1 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CÁTIA REINER DANIELS ANÁLISE DO CUSTO DE PRODUÇÃO, VOLUME E RESULTADO DE UMA INDÚSTRIA DE DOCES IJUÍ (RS) 2014 2 CÁTIA REINER DANIELS ANÁLISE DO CUSTO DE PRODUÇÃO, VOLUME E RESULTADO DE UMA INDÚSTRIA DE DOCES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Curso de Ciências Contábeis da UNIJUI, como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Ciências Contábeis. Profª. Orientadora: EUSÉLIA PAVEGLIO VIEIRA IJUÍ (RS), Julho/2014 3 RESUMO A contabilidade e gestão de custos está relacionada de acordo com os processos gerenciais da empresa, onde o maior problema encontrado é a falta de informações e administração dos custos na hora da formação do preço de venda, sendo que o objetivo geral é estruturar um sistema de custos para a empresária, onde ela possa fazer um levantamento dos custos de produção, da margem de lucro e da quantidade mínima de doces que deve ser produzida para cobrir os custos e as despesas. Diante do presente trabalho, aborda-se a uma pesquisa qualitativa, classificada pela natureza como aplicada, onde a coleta dos dados obteve-se diretamente com a empresária em uma entrevista e a parte teórica pesquisam-se em revisões bibliográficas, documentos e levantamento de dados. O presente trabalho demonstra que em alguns tipos de doces a empresária atinge uma margem positiva e em outros uma margem negativa, ou seja, uma falha no processo de produção e venda no momento de fazer o levantamento dos custo, e diante do resultado final, percebe-se a importância de se tomar decisões baseadas em informações precisas e confiáveis para que não ocorram falhas de informações que possam comprometer a estabilidade e o crescimento da empresa. O que se adquire de conhecimento com a pesquisa realizada é que, não importa o tamanho da empresa e a atividade realizada, o que vai fazer a empresa continuar com suas atividades é um bom gerenciamento na análise do custo, volume e resultado para então formar o preço de venda. 4 LISTA DAS SIGLAS E ABREVIATURAS CIF – Custo Indireto Fixo FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço INSS – Instituto Nacional do Seguro Nacional MOD – Mão de Obra Direta MOI – Mão de Obra Indireta PCP – Programação de Controle de Produção OP – Ordem de Produção PEC – Ponto de Equilíbrio Contábil PEE – Ponto de Equilíbrio Econômico PEF – Ponto de Equilíbrio Financeiro MC – Margem de Contribuição MSO – Margem de Segurança Operacional 5 LISTA DE QUADROS Quadro 01 - Base para cálculo do custo com pessoal...............................................................24 Quadro 02 - Número de horas que o trabalhador oferece à empresa........................................26 Quadro 03 - Custeamento por absorção x custeamento variável..............................................31 Quadro 04 - Ponto de Equilíbrio...............................................................................................36 Quadro 05 - Fluxograma do processo de produção dos doces simples....................................47 Quadro 06 - Fluxograma do processo de produção dos doces trufados...................................48 Quadro 07 - Fluxograma do processo de produção dos doces de fruta....................................49 Quadro 08 - Parâmetro das receitas..........................................................................................50 Quadro 09 - Doces simples – Material direto...........................................................................51 Quadro 10 - Doces trufados – Materiais diretos ......................................................................52 Quadro 11 - Doces trufados com frutas naturais – Materiais diretos........................................53 Quadro 12 - Tempo Disponível Produção ...............................................................................54 Quadro 13 - Tempo total em horas trabalhadas no mês ...........................................................55 Quadro 14 – Ociosidade............................................................................................................55 Quadro 15 - MO Auxiliar..........................................................................................................55 Quadro 16 - Custos indiretos fixos...........................................................................................56 Quadro 17 - Custo fixo total em minutos no mês.....................................................................57 Quadro 18 - Custos indiretos variáveis.....................................................................................57 Quadro 19 - Rendimento por receitas.......................................................................................58 Quadro 20 - Custos com depreciação.......................................................................................59 Quadro 21 - Doces Simples (Custo Fixo e Custos Variáveis)..................................................59 Quadro 22 - Doces trufados (custo indireto fixo e variável).....................................................60 Quadro 23 - Doces de fruta (custo indireto fixos e variável)....................................................61 Quadro 24 - Custeio por absorção ............................................................................................62 Quadro 25 - Custeio variável....................................................................................................62 Quadro 26 - Mark-up................................................................................................................64 Quadro 27 – Formação do preço de venda orientativo com margem de 20%, 30% e 35% .....65 Quadro 28 – Apuração do resultado preço de venda orientativo (20%) e preço de venda atual...........................................................................................................................................66 Quadro 29 - Apuração do resultado preço de venda orientativo (30%) e preço de venda atual...........................................................................................................................................68 6 Quadro 30 - Apuração do resultado preço de venda orientativo (35%) e preço de venda atual...........................................................................................................................................70 Quadro 31 - Margem de contribuição unitária..........................................................................73 Quadro 32 – Margem de contribuição total .............................................................................76 Quadro 33 - Ponto de equilíbrio................................................................................................78 Quadro 34 - Margem de segurança operacional.......................................................................81 Quadro 35 – Rentabilidade.......................................................................................................83 7 LISTA DE FIGURAS/GRÁFICOS Gráfico 01 - Custeio absorção x custeio variável.....................................................................63 Gráfico 02 - Comparação entre preço de venda orientativo de 20%, 30%, 35% e preço de venda atual................................................................................................................................72 Gráfico 03 - Margem de contribuição unitária..........................................................................75 Gráfico 04 - Margem de contribuição total...............................................................................77 Gráfico 05 - Ponto de equilíbrio...............................................................................................80 Gráfico 06 - Margem de segurança operacional.......................................................................82 Gráfico 07 – Rentabilidade.......................................................................................................85 8 SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................................................. 3 LISTA DAS SIGLAS E ABREVIATURAS ........................................................................................... 4 LISTA DE QUADROS ............................................................................................................................ 5 LISTA DE FIGURAS/GRÁFICOS ......................................................................................................... 7 SUMÁRIO ............................................................................................................................................... 8 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 11 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ........................................................................................... 13 1.1 ÁREA DO CONHECIMENTO CONTEMPLADA ........................................................................ 13 1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ................................................................................ 13 1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA ............................................................................................... 14 1.4 OBJETIVOS .................................................................................................................................... 15 1.4.1 Objetivo geral................................................................................................................................ 15 1.4.2 Objetivos específicos .................................................................................................................... 15 1.5 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................ 15 2 REVISÃO TEÓRICA ......................................................................................................................... 17 2.1 CONTABILIDADE ......................................................................................................................... 17 2.1.1 Objetivo, objeto, finalidade e aplicação da contabilidade ............................................................. 18 2.2 CONTABILIDADE DE CUSTO..................................................................................................... 18 2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS ................................................................................................. 20 2.3.1 Quanto ao grau de identificação.................................................................................................... 20 2.3.2 Quanto ao grau de variabilidade ................................................................................................... 21 2.4 CUSTOS COM MÃO DE OBRA ................................................................................................... 22 2.4.1 Custos com mão de obra direta ..................................................................................................... 23 2.4.2 Custos com mão de obra indireta .................................................................................................. 23 2.4.3 Encargos sociais, trabalhistas e custos com pessoal ..................................................................... 24 2.4.4 Tempo disponível de produção ..................................................................................................... 25 2.4.5 Tempo não disponível de produção .............................................................................................. 26 2.6 CUSTOS COM MATERIAIS DIRETOS – PMPM ........................................................................ 27 2.7 CUSTOS INDIRETOS DE PRODUÇÃO ....................................................................................... 28 2.7.1 Custos com depreciação ................................................................................................................ 28 2.8 SISTEMA DE CUSTEAMENTO POR ORDEM DE PRODUÇÃO .............................................. 29 9 2.9 MÉTODOS DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO E VARIÁVEL ...................................................... 30 2.9 ANÁLISE DO CUSTO, VOLUME E RESULTADO .................................................................... 32 2.9.1 Formação do preço de venda ........................................................................................................ 32 2.9.2 Formação do mark-up ................................................................................................................... 33 2.9.3 Margem de contribuição ............................................................................................................... 34 2.9.4 Ponto de equilíbrio ........................................................................................................................ 35 2.9.5 Margem de segurança operacional ................................................................................................ 37 2.10 GESTÃO DE CUSTOS – INFORMAÇÕES DE CUSTOS .......................................................... 38 3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................................... 40 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................................... 40 3.1.1 Quanto a natureza.......................................................................................................................... 40 3.1.2 Do ponto de vista dos seus objetivos ............................................................................................ 41 3.1.3 Quanto a abordagem do problema ................................................................................................ 41 3.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos .............................................................................................. 42 3.2 COLETA DE DADOS ..................................................................................................................... 43 3.2.1 Instrumentos da coleta de dados ................................................................................................... 43 3.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ............................................................................ 44 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................................................ 46 4.1 DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO ..................................................................... 46 4.1.1 Processo de produção dos doces simples ...................................................................................... 46 4.1.2 Processo de produção dos doces trufados ..................................................................................... 47 4.1.3 Processo de produção dos doces de fruta ...................................................................................... 48 4.2 LEVANTAMENTOS DE CUSTOS ................................................................................................ 49 4.2.1 Parâmetro das receitas ................................................................................................................... 49 4.2.2 Custo com material direto por receita ........................................................................................... 50 4.2.3 Custos com mão de obra ............................................................................................................... 54 4.2.4 Custos indiretos fixos e variáveis.................................................................................................. 56 4.2.5 Rendimento por receita ................................................................................................................. 58 4.2.6 Custos com depreciação ................................................................................................................ 58 4.2.7 Custos indiretos fixos e variáveis por unidade .............................................................................. 59 4.3 APURAÇÃO DO CUSTO TOTAL ................................................................................................. 61 4.3.1 Apuração do custo total dos produtos ........................................................................................... 61 4.4 ANÁLISE DO CUSTO, VOLUME E RESULTADO .................................................................... 64 4.4.1 Formação do preço de venda ........................................................................................................ 64 10 4.4.2 Apuração do resultado dos produtos em estudo ............................................................................ 66 4.4.2 Margem de Contribuição .............................................................................................................. 73 4.2.3 Ponto de equilíbrio ........................................................................................................................ 77 4.2.4 Margem de segurança operacional ................................................................................................ 80 4.2.5 Rentabilidade ................................................................................................................................ 83 4.5 INFORMAÇÕES DE CUSTOS ...................................................................................................... 85 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 87 REFERENCIAS ..................................................................................................................................... 89 11 INTRODUÇÃO A contabilidade de custos vem sendo uma área de grande atuação no mercado e indispensável, principalmente para os empreendedores que pretendem abrir um negócio que envolve a produção. Tem por finalidade, fornecer dados, transmitir aos seus usuários informações gerenciais como, formação de preços, apuração de margens, ponto de equilíbrio e outros. A importância da área de custos em uma empresa, é que, com um bom gerenciamento e um sistema implantado que seja alimentado com informações corretas, pode contribuir na geração de um bom resultado. Sendo que, para a determinação do preço de venda de um determinado produto, é necessário um rateio dos custos fixos, saber quais são os custos variáveis de cada produto, quais as despesas, e no final, aplicar a margem de lucro desejada. O objetivo desse estudo é realizar uma análise dos custos de produção, volume e resultado em uma indústria de doces, para saber qual é o total de gasto utilizado para a produção de cada unidade de docinho e no final, qual a margem de lucro que a empresária está obtendo. O presente trabalho apresenta-se em quatro capítulos, onde fica dividido da seguinte forma: no primeiro capítulo é apresentado as características da pesquisa quanto a contextualização do estudo, a área de conhecimento contemplada, caracterização da organização, problematização do tema, os objetivos e a justificativa. No segundo capítulo aborda-se a revisão teórica, onde cada assunto contextualiza-se com base em autores, envolvendo os principais conceitos de contabilidade, os tipos de custos, métodos de custeio, formação de preços e análise dos resultados. Já no terceiro capítulo, apresenta-se a parte da metodologia da pesquisa, onde abordase os assuntos direcionados aos dados obtidos da pesquisa, sua classificação quanto à natureza, o ponto de vista dos seus objetivos, a abordagem do problema, os procedimentos técnicos, plano de coleta de dados e assim por diante, ou seja, são relacionados os assuntos diretamente ligados à formação da pesquisa. No quarto capítulo apresenta-se o estudo aplicado, todas as informações que foram levantadas durante a pesquisa, agora estão demonstradas em quadros, cálculos, gráficos, ou seja, toda a preparação da produção desde o inicio das receitas e em seguida os cálculos do custo com matéria prima, com pessoal, com mão de obra, os custos fixos e variáveis, a depreciação, custo total pelo método de custeio por absorção e variável, formação do preço de venda, margem de contribuição, ponto de equilíbrio e margem de segurança operacional. 