDADE, 2010; FERRARI, 2007). A associação de um plano alimentar com a prática de exercícios físicos são consideradas terapias de primeira escolha para o tratamento de pacientes com SM (VECCHIO, 2013). Visto que o tratamento da SM atualmente divide-se em tratamento medicamentoso, que busca o controle e redução do peso corporal, o controle dos níveis glicêmicos e da HAS, e tratamento não medicamentoso, que contem apoio nutricional, psicológico e fisioterapêutico. Com isso, pretende-se avaliar os efeitos de um protocolo de exercício físico dinâmico (EFD) sobre capacidade física submáxima e capacidade vital em portadores de SM. 2. METODOLOGIA O estudo foi realizado na Clinica Escola da Universidade Federal do Piauí - UFPI, em Parnaíba, no período de setembro de 2014 a agosto de 2015. Participarão deste estudo 7 pacientes de ambos os sexos, com idade entre 47 e 76 anos, com diagnóstico clínico de SM, hemodinamicamente estáveis, encaminhados pelos médicos responsáveis. O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Piauí (CEP-UFPI). Para a participação, após concordarem com o trabalho, assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) elaborado segundo as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa, envolvendo seres humanos constantes da Resolução do Conselho Nacional de Saúde Nº 466/12. Os pacientes foram submetidos a avaliação inicial para registro das variáveis antropométricas (peso, altura e índice de massa corpórea). Em seguida, avaliou-se a capacidade física submáxima aplicando o teste de caminhada de 6 minutos (TC6), aplicado segundo as recomendações da American Thoracic Society (2002). Foram registrados ao início e a cada minuto do teste (inclusive ao final): frequência cardíaca, saturação de oxigênio, escala de percepção de esforço para dispnéia, sintomas adicionais. Ao final do teste, o acadêmico registrou a distancia total percorrida pelo paciente. O paciente foi liberado quando todos seus sinais vitais retornarem aos níveis basais. A avaliação da capacidade vital foi realizada individualmente, utilizando-se o Espirômetro Pony FX Cosmed Classe II. Os pacientes eram orientados a inspirarem profundamente e expirarem lentamente dentro do bucal do espirômetro. Considerou-se como valor de capacidade vital o volume máximo expirado em uma única exalação. A manobra foi realizada por três vezes, sendo considerado para anotação o maior valor obtido pelos pacientes. A intervenção foi através de protocolo de exercício físico dinâmico com duração de 50 a 55 minutos, composto por alongamento inicial de membros superiores, inferiores, cintura escapular e tronco; exercícios calistênicos por 10 minutos; etapa intermediária de exercícios aeróbicos em cicloergômetro ou esteira, com intensidade calculada individualmente e duração de 30 a 35 minutos; desaquecimento e relaxamento por 10 minutos com exercícios de baixa intensidade, alongamentos e terapia relaxantes. As avaliações da capacidade física submáxima e da capacidade vital foram realizadas antes, aos seis meses e ao final do período destinado ao treinamento físico. A análise estatística foi realizada comparando as variáveis pré e pós o treinamento, utilizando-se o teste t de Student para as amostras de distribuição normal e o teste de Wilcoxon nas amostras de distribuição não normal. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As medidas das variáveis foram expressas em média e desvio padrão. Os dados foram organizados de forma a se comparar os resultados obtidos nas variáveis avaliadas antes e após a aplicação do protocolo de exercícios proposto. Foram avaliados sete pacientes, sendo quatro do sexo feminino, com idade média de 61,3±12,1 anos, peso 69,0±20,6 kilos, altura 2 1,6±0,1 metros e índice de massa corpórea 27,3±5,3 kg/m . Tabela 01: média, desvio padrão e p-valor das comparações entre as variáveis capacidade vital lenta (CVL), frequência cardíaca em repouso (FCrep) e distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos (DistTC6). INICIAL FINAL p-valor CVL (litros) 3242,9±900,2 4171,4±1095,5 0,1275 FCrep (bpm) 77,4±12,1 74,1±13,8 0,3232 DistTC6 (metros) 406,0±58,4 411,7±39,3 0,8586 Observou-se haver diferença estatística significativa p<0,1275 para as variáveis medidas e previstas para CVL (figura 01). Outros estudos também evidenciam uma alteração na função pulmonar em uma população com fatores (hipertensão, diabetes) da síndrome metabólica. Portanto, essas variáveis ainda são alvo de constante investigação em pacientes com esses distúrbios metabólicos. Embora este estudo não tenha encontrado correlação significativa em relação ao TC6 e a FCrep pode-se considerar um viés do estudo tendo em vista que os mesmos não atingiram os valores preditivos de normalidade. Contudo, nota-se que a alteração mais relevante foi quanto à capacidade vital, não sendo encontrada alteração significativa quanto a capacidade física submáxima, podendo ser explicado devido a não prática regular semanal dos indivíduos participantes do projeto. 4. CONCLUSÃO De acordo com o encontrado na literatura, o exercício físico dinâmico, associado ao tratamento medicamentoso e alimentar, têm impacto positivo na qualidade de vida de portadores de síndrome metabólica, agindo diretamente nos fatores de risco, como obesidade, hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes. O presente estudo mostrou alteração significativa apenas na capacidade vital, o que não ocorreu nas outras variáveis. Palavras-chave: Síndrome Metabólica. Capacidade Funcional. Capacidade Vital. APOIO: Programa de Iniciação Científica Voluntária - ICV CPES/PROPESQ/UFPI 5. REFERÊNCIAS - BELTRÃO, F. L. L, PENA, P. G. Associação entre Síndrome Metabólica e Saúde no Trabalho. Rev Bras Med trab.2013;11(1):3-18. - BUFF, C. G., RAMOS, E., SOUZA, F. I. S, SARNI, R. O. S. Frequência de Síndrome Metabólica em crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade. Rev Paul Pediatr 2007;25(3):221-6. - CIOLAC, E. G.; GUIMARÃES, G. V. Exercício físico e Síndrome Metabólica. Rev Bras Med Esporte, vol. 10, nº 4 – jul/ago, 2004. - DIRETRIZES BRASILEIRAS DE OBESIDADE 2009/2010 / ABESO - Associação Brasileira para o estudo da obesidade e da Síndrome Metabólica. – 3ªed. – Itapevi – SP. Ac farmacêutica, 2009. - FERRARI, C. K. B. Atualização: fisiopatologia e clínica da Síndrome Metabólica. Arquivos Catarinenses de Medicina vol. 36, no. 4, de 2007. - MEO, S.A. et al. Assessment of respiratorycmuscles endurance in diabetic patients. Saudi medical journal, v. 27, n. 2, p. 223-226, 2006. - SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. I Diretriz Brasileira de diagnóstico e tratamento da Síndrome Metabólica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia – v. 84, abril 2005. - TENÓRIO, L. H. S.; SANTOS, A. C.; OLIVEIRA, A. S.; LIMA, A.M.J.; SANTOS, M. S. B. Obesidade e testes de função pulmonar em crianças e adolescentes: uma revisão sistemática. Rev Paul Pediatr 2012;30(3):423-30. - VECCHIO, F. B. D., GALLIANO1, L. M., COSWIG, V. S. Aplicações do exercício intermitente de alta intensidade na Síndrome Metabólica. Rev Bras Ativ Fis e Saúde. Pelotas/rs. 18(6):669-687, nov/2013.