12 Para finalizar a apresentação deste relatório de pesquisa, apresenta-se as considerações finais e as referências, que foram utilizadas para a realização desse trabalho e algumas recomendações para que a empresária possa se aperfeiçoar e se desenvolver mais, crescendo e competindo no mercado, utilizando as informações geradas pelo sistema de custos proposto. 13 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO A contabilidade de custos é a base para qualquer empreendimento no setor industrial e comercial, auxiliando no desempenho, planejamento, controle e na tomada de decisões. Neste estudo visa contribuir para que a empresária tenha a possibilidade de analisar os custos de produção dos diferentes produtos elaborados na sua empresa e saber determinar qual é a melhor combinação de produção e vendas que potencializa o resultado. Neste primeiro capítulo, apresenta-se a área de conhecimento contemplada, a caracterização do empreendimento, a problemática do estudo, os objetivos e a justificativa. 1.1 ÁREA DO CONHECIMENTO CONTEMPLADA A contabilidade é uma Ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades em geral, sendo uma área que se desdobra em várias ramificações e possibilidades de atuação, entre elas, a contabilidade de custos, contabilidade gerencial, auditoria contábil, análise de balanços, contabilidade financeira, entre outras. Neste sentido, o estudo aborda a Contabilidade e a gestão de Custos, a fim de avaliar a relação do custo, volume e do resultado de uma indústria de doces, auxiliando a tomada de decisões em relação à análise dos custos e da rentabilidade do negócio. 1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO Os estudos realizam-se em uma produção industrial de pequeno porte, localizado na cidade de Ijuí/RS, voltado para o setor de produção de doces caseiros para a comercialização, enquadrada na tributação do Simples Nacional. A sócia e proprietária Alice, iniciou com a produção no ano de 2008, quando assistiu ao programa “Pequenas Empresas & Grandes Negócios”, motivando-a a investir na fabricação de doces. A produção é feita por Alice que é a empresária e possui ainda a funcionária Laura, que faz serviços gerais e a Marcia que auxilia na produção dos doces, sendo que se trata de um pequeno negócio de produção caseira, doces feitos por encomenda com data de entrega marcada. Atualmente a empresa esta localizada em um espaço adaptado na casa da sócia, onde contém todos os materiais e equipamentos necessários para a realização e produção dos doces. 14 Seus fornecedores são estabelecimentos bem localizados assim como, padarias, lojas de conveniências e restaurantes e trabalham-se também com encomendas para datas comemorativas, assim como festas de formaturas, casamentos, aniversários e eventos como finais de ano, páscoa, dia dos namorados e dia das mães. Seu faturamento fica em torno de R$ 45.000,00 anual, se encaixando como empreendedora individual. 1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA A Contabilidade de custos voltada a produção, assim como a contabilidade financeira, a cada dia que passa esta exigindo maior controle, porque o mercado está cada vez mais competitivo e dinâmico. Sendo assim, o gerenciamento se torna indispensável. No entanto, os empreendedores antes de determinar o preço de venda de qualquer que seja o seu produto, necessitam realizar um estudo e fazer um levantamento geral de todos os gastos e despesas que geram até o produto ficar acabado, pronto para a comercialização. Assim sendo, a Contabilidade e a gestão de custos proporcionam influencias referente à análise dos processos e tomada de decisões. Por outro lado o gestor que não fizer um levantamento dos custos de seus produtos tem dificuldade em manter um controle e de se basear em um resultado confiável de seu investimento no final do período. Neste contexto, Martins (2010, p.22) relata que “O conhecimento dos custos é vital para saber se, dado o preço, o produto é rentável; ou, se não rentável, se é possível reduzi-los (os custos)”. Assim, a contabilidade de custos tem o objetivo de apurar, controlar e analisar o custo dos produtos, a gestão de custos esta mais focada na analise da composição desse custo, do volume de produção e dos resultados obtidos por meio das diferentes estratégias utilizadas. Baseado na importância que a contabilidade e gestão de custos proporcionam a uma empresa, verifica-se que atualmente, um dos principais problemas que a empresária vem enfrentando consiste em saber quais são os custos de produção dos seus diferentes produtos, em função do tempo dispensado na produção de cada um e do constante reajustes dos materiais diretos, e isso interfere na formação do custo e conseqüentemente do preço de venda, tendo impactos diretos na composição e na análise dos resultados. A empresa objeto do estudo não possui nenhum tipo de sistema que apure os custos de produção e, devido ao crescimento da demanda dos produtos elaborados, a contabilidade e a gestão de custos passaram a ser uma necessidade para auxiliar na análise do desempenho gerencial e instrumentalizar a empresária na gestão de seu negócio. 15 Baseado no que foi relatado, a questão principal do estudo é: Qual a contribuição que a aplicação de um sistema de custos e analise dos resultados pode proporcionar na geração de informações que instrumentalize a gestão da empresa? 1.4 OBJETIVOS A partir do tema e do problema de estudo proposto, apresentam-se a seguir o objetivo geral e os objetivos específicos. 1.4.1 Objetivo geral Estruturar um sistema de custos na produção de doces, que proporcione informações referentes à relação custo, volume e resultado, subsidiando a gestão diante da tomada de decisão. 1.4.2 Objetivos específicos Fundamentar teoricamente a Contabilidade de Custos, métodos e sistema de custeio, análise do custo, volume e resultado; Fazer um levantamento dos custos de produção dos doces; Estruturar um sistema de custos para esta atividade; Calcular preços de venda e comparar com o preço atual; Analisar a relação do custo, volume e resultado; Levantar as informações que suporte a gestão da indústria dos doces. 1.5 JUSTIFICATIVA A contabilidade de custo, tema escolhido para a realização desse estudo, nos fornece um amplo conhecimento e controle sobre a produção, desperdício, tomada de decisão, formação de preço e demais fatores que impactam na lucratividade. A importância dessa empresa em ter um controle dos custos é gerar informações úteis para a administração da produção, planejamento e auxílio nas funções gerenciais e conforme Bruni, Famá (2004, p.24) “o nascimento da contabilidade de custos decorreu da necessidade 16 de maiores e mais precisas informações, que permitissem uma tomada de decisão correta após o advento da Revolução Industrial”. Além disso, para a Ciência Contábil, o desenvolvimento desse estudo é uma ferramenta necessária para auxiliar a empreendedora da organização, tendo como objetivo, a formação e fixação do preço de venda de cada produto. E para a administração, pode ajudar na tomada de decisão, buscando um resultado satisfatório para a empreendedora. Busca-se com esse trabalho, ter uma visão mais segura e mais apurada para a empreendedora e é importante destacar que em todo o processo de produção, é necessário um bom gerenciamento na área contábil, para que no final de cada mês, não venha a ocorrer perdas e prejuízos. 17 2 REVISÃO TEÓRICA Neste capítulo, realizam-se um estudo baseado em pesquisas, em livros, sites, artigos, com o objetivo de destacar vários conceitos de diferentes autores, para fundamentar e aperfeiçoar os conhecimentos referentes ao tema escolhido, sendo muito importante este embasamento para o desenvolvimento do estudo aplicado. 2.1 CONTABILIDADE A contabilidade surgiu devido à necessidade de registrar e controlar o patrimônio das organizações. Se tratando de uma Ciência Social, ela busca classificar, demonstrar, analisar e interpretar todos os fenômenos que afetam as situações patrimoniais da entidade, apresentando as demonstrações contábeis aos usuários internos e externos. Segundo Marion (1998, p.24) “a contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa” e conforme Crepaldi (2002), o principal objetivo da contabilidade é avaliar estoques, apurar o resultado das indústrias, planejar e colocar em prática um sistema de informação para uma organização. A contabilidade é usada para registrar os custos de operação de um negócio. Ela se preocupa com o processo decisório, tomada de decisão, estuda e controla o patrimônio das entidades, apura resultados, fornece informações concretas aos seus usuários de acordo com suas necessidades e segundo Basso (2011, p.30) “a contabilidade só tem sentido quando gera informação relevante ao usuário”. Basso (2011, p.26) descreve que contabilidade: É a ciência que estuda, controla e observa o patrimônio das entidades nos seus aspectos quantitativo (monetário) e qualitativo (físico), e que, como conjunto de normas, preceitos, regras e padrões gerais, se constitui na técnica de coletar, catalogar e registrar informações de suas variações e situações, especialmente de natureza econômica e financeira. Diante dos conceitos relatados, pode se dizer que, a contabilidade é uma Ciência Social que estuda, analisa e controla o patrimônio de uma organização, com o objetivo de manter a sua continuidade e também fornecer informações para a tomada de decisões. 18 2.1.1 Objetivo, objeto, finalidade e aplicação da contabilidade Na sequência, apresenta-se o relato de alguns autores referentes ao objetivo, objeto, finalidade e aplicação da contabilidade. Ao se referir aos objetivos da contabilidade, pode se dizer que é o controle do patrimônio de uma entidade, com a finalidade de proporcionar registros, sistematização e informações para os diferentes usuários internos e externos. De acordo com Perez Jr, Oliveira, Costa (2001, p.29) o objetivo da contabilidade é “[...] gerar informações úteis à administração das empresas”. Conforme Basso (2011) a Contabilidade tem como objeto de estudo o patrimônio das entidades e seus fenômenos, emitindo relatórios qualitativos e quantitativos, registrando os atos e fatos de natureza econômico-financeira e produzindo informações sobre o patrimônio e suas variações. Barros (2005, p.17) relata que: Na prática, a aplicação da Contabilidade na empresa tem por finalidade fornecer aos usuários informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do patrimônio e suas mutações. Isso compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios. Assim sendo, os campos de atuação do profissional da contabilidade abrange a contabilidade gerencial, auditoria contábil, análise de balanços, contabilidade financeira, contabilidade industrial e de custos, que é o assunto deste estudo tratado a seguir. 2.2 CONTABILIDADE DE CUSTO Pode-se dizer que, custo antes de tudo é um investimento que é consumido no processo de produção. Segundo Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.16) “[...] custo significa o valor monetário de recursos utilizados no processo de obtenção ou de elaboração de determinado bem ou serviço”. Hoog (2013, p.39) relata que a contabilidade de custo: [...] é o tipo de contabilidade que estuda e interpreta os atos e fatos ligados aos custos, ou seja, de serviços, produtos industrializados ou comercializados envolvendo também estudos sobre os investimentos feitos para que se consiga produzir ou adquirir um bem ou serviço com destino de venda. 19 A área de custos está envolvida em muitas decisões gerenciais. Segundo Perez Jr, Oliveira, Costa (2001, p.32) “Com o atual dinamismo da economia, os administradores necessitam de informações confiáveis e rápidas, que lhes possibilitem a tomada de decisão para o alcance e a superação de metas de resultados”. O que se espera da contabilidade, é que juntamente com o setor administrativo, possa ser realizadas pesquisas de aperfeiçoamentos em busca de melhores resultados e redução dos custos. Conforme Ferreira (2007, p.56): Na determinação dos custos, pretende-se atingir, basicamente, três objetivos: 1) definir preços de venda; 2) fornecer elementos para a apuração dos estoques; e 3) disponibilizar informação para a gestão. Outro aspecto importante associado ao cálculo dos custos corresponde à identificação e concretização de medidas que permitam reduzi-los. Para conceituar a contabilidade de custos, buscou-se alguns conceitos na literatura, conforme Nascimento (2001, p.25) “custo é o somatório dos bens e serviços consumidos ou utilizados na produção de novos bens ou serviços, traduzidos em unidades monetárias”. Crepaldi (2002, p.14) conceitua custos da seguinte forma: A Contabilidade de Custo auxilia na determinação dos custos dos fatores, dos custos dos fatores de produção, dos custos de determinado setor da empresa; no controle e observação dos desperdícios, horas ociosas de trabalho, equipamentos mal utilizados; na quantificação exata da matéria-prima utilizada, entre outros. Segundo Bruni, Famá (2004, p.24) relata que: [...] com informações coletadas das operações e das vendas, a administração pode empregar os dados contábeis e financeiros para estabelecer os custos de produção e distribuição, unitários ou totais, para um ou para todos os produtos fabricados ou serviços prestados, além dos custos das outras diversas funções, objetivando alcançar uma operação racional, eficiente e lucrativa. Com base em Martins (2010) e Wernke (2001), pode-se considerar que os custos são gastos dentro do processo de produção de um determinado produto. Podendo ser um custo direto ou um custo indireto, dependendo dos fatores de produção, se for um bem ou uma prestação de serviço. Segundo Fistarol, Bussmann, Vieira (2009, p.28) descrevem que: Para que uma Contabilidade de Custos seja bem estruturada é preciso que o contador de custos realize um processo de acompanhamento do processo produtivo, analise os 20 pontos críticos, medindo tempos de produção, visualizando possíveis gargalos, apontando soluções, pois as decisões tomadas hoje poderão comprometer resultados futuros. Na sequência, apresenta-se a classificação dos custos quanto ao grau de variabilidade ou de identificação. 2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS Quanto à classificação dos custos, eles podem ser classificados como diretos, indiretos, fixos ou variáveis. Essa classificação varia conforme as informações dos pontos de referencias. 2.3.1 Quanto ao grau de identificação No que se refere ao grau de identificação, os custos podem ser classificados como diretos ou indiretos. Os custos diretos são aqueles que podem ser apropriados diretamente ao produto e variam conforme a quantidade produzida. Segundo Nascimento (2001, p.28) relata que “custo direto é o que incide diretamente sobre a produção ou a venda de um bem ou serviço”. Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.26) dizem que “[...] estes custos podem ser apropriados de maneira objetiva aos produtos elaborados, porque há uma forma de medição clara de seu consumo durante a fabricação”. Segundo Perez Jr, Oliveira, Costa (2001, p.23) acrescentam ainda dizendo que “[...] os custos podem ser quantificados e identificados no produto ou serviço e valorizados com relativa facilidade. Dessa forma, não necessitam de critérios de rateios para serem alocados aos produtos fabricados ou serviços prestados, já que são facilmente identificados”. Os custos indiretos são aqueles que não podem ser identificados com facilidade ao produto, dependem de cálculos de rateio. Segundo Ferreira, (2007, p.51) “[...] são gastos que contribuem para a produção cuja imputação aos produtos não é feita diretamente” e para Bomfim, Passarelli (2006, p.54) esses custos “[...] são aqueles incorridos dentro do processo de produção, mas que, para serem apropriados aos produtos, obrigam ao uso de rateios”. Todos os Custos Indiretos só podem ser apropriados, por sua própria definição, de forma indireta aos produtos, isto é, mediante estimativas, critérios de rateio, previsão de comportamento de custos etc. todas essas formas de distribuição contêm, em 21 menor ou maior grau, certo subjetivismo; portanto, a arbitrariedade sempre vai existir nessas alocações, sendo que às vezes ela existirá em nível bastante aceitável, e em outras oportunidades só a aceitamos por não haver alternativas melhores, (MARTINS, 2010, p.79). Para Leone (2008, p.183): Os custos indiretos constituem o consumo dos fatores de produção que não são identificados aos produtos porque não são relevantes, porque o processo de identificação é dispendioso e porque a relação custo-benefício não é favorável ao trabalho de identificação. Nascimento (2001, p.28) completa dizendo que o custo indireto “[...] embora não incida diretamente sobre a produção ou a venda, é parte integrante como resultante da participação das atividades de apoio ou auxiliar ao processo de transformação, produção e comercialização de um bem ou serviço”. Sendo assim, para identificar os custos indiretos, é necessário fazer rateio sobre os produtos elaborados e esses custos ocorrem dentro de um determinado período de produção. 2.3.2 Quanto ao grau de variabilidade No que se refere à classificação dos custos quanto ao grau de variabilidade, estes podem ser classificados como custos fixos ou variáveis. Os custos fixos são aqueles que não variam conforme a quantidade produzida em um determinado período. Para Wernke (2001, p.14): Custos fixos são aqueles que tendem a se manter constantes nas alterações de atividades operacionais, independentemente do volume de produção. São os custos que tem seu montante fixado não em função de oscilações na atividade, ou seja, sem vinculo com o aumento ou diminuição da produção. Assim, esses custos permanecem no mesmo valor independentemente da quantidade produzida. Padoveze (2010, p.336) completa dizendo que: Apesar de serem conceitualmente fixos, tais custos podem aumentar ou diminuir em função da capacidade ou do intervalo de produção. Assim, os custos são fixos dentro de um intervalo relevante de produção ou venda, e podem variar se os aumentos ou diminuições de volume forem significativos. 22 Segundo, Silva, Lins (2010, p.13) “[...] é possível depreender que o custo unitário depende diretamente do valor do custo fixo e principalmente do volume produzido. Quanto maior for a produção, menor será o peso dos custos fixos em cada unidade produzida”. Diante disso, esses custos fixos são aqueles que ocorrem dentro da empresa, independentemente se houver produção ou não e mesmo se tratando de custos fixos, pode ocorrer uma variação em relação ao preço ou alguma mudança de tecnologia da empresa. Conforme Crepaldi (2002, p.218) “custo variável é aquele que varia em função da quantidade produzida. Assim, quanto maior a quantidade produzida, maior o custo variável total”. Para Perez Jr, Oliveira, Costa (2001, p.22) “são os custos que mantêm relação direta com o volume de produção ou serviço. Dessa maneira, o valor absoluto dos custos variáveis cresce à medida que o volume de atividades da empresa aumenta”. Segundo Padoveze (2010, p.337) “um custo é variável se ele realmente acompanha a proporção da atividade com que ele é relacionado”. Conforme os autores Martins (2010) e Wernke (2001), o custo variável tem um grau de variação em relação à quantidade produzida, ou seja, não varia em função do seu volume, sendo que esse custo acompanha a proporção da atividade com que ele é relacionado. Sendo assim, qualquer variação que ocorra em relação à quantidade produzida, irá alterar os custos variáveis na mesma proporção. 2.4 CUSTOS COM MÃO DE OBRA Os Custos com Mão de Obra são aqueles que correspondem aos salários e encargos com funcionários que trabalham no setor produtivo em uma determinada empresa, relacionados à produção ou prestação de serviços. Para diferenciar o custo com mão de obra direta e indireta, segundo Crepaldi (2002, p.18) relata que “[...] sempre que for possível medir a quantidade de mão-de-obra aplicada a determinado produto, é mão-de-obra direta; caso contrário, havendo necessidade de rateio, é mão-de-obra indireta”. Segundo Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.63) relata que: Os custos de mão de obra, tanto direta como indireta, são aqueles incorridos com os serviços prestados por pessoas com vinculo empregatício. O conceito prende-se ao pessoal empregado, com o qual a empresa assume diversos gastos. Alguns são decorrentes da legislação trabalhista e outros surgem de um potencial de benefícios. O custo com mão de obra, em termos genéricos, compreende a remuneração dos empregados, os encargos legais e benefícios. 23 A mão de obra pode ser classificada como sendo Mão de Obra Direta ou Mão de Obra Indireta, tratados na sequência. 2.4.1 Custos com mão de obra direta Custos com mão de obra direta são todos os custos que a empresa possui, constituída pelo conjunto de funcionários que nela trabalham. Segundo Vieira (2012, p.18) relata que “Mão de obra direta é aquela relativa ao pessoal que trabalha diretamente sobre o produto em elaboração, desde que seja possível a mensuração de quem executou o trabalho, sem necessidade de qualquer apropriação indireta ou rateio”. De acordo com Martins (2010, p.133): Mão de Obra Direta é aquela relativa ao pessoal que trabalha diretamente sobre o produto em elaboração, desde que seja possível a mensuração do tempo despedido e a identificação de quem executou o trabalho, sem necessidade de qualquer apropriação indireta ou rateio. Se houver qualquer tipo de alocação por meio de estimativas ou divisões proporcionais, desaparece a característica de “direta”. Conforme Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.66) “a MOD será aplicada ao produto de acordo com o tempo que cada unidade ou lote exigir. Portanto, é necessário que seja determinado quanto custa uma hora de MOD. O procedimento é calcular o custo-hora/ano e dividir o valor obtido pelo número de horas disponíveis”. 2.4.2 Custos com mão de obra indireta A mão de obra indireta é aquela que não está diretamente relacionada aos produtos fabricados ou com os serviços prestados, sendo assim, necessitam de critérios de rateio para a sua classificação. Segundo Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.66) “a mão de obra indireta (MOI) corresponde ao gasto com o pessoal que não participa ativamente do manuseio dos materiais. Representa os gastos com o pessoal de apoio e caracteriza-se pela participação auxiliar na produção”. 24 2.4.3 Encargos sociais, trabalhistas e custos com pessoal Os encargos sociais são gastos adicionais para a empresa, ou seja, além dos salários, são os incidentes sobre a folha de pagamento de salários e devem ser considerados como custos fixos. Para se calcular o custo de mão de obra de um empregado, Vieira (2012, p.19) relata que: Para calcular o custo da mão- de- obra direta é preciso calcular qual o valor a ser atribuído por hora de trabalho, baseado na legislação e no contrato de trabalho. São direitos do trabalhador: repouso semanal remunerado, férias, 13º salário, contribuições para o INSS, remuneração dos feriados, faltas abonadas, FGTS, e outros garantidos por acordos ou convenções coletivas de trabalho das diversas categorias profissionais. Segundo Martins (2001), citado por Vieira (2012, p.19), indica o quadro a seguir, para demonstrar como deve ser calculado o total do custo com mão de obra dos funcionários, sendo incluso todos os direitos e as obrigações dos mesmos. Quadro 1 - Base para cálculo do custo com pessoal DESCRIÇÃO Salário Base (+) Adicionais (+) Insalubridade ou Periculosidade SUB TOTAL (+) 13º salário (+) Férias (+) 1/3 s/ Férias SUB TOTAL (+) FGTS (+) INSS (+) Outros (+) Previsões TOTAL DE CUSTO COM MOD Fonte - Vieira (2012, p.19) VALORES De acordo com Martins (2010, p.135): [...] se optar então pela inclusão dos encargos sociais no próprio montante da Mão de Obra Direta, precisa-se calcular para cada empresa (ou para cada departamento, se houver variações significativas entre eles) qual o valor a ser atribuído por hora de trabalho. Sabemos que decorrem da legislação e do contrato de trabalho os repousos semanais remunerados, as férias, o 13º salário, a contribuição ao INSS, a remuneração dos feriados, as faltas abonadas por fala, nojo, etc., além de vários outros direitos garantidos por acordos ou convenções coletivas de trabalho das diversas categorias profissionais. 25 Em relação aos custos com pessoal, pode-se dividir eles em três grupos de elementos, segundo Bertó, Beulke (2005, p.74) descreve eles como: Remunerações brutas. Consistem no total de remunerações a que um funcionário tem direito num período de tempo, incluindo as remunerações normais, as horas extras, o adicional noturno, o adicional de insalubridade etc. deve ser considerado o total bruto, pois, na parte de retenção do INSS do empregado – que lhe é descontado da remuneração -, a empresa exerce papel de mero repassador de recursos. Encargos legais trabalhistas. Além da remuneração ao funcionário, a empresa é responsável por uma série de encargos legais trabalhistas sobre essas remunerações. Entre esses encargos, destacam-se férias, 13º salário, auxílio-doença, contribuição previdenciária e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, entre outros de menor expressão. Dependendo do tipo de empresa e da forma de cálculo do encargo trabalhista (tratando dado, por exemplo, ao repouso remunerado), esses encargos podem representar de 60% a 90% das remunerações. Benefícios sociais. Constituem uma série de benefícios adicionais que as empresas foram concedendo gradativamente: vale-transporte, vale-refeição, creches, assistência médico-hospitalar etc. Sendo assim, custos com pessoal e com encargos sociais são altos dentro de uma empresa, o governo fica praticamente com a mesma quantia do salário do empregado, somando todos os impostos e taxas, sendo algumas dessas despesas, descontadas do empregado e as demais são despesas para a empresa. 2.4.4 Tempo disponível de produção O tempo disponível de produção dos funcionários é calculado de acordo com as horas trabalhadas e acordadas no contrato de trabalho, ou seja, se o funcionário é contratado para trabalhar 220 horas mensais, sendo então 44 horas semanal, durante esse período o funcionário estará contando horas disponíveis de produção, sendo que, todo o colaborador tem direito dentro dessas horas de trabalho de tirar no mínimo 15 minutos de descanso, seja para um lanche rápido, para fazer as necessidades particulares. Segundo Martins (2010, p.135) “a maneira mais fácil de calcular esse valor é verificar o gasto que cabe à empresa por ano e dividi-lo pelo número de horas em que o empregado efetivamente se encontra à sua disposição”. O autor ainda demonstra no quadro a seguir, a maneira como se calcula o tempo total disponível das horas dos funcionários a disposição da empresa. 26 Quadro 2 - Número de horas que o trabalhador oferece à empresa Nº total de dias por ano (-) Repousos semanais remunerados (*) (-) Férias (-) Feriados (=) Nº máximo de dias à disposição do empregador (x) Jornada máxima diária (em horas) (=) Nº máximo de horas à disposição por ano ou mês Fonte - Martins (2010, p.135) Sendo assim, as horas trabalhadas são determinadas com base no que foi acordado no contrato de trabalho, baseado na legislação trabalhista e assinado pelo empregado e pelo empregador, devendo ser comprida rigidamente pelas duas partes. 2.4.5 Tempo não disponível de produção Em qualquer que seja o horário de expediente de cada funcionário, sempre terá um tempo onde não ocorre produção e esse tempo se chama de tempo ocioso para a empresa, ou seja, o funcionário está em seu intervalo e mesmo assim, continua recebendo. Segundo Martins (2010, p.140) define que: Caso a ociosidade seja normal e o operário esteja sendo mantido parado, o mais comum é a acumulação desse tempo como Tempo Improdutivo dentro dos Custos Indiretos para rateio à produção geral. Quando houver paradas apenas em determinadas épocas do ano, deverá a empresa utilizar um sistema de provisionamento para rateio desses Custos Indiretos a todos os produtos feitos no ano, e não somente aos elaborados no mês ou nos poucos meses em que houve o tempo não utilizado da Mão de Obra Direta. (“Tempo Não Produtivo” ou “Improdutivo” não são boas expressões, pois não significam tempo necessariamente parado, podendo dizer respeito a tempo utilizado em outras funções que não a Mão de Obra Direta). A capacidade ociosa representa o tempo em que a empresa esteve parada, sendo que ela poderia estar produzindo, para atingir sua capacidade de produção. A ociosidade mesmo sendo considerada normal, ela deve estar sempre relacionada ao produto que está sendo produzido, ou seja, quando esse tempo for realmente necessário para dar continuidade à produção, esse custo será apropriado diretamente ao produto e caso esse tempo fugir da rotina normal da empresa, o custo deve ser lançado no período, diretamente como uma despesa, alterando o resultado. 27 2.6 CUSTOS COM MATERIAIS DIRETOS – PMPM Para controlar o estoque, existem três métodos de avaliação: preço-médio, PEPS, UEPS. Quando utilizado o PEPS (primeiro que entra e primeiro que sai), segundo Martins (2010, p.120) relata que: Com o uso desse método, há uma tendência de o produto ficar avaliado por custo menor do que quando do custo médio, tendo-se em vista a situação normal de preços crescentes. Ao se utilizar o PEPS, acaba-se por apropriar ao produto, via de regra, o menor valor existente do material nos estoques. Essa sub-avaliação do custo do produto elaborado acaba por apropriar um resultado contábil maior para o exercício em que for vendido. É lógico que o material estocado, avaliado por preços maiores, será apropriado no futuro à produção, mas é provável que então o preço de venda também seja maior. Em relação ao controle pelo UEPS (ultimo que entra, primeiro que sai), Crepaldi (2002, p.53) conceitua que “esse método indica que as saídas deverão ser custeadas ao valor das últimas entradas”. Conforme Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.55), relata que: É um método no qual serão utilizadas, em primeiro lugar, as unidades mais recentes presentes no estoque. Nele, as saídas do material do almoxarifado para a produção serão avaliadas pelo custo das últimas aquisições, e o estoque final será considerado pelo custo das compras mais antigas. Martins (2010, p.120) descreve sobre o UEPS que: Com a adoção do UEPS, há tendência de se apropriar custos mais recentes aos produtos feitos, o que provoca normalmente redução do lucro contábil. Provavelmente por essa razão, esse critério não é aceito pelo Pronunciamento Técnico CPC 16 nem é admitido pela legislação brasileira do Imposto de Renda. Segundo Martins (2010, p.118) “preço médio ponderado móvel: é assim chamado aquele mantido por empresa com controle constante de seus estoques e que por isso atualiza seu preço médio após cada aquisição”. Martins (2010), Ferreira (2007) relatam que o método mais utilizado e recomendado é o Preço Médio, pois a cada nova compra para o estoque, é feito uma média dos gastos e custos, chegando então ao custo da matéria prima consumida. O cálculo que deve ser feito para encontrar o Preço Médio, conforme Martins (2010) relata que o cálculo é básico, apenas soma-se a cada aquisição o valor dos estoques e depois é 28 só dividir o valor total dessa soma pela quantidade de unidades existentes (as anteriores com as novas), obtendo-se assim o novo preço médio. Sendo assim, nesse presente trabalho é utilizado o Preço Médio Ponderável Móvel, pois não tem estoque e como tudo é feito por encomendas, a cada nova compra, será recalculado novamente o custo da matéria prima. 2.7 CUSTOS INDIRETOS DE PRODUÇÃO Caso houver a apropriação inadequada dos custos indiretos de fabricação, as vendas podem ser prejudicadas e até mesmo diminuir a participação de seus produtos no mercado. Segundo Bruni (2008, p.163) relata que: Os custos indiretos de fabricação ou, simplesmente CIFs, correspondem ao terceiro grande grupo de componentes dos custos contábeis. Representam os gastos identificados com a função de produção ou elaboração do serviço a ser comercializado e que, como o próprio nome já revela, não podem ser associados diretamente a um produto ou serviço específico. De acordo com Ferreira (2007, p.63): A contabilização dos custos indiretos de fabricação é um dos instrumentos gerenciais fundamentais em uma empresa industrial que fabrique dois ou mais produtos. Esse instrumento serve para apropriar corretamente os custos aos diversos produtos, bem como para avaliar a manutenção de sua viabilidade financeira. Com isso, o custo de produção retrata a apropriação de seus elementos diretos e indiretos, em que os primeiros ocorrem quando se tem condição de definir quantitativamente o que for empregado na sua fabricação. Pelo processo indireto tal definição torna-se difícil. Sendo assim, pode-se dizer que todos os custos que não podem ser alocados de forma direta, são classificados como custos indiretos de produção. 2.7.1 Custos com depreciação A depreciação é a diminuição do seu valor do ativo imobilizado, conforme seu tempo de vida útil. Sendo um custo fixo para a empresa. Segundo Santos (2003, p.11) a depreciação “pode ser conceituada como o modo pelo qual se registra, contabilmente, a diminuição do valor de bens do ativo imobilizado resultante do desgaste pelo uso, pela ação da natureza, perecimento ou pela obsolência normal”. 29 A forma com que ocorre a depreciação deve ser compatível com a vida útil do ativo. Conforme a NBC T 16.9 (CFC, 2013, p.4) temos três formas de depreciar os bens, sendo eles: a) O método linear; b) O método dos saldos decrescentes; c) O método das unidades produzidas. Diante disso, para a Indústria de doces será utilizado a depreciação linear. De acordo com Stickney, Weil (2001, p.397) “[...] a depreciação anual é dada pela divisão do custo de aquisição do ativo, menos o valor residual estimado, pela vida útil econômica do ativo, expressa em anos”. Portanto, no estudo realizam-se o método de depreciação linear ou cotas constantes, sendo que é um dos métodos mais utilizados pelas empresas, por sua facilidade de cálculo e por ser permitido pela legislação fiscal. 2.8 SISTEMA DE CUSTEAMENTO POR ORDEM DE PRODUÇÃO O Sistema de Custeamento pode ser por ordem de produção por encomenda, ordem de produção por processo e ordem de produção conjunta. O Custeamento por produção contínua ou por processo, segundo Martins (2010, p.153) relata que “[...] os gastos da produção são acumulados por período para apropriação às unidades feitas”. No processo de custeamento conjunto é quando se utiliza a mesma matéria prima para produzir vários produtos, conforme Martins (2010, p.162) “[...] é o aparecimento de diversos produtos a partir, normalmente, da mesma matéria-prima [...]”. O Foco desse trabalho será voltado para o sistema de custeio por encomenda ou por ordem de produção, que é quando a indústria se programa para a produção de uma quantidade x do produto e seus custos ficam distribuídos diante dessa quantidade. De acordo com Silva, Lins (2010, p.79): O sistema de ordem de produção (OP) caracteriza-se por apresentar custos específicos e devidamente identificados para cada unidade produzida e não um custo médio, como acontece de maneira geral com o sistema de produção contínua. Conforme mesmo autor, [...] não se pode falar em custo médio, uma vez que todos os custos são identificados especificamente a cada objetivo de custos. 30 Segundo Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.109) relata que: Neste sistema, cada produto é elaborado sob as especificações dos clientes, o que torna cada ordem de produção ou lote diferente dos demais. Na área de serviços isto é típico, pois cada um deles será realizado de acordo com as necessidades do cliente. Pense-se, como exemplo, nos serviços médicos, ou nos serviços de reparos em veículos. Para cada encomenda recebida dos clientes, abrir-se-á uma ordem de produção (ou de serviço), em que cada elemento do custo é acumulado separadamente, segundo as necessidades do produto, ou especificações do encomendante, ou, ainda, sob as instruções específicas de produção ditadas pelo Departamento de Programação e Controle de Produção (PCP). Conforme Leone (2008, p.235) relata que “o Sistema de Custeamento por Ordem de Produção é o sistema de custos que acumula e registra dados de operações das fabricas que trabalham sob o regime de encomenda”. Diante disso, o sistema de custeio por ordem de produção, exige interesse não apenas na determinação do custo e sim no controle da produção. 2.9 MÉTODOS DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO E VARIÁVEL Os métodos de custeio são utilizados para identificar o custo unitário dos produtos e serviços de uma empresa e demonstrar como se chega a determinado resultado. O Método por Absorção, Segundo Padoveze (2010, p.341) “é o método tradicional de custeamento, onde, para se obter o custo dos produtos, consideram-se todos os gastos industriais, diretos ou indiretos, fixos ou variáveis”. Conforme Crepaldi (2002, p.220) relata que: [...] todos os custos de produção são apropriados aos produtos do período. Os custos de produção podem ser apropriados diretamente, como é o caso do material direto e mão-de-obra direta, ou indiretamente, como é o caso dos custos indiretos de fabricação. Os gastos que não pertencem ao processo produtivo, como as despesas, são excluídos. O Custo Variável, Segundo Crepaldi (2002, p.218) “custo variável é aquele que varia em função da quantidade produzida. Assim, quanto maior a quantidade produzida, maior o custo variável total”. Conforme Ferreira (2007, p.167) “no custeio variável, só os custos variáveis são tidos como custos do produto, sendo custos do período todos os custos fixos. Apenas são custos do produto aqueles que variam conforme o nível da produção”. 31 Bruni (2008) ainda relata que o custeio variável tem grande importância para a tomada de decisões em relação aos custos e preços e Ferreira (2007) completa dizendo que esse método tem sido um dos mais utilizados na tomada de decisões das empresas, justificando por ele ser mais simples e mais direto do que o sistema de custo por absorção. Diante disso, da se a entender que, são modelos que demonstram os acontecimentos que ocorrem dentro de uma empresa, referente ao seu lucro, gastos, despesas e as atividades desenvolvidas. De acordo com Leone (2008, p.406) entre o Custeamento por Absorção e Custeamento Variável, apresentam algumas diferenças fundamentais. Quadro 3 - Custeamento por absorção x custeamento variável Custeamento variável Classifica os custos em fixos e variáveis. Classifica os custos em diretos e indiretos. Debita ao segmento, cujo custo está sendo apurado, apenas os custos que são diretos ao segmento e variáveis em relação ao parâmetro escolhido como base. Os resultados apresentados sofrem influencia direta do volume de vendas. É um critério administrativo, gerencial, interno. Aparentemente sua filosofia básica contraria os preceitos geralmente aceitos de Contabilidade, principalmente os fundamentos do “regime de competência”. Apresenta a Contribuição Marginal – diferença entre as receitas e os custos diretos e variáveis do segmento estudado. O custeamento variável destina-se a auxiliar, sobretudo, a gerência no processo de planejamento e de tomada de decisões. Como o custeamento variável trata dos custos diretos e variáveis de determinado segmento, o controle da absorção dos custos da capacidade ociosa não é bem explorado. Custeamento por absorção Não há a preocupação por essa classificação. Também classifica os custos em diretos e indiretos. Debita ao segmento cujo custo está sendo apurado os seus custos diretos e também os custos indiretos através de uma taxa de absorção. Os resultados apresentados sofrem influência direta do volume de produção. É um critério legal, fiscal, externo. Aparentemente, sua filosofia básica alia-se aos preceitos contábeis geralmente aceitos, principalmente aos fundamentos do “regime de competência”. Apresenta a Margem operacional – diferença entre as receitas e os custos diretos e indiretos do segmento estudado. O custeamento por absorção destina-se a auxiliar a gerencia o processo de determinação da rentabilidade e de avaliação patrimonial. Como o custeamento por absorção trata dos custos diretos e indiretos de determinado segmento, sem cogitar de perquirir se os custos são variáveis ou fixos, apresenta melhor visão para o controle da absorção dos custos da capacidade ociosa, Fonte - Leone (2008, p. 406). Com base no quadro de Leone, os métodos de custeamento, tanto por absorção quanto variável, apresentam diferenças significativas em relação a sua classificação e os métodos de utilização da contabilidade gerencial e financeira é baseado e desenvolvido para os diferentes usuários das informações. 32 2.9 ANÁLISE DO CUSTO, VOLUME E RESULTADO A análise de custo, volume e lucro, proporciona realizar uma análise mais apurada dos resultados da empresa diante das vendas, dos custos, das atividades desenvolvidas e da margem de lucro desejada, auxiliando ainda na determinação das variações dos custos e receitas em relação à quantidade vendida. Conforme Crepaldi (2002, p.225) “a relação custo/ volume/lucro é a relação que o volume de vendas tem com os custos e lucros”. Conforme Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.177) definem que: A análise de custo-volume-lucro é um instrumento de planejamento que permite estudar e analisar a relação entre receitas totais, custos e despesas. Os custos e despesas serão decompostos em suas parcelas fixas e variáveis para que seja viável projetar o lucro operacional e possibilitar obter respostas às variações nos níveis de produção, vendas e nos preços. De acordo com Wernke (2001, p.43) aborda que: Custo, preço e volume são os fatores considerados no planejamento e na análise da variação do lucro. O preço de venda geralmente é de controle limitado, mas o custo e o volume possuem elementos mais controláveis. As decisões gerenciais requerem uma análise cuidadosa do comportamento de custos e lucros em função das expectativas do volume de vendas. Com base nos autores citados o custo/volume e resultado são fatores gerenciais e necessitam de uma análise aprofundada, pois os mesmos são fatores fundamentais para a obtenção de lucro de uma determinada empresa. 2.9.1 Formação do preço de venda Para formar o preço de venda de um determinado produto, antes é necessário conhecer o custo do produto e conforme Martins (2010) conhecer apenas o custo do produto não é o suficiente, é preciso fazer um levantamento de informações em relação ao preço da concorrência, a demanda desse produto no mercado, se tem produto que possa substituir e qual o preço desse produto substituível, a estratégia de marketing, etc. Para Vieira, Rossi, Pocai (2003, p.40): A formação do preço de venda de uma mercadoria deve ser bem estudada, pois várias questões deverão ser analisadas: o preço no mercado, as políticas de venda da empresa, os prazos de pagamentos, a existência de produtos similares no mercado, a qualidade dos produtos, as exigências governamentais e os custos, permitindo ainda, 33 um lucro para a empresa. Dessa forma, o empresário deve dar atenção especial à formação do preço de venda, pois este deve ser suficiente para cobrir os custos, as despesas e deixar sobras sob a forma de lucro, não esquecendo de adequar-se ao mercado. Segundo Padoveze (2010, p.426) “o pressuposto básico para tal técnica é que o mercado está disposto a absorver os preços de venda determinados pela empresa, que, por sua vez, são calculados em cima de seus custos reais ou orçados”. Para Wernke (2001, p.126): A correta formação de preços de venda é questão fundamental para sobrevivência e crescimento das empresas, independente do porte e de área de atuação [...]. Atualmente, a determinação do preço de venda está sendo cada vez mais influenciada por fatores de mercado e menos por fatores internos. Entretanto toda empresa deve saber o preço de venda orientativo, ou seja, o preço mínimo pelo qual deve vender seus produtos/mercadorias. Segundo Vieira (2012, p.27) “no tocante a relação existente entre o preço fixado e o volume obtido em termos de vendas efetivadas devemos ter sempre presente um princípio básico em preços que determina que": a) Quanto maior o preço de venda de um produto, menor o número de unidades a ser comprada; b) Quanto menor preço de venda de um produto, maior o número de unidades a ser comprada. De acordo com Martins (2010, p.218) “o importante é que o sistema de custos produza informações úteis e consistentes com a filosofia da empresa, particularmente com sua política de preços”. Finalizando então, para a obtenção da formação do preço de venda, primeiramente devemos começar analisando o mercado, a concorrência, definir as estratégias e manter visíveis os objetivos da organização. 2.9.2 Formação do mark-up Mark-up é um índice que é utilizado para a formação do preço de venda de um produto qualquer, ou seja, é feito um somatório do percentual dos impostos, despesas variáveis com vendas e margem de lucro desejada. 34 Segundo Wernke (2001, p.130): A taxa de marcação ou Mark-up é um índice aplicado sobre o custo de um bem ou serviço para a formação do preço de venda. Tem por finalidade cobrir os fatores, como tributação sobre as vendas (ICMS, IPI, PIS, Cofins ou Simples), percentuais incidentes sobre o preço de venda (comissões sobre vendas, franquias, comissão da administradora do cartão de credito etc.), despesas administrativas fixas, despesas de vendas fixas, custos indiretos de produção fixos e margem de lucro. Segundo Padoveze (2010, p.430): É importante ressaltar que, apesar de o mark-up ser um multiplicador aplicado sobre o custo dos produtos, sua construção está ligada a determinados percentuais sobre o preço de venda. Todos os componentes do Mark-up são determinados através de relações percentuais médias sobre preços de vendas e, a seguir, aplicados sobre o custo dos produtos. O Mark-up pode ser considerado como sendo um multiplicador ou divisor sobre os custos, para calcular o preço de venda de cada produto de forma rápida e independente de qual modo utilizar, o resultado final do preço de venda será o mesmo. 2.9.3 Margem de contribuição A margem de contribuição auxilia na tomada de decisões, conforme Wernke (2001, p.42) “[...] é o valor resultante da venda de uma unidade após deduzidos os custos e despesas variáveis associados ao produto comercializado. Tal valor contribuirá para pagar os custos fixos da empresa e gerar lucro”. Segundo Padoveze (2010, p.376): Representa o lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário do produto e os custos e despesas variáveis por unidade de produto. Significa que em cada unidade vendida a empresa lucrará determinado valor. Multiplicado pelo total vendido, teremos a contribuição marginal total do produto para a empresa. Para Leone (2008, p.40) “a margem de contribuição é a diferença entre o preço de venda unitário e o custo de vendas variável unitário. Denomina-se margem de contribuição porque é o valor que sobra do preço de venda, que contribui para a cobertura dos custos indiretos fixos, periódicos”. Conforme Crepaldi (2002, p.224) “a margem de contribuição representa o valor que cobrirá os Custos e Despesas fixos da empresa e proporcionará o lucro”. 35 Conforme Wernke (2001, p.46) apresenta as fórmulas a seguir: Fórmula Margem de Contribuição Unitária MCu = PV – CV - DV MCu = Margem de Contribuição Unitária PVu = Preço de Venda Unitário CVu = Custo Variável Unitário DVu = Despesas Variáveis Unitário Fórmula Margem de Contribuição Total MCt = MCu x Qtd Vendida MCt = Margem de Contribuição Total MCu = Margem de Contribuição Unitária Qtd Vendida = Quantidade total vendida Sendo assim, a margem de contribuição pode ser apresentada por três maneiras: margem de contribuição por unidade, margem de contribuição total e margem de contribuição por percentual. É um elemento útil para a tomada de decisões de curto prazo. 2.9.4 Ponto de equilíbrio O ponto de equilíbrio determina a quantidade que a empresa precisa produzir, para não gerar lucro e nem prejuízo. Conforme Crepaldi (2002, p.225) “a empresa está no ponto de equilíbrio quando ela não tem lucro ou prejuízo; nesse ponto, as receitas totais são iguais aos custos totais ou despesas totais”. Segundo Padoveze (2010, p.376) relata que o ponto de equilíbrio: Evidencia, em termos quantitativos, qual é o volume que a empresa precisa produzir ou vender, para que consiga pagar todos os custos e despesas fixas, além dos custos e despesas variáveis que ela tem necessariamente que incorrer para fabricar/vender o produto. No ponto de equilíbrio, não há lucro ou prejuízo. A partir de volumes adicionais de produção ou venda, a empresa passa a ter lucros. 36 De acordo com Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.179) “a partir do momento em que a empresa conhecer a composiçãode todos os seus gastos e a formação dos preços dos seus produtos, ela poderá saber qual a quantidade que deverá ser vendida de cada um deles para começar a obter lucro. Quadro 4 - Ponto de Equilíbrio $ Receita Total do Setor ou do Mercado $ Volume Receita Total de uma Empresa do Setor Volume Fonte - Martins (2010, p.257) De acordo com Silva, Lins (2010), Bruni (2008), Dubois, Kulpa, Souza (2009), relatam que, o ponto de equilíbrio é alcançado, quando uma determinada quantidade é vendida e essa receita cobre todos os custos e despesas e a partir do ponto de equilíbrio, o que for vendido gera lucro. O ponto de equilíbrio pode ser classificado em três tipos: ponto de equilíbrio contábil, ponto de equilíbrio econômico e ponto de equilíbrio financeiro. Segundo Crepaldi (2002, p.229-230) define os três pontos de equilíbrio da seguinte maneira: O Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC) é obtido quando há volume (monetário ou físico) suficiente para cobrir todos os custos e despesas fixas, ou seja, o ponto em que não há lucro ou prejuízo contábil. É o ponto de igualdade entre a Receita Total e o Custo Total. O Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) ocorre quando existe lucro na empresa e esta busca comparar e demonstrar o lucro da empresa em relação à taxa de atratividade que o mercado financeiro oferece ao capital investido. O Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF) é representado pelo volume de vendas necessárias para que a empresa possa cumprir com seus compromissos financeiros. 37 Conforme Crepaldi (2002, p.232) as fórmulas são: Fórmula do Ponto de Equilíbrio Contábil PEc = Custos Fixos + Despesas Fixas Margem de Contribuição Unitária Fórmula do Ponto de Equilíbrio Financeiro PEf = Custos Fixos + Despesas Fixas – Depreciações Margem de Contribuição Unitária Fórmula do Ponto de Equilíbrio Econômico PEe = Custos Fixos + Despesas Fixas + Lucro Desejado Margem de Contribuição Unitária Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.179) também relatam que “[...] a partir de determinado momento, haverá certa quantidade vendida que determinara um ponto neutro, isto é, o prejuízo será igual a zero e, a partir daí, a empresa irá começar a apresentar lucro (receitas maiores que os gastos)”. 2.9.5 Margem de segurança operacional A margem de segurança operacional, segundo Padoveze (2010, p.395) “[...] pode ser definida como o volume de vendas que excede às vendas calculadas no ponto de equilíbrio. O volume excedente para analisar a margem de segurança pode ser tanto o valor das vendas orçadas como o valor real das vendas”. 38 Conforme Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.191) relatam que: Se determinada empresa calcular sua quantidade de vendas e de receitas e operar no nível do seu ponto de equilíbrio, ela estará vulnerável. Qualquer problema que surja no mercado, fazendo com que a receita se reduza, fará a empresa entrar na área de prejuízo. Então, uma atitude prudente é operar com certa margem de segurança. Diante do conceito citado por Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.193) “[...] quanto mais próximas estiverem as vendas do ponto de equilíbrio, maior será o risco operacional, pois uma retração nas vendas poderá levar a empresa à área de prejuízo”. Sendo assim, a margem de segurança operacional, segundo Bruni (2008, p.82-83) é calculada pela seguinte fórmula: MSO = Quantidade Vendida – Quantidade no Ponto de Equilíbrio E a fórmula para a margem se segurança operacional em percentual é: MSO (%) = Vendas – Ponto de Equilíbrio Vendas Diante disso, Wernke (2001, p.62) “a margem de segurança é o volume de vendas que supera as vendas calculadas no ponto de equilíbrio. Ou seja, representa o quanto as vendas podem cair sem que haja prejuízo para a empresa”. 2.10 GESTÃO DE CUSTOS – INFORMAÇÕES DE CUSTOS Nos dias atuais, o sistema de custo já está se tornando indispensável para qualquer empreendedor que pretende planejar e controlar melhor seus custos, despesas e margem de lucratividade. Segundo Vieira, Rossi, Pocai (2003, p.36) relata que: Dentre as ferramentas que podem auxiliar o gestor no processo decisório pode-se citar: os sistemas de custeio e a análise de custo, do volume e do lucro (margem de contribuição, ponto de equilíbrio e margem de segurança), que se constituem em importantes instrumentos da Contabilidade Gerencial. Está, por sua vez, tem o objetivo de facilitar e instrumentalizar o processo de planejamento, controle, avaliação de desempenho e o processo decisório. Além disso, ela está voltada para a administração da empresa, visando gerar informações que auxiliem os gestores em suas decisões. 39 Para Leone (2008, p.25): A Contabilidade de Custos produz informações gerenciais para que os diversos níveis hierárquicos da administração sejam capazes de planejar, controlar e decidir com maior eficiência e eficácia. O produto final consiste em relatórios gerenciais. Todo o trabalho do contador de custos origina-se do contato inicial (por ocasião do planejamento das informações) com os usuários (os gerentes de produção, de finanças, de pessoal, de marketing, de engenharia etc.) e do contato final com tais usuários, através dos relatórios finais emitidos. A contabilidade gerencial tem o objetivo principal que é suprir com as informações de controle e decisão em relação ao processo de tomada de decisões. Conforme Bruni (2008, p.69) “o foco da contabilidade gerencial é a decisão e a análise das suas consequências. Assim, outras formas e mecanismos são empregados na compreensão e visão dos gastos”. Uma das diferencias entre a contabilidade financeira e gerencial, segundo Bruni (2008, p.69) “enquanto para a contabilidade financeira existe a necessidade de distinção entre custos e despesas, para a gerencial existe a preocupação e separar gastos que sofrem os efeitos de uma decisão tomada dos gastos que nada sofrem”. Conforme Martins (2010, p.359) aborda que: Cada informação provoca um gasto (nenhuma é gratuita) e pode trazer um benefício. Essa relação entre gasto e benefício precisa ser muito bem avaliada na hora da implantação do sistema, e mesmo depois, durante todo seu funcionamento. Diariamente, são encontrados inúmeros relatórios com números e dados que acabam por nunca virar informação, ou então jamais trazem qualquer benefício, mas continuam a ser produzidos em séries tão somente porque no modelo inicial estavam previstos. Com base nessas informações gerenciais, pode se dizer que, se a empresa implantar um bom sistema para ter seus controles e coletar as informações necessárias e eficácias, o resultado será satisfatório e alcançará o lucro desejado, sendo que o objetivo geral é suprir com as decisões em relação aos processos de tomada de decisões. 40 3 METODOLOGIA DA PESQUISA A metodologia da pesquisa consiste em descrever as etapas a serem seguidas para a realização de estudo, as quais se apresentam na sequência. 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa se classifica quanto a sua natureza, objetivos, abordagem do problema, procedimentos técnicos, coleta, análise e interpretação dos dados. Beuren et al (2004) e Gil (2010) entendem que a classificação de uma pesquisa é determinada pelo seu delineamento. Segundo Gil (2010, p.29): Por delineamento (design, em inglês) entende-se o planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, que envolve os fundamentos metodológicos, a definição dos objetivos, o ambiente da pesquisa e a determinação das técnicas de coleta e análise de dados. Assim, o delineamento da pesquisa expressa tanto a idéia de modelo quanto a de plano. A seguir, descreve-se as diferentes maneiras que foram classificadas a pesquisa. 3.1.1 Quanto a natureza Quanto à natureza, classifica-se como aplicada, sendo que suas pesquisas são direcionadas a conhecimentos em situações específicas, considerando que esse estudo envolve verdades e interesses locais. Para Vergara (2004, p.47): A pesquisa aplicada é fundamentalmente motivada pela necessidade de resolver problemas concretos, mais imediatos, ou não. Tem, portanto, finalidade prática, ao contrário da pesquisa pura, motivada basicamente pela curiosidade intelectual do pesquisador e situada sobre tudo no nível da especulação. Marconi, Lakatos (1996, p.19) completa dizendo que a pesquisa aplicada “[...] caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam aplicados ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na realidade”. Segundo Oliveira (1999, p.123) “requer determinadas teorias ou leis mais amplas como ponto de partida, e tem por 41 objetivo pesquisar, comprovar ou rejeitar hipóteses sugeridas pelos modelos teóricos e fazer a sua aplicação às diferentes necessidades humanas”. Diante disso, o estudo realiza-se em uma produção de doces, onde foi feito uma pesquisa aplicada, realizando um levantamento sobre o preço de custo unitário de cada docinho, a formação do preço de venda e a análise dos resultados, aplicando a classificação da pesquisa na realização de todo o estudo. 3.1.2 Do ponto de vista dos seus objetivos Este estudo trata-se de uma pesquisa descritiva, onde descreve as etapas do processo de produção, utilizando técnicas de coletas de dados. Segundo Gil (2010, p.27) “As pesquisas descritivas tem como objetivo a descrição das características de determinada população. Podem ser elaboradas também com a finalidade de identificar possíveis relações entre variáveis”. Andrade (1995, p.15) complementa dizendo que “[...] nesse tipo de pesquisa, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles”. Diante dos conceitos citados, pode-se dizer que esta é uma pesquisa descritiva porque foi realizada com base em fatos que possam ser comprovados e analisados. Sendo ela, uma pesquisa motivada a resolver problemas concretos, de imediato. 3.1.3 Quanto a abordagem do problema As pesquisas, quanto à abordagem do problema, pode ser classificada como qualitativa ou quantitativa. Para esse estudo, utilizou-se a pesquisa qualitativa, por não fazer uso de bases estatísticas na análise dos dados. De acordo com Beuren (2004, p.92) esse tipo de pesquisa possibilita “[...] análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado. A abordagem qualitativa visa destacar características não observadas por meio de um estudo quantitativo [...]”. Segundo Oliveira (1999, p.117) “[...] está correto afirmarmos que a pesquisa qualitativa tem como objetivo situações complexas ou estritamente particulares”, Oliveira (1999, p.116) ainda relata que “[...] o método qualitativo não tem a pretensão de numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas”. 42 Assim sendo, o estudo qualitativo levantou os dados e informações para a apuração dos custos, preços e resultados. 3.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos Quanto aos procedimentos técnicos, pode-se classificar em estudo bibliográfico, documental, levantamento de dados e estudo de caso. A revisão bibliográfica, conforme Cervo, Bervian (1983) citado por Beuren et al (2004, p.86): Explica um problema a partir de referencias teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Ambos os casos buscam conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existente sobre um determinado assunto, tema ou problema. Segundo Vergara (2004, p.50) “classifica-se como pesquisa bibliográfica, pois se recorrerá ao uso de material acessível ao publico em geral, como livros, artigos, balanços sociais já publicados, embora estes sejam apresentados de forma excessivamente agregada”. Vergara (2004, p. 50) relata que a pesquisa é documental, “[...] porque será feito uso de documentos de trabalho e relatórios de consultorias privadas, não disponíveis para consultas públicas”. Segundo Silva e Grigolo (2002), citado por Beuren et al (2004, p.89): A pesquisa documental vale-se de materiais que ainda não receberam nenhuma análise aprofundada. Esse tipo de pesquisa visa, assim, selecionar, tratar e interpretar a informação bruta, buscando extrair dela algum sentido e introduzir-lhe algum valor, podendo, desse modo, contribuir com a comunidade cientifica a fim de que outros possam voltar a desempenhar futuramente o mesmo papel. Segundo Gil (2010, p.35), as pesquisas de levantamento de dados: As pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Conforme Gil (2010) Beuren et al (2004) Vergara (2004), o estudo de caso consiste em um estudo aprofundado, com um amplo conhecimento que geram informações detalhadas, 43 auxiliando na resolução de problemas, pois permite obter especializações em um determinado caso. 3.2 COLETA DE DADOS No plano de coleta de dados para o estudo realizado, descrevem-se os métodos necessários para a realização da pesquisa. Os dados foram obtidos diretamente com a sócia e proprietária Alice, por meio de entrevistas, observações e pesquisas bibliográficas. Vergara (2004, p.54) relata que: Na coleta de dados, o leitor deve ser informado como você pretende obter os dados de que precisa para responder ao problema. Não se esqueça, portanto, de correlacionar os objetivos aos meios para alcançá-los, bem como de justificar a adequação de um a outro. Se você optar pela formulação de questões, em vez da definição de objetivos intermediários, a correlação devera ser feita entre questões e meios para respondê-las. Em se tratando de pesquisa de campo, por exemplo, esses meios podem ser a observação, o questionário, o formulário e a entrevista. No desenvolvimento desse estudo, estruturam-se planilhas em excel para que o levantamento e o procedimento desses dados possibilitassem informações que contribuíssem na análise dos dados em busca de resultados e indicadores essenciais para a análise do estudo proposto. 3.2.1 Instrumentos da coleta de dados Em se tratando de coleta de dados, existem várias técnicas que podem ser utilizadas, assim como: observações, entrevistas, questionários. A observação é realizada durante todo o processo da pesquisa, para coletar os dados necessários para a realização do estudo. Segundo Gil (2010, p.129) “a observação assume a forma de observação participante, que se caracteriza pelo contato direto do pesquisador com o fenômeno estudado, com a finalidade de obter informações acerca da realidade vivenciada pelas pessoas em seus próprios contextos”. Quando a pesquisa for sistemática é quando se tem um planejamento para a realização das atividades que serão realizadas. Uma pesquisa não-participante, segundo Marconi, Lakatos (1996, p.82) “presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa envolver pelas situações; faz mais o papel de espectador. 44 Se tratando de uma pesquisa individual, Marconi, Lakatos (1996, p.82) definem que é “[...] realizada por um pesquisador. Nesse caso, a personalidade dele se projeta sobre o observado, fazendo algumas inferências ou distorções, pela limitada possibilidade de controles. Por outro lado, pode intensificar a objetividade de suas informações, indicando, ao anotar os dados, quais são os eventos reais e quais são as interpretações”. Na vida real, conforme Marconi, Lakatos (1996, p.83) “normalmente, as observações são feitas no ambiente real, registrando-se os dados à medida que forem ocorrendo, espontaneamente, sem a devida preparação”. Segundo Marconi, Lakatos (1996, p.84) “a entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional”. Para a coleta de dados, utilizam-se a técnica de entrevista despadronizada, ou seja, é uma entrevista informal, por meio de conversas, troca de informações, com uma sequência de perguntas para coletar as informações necessárias para a realização do estudo proposto. 3.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Depois de realizado a coleta dos dados, é recomendado que seja feito a análise e interpretação dos dados coletados, para demonstrar como as informações serão analisadas para chegar ao objetivo de encontrar as respostas aos problemas encontrados. Segundo Beuren et al (2004, p.136): Quando se fala em analisar dados, espera-se que o estudante consiga sumariar os dados coletados para transformá-los em informações que sustentem um raciocínio conclusivo sobre o problema proposto no trabalho monográfico. Já na fase de interpretação dos dados, deverá haver uma correlação dos dados coletados com a base teórica que sustentou a pesquisa. Para Gil (2010, p.113): O processo de análise dos dados envolve diversos procedimentos: codificação das respostas, tabulação dos dados e cálculos estatísticos. Após, ou juntamente com a análise, pode ocorrer também a interpretação dos dados, que consiste, fundamentalmente, em estabelecer a ligação entre os resultados obtidos com outros já conhecidos, quer sejam derivados de teorias, quer sejam de estudos realizados anteriormente. 45 Sendo assim, as informações foram analisadas com embasamento na fundamentação teórica e nas informações e dados coletados durante as entrevistas, sendo que posteriormente foram sistematizados em planilhas para apuração do custo e a análise dos resultados, gerando informações importantes para a empresária gerenciar seus custos, preços e resultados. 46 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Nessa parte do trabalho, é abordada a parte prática sobre o assunto abordado até o momento, iniciando pela descrição dos processos de produção dos doces, os parâmetros das receitas que compõe os custos fixos e variáveis, as depreciações, o custo com mão de obra direta e indireta e a apuração dos custos totais pelos métodos de custeio por absorção e variável. Após, foi realizado uma análise do custo, do volume de produção, das vendas e do resultado, levantando indicadores para instrumentalizar a gestora na tomada de decisão. 4.1 DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO Na sequência, apresentam-se os fluxogramas dos processos de produção dos diversos tipos de doces. 4.1.1 Processo de produção dos doces simples Para iniciar o processo de produção dos doces, o primeiro passo é iniciar fazendo a massa de cada qualidade, começando com a mistura de todos os ingredientes, colocando tudo em uma panela e levando ao fogo para cozinhar, sendo que para cada tipo de massa, tem um tempo de fervura diferente para chegar ao ponto certo. Com todas as massas prontas, é preciso deixar elas em repouso para esfriar. Com a massa descansada, é hora de moldar os doces, onde a empresária passa margarina em suas mãos, pega uma colherada da massa, faz uma bolinha e coloca dentro de um pote que tem as coberturas, quem faz o acabamento é a auxiliar, passando granulado, açúcar, amendoim, ou seja, cada doce com sua cobertura correspondente e são colocados em cima de um papel manteiga até todos da mesma qualidade estarem prontos. Após todos os doces enrolados, é hora de embalar, onde a auxiliar abre as forminhas e a empresária vai colocando os doces dentro das embalagens cuidadosamente, para que todos os doces ficam certinhos dentro das forminhas, mantendo um padrão de qualidade, não esquecendo que os clientes também são visuais, e assim vai deixando os doces prontos para vender. Segue o fluxograma dos doces simples: 47 Quadro 5 - Fluxograma do processo de produção dos doces simples Massa Base Moldar os doces Fazer os acabamentos Emabagens Fonte – Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária Conforme o fluxograma segue a produção dos doces simples, onde a produção e realizada por duas pessoas, a empresaria e a auxiliar, sendo que para cada massa base que e feito, leva cerca de 25 a 35 minutos fervendo em fogo baixo, sempre mexendo para não queimar e não grudar a massa no fundo da panela. 4.1.2 Processo de produção dos doces trufados Para a produção dos trufados, tem dois tipos de massa que são utilizados, a massa normal que é a mesma forma de preparação utilizada para os doces simples e a massa que vai para a geladeira, que é os doces de café e de sensação, que sua forma de preparação é diferente, não precisa ser cozinhada a massa, apenas misturar todos os ingredientes, derreter chocolate que é o que vai deixar a massa cremosa, e levar para a geladeira pelo tempo de duas horas, para ela ficar firme e poder ser trabalhada no doce. Enquanto as massas ficam descansando, começa-se a fazer as forminhas de chocolate, derretendo o chocolate em banho maria e preenchendo as forminhas, depois deixa escorrendo o excesso e quando estiverem secas, é hora de rechear os doces. Como para os doces trufados, é feito dois tipos de massa, tem se dois processos de rechear os doces. Para rechear os doces de café e sensação, apenas é utilizada a massa que ficou descansando na geladeira, e para fazer os doces de cereja, primeiro se coloca uma fina camada de massa de branquinho bem embaixo, após coloca uma frutinha de cereja e depois fecha o doce com mais um pouco de massa de branquinho e assim, o mesmo processo é para a produção dos doces de uva passa, primeiro uma pequena camada de massa de branquinho, após colocar três unidades de uva passa molhadas no uísque e depois fechar com mais massa. 48 Quando todos os doces estiverem recheados, iniciam-se os acabamentos, que é fechar todos os docinhos que ficou a massa de branquinho aparecendo com o mesmo chocolate derretido, e colocar na geladeira até secar o chocolate para desinformar. E para finalizar, quando todos os doces estiverem desinformados, eles vão para as embalagens e estão prontos para vender, como mostra o fluxograma a seguir. Quadro 6 - Fluxograma do processo de produção dos doces trufados. Massa Base Fazer as forminhas de chocolate Rechear os doces Fazer os acabamentos Embalagens Fonte – Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária Na produção dos doces trufados, como mostra o fluxograma anterior, ele se torna um pouco mais trabalhoso na hora de fazer, mas não necessariamente necessita de duas pessoas para a produção. A empresaria faz quase todo o processo sozinha e a auxiliar ajuda na parte dos acabamentos e embalagens. As massas utilizadas levam em torno de 12 a 20 minutos, observa-se que, para esses doces, como são recheados e em volta vai uma leve camada de chocolate, a massa não precisa estar muito consistente e por isso, leva menos tempo no fogo. 4.1.3 Processo de produção dos doces de fruta E por ultimo é produzido os doces de fruta, onde se utiliza a massa de branquinho, que é a mesma utilizada para os dois tipos de doces, sendo eles os simples e os trufados. Após a massa pronta, deixar descansando até esfriar, e depois se inicia a parte de moldar, onde a empresária enrola a massa de branquinho em volta do morango, e vai colocando em cima do papel manteiga, e o mesmo processo é para as uvas, e quando todos estiverem enrolados, é hora de derreter o chocolate em banho maria, banhar os doces e deixar secar em cima do papel manteiga, após todos secos, fazer os acabamentos que é passar chocolate embaixo dos doces, onde estava em cima do papel manteiga e por ultimo, cortar o excesso em volta para então poder embalar e deixar prontos para vender. Segue o fluxograma do processo de produção dos doces de fruta. 49 Quadro 7 - Fluxograma do processo de produção dos doces de fruta Massa Base Moldar os doces Banho de chocolate Acabamentos Embalagens Fonte – Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária A produção dos doces de fruta, e realizado apenas por uma pessoa, sendo ela a própria empresaria, pois se trata de um tipo de doce mais delicado e necessita de mais cuidados na hora de escolher as frutas e moldar elas na massa base. A massa base para esses doces leva 20 minutos para cozinhar em fogo baixo, o ponto e quando a massa estiver consistente, homogênea e fácil de moldar. 4.2 LEVANTAMENTOS DE CUSTOS A seguir, é demonstrado em diversas planilhas, o levantamento de todos os custos que a empresária tem na produção dos diferentes tipos de doces, desde o início da produção até o produto pronto para ser vendido. 4.2.1 Parâmetro das receitas Os parâmetros das receitas são constituídos pelos diferentes ingredientes que são utilizados para a elaboração de cada tipo de doce, onde são definidas as unidades de medidas e os custos de compras. A empresária faz pesquisa de preços durante a semana, para conseguir os melhores preços dos ingredientes e aproveitar as promoções de alguns produtos e consequentemente diminuir os seus gastos e poder aumentar o seu resultado final. Na sequencia consta a relação dos ingredientes utilizados nas receitas dos doces que foram estruturados durante a pesquisa, tendo em vista que houve um acompanhamento minucioso do processo de produção e venda dos doces para conseguir analisar os mínimos detalhes de todo o processo, desde a compra da matéria prima até a venda final. 50 Quadro 8 - Parâmetro das receitas Parâmetro das receitas Planilha com os ingredientes das receitas Ingredientes Unidade medida Leite Leite Condensado Margarina Nescau Amendoim Nozes Fruta Morango Fruta Uva Uísque Uva Passa Chocolate ao leite Chocolate branco Cereja Granulado Coco Açúcar Creme de leite Pasta de morango Chocolate para Cobertura das forminhas Café Fonte – Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária (2014) L Kg Kg Kg Kg Kg Um Um L Kg Kg Kg Kg Kg Kg Kg Kg Kg Kg Kg Valor em R$ 02,49 09,24 08,58 11,85 13,50 57,60 00,50 00,40 25,00 21,00 23,50 24,20 31,90 09,60 20,40 01,65 09,00 18,80 15,75 10,29 Conforme são demonstrados no quadro anterior, todos os produtos descritos foram objeto de estudo para a produção dos doces, juntamente com seus devidos preços conforme a unidade de medida apresentada. Observa-se que, os preços variam com frequência, dependendo do local onde é comprado. Diante da importância desse quadro em estar sempre atualizado, bastará à empresária manter esse cuidado, sempre que houver alterações nos preços da matéria prima, pois o quadro está interligado aos demais, onde a cada alteração de preço, mudará automaticamente o preço de custo e consequentemente o preço de venda de cada doce. 4.2.2 Custo com material direto por receita Na sequência, segue o quadro que demonstra o levantamento dos custos com material direto para cada receita produzida, onde consta a receita dos doces, o rendimento e o custo por unidade, iniciando pelos doces simples. 51 Quadro 9 - Doces simples – Material direto Ingredientes Leite Leite Condensado Margarina Nescau Total da Receita Rendimento Unidade Custo por Unidade Ingredientes Leite Leite Condensado Margarina Coco ralado Total da Receita Rendimento Unidade Custo por Unidade Ingredientes Leite Leite Condensado Margarina Amendoim torrado Total da Receita Rendimento Unidade Custo por Unidade Ingredientes Leite Leite Condensado Margarina Nozes picada Total da Receita Rendimento Unidade Custo por Unidade Ingredientes BRIGADEIRO Unid.medida Quantidade ml 200 lata 790 gr 20 gr 80 COCO Unid.medida ml lata gr gr Quantidade 200 790 20 100 Custo 0,00249 0,00924 0,00858 0,01185 Custo 0,00249 0,00924 0,00858 0,0204 Total 0,498 7,2996 0,1716 0,948 8,9172 45 0,20 Total 0,498 7,2996 0,1716 2,04 10,0092 50 0,20 AMENDOIM Unid.medida Quantidade ml 200 lata 790 gr 20 gr 120 Custo 0,00249 0,00924 0,00858 0,0135 Total 0,498 7,2996 0,1716 1,62 9,5892 50 0,19 NOZES Unid.medida ml lata gr gr 200 790 20 120 Custo 0,00249 0,00924 0,00858 0,0576 Total 0,498 7,2996 0,1716 6,912 14,8812 40 0,37 BRANQUINHO Unid.medida Quantidade ml 200 lata 790 gr 20 Custo 0,00249 0,00924 0,00858 Total 0,498 7,2996 0,1716 7,9692 35 0,23 Quantidade Leite Leite Condensado Margarina Total da Receita Rendimento Unidade Custo por Unidade Fonte – Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária (2014) No quadro anterior, pode-se identificar que o custo por unidade varia, pois se trata de tipos de doces diferentes, onde para cada qualidade altera-se os ingredientes, assim como o rendimento. 52 Nota-se que, para todas as massas base, utiliza-se leite, leite condensado e margarina, e independente de qual for a qualidade do doce, é utilizado a mesma quantidade para a receita e a partir desses ingredientes, é acrescentado o que vai fazer o diferencial. Observando-se que, o custo dos docinhos vai variar a partir desse ultimo ingrediente. Para cada tipo de doce, apresenta-se um rendimento por receita diferente, essa variação de quantidade produzida ocorre devido ao volume que é colocado do ultimo ingrediente, que vai definir o doce. Nota-se que para o brigadeiro, o coco e o branquinho, o ingrediente adicional não aumenta muito o volume, e com isso, rende um pouco menos, comparando com o doce de nozes e de amendoim, que apresenta um volume maior. Ao se comparar o doce de nozes e o de amendoim, sendo que os dois tem grande volume, o que leva o doce de amendoim render mais que o de nozes, é porque o de nozes e triturado e o amendoim e moído, sendo essa diferença apresentada no rendimento. Na sequência, apresentam-se os custos com materiais diretos dos doces trufados, que são doces mais elaborados, demoram mais tempo para produção. Quadro 10 - Doces trufados – Materiais diretos Ingredientes Leite Leite Condensado Margarina Cereja Cobertura chocolate ao leite Total da Receita Rendimento Unidade Custo por Unidade Ingredientes Chocolate branco Creme de leite Pasta de morango Cobertura chocolate ao leite Total da Receita Rendimento Unidade Custo por Unidade Ingredientes Chocolate ao leite Creme de leite Uísque Café Cobertura chocolate ao leite Total da Receita Rendimento Unidade Custo por Unidade CEREJA Unid.medida Quantidade 200 790 20 270 400 Custo 0,00249 0,00924 0,00858 0,0319 0,01575 Total 0,498 7,2996 0,1716 8,613 6,30 22,8822 70 0,33 gr gr gr gr Quantidade 200 100 20 340 Custo 0,0242 0,009 0,0188 0,01575 Total 4,84 0,9 0,376 5,355 11,471 50 0,23 Quantidade 400 200 20 40 340 Custo 0,0235 0,009 0,025 0,01029 0,01575 Total gr gr ml gr gr ml lata gr gr gr SENSAÇÃO Unid.medida CAFÉ Unid.medida 9,4 1,8 0,5 0,4116 5,355 17,4666 50 0,35 53 Ingredientes UVA PASSAS Unid.medida ml lata gr gr gr ml Leite Leite Condensado Margarina Uva passa Cobertura chocolate ao leite Uísque Total da Receita Rendimento Unidade Custo por Unidade Fonte – Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária (2014) Quantidade 200 790 20 55 400 60 Custo 0,00249 0,00924 0,00858 0,021 0,01575 0,025 Total 0,498 7,2996 0,1716 1,155 6,30 1,50 16,9242 70 0,24 Para o custo das receitas dos doces trufados, são acrescentados dois ingredientes a mais que é a cobertura de chocolate, que é utilizado na cobertura dos doces e o chocolate ao leite branco e preto, que é misturado nas massas do doce de café e sensação. Analisando o levantamento dos preços dos ingredientes para esses doces trufados, o que tem um custo mais elevado é o trufado de café, pois em sua receita constam produtos mais caros, além do chocolate, utiliza-se também uísque. E por último, os trufados de fruta, que são os mais vendidos e os que mais acumulam custos, em função de que envolvem as frutas, que são caras e tem um alto índice de perda, pois quando a empresária compra o kg da fruta, ela compra os bons e os ruins, todos misturados, e antes de fazer a trufa, ela precisa selecionar apenas as frutas que estiverem em perfeitas condições e é nesse momento que são identificados as perdas e em consequência disso, aumenta o custo dos doces. Quadro 11 - Doces trufados com frutas naturais – Materiais diretos Ingredientes Leite Leite Condensado Margarina Fruta Morango Cobertura chocolate ao leite Total da Receita Rendimento Unidade Custo por Unidade Ingredientes Leite Leite Condensado Margarina Fruta Uva Cobertura chocolate ao leite Total da Receita Rendimento Unidade Custo por Unidade MORANGO Unid.medida ml lata gr unidade gr UVA Unid.medida ml lata gr unidade gr Fonte - Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária (2014) Quantidade 200 790 20 25 470 Quantidade 200 790 20 35 450 Custo 0,00249 0,00924 0,00858 0,50 0,01575 Total 0,498 7,2996 0,1716 12,5 7,4025 27,8717 25 1,11 Custo 0,00249 0,00924 0,00858 0,40 0,01575 Total 0,498 7,2996 0,1716 14 7,0875 29,0567 35 0,83 54 Diante do custo elevado para a produção das trufas de fruta, comparando com os demais tipos de doces, a empresária vende o doce de uva e de morango apenas por unidade, pois se ela aceitasse encomendas em bandejas junto com os demais, o preço ficaria muito alto. 4.2.3 Custos com mão de obra O custo com mão de obra direta não foi calculado, porque a produção é executada pela sócia. A auxiliar está relacionada nos custos indiretos os quais são apresentados no próximo item. No quadro a seguir, segue descrito o tempo disponível de produção dentro do mês, da empresaria e da funcionaria auxiliar. Quadro 12 - Tempo Disponível Produção TEMPO DISPONÍVEL Dias uteis 20 Horas dias 8 Horas totais 160 Tempo Produtivo (Horas totais - 10% de ociosidade) 144 1/2 turno Tempo total em horas Fonte - Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária (2014) 72 232 Diante do quadro apresentado anteriormente, o tempo de produção dentro do mês da empresária e da auxiliar, trabalhando de segunda a sexta-feira, soma um total de 232 horas disponíveis para a produção. Baseado no conceito de Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.64) “é importante frisar que, para apurar o custo de cada unidade fabricada de um produto, torna-se necessário dispor de um mecanismo que apure quanto tempo se gastou na produção. Em outras palavras, quanto tempo os empregados estiveram à disposição da empresa”. Neste sentido, do tempo total de produção que resulta nas 232 horas, e o tempo improdutivo é de 10%, que representa o tempo de produção que é usado para atividades extras, como anotar pedidos ao celular, fazer a compra da matéria prima para a produção, os intervalos, etc, conforme mostra o quadro na sequencia. 55 Quadro 13 - Tempo total em horas trabalhadas no mês Tempo total de produção por Tipo de doce receita em minutos Nº receita no mês Brigadeiro 79 Coco 92 Amendoim 87 Nozes 78 Branquinho 91 Morango 107 Uva 137 Cereja 105 Sensação 105 Café 80 Uva Passa 79 Tempo total em minutos trabalhados/mês Tempo total em horas trabalhados mês Fonte - Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária (2014) 24 16 8 8 22 24 16 8 4 4 8 Tempo total em minutos no mês 1896 1472 696 624 2002 2568 2192 840 420 320 632 13.662 228 No quadro anterior, percebe-se que o total de horas trabalhadas dentro do mês pela empresária e sua auxiliar, apresenta um total de 228 horas, ou seja, 4 horas no mês é considerada como horas ociosas, conforme demostrado a seguir: Quadro 14 - Ociosidade OCIOSIDADE Tempo disponível Tempo Ocupado Ociosidade Ociosidade em % Fonte – Dados conforme pesquisa 232 228 4 2.073,66 2.035,23 38,43 10% No quadro anterior, tem-se um total de 4 horas ociosas, que é considerado como normal para a empresária. No próximo quadro, segue descritos os custos com mão de obra da funcionaria auxiliar. Quadro 15 - MO Auxiliar FOLHA DE PAGAMENTO 1/2 AUXILIAR Salário 1/2 turno Férias 13 salário 1/3 férias Subtotal Previdência FGTS Previsões Total Fonte - dados conforme pesquisa. 450,00 37,49 37,49 12,50 537,47 0,00 43,00 37,62 618,08 56 Diante do quadro anterior, a mão de obra auxiliar é tradicionalmente, o salário somado com todos os direitos, que são de obrigação ao empregado na produção, que coloca seu trabalho manual, transformando matéria prima em produtos acabados. A funcionária auxiliar é contratada para trabalhar meio turno, servindo apenas de auxílio para a empresária na produção. Nos cálculos apresentados no quadro anterior, nota-se que, para calcular os custos com mão de obra da funcionaria auxiliar, foi somado férias, provisão do décimo terceiro salário, 1/3 das férias, 8% de FGTS (fundo de garantia por tempo de serviço) e 7% das previsões, não incluído previdência, pois se trata de uma empresa enquadrada no simples nacional, obtendose o valor total do salário, e esse gasto com mão de obra é alocado dentro dos custos indiretos para a produção dos doces. 4.2.4 Custos indiretos fixos e variáveis Os custos indiretos fixos são aqueles que não variam conforme a quantidade produzida e que a empresária têm todos os meses em seu estabelecimento. Foi feito um levantamento geral de todos os gastos que a empresaria tem dentro do mês, desde o aluguel, água, luz, o salário da diarista, que é a responsável pela limpeza do estabelecimento, pró-labore da empresária, o salário da funcionária auxiliar, etc. conforme mostra o quadro a seguir, sendo que, estes gastos são fixos e independem da produção. Quadro 16 - Custos indiretos fixos Custos Fixos Aluguel Água (taxa) Luz (taxa) Gás Pró-labore MEI Depreciação Diarista- limpeza média mês Material limpeza e higiene Salários e encargos da Auxiliar Total Tempo disponível de produção dos colaboradores Custo da hora Custo do minuto Fonte - Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária (2014) R$ 200,00 10,00 40,00 11,25 800,00 41,00 21,33 320,00 12,00 618,08 2.073,66 232 8,94 0,15 57 De acordo com o quadro anterior, apurou-se um custo fixo total de R$ 2.073,66 o qual foi dividido pelo tempo disponível do mês, nota-se que o custo fixo total tem uma ociosidade, conforme mostra o quadro na sequencia. Quadro 17 - Custo fixo total em minutos no mês Custo fixo total em reais/mês Tipo de doce Tempo Total em min. mês Custo fixo do min. 1896 Brigadeiro 1472 Coco 696 Amendoim 624 Nozes 2002 Branquinho 2568 Morango 2192 Uva 840 Cereja 420 Sensação 320 Café 632 Uva Passa TOTAL DOS CF Fonte – Dados conforme pesquisa 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 Custo Fixo Total 282,45 219,28 103,68 92,96 298,24 382,56 326,54 125,13 62,57 47,67 94,15 2.035,23 De acordo com o tempo total de produção de cada tipo de doce, nota-se que calculando o tempo total de produção em minutos para cada tipo de doce, multiplicado pelo custo fixo do minuto, que vai resultar no custo fixo total de R$ 2.035,23. Essa diferença de R$ 38,43 refere-se às quatro horas ociosas do processo de produção. Já os custos indiretos variáveis, são aqueles que variam conforme a quantidade produzida, conforme mostra o quadro a seguir. Quadro 18 - Custos indiretos variáveis Custos Variáveis Combustível Embalagem Telefone Uniforme Total Tempo disponíveis de produção dos colaboradores Custo da hora Custo do minuto Fonte - Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária (2014) R$ 100,00 120,00 20,00 4,00 244,00 232 1,05 0,02 Os custos indiretos variáveis da empresária são aqueles que nunca vão ser iguais, pois variam de acordo com a quantidade produzida e utilizada na produção e na venda dos doces, 58 como o combustível que varia conforme as entregas de encomendas, as embalagens que variam conforme a quantidade produzida, etc. Após o levantamento de todos os custos indiretos fixos e variáveis e o tempo disponível de produção, é possível chegarmos ao custo do minuto, que vai ser respectivamente R$ 0,15 e R$ 0,02. 4.2.5 Rendimento por receita A empresária tem um método de produção, onde ela só acerta o ponto da massa, fazendo duas receitas por vez, ou seja, a medida de uma receita, ela utiliza o dobro. Diante disso, é demonstrado na sequência, os tipos de doces produzidos, o rendimento que cada receita possui, a quantidade de receitas feitas durante o mês e quantos docinhos é produzida com essas medidas. Quadro 19 - Rendimento por receitas Rendimento por receita Docinho Receita Rendimento Receitas mês Brigadeiro 2 45 24 Coco 2 50 16 Amendoim 2 50 8 Nozes 2 40 8 Branquinho 2 35 22 Morango 2 25 24 Uva 2 35 16 Cereja 2 70 8 Sensação 1 50 4 Café 1 50 4 Uva Passa 2 70 8 Fonte - Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária (2014) Número de doces totais 1080 800 400 320 770 600 560 560 200 200 560 Com o quadro anterior, é possível verificar que a quantidade das receitas é bem variada, isso é ajustado conforme a demanda dos clientes, e nota-se que os mais vendidos são os doces tradicionais de brigadeiro e branquinho e os doces de fruta de morango e uva. 4.2.6 Custos com depreciação Considerando que a produção é mensal e que todos os meses esse volume produzido se modifica, automaticamente os equipamentos utilizados na fabricação dos doces tendem a 59 ter um desgaste e precisam ser depreciados mensalmente, sendo considerado então como um custo fixo. Na sequência segue o quadro constando a depreciação dos equipamentos utilizados na produção dos doces. Quadro 20 - Custos com depreciação Depreciação Valor do Bens Bem Valor Residual Valor a depreciar Climatizador 1.500,00 300,00 1.200,00 Fogão a gás 700,00 140,00 560,00 Utensílios 1.000,00 200,00 800,00 Total 3.200,00 640,00 2.560,00 Fonte – Dados conforme pesquisa Taxa deprec. Deprec. Ano Deprec. Mês 10 120,00 10,00 10 56,00 4,67 10 80,00 6,67 256,00 21,33 Para calcular o custo da depreciação, foi utilizado o método linear (vida útil) e o valor a depreciar e o valor do bem diminuindo o valor residual e esse resultado, dividido pela vida útil do bem e a depreciação anual que dividindo por 12 meses, tem-se o valor da depreciação mensal. O custo da depreciação é alocado no custo dos produtos e conforme demonstrado no quadro anterior, está os equipamentos que são depreciados mensalmente, sendo um somatório de R$ 21,33 por mês, que é considerado como um custo fixo. 4.2.7 Custos indiretos fixos e variáveis por unidade Os custos indiretos são aqueles que não são diretamente ligados aos produtos, podendo eles ser classificados em fixos e variáveis. Os fixos que não se alteram, independente da quantidade produzida e os variáveis se alteram de acordo com a quantidade produzida. O custo unitário fixo e variável de cada tipo de doce é calculado diante do tempo total de mão de obra por unidade, multiplicado pelo valor do custo fixo ou pelo custo variável do minuto, dividindo então pelo rendimento da receita, conforme mostra o quadro na sequencia. Quadro 21 - Doces Simples (Custo Fixo e Custos Variáveis) Tipos de doces Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Massa base 28 29 25 31 35 Moldar Acabament os 20 25 25 15 26 15 20 18 17 14 Embal. 16 18 19 15 16 Total MOD 79 92 87 78 91 CF do Minuto 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 CF Total p/ receita Rend. doce 11,7686 13,7052 12,9604 11,6196 13,5562 45 50 50 40 35 Custo unitário 0,26152 0,27410 0,25920 0,29049 0,38732 60 Tipos de Massa Acabament Total CV CV Total Rend. doces base Moldar os Embal. MOD Minuto p/ receita doce Brigadeiro 28 20 15 16 79 0,02 1,3847 45 Coco 29 25 20 18 92 0,02 1,6126 50 Amendoim 25 25 18 19 87 0,02 1,5250 50 Nozes 31 15 17 15 78 0,02 1,3672 40 Branquinho 35 26 14 16 91 0,02 1,5951 35 Fonte – Dados conforme pesquisa Custo unitário 0,030772 0,032252 0,030500 0,034181 0,045574 Comparando o custo indireto fixo com o custo indireto variável, a única diferença é a classificação dos gastos, onde para os custos indiretos fixos são os gastos que a produção tem todos os meses, independente de produzir ou não os docinhos, e para os custos indiretos variáveis são os custos relacionados com as vendas dos docinhos, ou seja, se ela produzir os doces, ela vai ter que sair vender, vai gastar mais combustível, que é um dos custos indiretos variáveis mais relevantes. Na sequência, são calculados os custos indiretos fixos e variáveis por unidade dos doces trufados. Quadro 22 - Doces trufados (custo indireto fixo e variável) Tipos de doces Massa base Formas Rechear os Acabam Emb choc. doces entos . Total MOD CF Minuto Custo Fixo Total p/ receita Rend. em doces Custo unit. Cereja Uva Passa Café Sensação 20 10 40 25 10 105 0,15 15,64 70 0,2234 20 12 15 10 14 14 40 19 15 25 25 25 10 10 10 105 80 79 0,15 0,15 0,15 15,64 11,92 11,77 70 0,2234 50 0,2383 50 0,2353 Tipos de doces Massa base Formas Rechear os Acabam Emb choc. doces entos . Cereja 20 10 Uva Passa 20 10 Café 12 14 Sensação 15 14 Fonte – Dados conforme pesquisa Total MOD CV Minuto CV Total p/ receita Rend. em doces Custo unit 40 25 10 105 0,02 1,84 70 0,0262 40 19 15 25 25 25 10 10 10 105 80 79 0,02 0,02 0,02 1,84 1,40 1,38 70 0,0262 50 0,0280 50 0,0276 Conforme mostra o quadro anterior, o que mudou é os tipos de doces produzidos, ou seja, para a produção dos doces trufados, a empresária leva mais tempo, pois precisa primeiro fazer a massa base, depois rechear as forminhas com chocolate e após colocar os recheios e finalizar com os acabamentos e as embalagens, ou seja, esse vai ser o diferencial resultante na apuração do custo indireto unitário fixo e variável dos doces trufados, comparando com os doces simples, que o processo de produção é mais simples. E por ultimo então, tem-se os custos indiretos fixos e variáveis por unidade dos doces de fruta, conforme o quadro a seguir. 61 Quadro 23 - Doces de fruta (custo indireto fixos e variável) Tipos de Massa Banhar no Acaba doces base Moldar chocolate mentos Emb. Morango 20 20 15 35 17 Uva 20 30 22 42 23 Tipos de Massa Banhar no Acaba doces base Moldar chocolate mentos Emb. Morango 20 20 15 35 17 Uva 20 30 22 42 23 Fonte – Dados conforme pesquisa Total CF MOD Minuto 107 0,15 137 0,15 Total CV MOD Minuto 107 0,02 137 0,02 CF Total Rend. p/ receita doces 15,94 25 20,41 35 CV Total Rendi. p/ receita doce 1,88 25 2,40 35 Custo unit 0,64 0,58 Custo unit 0,08 0,07 Os doces de fruta são os mais caros e os que mais demoram para serem produzidos, ou seja, em relação aos doces simples e aos doces trufados, o que a empresária mais gasta para fazer é o doce de morango e o de uva, que por sinal, são os mais vendidos dentro da época de colheita da fruta. Sendo assim, o custo unitário fixo do doce de fruta tem um custo elevado pelo fato de que o tempo total de mão de obra é alto e tem baixo rendimento na produção, e o custo unitário variável tem um custo baixíssimo, por serem apenas dois tipos de doces e seu rendimento serem pouco. 4.3 APURAÇÃO DO CUSTO TOTAL Para a apuração do custo neste estudo, foram utilizados os dois métodos de custeio, o custeio por absorção, onde todos os custos são apropriados aos produtos, e custeio variável, que apuram somente os custos variáveis totais aos produtos, ambos são utilizados para identificar o custo unitário total dos produtos. Os custos apurados no custeio por absorção servem como base para calcular o preço de venda, enquanto que o custeio variável serve para a análise dos resultados e para o gerenciamento das margens geradas. 4.3.1 Apuração do custo total dos produtos O custo total dos produtos foi calculado com base no método de custeio por absorção e pelo método de custeio variável. No método de custeio por absorção, todos os custos são alocados aos produtos, sendo eles os custos com matéria prima, custos indiretos fixos e custos indiretos variáveis, conforme segue demonstrado no quadro a seguir. 62 O custeio por absorção é aceito pela legislação e ele serve para integrar os custos com a contabilidade para formar o preço de venda. Quadro 24 - Custeio por absorção Produto Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa Fonte – Dados conforme pesquisa Custo total - Método de Custeio Absorção MP CIF CIV Custo total unitário 0,20 0,26 0,03 0,20 0,27 0,03 0,19 0,26 0,03 0,37 0,29 0,03 0,23 0,39 0,05 1,11 0,64 0,08 0,83 0,58 0,07 0,33 0,22 0,03 0,23 0,24 0,03 0,35 0,24 0,03 0,24 0,22 0,03 0,49 0,51 0,48 0,70 0,66 1,83 1,48 0,58 0,49 0,62 0,49 No quadro anterior, foi calculado o custo total unitário pelo método de custeio por absorção, podendo assim, saber o quanto é necessário dispor para cobrir os custos, sendo que, a partir desse quadro é tirado as informações para a formação do preço de venda, como o caso do brigadeiro, que tem R$ 0,20 de matéria prima, R$ 0,26 de custos indiretos fixos e R$ 0,03 de custos indiretos variáveis, onde somando tudo, tem-se um custo total unitário de R$ 0,49, sendo assim, a maneira de calcular para todos os demais tipos de doce. No método de custeio variável, são alocados somente os custos variáveis da produção, sendo que esse método não é aceito pela legislação e serve apenas para fins gerenciais. Quadro 25 - Custeio variável Produto Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa Fonte – Dados conforme pesquisa Custo total - Método de Custeio Variável MP CIV Custo total unitário 0,20 0,03 0,20 0,03 0,19 0,03 0,37 0,03 0,23 0,05 1,11 0,08 0,83 0,07 0,33 0,03 0,23 0,03 0,35 0,03 0,24 0,03 0,23 0,23 0,22 0,41 0,27 1,19 0,90 0,35 0,26 0,38 0,27 63 O custeio variável não é aceito pela legislação, servindo apenas para fins gerenciais da empresa, a fim de formar o preço mínimo de venda, pois eles deixam de fora todos os custos fixos, como mostra o quadro anterior. Comparando o custo total unitário pelo método de custeio por absorção com o método de custeio variável, percebe-se que se tem uma diferença em relação ao custo total unitário, ou seja, pelo método de custeio por absorção é considerado todos os custos fixos e variáveis e pelo custeio variável, é considerado apenas os custos variáveis para formação do preço de venda, e os custos fixos é considerado como despesas ou gastos do período. A seguir, apresenta-se um gráfico comparativo em relação ao custo total unitário pelo método de absorção e pelo método variável. Gráfico 1 - Custeio absorção x custeio variável 2,00 1,80 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 Absorção 0,60 Variavel 0,40 0,20 0,00 Fonte – Dados conforme pesquisa Analisando o gráfico anterior e comparando o custo total pelos dois métodos, percebese que pelo método de custeio por absorção o custo é maior em todos os tipos de doces, devido ao somatório dos custos indiretos fixos com os custos variáveis e diante da comparação, está bem visível que, os maiores custos estão distribuídos nos doces de fruta, ou seja, os doces de morango e de uva. 64 4.4 ANÁLISE DO CUSTO, VOLUME E RESULTADO A análise do custo, volume e resultado proporciona realizar uma análise mais apurada dos resultados da empresa diante das vendas, dos custos, das atividades desenvolvidas e da margem de lucro desejada e ainda fornece informações relevantes para a empresária, tanto no planejamento quando na tomada de decisões. 4.4.1 Formação do preço de venda Para a formação do preço de venda dos produtos, é necessário que o mesmo seja o suficiente para poder cobrir todos os custos, as despesas, os impostos e ainda no final, obter um lucro sobre a venda. Sendo assim, primeiramente é preciso calcular o mark-up multiplicador, pois através dele, é calculado o preço de venda conforme as margens estimadas. Conforme solicitado pela empresária, foi feito três análises, para a formação do preço de venda, sendo elas com margem de 20%, 30% e 35% de lucro. A formação do mark-up multiplicador, é apresentado no quadro a seguir. Quadro 26 - Mark-up Cálculo do Preço de Venda Despesas com vendas Margem de Lucro Desejada Total Markup divisor Markup Multiplicador ML 20% 15 20 35 0,6500 1,5385 ML 30% 15 30 45 0,5500 1,8182 ML 35% 15 35 50 0,5000 2,0000 Fonte – Dados conforme pesquisa Depois de calculado os três mark-up, é realizado a aplicação do mesmo para formar o preço de venda orientativo, que seria o valor que a empresária poderia estar vendendo os doces, para atingir sua margem de lucro desejada. Na sequencia, foi realizado o calculo do preço de venda de cada produto, para posteriormente ser comparado com o preço de venda atual, e chegando ao resultado se está ou não alcançando uma boa margem de lucro. 65 Quadro 27 – Formação do preço de venda orientativo com margem de 20%, 30% e 35% Produtos Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa Custeio p/Absorção - Preço de venda orientativo 20% Custo Unit Markup P.Venda PV Atual 0,49 1,5385 0,75 0,51 1,5385 0,78 0,48 1,5385 0,74 0,70 1,5385 1,07 0,66 1,5385 1,02 1,83 1,5385 2,81 1,48 1,5385 2,28 0,58 1,5385 0,89 0,49 1,5385 0,76 0,62 1,5385 0,95 0,49 1,5385 0,76 Custeio p/Absorção - Preço de venda orientativo 30% Custo Unit Markup P.Venda PV Atual 0,49 1,8182 0,89 0,51 1,8182 0,92 0,48 1,8182 0,88 0,70 1,8182 1,27 0,66 1,8182 1,20 1,83 1,8182 3,32 1,48 1,8182 2,69 0,58 1,8182 1,05 0,49 1,8182 0,90 0,62 1,8182 1,12 0,49 1,8182 0,89 Custeio p/Absorção - Preço de venda orientativo 35% Produtos Custo Unit Markup P.Venda PV Atual Brigadeiro 0,49 2,0000 0,98 Coco 0,51 2,0000 1,01 Amendoim 0,48 2,0000 0,96 Nozes 0,70 2,0000 1,39 Branquinho 0,66 2,0000 1,32 Morango 1,83 2,0000 3,65 Uva 1,48 2,0000 2,96 Cereja 0,58 2,0000 1,15 Sensação 0,49 2,0000 0,98 Café 0,62 2,0000 1,23 Uva Passa 0,49 2,0000 0,98 Fonte – Dados conforme pesquisa Produtos Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 2,50 2,50 0,85 0,85 0,85 0,85 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 2,50 2,50 0,85 0,85 0,85 0,85 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 2,50 2,50 0,85 0,85 0,85 0,85 Conforme o quadro anterior, o preço de venda orientativo é de extrema importância para a empresária, diante da tomada de decisão da formação do preço de venda, pois é o preço que a empresaria poderia vender os seus produtos, para obter a margem de lucro desejada, e a partir dessa informação, pode-se também, variar o preço de venda dos doces, dependendo da margem que deseja alcançar. 66 Diante da comparação do quadro anterior, em relação ao preço de venda orientativo com a margem de lucro desejada e o preço de venda praticado, percebe-se que a empresaria tem vendido quase todos os doces com preço abaixo do preço calculado, sendo que, com margem de lucro de 20% apenas tem-se cinco tipos de doce que estão com o preço um pouco mais equilibrado com o preço orientativo, mas com as demais margens de lucro de 30% e 35%, não tem nenhum tipo de doce que esteja com o preço atual superior ao preço de venda calculado. 4.4.2 Apuração do resultado dos produtos em estudo Na apuração do resultado com preço de venda orientativo com margem de lucro de 20%, comparando com o preço atualmente praticado, verificou-se que em vários produtos a empresa não atinge os 20% desejado, assim como em outros produtos tem uma margem de lucro superior aos 20%, conforme o quadro a seguir. Quadro 28 – Apuração do resultado preço de venda orientativo (20%) e preço de venda atual Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado resultado em % Apuração do Resultado do Produto - BRIGADEIRO PV Orientativo 20% Preço Atual 0,75 0,49 0,26 0,11 0,15 20,00% Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto 0 (-) Despesas 15% (=) Resultado resultado em % Apuração do Resultado do Produto – COCO PV Orientativo 20% 0,78 0,51 0,27 0,12 0,16 20,00% Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado resultado em % Apuração do Resultado do Produto – AMENDOIM PV Orientativo 20% 0,74 0,48 0,26 0,11 0,15 20,00% 0,75 0,49 0,26 0,11 0,15 19,61% Preço Atual 0,75 0,51 0,24 0,11 0,13 17,46% Preço Atual 0,75 0,48 0,27 0,11 0,16 20,80% 67 Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado resultado em % Apuração do Resultado do Produto - NOZES PV Orientativo 20% Preço Atual 1,07 0,70 0,38 0,16 0,21 20,00% Apuração do Resultado do Produto – BRANQUINHO PV Orientativo 20% Preço Atual 1,02 0,66 0,36 0,15 0,20 20,00% Apuração do Resultado do Produto – MORANGO PV Orientativo 20% Preço Atual 2,81 1,83 0,98 0,42 0,56 20,00% Apuração do Resultado do Produto – UVA PV Orientativo 20% 2,28 1,48 0,80 0,34 0,46 20,00% Apuração do Resultado do Produto - CEREJA PV Orientativo 20% 0,89 0,58 0,31 0,13 0,18 20,00% Apuração do Resultado do Produto - SENSAÇÃO PV Orientativo 20% 0,76 0,49 0,27 0,11 0,15 20,00% Apuração do Resultado do Produto – CAFÉ PV Orientativo 20% 0,95 0,62 0,33 0,14 0,19 20,00% 0,75 0,70 0,05 0,11 (0,06) -7,89% 0,75 0,66 0,09 0,11 (0,02) -3,08% 2,50 1,83 0,67 0,38 0,30 11,90% Preço Atual 2,50 1,48 1,02 0,38 0,64 25,72% Preço Atual 0,85 0,58 0,27 0,13 0,15 17,16% Preço Atual 0,85 0,49 0,36 0,13 0,23 27,06% Preço Atual 0,85 0,62 0,23 0,13 0,11 12,56% 68 Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado resultado em % Apuração do Resultado do Produto - UVA PASSA PV Orientativo 20% 0,76 0,49 0,26 0,11 0,15 20,00% Preço Atual 0,85 0,49 0,36 0,13 0,23 27,17% Fonte – Dados conforme pesquisa Analisando no quadro anterior, o geral dos doces, percebe-se que, não são todos que estão atingindo o resultado estudado de 20% de lucro, ou seja, os doces que estão atingindo esta margem é o doce de amendoim, uva, sensação e uva passa e, os demais estão abaixo da margem que são: brigadeiro, coco, morango, cereja, café e os que estão com resultado negativo é o doce de nozes e o branquinho, sendo que, o doce de nozes e de branquinho está causando prejuízo para a empresa. Na sequência, apresenta-se o resultado com a margem de lucro de 30%. Quadro 29 - Apuração do resultado preço de venda orientativo (30%) e preço de venda atual Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Apuração do Resultado do Produto - BRIGADEIRO PV Orientativo Preço Atual 0,89 0,49 0,40 0,13 0,27 30,00% Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Apuração do Resultado do Produto - COCO PV Orientativo 0,92 0,51 0,41 0,14 0,28 30,00% Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Apuração do Resultado do Produto - AMENDOIM PV Orientativo 0,88 0,48 0,39 0,13 0,26 30,00% 0,75 0,49 0,26 0,11 0,15 19,61% Preço Atual 0,75 0,51 0,24 0,11 0,13 17,46% Preço Atual 0,75 0,48 0,27 0,11 0,16 20,80% 69 Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Apuração do Resultado do Produto - NOZES PV Orientativo 1,27 0,70 0,57 0,19 0,38 30,00% Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Apuração do Resultado do Produto - BRANQUINHO PV Orientativo 1,20 0,66 0,54 0,18 0,36 30,00% Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Apuração do Resultado do Produto - MORANGO PV Orientativo 3,32 1,83 1,50 0,50 1,00 30,00% Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Apuração do Resultado do Produto - UVA PV Orientativo 2,69 1,48 1,21 0,40 0,81 30,00% Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Apuração do Resultado do Produto - CEREJA PV Orientativo 1,05 0,58 0,47 0,16 0,31 30,00% Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Apuração do Resultado do Produto - SENSACAO PV Orientativo 0,90 0,49 0,40 0,13 0,27 30,00% Preço Atual 0,75 0,70 0,05 0,11 (0,06) -7,89% Preço Atual 0,75 0,66 0,09 0,11 (0,02) -3,08% Preço Atual 2,50 1,83 0,67 0,38 0,30 11,90% Preço Atual 2,50 1,48 1,02 0,38 0,64 25,72% Preço Atual 0,85 0,58 0,27 0,13 0,15 17,16% Preço Atual 0,85 0,49 0,36 0,13 0,23 27,06% 70 Apuração do Resultado do Produto - CAFÉ PV Orientativo Preço de Venda 1,12 (-) Custo Total 0,62 (=) Lucro Bruto 0,50 (-) Despesas 15% 0,17 (=) Resultado 0,34 Resultado em % 30,00% Apuração do Resultado do Produto - UVA PASSA PV Orientativo Preço de Venda 0,89 (-) Custo Total 0,49 (=) Lucro Bruto 0,40 (-) Despesas 15% 0,13 (=) Resultado 0,27 Resultado em % 30,00% Fonte – Dados conforme pesquisa Preço Atual 0,85 0,62 0,23 0,13 0,11 12,56% Preço Atual 0,85 0,49 0,36 0,13 0,23 27,17% Comparando agora com a margem de lucro desejada de 30%, em todos os tipos de doces estudados, nenhum consegue atingir a margem desejada, ou seja, todos estão abaixo do esperado e o doce de nozes e de branquinho continuam com prejuízo, e os doces que mais chegam perto de alcançar a margem de lucro de 30% é o doce de uva passa e o sensação, que são dois doces da qualidade trufados. E por ultimo, tem-se a análise com a margem de lucro de 35%, o que percebe-se que o resultado vai ser ainda mais baixo, como demonstra o quadro a seguir. Quadro 30 - Apuração do resultado preço de venda orientativo (35%) e preço de venda atual Apuração do Resultado do Produto - BRIGADEIRO PV Orientativo Preço Atual Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % 0,98 0,49 0,49 0,15 0,34 35,00% Apuração do Resultado do Produto - COCO PV Orientativo 1,01 0,51 0,51 0,15 0,35 35,00% 0,75 0,49 0,26 0,11 0,15 19,61% Preço Atual 0,75 0,51 0,24 0,11 0,13 17,46% 71 Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Apuração do Resultado do Produto - AMENDOIM PV Orientativo 0,96 0,48 0,48 0,14 0,34 35,00% Apuração do Resultado do Produto - NOZES PV Orientativo 1,39 0,70 0,70 0,21 0,49 35,00% Apuração do Resultado do Produto - BRANQUINHO PV Orientativo 1,32 0,66 0,66 0,20 0,46 35,00% Apuração do Resultado do Produto - MORANGO PV Orientativo 3,65 1,83 1,83 0,55 1,28 35,00% Apuração do Resultado do Produto - UVA PV Orientativo 2,96 1,48 1,48 0,44 1,04 35,00% Apuração do Resultado do Produto - CEREJA PV Orientativo 1,15 0,58 0,58 0,17 0,40 35,00% Apuração do Resultado do Produto - SENSACÃO PV Orientativo 0,98 0,49 0,49 0,15 0,34 35,00% Preço Atual 0,75 0,48 0,27 0,11 0,16 20,80% Preço Atual 0,75 0,70 0,05 0,11 (0,06) -7,89% Preço Atual 0,75 0,66 0,09 0,11 (0,02) -3,08% Preço Atual 2,50 1,83 0,67 0,38 0,30 11,90% Preço Atual 2,50 1,48 1,02 0,38 0,64 25,72% Preço Atual 0,85 0,58 0,27 0,13 0,15 17,16% Preço Atual 0,85 0,49 0,36 0,13 0,23 27,06% 72 Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Preço de Venda (-) Custo Total (=) Lucro Bruto (-) Despesas 15% (=) Resultado Resultado em % Apuração do Resultado do Produto - CAFÉ PV Orientativo 1,23 0,62 0,62 0,18 0,43 35,00% Apuração do Resultado do Produto - UVA PASSA PV Orientativo 0,98 0,49 0,49 0,15 0,34 35,00% Preço Atual 0,85 0,62 0,23 0,13 0,11 12,56% Preço Atual 0,85 0,49 0,36 0,13 0,23 27,17% Fonte – Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária Conforme o previsto, com a margem de lucro de 35% nenhum doce consegue atingir essa margem esperada pela empresa, e os doces de nozes e de branquinho seguem com a resultado negativo. Na sequência, apresenta-se um gráfico comparativo entre preço de venda orientativo de 20%, 30%, 35% e preço de venda atual, praticado pela empresária. Gráfico 2 - Comparação entre preço de venda orientativo de 20%, 30%, 35% e preço de venda atual 1,40 1,20 1,00 0,80 20% 0,60 30% 0,40 35% 0,20 (0,20) Fonte – Dados conforme pesquisa Atual 73 Conforme mostra o gráfico anterior, tem uma variação relativa entre o preço de venda praticado na empresa e as margens de lucro que a empresária poderia estar ganhando sobre a venda dos doces. Percebe-se que ao analisar sobre o preço de venda atual, a empresa está obtendo um resultado negativo nos doces de nozes e de branquinho, e em relação aos demais, todos se posicionam positivamente, mas nem todos estão com uma boa margem de lucro, sendo que foi comparado com margem de lucro de 20%, 30% e de 35% e que alguns tipos de doces, não estão atingindo nem o mínimo de lucro de 20%, mas nenhum tipo de doce atinge o lucro de 35%, ou seja, em uma análise geral, todos tem uma grande variação. 4.4.2 Margem de Contribuição A margem de contribuição serve para auxiliar na tomada de decisões da empresa e ela é calculada pela diferença entre o preço de venda calculado, menos os custos variáveis e menos as despesas variáveis. Conforme Wernke (2001, p.42) “[...] é o valor resultante da venda de uma unidade após deduzidos os custos e despesas variáveis associados ao produto comercializado. Tal valor contribuirá para pagar os custos fixos da empresa e gerar o lucro”. Na sequência, foi analisada a margem de contribuição unitária com as margens de 20%, 30% e 35% de lucro e com o preço de venda atual, para que no final, possa ser feito um levantamento da situação da empresa para a proprietária diante da sua real situação. Quadro 31 - Margem de contribuição unitária MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA Com margem de lucro de 20% PRODUTO Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa Pvu 0,75 0,78 0,74 1,07 1,02 2,81 2,28 0,89 0,76 0,95 0,76 Cvu 0,23 0,23 0,22 0,41 0,27 1,19 0,90 0,35 0,26 0,38 0,27 Dvu 0,11 0,12 0,11 0,16 0,15 0,42 0,34 0,13 0,11 0,14 0,11 Mcu 0,41 0,43 0,41 0,50 0,59 1,20 1,04 0,40 0,39 0,43 0,37 74 PRODUTO Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa PRODUTO Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa PRODUTO Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa Fonte – Dados conforme pesquisa Com margem de lucro de 30% Pvu Cvu 0,89 0,92 0,88 1,27 1,20 3,32 2,69 1,05 0,90 1,12 0,89 Dvu 0,23 0,23 0,22 0,41 0,27 1,19 0,90 0,35 0,26 0,38 0,27 0,13 0,14 0,13 0,19 0,18 0,50 0,40 0,16 0,13 0,17 0,13 Com margem de lucro de 35% Pvu Cvu 0,98 0,23 1,01 0,23 Dvu 0,15 0,15 0,96 0,22 1,39 0,41 1,32 0,27 3,65 1,19 2,96 0,90 1,15 0,35 0,98 0,26 1,23 0,38 0,98 0,27 Com o preço de venda ATUAL Pvu Cvu 0,75 0,23 0,75 0,23 0,75 0,22 0,75 0,41 0,75 0,27 2,50 1,19 2,50 0,90 0,85 0,35 0,85 0,26 0,85 0,38 0,85 0,27 Mcu 0,53 0,55 0,52 0,67 0,75 1,63 1,39 0,54 0,50 0,57 0,49 Mcu 0,60 0,63 0,14 0,21 0,20 0,55 0,44 0,17 0,15 0,18 0,15 Dvu 0,11 0,11 0,11 0,11 0,11 0,38 0,38 0,13 0,13 0,13 0,13 0,60 0,78 0,85 1,92 1,62 0,63 0,58 0,67 0,57 Mcu 0,41 0,41 0,42 0,23 0,36 0,94 1,23 0,37 0,47 0,35 0,45 Conforme mostra o quadro anterior, a margem de contribuição é a diferença entre o preço de venda do doce, diminuído todos os custos variáveis e as despesas variáveis, ou seja, cobrindo todas as despesas e ainda gerando o lucro desejado. Comparando então o preço de venda, com margem de lucro de 20%, descontando todos os gastos, percebe-se que a margem de contribuição unitária para todos os doces é positiva, ou seja, todos os doces estão conseguindo pagar as despesas e ainda gerando um lucro liquido. Aumentando a margem de lucro para 30%, aumenta o preço de venda e por consequência, aumenta a margem de contribuição, ou seja, continua sendo positiva para todos 75 os doces, o que vai diferenciar é que, aumentando a margem, gera um lucro liquido maior, comparando com a margem de 20%. Agora com a margem de 35%, aumentou ainda mais o preço de venda dos doces, aumentando também a margem de contribuição unitária. E por ultimo, tem-se a análise da margem de contribuição unitária com o preço de venda atual praticado pela empresa, e diante disso, percebe-se que pelo preço de venda orientativo a margem é maior, em função da margem de lucro desejada que foi colocado na formação do mark-up. Sendo assim, a empresária pode escolher qual margem ela vai por no seu preço de venda, desde que seja no mínimo 20% de lucro, pois ela tem que pelo menos cobrir seus custos e despesas e gerar lucro para que ela consiga continuar no mercado. E tem-se também a margem de contribuição com o preço de venda atual, praticado pela empresa. Na sequência, foi realizada a comparação da margem de contribuição unitária dos doces, com as três margens de lucro estudadas e o preço atual praticado. Gráfico 3 - Margem de contribuição unitária 2,50 2,00 1,50 20% 30% 1,00 35% ATUAL 0,50 - Fonte – Dados conforme pesquisa De acordo com o gráfico anterior, percebe-se que a margem de contribuição analisada pelo preço atual da empresa esta baixa para quase todos os tipos de doces, com exceção do brigadeiro, coco, amendoim e cereja, que praticamente quase se igualam com a margem de lucro de 20%. Após analisado a margem de contribuição unitária, é calculada também a margem de contribuição total para as margens de lucro de 20%, 30%, 35% e pelo preço atual. 76 Para a margem de contribuição total, calcula-se através da margem unitária multiplicando pela quantidade produzida no mês, como mostra o quadro a seguir. Quadro 32 - Margem de contribuição total MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO TOTAL PRODUTO PROD MES 20% 30% Brigadeiro 1.080 445,43 571,37 Coco 800 343,97 440,32 Amendoim 400 162,94 208,74 Nozes 320 161,56 214,56 Branquinho 770 454,75 575,69 Morango 600 719,94 980,64 Uva 560 581,89 779,20 Cereja 560 224,49 301,27 Sensação 200 77,38 100,80 Café 200 85,56 114,84 Uva Passa 560 209,83 275,27 Total 6.050 3.467,74 4.562,70 Fonte – Dados conforme pesquisa 35% 653,23 502,95 238,50 249,02 654,30 1.150,10 907,45 351,18 116,02 133,87 317,81 5.274,43 ATUAL 441,25 324,05 166,09 74,01 280,46 561,07 686,67 206,82 93,08 69,02 254,48 3.157,00 Como mostra o quadro anterior, a margem de contribuição total é o valor que sobra das vendas, depois de pagar todos os custos e todas as despesas, ou seja, é o lucro que a empresária tem com a venda de todos os doces produzidos. Na pesquisa foi feito o levantamento de onze qualidades de doces que a empresária produz, ao total foram 6.050 unidades de doces produzidos, e pelo preço de venda atual que a empresária está vendendo, ela tem uma margem de contribuição total de R$ 3.157,00 que é considerado como lucro líquido. Mas analisando a mesma quantidade produzida, mas com uma margem de lucro 20%, 30% e 35% ela teria uma margem de contribuição total superior ao preço de venda praticado, sendo elas respectivamente R$ 3.467,74; R$ 4.562,70 e R$ 5.274,43, ou seja, aumentando o seu preço de venda, aumenta a margem de contribuição total e sobra mais lucro nas vendas dos doces. Segue o gráfico demonstrando a situação da margem de contribuição total da empresária, de acordo com a quantidade produzida, comparando as margens de lucro de 20%, 30%, 35% e o preço atual praticado. 77 Gráfico 4 - Margem de contribuição total 1.400 1.200 1.000 PROD MES 800 20% 600 30% 400 35% 200 ATUAL - Fonte – Dados conforme pesquisa Analisando o gráfico da margem de contribuição unitária e agora a margem de contribuição total, percebe-se que a classificação dos doces não ficam na mesma ordem, ou seja, pela margem de contribuição unitária, o doce que tem a maior margem é o doce de uva e a menor margem unitária é o doce de nozes, mas comparando a margem de contribuição total, percebe-se que o doce com maior margem continua sendo o doce de uva, mas para a menor margem é o doce de café. Conforme os dois gráficos demonstrados anteriormente, é visível que para a tomada de decisões da empresa, é preciso que os doces sejam analisados pela margem de contribuição total, por causa da diferença que existe entre a margem de contribuição unitária e a margem de contribuição total, pois com a margem total ela pode desde já verificar o quanto cada produto vai gerar de margem de lucro, após ter pago todos os custos e despesas. 4.2.3 Ponto de equilíbrio O ponto de equilíbrio é a quantidade mínima de doces que a empresa vai ter que produzir, para poder pagar todas as suas despesas, sendo que, tudo que ela produzir ela vai vender e não vai gerar nada de lucro e nem prejuízo, ou seja, é o momento em que todas as receitas se encontram com as despesas, onde o resultado será zero. Dubois, Kulpa, Souza (2009, p.179) relatam que “a partir do momento em que a empresa conhecer a composição de todos os seus gastos e a formação dos preços dos seus 78 produtos, ela poderá saber qual a quantidade que deverá ser vendida de cada um deles para começar a obter lucro”. Na sequência, apresentam-se os quatro pontos de equilíbrio calculados, com margens de lucro de 20%, 30%, 35% e com o preço de venda atual, onde pode se perceber que a quantidade mínima de cada tipo de doce que deve ser produzida varia. Quadro 33 – Ponto de equilíbrio PRODUTO Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa PONTO DE EQUILÍBRIO Com margem de lucro de 20% CF Mcu 282,45 219,28 103,68 92,96 298,24 382,56 326,54 125,13 62,57 47,67 94,15 0,41 0,43 0,41 0,50 0,59 1,20 1,04 0,40 0,39 0,43 0,37 PRODUTO Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa Com margem de lucro de 30% CF Mcu 282,45 219,28 103,68 92,96 298,24 382,56 326,54 125,13 62,57 47,67 94,15 0,53 0,55 0,52 0,67 0,75 1,63 1,39 0,54 0,50 0,57 0,49 PRODUTO Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa Com margem de lucro de 35% CF Mcu 282,45 219,28 103,68 92,96 298,24 382,56 326,54 125,13 62,57 47,67 94,15 0,60 0,63 0,60 0,78 0,85 1,92 1,62 0,63 0,58 0,67 0,57 PE 685 510 255 184 505 319 314 312 162 111 251 PE 534 398 199 139 399 234 235 233 124 83 192 PE 467 349 174 119 351 200 202 200 108 71 166 79 PRODUTO Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa Fonte – Dados conforme pesquisa Com o preço de venda ATUAL CF Mcu 282,45 219,28 103,68 92,96 298,24 382,56 326,54 125,13 62,57 47,67 94,15 PE 0,41 0,41 0,42 0,23 0,36 0,94 1,23 0,37 0,47 0,35 0,45 691 541 250 402 819 409 266 339 134 138 207 Para o calculo do ponto de equilíbrio, divide-se o custo fixo pela margem de contribuição unitária e terá o resultado de quantos doces vai ter que produzir. De acordo com o quadro anterior, está demonstrado as diferentes quantidades dos pontos de equilíbrio com as diferentes margens de lucro analisadas. Observa-se que para cada tipo de doce a quantidade é bem variada e o que vai fazendo a diferença na quantidade é a margem de lucro desejada pela empresa, ou seja, quanto maior a margem de lucro, menor vai ser o ponto de equilíbrio dos determinados doces. Analisando o ponto de equilíbrio com margem de 20% de lucro, percebe-se que o doce que apresentou a menor quantidade de produção foi o café, com 111 docinhos, e o mesmo doce com margem de 30%, seu ponto de equilíbrio diminui para 83 docinhos e com 35% diminui para 71 docinhos, e com o preço de venda atual, esse número de produção dos doces aumentou para 134 doces, e o que explica isso é que, conforme aumenta o lucro, diminui a quantidade a ser produzida no ponto de equilíbrio e sendo assim, tudo que ela produzir a mais do que a quantidade do ponto de equilíbrio, vai gerar lucro, pois quando os doces atingem essa quantidade produzida e vendem toda ela, é porque todos os seus custos foram pagos e a partir dali, o que entrar vai gerar o resultado. Na sequencia é demonstrado no gráfico à variação das quantidades do ponto de equilíbrio dos doces com as três margens de lucro desejado pela empresa e seu preço atual praticado, observando que, o ponto de equilíbrio é muito utilizado, por ser uma forma simplificada de analisar e controlar a quantidade mínima que deve ser produzida/vendida e ter controle do seu resultado final, sendo que se deve ter o cuidado para que o levantamento de todas as informações seja de forma correta para evitar erro. 80 Gráfico 5 – Ponto de equilíbrio 900 800 700 600 500 20% 400 30% 300 35% 200 atual 100 - Fonte – Elaborado a partir do quadro 34 Diante do gráfico anterior, percebe-se que há uma grande variação nas quantidades a serem produzidas e vendidas, com variação das margens de lucro e o preço atual da empresa. Nota-se que o ponto de equilíbrio com o preço atual em alguns doces é maior do que os que foram calculados com margens de lucro determinadas, ou seja, analisando o doce de morango, que apresentou uma grande diferença, percebe-se que a empresaria já vem atingindo o ponto de equilíbrio com o preço de venda atual, ou seja, está produzindo a mais e gerando resultado positivo nas vendas. 4.2.4 Margem de segurança operacional A margem de segurança operacional é uma ferramenta que auxilia no processo de gestão organizacional da empresa, pois essa margem de segurança representa a diferença entre a quantidade vendida e a quantidade necessária para atingir o ponto de equilíbrio, ou seja, essa variação vai proporcionar para a empresária, de forma mais clara, quantas unidades estão gerando resultado positivo, que no caso são todas as unidades que passam da quantidade do ponto de equilíbrio. Na sequência, pode-se perceber essa diferença, sendo que foi calculado com a margem de lucro de 20%, 30%, 35% e com o preço atual praticado pela empresária na venda dos doces. 81 Quadro 34 – Margem de segurança operacional MARGEM DE SEGURANÇA OPERACIONAL 20% QT.VEND. QT.PE 1080 685 800 510 400 255 320 184 770 505 600 319 560 314 560 312 200 162 200 111 560 251 MARGEM DE SEGURANÇA OPERACIONAL 30% PRODUTO QT.VEND. QT.PE Brigadeiro 1080 534 Coco 800 398 Amendoim 400 199 Nozes 320 139 Branquinho 770 399 Morango 600 234 Uva 560 235 Cereja 560 233 Sensação 200 124 Café 200 83 Uva Passa 560 192 MARGEM DE SEGURANÇA OPERACIONAL 35% PRODUTO QT.VEND. QT.PE Brigadeiro 1080 467 Coco 800 349 Amendoim 400 174 Nozes 320 119 Branquinho 770 351 Morango 600 200 Uva 560 202 Cereja 560 200 Sensação 200 108 Café 200 71 Uva Passa 560 166 MARGEM DE SEGURANÇA OPERACIONAL - ATUAL PRODUTO QT.VEND. QT.PE Brigadeiro 1080 691 Coco 800 541 Amendoim 400 250 Nozes 320 402 Branquinho 770 819 Morango 600 409 Uva 560 266 Cereja 560 339 Sensação 200 134 Café 200 138 Uva Passa 560 207 Fonte – Dados conforme pesquisa PRODUTO Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa MSO 395 290 145 136 265 281 246 248 38 89 309 MSO 546 402 201 181 371 366 325 327 76 117 368 MSO 613 451 226 201 419 400 358 360 92 129 394 MSO 389 259 150 (82) (49) 191 294 221 66 62 353 82 Analisado a diferença das diversas margens de segurança operacional, percebe-se que quando calculado com margem de lucro de 20%, 30% e 35%, todos os resultados foram positivos, o que significa que essa variação positiva representa o espaço em que a empresa pode verificar e analisar doce por doce, ou seja, ver onde pode aumentar o lucro e onde pode diminuir. No gráfico seguinte tem um comparativo com o preço atual praticado pela empresa, onde percebe-se que apenas em dois tipos de doces que a empresaria está obtendo uma margem de segurança operacional negativa, sendo nos doces de nozes e de branquinho, ou seja, nesses dois tipos de doces, representa-se que a empresa não tem flexibilidade de poder variar o seu preço de venda. O gráfico demonstra as margens de segurança operacional dos produtos em estudo. Gráfico 6 - Margem de segurança operacional 700 600 500 400 MSO 20% 300 MSO 30% 200 MSO 35% 100 MSO ATUAL (100) (200) Fonte - Elaborado a partir de dados do quadro 35 Como mostra o gráfico anterior, está bem visível à situação da empresa, ou seja, podese perceber a grande diferença do preço atual de venda praticado, em comparação com os demais preços de vendas estudados. Agora falando em quantidades para esses doces que estão com margem de segurança negativa, a empresa deveria aumentar a quantidade vendida do doce de nozes em 82 unidades e no doce de branquinho aumentar 49 unidades, para então poder atingir a margem de segurança operacional, ficando com resultado positivo. 83 Os doces que estão com margem negativa, é devido ao fato de que o custo é mais elevado, e o preço de venda é baixo e a quantidade produzida não é o suficiente para cobrir todos os custos para então poder gerar o lucro. 4.2.5 Rentabilidade A rentabilidade é o retorno do investimento que a empresa tem em relação a venda dos seus doces, ou seja, é o lucro liquido dividido pela quantidade vendida e multiplicado por 100, para saber o percentual que a empresária está tendo de rentabilidade nos doces. Essa rentabilidade serve para comparar o investimento feito na empresa com cada tipo de doce. Na sequência, tem-se o quadro da rentabilidade com as margens de 20%, 30%, 35% e pelo preço atual de venda praticado, onde para chegar na rentabilidade por tipo de doce, foi calculado a quantidade total vendida multiplicada pelo preço de venda e diminuído as despesas e em seguida, foi dividido o lucro liquido pela quantidade vendida e multiplicado por 100 para saber o percentual. Quadro 35 - Rentabilidade Produto Quant. Vend. RENTABILIDADE 20% PV Receita Bruto Custos + Desp Lucro Liq. Rent.20 1080 0,75 814,91 651,93 162,98 20% Coco 800 0,78 623,44 498,75 124,69 20% Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café 400 320 770 600 560 560 200 200 0,74 1,07 1,02 2,81 2,28 0,89 0,76 0,95 296,30 342,99 782,54 1.686,91 1.276,73 496,79 151,53 189,46 237,04 274,39 626,03 1349,53 1021,38 397,44 121,23 151,56 59,26 68,60 156,51 337,38 255,35 99,36 30,31 37,89 20% 20% 20% 20% 20% 20% 20% 20% Uva Passa 560 0,76 423,47 338,77 RENTABILIDADE 30% PV Receita Bruto Custos + Desp 84,69 20% Brigadeiro Produto Brigadeiro Coco Amendoim Nozes Branquinho Morango Uva Cereja Sensação Café Uva Passa Quant. Vend. 1080 800 400 320 770 600 560 560 200 200 560 0,89 0,92 0,88 1,27 1,20 3,32 2,69 1,05 0,90 1,12 0,89 963,08 736,79 350,18 405,35 924,82 1.993,62 1.508,86 587,12 179,09 223,90 500,46 674,16 515,75 245,12 283,75 647,38 1395,53 1056,20 410,98 125,36 156,73 350,32 Lucro Liq. 288,92 221,04 105,05 121,61 277,45 598,09 452,66 176,14 53,73 67,17 150,14 Rent.30 30% 30% 30% 30% 30% 30% 30% 30% 30% 30% 30% 84 RENTABILIDADE 35% Produto Quant. Vend. PV Receita Bruto Custos + Despesas Lucro Liq. Rent.35 Brigadeiro Coco 1080 800 0,98 1,01 1.059,39 810,47 688,60 526,80 370,79 283,66 35% 35% Amendoim 400 0,96 385,19 250,38 134,82 35% Nozes 320 1,39 445,89 289,83 156,06 35% Branquinho 770 1,32 1.017,31 661,25 356,06 35% Morango 600 3,65 2.192,98 1425,44 767,54 35% Uva 560 2,96 1.659,75 1078,83 580,91 35% Cereja 560 1,15 645,83 419,79 226,04 35% Sensação 200 0,98 197,00 128,05 68,95 35% Café 200 1,23 246,29 160,09 86,20 35% Uva Passa 560 0,98 550,51 357,83 192,68 35% RENTABILIDADE ATUAL Produto Quant. Vend. PV Receita Bruto Custos + Despesas Lucro Liq. Atual Brigadeiro 1080 0,75 810,00 651,19 158,81 14,70% Coco 800 0,75 600,00 495,23 104,77 13,10% Amendoim 400 0,75 300,00 237,60 62,40 15,60% Nozes 320 0,75 240,00 258,94 (18,94) -5,92% Branquinho 770 0,75 577,50 595,28 (17,78) -2,31% Morango 600 2,50 1.500,00 1321,49 178,51 29,75% Uva 560 2,50 1.400,00 1039,87 360,13 64,31% Cereja 560 0,85 476,00 394,32 81,68 14,59% Sensação 200 0,85 170,00 124,00 46,00 23,00% Café 200 0,85 170,00 148,65 21,35 10,68% Uva Passa 560 0,85 476,00 346,65 129,35 23,10% Fonte – Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária A rentabilidade é o percentual de lucro que a empresa está obtendo sobre a quantidade que ela gastou para fazer a produção dos doces. De acordo com o quadro anterior, nota-se que a rentabilidade é positiva para as margens de lucro de 20%, 30% e 35% e para o preço de venda atual apenas em dois tipos de doces que a rentabilidade apresentou um percentual negativo, ou seja, prejuízo nas vendas ao invés de lucro. Observa-se que apenas no doce de nozes e de branquinho, a empresária está obtendo uma rentabilidade negativa, mas quando foi realizado a margem de contribuição unitária, todos os doces apresentaram uma margem positiva, isso porque o que influencia é o cálculo do ponto de equilíbrio, pois no ponto de equilíbrio que vai ser definido qual a quantidade mínima que deve ser produzido e vendido de cada tipo de doce e caso não atingir a quantidade mínima de produção e venda, o resultado vai se encaminhando para o prejuízo. 85 Outro ponto que é bem visível e mostra essa interferência do ponto de equilíbrio é quando foi calculado a margem de segurança operacional, pois quando se calcula a margem de segurança operacional, pode-se ver que quando a quantidade produzida é menor que o ponto de equilíbrio, causa resultado negativo, que é o que está resultando na rentabilidade. A seguir, tem-se o gráfico comparativo, onde demostra a rentabilidade. Gráfico 7 - Rentabilidade 900,00 800,00 700,00 600,00 500,00 LB 20% 400,00 LB 30% 300,00 LB 35% 200,00 ATUAL 100,00 (100,00) Fonte – Elaborado a partir das entrevistas com a proprietária Conforme demonstrado no gráfico anterior, em relação à quantidade vendida de cada tipo de doce, nota-se que pelo preço atual, onde no gráfico está pintado de roxo, os dois tipos de doces que estão com a rentabilidade negativa é apenas o doce de nozes e o de branquinho, podendo considerar que os demais doces todos atingem o ponto de equilíbrio e apresentam margem de segurança operacional positiva e estão gerando um ganho para a empresa sobre o seu capital. Já os doces que foram calculados com margens de lucro de 20%, 30% e de 35%, esses todos geram uma rentabilidade positiva. 4.5 INFORMAÇÕES DE CUSTOS Por meio da análise que foi realizada na empresa dos doces, comparando as margens de lucro de 20%, 30%, 35% e com o preço atual praticado pela empresa, é possível verificar o custo total dos doces produzidos e o faturamento da mesma. 86 Conforme demostrado nos quadros e nos gráficos percebe-se que, a empresa não está sabendo gerenciar os seus custos e preços, sendo que em dois tipos de doces o resultados é negativo, ou seja, os preços de venda não são suficientes para cobrir os custos e gerar o lucro. O maior problema, que resulta em um resultado negativo para a gestora da empresa, é o fato de que ela não tem um sistema de contabilidade de custos que auxilia ela nos processos gerenciais e faltam informações para auxiliar ela na tomada de decisões, ou seja, ela esta deixando muitos custos fixos de fora no seu preço de venda atual. Para a empresária reverter essa situação, seria interessante ela se basear nos cálculos e nas informações trazidas nesse estudo, pois o trabalho apresenta de forma detalhada todas as despesas e custos fixos e variáveis que foram incluídos na formação do preço de venda e ainda o percentual de margem de lucro desejada pela empresária. Destaca-se que a mesma acompanhou todo o processo de levantamento e a análise dos tempos, dos custos, durante todo o estudo, podendo-se afirmar que as informações são reais. Recomenda-se que a empresária determine o total de custos fixos e variáveis e faça novamente a formação do preço de venda e acrescente a margem de lucro que ela deseja alcançar com as vendas Com base nas pesquisas realizadas com a empresária para a realização desse trabalho, pode-se constar que a empresária não estava ciente dos resultados que foram apurados nessa pesquisa, mas que ao menos ela pode perceber que todos os doces estão gerando um resultado nas vendas, a não ser os dois tipos de doces que apresentam rentabilidade negativa, que seria o doce de nozes e de branquinho. A empresária após o levantamento dos resultados afirma que recebe as vendas por semana, e que ela não fazia esse controle total, pois na medida em que ela ia recebendo, já comprava mais estoque e o restante era guardado. 87 CONCLUSÃO Diante da pesquisa realizada, percebe-se a importância que a contabilidade tem para gerar o resultado, sendo uma ferramenta indispensável para a área de produção, pois ela proporciona suporte para verificar a composição dos custos dos produtos, auxilia na formação do preço de venda, no volume e no resultado. A partir da relevância da contabilidade para os processos gerenciais, foi aplicado esse estudo em uma empresa de doces, com o objetivo de verificar a composição total do custo dos produtos que a empresaria está produzindo em sua empresa e verificar se ela está tendo lucro ou não sobre o preço de venda atual que ela está praticando e analisar também os mesmos produtos, aplicando uma margem de lucro que a empresaria poderia estar ganhando, sendo a margem de lucro de 20%, 30% e de 35%. A empresária não tinha o conhecimento nem embasamento teórico da maneira de como se calcula o custo dos doces e qual o seu resultado final após as vendas. Diante da falta de informação da empresária, foi passado a ela, primeiro a explicação teórica de passo a passo para calcular todos os custos, utilizando os dois métodos, sendo eles o custeio por absorção e o custeio variável e foi explicado a diferença de um para o outro e aconselhado o qual ela deve usar, foi feito um levantamento de todas as despesas e em seguida, foi analisado o custo, volume e resultado que a empresa está obtendo nas vendas, onde foi possível identificar que quando se tem um sistema de custo para formar o preço de venda, percebe-se que nem tudo o que parecia ser lucro, no final gera resultado positivo. Observa-se que durante a pesquisa realizada, todos os doces apresentaram uma margem de contribuição positiva, mas que após calculado o ponto de equilíbrio, verificou-se que nem todos os doces estavam atingindo a quantidade mínima que deveria ser produzido, ou seja, em dois tipos de doce a empresária está obtendo resultado negativo e nos demais gerando lucro. Na sequência foi analisado todos os ingredientes utilizados na produção dos doces, foi feito uma pesquisa de mercado para ver os preços dos ingredientes, ate formar o custo total de produção dos doces, ou seja, tudo o que a empresaria gasta para conseguir comprar a matéria prima e fazer todos os doces para então depois vender, onde nesse levantamento de custos foi incluído os custos e despesas fixas e variáveis. A empresária aceitou a ideia de montar um sistema de custo para a atividade dos doces, onde através de um bom gerenciamento ela vai conseguir analisar mês a mês todos os tipos de doces que ela está produzindo e assim, consequentemente, vai conseguir acompanhar 88 o ponto de equilíbrio de cada doce, ou seja, qual a quantidade mínima de doces que ela terá que produzir e vender para cobrir todas as suas despesas e depois então, aumentar cada vez mais seu resultado. Após a implantação do sistema de custo na empresa dos doces, foi percebido que todos os doces estavam gerando um resultado positivo, a não ser o de nozes e de branquinho, que poderiam sofrer alterações no seu preço de venda, ou seja, deveria ser aumentado o preço de venda ou aumentado a quantidade produzida para poder atingir o ponto de equilíbrio e poder então começar a gerar resultado positivo também. Considerando que, os dois doces que geram resultado negativo para a empresa, não podem ser tirados de produção, pelo fato de que os custos fixos são rateados entre eles também, e caso a empresária parasse de produzir o doce de nozes e de branquinho, aumentaria o custo fixo dos demais tipos de doces e consequentemente diminuiria o resultado. Com base no levantamento de dados da pesquisa realizada, foi simples chegar aos custos de todos os produtos calculados no desenvolver do trabalho, esses resultados foram repassados para a empresária, que a partir dai então ela poderá reformular seus preços de venda conforme os custos analisados durante a pesquisa, e consequentemente obter maior crescimento e margem de lucro positiva para sua empresa. Para mim, o presente trabalho amplia a área dos meus conhecimentos em relação ao levantamento dos custos fixos e variáveis, a formação do preço de venda e saber analisar o custo, volume e resultado, onde percebe-se que, todo o processo, desde o início da compra da matéria prima até a venda, cada cuidado deve ser estudado minuciosamente para evitar falhas e no final, obter uma boa margem de lucro. 89 REFERENCIAS ANDRADE, Maria Margarida. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação. São Paulo: Atlas, 1995. 118p. BARROS, Sidney Ferro. Contabilidade básica. 2. ed. 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